sexta-feira, 24 de novembro de 2017

U.S. Marshals: Os Federais (1998)

 

U.S. Marshals - os Federais | Cinema em Cena - www.cinemaemcena.com.br

U.S. Marshals - os Federais
U.S. Marshals

Dirigido por Stuart Baird. Com: Tommy Lee Jones, Wesley Snipes, Robert Downey Jr., Joe Pantoliano, Kate Nelligan, Irène Jacob, Tom Wood e LaTanya Richardson. U.S. Marshals é um filme interessante: é uma continuação que copia, cuidadosamente, os mínimos detalhes do filme que a originou. Tudo está lá - exceto o ator principal. Exato: a continuação de O Fugitivo traz, agora, o agente Sam Gerard como protagonista, e não o Dr. Richard Kimble. Isso não é tão estranho assim. Afinal, Tommy Lee Jones ganhou um Oscar por sua interpretação do tenaz agente federal que perseguia Harrison Ford durante todo o primeiro filme. Além disso, como justificar a presença do personagem de Ford, dessa vez? Seria demais condená-lo por outro crime que não cometeu apenas para entregá-lo à sanha dos roteiristas. Assim sendo, a saída foi trazer o agente Sam Gerard de volta - bem como o velho roteiro. Sim, tudo está lá: a eletrizante seqüência do acidente de ônibus; a fuga pela selva; o retorno do personagem à cidade grande a fim de provar sua inocência; o pulo do alto da queda d’água... tudo. Só que, agora, temos um acidente de avião; a fuga pelo pântano; o retorno do personagem à cidade grande a fim de provar sua inocência; o pulo do alto de um prédio. Parece que o roteirista John Pogue simplesmente pegou o script do filme anterior e mudou as locações (em alguns casos)... e pronto! No mais, a história toda se repete. Até mesmo pequenos detalhes: o indivíduo que aluga um quarto para o `fugitivo` é estrangeiro, como no primeiro filme; o `herói perseguido` cai, durante uma luta decisiva - se antes era de um elevador, agora é de uma carga erguida em um barco; e assim por diante. Além disso, o roteiro incorre em um erro grave: se no primeiro filme torcíamos para que o personagem de Ford conseguisse escapar da perseguição implacável de Sam Gerard, neste filme acabamos torcendo para que Tommy Lee Jones agarre seu homem - e, paradoxalmente - acabamos torcendo para que este consiga escapar. Esta ambigüidade de sentimentos torna o filme frágil, já que não sabemos para quem torcer. `Ora!`, alguém poderia dizer. `Mas isto não é um sinal de que o roteiro é complexo?`. Seria, se não estivéssemos falando de um filme de ação sem grandes pretensões artísticas. E se no primeiro filme a identidade do verdadeiro vilão era uma incógnita, neste segundo ela se torna uma piada. Além de óbvia, a explicação do `mistério` é frágil. Isso para não mencionar o confronto final, que é fraquíssimo. Aliás, a forma com que Gerard percebe a verdade é forçada e inverossímil. No entanto, o filme tem um ponto forte: o personagem de Tommy Lee Jones é extremamente interessante. Sua tenacidade, sua presença de espírito, sua inteligência contagiam a tela. É fascinante ver aquele homem perseguir seu objetivo sem permitir que nada o desvie de seu caminho. E Jones, mais uma vez, dá um show. Aliás, toda a equipe é extremamente carismática, com destaque para os agentes vividos por Joe Pantoliano e Tom Wood, que se mostram tão decididos quanto seu chefe, Gerard. Já Robert Downey Jr. tem uma atuação discreta, e só. Enquanto isso, Wesley Snipes fica apagado pelo `fantasma` de Harrison Ford. A ação é contínua. Não há um só minuto de descanso para os personagens deste filme. Há um momento, por exemplo, em que Sam Gerard está abatido em função de uma perda e, ao encontrar sua `chefe` em uma sala, parece que vai finalmente mostrar que há um coração por trás daquela carranca e - talvez - mesmo chorar. Pura ilusão: um agente o chama para entregar uma evidência e Gerard esquece o sentimentalismo e volta a ser o profissional resoluto de sempre. Esta cena, em si, resume a essência do personagem de Tommy Lee Jones. (Aliás, para que o roteiro cria uma `ligação` entre o agente e sua chefe, logo no começo do filme, se não pretendia desenvolver este ponto mais tarde?) A direção de Stuart Baird é segura e frenética. Também, o que poderia se esperar do homem que editou filmes como Máquina MortíferaDuro de Matar 2O Demolidor e Maverick? Seu timing é impecável e as cenas de ação demoram o tempo exato para cumprir o que prometem. Na verdade, U.S. Marshals poderia ter sido um desses filmes capazes de impressionar. Faltou, para isso, só um detalhe: novidade. É difícil se empolgar com um filme que já se conhece.
``26 de Abril de 1998
Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.
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quarta-feira, 8 de novembro de 2017

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Jacques Le Goff: Uma civilização própria

Jacques Le Goff: Uma civilização própria

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Jacques Le Goff 
» A paixão pelo medieval
» Uma civilização própria
Agnóstico, procurou formar uma posição eqüidistante entre os detratores e os apologistas da Idade Média que viam-na como a Legenda Dourada, dominada pelo nobre espirito cavalheiresco e cortesão, envolto num clima de autêntica fé. Na concepção dele, a Idade Média formou uma civilização própria, distinta da Antigüidade greco-romano e do mundo moderno. Era um planeta com suas próprias simetrias e circunvoluções e que devia ser assim estudado, pois grande parte dos países europeus procuravam nela, na Idade Média, os seus principias símbolos nacionais.
Bem antes, todavia, de chegar a alcançar essa concepção da existência de uma Civilização do Ocidente Medieval (La civilisation de l´Occident Médiéval, Flammarion, 1997) ele preocupou-se em apresentar um tríptico daquilo que originalmente pareceu-lhe pertinente: os estudos sobre os intelectuais, sobre os mercadores& banqueiros e sobre os heréticos da Idade Média. São peças curtas, brilhantes, de leitura fascinante que mostram uma outra face daquela época que não a da vida monacal e da cortesã. Não foram os mosteiros nem os castelos que o interessaram, mas sim a vida universitária, as corporações de negócios, o surgimento da bolsa de valores e os ruidosos movimentos de contestação à ordem religiosa e monárquica.

A invenção do purgatório

Dante e Virgílio no Purgatório (Luca Signorelli, 1450-1523)
O seu grande achado, de fato, foi o livro maravilhoso que dedicou ao Purgatório (La naissance du purgatoire, Gallimard, 1981) Trata-se de um ensaio erudito de sociologia histórico-religiosa no qual ele demonstra como, lentamente, na transição do século XII ao XIII, a idéia da existência do Purgatório começou a tomar corpo no Ocidente Cristão como uma espécie de espaço da tolerância. Uma abertura, uma brecha, na até então rígida geografia do sobrenatural da cristandade que forçava as almas dos homens a inevitavelmente dirigirem-se para o Inferno ou para o Paraíso.
Espaço esse que abriu caminho para a recuperação do passado clássico visto que os autores cristãos, a começar por Dante Alighieri, (A Divina Comédia, 1319-1321), colocaram os grandes filósofos do paganismo, como Platão e Aristóteles e tantos outros mais, com suas almas purgando no limbo. Era um novo cenário do sobrenatural que mantinha-se eqüidistante entre o reino de Satanás, morada das almas danadas e pecadoras, e o reino dos Céus, onde somente os puros adentravam. Rompia-se assim com o dogma até então aceito de que todos aqueles que haviam nascido antes do aparecimento de Jesus Cristo na Terra, mesmo os de cérebro luminoso e homens exemplares, estavam automaticamente condenados às profundezas das trevas.
Le Goff, num levantamento minucioso e erudito, mostrou como o Purgatório surgiu das necessidade de acomodar-se novos fenômenos sociais e tensões morais e éticas que emergiram no seio do cristianismo medieval e que foram canalizados para a invenção do Purgatório.

Duas biografias

Mesmo reconhecendo que a escola historiográfica a que se filiava, a Escola dos Anais, não dava relevância à biografias, Le Goff decidiu-se por publicar dos livros que tiveram ampla repercussão e aceitação publica: a vida de São Luís (a história do rei francês Luís IX, o único a ser canonizado), e outra dedicada a São Francisco de Assis.
O grande rei francês e o monge mendicante italiano, cada um ao seu modo, parecerem-lhe os grandes paradigmas da cristandade medieval, personagens-simbolos que, com seu comportamento exemplar e assumida prática cristã, influenciaram notavelmente tanto as altas rodas da nobreza e das elites políticas e religiosas como em meio ao povo miúdo da Europa pobre daquele tempo.

Por uma outra cronologia

O livro-codex, de ampla circulação na Idade Média
Por mais operacional e didática que possa ser a divisão da história feita em Antigüidade, Medievo, Moderno e Contemporâneo, ele se opôs à classificação convencional que menciona a existência de um Baixo Império (os 300 anos que vão de Constantino a Justiniano) ou de uma Alta Idade Média (período que vai da queda de Roma, em 476 , até à viagem de Colombo, em 1492). Para Le Goff a Idade Média é uma só: vai da aparição do livro-codex (caderno ilustrado e costurado, escrito a mão, que substitui o pergaminho) no final do século IV , até a eclosão da Revolução Francesa, em 1789. É uma Idade Média de mil anos, que ignora o Renascimento ou o que convencionou-se chamar de Idade Moderna. No entender dele a periodização mais apropriada seria: Antiga –Medieval - e Contemporânea.

Obras de Jacques Le Goff

Dictionnaire raisonné de l'Occident médiéval (en collaboration avec Jean-Claude Schmidt), Fayard, 1999
Saint François d'Assise, Gallimard,collection "à voix haute", 1999 (CD)

Un autre Moyen-Age, Gallimard, 1999

Le Moyen Age aujourd'hui, Léopard d'Or, 1998

La bourse et la vie, Hachette Littératures, 1997

Pour l'amour des villes (en collaboration avec Jean Lebrun), Textuel, 1997

La civilisation de l'Occident Médiéval, Flammarion, 1997

Une vie pour l'histoire (entretiens avec Marc Heurgon) , La Découverte, 1996

L'Europe racontée aux jeunes, Seuil, 1996

Saint Louis, Gallimard,1995

L'Homme médiéval (dir.), Seuil, 1994

La vieille Europe et la nôtre, Seuil, 1994

Le 13e siècle: l'apogée de la chrétienté, Bordas, 1992

Gallard, passeport 91-92 : une œuvre d'art à la rencontre de…, Fragments, 1992

Histoire de la France religieuse (dir., avec René Rémond), 4 volumes, Seuil, 1988-1992

L'Etat et les pouvoirs, (dir.), Seuil, 1989

Du silence à la parole : droit du travail, société, Etat, 1830-1985, Calligrammes, 1989

Histoire et mémoire, Gallimard, 1988

Faire de l'histoire (dir., avec Pierre Nora), 3 volumes, Gallimard, 1986

Intellectuels français, intellectuels hongrois, 12e -20e siècle, Editions du CNRS, 1986

Crise de l'urbain, futur de la ville: actes, Economica, 1986

L'imaginaire médiéval, Gallimard,1985

La naissance du purgatoire, Gallimard, 1981

La nouvelle histoire (en collaboration avec Jacques Revel), Editions Retz, 1978

Pour un autre Moyen Age, Gallimard,1977

Les propos de Saint Louis, Gallimard, 1974

Hérésie et sociétés dans l'Europe pré-industrielle, 11e-18e siècle: communications et débats du colloque de Royaumont, EHESS, 1968

Marchands et banquiers au Moyen Age, Le Seuil, 1957

Les intellectuels au Moyen Age, Le Seuil,1956 

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