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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A solidão nos dias de hoje



A solidão nos dias de hoje


Falar em solidão atualmente é quase que tratar de um tabu. Parece ser um tema tão espinhoso, tão perigoso, tão problemático que preferem deixar este tema atrelado muito mais a uma doença do que necessariamente a algo associado exclusivamente ao espírito humano. Parece que falar de solidão pertence única e exclusivamente a uma área da medicina ligada a doenças psicossomáticas e que somente estes especialistas possuem o dever ou a capacidade de falar sobre este assunto. Ora, a solidão é uma necessidade para a reflexão! O indivíduo consegue refletir sobre sua condição coletiva estando afastado dela, seja periodicamente, temporariamente ou como quer que seja. O problema é que alguns taxam esses indivíduos solitários como “depressivos”, potencialmente “problemáticos” ou até como “protocriminosos”.

Apesar dos avanços dos meios de comunicação, do avanço dos aparelhos telefônicos, da internet, da tevê, enfim, das mídias em geral, ainda assim vemos pessoas que se sentem sozinhas, solitárias, reclusas. Vemos pessoas que também dizem estar sofrendo de algum mal psicológico – “depressão”, a palavra da moda – por estar muito tempo sozinhas, isoladas do contato social ainda que estejam constantemente “cutucando” ou trocando scraps via internet. Confessam para alguém que “estão mal” porque estão sozinhas; estão passando por um momento difícil porque estão sozinhas; cometem até crimes porque se sentiam muito sozinhas, isoladas, ou até excluídas... Esse é o preço pago pela busca da individualidade iniciada pelo pensamento moderno? Será que essas pessoas de fato são culpadas por serem diferentes e se sentirem tão isoladas a ponto de assumir que a solidão pode ser tratada com antidepressivos?

A sociedade pós-industrial não lida muito bem com esse estado de espírito tão caro ao ser humano, parece que ela sente um temor ao imaginar que algum ser humano possa ficar a sós consigo mesmo, com seus pensamentos, e daí crie a possibilidade de questionar justamente essa sociedade que não permite ao ser humano viver uma solidão saudável, necessária aos espíritos que almejam ser de fato livres. Inventa logo que se trata de uma “doença psicológica” e que a pessoa que sofre desse “mal” deve de imediato seguir a risca as prescrições de um “doutor” apressado em lhe passar um estimulante ou um calmante, a depender do caso, obviamente.

O problema é que a sociedade pós-industrial não ensinou a este mesmo ser humano contemporâneo usufruir dessa coisa tão necessária e cara ao próprio ser humano que se chama solidão - como também não ensinou ao ser humano saber conviver efetivamente em sociedade, mas esse é outro assunto. Com qual intuito ela ensinaria ao ser humano estar bem consigo mesmo, sozinho consigo mesmo, independente e autônomo do mundo consumista que de minuto a minuto lhe bombardeia a mente e os sentidos para fazer com que este ser humano deixe de ser humano e se torne um consumista, digo, um consumidor? Será que essa sociedade pós-industrial quer deixar o controle da sociedade nas mãos de pessoas que gozem de uma efetiva capacidade de escolha, de liberdade? Um indivíduo que constantemente sinta a obrigação de comprar alguma coisa para sanar algo misterioso que grita no fundo de seu âmago e que parece não calar, insaciável, pedindo simplesmente atenção, mas que essa sociedade pós-industrial dita moderna diz conhecer tão bem e por isso inventa coisas – produtos – que, segundo ela, sanariam essa inquietação interior?

Na qualidade de simples filosofante, diria que se trata do próprio espírito humano suplicando um pouco de tempo para si mesmo, para refletir sobre sua vida, suas escolhas, suas inquietações, suas reais necessidades. De que me adianta ter um aparelho de celular de última geração, que toque músicas, vídeos, que possua uma infinidade de recursos se não consigo falar para mim mesmo? De que adianta ter um emprego maravilhoso, que me pague um salário fantástico, que dê todas as garantias ou direitos que é permitido a um trabalhador se não consigo saber se de fato aquele emprego corresponde aos meus anseios mais íntimos, ou seja, a minha vocação? Será que devo seguir sempre as tendências da moda que me obrigam de tempos em tempos a trocar o guarda-roupa compulsivamente? Será que as coisas, os produtos, os sapatos, as roupas, aquele carro do ano conseguem realmente me satisfazer enquanto ser humano?

Esses produtos, esse consumismo, esse corre-corre rotineiro, carros, pessoas, tevê, internet, notícias, esportes, informação, entretenimento..., enfim, parece que absolutamente tudo que existe nessa sociedade pós-industrial corresponde a constantes tentativas de saciar aquilo que é aparentemente insaciável no ser humano: a vontade de ser ele mesmo.


http://escritosdeumfilosofante.blogspot.com.br/2012/08/a-solidao-nos-dias-de-hoje.html

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