quinta-feira, 27 de novembro de 2008

SALA DE AULA | Jogos e brincadeiras .


SALA DE AULA | Jogos e brincadeiras

Brincar para conhecer

Encaixar, montar, empilhar, chacoalhar... Com esse tipo de atividade, crianças de até 3 anos começam a explorar o mundo

Luiza Andrade
Para turmas de creche, brincar e jogar não são passatempos: trata-se de atividades fundamentais para a construção de conhecimentos sobre o mundo. Com elas, os pequenos aprendem a estar com os outros e consigo mesmos. A constatação, que está no Referêncial Curricular Nacional para a Educação Infantil e mereceu tratamento detalhado na reportagem de capa de NOVA ESCOLA em novembro, foi iluminada de maneira notável pelo suíço Jean Piaget (1896-1980). Entre suas contribuições ao assunto, o cientista e psicólogo dividiu as atividades lúdicas infantis em três tipos: jogos simbólicos, de regras e de exercício.

Foto: Kriz Knack

Jogos e brincadeiras

CORTINA DE NÁILON

Para que serve Os fios favorecem a percepção de diferentes texturas, estimulando o tato. Colocada no centro da sala pendurada no teto, ela integra o ambiente.

Enquanto nos jogos simbólicos a criança viaja no faz-de-conta, assumindo o papel de herói, professor, astronauta e todos os outros que a imaginação mandar, nos jogos de regras ela toma contato com o cumprimento de normas, o que exige concentração, raciocínio e uma dose de sorte. As duas modalidades, entretanto, convivem com um estágio anterior: o dos jogos de exercício.

Foto: Kriz Knack

Jogos e brincadeiras

GARRAFAS COLORIDAS

Para que servem Recipientes preenchidos com diferentes materiais (líquidos, grãos, areia etc.) ajudam as crianças a perceber diferenças de forma, peso, cor e som.

Brinquedos de encaixar, montar, lançar, rebater, chacoalhar, empilhar... As possibilidades são muitas (leia nos quadros desta reportagem exemplos de seis tipos de jogo de exercício essenciais nas creches). "Interagindo com eles, as crianças percebem a função e as propriedades dos objetos: quais deles se movem, quais fazem barulho, os f lexíveis, os rígidos, os pequenos, os grandes, os coloridos e assim por diante", explica Adriana Klisys, consultora em Educação Infantil.

Foto: Kriz Knack

Jogos e brincadeiras

JOGOS DE ENCAIXAR

Para que servem As peças podem ser empilhadas, montadas e encaixadas, criando novos formatos. Permitem aos pequenos testar seus limites e descobrir o que podem fazer com elas.

Os pequenos entendem as ligações entre suas ações e o resultado que elas provocam - ou seja, têm um primeiro contato com a noção de causa e conseqüência. Mas a compreensão leva tempo e depende da repetição. Quando um bebê mexe em um chocalho pela primeira vez, leva um susto e não entende de onde veio o barulho que escutou. Só depois de balançá-lo várias vezes, associa o som ao movimento que ele mesmo fez. É interessante notar que as crianças se apropriam dos jogos de exercício de formas diferentes, obecedendo a uma gama de comportamentos geralmente relacionados à faixa de idade. Enquanto bebês se entretêm com a exploração de texturas, formas, cheiros e cores, crianças de 2 e 3 anos já conseguem conceber novas funções para os objetos por meio da experimentação. É possível observar, por exemplo, turmas que montam torres para ver até onde chegam sem cair, depois as desmontam e as reconstroem.

Foto: Kriz Knack

Jogos e brincadeiras

BOLAS

Para que servem Favorecem uma grande variedade de movimentos e interações: chutar e acertar em minicestas ou na boca do palhaço, lançar e recebê-las de amigos ou do professor.

Garantir a variedade de materiais
Para potencializar a atividade, deve-se escolher brinquedos que estimulem os sentidos e o movimento - quanto mais variadas as cores, texturas, materiais e os estímulos que eles permitirem, melhor. As ressalvas de segurança são assegurar que as peças tenham tamanho maior que o da boca do bebê aberta e sejam feitos com tinta atóxica e não solúvel.

Foto: Kriz Knack

Jogos e brincadeiras

INSTRUMENTOS MUSICAIS

Para que servem Chocalhos, pandeiros, xilofones e tambores com baquetas de ponta arredondada levam as crianças a descobrir a relação entre os sons e os movimentos que elas mesmas produzem.

Outro ponto essencial para desenvolver esse tipo de atividade é a organização do espaço (leia o projeto institucional na página 55). Uma preocupação que deve estar sempre presente é garantir que os objetos escolhidos instiguem, de fato, a curiosidade da turminha. "Os pequenos são os maiores juízes desse processo. Basta que o professor esteja atento, por exemplo, aos cantos de brinquedos aonde ninguém vai e substituí-los por outros mais interessantes", diz Roselene Crepaldi, que trabalhou no Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos da Universidade de São Paulo.

Favorecer o deslocamento
Outro cuidado é fazer com que esses ambientes sejam integrados, permitindo o deslocamento das crianças - e, se possível, surpreendendo-as. Na Creche Carochinha, da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto, entre dois cantos diferentes, há cortinas de náilon produzidas na própria creche. "Além de tornar o ambiente mais agradável, as cortinas promovem o toque e a percepção dos sons. Acabam funcionando como um jogo a mais", conta a diretora, Regina Célia da Silva Marques Teles.

Foto: Kriz Knack

Jogos e brincadeiras

ROLOS DE ESPUMA

Para que servem Funcionam como apoio para os pequenos firmarem o tronco e começarem a treinar o equilíbrio do corpo. Almofadas, bolas e colchões também podem ser usados com a mesma função.

Quer saber mais?

CONTATOS
Adriana Klisys
Creche Carochinha, Av. Bandeirantes, 3900, 14040-901, Ribeirão Preto, SP, tel. (16) 3602-3580
Roselene Crepaldi

BIBLIOGRAFIA
A Formação do Símbolo na Criança, Jean Piaget, 376 págs., Ed. LTC, tel. (21) 3970-9450, 83 reais
Barangandão Arco-Íris - 36 Brinquedos Inventados por Meninos e Meninas, Adelsin, 96 págs., Ed. Peirópolis, tel. (11) 3816-0699, 27 reais
Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação, Tizuko Morchida Kishimoto (org.), 184 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3611-9616, 26 reais
Psicologia do Jogo, Daniil B. Elkonin, 447 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11) 3241-3677, 59,70 reais

INTERNET
Neste site, sugestões de jogos e brinquedos.
Neste site, bibliografia sobre o tema.

Fonte:http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0218/aberto/brincar-conhecer-404057.shtml

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O que é sociologia?

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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Estética, Cognição e Ética.


Estética, Cognição e Ética

O filósofo grego Aristóteles pensou e sistematizou a Filosofia dividindo-a em três ramos do conhecimento humano: Estética, Episteme e Ética. A palavra Episteme significa conhecimento em latim ela é Cognitio. Adotaremos, ao invés de Episteme, a palavra Cognição que é mais comumente usada.



Estética


Esta palavra vem do grego "aisthesis" que significa "faculdade de sentir" ou "compreensão pelos sentidos". Devemos observar que os sentidos referidos são visão, audição, tato, olfato e paladar. Recentemente a Ciência incluiu o "senso de equilíbrio físico" também como um sentido no modo referido acima. Para efeito dos nossos estudos, adotaremos este significado da palavra "estética", portanto não trataremos da "estética" no seu sentido moderno e contemporâneo enquanto o "estudo do belo" que inclui o estudo de obras de arte e as questões que envolvem o "gosto".
A palavra aisthesis tem a mesma origem da palavra aistheticon que significa "o que sensibiliza", ou seja que afeta os sentidos. É importante observar que um ruído causado por algum objeto pode não ser ouvido por uma pessoa que tenha deficiência auditiva, portanto, ela não foi afetada ou sensibilizada. Já uma outra pessoa que não tenha este problema será sensibilizada pelo ruído. O resultado desta percepção poderá ser de incômodo. Chamaremos isto de um sentimento causado pelo ruído na pessoa. Se esta pessoa ouve uma música, ela poderá ter um sentimento de prazer, de deleite. Por outro lado, ela pode escutar a música e ao mesmo tempo há ruídos de carros entrando pela janela, e que ela não atenta para eles, nem chega a identificá-los. Neste caso, estes ruídos não lhe causam nenhum tipo de sentimento. Talvez possa gerar nela um "incômodo" cumulativo inconsciente que pode ter um efeito estressante no futuro, mas não se pode dizer que causou nela um sentimento. Podemos perceber, portanto, que a palavra "estética" abrange a pessoa que é sensibilizada por algo que a afetou e que gerou nela algum tipo de sentimento. Portanto, isto que ocorre é uma interação entre coisas que estão no sujeito e coisas que estão fora dele.

Cognição

Esta palavra significa "aquisição de conhecimento", ela vem do latim "cognitio" que significa conhecimento. Algo que pode ser conhecido é cognoscível. Neste caso, a faculdade ou a capacidade de conhecer, refere-se ao intelecto humano, ao que comumente chamamos de "mente", e não aos sentidos. Se pudermos supor que seja possível estabelecer uma separação radical, o que é conhecido relaciona-se a raciocínios, pensamentos, memória, imaginação, relações entre idéias. Ou seja, tudo que se refere à razão.


Ética

Esta palavra significa "Ciência da conduta", ela teve a sua origem na palavra grega "ethos" que significa os hábitos adquiridos na comunidade em que se vive. A palavra latina "morës" tem o mesmo significado de "ethos"; dela surgiu a palavra "moral". Portanto, ética e moral são sinônimos. A Ética, enquanto "Ciência da conduta", pesquisa os modos como as pessoas se comportam em uma determinada comunidade tendo como referência padrões e valores relativos ao que é bom e ao que ruim para a comunidade como um todo e para cada indivíduo que a compõe. A Ética também pode ser definida como o estudo dos juízos, ou julgamentos, que são feitos tomando-se como referência o "bem" e o "mal". A Ética não compõem um corpo de leis como no Direito, ela é uma práxis não escrita vivida por uma comunidade. Quando esta práxis é escrita em forma de lei, ela transforma-se em "tekné", portanto uma lei é uma tekné. Vê-se portanto que a Ética estuda as pessoas em relação entre si, interagindo. "Quando o outro entra em cena surge a ética.", disse Umberto Eco. Quando alguém está sentido (estética) ou pensando (cognição) não é o caso de existir ética, mas quando alguém está se relacionando com outro e que envolve juízos de valor há ética.

Estética, Cognição e Ética
Separadas teoricamente estas três áreas, na prática ocorrem imbricadas numa comunidade. Vamos observá-las em uma possível interação através de exemplos.
Quando uma pessoa vê alguma cena (uma paisagem, duas pessoas conversando, etc.) ela pode ser sensibilizada e daí ter algum sentimento e em seguida pensar algo sobre o que viu, imaginando ou lembrando e em seguida poderá decidir tomar uma atitude qualquer em relação ao que viu e que foi sensibilizada e pensado. Nesta frase aparecem os três momentos: quando vê e é sensibilizada tendo um sentimento (uma emoção), ocorre a estética; quando, a partir do que viu, pensa em algo, ocorre a cognição; e finalmente, quando decide fazer algo a respeito que envolva uma outra pessoa em que ocorra um juízo de valores, ocorre a ética. Os filósofos gregos, a partir de Sócrates, procuraram diferenciar em uma mesma ação, estes três momentos com o objetivo de criticar os sofistas, que na mesma época valorizavam a doxa (opinião) em detrimento do que veio a ser inventado e chamado por Platão de episteme (conhecimento verdadeiro).


pgjr23
Filosofia e Ética


pgjr23
A ética em Sócrates e Platão


sergiomorais7 A Dimensão Estética do ser Humano - I


avaunitins Jean Piaget - tendência cognitiva



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terça-feira, 25 de novembro de 2008

O aluno colou? É hora de discutir avaliação. E regras.


Índice da edição 173 - jun/2004


Sala de aula

O aluno colou? É hora de discutir avaliação. E regras.

Melhor do que redobrar a vigilância é diversificar os meios de checar a aprendizagem. Na hora do flagrante, no entanto, não deve faltar uma boa conversa

Raquel Ribeiro
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Orlando

As táticas da cola são criativas: pedacinhos de papel pregados na sola do sapato ou camuflados em canetas, mangas de blusa ou na aba do boné. Fórmulas matemáticas ou textos minúsculos também são escritos pelos adolescentes na parede ou num cantinho da carteira. Você pode até tentar descobrir e reprimir as variadas estratégias — algumas bem antigas, outras até tecnológicas. Mas não é assim que o problema vai se resolver. Se seus alunos estão sempre colando, a primeira providência é entender o porquê. Talvez eles estejam manifestando insegurança, mostrando que não se ajustam a um ensino que privilegia a "decoreba" ou se recusando a quebrar a cabeça para provar que sabem coisas pelas quais não se interessam. De qualquer modo, essa burla às regras mostra que não há compromisso com as normas escolares e que falta eficiência ao sistema de avaliação.

Entre os motivos estão a exigência de decorar fórmulas e a aplicação apenas de provas como forma de verificar o avanço da turma. Testes de múltipla escolha, é bom lembrar, são um convite a esse tipo de fraude. O primeiro antídoto para desestimular a cópia — seja de um papelzinho, do caderno ou do vizinho — está na forma como a escola encara a avaliação.

"Se o professor avalia continuamente, passando tarefas menores, gradativas e seqüenciais, pode verificar com clareza a aprendizagem do aluno em vários momentos e de forma complementar", diz a consultora Jussara Hoffmann, de Porto Alegre. A especialista em avaliação defende em teoria o que já comprovou quando lecionava Língua Portuguesa. "Eu evitava a cola passando tarefas como uma redação, que propiciavam ao aluno responder de forma criativa e singular."

Na Escola Municipal Barbosa Romeo, em Salvador, os professores não reclamam de cola. O motivo é a proposta pedagógica da escola, que prevê como princípios valorizar o conhecimento prévio do aluno e contribuir para que ele se torne ativo e crítico. "Não queremos que os estudantes só ouçam, memorizem e respondam", diz Lane Cristina França Oliveira, professora de História e Geografia. A alternativa a esse sistema é uma avaliação processual, feita no dia-a-dia, sem necessariamente haver a aplicação de testes. Os projetos propostos têm relação com a vida e a cultura dos jovens.

Como evitar as fraudes

No Colégio Monteiro Lobato, de Porto Alegre, não há mais provas. "Nosso objetivo não é testar o aluno, mas realizar um diagnóstico para detectar deficiências no aprendizado e trabalhar esses pontos novamente", explica o professor Luciano Denardin de Oliveira. Por isso, o aluno não vê mais razão para se valer do "jeitinho brasileiro". Lá só se avalia o que já foi bem trabalhado e ninguém precisa colar fórmulas, pois elas ficam no quadro-negro, para todo mundo ver.

A prova com consulta é o melhor antídoto da cola para Gustavo Bernardo, professor na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. "A avaliação que dá margem à cola precisa ser abolida, proporcionando uma relação de confiança, não só do professor nos alunos, mas dos alunos no próprio saber."

As avaliações que Bernardo propõe têm o objetivo de estimular a capacidade de argumentação. Durante os testes, os alunos podem consultar cadernos, livros e até uns aos outros, desde que não copiem. "E a sala não vira uma bagunça."

Com a boca na botija

Orlando

Mesmo professores que procuram diversificar os instrumentos de avaliação podem deparar com a cola em classe. Quando isso ocorria, a professora Jussara anotava o nome do estudante e mais tarde o chamava para uma conversa. Hora da bronca? Muito pelo contrário. O momento se transformava em um atendimento especial tanto na parte afetiva quanto cognitiva. Jussara mostrava aos alunos que era mais produtivo consultá-la do que recorrer ao colega ao lado: "Às vezes um grupo de alunos vinha à minha mesa dizendo não saber resolver uma questão. Se fosse preciso, respondia com eles".

Bernardo, por outro lado, não é nada tolerante com a "desonestidade intelectual" da cópia, mesmo sendo adepto de provas com consulta. Atento à facilidade propiciada pela internet, ele localiza informações roubadas de sites e dá zero ao aluno preguiçoso. "Se uma situação clara de desonestidade se apresenta, a repressão deve ser feita com rigor", argumenta. Para ele, os adolescentes precisam de regras e escola frouxa com as próprias leis ensina o aluno a colar. Isso não significa que você deve se transformar em detetive, investigador ou carrasco. Vale dizer que quanto mais autoritário o professor é com a turma, maior a probabilidade de ser vítima da cola.

Fazer vista grossa também não ajuda: se você finge que não vê, o aluno percebe o descaso e perde o respeito. O momento é de discutir com a classe o que a cola significa e debater a transparência nas relações. Bernardo aposta na abertura para o diálogo. Os alunos dele podem, por exemplo, reclamar da nota de uma avaliação, desde que o façam por escrito e assim exerçam a capacidade de argumentação. "Muitas vezes o resultado disso é melhor do que a prova."

No Colégio Estadual Emílio de Menezes, em Curitiba, a hora da prova não é momento de terrorismo, de acordo com o diretor Alcides José de Carvalho. "Damos mais ênfase à questão formativa e valorizamos o progresso do aluno independentemente de ele ser o 'melhor' ou o 'pior', da turma." Por isso, as situações de cola não são freqüentes.

Quando algum problema desse tipo acontece, o aluno é encaminhado para a orientação educacional. "Mostramos que a atitude não era correta", diz o diretor, enfatizando o cuidado de falar da atitude e não da pessoa. Ou seja, não é o aluno que está errado, e sim o que ele fez. "Temos uma grande função social de preparar o aluno para não compactuar com o modelo da chamada 'lei de Gerson', que defende que o importante é levar vantagem em tudo."

Lição para o aluno e o professor

Dentro dos padrões vigentes, a cola é um ato desonesto, assim como a mentira. Mas, para José Sérgio de Carvalho, professor de Filosofia da Educação da Universidade de São Paulo, quebrar regras nem sempre é sinônimo de falta de ética. Consultar anotações na hora da prova, para ele, não é motivo para criar um bicho-de-sete-cabeças. "Não há quem tenha freqüentado uma sala de aula sem colar ou cometer algum outro desvio das normas previstas pela escola."

A cola é uma situação potencialmente educadora, na opinião de Carvalho. "A aplicação de uma regra bem feita educa mais do que uma conversa." Para que isso aconteça, professor e alunos, juntos, devem ter discutido quais são as regras referentes ao momento da realização das provas e as possíveis punições a quem transgredi-las. Assim, o aluno saberá, de antemão, o risco que corre ao descumprir o combinado. Se pego em flagrante, deve ser devidamente punido. "Socrátes já dizia que a pena justa é aquela adequada ao delito e a quem o cometeu", cita Carvalho.

Quando a fraude ocorre e é descoberta é momento também de o professor refletir: o fato mostra que o aluno não está seguro. Mesmo sem ter aprendido, ele finge que sabe para não ser punido. "Se o estudante faz de conta que entendeu, o professor não fica sabendo qual a sua real condição e não pode ajudá-lo", diz Jussara Hoffmann. A cola, ela finaliza, é resultado de uma aprendizagem não significativa. "O aluno não cola aquilo que entende."

Refletir para entender a cola

Orlando

Se a cola aconteceu em sua classe, talvez esse seja o momento de você pensar sobre o sistema de trabalho e de avaliação que vem adotando. Responder às perguntas abaixo pode ser uma boa forma de buscar soluções de fato eficientes para o problema.

Pese o que você está exigindo nas provas. Para se sair bem nelas o aluno precisa decorar fórmulas e datas? O conteúdo que está sendo cobrado foi bem compreendido pela turma?

Pense e discuta com colegas, alunos e direção se o método de avaliação adotado pela escola é justo e eficiente. É apenas a nota da prova que define o nível de aprendizagem da turma ou outras formas de avaliação estão sendo levadas em conta?

Que importância você dá à nota da prova: é sempre um atestado de ignorância ou de inteligência? Ou você considera a prova uma forma de reorientar as suas ações?

Que tal olhar sem preconceito para o aluno que foi pego colando e perguntar: por que fez isso? Teve um comportamento desonesto pura e simplesmente ou parecia inseguro e nervoso por não ter estudado direito? Às vezes o pavor é tanto que o aluno esquece tudo que estudou. Será que ele necessita de ajuda ou você precisa repensar a avaliação?

Quando boa parte da turma tirou nota baixa, você aproveita para fazer uma auto-avaliação ou entende que o problema está na incapacidade de aprendizagem deles?

Há transparência na sua relação com os alunos, com espaço, por exemplo, para discutir a nota?

Antigamente, o professor podia sair da sala durante a prova, porque confiava nos alunos. Hoje, raros têm essa atitude. Imagine como seria se você deixasse seus alunos sozinhos durante a prova. Para você, isso mudaria o resultado da avaliação?

Sua escola cria espaço para a discussão da ética? Sabemos que o comportamento ético chega a ser desestimulado na nossa sociedade competitiva e desigual. E se você transformasse o problema no mote de uma discussão?

Você sabia que uma prova não prova nada? Uma cola também não. Se o aluno faz um lembrete não indica que ele é mau caráter.

Quer saber mais?

CONTATOS

Colégio Estadual Emílio de Menezes, R. José Zaleski, 450, 81130-060, Curitiba, PR, tel. (41) 246-8443

Colégio Monteiro Lobato, R. 14 de julho, 687, 91340-430, Porto Alegre, RS, tel. (51) 3328-3640

Escola Municipal Barbosa Romeo, R. São Paulo, s/n, 40000-000, Salvador, BA, tel. (71) 252-0378

BIBLIOGRAFIA


Construtivismo, uma Pedagogia Esquecida da Escola, José Sérgio de Carvalho, 132 págs., Ed. Arquimedes, tel. (51) 3330-3444, 30 reais

Educação pelo Argumento, Gustavo Bernardo, 214 págs., Ed. Rocco, tel. 0800 216789, 27,50 reais

Práticas Avaliativas e Aprendizagens Significativas em Diferentes Áreas do Currículo, Janssen Felipe da Silva, Jussara Hoffmann e Maria Teresa Esteban (orgs.), 112 págs, Ed. Mediação, tel. (51) 3330-8105, 24 reais

Ser Professor é Cuidar Que o Aluno Aprenda, Pedro Demo, 88 págs., Ed. Mediação, 24 reais


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Racismo Estrutural. De Silvio Almeida critica ao livro. Indicação de leitura 65. Podcast conservador

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