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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Em toda aula um quebra-cabeça


Índice da edição 191 - abr/2006

Lógica

Em toda aula um quebra-cabeça

Escolas de Porto Alegre e de Brasília incluíram no currículo jogos e brincadeiras que desafiam o raciocínio de estudantes de 1ª a 4ª série

Meire Cavalcante
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Quando se fala em raciocínio lógico, logo se pensa em Matemática. Mas essa relação quase automática é um tanto injusta. Afinal, o aluno tem de pensar de forma lógica para ler mapas, redigir textos coerentes ou compreender a classificação dos animais na biologia. Além disso, a habilidade não favorece apenas o desempenho nos estudos. A lógica está em tudo. Se o aluno precisa atravessar a rua em uma esquina e ir a um prédio no meio do quarteirão, tem ao menos duas opções. Primeira: fazer o caminho mais rápido cruzando a rua em diagonal - o que não é seguro e o obriga a ver se vêm vindo carros e em que velocidade estão. Segunda: atravessar na faixa seguindo o caminho mais longo e seguro.

Se você quer que crianças e jovens se saiam bem não só nas tarefas escolares mas também nas do dia-a-dia, é importante fazê-los exercitar o pensar. Na Escola Classe 304 Norte, em Brasília, a coordenadora pedagógica Sueli Brito Lira de Freitas incentiva os demais professores a propor atividades que desafiem a criançada em todas as disciplinas.

Bolo maluco

Ricardo Labastier

Os estudantes combinaram em preparar um bolo na escola. Sueli pediu então que decidissem qual formato teria e quantos pedaços seriam servidos. Eles resolveram que a guloseima seria retangular e que 24 pessoas iriam comê-la. Os alunos desenharam o bolo e pensaram em maneiras diferentes de fazer o corte. Muitos dividiram a fôrma em três fileiras e oito colunas, outros em quatro por seis ou ainda duas por 12. Uma solução chamou a atenção pela originalidade. Uma aluna partiu o bolo em duas colunas e três fileiras. Em cada pedaço ela fez um novo corte em X, servindo aos convidados charmosos pedaços triangulares.

Até o ano passado, quando lecionava para a 2ª série, esse tipo de trabalho era comum em suas aulas. E as idéias, muitas vezes, surgiam das próprias crianças. "Por sugestão deles, realizamos uma olimpíada de Língua Portuguesa", lembra. As provas, elaboradas pela turma, eram pura lógica: cartas enigmáticas, caça-letras e adivinhas. A professora não dava "aula de lógica", mas o tema permeava o planejamento. Os resultados logo começaram a aparecer nas ponderações da garotada. Durante uma atividade em que os estudantes tinham que dividir um bolo (leia o quadro abaixo), Sueli ouviu de um aluno: "Seu pedaço era do tamanho do meu e você cortou o seu em dois. Então você tem mais pedaços, mas não tem mais bolo que eu".

A turma ajudou Sueli a organizar também uma gincana de Educação Física. Enquanto cuidavam dos preparativos, os estudantes usaram a habilidade lógica adquirida para fazer o cronograma do evento. Eles tinham que organizar todas as provas de forma que desse tempo de realizá-las no período disponível. Outra missão era redigir uma carta para a escola vizinha pedindo o campo de areia emprestado. A classe tirou de letra, já que Sueli sempre propunha atividades em que a lógica era aplicada na produção de textos (leia o quadro abaixo).

Há dez anos Sueli estuda a maneira como a criança pensa. "Quando ela não é estimulada, limita-se a repetir modelos e reproduzir técnicas. Isso era comum nas turmas que eu recebia", lembra. Ao deparar com situações-problema, a criançada costumava perguntar a Sueli se era para fazer conta de mais ou de menos, por exemplo. Assim, ela percebeu a importância dos desafios no desenvolvimento do raciocínio lógico. Hoje os alunos não fazem mais perguntas desse tipo, pois a preocupação com o pensar tornou-se parte do projeto pedagógico da escola. O "arme e efetue" virou pensamento crítico, raciocínio ágil, participação e opinião.

Mesa para quantos?

Ricardo Labastier

Neste desafio, Sueli leu com a turma a história de uma família que organizou uma festa para 32 convidados. Para acomodá-los, a anfitriã dispôs oito mesas com quatro cadeiras cada uma. Porém, conforme foram chegando, os convidados juntaram as mesas, deixando os últimos em pé. A tarefa dos alunos era pensar no maior número possível de formas de dispor mesas e cadeiras para acomodar os convidados.

O trabalho em equipe

No Colégio Conhecer, em Porto Alegre, os alunos da 4ª série em diante têm aulas de desafios lógicos uma vez por semana. "É importante para crianças e adolescentes compartilhar idéias e falar sobre o que estão fazendo e como estão pensando", afirma Olga Rejane Haag, professora de Matemática de 4ª a 6ª série, que coordena as atividades. Ela conta que, além dessas aulas específicas, o que faz os estudantes deslancharem no pensar é o compromisso de todos os professores em tornar suas aulas sempre motivadoras e instigantes. "Minha atuação é apenas parte de um trabalho de equipe."

Olga utiliza diversos quebra-cabeças, como o tangram, além dos jogos Boole (leia o quadro abaixo). Eles foram criados pelo professor de Matemática Procópio Mendonça Mello, de Porto Alegre. Ao longo de 30 anos de magistério, Procópio percebeu que a dificuldade dos pequenos em pensar surgia antes dos cálculos matemáticos. "Muitos não sabiam falar claramente nem interpretar enunciados", lembra. Isso mostrou a ele a importância de desafiar a mente dos alunos, o que seria útil em várias áreas, não só na sua disciplina.

Elaborados para crianças a partir de 4 anos, os jogos têm por objetivo desenvolver a capacidade de raciocínio pela compreensão de histórias feitas com base em estruturas lógico-matemáticas. Eles foram inspirados nas teorias do inglês George Boole (1814-1864), um dos criadores da matemática utilizada nos computadores de hoje - a álgebra booliana. "Ele acreditava ser possível fazer equações matemáticas que expressassem o pensamento", diz Procópio. Para o inglês, a relação entre duas frases poderia ser lida com o mesmo rigor contido em uma equação algébrica. Assim, o jogo Boole faz a turma passar do pensamento concreto para o abstrato.

Olga conta que, quando recebe alunos vindos de outras escolas, nota que alguns estão habituados a seguir instruções e a completar os exercícios dos livros e apostilas. São alunos com dificuldade em se expressar, interpretar problemas, tomar iniciativa e trabalhar em grupo. Ao colocar esses estudantes em contato com os desafios lógicos, eles simplesmente desabrocham para o mundo do pensamento. "Aquele que chega só fazendo continhas aprende a não aceitar qualquer resposta. É um caminho sem volta."

Começo, meio e fim

Ricardo Labastier

Esta atividade prova que em Língua Portuguesa também é possível propor exercícios que fazem a turma quebrar a cuca. Os alunos da professora Sueli, de Brasília, recortam em tiras parágrafos de textos que eles escreveram e depois tentam ordená-los para que a seqüência fique coerente.

Ricardo Labastier

Ricardo Labastier

Isolando a lógica

Segundo Lino de Macedo, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, quando o raciocínio lógico é atrelado a uma disciplina, os dois se confundem. "Isso é positivo. Mas, se o objetivo é desenvolver a capacidade de raciocinar, vale realizar atividades em que o pensar, em si, é o conteúdo." Exemplo de atividade que prioriza o treino da mente é o jogo sudoku, que, em japonês, quer dizer "número sozinho" (veja abaixo). À primeira vista, pode parecer um desafio matemático por causa dos números. Mas não é. O jogo apenas usa a seqüência numérica (que poderia ser substituída por uma de letras, por exemplo). O jogador deve posicionar os números de 1 a 9 de maneira que eles nunca se repitam nas linhas, nas colunas e nas regiões (cada quadrado demarcado com linha mais grossa). Para tanto, é preciso trabalhar com comparação e exclusão. Lino explica que a base do pensamento lógico são as palavras se e então: "Se respiro, então estou vivo". Quantas vezes você já não afirmou algo com convicção usando os dois termos? Para ele, raciocinar significa pensar coisas diferentes ao mesmo tempo, coordenar informações e pontos de vista e analisar uma coisa em função da outra, relacionando e comparando. Se a criança tiver chance de construir os alicerces do pensamento, ela ganha autonomia. "Algo essencial para a vida", conclui.

Alexandre Battibugli

Alexandre Battibugli

Exercícios que desafiam o raciocínio...

Estimulam a observação, a criação de hipóteses e analogias, a tomada de decisões e a elaboração de justificativas e conclusões.

Favorecem o bom desempenho em todas as disciplinas.

Preparam para as situações simples e complexas da vida.

Continue lendo, clique no número 2

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0191/aberto/mt_127585.shtml

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