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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Celestin Freinet


Celestin Freinet (1896-1966), crítico da escola tradicional e das escolas novas, Freinet foi criador, na França, do movimento da escola moderna. Seu objetivo básico era desenvolver uma escola popular.
Na sua concepção, a sociedade é plena de contradições que refletem os interesses antagônicos das classes sociais que nela existem, sendo que tais contradições penetram em todos os aspectos da vida social, inclusive na escola. Para ele, a relação direta do homem com o mundo físico e social é feita através do trabalho (atividade coletiva) e liberdade é aquilo que decidimos em conjunto.
Em suas concepções educacionais dirige pesadas críticas à escola tradicional, que considera inimiga do "tatear experimental", fechada, contrária à descoberta, ao interesse e ao prazer da criança.
Analisou de forma crítica o autoritarismo da escola tradicional, expresso nas regras rígidas da organização do trabalho, no conteúdo determinado de forma arbitrária, compartimentados e defasados em relação à realidade social e ao progresso das ciências.

Era contra o autoritarismo sob qualquer aspecto, sendo contrário à avaliação quantitativa e à imposição de castigos e sanções. Isso não significa que, de acordo com a corrente pedagógica que criou, não deva haver ordem e disciplina em sala de aula. Ao contrário, o respeito mútuo entre professor e aluno é fundamental.
Mas, critica também as propostas da Escola Nova, particularmente Decroly e Montessori, questionando seus métodos, pela definição de materiais, locais e condições especiais para a realização do trabalho pedagógico.
Para Freinet as mudanças necessárias e profundas na educação deveriam ser feitas pela base, ou seja, pelos próprios professores.
O movimento pedagógico fundado por ele caracteriza-se por sua dimensão social, evidenciada pela defesa de uma escola centrada na criança, que é vista não como um indivíduo isolado, mas, fazendo parte de uma comunidade.
Atribui grande ênfase ao trabalho: as atividades manuais tem tanta importância quanto as intelectuais, a disciplina e a autoridade resultam do trabalho organizado. Questiona as tarefas escolares(repetitivas e enfadonhas) opostas aos jogos(atividades lúdicas, recreio), apontando como essa dualidade presente na escola, reproduz a dicotomia trabalho/prazer, gerada pela sociedade capitalista industrial.
A escola por ele concebida, é vista como elemento ativo de mudança social e é também popular por não marginalizar as crianças das classes menos favorecidas.
Propõe o trabalho/jogo como atividade fundamental.
Freinet elabora toda uma pedagogia, com técnicas construídas com base na experimentação e documentação, que dão à criança instrumentos para aprofundar seu conhecimento e desenvolver sua ação. "O desejo de conhecer mais e melhor nasceria de uma situação de trabalho concreta e problematizadora.
O trabalho de que trata aí não se limita ao manual, pois o trabalho é um todo, como o homem é um todo. Embora adaptado à criança, o trabalho deve ser uma atividade verdadeira e não um trabalho para brincar, assim como a organização escolar não deve ser uma caricatura da sociedade"

Dá grande importância à participação e integração entre famílias/comunidade e escola, defendendo o ponto de vista de que "se se respeita a palavra da criança, necessariamente há mudanças".
Algumas técnicas da pedagogia de Freinet: o desenho livre, o texto livre, as aulas-passeio, a correspondência interescolar, o jornal, o livro da vida (diário e coletivo), o dicionário dos pequenos, o caderno circular para os professores, etc. Essas técnicas têm como objetivo favorecer o desenvolvimento dos métodos naturais da linguagem (desenho, escrita, gramática), da matemática, das ciências naturais e das ciências sociais. Porém, essas técnicas não são um fim em si mesmas, e sim, momentos de um processo de aprendizagem, que ao partir dos interesses mais profundos da criança, propicia as condições para o estabelecimento da apropriação do conhecimento.
Vemos que Freinet considera a aquisição do conhecimento como fundamental, mas, essa aquisição deve ser garantida de forma significativa.
Sua proposta pedagógica mesclada entre teoria e prática, advém das suas observações das crianças, das práticas de trabalhos que realizou com elas, das reflexões teóricas elaboradas tendo como ponto de partida essa prática, que é constantemente recolocada em prática em diversas situações escolares.

Em sua proposta os instrumentos e os meios são importantes para propiciar participação e interesse, são mediadores para liberar e despertar o interesse para o trabalho. A experiência é a possibilidade para que a criança chegue ao conhecimento. Assim, criação, trabalho e experiência, por sua ação conjunta resultam em aprendizagem.

Freinet concebe a educação como um processo dinâmico que se modifica com o tempo e que está determinada pelas condições sociais. Desta maneira. é preciso, transformar a escola para adaptá-la à vida, para readaptá-la ao meio. Esta tarefa estaria nas mãos do professor, que obtém sucesso quando toma consciência de que a educação é uma necessidade, uma realidade.

Ele acredita no poder transformador da educação. Por isso propõe uma pedagogia de busca e experiências que eduque profundamente. Proporciona à criança um papel ativo de acordo com seus interesses. O trabalho é algo que deve ser valorizado e praticado cotidianamente. A educação é uma preparação para a vida social e aí está uma das razões de advogar o trabalho cooperativo como via para transformar a sociedade e a natureza e a sociedade são os objetivos e também os conteúdos do ensino.

Podemos afirmar que Freinet é um dos pedagogos contemporâneos que mais contribuições oferece àqueles que atualmente estão preocupados com a construção de uma escola ativa, dinâmica, historicamente inserida em um contexto social e cultural.
Logicamente em termos de nossa realidade atual, podemos levantar questionamentos a algumas de suas concepções, tais como: uma visão otimista demais do poder de transformação exercido pela escola, a identificação da dimensão social aos fatores de classe, deixando de fora os aspectos discriminativos relativos a questões de cor e sexo, da proposta do professor ser o "escriba" dos alunos, quando as investigações mais atuais da psicolingüística nos levam para outra direção.

Vera Lúcia Camara Zacharias é mestre em Educação, Pedagoga, consultora educacional, assessora diversas instituições, profere palestras e cursos, criou e é diretora do CRE.

Fonte: http://www.centrorefeducacional.com.br/freinet.html


A PEDAGOGIA DE CÉLESTIN FREINET

José Luiz de Paiva Bello
Rio de Janeiro - 1999

Cronologia de Célestin Freinet:
1896
- Célestin Freinet nasce em Gars, no sul da França, na região de Provença, em 15 de outubro.
- Na adolescência mudou-se para Nice onde iniciou o Curso de Magistério

1914\1918
- Na I Guerra Mundial Freinet interrompe seus estudos e alista-se no exército.
- Sofrendo ações dos gases tóxicos, que prejudicaram seus pulmões para o resto da vida, teve baixa do exército e perambulou por diversos hospitais sem esperança de cura.

1920
- Freinet inicia em Bar-Surloup suas atividades como professor-adjunto sem ainda ter concluído o Curso Normal.

1921\1924
- Através do sensível contato com os alunos começa as descobertas essencialmente práticas que originaram as atividades voltadas para o interesse das crianças.
- Também trabalha com os aldeões e forma uma Cooperativa de Trabalho.
- Começam as primeiras correspondências entre as escolas.

1926\1928
- Conhece Elise, artista plástica, que chega para trabalhar como sua colaboradora.
- Casa-se com Elise e edita o livro A Imprensa na Escola. Criou a revista "La Gerbe" (O Ramalhete), com poemas infantis.
- Fundou a Cooperativa de Ensino Leigo.
- Elise e Freinet passam a trabalhar em Saint Paul.

1933\1939
- Em função da intensa correspondência decorrente das atividades realizadas na Escola e na Cooperativa acabaram por gerar desconfiança e hostilidades.
- Freinet é exonerado do cargo de professor em Sant Paul de Vence.
- Freinet e Elise continuam trabalhando na Cooperativa.
- A escola de Freinet é oficialmente aberta.
- Freinet e Romain Roland lançam a idéia do movimento Frente da Infância.
- Começa a II Guerra Mundial.

1940
- Freinet é preso no campo de concentração de Var.
- Fica gravemente doente e na prisão dá aula para os seus companheiros.
- Enquanto isso Elise luta pela sua libertação.
- Após ser solto Freinet se integra ao Movimento da Resistência Francesa.

1947\1948
- É criado o ICEM. A Cooperativa já reunia 20 mil participantes.

1956
- Preocupados com o excesso de crianças em sala de aula lançam uma campanha nacional por 25 alunos por classe.

1966
- Freinet morre na cidade de Vence, na França.

A pedagogia Freinet é centralizada na criança e baseada sobre alguns princípios:
- senso de responsbilidade
- senso cooperativo
- sociabilidade
- julgamento pessoal
- autonomia
- expressão
- criatividade
- comunicação
- reflexão individual e coletiva
- afetividade

Invariantes Pedagógicas:
1. A criança é da mesma natureza que o adulto.
2. Ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros.
3. O comportamento escolar de uma criança depende do seu estado fisiológico, orgânico e constitucional.
4. A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias.
5. A criança e o adulto não gostam de uma disciplina rígida, quando isto siginifica obedecer passivamente uma ordem externa.
6. Ninguém gosta de fazer determinado trabalho por coerção, mesmo que, em particular, ele não o desagrade. Toda atitude imposta é paralisante.
7. Todos gostam de escolher o seu trabalho mesmo que essa escolha não seja a mais vantajosa.
8. Nnguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como máquina, sujeitando-se a rotinas nas quais não participa.
9. É fundamental a motivação para o trabalho.
10. É preciso abolir a escolástica.
10- a. Todos querem ser bem-sucedidos. O fracasso inibe, destrói o ânimo e o entusiasmo.
10- b. Não é o jogo que é natural na criança, mas sim o trabalho.
11. Não são a observação, a explicação e a demonstração - processos essenciais da escola - as únicas vias normais de aquisição de conhecimento, mas a experência tateante,que é uma conduta natural e universal.
12. A memória, tão preconizada pela escola, não é válida, nem preciosa, a não ser quando está integrada no tateamento experimental,onde se encontra verdadeiramente a serviço da vida.
13. As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às vezes se crê, mas sim pela experîencia. Estudar primeiro regras e leis é colocar o carro na frente dos bois.
14. A inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como um circuito fechado, independente dos demais elementos vitais do indivíduo, como ensina a escolástica.
15. A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que atua fora da realidade fica fixada na memória por meio de palavras e idéias.
16. A criança não gosta de receber lições autoritárias.
17. A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que atende aos rumos de sua vida.
18. A criança e o adulto não gostam de ser controlados e receber sanções. Isso carcteriza uma ofensa à dignidade humana, sobretudo se exercida publicamente.
19. As notas e classificações constituem sempre um erro.
20. Fale o menos possível.
21. A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela prefere o trabalho individual ou de equipe numa comunidade cooperativa.
22. A ordem e a disciplina são necessárias na aula.
23. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não conduzem ao fim desejado e não passam de paliativo.
24. A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão da vida pelo trabalho escolar pelos que a praticam, incluindo o educador.
25. A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico.
26. A concepção atual das grandes escolas conduz professores e alunos ao anonimato, o que é sempre um erro e cria barreiras.
27. A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas.
28. Uma das primeiras condições da renovação da escola é o respeito à criança e, por sua vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é possível educar dentro da dignidade.
29. A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica, é uma oposição com o qual temos que contar, sem que se possa evitá-la ou modificá-la.
30. É preciso ter esperança otimista na vida. (Sampaio, 1989: 81-99)

Técnicas Freinet
- Aula passeio
- Texto livre
- Imprensa escolar
- Correção
- Livro da vida
- Fichário de consulta
- Plano de Trabalho
- Correspondência interescolar
- Auto-avaliação

Aula Passeio
Por acreditar que o interesse da criança não estava na escola e sim fora dela, Freinet idealizou esta atividade com o objetivo de trazer motivação, ação e vida para a escola.

Texto Livre
É a base da livre expressão, pode ser um desenho, um poema ou pintura. A criança determina a forma, o tema e o tempo para sua realização. Porém se a criança desejar que seu texto seja divulgado deverá passar pela correção coletiva.

Imprensa Escolar
Seu ponto de partida são as entrevistas, pesquisas, vivências e aulas-passeio. Freinet usava o tipógrafo. Todo processo de construção e impressão é coletivo.

Correção
Para o texto ser divulgado é necessário que esteja perfeito e a correção é fundamental. Ela pode ser feita coletivamente, ou em auto-correção. Freinet acredita que o "erro" deva ser trabalhado com a criança para que ela perceba e faça o acerto.

Livro da Vida
Funciona como um diário da classe, registrando a livre expressão (texto, desenho e pintura). Esta atividade permite que as crianças exponham seus diferentes modos de ver a aula e a vida.

Fichário de Consulta
Põe a disposição da criança exercícios destinados à aquisição dos mecanismos do cálculo, ortografia, gramática, história, ciências etc. São construídas em sala de aula pelos professores na interação com a turma. Freinet criticava duramente os livros didáticos fora da realidade da criança.

Plano de Trabalho
Tendo o currículo escolar como ponto de partida, os grupos de alunos se organizavam para escolher as estratégias de desenvolvimento das atividades que podiam ser realizadas em grupos, duplas, ou individualmente. Para registro do plano são elaboradas fichas onde são anotadas as realizações da semana.

Correspondência Interescolar
É uma atividade em que a criança faz a aprendizagem da vida coooperativa, uma classe se corresponde com a outra. Depois dos professores terem se comunicado e organizado a forma. Podem enviar: cartas, textos, fitas, vídeos, desenhos e e-mail.

Auto-Avaliação
A criança registra o resultado do seu trabalho em fichas de auto-avaliação que permitem constantes comparações entre os trabalhos realizados. Segundo Freinet o aluno e o professor devem se avaliar regularmente.

Indicações Bibliográficas:

BERNARD, Eliade. A escola aberta: Freinet no secundário. Lisboa: Horizonte, 1978.

FREINET, Célestin. A educação pelo trabalho. Lisboa: Presença, 1974.

________. A saúde mental da criança. Lisboa: Edições 70, 1978.

________. As técnicas Freinet da escola moderna. Lisboa: Estampa, 1975.

________. Conselho aos pais. Lisboa: Estampa, 1975.

________. Ensaio de psicologia sensível. Lisboa: Presença, 1976.

________. O jornal escolar. Lisboa: Estampa, 1976.

________. O método natural. Lisboa: Estampa, 1977.

________. O método natural de gramática. Lisboa: Dinalivro, 1978.

________. Para uma escola do povo. Lisboa: Presença, 1973.

________. Pedagogia do bom-senso. São Paulo: Martins Fontes, 1985.

________. Texto livre. Lisboa: Dinalivro, 1973.

FREINET, Celestin, BALESSE, L.. A leitura pela imprensa na escola. Lisboa: Dinalivro, 1977.

FREINET, Celestin, SALENGROS, R.. Modernizar a escola. Lisboa: Dinalivro, 1977.

FREINET, Elise. O itinerário de Célestin Freinet: a livre expressão na pedagogia de Freinet. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979.

________. Nascimento de uma pedagogia popular. Lisboa: Estampa, 1978.

SAMPAIO, Rosa Maria Whitaker Ferreira. Freinet: evolução histórica e atualidades. São Paulo: Scipione, 1989.

Alguns sites sobre Freinet:
Espaço Infantil - Grajaú - Rio de Janeiro
Freinet: o Educador - Rio de Janeiro
Centro de Estudos da Criança - Rio de Janeiro
Colégio Arvense - Brasília
Escola Recanto - Recife
Grandes Mestres da Educação - Vera Zacharias, São Paulo
Pedagogia de Freinet - Andreza Alves da Silva
Celestin Freinet - Eduardo Moraes - Curitiba

Fonte: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per06.htm

Vídeos,

http://www.youtube.com/results?search_query=pedagogia+freinet&search_type=&aq=f

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