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domingo, 13 de junho de 2010

CRIANÇAS SUPERDOTADAS- MITOS -


 

CRIANÇAS SUPERDOTADAS
- MITOS -

Vitória, ES
1998

ABAHSD

·       fundada em 19/11/1991.
·       entidade da sociedade civil.
·       sem fins lucrativos.
·       congrega pessoas interessadas em questões de inteligências, criatividade e superdotação.
·       tem como objetivos fundamentais:
-         sensibilizar para a importância de se criar condições favoráveis ao desenvolvimento e aproveitamento do talento, da inteligência e da criatividade;
-         contribuir para a formação e aperfeiçoamento de recursos humanos destinados à pesquisa, à identificação e ao atendimento de superdotados.
  
Apresentação

A Associação Brasileira para Altas Habilidades / Superdotados (ABAHSD) sempre se preocupou com a falta de compreensão e o excesso de negligência que a sociedade reserva aos portadores de altas habilidades. Muitos são os mitos que foram criados a seu respeito e poucas são as propostas concretas para favorecer o seu desenvolvimento.

A professora Dora Cortat Simonetti, Mestre em Educação, com tese na área de Educação para Alunos Talentosos em Ciências, elaborou a presente publicação, com o objetivo primordial de desmitificar os paradigmas que se criaram em torno do portador de altas habilidades.

A ABAHSD espera que, com estas informações esteja colaborando com pais, professores e comunidade em geral, para que se passe a ver o superdotado, como um indivíduo que necessita de tanto estímulo e orientação, quando qualquer outro cidadão.

Nenhum país pode se dar ao luxo de ignorar os talentos que neles existem.

ABAHSD
A DIRETORIA



MODELO TRIÁTICO DA SUPERDOTAÇÃO
Destaca um conjunto de três traços marcantes, individuais. Posteriormente, neste modelo foram incluídos três marcos sociais: a família, a escola e os companheiros.



         Esta é a concepção proposta por Renzulli (1978, 1984, 1994), a partir de estudos com pessoas criativas e produtivas. Os superdotados, segundo ele, seriam aqueles que estivessem na intersecção dos três círculos. Os que apresentam componentes de dois círculos seriam muito inteligentes e, se de apenas um, seriam talentosos. Ex.: uma habilidade acima da média, como talento matemático. Os gênios não são tratados nesta concepção. Altamente criativos são capazes de romper modelos.

         Atribuir-se a Guy H. Wipple a criação do termo superdotado, como uma denominação das crianças com uma capacidade superior a normal (Enciclopédia de Educação Monroe, 1920)

         A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) utiliza este termo.


O que é um MITO?

·       Uma narrativa com utilização de elementos simbólicos e sobrenaturais para explicar o mundo, a natureza, o sentido de viver (acepção original).
·       Uma leitura imaginária do mundo e do que nele acontece.
·       Uma forma de propor, onde a imaginação tem amplos direitos.
·       Uma base para o trabalho posterior da razão.


ð    A leitura especializada, o convívio social, familiar e escolar são as bases deste nosso trabalho.
" É ótimo aluno e tem sempre as melhores notas."
        
O bom rendimento acadêmico pode ou não acontecer. Ser um aluno "nota dez" nem sempre é indicador de superdotação.

         O que dados empíricos indicam é uma freqüência relativamente alta do desempenho inferior, aquém do potencial deste aluno.

         Por que? Dentre os fatores responsáveis para que isto ocorra estão:

-         as características da escola atual, voltada enfaticamente para a informação pela informação;
-         a falta de estímulo do professor em desenvolver o potencial criativo (ele foi capacitado para trabalhar o pensamento convergente, ou seja, aquele que se volta para uma única resposta);
-         a tendência em igualar tarefas e conteúdos, massificando o ensino;
-         a pouca sensibilidade para atender o aluno que se destaca por suas idéias e habilidades, ás vezes considerando "inoportuno";



ð    É importante aceitá-lo como ele é: curioso, perguntador, etc. não deixá-lo desocupado e, muito estímulo são meios para que fique integrado e não "atrapalhe".



"Quociente Intelectual alto é uma características das crianças superdotadas."



         A pesquisadora Erika Landau, fundadora do Instituto de jovens para Promoção das Artes e da Ciência, em Telaviv, o qual atende os alunos em PROGRAMAS DE ENRIQUECIMENTO, fez uma pesquisa com crianças problemáticas, de baixo nível intelectual. Verificou, depois de um ano de trabalho com elas, que o Q.I. da maioria tinha aumentado cerca de 30%.

         Assim, o Q.I. é uma função variável,. Segundo ela, para que os dados colhidos tenham algum valor deve-se levar em conta o contexto social e étnico das crianças. É preciso comparar seus resultados com a opinião de professores e o desempenho escolar da criança.

         Diversos estudos (Willerman e Friedler, 1975) confirmados por pesquisas (Lewis e Michalson, 1983) mostram que não se pode identificar a superdotação de crianças sob a base das pontuações gerais do Quociente Intelectual.

"São estranhas, pequenas, franzinas e usam óculos com lentes grossas."

         É uma idéia errônea que felizmente vai ficando no passado. Na verdade, a criança superdotada é diferente, mas diferente em certos aspectos.

         Tem se desenvolvido um variado número de listas de características para identificá-las. A observação nos indica que nem toda criança apresenta ou manifesta todos os atributos listados em investigações diversas.

         Sem dúvida, é significativo, sobretudo para os familiares e a escola, estar conscientes de que esta é uma das maneiras de se identificar a superdotação. Mas, o importante é não usar uma lista como tabela de pontos. São indicadores e assim devem ser analisados.

         Por sua vez, parece correto o estereótipo de que o superdotado usa óculos (com ou sem lentes grossas) com maior probabilidade que as outras crianças - (Projeto de Investigação Gulbenkian sobre Crianças Superdotadas, 1979).


"São hiperativas e possuem cérebro com mais neurônios."


         Não procede. Às vezes, realmente não param, agitam-se em busca de mais saber, demonstram muita energia, mas não têm as características clínicas de hiperatividade.

         Os estudos clínicos de cérebros doados, como o de Einstein, mostram que a quantidade de células nervosas é a mesma. Apontam no sentido de que possam existir maior número de conexão, mais interação entre elas.
         Estes circuitos nervosos diferenciados podem ser responsáveis por alguns traços que os superdotados apresentam, em relação à crianças de sua mesma faixa etária, como por exemplo:

·       amadurecimento no modo de ser;
·       habilidade para perceber a relação entre fatos;
·       flexibilidade de idéias;
·       versatilidade de interesses;
·       imaginação fértil;
·       curiosidade com qualidade e inesgotável;
·       rapidez na percepção do mundo e de seu meio;
·       memória acentuada;
·       senso humor;


"Não necessitam ajuda, pois já que são tão talentosos podem conduzir-se sozinhos, sem precisar estímulos."


Não procede. No bebê. Os hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, ainda não se especializaram. Isso significa que as conexões entre os cem bilhões de células nervosas não se desenvolveram por completo.

Ao longo da primeira infância cada um dos neurônio se ligará a milhares de outros numa rede de cerca de cem trilhões de conexões.

Para que essa trama precisa e delicada se estabeleça o cérebro necessita de DESAFIOS.

Assim acontece também com os superdotados. As oportunidades educacionais para estas crianças devem caracterizar-se pela riqueza de incentivos que as levem, inclusive, a identificar suas próprias potencialidades.

Devem caracterizar-se também pelo conhecimento de que ela têm dificuldades que podem ocorrer na adaptação escolar, na relação de aula/ professor/ colegas, no ajustamento social.

"Dizer a uma criança que ela é talentosa, muito inteligente, superdotada, faz com que fique vaidosa e se sinta superior às demais."

Depende de como se faça. Maslow, um psicólogo da linha humanista, coloca que o reconhecimento social é uma necessidade do ser humano. Assim, estas crianças precisam saber sobre suas potencialidades e seus familiares orientados no sentido de ajudá-las, e frear o exibicionismo.
Facilmente perceberam que também têm limitações. O importante é que após identificadas, não fiquem abandonadas. Respeitá-las, incentivá-las para que se desenvolvam no seu jeito, e não como desejam que elas sejam.
Elas não querem ser vistas como diferentes. Para identificá-las é importante uma observação sistemática e persistente, tanto de comportamento como de desempenhos.
Verificar a intensidade, freqüência e consistência de suas peculiaridades, bem como seu histórico familiar, sem a preocupação de rotular. Como toda criança, querem AMOR e COMPREENSÃO.


"Um programa educacional para superdotados é algo sofisticado, caro e especializado."


Não é assim. A educação destas crianças é a mesma das outras. Elas são, acima de tudo, pessoas. O compromisso de educador é o mesmo que ele tem com outra criança.

É importante para a criança superdotada ou talentosa sentir que é atendida como uma pessoa e não como "alguém diferente". Para a sua sensibilidade acentuada isto faz muita diferença.

O que elas precisam são de oportunidades como qualquer aluno. Não resta dúvida que estas oportunidades devem estar no nível de suas aptidões, de seus talentos. Não em escolas especiais, mas através de ENRIQUECIMENTO, quer seja na própria sala de aula, grupos em sala de recursos, estudos independentes, através de visitas, demonstrações, palestras, aceleração e diversas outras modalidades

Igualdade de oportunidades não quer dizer oportunidades iguais.

A educação Inclusiva é, sem dúvida, um grande desafio. Significa repensar direitos de cidadania, aprimorar o processo ensino-aprendizagem, reestruturar os sistemas de ensino filosófica e administrativamente, capacitar profissionais.

"O professor de alunos superdotados necessita também ter altas habilidades."

Não necessariamente. Entretanto, a sensibilidade e a afetividade são componentes essenciais para conviver com estas crianças. É preciso que ele goste de desafios, para poder desafiar; que saiba como desenvolver o pensamento criativo para criar situações estimuladoras. Para tanto, necessita conhecimentos e oportunidades de formação.

Respeitar seu aluno como pessoa é fundamental. Orientá-lo como descobrir seu talento e mostrar-lha que também tem fraquezas. Ajudá-lo a conviver com seus pontos fracos e fortes, paara que se sinta mais seguro e, com certeza, feliz.

Segundo James Jallagher, um estudioso nesta área,

"a educação dos superdotados é fascinante porque leva a refletir sobre o envolvimento da sociedade e da cultura como desenvolvimento das potencialidades do ser humano."

         É, sem dúvida, necessário disposição para aceitar este desafio, onde se incluem o interesse e a motivação,  a perseverança, dentre outros traços.

"É sempre o melhor em tudo que faz. É ótimo da perfeição."
        
O fato de ser destaque numa área não significa necessariamente que será em todas. Por isso, é difícil traçar um papel único e perfeito da criança superdotada, como se fosse um modelo. É um grupo bastante heterogêneo a nível de traços, características e habilidades.

         Na relação da família e da escola com ela é freqüente a expectativa e a exigência. Espera-se muito desta criança. São equívocos que precisam ser consideradas: não pressionar, não exigir. Excesso de pressão pode levar ao desinteresse, à fadiga, à desmotivação, à rejeição do próprio talento.

         Provavelmente com o propósito de chamar a atenção sobre a ampla variedade de capacidades, o MEC ficou com o seguinte conceito de superdotação, proposto pela oficina de Educação dos Estados Unidos:

         "serão considerados superdotados, educandos que apresentem notável desempenho e/ou elevada potencialidade, nos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo, capacidade de liderança, talento especial para artes, capacidade psicomotora".

"São de classes sociais mais favorecidas economicamente."

         Não é verdade. Podem ser encontras em todas as classes sociais, independentes de cor e raça. O que preocupa é que crianças superdotadas que são carentes economicamente perdem, por desigualdade de condições, a oportunidade de participação social.

         Perdem duplamente!

         As crianças não começam sua vida com uma etiqueta de "superdotação". As oportunidades de mostrar seu talento dependem muito das pessoas que convivem com elas, sobretudo familiares e professores.

         Crianças de baixa renda têm menos oportunidades, até em sua escolarização normal. Preocupa a possibilidade de, não tendo seu talento reconhecido, estimulado, desenvolvido, elas não desenvolvam seu potencial e ele se perca, às vezes de forma irreversível.

         Situações como estas estimulam a trabalhar em uma educação para superdotados/talentosos.

"Sempre apresentam sinais de precocidade: ler muito cedo, andar ou falar bem novos, tocar um instrumento musical com perfeição em tenra idade, etc."


         Necessariamente, não. Pode ou não acontecer. É preciso que haja constância das aptidões, ao longo do tempo, não apenas em faz da infância. Há registros de casos de precocidade do aparecimento de habilidades que permaneceram apesar de obstáculos e frustrações. Outros, não.

         Como crianças estão em processo de desenvolvimento, muitas vezes, mesmo precoces, não efetivam todo o seu potencial. Daí serem considerados portadores de altas habilidades e "não ainda superdotados".

         O fato é que não se deve estereotipar. Influem fatores ambientais: genéticos e a interligação entre ambos. Existem portadores de deficiência que podem também ter superdotação. Não são poucos os exemplos de cegos, ou surdos ou paraplégicos talentosos ou superdotados. São paradigmas, formas de pensar, que necessitem ser revistas.

         A premissa básica é que cada criança tem potencialidades e nosso compromisso é trabalhar para que se desenvolvam.

O desenvolvimento social e emocional dos superdotados estão no mesmo nível que seu desenvolvimento intelectual e acadêmico."


         Se desejarmos ajudar uma criança superdotada não podemos esquecer que elas não crescem da mesma maneira em todas as dimensões da personalidade. Uma Criança pode ter a idade cronológica de 07 anos, mas intelectual ter 11 e apenas 04 em seu lado emocional. Por isso, comparam crianças entre si não é aconselhável.

         Elas possuem especiais vulnerabilidades que podem provocar conflitos em suas vidas. Estes desnível é difícil para quem convive com elas porque em momentos têm independência de raciocínio, usam linguagem precisa, fazem projetos difíceis, em outros apresentam-se como criancinha frágeis e dependentes.

         Estes aspectos não podem ser esquecidos, sobretudo nas decisões de aceleração escolar. O "equilíbrio" entre as diferentes idades - cronológica, emocional e social -, se esquecido, pode conduzir à desarmonia bio-psico-social.

         Caminhar junto com elas, dialogar, ajudá-las na construção de sua identidade pessoal é o papel daqueles que convivem com estas crianças.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:

ABAHSD. Anais do X Seminário Nacional de Superdotação, 1994.
________. Oportunidades educacionais para alunos portadores de altas habilidades, 1996.
ALENCAR, Eunice Soriano. Psicologia e Educação do Superdotado, São Paulo, EPU, 1986.
BRASIL, Secretaria de Educação Especial. Subsídios para Organização e Funcionamento de Serviços de Educação Especial, Série Diretrizes, 9, 1995.
_______________________________________. Diretrizes para o atendimento Educacional aos Alunos Portadores de Altas Habilidades/Superdotação e Talentos, Série Diretrizes, 10, 1995.
FREEMAN (org.). Los niños superdotados, Aspectos pedagógicos e psicológicos, Madrid: Ed. Santillama S.A. 1985.
LANDAU, Erika. A coragem de ser superdotado, São Paulo: CEREC, 1990.
METTRAU, Marsyl Bukkool. Nos Bastidores da Inteligência, MERJ, 1996.
NOVAES, Maria Helena. Educação para superdotados e talentosos, in A educação dos Superdotados, São Paulo: SE / CENP, 1998.
SIMONETTI, Dora Cortat. Técnicas de projetos: uma estratégia de ensino dirigida às necessidades potenciais dos educandos , in O Ensino de Ciências e Matemática na América Latina, Campinas: Papirus, 1984.

 http://www.fcee.sc.gov.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=31
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