domingo, 25 de maio de 2014

Relativismo "pós-moderno": amigo das ideologias, inimigo das ciências e da racionalidade.



Na Veja da semana passada, Gustavo Ioschpe publicou um artigo - que vale a pena reproduzir integralmente - analisando uma questão epistemológica fundamental: a verdade. "Afinal, a verdade existe?", pergunta o título. Para o relativismo radical, negador de verdades universais, só há verdades relativas. Ioschpe se refere particularmente ao pensamento reinante nas escolas de segundo grau, mas o fato é que esse relativismo fincou raízes nas universidades, devastando as ciências humanas em geral. Fui testemunha dessa estupidez, contra a qual lutei quase que solitariamente na universidade a que pertenci, muitas vezes sendo chamado de positivista, reacionário etc. Muitos posts foram dedicados a esse tema no blog. Escrevi também um ensaio acadêmico sobre "jornalismo e teorias da verdade", que pode ser acessado aqui. A propósito, o relativismo deixou essa área mais próxima das ideologias que das ciências.

Há muitos anos, dei uma palestra a professores de uma rede estadual de ensino. Muita gente, ginásio grande. Apresentei a saraivada de dados em que me baseio para estabelecer um diagnóstico da educação brasileira. Depois da fala, abriu-se espaço para perguntas. Lembro-me da primeira delas como se fosse hoje: “O palestrante que esteve aqui ontem nos advertiu de que números são como palavras: são criações humanas. E que por trás de toda criação humana existe a intencionalidade da pessoa que a criou. Qual é a sua?”.

É uma visão de mundo preocupante. Fruto do pensamento pós-modernista de viés marxista, postula que não existe uma verdade objetiva, depreendida do estudo de fatos através das ferramentas da ciência. O resultado dessa investigação científica seria apenas uma verdade, a versão inventada pelo homem branco ocidental para ajudá-lo a subjugar os povos subdesenvolvidos e as minorias dos países ricos. Existem, para os pós-modernistas, “verdades”, no plural, ditadas pelas características históricas, culturais e econômicas de cada pessoa ou grupo. A crença de um aborígine de que um trovão é uma manifestação do descontentamento de uma deidade qualquer tem, portanto, o mesmo grau de verdade da descoberta de que o trovão é causado pela ionização e pelo aquecimento do ar que envolve um raio, gerando sua rápida expansão e a consequente onda de som.

Para que seja possível pensar assim, é preciso ignorar que existem fatos e que números, estatísticas, são apenas descrições quantitativas desses fatos. Se eu digo que a população brasileira em julho de 2012 era de 193 milhões de pessoas, segundo o IBGE, não se pode dizer que eu (ou os coconspiradores do IBGE) estou “criando” esse dado como se criasse um soneto. Não, as pessoas existem e estão lá! O número é apenas a maneira mais simples de comunicar esse fato, sem precisar mostrar fotos de todos os cidadãos nem repetir a contagem a cada instante. Se entendemos que fatos existem, e se notamos que os fatos corriqueiros do mundo que nos cerca já apresentam uma variedade e uma complexidade inenarráveis - da estrutura atômica e subatômica das partículas ao movimento das marés ou de planetas -, então necessitamos de um método impessoal e objetivo para perceber e compreender esses fatos. Esse método precisa ser peculiar: deve ser feito por seres humanos imperfeitos - com paixões e vilezas, sem visão de raio X nem audição perfeita - para superar as próprias limitações e chegar o mais próximo possível de observar o fato real, sem distorções ou falhas de interpretação. A criatura precisa superar o criador. Como fazê-lo? Perseguindo os fatos de maneira objetiva e técnica, gerando hipóteses sobre o mundo que só podem ser confirmadas através da medição. Porque, confiando em um método objetivo e em dados oriundos de medições, os resultados podem ser reproduzidos por diferentes pessoas em diferentes épocas, e as conclusões espúrias ou os métodos defeituosos podem ser expostos, corrigidos ou descartados. Sim, esse método a que me refiro é a ciência.

Os pós-modernistas empenham-se em destruir o edifício da ciência. Não mostrando os erros metodológicos ou quantitativos dos estudos científicos, porque a maioria dos adeptos da causa não tem competência técnica para isso (“Errar é humanas”), mas simplesmente atacando a credibilidade dos “especialistas”. E isso se faz necessário não apenas porque, sem os guardiães do conhecimento embasado em fatos, qualquer Quixote pode descrever moinhos inexistentes que devem ser derrubados, mas também porque as investigações mais recentes de várias ciências, especialmente a biologia, desconstroem muitas ideias que são caras aos pós-modernistas e marxistas em geral. Entre elas, especialmente aquela de que o ser humano é um bicho fraterno e igualitário por natureza, e não o ser competitivo e movido pela busca de status e hierarquia em seu grupo social que a psicologia evolutiva não se cansa de demonstrar em estudos e experimentos (sugestões de leitura em twitter.com/gioschpe). Claro, se o fato não existe, o cientista ou especialista só pode ser um impostor, que inventa dados para justificar algum viés inconfessável. Para os ideólogos, toda neutralidade é uma farsa. Quem aponta um erro de um pós-modernista não pode estar certo: necessariamente, deve ser um tarado neoliberal. O marxismo e seus derivativos formam um sistema fechado. Para os crentes, quem aponta seus erros o faz por algum interesse de classe, etnia ou nação e, portanto, pode ser imediatamente descartado. Só poderá apontar os erros quem for confrade. Mas, obviamente, quem é confrade não percebe os erros.

As pessoas dessa inclinação acreditam que a ciência é uma religião, uma fé cega. Que os racionalistas apenas trocaram um deus crucificado por outro abstrato: o método científico. Mas esse é um engano fundamental e dantesco. Porque a marca da religião (e da ideologia) é justamente o dogma, a ideia inquestionável e infalsificável, porque revelada por uma entidade superior. A ciência se move por dúvidas, não por certezas: tudo é questionável e precisa ser demonstrado e reproduzido. Não há crença em entidades superiores. Pelo contrário: a ciência moderna se faz pela sobreposição de vários e pequenos esforços. Até que uma teoria ganhe respeitabilidade e passe a ser aceita como uma boa descrição dos fatos, precisa ser replicada por muitos pesquisadores, que podem estar espalhados por todo o planeta. É sempre assim que funciona? Claro que não. Quem conhece a história das ideias sabe que cientistas e pesquisadores sofrem dos mesmos vícios da humanidade em geral. São seduzidos pelo poder político e econômico, sucumbem a ideologias, aferram-se a teorias patentemente equivocadas por questões pessoais ou até mesmo estéticas. Mas, por mais que ideias tortas tenham vida longa, algum dia elas não resistem ao acúmulo de evidências contrárias e morrem, vão para o lixo da história, substituídas por formulações mais corretas.

Algumas pessoas acham que não se pode confiar na ciência porque “uma hora eles dizem uma coisa, outra hora dizem outra”. Mas isso é causado mais por um viés da publicação dos resultados do que pelos resultados em si. É mais culpa da imprensa (leiga e acadêmica) do que de pesquisadores: é a velha história de que quando um homem morde um cachorro é notícia, mas não vice-versa. Os resultados mais divulgados são frequentemente os mais destoantes do senso comum e da pesquisa anterior. É bom que sejam publicados, porque arejam o debate, mas na maioria dos casos acabam sendo a exceção que comprova a regra. Não é verdade que o processo científico é um eterno pingue-pongue de versões antagônicas. O conhecimento avança, chegamos a consensos. Dificilmente se verá algum estudo sério sugerindo que fumar faz bem à saúde. É verdade que os consensos não são perenes e que talvez vamos propor ações equivocadas por baseá-las em pesquisas que depois se descobrirão equivocadas. Mas no mundo real sabemos que a perfeição é inatingível. A questão, portanto, não é acabar com o erro, pois isso é impossível, mas minimizá-lo. E certamente uma ação baseada em evidências sólidas vai errar menos do que aquela inspirada em intuições e inclinações pessoais.

Que pessoas ignorantes repitam essa linha do “cada um com a sua verdade” é até compreensível, saturados que estamos, aqui nos tristes trópicos, de gente que compartilha essa cosmovisão. Na terra da cordialidade, pega mal defender a existência de uma verdade e o consequente erro daqueles que defendem seu oposto. Parece até arrogância. Que professores pensem assim já é mais triste e preocupante, pois uma tarefa fundamental do sistema escolar é transmitir ao alunado o conhecimento acumulado ao longo de séculos de trabalho árduo de pesquisadores e pensadores, que muitas vezes perderam a vida defendendo suas ideias “hereges”. Também são os professores que deveriam propagar o método científico, para que seus alunos possam empreender o mesmo caminho da busca da verdade trilhado pelos gigantes intelectuais que nos precederam.

Mas que líderes públicos pensem assim, e ajam ao arrepio daquilo que a pesquisa já estabeleceu, aí não é apenas triste ou lamentável: é criminoso. Na área da educação posso dizer com tranquilidade: a maioria dos nossos gestores públicos despreza totalmente os milhares de estudos objetivos sobre o que funciona em educação. Insistem em gastar fortunas com ideias que a experiência, documentada em estudos rigorosos, já se encarregou de demonstrar serem inócuas. O Ministério da Educação agora cria um “Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa” que quer alfabetizar na idade errada (8 anos, em vez de 6) e defende um aumento radical do financiamento em educação que não terá nenhum impacto na melhora da qualidade do ensino (em breve escreverei artigo a respeito). Prefeituras insistem em alfabetizar com o método construtivista, quando o fônico tem se mostrado mais eficaz. Em diminuir o número de alunos em sala de aula ou colocar dois mestres por turma, o que não dá resultado. Em carregar nas ferramentas tecnológicas que não têm comprovação alguma, sem nem ao menos fazer uma escolha criteriosa do livro didático ou prescrever o bom e velho dever de casa, ambos com custo perto de zero e eficácia comprovada.

Muitos o fazem por desconhecimento e preguiça, outros por conveniências políticas, outros ainda por motivos inconfessáveis (não há fornecedor de dever de casa para dar uma mãozinha no financiamento da próxima campanha...). Mas, no frigir dos ovos, eles só podem se safar de sua irresponsabilidade porque sabem que grande parte dos eleitores está convencida de que fatos são criados de acordo com a intencionalidade de cada um e que, portanto, vontades são mais importantes do que resultados e que as boas intenções dos inventores de factoides compensam o divórcio entre seus objetivos e suas realizações. Mas os dados existem. A verdade existe. E até os pós-modernistas mostram saber disso. Cada vez que tomam um remédio ou visitam um médico para tratar de uma doença, em vez de consumir uma beberagem prescrita por um pajé, estão dando às próprias ideias a credibilidade que merecem. Ignoramos esses dados, e os muitos recados que nos mandam, por nossa conta e risco. Países não morrem nem vão à falência por teimar em ignorar a realidade. Mas podem estagnar ou retroceder, como mostra a história recente de alguns de nossos vizinhos. Se não acordarmos para a realidade, em breve haveremos de fazer-lhes companhia.


P.S.: Thomas Jefferson, um dos founding fathers dos EUA, escreveu que “onde a imprensa é livre, e todo homem capaz de ler, tudo está seguro”. Roberto Civita lutou para que cumpríssemos essas duas missões por toda a sua vida adulta. O Brasil perdeu um grande homem, mas o legado fica. Em boas mãos: a existência desta coluna, que irrita a tantos há anos, só é possível em uma organização que preza a verdade antes de agradar a leitores ou poderosos     

http://otambosi.blogspot.com.br/2013/06/relativismo-pos-moderno-amigo-das.html

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sábado, 24 de maio de 2014

Hoje é dia de jejum de Ekadasi 13 APARA EKADASHI 24 de maio de 2014



13    APARA EKADASHI


Yudhishthira Maharaja disse:  "ó Janardana, qual é o nome do Ekadashi que ocorre durante a quinzena obscura do mês de Jyeshtha (mai/jun)?  Desejo ouvir as glórias deste dia sagrado.  Por favor narra-me tudo."

O Senhor Sri Krishna disse:  "ó rei, tua indagação é maravilhosa porque a resposta irá beneficiar toda sociedade humana.  Este Ekadashi é tão sublime e meritório que até mesmo os maiores pecados podem ser apagados por sua potência.  ó grande rei, o nome deste ilimitadamente meritório Ekadashi é Apara Ekadashi.  Quem quer que jejue neste dia sagrado se torna famoso em todo universo.  Mesmo tais pecados como matar um brahmana, uma vaca, ou um embrião; blasfêmia; ou ter sexo com a esposa de outro homem são completamente erradicados por observar Apara Ekadashi.

ó rei, pessoas que dão falso testemunho são muito pecaminosas.  Uma pessoa que glorifica falsa ou sarcasticamente outra; quem engana enquanto pesa algo numa balança; quem deixa de executar os deveres de seu varnaou ashrama (um homem desqualificado que posa como brahmana, por exemplo, ou uma pessoa que recita os Vedaserroneamente); quem inventa suas próprias escrituras; quem enganaos outros; quem é astrólogo charlatão, contador trapaceiro, ou falso médico ayurvédico - todos estes certamente são tão maus quanto uma pessoa que dá falso testemunho, e estão destinados ao inferno.  Mas simplesmente por obervar Apara Ekadashi, todos estes pecadores se tornam completamente livres de suas reaçöes pecaminosas.

Guerreiros que caem de seu kshatriya-dharma e fogem do campo de batalha vão para um inferno bárbaro.  Porém, ó Yudhishthira, mesmo tal kshatriya caído, se observar jejum no Apara Ekadashi, se liberta desse grande pecado e vai para o céu.

É o maior pecado o discípulo que, após receber uma devida educação espiritual de seu mestre espiritual, vira-se e o blasfema.  Esse assim-chamado discípulo sofre ilimitadamente.  Mas até ele, se simplesmente observar Apara Ekadashi, pode alcançar o mundo espiritual.  Ouça, ó rei, enquanto descrevo mais as glórias deste Ekadashi.

O mérito obtido por quem realiza todos seguintes atos de piedade é igual ao mérito obtido por quem observa Apara Ekadashi:  tomar banho três vezes ao dia em Pushkara-kshetra (1) durante Kartika (out/nov); tomar banho em Prayag no mês de Magha (jan/fev) quando o sol está no zodíaco; prestar serviço ao Senhor Shiva em Varanasi durante Shiva-ratri; oferecer oblaçöes aos antepassados da pessoa em Gaya; tomar banho no sagrado Rio Gautami quando Júpiter transita em Leão; obter darshanado Senhor Shiva em Kedaranatha; ver o Senhor Badrinatha quando o sol transita no signo de Aquário; e tomar banho na época do eclipse solar em Kurukshetra e dar vacas, elefantes, e ouro em caridade ali.  Todo mérito que se recebe por realizar estes atos piedosos é obtido por uma pessoa que observa este jejum de Apara Ekadashi.  Também, o mérito obtido por quem doa uma vaca prenha, junto com ouro e terra fértil, é obtido por quem jejua neste dia.

Em outras palavras, Apara Ekadashi é um machado que corta a árvore plenamente madura dos atos pecaminosos; é um incêndio florestal que queima pecados como se fossem lenha; é o sol que arde diante de nossos obscuros maus atos, e é o leão espreitando a mansa corça da impiedade.  Portanto, ó Yudhishthira, quem quer que verdadeiramente tenha medo de seus pecados do passado e presente deve observar Apara Ekadashi mui estritamente.  Quem não observa este jejum deve nascer novamente no mundo material, assim como uma bolha entre milhöes numa enorme expansão d'água, ou como uma pequena formiga entre todas outras espécies. (2)

Portanto devemos observar fielmente o sagrado  Apara Ekadashi e adorar a Suprema Personalidade de Deus, Sri Trivikrama.  Quem faz isto é libertado de todos seus pecados e promovido à morada do Senhor Vishnu.

ó Bharata, para benefício de toda humanidade, descrevi assim para ti a importância do sagrado Apara Ekadashi.  Qualquer um que ouça ou leia esta descrição certamente se livra de todostipos de pecados, ó rei."

Assim termina a narrativa das glórias de Jyeshtha-krsna Ekadasi, ou Apara Ekadasi, do Brahmanda Purana.

Notas:

(1) Pushkara-kshetra, na India ocidental, é realmente o único local na terra onde se encontra um templo fidedigno do Senhor Brahma.

(2) Os Vedasdeclaram narah budhuda samah:  "A forma humana de vida é tal como uma bolha na água."  Na água, muitas bolhas se formam e então repentinamente estouram alguns segundos depois.  Assim se uma pessoa não utiliza seu raro corpo humano para servir a Suprema Personalidade de Deus, Sri Krishna, sua vida não tem mais valor ou permanência que uma bolha na água.  Portanto, como o Senhor recomenda aqui, devemos serví-Lo por jejuar no Hari-vasara ou Ekadashi.

Neste sentido, Srila Prabhupada escreve no Srimad-Bhagavatam 2.1.4, significado:  "O grande oceano da natureza material está se agitando com as ondas do tempo, e as assim-chamadas condiçöes de vida são algo como as bolhas espumantes, que aparecem diante de nós como o eu corpóreo, esposa, filhos, sociedade, conterrâneos, etc.  Devido a uma falta de conhecimento do eu, nos tornamos vitimados pela força da ignorância e assim estragamos a valiosa energia da vida humana numa busca vã atrás de condiçöes de vida permanentes, que é impossível neste mundo material."

Jejum Campinas e região de Jundiaí.
 Dia 25

Quebrar entre 06:39 - 10:16
(Hora real, nao de verão)


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quinta-feira, 22 de maio de 2014

O Professor e o Mundo Contemporâneo



O mundo contemporâneo atravessa enormes modificações econômicas, sociais, políticas e culturais. Vivemos um momento histórico intensamente marcado pela internacionalização da globalização e da tecnologia. Ocorre um processo de universalização da cultura, dos produtos, das trocas, dos custos e do capital. 

O processo de internacionalização do comércio está administrado pela direção econômica neoliberal. A educação não está imune a este processo. Reformas curriculares ocorreram em todos os países marcados pela valorização da formação estudantil com implementação de um espírito de ação e liderança, da capacitação para o trabalho em grupo, e do uso das tecnologias. O momento se caracteriza por um imenso aumento da capacidade de se obter informação. Objetos são produzidos pela informação com a finalidade de comercialização. As culturas do consumo e da propaganda são fortificadas e tudo gira em função do comprar e do vender, de modo que a propaganda se dirige para o consumidor que deve ser aliciado emocionalmente. O capital, ao dominar as mídias, acaba por dominar as emoções, os sentimentos, os hábitos e seduz fortemente os desejos das pessoas. A mídia transforma o cidadão em consumidor, na globalização neoliberal.

Como educadores não devemos identificar o termo informação com conhecimento, pois, embora andem juntos, não são palavras sinônimas. Informações são fatos, expressão, opinião, que chegam às pessoas por ilimitados meios sem que se saiba os efeitos que acarretam .Conhecimento é a compreensão da procedência da informação, da sua estrutura e dinâmica própria, e das conseqüências que dela advém, exigindo para isso um certo grau de racionalidade. A apropriação do conhecimento, é feita através da construção de conceitos, que possibilitam a leitura crítica da informação, processo necessário para absorção da liberdade e autonomia mental.

Hoje, exige-se do novo aluno um certo desenvolvimento de capacidades intelectuais, de abstração, de rapidez de raciocínio e de visão crítica mais ampla que valorize mais do que a racionalidade baseada apenas na informação. O conhecimento não pode se reduzir apenas ao saber fazer, aprender a usar, aprender a comunicar, com capacidade de adaptação às mudanças técnicas continuadas do processo produtivo, do mercado e da sociedade, imposto pela globalização neoliberal. A inclusão da educação desenvolve as condições de realização da cidadania porque absorvem conhecimentos, habilidades, técnicas, novas formas de solidariedade social, porque associa tarefas pedagógicas e ações sociais pela democratização da sociedade. A educação é um caminho de acesso ao conhecimento significativo, que se caracteriza por propiciar um saber que liberta. A assimilação do conhecimento, das opiniões, pode permitir uma elevada capacidade de letramento, que nada mais é do que a leitura crítica da informação, que é um dos caminhos para a liberdade mental e política. Nesse processo o professor é o mediador dessa interação do aluno com o conhecimento, visto que ele deve proporcionar ao aluno o mundo da informação, da técnica, da tradição e da linguagem, para que o mesmo possa construir seu pensamento, suas aptidões e suas atitudes, possibilitando aprendizagens significativas. O papel do professor deve ser o de ajudar o aluno a desenvolver sua aptidão do pensar, através da técnica do diálogo, estimular a capacidade cognitiva do aluno através do saber aprender, saber fazer, saber agir , saber conviver e se conhecer. O educando deve aprender a ser sujeito do próprio conhecimento que aprende a aprender, a buscar informação, como sujeitos pensantes de maneira prática e analítica.

O professor deve aprender a gostar dos alunos, transformando a sua aula mais agradável , motivadora e prazerosa. É necessário estimular a solidariedade mediante os valores democráticos e éticos. Isso significa ouvir o outro; respeitar as diferenças, aperfeiçoar as técnicas de comunicação, indicar formas mais competentes do conhecimento expressivo. Deve assumir uma atitude interdisciplinar passando do conhecimento interligado para o particularizado e deste para o integrado, distinguir e respeitar a diversidade em cada indivíduo e priorizar a igualdade dos direitos dos cidadãos em uma sociedade capitalista que é por excelência desigual e excludente. O saber conviver com as diferenças é saber conviver com pessoas possuidoras de crenças, compreensão de vida e interesses diferentes. A Educação cultivando valores de solidariedade, está ao lado dos excluídos e combate os efeitos do capitalismo . A luta contra a exclusão social também passa necessariamente pelo trabalho do professor.

Os novos tempos exigem um padrão educacional que esteja voltado para o desenvolvimento de um conjunto de competências e de habilidades essenciais, a fim de que os alunos possam fundamentalmente compreender e refletir sobre a realidade, participando e agindo no contexto de uma sociedade comprometida com o futuro. Grandes desafios se descortinam a nossa frente. O maior deles diz respeito à descoberta de construções que permitam desenvolver nos estudantes, a confiança nas suas capacidades de criar, de construir e reconstruir a fim de que o aluno se plenifique a partir de competências e habilidades e, não mais, somente, através de conhecimentos.

Autora: Amelia Hamze
Profª FEB/CETEC e FISO

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A questão da desigualdade



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Aula 19 seminário - teoria da aprendizagem significativa de ausubel


Hoje é dia de Santa Rita de Cássia 22 de maio de 2014


História

Caminho da santidade

Chamada Margherita, que originou o nome Rita, a Santa das Causas Impossíveis nasceu na Itália em 1381.

Um tanto contrariada, acabou fazendo o gosto dos pais: casou-se com um jovem temperamental e violento e tiveram filhos. Durante os 18 anos em que esteve casada, tudo fez para que a paz e a harmonia fossem mantidas. E à custa de muita oração conseguiu abrandar o temperamento do marido.

Um dia, entretanto, Paulo Ferdinando foi assassinado e jogado à beira de uma estrada. Os dois filhos juraram vingar o pai. Impotente ante o ódio dos filhos, pediu a Deus que os levasse antes que se manchassem de sangue. Seja lá por que desígnios de Deus, suas preces foram ouvidas.

Abalada pela morte do marido e dos filhos, quis recolher-se ao convento das Agostinianas de Cássia, mas não foi aceita. Rezou fervorosamente aos santos de sua devoção: São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolau de Tolentino. Conseguindo ingressar no convento, viveu ali por 14 anos até sua morte, trazendo na testa um estigma, associando-se assim à paixão de Cristo.

Morreu no mosteiro de Cássia em 1457 e foi canonizada em 1900.

Uma família de devotos trouxe a imagem de Cássia, na Itália. Foi o ponto de partida para a devoção de mais de um século que se espalhou pelo Vale do Sapucaí, no Sul de Minas Gerais.
O Santuário de Santa Rita recebe romeiros ao longo de todo o ano. Há missas especiais para fiéis de outras paróquias todos os finais de semana com uma recepção especial pela equipe de acolhida. O Santuário possui três relíquias da santa italiana: uma partícula óssea, seu hábito e uma imagem em tamanho natural vinda de Cássia.

Orações de Santa Rita






Hinos de Santa Rita





http://www.santuariodesantarita.com.br/historia-de-santa-rita-de-cassia

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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Desafios do mundo contemporâneo: a educação num mundo de comunicação



Desafios do mundo contemporâneo: a educação num mundo de 
comunicação

Nelson Pretto 

Estive em Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, no mes de julho de 1998. Na UNIJUI, mais de uma vêz tenho estado junto em várias oportunidades. Tudo por conta de contatos, básicamente feitos via a rede mundial Internet. Como não acreditamos que estas tecnologias afastam as pessoas, destes contatos temos articulados inumeros projetos em comum, vários deles com a presença física, seja no Rio grande do Sul, seja na Bahia. Coisas do mundo contemporâneo. Um mundo em veloz transformação.
Estamos chegando ao ano 2000. O ano do bug do milênio, onde as máquinas não vão dsabe se estamos na frente ou no passado. A humanidade vive um momento especial. O processo histórico do desenvolvimento da ciência e da tecnologia universalizou o homem moderno, criando condições objetivas para que ele seja, ao mesmo tempo, universal e tribal (não-local e local). O filósofo italiano Gianni Vattimo, em seu livro A sociedade Transparente, já dizia que apesar de todos os esforços de concentração das grandes corporações transnacionais "vivemos o mundo da comunicação generalizada, da sociedade do mass media, com uma multiplicação de valores locais". Esta multiplicação de valores locais impõe-nos pensar de forma diferenciada sobre o conceito de história, uma história unitária, com um sentido privilegiado. Ainda de acordo com Vattimo, o fim desta concepção unitária de história, da história com H maísculo, está ligado a impossibilidade de se ver o passado com um único conjunto de imagens. Para Vattimo "existem imagens do passado propostas de pontos de vistas diversos" e "é ilusório pensar que exista um ponto de vista supremo, globalizante, capaz de unificar todos os outros (como seria A História, que engloba a História da Arte, da Literatura, da Guerra, da sexualidade etc.)."
Estas transformações e desafios que estamos vivendo estão intimamente relacionadas com o desenvolvimento das novas tecnologias da comunicação e informação que, mais recentemente, ganham incremento a partir do movimento de aproximação entre as diversas indústrias (de equipamentos, eletrônica, informática, telefone, cabos, satélites, entretenimento e comunicação). Este movimento, que é a condição objetiva para o aperfeiçoamento destas tecnologias, faz com que, potencialmente, aumentem as possibilidades de comunicação entre as pessoas. No entanto, como em todo momento de transição, ainda convivem, neste mesmo tempo, valores deste mundo em transformação com os valores antigos, vinculados aos velhos paradigmas da sociedade moderna. A concentração do capital na esfera do sistema mundial de comunicações é um destes elementos da modernidade ainda presente no momento atual. Esta concentração, que se dá em direção à constituição de impérios de comunicação, gera uma centralização na produção das imagens, das notícias e da informação. O caso brasileiro, que vie um momento especial em função da existência de uma grande concentração da propriedade dos meios junto ao fato de que grande parte do Congresso nacional ser proprietário de emissoras de Rádio e televisão o que permite por exemplo, grande concentração na propriedade das emissoras por poucos e poderosos.
Matéria de Elvira Lobato, publicada pelo jornal Folha de São Paulo de 12.6.94, intitulada Oito grupos dominam as TVs no Brasil, mostrava claramente o quanto nem mesmo a legislaçao em vigor à época era respeitada.Isto por que "a legislação proíbe a concentração de mercado, estabelecendo que nenhuma entidade ou pessoa pode ter participação em mais de dez emissoras de TV em todo o país, das quais cinco, no máximo, devem ser VHF (identificadas pelos canais até o número 13)." As famílias que dominam a mídia barasileira sãop d enomes bem conhecidos de todos: Roberto Marinho (Rede Globo), Sirotsky (Rede RBS), Saad (Bandeirantes), Abravanel (SBT, grupo Silvio Santos) e Câmara (do grupo Anhanguera, da Região Centro-Oeste).
Paralelamente, o processo de privatização do sistema de telefônia brasileros colocva a questão na ordem do dia da sociedade como um todo. Isto proque, com s=um sistema privatizado, se não tivermos uma legislaçao bastante forte na defesa dos interesses daqueles que não tem recursos para apagar pelo sistema, teremos um incremento considerável na parcela dos excluídos desta sociedade de informação.
Para nós, da educação estas são quest~es fundamentais por mais do simples tecnologias, o que estamos vendo é o de ma nova razão, um nova forma de pensare viver, que começa a ser gestada, baseada em um outro logos, não mais operativo, mas que tem na globalidade e na integridade seus vetores mais fundamentais.
As novas redes planetária de comunicação crescem de forma quase que alucinante e, com isso, coloca-se em cheque todos os valores de um sistema educacional ainda calcado em velhos paradigmas.
O sistema educacional precisa, portanto, assumir uma outra postura.
Países como o Brasil, com tantos problemas sociais a serem enfrentados, depara-se com este novo desafio: construir uma escola que forme o jovem profissional que viverá um novo milênio, impregnado de comunicação, num mercado de trabalho em constante transformação.
Os jovens, que já vivem plenamente este mundo alucinado, uma vez que convivem mais intimamente com computadores, televisão, videogames, terminam trazendo para a escola este mundo impregnado de imaginação, emoção, raciocínios rápidos e velozes, introduzindo, portanto, estes nos novos elementos, mais presentes e mais determinantes do seu universo cultural.
A escola, no entanto, ainda resiste a estas transformações desconhecendo o universo dos jovens que a ela chegam. Estabelece-se, entao, um verdadeiro confronto.
As dificuldades de uma compreensão mais integral do significado deste momento histórico atinge, evidentemente, a sociedade como um todo e a escola em particular. O que se busca é considerá-la como parte integrante deste movimento mais global de transformações e, para tal, uma nova postura torna-se necessária. Muitos problemas precisam ser enfrentados para uma empreitada deste porte. Incorporar a imaginação, a afetividade, uma nova razão, não mais operativa e sim baseada na integridade e na globalidade, encontra inúmeras resistências. Para Pierre Babin, "é difícil admitir que o imaginário e a afetividade possam, de alguma forma, influenciar a escola, a empresa ou a organização social. Na mente dos homens que detêm o poder cultural, qualquer expressão imaginária ou afetiva está ligada ao prazer, à arte, à manipulação."
É difícil, portanto, imaginar que esta articulação entre o mundo da comunicação e o mundo escolar se dê de forma fluida e transparente. No entanto, a escola - e a educação como um todo - não pode permanecer apenas contemplando o movimento de transformação que está ocorrendo na sociedade como um todo. Ela própria precisa ser repensada e integrar-se neste conjunto de transformações.
Não se pode continuar a pensar que incorporar os novos recursos da comunicação na educação seja uma garantia, pura e simples, de que se está fazendo uma nova educação, uma nova escola, para o futuro. Ao contrário, observamos que esta incorporação vem ocorrendo, basicamente, numa perspectiva instrumental, com uma pura e simples introdução de novos elementos - ditos mais modernos - em velhas práticas educativas. O que precisamos é de uma integração mais efetiva entre a educação e a comunicação e isso só se dará se estes novos meios estiverem presentes nas práticas educacionais como fundamento desta nova educação. Aí sim, estes novos valores, ainda em construção, serão presentes e integrantes desta nova escola, agora com futuro. Assim, esta escola estaria presente e seria participante da construção desta nova sociedade e não permaneceria, ou como uma resistência a estes valores em declínio ou, talvez o pior, como mera espectadora a-crítica dos novos valores em ascensão.

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terça-feira, 20 de maio de 2014

Os Quatro Tipos de Karma


Os Quatro Tipos de Karma

Livre-Arbítrio Karma e Destino 

A Lei do Karma diz: você colherá o que você plantou. A Lei de Newton diz: para cada ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade. Então o Karma não é uma punição, e sim “o fruto de nossas sementes plantadas”, onde gira a Roda de Sansara (roda das encarnações).
Podemos dizer que o Mapa Astral é um mapa flexível de nosso Karma. Parte desse Karma é fixo e parte mutável, pois podemos alterá-la com o nosso livre-arbítrio, dependendo exclusivamente de cada um de nós.
De acordo os ensinamentos hindus, dois tipos de Karma representam nosso Destino, enquanto outros dois representam nosso livre-arbítrio. Assim que houve a separação de Prakriti (matéria) do Purusha (espírito), a Lei do Karma começou a operar para tudo e para todos.
É atribuída a Mahatma Gandhi a frase: “Após a invenção da Lei do Karma, Deus pode se aposentar”.

Os Karmas que representam nosso destino são:

1 – Sanchita Karma: corresponde ao nosso Karma acumulado, representado por todas nossas ações de vidas anteriores.

2 – Prarabdha Karma: corresponde ao Karma de nossa vida atual. Nosso Prarabdha Karma é a porção de todo o nosso Sanchita Karma que é distribuído para nossa vida atual.
Os que representam nosso livre-arbítrio:

3 – Kriyamana Karma: é o nosso livre-arbítrio tomando atitudes para mudar nossas situações na vida atual.

4 – Agama Karma: é o nosso livre-arbítrio traçando planos de ação para o futuro.
Sem os dois últimos, estaríamos aprisionados ao Karma de todas as nossas encarnações passadas, sem direito ao aprimoramento de nossa alma.

Existem 3 níveis de Karma nos 4 tipos acima descritos:

1 – Dridha (Karma Fixo) – é o Karma que não podemos mudar, não importa nosso esforço. Somente pela graça de Deus.

2 – Dridha/Adridha (Karma Misto) – esse Karma pode ser mudado, mas somente com muito esforço de nossa parte.

3 – Adridha (Karma Mutável) – esse Karma pode ser mudado sem muito esforço.
Segundo K N Rao: “Astrologia é somente a leitura do padrão do nosso Karma, que tem uma ligação de nossas vidas passadas com as vidas futuras. O padrão karmico é tecido habilidosamente pelo Mapa Astral, indicando o equilíbrio dos Karmas que o individuo está carregando, bem como sua missão nesta vida”.

 fonte: http://www.mapaastralvedico.com/os-quatro-tipos-de-karma/

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segunda-feira, 19 de maio de 2014

Milionários da China em fuga: prenúncio de uma nova Perestroika? Escrito por Francis Lauer

O leitor médio é porcamente ludibriado pela mídia nacional e global que trata de ocultar as informações sobre a verdadeira China.
Elogiar o “modelo chinês” é elogiar o regime mais monstruoso, genocida e desumano de toda a história da humanidade – tanto no seu passado quanto no seu presente.

banheira
Duas visitantes tiram fotografias de uma banheira de ouro na Feira dos Milionários
em Xangai, China.

Com as seguintes palavras o Ion Mihai Pacepa descreve a realidade da nomenklatura (“a elite”) comunista:
(...) Para a população romena normal, a palavra nomenklatura significa a elite, a superestrutura social reconhecível por seus privilégios. As pessoas da nomenklatura não viajam de ônibus ou de carros. Eles utilizam carros do governo. A cor e o modelo do carro indicam a graduação do seu dono na hierarquia: quanto mais escuro, mais alta é a sua posição (…) Os integrantes da nomenklatura não vivem em apartamentos construídos no regime comunista. Tal como eu recebi, eles recebem villas nacionalizadas ou apartamentos de luxo que anteriormente pertenciam aos capitalistas (…) Durante o verão, as pessoas da nomenklatura não são vistas nas lotadas e suadas praias públicas de Bucareste. Eles vão a balneários em áreas especiais ou passam o fim de semana numa villa em Snagov, um resort há 40 km de Bucareste. Os integrantes da nomenklatura não passam suas férias aglomerados como sardinhas nas colônias em estilo soviético. Eles possuem as suas próprias casas de férias. Quanto mais escuro o automóvel, mais próxima à casa de férias fica da casa de veraneio de Ceausescu (…) Eles não ficam numa fila ao relento defronte uma policlínica de modelo soviético, onde o tratamento é gratuito, mas você é mal tratado desde o porteiro e onde não é possível gastar mais que 15 minutos com um doutor que tem de atender pelo menos 30 pacientes no seu turno de oito horas. Eles não têm de ir a hospitais normais, onde duas pessoas têm de dividir o mesmo leito. Eles possuem hospitais luxuosos no estilo ocidental dos hospitais Hellias, que foram construídos como uma fundação privada na época antes do comunismo (...) Quantos hospitais só seus a Rainha da Inglaterra tem? (…) Nenhum. Este é o número. O Camarada [Ceausescu] tem um hospital só para si. E médicos que tratam exclusivamente dele e da família dele. (...)”
(Red Horizons. Pg. 171-172 e 419)
Peço ao leitor a gentileza de ler a notícia abaixo. Ela, por si só, é imensamente interessante. Ao término dela farei alguns comentários sobre o que essa movimentação oculta e sobre o inevitável colapso do sistema chinês.
Uma avalanche de milionários chineses invade a Austrália
Laura Millan Lombraña
Tradução: Francis Lauer
Uma iniciativa do governo australiano de conceder residência permanente a multimilionários estrangeiros fez disparar a presença de chineses endinheirados no país. A chegada deles catapultou os preços do mercado imobiliário assim como a demanda por produtos de luxo e por atividades nos megacassinos na Austrália.
O visto para investidores significativos (SIV na sigla em inglês) permite que qualquer cidadão estrangeiro obtenha uma permissão para residência permanente na Austrália caso invista 5 milhões de dólares australianos (10 milhões de reais) no país durante quatro anos e que permaneça no país, no mínimo, cem dias a cada ano.
Desde a introdução dessa medida, em novembro de 2012, o governo recebeu um total de 981 solicitações, 92% das quais oriundas de cidadãos chineses. Em dezembro havia sido concedidos 88 vistos, o que equivale a um investimento total de, no mínimo, 440 milhões de dólares australianos (907 milhões de reais). Os dados do Departamento de Imigração mostram que as solicitações de vistos em espera de aprovação equivalem a aproximadamente 3 bilhões e 500 milhões de dólares (9 bilhões e 100 milhões de reais).
“Os multimilionários chineses estão começando a olhar para fora, em busca de economias estáveis para investir seu dinheiro e onde também exista uma excelente qualidade de vida e um bom sistema educacional para seus filhos”, explica Mark Wright, sócio da Deloitte Austrália e especialista em fluxos migratórios.
Wright assegura que “os benefícios são óbvios: a maior parte desse capital destina-se à compra da dívida do Governo australiano, pois é um investimento seguro”. Os multimilionários chineses normalmente gastam o restante em infraestrutura ou em propriedades imobiliárias.

A “explosão” no mercado imobiliário
A Unique Estates é uma das agências que oferece oportunidades de investimento em propriedades de alto padrão em Sidney. Uma de suas agentes, Sally Taylor, afirma que o mercado vivenciou uma “explosão” desde que os novos vistos passaram a vigorar.
“Os compradores chineses agora são nossos principais clientes”, tantos aqueles que compram ativos imobiliários para investir como aqueles que adquirem residências de luxo para morar, afirma ela. Os investidores chineses entraram com tanta força no mercado que “restam poucos projetos disponíveis para investir e a oferta é muito limitada”.
O mercado de casas de luxo também começou a sofrer uma saturação. “Há um ano a demanda era de casas de quatro a seis milhões de dólares, porém, hoje, o movimento está em torno das de oito a dez milhões de dólares e começamos a ver alguma movimentação em residências de mais de vinte milhões que não enxergávamos fazia anos”, explica Taylor à reportagem.
A compra intensiva de propriedades por parte de investidores chineses é um dos fatos que tem elevado o preço de residências na Austrália e, sobretudo, em Sidney. Auxiliado também pela taxa de juros na mínima histórica, o preço dos imóveis naquela cidade subiram 15% apenas em 2013, frente a um aumento médio de 9,8% no restante da Austrália, segundo um estudo da RP Data.
Ao passo que o país debate a respeito da existência de uma bolha imobiliária que poderia estourar a qualquer momento, Taylor argumenta que “os preços seguirão subindo por existir demanda suficiente por parte do investidor chinês que os sustentem”.
Em uma cidade que, pouco a pouco, passa a ser propriedade de chineses milionários e onde nas lojas de produtos de luxo fala-se mais mandarim do que inglês, é difícil perceber esses investidores especialmente opacos que, além disso, viajam em jatinhos particulares e deslocam-se em carros com motorista. Os testemunhos mais confiáveis são daqueles que tratam diretamente com eles.

No 'The Star' – o maior cassino de Sidney – chá e camarotes
Lisa Song administra uma casa de chá junto ao The Star, o maior cassino de Sidney e o segundo maior da Austrália. À Lisa foi - “desesperada”, recorda ela – uma pessoa encarregada de atender os clientes mais ricos do cassino. “Os milionários chineses que iam ao cassino não bebiam o seu chá”, explica essa jovem mãe que trabalhou no distrito financeiro da cidade até juntar o suficiente para abrir a casa de chá.
Song resolveu o problema importando “o chá mais exclusivo da China; que cresce apenas em uma montanha e cujo preço por uma grama pode ir de um a dez dólares”, explica enquanto acaricia carinhosamente a caixinha onde guarda as folhas secas.
Dentro do cassino de Sidney, faz-se evidente a presença de jogadores asiáticos num labirinto de 1500 máquinas caça-níqueis e umas trinta mesas de black jack. A última novidade, uma máquina luminosa chamada Duo Fu Duo Cai, atrai dezenas de pessoas com traços asiáticos.
Porém, os multimilionários chineses se escondem na sala Sovereign. Esse lugar exclusivo e zelosamente vigiado por agentes de segurança com cara de poucos amigos abriga as mesas de jogo onde a aposta mínima gira em torno de 25.000 a 75.000 dólares australianos (51.000 a 155.000 reais) e uma terceira mesa onde a aposta mínima oscila entre 100.000 e 500.000 dólares australianos (205.000 a 1.030.000 reais).
A quantidade de conversíveis e limusines estacionados frente à porta do cassino em qualquer um dos dias e a ida e vinda de mulheres asiáticas com cabelo esplendoroso e compridas unhas avermelhadas não parecem indicar outra coisa a não ser uma pujante prosperidade. E, não obstante, o The Star encontra-se em plena decadência.
O governo australiano confirmou em outubro de 2013 a concessão dos terrenos de Barangaroo, em pleno distrito financeiro de Sidney e uma das zonas mais cobiçadas da Austrália, ao magnata do jogo James Packer, o qual anunciou um investimento de 1 bilhão e 300 milhões de dólares australianos (2 bilhões e 700 milhões de reais) para a construção de um complexo de hotéis e cassinos com uma torre de 70 andares de altura. O novo cassino de Barangaroo admitirá apenas os assim chamados “apostadores VIP”, ou seja, aqueles que são capazes de apostar um mínimo de 10.000 dólares australianos (21.000 reais).
Durante a apresentação do projeto, que incluirá hotéis de seis estrelas, 120 mesas de jogo e dez salões de jogo privativo, Packer tratou de recordar aos investidores – chineses em sua maioria – que os benefícios estão assegurados. O magnata do jogo calculou os impostos dos primeiros 15 anos de atividade em 1 bilhão de dólares australianos (2 bilhões e 100 milhões de reais) e relembrou outra cifra chave: 75% dos jogadores VIP no mundo provêm da China.
A brecha aberta pelas autoridades (australianas) desencadeou uma avalanche de capital chinês na Austrália. Enquanto o país esforça-se para abrir amplamente as portas ao gigante asiático, tudo indica que a transição de Sidney para uma nova Macau ou uma nova Hong Kong, ou outra Xangai, não fez nada mais do que começar.

(Fonte: http://www.elconfidencial.com/mundo/2014-04-22/ganar-la-residencia-a-golpe-de-chequera-un-alud-de-millonarios-chinos-toma-australia_113903/)

Ao leitor desavisado esta notícia indicaria a pujança econômica do “modelo chinês” e o seu bom sucesso na promoção de uma imensa e benéfica prosperidade à população da China. Nada mais falso. Este tipo de interpretação só ocorre pois o leitor médio é porcamente ludibriado pela mídia nacional e global que trata de ocultar as informações sobre a verdadeira China ao mesmo tempo em que trata a China comunista com uma dignidade que é – de todo – indigna. Elogiar o “modelo chinês” é elogiar o regime mais monstruoso, genocida e desumano de toda a história da humanidade – tanto no seu passado quanto no seu presente.
Um panorama da China real está disponível na entrevista dos Editores do jornal Epoch Times à Radio Vox (1) onde ao longo de duas horas um cenário amplo, surpreendente, realista e aterrador é descrito. Os editores do Epoch Times revelam, por exemplo, que 27% dos milionários com mais de 18 milhões de dólares já foram embora da China e que metade planejam sair do país. Entre os ricos com mais de 1 milhão e 800 mil dólares, 60% já abandonaram o país (2). Mais grave do que isso: 90% dos integrantes do Comitê Central do Partido Comunista Chinês (“a elite da elite”) possui dupla cidadania ou já enviou seus parentes para o exterior (3). Essas informações revelam que há por parte da nomenklatura do regime comunista chinês uma percepção clara que o país está à beira do total colapso da sua estrutura social, de um cataclismo ambiental sem precedentes no mundo (4) e de uma acachapante falência econômica que não tem como ser solucionada (5).
Estaríamos vendo os sinais prévios de uma nova Perestroika (“reestruturação” ou mais vulgarmente “'queda' do regime comunista”)? As evidências históricas, factuais e teóricas parecem indicar que sim. Em artigo recente, o filósofo Roger Scruton fez uma reminiscência histórica condensada sobre o que se passou nos subterrâneos da “queda” da União Soviética. Disse ele:

(...) Por que razão, de forma súbita e sem nenhum aviso prévio verdadeiro, a elite soviética abdicou do poder de mando e silenciosamente retirou-se do governo? A resposta é simples: porque era do interesse deles fazer tal coisa. (...) Ao longo de um período de setenta anos, a União Soviética construiu um sistema de espionagem e um sistema bancário subterrâneo que em essência conferiu à elite da KGB praticamente total liberdade de movimento no continente Europeu, bem como um sistema de finanças pessoais seguro. Já em 1989 os oficiais de alta patente (...) possuíam propriedades no Ocidente e já haviam transferido para suas contas em bancos suíços a sua parcela de bens furtados ao povo russo no decorrer de décadas. Então eles perceberam que esse processo poderia ser completado sem nenhum custo adicional. Através da privatização da economia soviética para si próprios e, pela adoção de uma máscara de governo democrático, a elite apartou-se do comunismo, ingressando no mundo das celebridades (...)
(Artigo: O modo errado de lidar com o presidente Putin, publicado no MSM)

O analista político Heitor de Paola aprofunda a questão (grifos do autor):

(...) As relações dos EUA com os países comunistas sempre se pautaram pela oscilação entre enfrentamento e pacificação (...) Os soviéticos, e hoje os chineses, estão preparados para mudar sua tática de acordo com estas mudanças, porém perseguindo os mesmos objetivos estratégicos. A Perestroika não passou de uma continuação da mesma estratégia que desenvolve desde 1958. Como já disse anteriormente, o termo reestruturação não se aplica à aparência de 'profundas' transformações no mundo comunista, mas exclusivamente da reestruturação da visão que o Ocidente tem do mundo comunista, fazendo acreditar na dissolução da ideologia comunista (…) criar a impressão de que a burocracia soviética estava se tornando mais democrática e ocidentalizada (…) o que interessa é manter a Nova Classe no poder (...)
(Livro: O Eixo do Mal Latino-Americano e a Nova Ordem Mundial, Cap. IX. Pg. 183-184. É Realizações.)

Ambas as referências indicam que está ligada à aparente dissolução de um regime comunista: 1) o fluxo de pessoas e capitais para o exterior, rumo a paraísos fiscais e refúgios capitalistas seguros; e 2) o desenvolvimento de uma estratégia de longo prazo multifacetada que engloba o uso de um estratagema de ocultação de uma velha ordem sob a roupagem de uma “nova ordem”.
O ex-chefe de espionagem da Romênia Comunista, Ion Mihai Pacepa, logo no prefácio da edição de 1990 do seu primeiro livro publicado em 1987, num tom lúgubre e admonitório afirma (tradução e grifo meus):

(...) A destituição de Ceausescu fora, no entanto, o fim de um tirano, e não o fim do sistema que o alçou ao poder. Muitos dos líderes do governo atual são mencionados [neste livro]. Na ausência da qualquer oposição organizada e de um modelo democrático, a estrutura comunista de governo da Romênia permanece essencialmente no mesmo lugar, apta a, talvez, com o tempo, produzir outro Ceausescu. Tenhamos esperança que isto não aconteça, mas se acontecer, tenhamos esperança que o Ocidente não cometa os mesmos erros que cometeu com Ceausescu – erros que eu documento neste livro.
(Red Horizons. Ed. Regnery Gateway)

Lamentavelmente, passados quase trinta anos, o Ocidente ainda não aprendeu a lição. A crítica do filósofo Roger Scruton, a eleição do Barack Hussein Obama (descrito pelo Dr. Alan Keyes com a frase: “O Obama é um comunista radical e ele irá destruir este país; ou nós o paramos ou os EUA deixarão de existir”) e ainda o sucesso do Foro de São Paulo na América Latina, e também a ampliação do abismo moral e espiritual do Ocidente são provas que os erros mencionados pelo Pacepa continuam sendo cometidos impunemente.
O que esperar da dissolução traumática e inimaginada de um regime comunista que rege a vida de 20% da população mundial num espaço pouco maior que o Brasil, um país que possui arsenal nuclear, mas cujos recursos naturais (terra, ar e água) estão profundamente contaminados e espoliados? O que esperar de uma “nova era” pautada por um estado súbito de maior ou menor anomia de uma população que foi monstruosamente apartada das suas raízes e valores culturais, espirituais e tradicionais? Como a cristandade fará para responder a uma súbita liberação de uma imensa demanda reprimida por mais cristianismo? Quais serão os novos desafios que uma possível dissolução dos “últimos” (?) bastiões de um comunismo antigo e ortodoxo (China e Coréia do Norte) irá impor a conservadores e anti-comunistas? Estas são algumas das diversas questões que o avanço do projeto revolucionário na China descortinará em todo o mundo.
Dentro de três anos iremos rememorar os 100 anos (um século!) da Revolução Russa e da Aparição de Nossa Senhora em Fátima que a precedeu, um momento repleto de significação e de certo modo propício para novos grandes abalos na história humana.

Notas:


(1) Um índice completo para a Entrevista da Radio Vox com os editores da Epoch Times com todos os assuntos tratados pode ser encontrado aqui: http://bit.ly/1jO0Ef7.
(2) e (3) Imigração dos ricos da China (Entrevista Radio Vox – Epoch Times: 51:23) e 90% do Comitê Central do PCC tem duplo passaporte ou já enviou a família (Entrevista Radio Vox – Epoch Times: 1:30:53)
(4) Questão ambiental na China (Entrevista Radio Vox – Epoch Times: 34:00). Poluição atroz, fim dos recursos naturais baratos (Entrevista Radio Vox – Epoch Times: 1:19:20).
(5) Situação econômica (Entrevista Radio Vox – Epoch Times: 1:16:00). Mão de obra escrava. Beco sem saída do aspecto econômico (Entrevista Radio Vox – Epoch Times: 1:34:40).


Francis Lauer
é tradutor e aluno do Seminário de Filosofia do prof. Olavo de Carvalho.


http://www.midiasemmascara.org/artigos/globalismo/15197-2014-05-16-21-12-07.html


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