sábado, 30 de outubro de 2021

Indicação de leitura 48, Ponerologia, psicopatas no poder e outros assuntos.
























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Hoje na História: nasce Dostoiévski


O trabalho do escritor russo representa um “divisor de águas” na compreensão da condição humana através da Literatura. Para Otto Maria Carpeaux, “tudo o que é pré-dostoievskiano é pré-histórico

Fiódor Mijáilovich Dostoiévski nasceu no longínquo 30 de outubro de 1821, pelo calendário juliano vigente na Rússia. Aquela distante véspera de Halloween, no entanto, — com o perdão do anacronismo — faz-se presente sempre quando, desafiados pela vida, nos dispomos a pensar sobre o perdão, a redenção, o heroísmo, o amor, a coragem, os dilemas morais e, em suma, sobre a complexidade da existência. O trabalho do escritor consiste em traduzir em palavras a experiência humana encenada sobre o palco da realidade.

Evidentemente é necessário que, para tanto, o narrador descubra ser preciso mergulhar na alma humana; perscrutá-la, discerni-la com precisão cirúrgica. Não é trabalho fácil, não basta simplesmente correr a pena sobre o papel em branco. Não. O trabalho do escritor tem um quê de místico, porque é um exercício de ascese. Escritor e leitor ascendem a novos níveis de entendimento acerca da condição humana quando vislumbram as possibilidades tipificadas na Literatura. Assim é que Dostoiévski se faz um grande guia.

Sobre o escritor russo deixemos o crítico Otto Maria Carpeaux dizer algumas palavras: “Existem poucos escritores cuja obra tenha sido tão tenazmente mal compreendida como a de DostoiévskiDostoiévski é, se não o maior, decerto o mais poderoso escritor do século 19; ou do século 20, pois a sua obra constitui o marco entre dois séculos da literatura. Literariamente, tudo o que é pré-dostoievskiano é pré-histórico; ninguém escapa à sua influência subjugadora, nem sequer os mais contrários.

Parece, porém, que toda a Europa tenta resistir-lhe, instintivamente e obstinadamente; e como esse bárbaro barbado, com a face sulcada de sofrimentos, parece irresistível, os europeus entrincheiram-se, ao menos, num baluarte de interpretações erradas. (…) O que ele fixa — e com que segurança! — são as paisagens da alma. E o espírito sensitivo do “fin de siècle” admira, sobretudo, esta psicologia requintada, na qual acredita reconhecer a sua própria decadência; Dostoiévski será um assunto de predileção da psicanálise. Daí se origina a pretensão de reclamar Dostoiévski em favor das rebeliões mais subversivas do espírito anárquico do “après-guerre” (…).

(…) Nesse mundo, seja ele negro ou vermelho, não existe lugar para nós outros. Mas como aceitar um poeta cujo pensamento nos abala? Dostoiévski não faz “arte pela arte”; ele nos arrasta até às últimas consequências. Inúteis quaisquer concessões. Reconhecendo-se que certas acusações violentas à Europa são plenamente justificadas, é preciso admitir que daí para uma revolução total, mesmo espiritualista, vão poucos passos, dos quais somente o primeiro custa.

Inútil, igualmente, distinguir entre os frutos da inspiração poética, válidos também para nós, e as opiniões íntimas do autor, objeto somente da crítica psicológica e da história literária. Em virtude de tal distinção, a obra de arte se tornaria o fruto sublime dum solo impuro, produto exclusivo do subconsciente, resultado de uma partenogênese misteriosa; e nós não aceitaríamos esse artifício unicamente para isentar o autor, à nossa maneira, de responsabilidades, às quais ele não desejaria fugir.

Ao contrário, cumpre admitir que na obra de Dostoiévski a política ocupa um lugar maior do que a literatura, e que as suas convicções políticas nos surpreendem. É justamente isso. A literatura russa do século XIX é profundamente política. O país não tem imprensa nem tribuna, nem mesmo cátedras livres, e a literatura é a única voz do povo, em plena evolução política e social. Todas as coisas, a ciência, a própria teologia, estão impregnadas de política.

A literatura torna-se uma tribuna. Existem aí, como no parlamento inglês, dois partidos opostos. Um, o dos “Ocidentais”, que glorificam a Europa e desejam a europeização integral da Rússia; para isso é preciso primeiramente destruir as instituições estabelecidas, o que lhes vale a acusação de niilismo. Os outros, os “eslavófilos”, glorificam o passado nacional, mesmo o asiático; é necessário esmagar as influências estrangeiras, o que lhes vale a acusação de obscurantistas.

(…) Quando Dostoiévski escrevia um romance, via primeiramente os problemas e depois as personagens. O aspecto dos seus manuscritos, muitos dos quais foram editados em fac-símile, é muito curioso. No começo ele emenda mais do que escreve, e as margens são cheias de figuras, representando catedrais, demônios, anjos, que simbolizam os seus problemas. Depois, a personificação começa; o texto corre mais ligeiro, e os desenhos simbólicos se transformam em retratos imaginários; a comparação permite estabelecer as preferências do poeta, e essa comparação prova aquilo que a interpretação dos textos deixava prever: as preferências do poeta são para os seus inimigos ideológicos.

Dostoiévski é de uma perfeita imparcialidade artística. Ele sabe que o mundo não é governado pelos anjos, ou o é apenas pelo anjo vencido. Parece que ele forma os seus “anticristos” — um Raskolnikov, um Kirillov, um Ivan Karamazov — com grande simpatia, e que estes constituem, às vezes, os intérpretes do escritor. Isso explica o mal-entendido, muito tempo reinante, de que o próprio Dostoiévski era revolucionário e ateu.

(…) Dostoiévski é cristão. Nós também. Campo de encontro, enfim? Não, absolutamente. Pois Dostoiévski nos recusa o direito de nos chamarmos cristãos. Ao contrário. Ao lado do operário de Londres, do burguês de Paris e do professor de Heidelberg, ele coloca o padre romano. Vosso pretenso cristianismo — diz ele — é a religião do Anticristo. Eis aí o assunto de “O Grande Inquisidor”. (…) Cumpre recristianizar o mundo e a fé, por um esforço de síntese, por um “humanismo cristão”, que lance uma ponte sobre o abismo. Sempre é necessário saber aquilo que nos separa e aquilo que nos une. O que nos separa é muito e muito. Mas não sejamos intransigentes diante dessa face barbada, sulcada pelos sofrimentos. O que nos une é o Cristo; e “tout le reste est littérature” (…)”.

Trechos extraídos de Carpeaux, Otto Maria, Ensaios Reunidos, TopBooks Editora, São Paulo, 1999.

“É preciso falar cara a cara para poder ler a alma no rosto, para que o coração soe em palavras. Uma palavra dita com convicção, com plena sinceridade e sem medo, vale muito mais que dez folhas de papel cobertas de palavras”.

Dostoiévski

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Fonte: https://revistaesmeril.com.br/hoje-na-historia-nasce-dostoievski/

Linguagem E O Controle Do Pensamento. (feito com Spreaker)

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Estudos demonstram, por exemplo, que a fisiologia do sistema digestivo humano difere da dos animais carnívoros.

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Descobertas científicas já comprovaram que o consumo de carne animal gera doenças. Estudos demonstram, por exemplo, que a fisiologia do sistema digestivo humano difere da dos animais carnívoros. O estômago dos carnívoros tem mais músculo, as secreções gástricas são dez vezes mais ácidas, e os intestinos, bem mais curtos.

No organismo humano, as carnes tendem a ficar estagnadas por mais tempo e sua decomposição é responsável por muitas doenças. Inclusive envelhecimento prematuro das células

Um dos aspectos mais graves da questão é que os criadores ministram grandes quantidades de hormônios e antibióticos aos animais destinados à indústria de alimentos, para fazê-los engordar muito rapidamente. E já está provado cientificamente que a ingestão deste tipo de carne oferece propensão à formação de câncer e tumores.

Na Faculdade de Medicina da Universidade de Montpellier, França, pesquisas correlacionam a maioria das doenças do coração à presença de antibióticos nas carnes de animais de corte. E a formação de cânceres no baço e cólon deve-se à intoxicação química provocada pela putrefação de alimentos animais no aparelho digestivo.

Pesquisas científicas já comprovaram que um quilo de churrasco contém a mesma quantidade de benzopireno contida em 600 cigarros. O benzopireno é uma substância química, com efeito cancerígeno, encontrada no alcatrão, na fumaça de cigarro e como produto da combustão incompleta.

Além disso, a carne vermelha, mesmo a mais magra, contém enorme quantidade de gordura saturada, isto é, de má qualidade. Conseqüentemente, sua ingestão causa excesso de colesterol, que gera doenças cardiovasculares, aproveitamento deficiente de cálcio, digestão difícil e vários outros males. Sem contar que é na gordura que o organismo armazena venenos químicos.

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* Alguns trechos extraídos do livro: Gosto Superior (pg.4); São Paulo: Fundação Bhaktivedanta. 1992.




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O que é transposição didática? João Maria andarilho utópico.


Que é Transposição Didática?

 A Transposição Didática é um “instrumento” pelo qual analisamos o movimento do saber sábio (aquele que os cientistas descobrem) para o saber a ensinar (aquele que está noslivros didáticos) e, por este, ao saber ensinado (aquele que realmente acontece em sala de aula). 

O termo foi introduzido em 1975 pelo sociólogo Michel Verret e rediscutido por Yves Chevallard em 1985 em seu livro La Transposition Didactique, onde mostra as transposições que um saber sofre quando passa do campo científico para o campo escolar. 

O termo transposição didática, segundo Chevallard (1991), foi empregado inicialmente pelo sociólogo francês Michel Verret, na sua tese de doutorado Le temps des études, publicada em 1975.

Chevallard conceitua “Transposição Didática” como o trabalho de fabricar um objeto de ensino, ou seja, fazer um objeto de saber produzido pelo “sábio” (o cientista) ser objeto do saber escolar. A Transposição Didática, em um sentido restrito, pode ser entendida como a passagem do saber científico ao saber ensinado. Tal passagem, entretanto, não deve ser compreendida como a transposição do saber no sentido restrito do termo: apenas uma mudança de lugar. Supõe-se essa passagem como um processo de transformação do saber, que se torna outro em relação ao saber destinado a ensinar.

Mas para Chevallard, o saber escolar não é usualmente problematizado.

O que ocasiona a distância entre o saber ensinado e seus saberes de referência.

No Brasil, Lopes² (1999) propôs o conceito de mediação didática em substituição à nomenclatura transposição didática.


¹ VERRET, M. Le temps des etudes. Paris: Librairie Honore Champion, 1975.

²LOPES, A. C. Conhecimento escolar: ciência e cotidiano. 1ed. Rio de Janeiro: Editora da UERJ,1999.

Palavra didática

Origem

Palavras: didática , estudo

Gostaria de a origem das palavras:

1. Didática
2. Aprender
3. Estudar
4. Ensinar

Resposta:

1) Do Grego DIDAKTIKOS, “apto para ensinar”, de DIDASKEIN, “ensinar”.

2) Olhe na Lista de Palavras.

3) Do Latim STUDIARE, de STUDIUM, “estudo, aplicação”, originalmente “ansioso por fazer algo, sério”, de STUDERE, “ser diligente”.

4) Lista de Palavras.

Origem da Palavra 2021

https://origemdapalavra.com.br/palavras/didatica/


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terça-feira, 19 de outubro de 2021

A futura intencionalidade pedagógica na Educação Física escolar de acadêmicos da licenciatura do CEFD/UFSM


Resumo

Esta investigação objetivou analisar a futura intencionalidade pedagógica na Educação Física Escolar de acadêmicos da Licenciatura do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A metodologia caracterizou-se pelo enfoque fenomenológico sob a forma de estudo de caso com abordagem qualitativa. O instrumento utilizado para a coleta de informações foi à análise de conteúdo. Os participantes foram vinte e seis (26) acadêmicos do 3º semestre do curso de Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM, matriculados na disciplina de Didática em Educação Física, no 1º semestre letivo de 2011. Concluimos que a maioria dos acadêmicos estudados da Licenciatura em Educação Física do CEFD/UFSM possui uma futura intencionalidade pedagógica para a sua futura atuação docente na Educação Física Escolar em uma perspectiva de rompimento com o modelo de Educação Física hegemônico que é a Abordagem Comportamentalista (Tecnicista) que resulta em uma Educação Reprodutora do status quo da sociedade.

Unitermos: Educação Física. Formação de professores. Formação inicial. Intencionalidade pedagógica.



Artigo elaborado a partir do projeto de pesquisa denominado "A formação inicial de professores
de Educação Física: um estudo de caso na Licenciatura do CEFD/UFSM".


EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 16, Nº 162, Noviembre de 2011. http://www.efdeportes.com/


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Introduzindo a investigação

Segundo Carreiro da Costa (1988) a educação enquanto atividade estritamente humana é caracterizada por ser uma ação consciente, organizada e coerente. Desta forma, as características da educação são as seguintes: 1) Intencionalidade – quando define com clareza os efeitos educativos desejáveis, enquadrando-os num sistema de idéias justificadas em seus saberes; 2) Previsibilidade – quando define os meios e os procedimentos suscetíveis de levarem a realização dos objetivos delineados, coerentes com as opções filosóficas e pedagógicas assumidas; 3) Controle – quando define os mecanismos que permitam não somente para acompanhar o desenrolar do processo e regulá-lo, mas fazendo com que os alunos sejam sujeitos ativos e criadores do seu próprio desenvolvimento; e, 4) Eficácia – quando estabelece a busca da superação efetiva das necessidades e insuficiências da comunidade escolar alvo, constatando as dimensões e o grau de obtenção dos efeitos educativos alcançados.

Já de acordo com Libâneo (1994) a prática escolar consiste na concretização das condições que asseguram a realização do trabalho docente. Tais condições não se reduzem ao estritamente “pedagógico”, já que a escola cumpre funções que lhe são dadas pela sociedade concreta que, por sua vez, apresenta-se como constituída por classes sociais com interesses antagônicos. Assim, a prática escolar tem atrás de si condicionantes sócio-políticos que configuram diferentes concepções de homem e de sociedade e, conseqüentemente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola, aprendizagem, relações professor-aluno, técnicas pedagógicas, etc. Desta forma, fica claro que o modo como os professores realizam o seu trabalho, como selecionam e organizam o conteúdo das matérias, ou como escolhem técnicas de ensino e como avaliam tem a ver com pressupostos teórico-metodológicos, explícita ou implicitamente.

Conforme Mizukami (1986) há várias formas de se conceber o fenômeno educativo, pois este pela sua própria natureza, não é uma realidade acabada que se dá a conhecer de uma forma única e precisa em seus múltiplos aspectos. É um fenômeno humano, histórico e multidimensional. Nele estão presentes, tanto a dimensão humana, quanto a técnica, a cognitiva, a emocional, a sócio-política e cultural. Não se trata de uma justaposição das referidas dimensões, mas, sim, da aceitação de suas múltiplas implicações e relações. Destaca que as diferentes formas de aproximação do fenômeno educativo podem ser consideradas como mediações historicamente possíveis, que permitem explicá-lo, se não em sua totalidade, pelo menos em alguns de seus aspectos; por isto, devem ser analisadas, contextualizadas e discutidas criticamente. Assim, de acordo com determinada teoria/proposta ou abordagem do processo ensino-aprendizagem, privilegia-se um ou outro aspecto do fenômeno educativo. A autora esclarece que o que denomina de “abordagem” são diferentes linhas pedagógicas ou tendências ou concepções no ensino brasileiro.

Já Cristino et al. (2009) destacam que a prática pedagógica de todo professor apóia-se em alguma fundamentação teórica, mesmo que de forma inconsciente, pois é a partir desta fundamentação teórica que ele constrói e dá significado ao seu papel de educador. Assim, é necessário que o professor tenha clareza a respeito das intencionalidades da educação que embasam a sua prática educativa.

Mizukami (1986) parte do pressuposto de que a ação educativa exercida por professores em situações planejadas de ensino-aprendizagem é sempre intencional. Destaca que subjacente a esta ação, estaria presente, implícita ou explicitamente, de forma articulada ou não, um referencial teórico que compreendesse conceitos de homem, mundo, sociedade, cultura, conhecimento, etc.

Neste direcionamento de intencionalidade pedagógica, focamos o nosso interesse investigativo na formação inicial de professores. Assim, citamos Mizukami (1986), que diz que “as disciplinas pedagógicas dos cursos de Licenciatura, geralmente, possibilitam ao futuro professor contato com um corpo organizado de idéias que procura subsidiar e justificar a prática educativa” (p.4). A autora salienta que este conjunto, constituído pelas teorias pedagógicas ou psicopedagógicas sobre a educação, é denominado de ideário pedagógico, onde cada professor, por sua vez, filtra tal ideário a partir de suas próprias condições e vivências.

Como este estudo aborda a formação inicial em Educação Física, citamos Ilha; Maschio e Krug (2008) que destacam que os acadêmicos vivenciam e experenciam diferentes formas de ensino através da docência de seus mestres e também em suas práticas pedagógicas na graduação, isto é, nos Estágios Curriculares Supervisionados, em projetos de extensão, de ensino e ainda de pesquisa. Desta forma, a formação inicial deve trabalhar conhecimentos que propiciem subsídios, sobre os quais o educador possa desenvolver uma prática pedagógica com alicerces firmes, mas flexíveis, partindo dos princípios que considera essenciais na sua vida, para a sua prática docente e para a sociedade, levando em conta a realidade dos alunos e das escolas.

Neste sentido, é que, segundo Ilha; Maschio e Krug (2008), as abordagens de ensino representam a intencionalidade pedagógica dos professores e possibilitam o embasamento teórico da prática docente.

Para Mizukami (1986) as abordagens de ensino oferecem diretrizes à ação docente, mesmo considerando-se que a elaboração que cada professor faz delas é individual e intransferível. Esta autora parte do pressuposto de que, no Brasil, provavelmente sejam cinco as abordagens que mais influenciam os professores, as quais são as seguintes: tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sócio-cultural.

Entretanto, mesmo considerando que, de acordo com Ilha; Maschio e Krug (2008), a Educação Física possui abordagens de ensino específicas, com o propósito de fornecer e fomentar as diversas maneiras de como trabalhar os conhecimentos da Educação Física na escola, decidimos usar como referencial para esta investigação as abordagens de ensino da educação de uma forma mais geral.

Assim, nesta investigação, utilizaremos a classificação das abordagens de ensino de Mizukami (1986) que é a seguinte: tradicional, comportamentalista, humanista, cognitivista e sócio-cultural.

Portanto, a partir destas premissas descriminadas originou-se a questão problemática norteadora desta investigação: quais são as futuras intencionalidades pedagógicas na Educação Física Escolar de acadêmicos da Licenciatura do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)?

Desta forma, o objetivo geral desta investigação ficou assim configurado: analisar a futura intencionalidade pedagógica na Educação Física Escolar de acadêmicos da Licenciatura do CEFD/UFSM.

A realização desta investigação justificou-se pela importância de se entender os pressupostos que fundamentam a visão dos futuros professores de Educação Física sobre as abordagens de ensino da referida disciplina, enquanto componente curricular das escolas, pois, segundo Silva (2005, p.35) “estudar as concepções, as teorias [...] que fazem parte da rotina de trabalho do professor vem constituindo uma forma riquíssima de investigação para levantar os fundamentos e as fases onde eles se alicerçam [...]”.

A metodologia da investigação

A metodologia empregada nesta investigação caracterizou-se pelo enfoque fenomenológico sob a forma de um estudo de caso com abordagem qualitativa.

Conforme Triviños (1987, p.125), “a pesquisa qualitativa de natureza fenomenológica surge como forte reação contrária ao enfoque positivista, privilegiando a consciência do sujeito e entendendo a relatividade social como uma construção humana”. O autor explica que na concepção fenomenológica da pesquisa qualitativa, a preocupação fundamental é com a caracterização do fenômeno, com as formas que se apresenta e com as variações, já que o seu principal objetivo é a descrição.

Para Joel Martins (apud FAZENDA, 1989, p.58) “a descrição não se fundamenta em idealizações, imaginações, desejos e nem num trabalho que se realiza na subestrutura dos objetos descritos; é, sim, um trabalho descritivo de situações, pessoas ou acontecimentos em que todos os aspectos da realidade são considerados importantes”.

Já, segundo Lüdke e André (1986, p.18), o estudo de caso enfatiza a “interpretação em contexto”. Godoy (1995, p.35) coloca que:


O estudo de caso tem se tornado a estratégia preferida quando os pesquisadores procuram responder às questões “como” e “porque” certos fenômenos ocorrem, quando há pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados e quando o foco de interesse é sobre fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro de um contexto de vida real.

De acordo com Goode e Hatt (1968, p.17): “o caso se destaca por se constituir numa unidade dentro de um sistema mais amplo”. O interesse incide naquilo que ele tem de único, de particular, mesmo que posteriormente fiquem evidentes certas semelhanças com outros casos ou situações.

O instrumento utilizado para coletar as informações foi um questionário com uma pergunta aberta, que foi respondido por vinte e seis (26) acadêmicos do 3º semestre do curso de Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM, matriculados na disciplina de Didática em Educação Física, no 1º semestre letivo de 2011. A escolha dos participantes aconteceu de forma espontânea, em que a disponibilidade dos mesmos foi fator determinante. A fim de preservar as identidades dos participantes, estes receberam uma numeração (1 a 26).

A cerca do questionário Triviños (1987, p.137) afirma que “sem dúvida alguma, o questionário (...), de emprego usual no trabalho positivista, também o podemos utilizar na pesquisa qualitativa”. Já Cervo e Bervian (1996) relatam que o questionário representa a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita buscar de forma mais objetiva o que realmente se deseja atingir. Os autores consideram ainda o questionário um meio de obter respostas por uma fórmula que o próprio informante preenche.

Pergunta aberta “destina-se a obter uma resposta livre” (CERVO; BERVIAN, 1996, p.138).

A questão norteadora que compôs o questionário estava relacionada com o objetivo geral desta investigação e foi a seguinte: 1) Qual é a abordagem de ensino que você utilizaria em sua prática pedagógica caso ministrasse aulas de Educação Física na escola?

A interpretação das informações coletadas pelo questionário foi realizada através da análise de conteúdo, que é definida por Bardin (1977, p.42) como um:


Conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Godoy (1995, p.23) diz que a pesquisa que opta pela análise de conteúdos tem como meta “entender o sentido da comunicação, como se fosse um receptor normal e, principalmente, desviar o olhar, buscando outra significação, outra mensagem, passível de se enxergar por meio ou ao lado da primeira”.

Para Bardin (1977) a utilização da análise de conteúdo prevê três etapas principais. São elas: 1ª) A pré-análise – etapa que trata do esquema de trabalho envolvendo os primeiros contatos com os documentos de análise, a formulação de objetivos, a definição dos procedimentos a serem seguidos e a preparação formal do material; 2ª) A exploração do material – etapa que corresponde ao cumprimento das decisões anteriormente tomadas, isto é, a leitura de documentos, a categorização, entre outros; e, 3ª) O tratamentos dos resultados – etapa onde os dados são lapidados, tornando-os significativos, sendo que a interpretação deve ir além dos conteúdos manifestos nos documentos, buscando descobrir o que está por trás do imediatamente apreendido.

Os resultados e as discussões da investigação

Pela análise das informações identificamos e analisamos as seguintes futuras intencionalidades pedagógicas dos acadêmicos estudados na Educação Física Escolar:


1. Abordagem Cognitivista (Sete acadêmicos: 3; 6; 11; 13; 14; 17 e 23) – Sobre esta abordagem de ensino citamos Mizukami (1986) que diz que nela são investigados os processos centrais do indivíduo, como: organização do conhecimento, processamento de informações, estilos de pensamento ou estilos cognitivos, comportamentos relativos à tomada de decisões etc. Portanto, aqui se considera que o aluno precisa ter condições de aprender por si próprio, por seus erros e acertos, tendo em vista buscar novas soluções e criar novas situações que favoreçam a exploração dos objetos de forma significativa. Para tanto, torna-se necessário que o professor proponha desafios e problematizações, sem a pretensão de ensinar as soluções, pois, sua função, enquanto um orientador, coordenador do processo de construção do conhecimento, é provocar desequilíbrios cognitivos, estimulando a autonomia intelectual. O aluno deve ser incentivado a solucionar os problemas de acordo com as suas características próprias, de forma que possa vivenciar as fases do desenvolvimento sem bloqueios. A aprendizagem aqui, só se realiza quando o indivíduo tem a oportunidade de construir o seu conhecimento. No momento em que ela age sobre o objeto de conhecimento, ela reinventa conteúdos. Por isso, é considerado um organismo ativo, que se desenvolve por meio de estruturas progressivamente mais complexas, construídas na interação com o meio físico e social;

2. Abordagem Sócio-cultural (Seis acadêmicos: 1; 2; 7; 12; 15 e 24) – Em relação a esta abordagem de ensino mencionamos Mizukami (1986) que cita que nesta abordagem a aprendizagem e o desenvolvimento são processos distintos que interagem dialeticamente, de forma que a aprendizagem promova o desenvolvimento e este anuncia novas possibilidades de aprendizagem. Nesse sentido, a escola deve oferecer conteúdos significativos, de modo que eles promovam o desenvolvimento pleno do aluno, pois, ao interagir de forma dialética com seu meio sócio-cultural, o indivíduo não só transforma o seu meio, mas também a si próprio. O aluno constrói o seu conhecimento quando tem oportunidade de vivenciar uma ação partilhada com seus colegas, com o professor e com o objeto de conhecimento. É através da interação com seus pares, com o professor e com o objeto de conhecimento, enfim, das relações sociais, que o indivíduo constrói e reconstrói conhecimentos. A função primordial da escola, nesta perspectiva, é ensinar ao aluno a pensar a sua realidade, ensinar ao aluno como se apropriar do conhecimento elaborado historicamente;

3. Abordagem Humanista (Seis acadêmicos: 8; 16; 20; 21; 25 e 26) – A respeito desta abordagem de ensino nos reportamos a Oliveira (1985) que explicita que a Educação Física deve criar um ambiente liberal, de forma a permitir a livre expressão do aluno, e que os exercícios sejam executados a partir de um impulso interior, onde o aluno sinta o movimento como “seu”. Ainda, a satisfação em movimentar-se livremente e o envolvimento afetivo proporcionado por essa liberdade criam a verdadeira disciplina, que não será alcançada sob forma coercitiva, mas sim através da participação espontânea. Para Azevedo e Shigunov (2001), na concepção humanista o professor integra-se efetivamente ao ambiente escolar em que atua, de modo a se constituir em um agente educador. É um facilitador da aprendizagem, cabendo-lhe a promoção do crescimento pessoal dos alunos. Busca contribuir na ampliação da consciência social e critica dos alunos, tendo em vista sua participação ativa social. As suas atividades são selecionadas pelos próprios alunos a partir de seus interesses e necessidades;

4. Abordagem Tradicional (Dois acadêmicos: 18 e 19) – Sobre esta abordagem de ensino citamos Mizukami (1986) que diz que o adulto na concepção tradicional é considerado como um homem acabado, "pronto" e o aluno um "adulto em miniatura", que precisa ser atualizado. Nesta abordagem, o ensino está centrado no professor, volta-se para o que é externo ao aluno: o programa, as disciplinas, o professor. O aluno apenas executa as atividades fixadas por autoridades exteriores. Saviani (1980) sugere que o papel do professor se caracterize pela garantia de que o conhecimento seja conseguido e isto independente do interesse e vontade do aluno, o qual, por si só, talvez, nem pudesse manifestá-lo espontaneamente e, sem o qual, suas oportunidades de participação social estariam reduzidas;

5. União das Abordagens Humanista e Cognitivista (Dois acadêmicos: 9 e 22) – Relativamente a esta união podemos dizer que, segundo Mizukami (1986), a Abordagem Humanista é aquela que considera a educação como um processo de auto-descoberta e auto-determinação do aluno através da experimentação. Desta forma, a escola deve oferecer condições que possibilitem a autonomia do aluno. O professor assume a função de facilitador da aprendizagem. Para esta mesma autora, a Abordagem Cognitivista é aquela que considera a educação um processo de socialização e assim o sistema escolar deve possibilitar a autonomia para que os alunos pratiquem e vivam a democracia. Desta forma, a educação deverá provocar nos alunos, constantemente, a busca de novas soluções, criar situações que exijam o máximo de exploração por parte deles e estimular novas estratégias de compreensão da realidade. Portanto, a escola deve possibilitar ao aluno de aprender por si próprio. Assim, procura desenvolver a inteligência do aluno. A função do professor é provocar desequilíbrios, fazer desafios. Assim, podemos notar que estas duas abordagens não são incompatíveis e nem incoerentes entre si porque procuram formar um aluno um tanto quanto semelhante em suas características, isto é, um ser ativo, participativo em sua realidade e que se esforçar-se irá ascender de classe social;

6. União das Abordagens Comportamentalista e Sócio-cultural (Um acadêmico: 4) – A respeito desta união podemos dizer que, de acordo com Mizukami (1986), a Abordagem Sócio-cultural vê o homem como um sujeito único, enquanto a Abordagem Comportamentalista observa o homem como um produto dentro deste processo evolutivo. A união destas abordagens são incompatíveis e/ou incoerentes, pois colocam o aluno em duas áreas de compreensões diferentes, uma em que a conhecimento já está pronto, e na outra onde acontece uma construção do conhecimento através do diálogo e do desvelamento da realidade;

7. União das Abordagens Tradicional e Sócio-Cultural (Um acadêmico: 5) – Em relação a esta união se sabe que, conforme Mizukami (1986), a Abordagem Tradicional vê o adulto como um homem acabado enquanto a Abordagem Sócio-cultural procura desmistificar e questionar junto com o aluno a realidade social fazendo-a através do diálogo, portanto o aluno está em construção. Assim, podemos notar que estas duas abordagens são incompatíveis e/ou incoerentes entre si, pois procuram formar indivíduos bem diferentes; e,

8. União das Abordagens Cognitivista e Sócio-cultural (Um acadêmico: 10) – Sobre a união destas duas abordagens citamos Mizukami (1986) que diz que embora estas sejam abordagens interacionistas, isto é, o homem e o mundo se transformam pela influência entre ambos, elas diferem entre si, porque a Abordagem Sócio-cultural coloca que a educação se dá, em um contexto que deve ser levado em consideração, pois o homem sendo sujeito de sua educação deverá tomar consciência de sua realidade social e, mais ainda, da sua própria capacidade de transformá-la. Portanto, podemos ai notar o componente crítico da Abordagem Sócio-cultural que não existe na Abordagem Cognitivista. Assim, estas duas abordagens são incompatíveis de serem unidas.

Analisando as informações de outra forma identificamos as seguintes futuras intencionalidades pedagógicas dos acadêmicos estudados na Educação Física Escolar:


1. Educação Redentora (Quinze acadêmicos: 3; 6; 8; 9; 11; 13; 14; 16; 17; 20; 21; 22; 23; 25 e 26) – De acordo com Luckesi (1994), a Educação Redentora está voltada para a formação da personalidade, desenvolvimento de habilidades, e, veiculação de valores necessários à convivência social, de modo que sua finalidade é a adaptação do indivíduo à sociedade, agindo como instância corretiva de desvios da sociedade. Provém das Correntes de Pensamento Fenomenológica e Cognitivista e das Abordagens do processo educacional, Humanista e Cognitivista.

2. Educação Transformadora (Seis acadêmicos: 1; 2; 7; 12; 15 e 24) – Para Luckesi (1994), a Educação Transformadora compreende a educação dentro de seus condicionantes e age estrategicamente para a sua transformação, utilizando-se das próprias contradições da sociedade para trabalhar por esta transformação, e, luta, portanto, pela democratização. Provém da Corrente de Pensamento Radical e da Abordagem do processo educacional, Sócio-Cultural;

3. Educação Reprodutora (Dois acadêmicos: 18 e 19) – Luckesi (1994), cita que a Educação Reprodutora está a serviço da sociedade, é instrumento de reprodução da sociedade, de modo que age por valores e otimiza o sistema. Provém da Corrente de Pensamento Positivista e das Abordagens do processo educacional, Tradicional e Comportamentalista; e,

4. Incoerentes (Três acadêmicos: 4; 5 e 10) - Uma abordagem isolada do tema seria incoerente até mesmo com a maneira como compreendemos. Para Saviani (1980, p.08) “Ora, quando os pressupostos teóricos e os fundamentos filosóficos da prática ficam implícitos, isto significa que o educador, via de regra, está se guiando por uma concepção que se situa ao nível do senso comum. Entende-se por senso comum uma concepção não elaborada, constituída heterogenicamente de diferentes concepções filosóficas e por aspectos elementos sedimentados pela tradição e acolhidos sem critica. Em conseqüência, a prática orientada pelo senso comum tende a se caracterizar pela inconsistência e incoerência. Já Luft (2000) diz que incoerência significa contraditório, desconexo.

Conclusão: uma possível interpretação sobre a investigação

Pela análise das informações obtidas foi possível ‘identificar que são variadas as futuras intencionalidades pedagógicas dos acadêmicos estudados em suas futuras atuações docentes na Educação Física Escolar’. As futuras intencionalidades pedagógicas mais citadas foram a ‘Abordagem Cognitivista’ (sete citações), a ‘Abordagem Sócio-Cultural’ e a ‘Abordagem Humanista’ (seis citações cada uma).

A partir destas constatações citamos Ilha; Maschio e Krug (2008) que destacam que a escolha da abordagem pedagógica a ser utilizada pelo professor (no caso desta investigação do futuro professor) deve contemplar os anseios do mesmo, enquanto formador de sujeitos, de forma a conduzir o processo ensino-aprendizagem e adequadamente com o espaço social da prática docente. Assim, nesta perspectiva, existe a necessidade de um embasamento teórico-prático que é essencialmente importante para a prática pedagógica do professor (e/ou futuro professor) quanto ao trato com o conhecimento da Educação Física Escolar.

Neste sentido, de acordo com Marques e Krug (2009), no dia-a-dia de sua prática docente, o professor de Educação Física Escolar, mesmo que de forma pouco consciente, apóia-se em determinada concepção de aluno, de ensino e aprendizagem pelo qual é responsável e constrói o seu papel, o papel do aluno, bem como a metodologia, a função social da escola e os conteúdos a serem trabalhados.

Cristino et al. (2009) destacam que cada proposta de abordagem pedagógica aborda a Educação Física sobre diferentes aspectos e diferentes formas de ensino e proporcionam diversas maneiras para se atuar na prática pedagógica. Assim, cabe ao professor (e/ou futuro professor) escolher a metodologia mais adequada ao contexto, de forma que esta esteja em contínua transformação de acordo com as necessidades apresentadas no âmbito educacional.

Desta forma, convém citarmos Santos e Matos (2004) que ressaltam que não existe uma abordagem melhor do que a outra. Cada uma pode contemplar aspectos importantes para o desenvolvimento do aluno, trabalhando conteúdos de formas diferenciadas.

Assim, o que mais chamou à atenção nos resultados foi o fato da ‘existência de união entre as mais variadas abordagens’ (cinco citações) como futuras intencionalidades pedagógicas pelos acadêmicos estudados.

Esta constatação pode ser fundamentada em Marques e Krug (2009) que salientam que dificilmente o professor (e/ou futuro professor) de Educação Física seguirá uma única abordagem pedagógica para desenvolver o seu ensino, mas utiliza-se de algumas delas como embasamento pedagógico no desenrolar de sua profissão. Entretanto, citamos Ilha; Maschio e Krug (2008) que dizem que o professor deve-se definir por qual abordagem trabalhar com seus alunos e saber aonde quer chegar, quais são os objetivos pretendidos e que indivíduos pretende formar, já que, como trazem Darido e Neto (2005), não existe apenas uma forma de implementar e pensar a Educação Física e os demais componentes curriculares na escola. Assim, ainda Ilha; Maschio e Krug (2008) destacam que, mesmo sabendo que todas as abordagens influenciam a formação profissional e as práticas pedagógicas dos professores (e/ou futuros professores), estes autores acreditam na importância destes profissionais se definirem por trabalharem fundamentados nos princípios de uma abordagem. Isto porque, tendo em vista que, existem pontos em que elas não convergem e se utilizarmos mais de uma correremos o risco de estarmos sendo incoerentes naquilo que acreditamos e objetivamos com a nossa atuação docente.

Neste sentido, nos reportamos a Antunes; Kronbauer e Krug (2011) que dizem que não devemos perder a coerência entre a intenção e a ação. Destacam que para manter a coerência entre a intenção (abordagem) e a ação o professor (e/ou futuro professor) precisa conhecer a fundo a sua intenção (abordagem) para aplicá-la e aí pode ou não se utilizar de várias abordagens, desde que elas não sejam opostas em suas intenções.

Já Soldateli e Krug (2009) destacam que o professor (e/ou futuro professor) na opção por uma intencionalidade pedagógica a ser adotada nas suas aulas, precisa ter a clareza teórico-metodológica sobre como se procede a aprendizagem e a representação do aluno que se reflete. Sem o conhecimento real das possibilidades de ensino de sua intencionalidade pedagógica o professor passa a exercer uma prática cega, onde suas aulas passam a ser o acúmulo de atividades, descontextualizadas, desconjuntadas e fragmentadas, sem uma intencionalidade consciente. O professor (e/ou futuro professor) ao ter conhecimento sobre a sua intencionalidade tem maiores possibilidades de ministrar uma educação de qualidade, porque sabe responder/justificar as seguintes perguntas: Para que? Para quem? Onde? Como? Quando?

Também, pela análise das informações obtidas foi possível ‘identificar que a maioria das futuras intencionalidades pedagógicas dos acadêmicos estudados em suas futuras atuações docentes na Educação Física Escolar vão ao direcionamento de um Educação Redentora’ (quinze citações). Seguem-se a ‘Educação Transformadora’ (seis citações) e ‘Educação Reprodutora’ (duas citações).

Esta constatação pode ser embasada por Santos e Matos (2004) que destacam que mais do que utilizar uma abordagem, o professor (e/ou futuro professor) deve refletir sobre sua prática e perceber que a utilização do conhecimento das abordagens é capaz de auxiliá-lo no processo ensino-aprendizagem, tornando-o um profissional consciente de sua postura e apto a adaptar sua prática de intervenção às verdadeiras necessidades dos alunos passando de uma Educação Física acrítica para uma Educação Física mais contextualizada, em que o propósito maior é que o aluno consiga desenvolver-se de maneira consciente.

Finalizando a interpretação dos resultados desta investigação podemos constatar que ‘a maioria dos acadêmicos estudados da Licenciatura em Educação Física (Currículo 2005) do CEFD/UFSM possui uma futura intencionalidade pedagógica para a sua futura atuação docente na Educação Física Escolar em uma perspectiva de rompimento com o modelo de Educação Física hegemônico que é a Abordagem Comportamentalista (Tecnicista) que resulta em uma Educação Reprodutora do status quo da sociedade’.

Neste sentido, citamos Marques e Krug (2009) que destacam que a partir da década de 80 do século passado surgiram diversas abordagens pedagógicas que tinham/têem em comum a tentativa de romper com o modelo mecanicista, esportivista e tradicional da Educação Física nas escolas, isto é, a Abordagem Comportamentalista (Tecnicista). Enfim, estas abordagens colaboram na construção de uma Educação Física que fuja dos moldes tecnicistas, onde se desenvolva aulas que não sejam focadas apenas no aprender a fazer, mas que incluam uma intervenção planejada do professor quanto ao conhecimento do que está por trás do fazer, além dos valores e atitudes envolvidas nas práticas da cultura corporal de movimento.

Referências


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LUCKESI, C.C. Filosofia da educação. São Paulo: Cortez, 1994 (Coleção Magistério 2º grau).


LÜDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.


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SILVA, R.C. O professor, seus saberes e suas crenças. In: GUARNIERI, M.R. (Org.). Aprendendo a ensinar: o caminho nada suave da docência. 2. ed. Campinas: Autores Associados, 2005. p.25-43.


SOLDATELI, P.; KRUG, H.N. A intencionalidade pedagógica da Educação Física Escolar nas séries iniciais do ensino fundamental. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista Digital. Buenos Aires, a.13, n.129, p.1-30, febrero, 2009. http://www.efdeportes.com/efd129/a-intencionalidade-pedagogica-da-educacao-fisica-escolar.htm


TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais – pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

Outros artigos em Portugués


La intencionalidad pedagógica futura en la Educación Física escolar de estudiantes de la licenciatura del CEFD/UFSM

https://www.efdeportes.com/efd162/a-intencionalidade-pedagogica-na-educacao-fisica.htm

*Mestranda em Educação (UFSM)

Integrante do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física (UFSM)

**Especializandos em Educação Física Escolar

Integrantes do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física (UFSM)

***Doutor em Educação (UNICAMP/UFSM)

Doutor em Ciência do Movimento Humano (UFSM)

Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação (UFSM)

Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Física (UFSM)

(Brasil)

Carla Prado Kronbauer*

carlapk@hotmail.com

Cassiano Telles**

telleshz@yahoo.com.br

Fabiana Ritter Antunes**

fabizeenhaa@yahoo.com.br

Greice Rosso Lehnhard**

grelehnhard@hotmail.com

Hugo Norberto Krug***

hnkrug@bol.com.br


Obrigado pela visita, volte sempre.

COMO A MÚSICA INFLUI NA SAÚDE MENTAL: MÚSICA DE VIDA, MÚSICA DE MORTE. Por Minh Dung NGHIEM -






Por Minh Dung NGHIEM - Ancien interne des hôpitaux de Paris. Ancien chef de clinique à la faculté de médecine de Paris.

Extraído de: Cahier Saint Raphaël n° 61, Musique de vie, musique de mort. Novembro de 2003

“Depois de uma década de investigação, eu percebi que há um problema político, o globalismo, que é um meio de obrigar as pessoas a comprar uma única cultura, para ganhar muito dinheiro.” (Minh Dung Nghiem)

Todo mundo acha que “a música acalma o selvagem”, que é uma “arte menor”, um entretenimento mundano, etc. Raros são os que sabem que ela pode tornar as pessoas violentas, transformá-las em selvagens, e finalmente o progresso técnico pode trazer efeitos nefastos sobre nossas crianças! Neste artigo, nós não trataremos dos efeitos perversos da televisão sobre a mente dos jovens, porque este assunto já tem sido tratado [1]. Na década de 1980, alguns jovens “faziam cena” e falavam em “linguagem da fotografia”, eles raciocinavam “por imagens” de acordo com a “mentalidade primitiva”, estudada no início deste século por Levy-Bruhl. Abuso de televisão, e sem dúvida também do cinema ou de quadrinhos – ou qualquer coisa que estimula os mecanismos de raciocínio analógico do cérebro – pode interromper a maturação mental das crianças. Nós publicamos os resultados de uma pesquisa sobre os efeitos de diferentes músicas sobre o cérebro das crianças. Eles mostram que as “músicas jovens” à base de tam-tam, que podem levar a transe, são suscetíveis de parar a formação da inteligência e da personalidade do homem. Inversamente, a música barroca permite uma melhor integração da civilização ocidental, greco-latina e judaico-cristã [2].

Como funciona o cérebro?

Desde os anos 1960-1970, graças ao estudo de casos de epilepsia que foram submetidos a uma comissurotomia [3] (para evitar a propagação das ondas elétricas e, assim, impedir a propagação de ataques que não respondiam aos tratamentos médicos da época), sabemos que o homem dispõe de dois cérebros:

- O cérebro esquerdo, “intelectual”, a sede da consciência (faculdade de perceber e de reconhecer o mundo graças a sua capacidade de análise, conceituação e simbolização, e finalmente de “raciocínio lógico e numérico”, por associação de circuitos de neurônios, proposições e conceitos, como quando contamos nos dedos).


- O cérebro direito, “emocional”, sede do inconsciente ou faculdade de compreender intuitivamente, assim, percebe e entende o aspecto global geral das coisas, a sua aparência agradável ou impressões nocivas, imagens. Este é o cérebro de raciocínio analógico por imagem, da sensibilidade, emoções (medo, raiva), humor (alegria, prazer, nojo, tristeza), imaginação, devaneios e da criatividade.

Também deve-se adicionar o “cérebro reptiliano” descoberto pelo neurocirurgião Mac Lean em 1950. Fazendo parte funcionalmente do cérebro direito, ele contém o centro da agressividade (instinto de matar), o centro de prazer (centro hedônico) e o centro da sexualidade. Ele controla as emoções, o humor e as funções vegetativas (temperatura e constantes biológicas do corpo, frequência cardíaca, etc.).

Tipos de cérebro segundo a maturação

Convém lembrar o padrão de desenvolvimento do cérebro durante a maturação do homem, que se faz de um lado seguindo o desenvolvimento em função da idade e do outro segundo a complexidade da civilização. Podemos dizer, em substância, que ao longo de todo o crescimento e maturação, a criança aprende a conhecer e reconhecer primeiro organizando sua memória e sensibilidade, e depois sua faculdade de análise e comparação. Na Europa, graças à educação, isto é, à introdução aos costumes e às artes – o que se faz, o que não se faz, o bom, o bonito, o feio, etc. – ela forma seus gostos e aspirações, (fundamentadas diretamente ou indiretamente sobre o cristianismo), estruturando seu cérebro direito. A instrução, organizando o cérebro esquerdo, favorece o senso de análise, conceituação – que é tipicamente latino: os povos germânicos preferem o empirismo – e finalmente o senso crítico.

À medida que a razão da criança se desenvolve, o controle de suas emoções se afirma e sua personalidade se estabiliza. Assim, se ela tem de 2 a 3 anos, depois da “crise dos dois anos”, a criança ainda é instável e violenta, fazendo uso principalmente do cérebro direito, da “mentalidade primitiva” de Lévy-Bruhl, na idade da razão da Igreja Católica, de 10 a 12 anos, torna-se um ser racional, pelo menos se recebeu uma boa educação europeia. Ela tem, então, a ética da sociedade de seus pais, é capaz de controlar suas emoções e seus sentimentos, de pensar por conceitos e de raciocinar de maneira hipotético-dedutiva, o que denota a predominância do lado esquerdo do cérebro, objetivo da instrução escolar ocidental. Voltaremos a esse ponto.


A evolução da civilização também afeta a maturação do cérebro humano. Civilização compreende os meios (técnicos, leis, instituições, artes, etc.) quer permitem a realização da cultura dos homens: sua visão de mudo, suas aspirações. O professor Changeux, do Collège de France, afirmou que ela é a memória extra-cerebral do homem. Em suma, nos casos felizes, ela emoldura o desenvolvimento cerebral dos povos. A evolução espontânea do cérebro leva a o que Lévi-Strauss, da Académie Française, chama de “o pensamento selvagem”, isto é, o pensamento virgem, não especializado, não modificado por uma instrução particular procurando favorecer uma função mental específica, por exemplo, o senso crítico ou a conceituação como na escola francesa ideal.

Esse “pensamento selvagem” se observa entre os primitivos de todos os tempos e entre os europeus do século XVI. Percebemos que ele é acompanhado da personalidade “histérica” descrita pelos medievalistas como J. Huizinga, Marc Bloc e exploradores desde o século XVI: em contraste com sua aparência atlética, os “selvagens” – os etnólogos hoje chamam primitivos [4] – tinham um temperamento frágil: fácil abatimento, crueldade, violência, crises de “depressão”, emotividade excessiva, instabilidade de sentimentos, de desejos, tendência ao transe, à ilusão, à alucinação, etc. Além disso, para ser completo, deve ser chamada “mentalidade selvagem” a associação do pensamento selvagem à personalidade histérica, o que seria a personalidade natural do homem. De qualquer forma, a abstenção da educação produz a mentalidade selvagem. Quando lhe pedimos para ser natural, não queremos vê-lo selvagem, pelo contrário, é porque desejamos vê-lo bem-educado! Isso porque a educação serve principalmente para conter o cérebro reptiliano.

Na França, nos séculos XI e XII, inventou-se a retórica do comportamento sexual, e o amor cortês civilizou a sexualidade do homem controlando-a. A religião cristã, religião do amor e da misericórdia, tentou penosamente bloquear o centro de agressividade, da crueldade e da violência, suprimir as tendências naturais ao desejo, ciúme e ao ódio estimulado pelas ideologias fundadas sobre o igualitarismo. As dificuldades encontradas nessa confusa luta entre o Bem e o Mal não impediu o país judaico-cristão de ser o único, no século XX, a renunciar à crueldade oficial (pena de morte, torturas, mutilação, etc.), ao menos em princípio, em suas leis.


Esta inibição do cérebro reptiliano é fundada sobre tabus, proibições arbitrárias que, ao controlar a sexualidade, permitiram a fundação da família – instrumento ideal para educação das crianças; reduzindo a agressividade, eles tornaram possível a vida social e, finalmente, ao limitar a busca do prazer sensual (refreando o centro hedônico), deu aos homens o tempo para outras ocupações igualmente interessantes (se educar, por exemplo). O tabu consiste em proibir um comportamento ou um contato aparentemente natural (ver, por exemplo, o Decálogo), em fazer crer que qualquer violação resultaria em punição imediata: a morte súbita! (no Antigo Testamento, Uzá foi atingido no mesmo momento em que ele, instável, tocou a Arca da Aliança para impedir que caísse). Salomon Reinach, que deu esta interpretação do tabu, citou numerosos exemplos tirados da observação de polinésios no século XIX. Foi por acaso, por sorte ou por revelação que os tabus escolhidos foram finalmente mostrados benéficos para o grupo de humanos que os adotou. Caso contrário, as leis da seleção natural seriam responsáveis pela remoção para outros grupos mais inspirados. Só então é que tivemos que imaginar o castigo, quando a fé pelo poder do sacrilégio diminuiu, e inventar explicações mitológicas para justificá-lo. Essas criações, lógicas mas que partiram do irracional e da imaginação, são a fonte de mitologia, poemas, canções, moral e, portanto, das artes e da civilização.

O mecanismo de ação da música sobre o homem

A música age pela melodia, harmonia, massa orquestral e ritmo.

1) A melodia, ou conjunto de tonalidades (tons, notas) ou ar da canção, é percebido pelo lado direito do cérebro, que pode conceber o prazer estético, agindo sobre o humor e condicionando, ao que parece, a sensibilidade da pessoa. Até o século XVIII, a França foi considerada campeã no domínio da melodia. Depois seu gosto musical é discutido...

2) A dominante harmônica, dependendo da relação entre os sons agudos e os sons graves, e sua codificação, no contraponto, permite combinar várias melodias, produzindo um efeito agradável para a sensibilidade europeia (música barroca). A parte harmônica da música é percebida pela função analítica do cérebro esquerdo; que provoca estímulos e é considerada a que desenvolver intelecto, aumentando o QI (quociente de inteligência).

3) A massa orquestral, ou potencial sonoro dos instrumentos musicais. A lei reconhece que os sons são perigosos para o ouvido acima dos 85 decibel. Hoje, escutar “músicas jovens” e “músicas novas” muitas vezes se faz em ambientes sonoros de mais de 120 decibel (shows de rock, discotecas, caixas de som). Também a surdez (em geral parcial) está em crescimento contínuo nos países ocidentais apesar dos avisos da medicina. Porque nós fomos capazes de ensinar às pessoas que a juventude ideal deve amar o barulho e a violência.

4) O ritmo, ou sequência periódica combinatória dos elementos longos e elementos curtos (notas brancas e pretas ou movimentos de dança). Ele pode ser produzido ou com batidas de tam-tam, ou qualquer outro instrumento de percussão da bateria, ou ainda pelo sintetizador que imita instrumentos de percussão – esses processos simplistas dão ritmo às músicas ditas “jovens”, “novas” ou “modernas” – ou pela combinação de tons e harmonia de sons provenientes de vários instrumentos de música (violino, trompetes e harpa, por exemplo). Este último tipo de ritmo, obtido sem intervenção de qualquer instrumento de percussão, é aquele da música europeia por excelência.


Apenas um ouvido treinado pode reconhecer e perceber o ritmo europeu. Além disso, na maior parte do tempo, nossos “jovens” educados – se podemos assim dizer – na mídia não entendem e literalmente dormem ao escutar música clássica! Como se seu cérebro esquerdo estivesse privado da função de análise de tom e harmonia e não recebesse qualquer informação (estímulo) a partir de uma composição rítmica complexa.

A excitação pelo tam-tam: o transe

A música é feita de componentes acústicos: quantidades de energia que provocam pulsos elétricos no ouvido interno. Elas se propagam para o cérebro sobre a forma de frequência de ondas perfeitamente identificáveis pelos equipamentos da engenharia acústica.

Ao serem analisados, identificados e comparados estas frequências de ondas preenchem diferentes circuitos nervosos. Sua passagem despolariza esses circuitos que então se restauram para poder receber as ondas seguintes. Se a frequência for muito alta, alguns circuitos não têm tempo de se recuperar antes de receberem as novas ondas, assim sua condução acaba bloqueada: é a tetanização. Segue-se que algumas partes do cérebro (os órgãos para percepção fina dos sons, por exemplo) se apartam do mundo exterior, que pára de ser percebido e reconhecido. Durante esse período em que a percepção está como que suspensa, cancelada, o cérebro direito emocional continua a ser estimulado por determinadas batidas (que são informações mais grosseiras), cujas vias de condução continuam ativas. Em suma, o transe será um estado de consciência alterada no qual o cérebro intelectual está perturbado, desligado do mundo exterior, e o cérebro emocional está excitado ao máximo.

Este estado pode levar ao orgasmo com o estímulo do centro hedônico e secreção de encefalinas e endorfinas; daí a insensibilidade a queimaduras e ferimentos de facas (ver bruxas ou médiuns caminhando sobre brasa e perfurando o corpo). Muitas vezes ele é seguido de um total descaso da crise. Isto é ainda pior porque, durante o transe, o indivíduo pode se envolver em atos de violência, os “crimes de multidões” (ver efeito de grupo).

Os ritmos mais lentos acalmam e adormecem. Os ritmos moderadamente rápidos, que acompanham uma bela melodia, excitam, produzindo prazer e alegria (ritmo das danças europeias com 40 a 70 tempos por minuto). Acima de 90 a 100 tempos fortes por minuto, como nas danças afro, a música excita e exalta – se é que somos suficientemente africanizados para amá-la – ao ponto de produzir o transe. Mas parece que para isso é preciso se ter o temperamento predisposto, a “personalidade histérica”.

O transe se observa:

1) Ao ouvir as sessões de tam-tam

- Cerimônias entre os primitivos, mas que também pode se produzir nos shows de rock ou blues!

- Ouvindo música tam-tam ou análoga (rock, rap, techno, etc.). Claro, no bom jazz, não há bateria: a música é “sincopada” (com um som emitido a um tempo fraco para continuar com um tempo forte seguinte com uma marcha irregular imitando o tam-tam).


É também durante uma audição pública de jazz, nos anos 1920, que vamos ver pela primeira vez na França os ouvintes brigar e quebrar cadeiras e poltronas!

2) Nas reuniões de “Jovens”.

- Manifestações políticas, sindicais e outras assembleias.

- Encontros esportivos (hooliganismo)

Aqui a desordem vem do que chamamos “efeito de grupo”, em evidência primeiro entre os animais (uma vez que o homem foi considerado, erroneamente, um animal racional, guiado pela razão!). Na verdade, os entomologistas, especialistas em insetos, constataram que o fato de viver em bando modifica a forma, a cor e o comportamento dos gafanhotos. Em seguida, observamos que os mamíferos (bisões, veados, esquilos, etc.), habitualmente temerosos em estado isolado, tornam-se indiferentes ao perigo e ao sofrimento em manadas de centenas de milhares, mesmo de milhões de indivíduos; então eles correm direto para morrerem esmagados em um penhasco ou afogados no mar.

O efeito de grupo, que resultaria da intensidade das excitações recíprocas, parece se encontrar também nos homens. Como se pode provar, nas assembleias políticas e sindicais dominadas pelos agitadores, moções que desaprovamos depois encontrando a solidão e suas mentes. Isto é comumente visto nos períodos turbulentos, como por exemplo, em maio de 68.

Estes estados de consciência alterados bem conhecidos dos agitadores políticos e dos líderes de manifestações podem ser identificados no transe observado entre os fãs de tam-tam destruindo as salas de concerto, e talvez até mesmo no bandido prestes a cometer um ato de violência.

O autor se recorda de ter atendido, durante seu internato, um psiquiatra afirmar, certamente se divertindo, que alcançava o orgasmo pelo seu crime. E sabemos que o transe leva ao orgasmo.

Os não-médicos que se interessam nesses estados de consciência alterada, ao contrário dos médicos, fazem distinção entre o transe e o êxtase. Para as Ciências Humanas, o transe é acompanhado de agitação e de tremores com obnubilação da consciência, enquanto o êxtase, que caracteriza os xamãs e os santos de todas as religiões, se manifesta pela calma, serenidade e a sobre-consciência, um consciência com dimensão impenetrável para o vulgar. O êxtase (ecstasy em inglês) seria acessível aos praticantes de “experiências psicodélicas” (isto é, experiência que mostra as manifestações da alma), produzido pela absorção do LSD, da mescalina, de cactos ou de cogumelos alucinógenos.

Eles são, em sua maioria, os adeptos da New Age e dos desfiles techno e os gays que adotam com entusiasmo esse ponto de vista demandando a “liberalização da droga”!

Para decidir: deveria um santo em meditação se hospitalizar para uma avaliação neurológica? O exame de drogas parece suficiente pois sabemos que, depois de pelo menos vinte anos, os usuários de LSD podem ter suas alucinações anos depois de parar os uso da droga (o que prova que as moléculas de LSD continuam a viver e agir ao nível dos receptores cerebrais). Nenhum drogado “sobre-consciente” se tornou um homem superior, fez descobertas em nerociências (e ainda alguns professores de psicologia e de antropologia da Universidade de Los Angeles são desses “sobre-conscientes”), mas quantos poderiam se ferir ou se matar por terem visto crescer asas e querendo imitar o Superman voam pela janela! Finalmente as noções de sobre-consciência e de experiências psicodélicas parecem ser os argumentos publicitários da venda livre de droga, muito na moda na mídia da América nos anos 1970, e aqui nos anos 1990 – com vinte anos de atraso”!

Cultura tam-tam, droga e esquerdismo

É impossível, quando se fala de “música jovem”, ignorar o problema das drogas e da filosofia do esquerdismo.

Uma vez, na França, a dança popular consistia em músicas comuns a todos os países da Europa (valsa, polka, marcha, quadrilha), músicas considerardas como folclóricas ou provinciais (tango, paso-doble, mazurca, bourreé). Rumba, samba, beguine, blues e jazz, músicas afro investadas pelos negros da América e das Antilhas, eram perfeitamente aceitas pela boa sociedade. Bruscamente, em uma década (de 1960 a 1970), decidimos eliminar as músicas populares europeias e substituí-las pelas “músicas jovens” à base de tam-tam. A França não dança mais, ela parou! Esse desvio da sensibilidade popular se explica.


De fato, nos anos 1950-1960 nasce nos Estados Unidos da América o movimento hippie, chamado “contra-cultura” – isto é, em oposição à cultura tradicional e se desenvolvendo nas suas costas. Ele tem por objetivo a luta pela “libertação sexual” – em primeiro lugar, e depois a libertação de todas as minorias: ameríndios, negros, homossexuais, etc. – e também o direito de vender e consumir drogas. Temos, então, a música rock que era o veículo dos slogans da ideologia do movimento de protesto. Mas na América tudo é bom para fazer dinheiro, e os movimentos políticos e religiosos acabam sempre virando meios de ganhar dólares, e o sucesso sempre atrai gangsters, mafiosos, financiadores, e até os políticos!

O rock chegou na França nos anos 1960 com o movimento esquerdista (liberal, no americano). O esquerdismo resulta da síntese do marxismo, do freudismo (psicanálise) e do behaviorismo (Watson e Dewey sendo os papas). Esta ideologia prevaleceu nos círculos trotskista, maoísta, comunista revolucionário e nas faculdades de ciências humanas. Ela pode se resumir em um só artigo: “é proibido proibir”. Agora, não há mais Bom ou Mau, mas apenas os prazeres sensuais. Seus opostos, inconvenientes, “erros” serão rapidamente reparados graças ao dinheiro e ao progresso técnico... É então natural que a droga e perversões de todos os tipos abundem nos meios das culturas rock, rap, techno, enfim, da cultura tam-tam – sobretudo se a relaciona.

Se nos anos 1950-1970, o rock era a base de melodias populares ingleses baseadas no tam-tam, muito rápido, entre 1980-1990, o movimento de protesto americano se transforma em movimento de “afro-centrismo” (afim de favorecer a “integração” dos negros americanos). A “música jovem” (seu novo nome na mídia) se simplificam então na sua composição, com uma acentuação da dominante rítmica: daí o nascimento do rap das “pessoas de cor”, “indançável” para os brancos, “muito desajeitados”!

Finalmente, durante a última década, os dirigente do “show-biz” entenderam que os “jovens” atraídos por esse tipo de cultura tinham gostos simplistas e não buscavam nada além de excitação, e a necessidade de droga. Foi descoberto que a intoxicação, euforia, exaltação, mesmo o orgasmo do transe ou da droga constituem sua felicidade suprema. Daí a invenção da techno e outras “músicas novas”, que não são nada mais que ruído ritmado pelo tam-tam ou pratos. Como o homem “médio” de países de velha civilização tem uma personalidade mais estruturada para cair em transe, nas “festas rave” (de: to rave, delirar), que são verdadeiros sabás modernos tolerados por nossos governos (mas por quais razões?), lhe é fornecido uma “facilitação” de tomar ecstasy, droga democrática e relativamente barata.

O movimento de protesto de 68 que devia nos libertar de todos os tabus e “sequelas dos regimes antigos”, isto é da própria civilização, conduziu naturalmente à cultura “tam-tam – droga”, no tempo de uma geração. Percebemos que ele é parte do globalismo, cujo objetivo é criar um governo mundial jacobino, centralizado, dirigido ditatorialmente pelos financeiros. Uma vez destruídas, todas as nações e suas civilizações, serão substituídas por uma população homogeneizada de consumidores padronizados desfrutando de apenas uma “cultura” fabricada pelo “show-biz” americano, e caracterizado pelo tam-tam, Mc Donalds, jeans, volapuk – e claro, droga.

Consequências da cultura tam-tam

Desde 1970, sobretudo na França, em lojas, mercados, piscinas, pistas de patinação, escolas, nas ondas de rádio, só se ouve o rufar dos tam-tans afro-americanos. A valsa, música francesa tradicional, desapareceu. A música, como as artes em geral, e a religião formam a sensibilidade de um povo, na estrutura do seu cérebro direito. No entanto, de acordo com o pintor Georges Mathieu, da Académie des Beaux-Arts, desde 1930 não paramos de destruir pintura, arquitetura e escultura [5]. Esta atitude dos artistas “modernos” e “contemporâneos” tem sido encorajada pelo Partido Comunista e seu porta-voz Gramsci na intenção de desorientar as pessoas [6].

Estamos recentemente sob um governo não laico, mas resolutamente ateu, segundo as declarações de seus dirigentes. Além disso, em todos os lados, procuramos reduzir a Igrea Católica entre as seitas (Lua, Krishna, cientologia, etc.). Isto não quer dizer que vamos remover o cérebro direito da França. Na verdade, essa operação cirúrgica não é possível.

O que é viável, é a desestruturação do cérebro direito pela volta do cérebro selvagem. Devemos lembrar aqui que, segundo os etnologistas, o selvagem é um velho civilizado que perdeu sua civilização, sua “memória extra-cerebral”, enquanto que o primitivo tem sua própria civilização, sem dúvidas semelhante àquela de nossos ancestrais de tempos muito antigos, mas preso em um certo estágio de desenvolvimento. O primitivo possui os tabus, e, portanto, uma moral.

O selvagem não tem qualquer escrúpulo, qualquer prejulgamento. Ele goza de total liberdade, mesmo de roubar seus bens de acordo com seu bel prazer ou matar sem razão. Esta espécie humana existe, tanto que um certo paleontólogo a chama “homo necans” (necare, em latim, quer dizer matar), descendente do homo sapiens: filho do Progresso.


Mas o cérebro direito e esquerdo trabalham em sinergia: raciocina-se bem em função de sua instrução (cérebro esquerdo), mas também de sua educação, de seu coração (cérebro direito). A desintegração do lado direito do cérebro inevitavelmente ressoa, portanto, intelectualmente sobre a mentalidade, sobre o intelecto, sobre o nível científico e sobre o nível de vida de um povo... Vemos bem que a França começa a perder gestores competentes.

Algumas mentes politicamente incorretas nos perguntam se nossos recordes de desemprego não resultam da incompetência da nossa população; não podemos dizer isso é devido à “asselvajamento” dos homens. A taxa de analfabetismo, uma das mais altas do mundo, ainda deixa sugerir que o QI (quociente de inteligência) da França diminuiu drasticamente.

É claro, a responsabilidade dos “métodos globais de leitura” e a incompetência dos professores são evidentes. Mas, parece que também devemos levar em consideração as deficiências intelectuais dos alunos: é certo que os selvagens ou asselvajados não se encaixam facilmente ao mundo moderno, que é fundado sobre o progresso técnico, e exige certa disciplina de comportamento e pensamento, muito difícil de adquirir: os europeus levarem cerca de quatro séculos para chegarem lá.

Não estamos só ao pensar que as gerações jovens são submissas à uma política de asselvajamento: a televisão e os contra-cultura fabricam bárbaros, que é a conclusão de um estudo sociológico do professor Harouel [7]. Nossa pesquisa sobre os efeitos da música tam-tam sobre as crianças, com ajuda dos neurocientistas, chegaram à mesma conclusão, a confirma: a ideologia esquerdista, de “apagar os legados dos antigos regimes” (sic!) – a gramática, a ortografia, a música europeia, a pintura, a gastronomia, enfim todas as artes tradicionais, a moral e a religião cristã – nos transforma em selvagens! Uma vez destruído tudo o que fez a civilização, nos encontramos evidentemente em plena selvageria. Prova dessa selvageria é fornecida pelo crescimento de atos de violência, aparição de zonas de desordem nos países de cultura tam-tam, onde a sensibilidade das populações é regida pelo show-biz americano.

Sobre o plano individual, o diagnóstico de selvageria se faz sobre a constatação da reaparição da personalidade histérica. Trata-se de sujeitos excessivamente nervosos e barulhentos, dificilmente se mantêm em pé, e que, nas crises de raiva ou desespero, rolam no chão, mordendo o tapete, rangendo os dentes, se mordendo em círculos como Guilherme, duque da Normandia (1027-1087) e outros personagens da Idade Média. Eles eram capazes de violência e crueldade para com os homens e os animais, o que mostra que seu cérebro reptiliano funciona em total liberdade, sem o freio dos tabus da civilização. Os fatos diversos dos jornais estão repletos dessas torpezas.

Por outro lado, sabemos que a personalidade histérica é frágil, sujeita à crises de depressão; o que explica sem dúvida a argumentação da taxa de suicídio entre os jovens, em particular os jovens adeptos da cultura tam-tam... [...]

O que fazer para prevenir o asselvajamento das crianças?

É muito difícil, infelizmente. É preciso assumir para si mesmo a responsabilidade e a educação de seus próprios filhos.

Completamente? Não é mais possível, parte porque os dois pais trabalham por necessidade, e parte porque a educação nacional e tudo que é “cultural” (mídias, associações, etc.) está infiltrada por esquerdistas.

Vamos suprimir toda manifestação contaminada: rádio, televisão, música tam-tam, manifestações políticas ou culturais... mas daremos os antídotos: educação religiosa tradicional (ainda é possível, depois de todo exame pessoal, porque o hábito nem sempre faz um monge) e sobretudo uma educação artística o mais amplamente possível: aulas de música ou dança clássica, audição de concertos, óperas e finalmente escutar a música clássica europeia que não é mais cara que a música tam-tam. Deve-se, sobretudo, se interessar nas suas próprias crianças, escutá-las e responder especialmente cada uma delas, individualmente, em conversação privada olho no olho, dar-lhes assim as melhores aulas sobre a desinformação do “mundo moderno”, as melhores lições de sabedoria e maturidade.

O Bem e o Mal, como o belo e o feio, aprende-se também em família. A família continua sendo o melhor instrumento de educação, isto é, de introdução aos costumes e crenças, e, assim, de transmissão da sensibilidade e dos gostos de uma nação.

Notas e Referências:

1. Jean-Marie Albertini, La pédagogie n’est plus ce qu’elle sera, Seuil, Paris, 1992.

2. Minh Dung Nghiem, Musique, intelligence et personnalité, ed. Godefroy de Bouillon, Paris, 1999.

3. Seccionamento da comissura, isto é, das fibras nervosas que ligam os dois lobos cerebrais.

4. Sobre a distinção entre selvagem e primitivo, ver abaixo, consequências da cultura tam-tam.

5. Georges Mathieu, Le massacre de la sensibilité, éd. Odilon Media, Paris, 1996.

6. Ver François-Marie Algoud et Désiré Dutonnerre La peste et le choléra, Marx, Hitler et leurs héritiers, éd. de Chiré, B.P. 1, 86190 Chiré-en-Montreuil.

7. Jean-Louis Harouel, Culture et contre-cultures, éd. Presses Universitaires, Paris, 1994.

Fonte: https://docgo.net/philosophy-of-money.html?utm_source=a-musica-a-inteligencia-e-a-personalidade&utm_campaign=download

Artigo original: http://salve-regina.com/index.php?title=La_musique,_l%27intelligence_et_la_personnalit%C3%A9






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