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quarta-feira, 23 de julho de 2008

Antonio Carbonari Netto - Empresário, fundador da Anhanguera Educacional.


São Paulo, 25 de junho de 2008 - Professor de matemática em cursinhos nos anos de 1970, o empresário *Antonio Carbonari Netto hoje comanda a Anhanguera Educacional, uma das principais organizações do País com 140 mil alunos. Em 1994, quando fundou a instituição, eram apenas 10 mil estudantes em Valinhos (SP). Para ganhar musculatura, a Anhanguera já fez duas ofertas públicas de ações na Bolsa.

Entrevista concedida a Edilson Coelho

São Paulo, 25 de junho de 2008 - Professor de matemática em cursinhos nos anos de 1970, o empresário Antonio Carbonari Netto hoje comanda a Anhanguera Educacional, uma das principais organizações do País com 140 mil alunos. Em 1994, quando fundou a instituição, eram apenas 10 mil estudantes em Valinhos (SP). Para ganhar musculatura, a Anhanguera já fez duas ofertas públicas de ações na Bolsa. Captou R$ 860 milhões, dinheiro que tem sido usado para treinamento de professores e, principalmente, para aquisições.
Desde a abertura de capital, em janeiro do ano passado, a Anhanguera já adquiriu 17 instituições. Os planos para os próximos dois anos também são ambiciosos. “O projeto é comprar mais 25 organizações”, vislumbra o presidente. Este ano já foram compradas três faculdades e outras três estão em negociação neste momento. “O mercado hoje é vendedor, pois há muita gente saindo do ramo”, garante Netto.

Aos 57 anos, o empresário acredita que o mercado educacional vai se concentrar em torno de 20 grupos. E, pelo seu cálculo, a Anhanguera poderá ser a maior a delas — no Brasil ou no mundo. “Queremos ter 350 mil alunos”. Segundo ele, a maior organização educacional do mundo é a norte-americana Apollo, com 350 mil estudantes. Pode ser que seu projeto seja adiado. Na semana passada, o grupo Apollo fez uma oferta R$ 2,5 bilhões para comprar a Unip (Universidade Paulista), controlada pelo empresário João Carlos Di Gênio.

Gazeta Mercantil – Como o senhor vê a expansão do setor de educação no Brasil?

Antonio Carbonari Netto – A educação está em expansão porque só temos 12% da faixa de 18 a 24 anos, segundo o IBGE, matriculados nas escolas superiores. A Argentina hoje tem 40%, o Chile, 60%, e os países desenvolvidos estão na faixa de 70% a 90% de matriculados na universidade. Essa quantidade de estudantes universitários no Brasil é muito pouco em relação ao resto do mundo.

GZM – E qual a implicação dessa situação no futuro?

Antonio Carbonari Netto – Vai haver importação de profissionais e não conseguiremos suprir a mão-de-obra até o final da década. Vai faltar gente especializada no País.

GZM – Quais profissões poderão faltar?

Antonio Carbonari Netto – As áreas de engenharia retomaram as matrículas com bastante abundância e os cursos de tecnólogos estão crescendo muito. O movimento hoje é muito maior do que era há 15 anos. A empregabilidade estará em alta no futuro próximo para essas áreas. Minha geração está se aposentando, então temos de imaginar que pelo menos uns três milhões de empregos serão preenchidos nos próximos anos por pessoas de alta experiência.

GZM – Qual a posição da Anhanguera Educacional nesse mercado?

Antonio Carbonari Netto – O foco da Anhanguera sempre foi o trabalhador jovem que estuda à noite. É evidente que temos cursos de medicina, farmácia, veterinária, direito e administração diurnos, mas 85% dos nossos estudantes estudam de noite e trabalha de dia. Com esse foco conseguimos ampliar as matrículas em dez anos numa média de 100% ao ano. É um número absurdo, mas é real. Se contarmos os 14 anos de existência da Anhanguera, podemos falar numa média de 65% de crescimento ao ano no número de matriculas. A organização tem currículo altamente profissionalizado, voltado para o mercado e à sociedade. Os jovens acreditam nisso e depois de formados são muito bem colocados no mercado de trabalho.

GZM – Esse pessoal já sai empregado da universidade?

Antonio Carbonari Netto – Dos alunos que estudam à noite, 80% já estão empregados. Eles vêm em busca de aperfeiçoamento, capacitação e de um diploma que melhore sua vida profissional, seu projeto de vida. Temos pesquisas da Fundação Getúlio Vargas mostrando que um diploma superior amplia o salário em acrescenta 2,7% ao ano, nos cinco primeiros anos como profissional. Então o diploma superior é uma forma de ascensão social.

GZM – E como o grupo foi preparado para receber esses alunos que melhoraram de vida?

Antonio Carbonari Netto – A grande vantagem é que pensamos nisso na década de 90. Montamos os currículos e o treinamento de professores para este tipo de clientela. Nascemos em 1994 pensando nesse público, enquanto outros criaram escola para as elites. Com a ascensão dos trabalhadores, estamos muito na frente.

GZM – Mas esses alunos chegam a universidade com falhas do ensino básico. Em que a Anhanguera contribui para melhorar essa questão social?

Antonio Carbonari Netto – Em todos os cursos da Anhanguera, temos um projeto de nivelamento. As primeiras três ou quatro semanas são dedicadas à revisão dos conceitos da escola base. Temos livros-texto para isso, cadernos de atividade que ajudam muito a reduzir a deficiência que a escola média brasileira traz, problema que é secular. Os melhores alunos da escola básica estão na escola privada e depois vão para a universidade pública. O aluno da escola pública, que estudou à noite vem para as faculdades privadas. Então assumimos uma correção dessa deficiência, coisa que as públicas não fazem.

GZM – A Anhanguera também tem programas sociais?

Antonio Carbonari Netto – Temos mais de três mil crianças estudando conosco leitura dirigida, produção de texto, gratuitamente, num horário vago da nossa biblioteca. É um projeto social de longo alcance. Na região de Campinas há um programa nosso chamado Jovem.com, em que estamos formando mais de mil alunos por ano das escolas de periferia na área de informática básica, gratuitamente.

GZM – No mercado há críticas em relação ao crescimento educacional privado por causa da perda de qualidade. Como o senhor vê essa questão?

Antonio Carbonari Netto – A Anhanguera tem hoje 147 mil alunos distribuídos em 44 campi, principalmente no interior do País. São faculdades de dois mil a quatro mil alunos. Há dois vetores para falar da questão da qualidade. O primeiro é a qualidade percebida. Para calcular isso, temos um programa de avaliação que aplicamos aos alunos todo ano, em maio e outubro, para observar o corpo docente, laboratórios, sala de aula. Além disso, existe a certificação de qualidade do Ministério da Educação (MEC) feita a cada três anos, com avaliações da área pedagógica, corpo docente e infra-estrutura. Em 2007, 78% dos estudantes do Anhanguera avaliaram positivamente nossos coordenadores; 83% aprovaram os professores e 78% mostraram-se satisfeitos com os laboratórios.

GZM – E os resultados do MEC?

Antonio Carbonari Netto – Nos últimos três anos, os resultados do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) nos levaram a 76% de notas acima de três. Estamos bem acima da média nacional que é 50%. Os 24% dos cursos que tiveram média 2 estão em recuperação interna, com coordenadores e professores sendo reciclados.

GZM – Qual a estratégia para equacionar qualidade e preço?

Antonio Carbonari Netto – Todos os professores e coordenadores são treinados e capacitados para desenvolver projetos de qualidade. Quanto à questão do preço, nossos currículos sempre foram desenvolvidos profissionalmente com vista ao mercado. Não temos disciplinas supérfluas, como metodologia científica, que hoje é dada em nossas bibliotecas, por meio de um programa informatizado. Em contrapartida, o aluno na Anhanguera é obrigado a discutir desenvolvimento econômico e organismos internacionais, como BID, FMI, Banco Mundial, ONU. Ele estuda economia no contexto da globalização.
Minha geração não estudou isso.

GZM – A Anhanguera captou R$ 860 milhões no mercado de capitais e gastou em torno de R$ 160 milhões. Com dinheiro em caixa, quais negócios estão na mira daqui para frente?

Antonio Carbonari Netto – A partir do instante que abrimos a captação em bolsa aprendemos o seguinte: nossa empresa é uma instituição pública. Também aprendemos a trabalhar com metas que têm de ser cumpridas. Os novos recursos chegaram para qualificação dos professores, gastamos com processo de avaliação interno e externo, estruturação da escala e treinamento de diretores. Temos aqui a única escola no País de formação de diretores universitários. É uma escola de executivos, que prepara em média de 20 a 25 coordenadores de curso todo ano para assumir a direção. O grande problema no médio e longo prazo é formar pessoas que tenham a cultura da Anhanguera, uma cultura bem enxuta, racional, sem desperdício.

GZM – Quantas empresas vocês já compraram?

Antonio Carbonari Netto – Nós já fizemos 15 aquisições nestes 14 meses e a previsão é dobrar de tamanho, ou seja, mais 14 este ano e mais 14 em 2009. Nossa idéia é virar o ano com 200 mil alunos e, provavelmente, 350 mil em 2010.

GZM – O projeto é ser a maior instituição educacional do Brasil?

Antonio Carbonari Netto – Hoje o maior grupo internacional de educação do mundo é o Apollo Group, de Phoenix, Arizona (EUA). Eles têm aproximadamente 380 mil alunos. O segundo grupo internacional de graduação é o Laureate Education, dono da Anhembi Morumbi. Não vejo muita dificuldade em ultrapassá-los facilmente em três anos. O que significa que a Anhanguera será a maior instituição educacional do mundo até 2010.

GZM – O grupo atua hoje em seis estados. Qual é a estratégia de expansão?

Antonio Carbonari Netto – A educação a distância já está em 24 estados. Com o curso presencial a intenção é ir do Centro-Oeste para a região Sul e consolidar a Anhanguera. Seguimos a política de expansão do Wal-Mart, começando pelas cidades pequenas em que você é o único e não cabem dois, quando ficamos fortes começamos a disputar espaço com os concorrentes. Entramos em São Paulo, por exemplo, no ano passado.

GZM – Quais cursos que ainda faltam à instituição?

Antonio Carbonari Netto – Na realidade temos todos os tipos de curso, o que estamos fazendo são diligências em várias instituições de amigos que querem sair do ramo. Gestão e currículos antigos estão levando muitos mantenedores à falência. Hoje o mercado educacional é vendedor. Além das aquisições, nossa expansão pode ser feita organicamente. Temos aberto uma média de dez campi por ano com autorização do MEC. Os recursos que entraram do mercado de capitais servirão para qualificação, preparação para o futuro e aquisições.

GZM – A universidade Estácio de Sá, recentemente, saiu do Nível 2 da Bolsa de Valores de São Paulo para o Novo Mercado, onde estão as empresas com alto nível de governança corporativa. A Anhanguera seguirá o mesmo caminho?

Antonio Carbonari Netto – Quando abrimos o capital íamos entrar no Novo Mercado. Não o fizemos porque há uma legislação restritiva que está em curso no Congresso Nacional sobre a reforma universitária e preferimos trabalhar com 'unit' no Nível 2, com uma ação ordinária para cada seis preferenciais. Com isso você não perde o controle acionário da instituição.

GZM – Como surgiu a idéia de ir para o mercado de capitais?

Antonio Carbonari Netto – Tínhamos uma instituição basicamente familiar. Em 2003, transformamos a empresa educacional em S/A e precisávamos investir para crescer. Estávamos com 10 mil alunos e naquela fase surgiu a dúvida: vamos colocar dinheiro para crescer ou parar ali mesmo? Em conversas com amigos concluímos que teríamos de ter sócios para dar um salto na área educacional. Conseguimos alguns investidores, assessorados pelo Banco Pátria, e no curso dessa transformação eles se interessaram em montar o Fundo da Educação para o Brasil para investir no negócio. A partir daí, saímos de 10 mil alunos para 45 mil alunos com ampliação orgânica e pequenas aquisições e depois para 140 mil estudantes. Tínhamos várias hipóteses: continuar crescendo organicamente, buscar dinheiro para ampliação e até passar essa instituição para uma instituição maior. Optamos por abrir o capital.

GZM – Para uma instituição como a Anhanguera é possível se alinhar a centros educacionais internacionais?

Antonio Carbonari Netto – Sempre é possível. Hoje qualquer universidade norte-americana está aberta a convênio bilateral. A Universidade de São Paulo, por intermédio da Escola Politécnica tem duplo diploma com Paris. Lá na França não tem problema, nosso diploma é aceito. O problema está aqui, pois nossos órgãos regulatórios não aceitam com bom gosto o diploma estrangeiro. No MEC é uma dificuldade convalidar o título de mestrado. Já para o título de doutorado tem de ser convalidado por uma universidade que tenha o mesmo curso credenciado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), e quando é graduação, só pode ser convalidado numa universidade pública. Essa regularização demora de dois a quatro anos. É um acinte o que se faz no Brasil com o diploma de estudantes brasileiros obtidos no estrangeiro.

GZM – Quantos professores trabalham no grupo?

Antonio Carbonari Netto – Hoje são quase seis mil professores e outros 4 mil funcionários técnicos que trabalham na área administrativa.

GZM – Qual o salário pago pela instituição aos professores?

Antonio Carbonari Netto – Calculamos sempre em função de horas, que variam de 20 a 50, ou seja, um salário de tempo integral varia de R$ 3 mil a R$ 10 mil. Creio que seja o dobro ou triplo do que pagam as públicas. Do efetivo, 15% dos professores trabalham em tempo integral. Os coordenadores e diretores recebem de dois a três salários anuais por produtividade. Os critérios de avaliação de gestão já têm pelo menos três anos.

GZM – Quais são os principais acionistas hoje dentro do grupo?

Antonio Carbonari Netto – Temos uma série de investimentos estrangeiros, são fundos de investimentos da Alemanha, do Sindicato dos Funcionários Públicos de Chicago e uma série de fundos de pensão que fazem aplicações de médio e longo prazo, o que nos dá estabilidade. Com a oferta pública de ações, tivemos pelo menos 15 mil CPFs adquirindo ações da Anhanguera, entre eles professores, alunos e funcionários. Além disso, de 80 a 100 fundos estrangeiros acreditaram no projeto.

GZM – Com a concentração do mercado, quantas organizações o senhor acredita que restarão?

Antonio Carbonari Netto – Atualmente somos quatro organizações públicas na bolsa e mais quatro grandes que ainda não abriram o capital. Acho que essa concentração deverá manter em torno de 20 instituições. Entendo que organizações de porte são aquelas acima 20 mil alunos. Agora os grupos pequenos e médios vão continuar tocando o empreendimento, geralmente familiar, e com as dificuldades naturais de empréstimo, de crédito, de conta garantida. Hoje é bastante difícil montar uma faculdade ou universidade numa cidade com menos de 150 mil habitantes, por isso que a educação a distância entrará nas pequenas cidades com 20 mil, 30 mil habitantes.
*Antonio Carbonari Netto









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