segunda-feira, 23 de julho de 2018

Hoje é dia de jejum ,Sayana ou Padma jejum de Ekadasi 16, 23/07/2018

Sayana ou Padma jejum de Ekadasi 16



Yudhishthira Maharaja disse:  "ó Keshava, qual o nome do Ekadashi que ocorre durante a quinzena clara do mês de Ashadha (jun/jul)?  Qual é a Deidade adorável para esse dia auspicioso, e qual o processo de observá-lo?"

O Senhor Sri Krishna respondeu:  "ó zelador deste planeta terreno, de bom grado contar-te-ei uma maravilhosa história que o Senhor Brahma certa vez narrou a seu filho Naradaji.

Certo dia Narada perguntou a seu pai:  "Qual o nome do Ekadashi que vem durante a parte clara do mês de Ashadha?  Por gentileza conta-me como posso observar este Ekadashi e assim agradar o Senhor Supremo, Vishnu."

O Senhor Brahma respondeu:  "ó grande orador, ó melhor de todos sábios, ó mais puro devoto do Senhor Vishnu, tua pergunta é excelente.  Não há nada melhor que Ekadashi, o dia do Senhor Hari, neste ou em qualquer outro mundo.  Ele nulifica até mesmo os piores pecados se observado corretamente.  Por esta razão vou contar-te sobre Ashadha-sukla Ekadashi.

Jejuar neste Ekadashi nos purifica de todos pecados e realiza todos nossos desejos.  Portanto, quem quer que deixe de obserar este sagrado dia de jejum é um bom candidato a entrar no inferno.  Ashadha-sukla Ekadashi também é famoso como Padma Ekadashi.  Só para agradar a Hrshikesha, o senhor dos sentidos, deve-se jejuar neste dia.  Ouça cuidadosamente, ó Narada, enquanto relato para ti uma história maravilhosa das escrituras sobre este Ekadashi.  Apenas por ouvir este relato já se destroem todos tipos de pecados, junto com todos obstáculos na senda da perfeição espiritual.

ó filho, certa vez havia um rei santo na dinastia solar cujo nome era Mandhata.  Porque sempre defendia a verdade, foi nomeado imperador.  Cuidava de seus súditos como se fossem seus próprios filhos.  Devido a sua piedade e grande religiosidade, não havia pestilência, seca, ou doença de qualquer tipo em seu reino. Todos seus súditos não só estavam livres de todos tipos de perturbaçöes mas também eram muito ricos.  O tesouro do próprio rei estava livre de dinheiro ganho por meios não-recomendados, e assim ele governou felizmente por muitos anos.

Certa vez entretanto, devido a algum pecado em seu reino, houve seca durante três anos. Os súditos viram-se atormentados pela fome.  A falta de grãos alimentícios tornava impossível para eles realizarem os sacrifícios védicos, oferecer oblaçöes a seus antepassados e semideuses, realizarem adoração ritualística, ou até mesmo estudar as literaturas védicas.  Finalmente, todos vieram diante do amado rei numa grande assebléia e disseram:  "ó rei, sempre tratas de nosso bem-estar, portanto humildemente imploramos vossa assistência agora.  Todo mundo e tudo neste mundo precisa de água.  Sem água, quase tudo se torna inútil ou morto.  Os Vedas chamam a água de nara, e porque a Suprema Personalidade de Deus dorme sobre a água, Seu nome é Narayana.  Deus faz Sua própria morada na água e ali faz Seu descanso. (1)  Na Sua forma como as nuvens, o Senhor Supremo está presente pelo céu afora e derrama a chuva, da qual crescem os grãos que mantém toda entidade viva.

ó rei, a severa seca causou uma falta de valiosos grãos; assim estamos sofrendo, e a população está diminuindo.  ó melhor governante da terra, por favor encontre alguma solução para este problema e traga-nos uma vez mais a paz e prosperidade."

O rei respondeu:  "Falais a verdade, pois os grãos são como Brahman, a Verdade Absoluta, que vive dentro dos grãos e assim sustenta todos seres.  De fato, é por causa dos grãos que o mundo inteiro vive.  Agora, porque está havendo uma terrível seca no nosso reino?  As escrituras sagradas discutem este assunto mui profundamente.  Se um rei é irreligioso, tanto ele como seus súditos sofrem.  Meditei na causa de nosso problema durante muito tempo, mas após examinar meu caráter passado e atual, honestamente posso dizer que não encontro pecado.  Ainda assim, para o bem de todos vós súditos, tentarei remediar a situação."

Pensando assim, o Rei Mandhata reuniu seu exército e séquito, prestou suas reverências a Mim, e depois entrou na floresta.  Vagou por aqui e por ali, buscando grandes sábios em seus ashramas e indagando sobre como resolver a crise em seu reino.  Afinal encontrou o ashrama de um de Meus outros filhos, Angira Muni, cuja refulgência iluminava todas direçöes.  Sentado em seu eremitério, Angira parecia um segundo Brahma.  O rei Mandhata estava muito feliz por ver esse exaltado sábio, cujos sentidos estavam completamente sob controle.

O rei imediatamente desmontou de seu cavalo e ofereceu suas respeitosas reverências aos pés de lótus de Angira Rishi.  Então o rei juntou suas palmas e orou por suas bençãos.  Aquela pessoa santa reciprocou abençoando o rei com mantras sagrados, depois perguntou-lhe sobre o bem-estar dos sete membros de seu reino. (2)

Após contar ao sábio como iam os sete membros de seu reino, o rei Mandhata perguntou sobre a felicidade do próprio sábio.  Então Angira Rishi perguntou ao rei porque empreendera tão difícil jornada na floresta, e o rei contou-lhe sobre a aflição que seu reino estava passando.  O rei disse:  "ó grande sábio, estou governando e mantendo meu reino enquanto sigo as injunçöes védicas, e assim não sei qual o motivo da seca.  Para resolver este mistério, aproximei-me de ti para tua ajuda.  Por favor ajuda-me a aliviar o sofrimento de meus súditos."

Angira Rishi disse para o rei:  "A presente era, Satya-yuga, é a melhor de todas eras, pois nessa era o Dharma se apoia nas quatro pernas. (3)  Nesta era todos respeitam brahmanas como os membros mais elevados da sociedade.  Também, todos cumprem com seus deveres ocupacionais, e apenas brahmanas duas-vezes nascidos podem realizar austeridades védicas e penitências.  Embora isto seja o padrão, ó leão entre os reis, há um shudra que ilegalmente realiza os ritos da austeridade e penitência em teu reino.  É por isso que não há chuva no teu país.  Por isso deves castigar este trabalhador com a morte, pois por assim fazer removerás a contaminação e restituirás a paz aos teus súditos."

O rei replicou:  "Como posso matar um realizador de austeridades sem ofensa?  Por favor dá-me alguma solução espiritual."

O grande sábio Angira disse:  "ó rei, deves observar um jejum no Ekadashi que ocorre durante a quinzena clara do mês de Ashadha.  Este dia auspicioso se chama Padma Ekadashi, e por sua influência abundantes chuvas certamente retornarão a teu reino.  Este Ekadashi confere a perfeição tanto aos fiéis observadores, como remove todo tipo de maus elementos, e destrói todos obstáculos na senda da perfeição.  ó rei, tu, teus parentes e teus súditos devem todos observar este sagrado jejum de Ekadashi.  Então tudo em vosso reino irá indubitavelmente retornar ao normal."

Ao ouvir estas palavras, o rei ofereceu suas reverências e depois retornou a seu palácio.  Quando chegou Padma Ekadashi, o rei Mandhata reuniu todos osbrahmanaskshatriyasvaishyas e shudras em seu reino e instruiu-os a observarem estritamente este importante dia de jejum.  Depois que o haviam observado, caíram as chuvas, assim como o sábio havia predito, e no devido tempo houve colheitas fartas e uma rica safra de grãos.  Pela misericórdia do Senhor Supremo Hrishikesha, o senhor de todos sentidos, todos súditos do rei Mandhata se tornaram extremamente felizes e prósperos.

Portanto, ó Narada, todos devem observar este jejum de Ekadashi mui estritamente, pois confere toda sorte de felicidade, bem como a liberação final, ao devoto fiel."

O Senhor Sri Krishna concluiu:  "Meu querido YudhishthiraPadma Ekadashi é tão poderoso que se pode simplesmente ler ou ouvir suas glórias e ficar completamente sem pecado.  ó Pandava, quem deseja agradar-Me deve observar estritamente este Ekadashi, que também é conhecido como Deva-shayaniEkadashi. (1)  ó leão entre os reis, quem quer que queira liberação deve regularmente jejuar neste Ekadashi, que também é o dia em que o jejum deChaturmasya principia."

Assim termina a narrativa das glórias de Ashadha-sukla Ekadasi, ou Padma Ekadasi, do Bhavishya-uttara Purana.

Notas:

(1) Dizem que três coisas não podem existir sem água:  pérolas, seres humanos, e farinha.  A qualidade essencial de uma pérola é seu brilho, e isso é devido à água.  A essência de um homem é seu sêmen, cujo principal componente é água.  E sem água, não se pode transformar farinha em massa  para depois cozinhar e comer.  As vezes a água é chamada de jala narayana, o Senhor Supremo na forma da água.

(2) Os sete membros do domínio de um rei são o próprio rei, seus ministros, seu tesouro, suas forças armadas, seus aliados, os brahmanas, os sacrifícios realizados em seu reino, e as necessidades de seus súditos.

(3) As quatro pernas do Dharma são veracidade, austeridade, misericórdia e limpeza.

(4) Deva-shayani ou Vishnu-shayani, indica o dia em que o Senhor Vishnu vai dormir com todos semideuses.  É dito que depois desse dia não se deve realizar quaisquer novas cerimônias até Devotthani Ekadashi, que ocorre durante o mês de Kartika (out/nov), porque os semideuses, estando adormecidos, não podem ser convidados para a arena sacrificial e porque o sol está viajando no curso meridional.


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sexta-feira, 20 de julho de 2018

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domingo, 1 de julho de 2018


A Necessidade da Fé
faith-connection
Satsvarupa Dasa Gosvami
Como nossa fé pode crescer, desde o interesse inicial até a convicção plena?
A fé é vital para o desempenho do serviço devocional. Krishna diz na Bhagavad-gita (9.3): “Aqueles que não têm fé neste serviço devocional não podem alcançar-Me, ó subjugador do inimigo. Portanto, eles têm de regressar ao caminho de nascimentos e mortes neste mundo material.” Srila Prabhupada escreve em seu comentário que, sem fé, não podemos atrair nem alcançar Krishna. A fé, ele diz, se desenvolve na companhia dos devotos. Sem tal companhia, não podemos adquirir fé.
Existem três graus de fé. O tipo inferior nos concede apenas a fé necessária para que busquemos a companhia dos devotos, mas não se baseia fortemente nas Escrituras ou na crença da veracidade das Escrituras para mantermo-nos nela. O segundo tipo é mais firme, e, embora não dominemos as Escrituras, cremos que é verdade o que ali se ensina. Um devoto com o mais alto grau de fé tem uma firme convicção nas Escrituras, bem como conhecimento sólido acerca delas.
Quando um praticante de sadhana, isto é, das práticas espirituais reguladas, considera a questão da fé, frequentemente assume que a possui. Entretanto, a fé é um tema vivo, e não algo que, uma vez alcançado, permanece firme sem mais esforço. Isso é especialmente verdade para aqueles de nós que crescemos em um meio onde imperava o ceticismo e onde fomos ensinados a desafiar a fé.
Consequentemente, temos que entender o que é fé e o que é a nossa fé. Além disso, dos três tipos de fé enumerados, as Escrituras definem a fé em dois patamares: inicial (sraddha), e estável (nistha). Sraddha, segundo Prabhupada, é a fé daquele que deseja entrar no templo e se sente bem assistindo ao que acontece ali. Isso parece um tipo de curiosidade favorável. Essa fé inicial é suficiente para nos levar à companhia dos devotos.
Nistha, por sua vez, significa “convicção imutável”. Prabhupada escreve que um devoto com semelhante fé sente que todos os seus desejos serão satisfeitos caso seja capaz de obter a consciência de Krishna. Nada existe de mais importante que o desenvolvimento da consciência de Krishna. Um devoto com nisthapode não ter atingido a meta, mas está fixo na convicção de sua importância e de seu valor.
O dicionário define “fé” como “crença inquestionável em Deus; crença inquestionável que não requer prova ou evidência”. A fé significa confiar em Deus: em Seus atos e em Suas promessas. Este é o tipo de fé necessária para o devoto. Embora possamos oferecer algumas provas que apoiem nossas conclusões conscientes de Krishna acerca da natureza da alma, da natureza de Deus, da transmigração da alma etc., há poucas provas empíricas para demonstrarem conclusivamente que tais coisas são reais. De uma maneira ou outra, no entanto, nos tornamos dispostos a aceitar a autoridade do guru e da escritura com base em fé, e moldamos os princípios da nossa vida em torno dos ensinamentos deles.
A Fé Empoderadora de Prabhupada
Ao examinarmos a vida de Srila Prabhupada e como propagou o conhecimento espiritual, podemos ver a fé com que contava e sua capacidade de fazer crescer a fé nos demais. É digno de menção como ele foi capaz de convencer a juventude hedonista de Nova Iorque a cantarem Hare Krishna e aceitarem a forma de Krishna como a expressão mais elevada de Deus. Depois do primeiro canto de mantras em público de Prabhupada, o jornal East Village Otherpublicou a seguinte manchete: “Salve a Terra agora, já!” No artigo, o jornalista narrou um relato sobre um grupo de teólogos que assassinaram um ancião em uma Igreja, o que motivou dizeres de que “Deus havia morrido”. O artigo dizia:
Desenterraram o corpo e se deram conta de que não era o corpo de Deus, e, sim, de seu intermediário, um religioso profissional. Rapidamente a boa nova se estendeu por todo o mundo: Deus vive! Entretanto, onde está Deus?
Uma página inteira do jornal The New York Times ofertou uma recompensa por qualquer tipo de informações que conduziria ao descobrimento do lugar onde se encontrava Deus – trato firmado por Martin Luther King e Ronald Reagan –, mas não houve resposta alguma. As pessoas começaram a se preocupar de novo. “Deus”, asseguraram alguns, “vive em um torrão de açúcar.” Outros murmuravam que o Segredo Sagrado estava em um cigarro.
Mas enquanto tudo isso se sucedia, um ancião, de setenta e um anos, caminhava pelo East Village de Nova Iorque, disposto a provar ao mundo que ele sabia onde se poderia encontrar a Deus. Em somente três meses, esse homem, Swami A.C. Bhaktivedanta, conseguiu o êxito de convencer a audiência mais difícil do mundo: boêmios, consumidores de ácido, de maconha ehippies, de que ele sabia onde encontrar Deus: desligue-se, cante e se deixe levar. Esse novo tipo de santo, com o devido respeito ao Dr. Leary, aparece com uma nova marca de “expansão de consciência” que é mais doce que o ácido, mais barata que a maconha e que não pode ser detida por nada. Como é possível? “Por meio de Krishna”, disse o Swami.
Prabhupada tinha um modo de apresentar a filosofia da consciência de Krishna que a deixava atrativa, e sua vida era fiel aos seus ensinamentos. Nós queríamos ser como ele. Prabhupada costumava dizer: “A consciência de Krishna é algo muito bom.” Nós o olhávamos e sabíamos que o que ele dizia era verdade.
Digo isso porque a fé é como o amor: não é possível analisar a fé muito de perto sem ter medo de perdê-la. Nós vivemos com os resultados da fé, praticamos o que nos é prescrito, vivemos as dificuldades no processo, e permanecemos atraídos a Krishna. E, com base na fé, fazemos perguntas ao guru, e, com fé, aceitamos suas respostas. E, com base na fé, lhe confiamos posteriormente nossa alma. Frequentemente, não sabemos o que desperta a fé em nossos corações, mas, quando o tempo, o lugar e as pessoas são adequados, somos capazes de atuar com base na fé.
Porém, como mencionei anteriormente, a fé firme não se conquista da noite para o dia.  Lembro-me dos dias em que estudei aBhagavad-gita com Srila Prabhupada e sentia crescer uma convicção dentro de mim. Sim: Krishna é Deus. Sim: a alma transmigra de um corpo a outro. Sim: nós somos eterna e constitucionalmente servos de Krishna. Então, um dia Prabhupada nos disse que Krishna teve 16.108 esposas. Essa mínima informação foi suficiente para ameaçar minha fé. Às vezes, acreditamos apenas em uma porcentagem daquilo que lemos nas escrituras, e quando nos é posto que aceitemos algo fora do nosso sistema de crenças, pode ser que esse pouco seja o suficiente para ameaçar toda a nossa prática.
Eu levantei a mão para desafiar a descrição que Prabhupada estava fazendo sobre as esposas de Krishna.
“Estou tentando aceitar a Bhagavad-gita em boa fé”, eu disse, “mas quando escuto coisas assim, eu considero difícil de acreditar.”
 Prabhupada respondeu: “Você considera difícil? Isso é considerado difícil até mesmo por parte dos eruditos mais notáveis!”
Fé e Conhecimento
Eu acredito que é importante compreender que o desenvolvimento firme de nossa fé não é menor ou inferior que o cultivo do conhecimento. Ou seja, ter fé não se opõe a fazer uso da razão, e não é sentimental. A fé é uma parte necessária, inclusive na vida material. Durante um passeio matutino com alguns devotos, Srila Prabhupada ilustrou isso:
Discípulo: Então, o conhecimento não é necessário para a fé, mas a fé, sim, é necessária para adquirir conhecimento.
Srila Prabhupada: Sim. Por isso, um devoto sem conhecimento algum se converte em devoto. Somente pela fé, e nada mais, o devoto avança. Mais adiante, de maneira automática, adquire todo o conhecimento porque tem tido uma fé firme.
Antes, durante o mesmo passeio, a um devoto que havia perguntado a ele “por que existem pessoas que têm fé e outras não”, Prabhupada respondeu que isso se deve à pureza. Outro devoto acrescentou: “O senhor quer dizer durante nossas vidas passadas e devido a nossas atividades piedosas?” Prabhupada disse que se nós temos pureza, adquiriremos mais fé e mais conhecimento. No entanto, temos que começar pela fé. “Como ele tem fé, eu lhe ajudo a adquirir o conhecimento. Mais uma vez, retornamos a esse ponto.”
Srila Prabhupada: Alguém se aproxima de mim e diz: “Prabhupada, vá por lá”. Mas eu não tenho fé. Por que teria que ir? Se não tenho fé, tenho que parar aqui, e acabou minha locomoção. Temos que manter a fé cegamente. O homem oferece sua direção. Se for perfeito, a fé que você tem ajudará você a avançar. Mas se o mestre é um canalha e você colocar nele sua fé cega, você estará perdido. A criança não tem conhecimento, porém tem fé em seus pais, e acredita no que eles lhe dizem. E é assim que a criança pode avançar.
É como a visita ao barbeiro. Você lhe oferece o pescoço, embora ele tenha na mão uma navalha. É preciso ter pelo menos esta fé: “Não. Ele é um bom homem, e não cortará a minha garganta.” Sem essa fé, como você poderia deixar que ele fizesse a sua barba? A fé é o começo. Se você dissesse: “Não! Não confio em você!”, você não poderia tirar a barba.
Discípulo: Às vezes, alguns barbeiros parecem que vão nos degolar.
Srila Prabhupada: Ele poderia fazer isso, mas temos que ter fé. Se não fosse assim, não nos barbearíamos. Suponhamos que você vai viajar para um lugar desconhecido. Pois bem. Compramos e pagamos dois mil pela passagem, mas onde está a garantia de que chegaremos ao lugar prometido? Primeiro pagamos em dinheiro, sem garantia alguma de que chegaremos lá. Como se pode comprar um bilhete e como se pode subir no avião sem fé? Sem fé não podemos nos mover nem um centímetro. A fé estar presente é algo fundamental.
Nós dizemos: “Não. Esta passagem foi emitida pela Pan Americano. É uma companhia de confiança. Muita gente a utiliza. Eu também irei.” Isto é tudo: fé. Nunca antes estivemos nesse lugar, e nem mesmo sabemos se vamos chegar nele. Mas é preciso comprar o bilhete. Se você disser: “Primeiro irei, e depois vou pagar”, eles responderão: “Fora daqui! Primeiro pague! Depois viajará”.
Discípulo: Logo que vim para este movimento,Srila Prabhupada, abri a Bhagavad-gita e disse: “Não entendo nada.” Então, fui limpar o chão, lavar os pratos e descascar batatas.
Srila Prabhupada: Sim, muito bem.Sevonmukhe hi jihvadau. Somente graças ao serviço é possível entender Deus. Não existe outro modo. E o serviço começa pela língua.
Não devemos nos deixar intimidar por alguém que diga que fé é apenas para religiosos. Todos neste mundo possuem fé; só muda em que ou em quem a fé é depositada.
Para Além de Nossa Experiência
A dificuldade que encontram os aspirantes a devotos é que a maior parte das profundidades da vida espiritual estão além de qualquer experiência que possam ter, e geralmente além de nossa experiência espiritual. Que outra coisa podemos fazer além de aceitar as verdades com base na fé? Nossa falta de fé, porém, tende a nascer da nossa falta de experiência. Por exemplo, talvez desejemos dizer que temos fé nas Escrituras, mas, ao mesmo tempo, podemos pensar que as afirmações das mesmas descrevem condições extremamente ideais, as quais nunca obteremos. Isso demonstra uma falta de fé em nós e nas afirmações das Escrituras que declaram que, sim, podemos obter tais estados.
Também podemos ter falta de fé de que a instituição possui o poder de nos elevar, ou algum outro tipo de falta de fé. Nossa fé, na maioria das vezes, pode ser mensurada. Ela não é ilimitada. Essa possibilidade de medi-la é mais fácil quando, de algum modo, ela é colocada à prova. Logo, então, podemos catalogar nossas áreas de desconfiança.
Na Bíblia, Jesus disse que a fé pode mover montanhas. Alguns tratam de provar sua fé indicando alguns supostos milagres de Deus em suas próprias vidas: o Deus que responde as suas preces. Mas isso é uma aproximação muito fruitiva de Deus, como se pedíssemos a Deus que demonstre Seu poder por meio de alguma coisa que poderia ser medida neste mundo. Em vez disso, os seguidores dos ensinamentos da Bhagavad-gita confiam simplesmente na existência de Krishna e em Seu amor para conosco. Desejamos essa confiança simples de que Krishna aceita nosso serviço – essa dimensão da fé deveria ser nossa realidade, sem levar em conta nossa prosperidade material, ou nossa falta dela. Sempre confiamos que estamos satisfazendo com nossas vidas os desejos de Krishna.
Lidando com Dúvidas
Como alcançar essa fé? Talvez pensemos que é uma fraqueza sermos honestos sobre a fé que nos falta. Mas a honestidade é o único recurso dos que tentam aumentar sua fé. Nós temos que começar por quem somos e o que podemos aceitar e fazer, e atuar a partir desse começo. Se nos recusarmos a ser honestos, desenvolveremos um tipo de fé oficial, uma fé complacente, uma fé desconsiderada. Não sentiremos esse fervor que nos conduzirá em direção à vida espiritual, senão que ficaremos sempre indo com a maré.
Se tivermos alguma consciência ou autopercepção, devemos nos perguntar: “Como estou recebendo este conhecimento? Ele me faz dormir? Ele me inspira? Eu realmente acredito nele?” A fé inicial que nos trouxe para as práticas da consciência de Krishna não deve se tornar uma memória e ser o que nos sustenta.
Diversos assuntos são motivo de dúvida para diferentes pessoas. Alguns deixaram o Movimento Hare Krishna quando Prabhupada disse que ninguém havia ido à Lua. Outros podem não ter saído, mas não conseguiram conciliar essa informação. A fé é algo que se deve trabalhar. Às vezes, revelarmos nossas dúvidas pode ajudar-nos a alcançar o equilíbrio tão esperado.
Estar Além das Dúvidas É Possível
Dúvidas não são úteis à nossa consciência de Krishna. Hayagriva Dasa escreveu uma vez um ensaio sobre o tema “dúvidas”, e Prabhupada deu este título ao ensaio: “Dúvida, o Nome Disso é Prisão”.
Ter completa fé é possível, como podemos ver em uma ocasião em que Prabhupada esteve em um encontro ecumênico com alguns padres. Um deles lhe perguntou: “Você nunca tem dúvidas?” Prabhupada respondeu: “Dúvidas? Certamente não! Como eu poderia dedicar-me a ensinar se eu tivesse dúvidas?”
Os sacerdotes ficaram chateados com essa resposta; queriam que ele admitisse suas dúvidas porque eles estavam cheios de dúvidas. Contudo, a pessoa centrada não tem dúvidas. Talvez tenhamos que reconhecer que não somos tão centrados como pensávamos.
Cultivar o Conhecimento
Um modo óbvio de combater as dúvidas e fortalecer a fé é cultivar o conhecimento. A fé combinada com o conhecimento pode nos converter de crentes inseguros a pessoas centradas em nossas convicções. Expressando nossas dúvidas e logo abrindo-nos às escrituras e às pessoas esclarecidas e íntegras, podemos encontrar por muitas vezes respostas satisfatórias. Não temos que deixar que nossas dúvidas nos intimidem.
Além disso, não devemos pensar que nossa aceitação ou recusa de certo ponto das Escrituras as validam ou as invalidam. As declarações escriturais são verdadeiras por seus próprios méritos. Prabhupada disse: “Podem crer ou não; isso é outra coisa.” Parte da fé consiste em reconhecer nossa pequenez diante da verdade.
Como disse Prabhupada, a fé começa com a língua, em suas duas funções com o canto e com comer prasada. A fé não começa com a mente, como pensa a maioria, tampouco com os olhos. Simplesmente ocupando a língua a serviço de Krishna, podemos compreender as verdades mais altas, porque desenvolver a fé não é o mesmo que desenvolver os músculos. Esforçamo-nos para conseguir, mas, em última instância, a fé é um presente de Deus. Quando provamos nossa sinceridade, Ele nos dá mais, junto com o conhecimento espiritual.
Certa vez, escrevi a Prabhupada dizendo que havia compreendido que, para entender a Bhagavad-gita, necessitava de algo mais do que erudição. O conhecimento chegaria a mim, eu disse, por meio de alguma espécie de transferência mística. Enquanto Krishna não me abençoasse, eu não seria capaz de compreendê-lo. Prabhupada respondeu: “Você é um devoto sincero, em consequência do que Krishna lhe dará inteligência para compreender a Bhagavad-gita”. Mais um ensinamento: a fé provém da sinceridade.
Contudo, não é somente algo supramundano. Incluso psicologicamente, quando atuamos em consciência de Krishna e recebemos os bons resultados de nossas práticas, estão nossos méritos, e assim sentimos o florescer da nossa fé, da confiança e da lealdade.
A experiência na consciência de Krishna inclui a prova dessa fé. A fé se prova, geralmente, nas circunstâncias mais adversas: dor, perigo, processos legais, ou nos provando a existência de maya, a energia ilusóriaNesses momentos, o devoto deve pensar: “Krishna, por que me deixa passar por isso”? Ao alcançarmos a disposição de estarmos abertos para a aceitação de que Krishna faz tudo para o nosso bem, isso significa ter superado a prova.
Entusiasmo e Fé
A fé prospera em um ambiente de entusiasmo. Sem entusiasmo, nos sentimos fracos, e a chama da devoção não arde. A fé não é somente crer em Deus, mas, sim, um interesse ativo de escutar sobre Ele. Um devoto puro quer sempre escutar e servir a Krishna infinitamente. Quanto mais entusiasmo existir em nossa fé, mais forte ela ficará. Não estamos interessados nas crenças nominais, como se nossa fé fosse uma opinião pessoal com pouca relevância em nossas vidas. Queremos uma convicção ardente.
Em consequência disso, nosso entusiasmo está baseado no amor e nos resultados que recebemos de nosso serviço. Se servimos, mas aparentemente falhamos, nosso entusiasmo não deveria esfriar. Para construir o entusiasmo, é preciso ficar na companhia de devotos que sejam entusiastas. Devemos nos situar de maneira consciente em situações que avivem nossa consciência de Krishna. A fé, como já dito, não deveria ser algo que tivemos certa vez quando aceitamos a consciência de Krishna, mas que, desde aquele dia, já não voltamos a sentir. Necessitamos chegar ao seu cerne.
Mais uma vez, podemos buscar o exemplo de Prabhupada. Ele era tão empenhado que quando decidiu difundir a consciência de Krishna e somente encontrou resistência, se mostrou mais consciente de Krishna e mais determinado. Seus êxitos e fracassos nunca esfriaram sua fé. Sempre viveu graças ao afeto que recebia de Krishna. Ele foi um exemplo, e podemos fazer o mesmo.
Tradução de Taciana Lima Magalhães.

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