terça-feira, 17 de maio de 2011

Censo mostra que aluno brasileiro ficou mais pobre



Quem somos nós?

Censo mostra que aluno brasileiro ficou mais pobre, mais velho e mais exigente na última década. Para esses estudantes alguns fatores são decisivos na hora de optar por uma graduação, e por isso devem ser conhecidos pelas instituições particulares

Felipe Falleti
Existem mais de 3,5 milhões de jovens pertencentes a famílias das classes C e D na faculdade. Esse grupo representa mais da metade dos estudantes brasileiros, que somam 5,9 milhões
Após uma grande expansão do ensino superior, iniciada nos anos de 1990, a taxa de crescimento de matrículas vem caindo gradualmente desde o final da década passada. A ampliação, que permitiu a inclusão de um número expressivo de jovens das classes C e D, hoje já não garante a manutenção das salas de aula cheias. As instituições agora devem lançar mão de outras estratégias que possibilitem continuar agregando cada vez mais alunos às fileiras da graduação.

Especialistas afirmam que o crescimento das matrículas foi sustentado, nos últimos anos, pelas faculdades privadas que apostaram em políticas de preços populares aliadas à boa localização, como proximidade de metrôs e estações de ônibus. Porém, o público-alvo dessa ação começou a se esgotar. "O movimento de inclusão das classes C e D já aconteceu. Agora, a disputa entre as instituições vai acontecer em outro nível", analisa o pesquisador Eugênio Machado Cordeiro, da Corus Educação. Ele lembra que hoje em dia, com faculdades que cobram até R$ 250 de mensalidade, praticamente todo mundo que trabalha tem a possibilidade de fazer um curso universitário.

De fato, números do instituto Data Popular indicam que a inclusão das classes C e D na universidade já chegou perto de seu limite. Em 2002, por exemplo, estas duas classes sociais representavam 44% do total de alunos nas faculdades brasileiras. Atualmente, elas representam mais de 73% dos estudantes universitários no país.

Na avaliação de Márcio Falcão, executivo do instituto Data Popular, há uma mudança de comportamento das classes populares na procura por cursos superiores. Ele afirma que é crescente o desejo entre os jovens das classes C e D, maior parte do corpo discente nas instituições hoje, por carreiras técnicas e cursos de tecnólogo, que exigem um investimento bem menor e oferecem uma perspectiva de retorno mais rápido. "Hoje em dia os estudantes tendem a preferir cursos tecnológicos aos de licenciatura, por exemplo, pois ao invés de aguardar quatro anos por um diploma, podem tê-lo em dois e já faturar reajustes em sua renda", analisa.

A opinião de Falcão é compartilhada pelo consultor Eugênio Cordeiro. Ele acrescenta que é preciso levar em conta que para as famílias das classes populares o valor da mensalidade de uma faculdade tem enorme peso no orçamento doméstico. Para Cordeiro, o momento é de demonstrar ao jovem que tipo de retorno ele pode obter com esse investimento e oferecer alternativas de ensino que permitam rápida ascensão social.

Para ambos os especialistas, esse comportamento "pragmático" das classes populares revela um caminho a ser seguido pelas instituições superiores. "Quem se preparar para atender à essa nova demanda deverá ter mais sucesso em melhorar sua taxa de matrícula e frequência na sala de aula", sugere Márcio Falcão.

Retorno anunciado
Nesse sentido, a recomendação dos especialistas é oferecer uma grade de cursos nas instituições privadas voltada para as necessidades do mercado de trabalho. "No Brasil, ainda existe uma grande distância entre o que oferecem as faculdades e o que o mercado necessita. Isso ocorre ao ponto de haver de um lado um apagão de mão de obra qualificada, em que sobram vagas não preenchidas no mercado, e do outro lado uma multidão de jovens recém-formados que não conseguem encontrar um emprego para si", avalia Falcão.

No Censo elaborado pelo MEC, essa distorção aparece claramente. Entre os cursos mais procurados estão administração e direito, respectivamente primeiro e segundo colocados da lista. "Será que o Brasil precisa mesmo de tantos administradores e advogados?", pergunta Eugênio Cordeiro.

Um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) indica que não. Enquanto sobram advogados no mercado, faltam engenheiros, matemáticos, especialistas em TI e químicos.

"As empresas de tecnologia da informação e a indústria química vivem um boom desde a descoberta do pré-sal e dos investimentos das telefônicas em redes para atender eventos como as Olimpíadas de 2016 e a Copa de 2014. Os profissionais dessas áreas são muito disputados", afirma Adalberto Pochman, da consultoria de empregos e RH da Fiesp.

Esse desequilíbrio no mercado de trabalho já reflete numa maior procura por cursos técnicos nos vestibulares. No ano de 2009, por exemplo, mostra o Censo da Educação Superior, a elevação na procura de vagas nas intituições de ensino superior do Brasil foi de 2,5%. Entre as carreiras técnicas, como TI, engenharia e química, o incremento foi de 25,5%.

Mudança de rota
Para o consultor Eugênio Cordeiro, as instituições pagam hoje o preço de terem aberto muitos cursos, em especial nas áreas de mais fácil aprovação pelo MEC, como nas carreiras humanas. "A elevação nas taxas de matrículas foi tão forte na década de 1990 que gerou certas distorções no setor. Houve grande e acelerada abertura de cursos, em especial em carreiras populares como direito e pedagogia. Quando a inclusão dos jovens das classes C e D cessou, as instituições ingressaram em uma certa estagnação. Hoje, são muitas as faculdades privadas que sofrem com inadimplência e salas vazias em todo o Brasil", diz Falcão.

O excesso de cursos superiores, fruto do movimento de acelerada expansão das universidades privadas na década de 1990, pode ser agora um problema. Pequenas instituições com até dez cursos disponíveis têm encontrado maior dificuldade para manter as salas cheias e atrair alunos. Na avaliação de Carlos Monteiro, especialista em educação da CM Consultoria, uma boa estratégia é especializar-se em algumas poucas carreiras.

"As pessoas não dizem 'quero estudar na faculdade A ou B'. Elas dizem quero ser advogado, jornalista ou dentista. Ou seja, é importante tornar-se reconhecido em algumas carreiras e isso só será possível com especialização", diz Monteiro. O consultor indica como exemplo instituições que se tornaram referência na área de gestão e administração. "Mesmo com poucas carreiras, essas instituições se constituem num sucesso", avalia.

A estratégia da especialização pode ser um recurso interessante para pequenas faculdades sobreviverem ao avanço dos grandes grupos educacionais. Segundo o Censo do MEC, há hoje 2.314 instituições de ensino superior com as portas abertas, número que, dizem os especialistas, deve diminuir sensivelmente nos próximos anos, num movimento de consolidação do setor. Para Monteiro, as mais especializadas, mesmo se forem pequenas, é que terão mais chances de sobreviver.

Ligados ao mercado
Outro recurso que pode ser utilizado no atual cenário é demonstrar que a faculdade tem ligação direta com o mercado. Cordeiro sugere acordos com grandes companhias empregadoras, parcerias em programas de trainee ou companhias que procuram estagiários. "Se a faculdade demonstrar que ajudará o seu aluno a posicionar-se bem no mercado de trabalho, então será mais atraente para os estudantes", diz.

A abertura de cursos em carreiras novas, com demandas ainda não atendidas pelo mercado de educação, é outra opção sugerida pelos especialistas. "Eu conheço muitos DJs que ganham bem mais que advogados e administradores. Então, por que não identificar cursos em carreiras novas, que tenham a ver com a vocação regional das cidades onde a instituição está localizada?", sugere Eduardo Cordeiro.

Para dar esse passo, no entanto, é preciso ter cautela e fazer uma análise aprofundada do potencial que um novo curso pode trazer para a instituição. Carreiras como webdesigner e arquitetura da informação, por exemplo, pareciam excrescências há pouco mais de dez anos, mas hoje pagam, na média, salários mais altos para jovens profissionais que muitas carreiras tradicionais, como economia ou pedagogia, por exemplo.

Lançar mão da tecnologia também se constitui numa alternativa para que as instituições possam atender a outro perfil universitário: o dos estudantes mais velhos, que normalmente possuem outros compromissos além da faculdade. Segundo o Data Popular, em 2002, a média de idade dos formandos na graduação era de 25,8 anos. Em 2009, essa média subiu para 26,3 anos.

Uma alternativa para atender alunos trabalhadores que encontram dificuldades de horário, por exemplo, já que nem sempre conseguem chegar às 19h ou sair depois das 10h30min, por conta de deslocamentos na cidade, é oferecer parte da graduação de modo on-line. Para isso, entre as inúmeras possibilidades de recursos tecnológicos existentes, o diretor de estratégia de soft­ware da TOTVS, Gilsinei Hansen, indica as ferramentas de e-learning. "Com o maior volume de estudantes-trabalhadores nas instituições, muitas escolas têm dificuldade em ministrar todas as aulas em sala, o que prejudica a composição da carga horária mínima exigida", explica Hansen.

Nos cursos presenciais, as aulas a distância são permitidas pelo MEC para até 20% da carga horária, e podem inclusive baixar algumas despesas necessárias à manutenção de uma turma em sala de aula. "O aluno pode aprender conceitos em sala de aula e, depois, fazer exercícios em casa, à noite ou nos fins de semana. As atuais ferramentas de educação a distância permitem medir em detalhes quantos estudantes fizeram os exercícios, que desempenho tiveram e melhorar a qualidade final do curso", afirma.

Medidas pontuais e de aparente resultado imediato, porém, são desaconselhadas, como a realização de sorteios ou distribuição de brindes para tentar atrair mais alunos. Para o consultor Carlos Monteiro, tal recurso tende a desgastar a imagem da instituição. "Com exceção de alguns 'presentes' que têm função educacional, como vale-livros ou acesso a seminários, os prêmios descolados do universo educacional podem contribuir para gerar uma imagem negativa para a marca, algo que pode ser interpretado como um apelo excessivo", adverte Monteiro.

O pragmático
  • Quer retorno rápido do investimento na faculdade.
  • Prefere cursos de menor duração, ou tecnológicos, que são menos teóricos e mais práticos.
Dica dos especialistas
  • Oferecer carreiras técnicas e cursos de tecnólogo, que normalmente necessitam de menor investimento e têm retorno mais rápido.


O tradicional
  • Espera uma boa colocação de trabalho, mas acaba optando por cursos tradicionais (como administração e direito), em que há saturação do mercado.
  • De acordo com o Censo 2010, a procura por vagas no ensino superior cresceu 2,5%. Entre as carreiras técnicas, como as da área de TI, engenharia e química, o incremento foi de 25,5%. Ainda assim, entre os cursos mais procurados estão administração e direito.
Dicas dos especialistas
  • Investir em cursos diferenciados, que saiam do lugar-comum e que dialoguem com o futuro do mercado profissional, como os da área de TI.
  • Buscar uma ligação com empresas e oferecer ao aluno uma ponte para o mercado de trabalho.


O maduro
  • Estudantes mais velhos, que já constituíram família e têm responsabilidades que vão além de apenas estudar.
Dica dos especialistas
  • Oferecer parte das aulas do curso no modo a distância.


Uma história como tantas
Miriam Barreto tem 26 anos e matriculou-se em 2009 pela segunda vez em um curso de administração. Dois anos antes, a jovem, que trabalha como secretária em um consultório dentário na zona leste de São Paulo, havia se matriculado em um curso de pedagogia, que frequentou por apenas oito meses. Na época, Miriam desistiu do curso por falta de dinheiro, já que seu pai perdera o emprego de motorista naquele período, o que afetou drasticamente sua renda familiar. No final do ano que vem, Miriam deve concluir a faculdade e se tornar a primeira pessoa de sua família a ter um diploma de curso superior. "Tem sido muito puxado trabalhar e estudar, mas estou firme e dessa vez não quero desistir como fiz no passado", conta a jovem.

De acordo com o último Censo da Educação Superior, existem no Brasil mais de 3,5 milhões de Mirians, jovens que pertencem a famílias das classes C e D, ingressaram na faculdade tardiamente e compatibilizam uma árdua jornada de trabalho e estudos noturnos. No total, este grupo representa mais da metade dos estudantes universitários brasileiros, que somam 5,9 milhões, de acordo com o Censo.

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sábado, 14 de maio de 2011

A indisciplina como aliada

Criança e Adolescente

A indisciplina como aliada

Ela atrapalha e incomoda, mas se for trabalhada de forma adequada pode ajudá-lo a conquistar a turma neste novo ano

Ana Paula, da Vianna Moog, em São Paulo:o
Ana Paula, da Vianna Moog,
em São Paulo: o "aluno-
problema" se tornou um
dos mais interessados
com uma dose extra de
atenção e pedidos de ajuda
na organização da sala.
Foto: Masao Goto Filho
Ano novo, novos desafios. O maior deles, provavelmente, é conquistar a turma, fazê-la produzir mais do que o esperado, criar condições para que todos aprendam. Por isso, preparamos duas reportagens para começar as aulas com o pé direito. Veja aqui sugestões para transformar o pátio num verdadeiro ambiente educativo, capaz de reduzir a agressividade dos estudantes e ajudá-los a se tornar mais participativos e menos indisciplinados, o tema desta página.

Como lidar com os grupinhos que não param de conversar e não participam das atividades? E com os que, semana após semana, deixam de fazer a lição? Sem falar nos problemas mais graves, como a falta de respeito dentro da classe, os xingamentos e, o pior, as agressões verbais e físicas. Pesquisa realizada no ano passado pelo Observatório do Universo Escolar, em parceria com o Ministério da Educação, constatou que a indisciplina é uma das causas mais apontadas pelos professores para o fracasso do planejamento inicial.

"A família não impõe limites!" "É a televisão que educa as crianças." "Eles não estão a fim de nada, não têm jeito!" Quantas vezes você já não ouviu (ou proferiu) essas frases? Não há dúvidas de que boa parte do problema passa mesmo pela família, ausente e desestruturada, pelos programas de TV, cada vez mais violentos, e pelo próprio jovem, cujo caráter ainda está em formação. Mas saber disso não resolve o problema. Nesta reportagem, são apontados três caminhos para compreender e resolver a questão: a diferença entre autoridade e autoritarismo, a importância de compreender a necessidade que o jovem tem de se expressar e as vantagens de construir pactos com a garotada (tema também da coluna de estréia de Julio Groppa Aquino). Tudo para transformar a indisciplina em aliada.

Autoridade se constrói
É impossível falar de indisciplina sem pensar em autoridade. E é impossível falar de autoridade sem fazer uma ressalva: ela não é dada de mão beijada, mas é algo que se constrói. Ou seja, ter autoridade é muito diferente de ser autoritário (leia o quadro abaixo). Dizer "não faça isso", ameaçar e castigar são atitudes inúteis. O estudante precisa aprender a noção de limite e isso só ocorre quando ele percebe que há direitos e deveres para todos, sem exceção.

Um professor autoritário...Um professor com autoridade...
...exige silêncio para ser ouvido;...conquista a participação com atividades pertinentes;
...pede tarefas descontextualizadas;...mostra os objetivos dos exercícios sugeridos;
...ameaça e pune;...escuta e dialoga;
...quer que a classe aprenda do jeito que ele sabe ensinar;...procura adequar os métodos às necessidades da turma;
...não tem certeza da importância do que está ensinando;...valoriza o conteúdo de sua disciplina na construção do conhecimento;
...quer apenas passar conteúdos;...adapta os conteúdos aos objetivos da educação e à realidade do aluno;
...vê o aluno como um a mais....vê o aluno como um ser humano.
Ana Kennya Félix, que leciona Língua Portuguesa na Escola Crescimento, em São Luís, dá uma boa amostra de como fazer isso. Certo dia, ela encontrou sua classe de 7ª série em pé de guerra por causa de uma discussão entre os meninos. Um deles desafiou-a a "botar moral". Calmamente, ela pediu que todos se sentassem e deu início a uma conversa sobre o sentido de "moral" (no caso, ordem). "Eles não esperavam esse encaminhamento e o debate serviu para a gente pensar sobre os limites de nossos atos", constata a professora.

Um dos obstáculos mais frequentes na hora de usar o mau comportamento a favor da aprendizagem é uma atitude comum a muitos professores: encarar a indisciplina como agressão pessoal. "Não podemos nos colocar na mesma posição do jovem", adverte Julio Aquino, professor de Psicologia da Educação na Universidade de São Paulo (USP). Quando a desordem se instala, diz ele, é fundamental agir com firmeza. Como fazer isso? Não há fórmulas prontas, mas um bom caminho é discutir o caso com os envolvidos e aplicar sanções relacionadas ao ato em questão.

Maria Isabel, do Albert Sabin, em São Paulo: as aulas expositivas deram lugar a peças de teatro e a turma que gostava de bagunça logo começou a participar mais. Foto: Rogério Albuquerque
Maria Isabel, do Albert Sabin, em São Paulo: as
aulas expositivas deram lugar a peças de teatro
e a turma que gostava de bagunça logo começou
a participar mais. Foto: Rogério Albuquerque
O professor precisa desempenhar seu papel o que inclui disposição para dialogar sobre objetivos e limitações e para mostrar ao aluno o que a escola (e a sociedade) esperam dele. Só quem tem certeza da importância do que está ensinando e domina várias metodologias consegue desatar esses nós. Maria Isabel Fragoso, professora de História do Colégio Albert Sabin, em São Paulo, sabe que sua disciplina requer muitas aulas expositivas. Mas ela notou que não conseguia atenção suficiente ao falar diante do quadro-negro. A saída foi propor à garotada a criação de encenações sobre alguns períodos históricos. Resultado: o desinteresse e a bagunça logo se transformaram em mais concentração.
Bagunça ou inquietação?

Cintia Copit Freller, professora de Psicologia Escolar do Instituto de Psicologia da USP, nos ajuda a compreender essa pergunta. "A indisciplina é uma das maneiras que as crianças e os adolescentes têm de comunicar que algo não vai bem". Por trás de uma guerra de papel podem estar problemas psíquicos ou familiares. Ou um aviso de que o estudante não está integrado ao processo de ensino e aprendizagem. Cerca de 95% dos casos atendidos pelo Serviço de Orientação à Queixa Escolar, coordenado por Cintia, são resolvidos na própria classe. O truque é transformar a contestação em aliada, dando atenção ao jovem e ajudando-o a entender o que o incomoda.

De maneira geral, as escolas consideram rebeldia as transgressões às regras de convivência ou a não adequação a um modelo ideal seja em relação ao ritmo de aprendizagem (bom é quem aprende rápido) seja em relação ao comportamento (só queremos os obedientes). O primeiro passo é tomar consciência de que a inquietação é inerente à idade e faz parte do processo de desenvolvimento e de busca do conhecimento. O segundo, aceitar as diferenças. "A adolescência, em especial, é a fase de descobrir e de testar limites", diz o psicólogo português Daniel Sampaio, autor de Indisciplina: Um Signo Geracional.

Ok, a contestação é natural em crianças e jovens, mas como lidar com ela? Ana Paula Gama, regente de uma turma de 4ª série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Vianna Moog, em São Paulo, conta o que fez para "domar" um garoto tido como o terror em pessoa. "Augusto*, então com 12 anos, era conhecido desde a 1ª série como agressivo e desinteressado. A mãe freqüentemente assistia às aulas a seu lado e ajudava nas lições de casa. Tudo em vão", lembra a professora.

Ana Paula começou a pedir ajuda na arrumação da sala e na distribuição e recolhimento de material. Em pouco tempo, ele tomou a iniciativa de abandonar as carteiras do fundão e a sentar-se na frente. Passou a prestar atenção, a freqüentar as classes de reforço e a oferecer-se para executar as mais variadas tarefas. "Ela incentivou o lado bom do estudante, mostrou que ele pode ser útil", analisa Cintia Freller. Só com carinho e atenção, Ana Paula fez com que Augusto superasse o estigma de aluno-problema.

Cely, da Ciro Pimenta, em Belém: achar o foco de interesse do aluno foi a chave para integrá-lo. Foto: Carlos Silva
Cely, da Ciro Pimenta, em Belém:
achar o foco de interesse do
aluno foi a chave para integrá-lo.
Foto: Carlos Silva
"Quando há relacionamento afetuoso, qualquer caso pode ser revertido em pouco tempo", afirma Tânia Zagury, psicóloga e pesquisadora em educação. Ana Cely Monteiro da Silva, da Escola Municipal Ciro Pimenta, em Belém, precisou de apenas três meses para incluir Márcio* na turma de 2ª série. Com 13 anos, ele não tinha amigos, ameaçava os colegas e se dizia "do mal". Faltava muito e, quando aparecia, contestava tudo.

Cely sabia que o problema estava em casa. Por ocasião do Dia dos Pais, ela decidiu trabalhar um texto sobre relacionamento familiar. Na hora do debate, Márcio expôs o próprio drama: pai desempregado, alcoólatra e violento. "Ele tinha bom vocabulário e gostava de expor suas idéias", lembra a professora. O passo seguinte foi elogiar as colocações do menino e propor discussões sobre outros temas. Ao ver seus interesses contemplados na classe, o jovem se tornou assíduo e participativo. "Aliar as necessidades de ensino-aprendizagem às preferências da turma é uma estratégia que sempre dá certo", garante Nívea Maria de Carvalho Fabrício, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

Contrato pedagógico
Finalmente, chegamos ao contrato pedagógico. Como todos os acordos que celebramos na vida (aluguel, casamento etc.), este também é um pacto com aspirações e obrigações. Como escreve Julio Aquino, não se trata de definir o que não é permitido fazer na sala de aula e na escola, mas de abrir um diálogo entre professor e alunos para estabelecer o que é bom para todos e aqui, o exemplo de uma escola talvez não sirva para outra.

Anna, da Crescimento, em São Luís: o diálogo como forma de mostrar autoridade e discutir valores e ética. Foto: Meireles Júnior
Anna, da Crescimento, em São Luís: o diálogo como
forma de mostrar autoridade e discutir valores e ética.
Foto: Meireles Júnior
"É nossa função dizer à turma tudo o que cabe a ela para facilitar o ensino", diz. "Em contrapartida, devemos mostrar empenho em fazer todos aprenderem. Só assim os jovens encontram sentido nos conteúdos e participam mais."

Com responsabilidade, todos devem dizer o que querem e o que não querem que aconteça neste ano letivo que se inicia. Vale a pena redigir essa carta de intenções. Pode chamar de contrato mesmo, ou de combinado. As regras podem valer para o ano todo ou para uma atividade específica. Como em todo diálogo, esse também pressupõe a possibilidade de rever posições, se necessário. Assim, todos vão incorporar e cumprir as normas de conduta. E a indisciplina, que antes incomodava, se transforma numa grande aliada.

Os especialistas e o nó da disciplina
Foto: Giselle Rocha"A escola precisa quebrar o círculo vicioso e instalar o benigno, ressaltando as qualidades do jovem e mostrando que ele pode ter liderança positiva"
Cintia Copit Freller, do Serviço de Queixa Escolar da USP
Foto: Giselle Rocha"Encontrar o centro de interesse da turma como um todo é uma excelente estratégia para integrar os jovens no processo de aprendizagem"
Nívea Maria Fabrício, da Associação Brasileira de Psicopedagogia
Foto: Paulo Jares"Quando há relacionamento de afeto e um professor atencioso, qualquer caso pode ser revertido em pouco tempo"
Tânia Zagury, psicóloga e pesquisadora em Educação
Como enfrentar os "rebeldes"
Esqueça a imagem do aluno "ideal";
Observe a criança e o grupo com atenção;
Procure criar situações, com histórias ou brincadeiras, que levem a turma a refletir sobre o comportamento de um ou mais colegas, sem expô-los;
Converse com os que atrapalham a aula, ouvindo suas razões;
Não abra mão do objeto de seu trabalho, que é o conhecimento;
Não rotule o aluno, em hipótese alguma;
Diferencie as aulas, evitando rotinas;
Esclareça as conseqüências para a aprendizagem das atitudes consideradas inadequadas;
Lembre-se de que os conteúdos podem ser atitudinais, e não apenas factuais e conceituais.
Quer saber mais?
Serviço de Orientação à Queixa Escolar do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, bl. D, CEP 05508-900, São Paulo, SP, tel. (11) 3818-4172

BIBLIOGRAFIA
Adolescência na Escola
, Margarete Parreira Miranda, 223 págs., Formato Editorial, tel. (31) 3413-1720, 14,90 reais
Histórias da Indisciplina Escolar, Cintia Copit Freller, 251 págs., Casa do Psicólogo Editora, tel. (11) 3062-4633, 30 reais
Indisciplina na Escola Alternativas Teóricas e Práticas, Julio Groppa Aquino (org.), 148 págs., Summus Editorial, tel. (11) 3872-3322, 21,30 reais
(In)Disciplina, Escola e Contemporaneidade, Maria Lúcia M. Carvalho Vasconcelos (org.), 259 págs., Ed. Mackenzie, tel. (11) 3236-8666, 15 reais
Indisciplina: Um Signo Geracional, Daniel Sampaio, publicação do Instituto de Inovação Educacional do Ministério da Educação de Portugal, disponível no site www.iie.min-edu.pt/biblioteca/ccoge06/



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domingo, 8 de maio de 2011

A origem do dia das mães.

A mais antiga comemoração dos dias das mães é mitológica. Na Grécia antiga, a entrada da primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses.

O próximo registro está no início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era chamado de "Mothering Day", fato que deu origem ao "mothering cake", um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festivo.

Nos Estados Unidos, as primeiras sugestões em prol da criação de uma data para a celebração das mães foi dada em 1872 pela escritora Júlia Ward Howe, autora de "O Hino de Batalha da República".

Mas foi outra americana, Ana Jarvis, no Estado da Virgínia Ocidental, que iniciou a campanha para instituir o Dia das Mães. Em 1905 Ana, filha de pastores, perdeu sua mãe e entrou em grande depressão. Preocupadas com aquele sofrimento, algumas amigas tiveram a idéia de perpetuar a memória de sua mãe com uma festa. Ana quis que a festa fosse estendida a todas as mães, vivas ou mortas, com um dia em que todas as crianças se lembrassem e homenageassem suas mães. A idéia era fortalecer os laços familiares e o respeito pelos pais.

Durante três anos seguidos, Anna lutou para que fosse criado o Dia das Mães. A primeira celebração oficial aconteceu somente em 26 de abril de 1910, quando o governador de Virgínia Ocidental, William E. Glasscock, incorporou o Dia das Mães ao calendário de datas comemorativas daquele estado. Rapidamente, outros estados norte-americanos aderiram à comemoração.

Finalmente, em 1914, o então presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson (1913-1921), unificou a celebração em todos os estados, estabelecendo que o Dia Nacional das Mães deveria ser comemorado sempre no segundo domingo de maio. A sugestão foi da própria Anna Jarvis. Em breve tempo, mais de 40 países adotaram a data.

"Não criei o dia das mães para ter lucro"

O sonho foi realizado, mas, ironicamente, o Dia das Mães se tornou uma data triste para Anna Jarvis. A popularidade do feriado fez com que a data se tornasse uma dia lucrativo para os comerciantes, principalmente para os que vendiam cravos brancos, flor que simboliza a maternidade. "Não criei o dia as mães para ter lucro", disse furiosa a um repórter, em 1923. Nesta mesmo ano, ela entrou com um processo para cancelar o Dia das Mães, sem sucesso.

Anna passou praticamente toda a vida lutando para que as pessoas reconhecessem a importância das mães. Na maioria das ocasiões, utilizava o próprio dinheiro para levar a causa a diante. Dizia que as pessoas não agradecem freqüentemente o amor que recebem de suas mães. "O amor de uma mãe é diariamente novo", afirmou certa vez. Anna morreu em 1948, aos 84 anos. Recebeu cartões comemorativos vindos do mundo todos, por anos seguidos, mas nunca chegou a ser mãe.

Cravos: símbolo da maternidade

Durante a primeira missa das mães, Anna enviou 500 cravos brancos, escolhidos por ela, para a igreja de Grafton. Em um telegrama para a congregação, ela declarou que todos deveriam receber a flor. As mães, em memória do dia, deveriam ganhar dois cravos. Para Anna, a brancura do cravo simbolizava pureza, fidelidade, amor, caridade e beleza. Durante os anos, Anna enviou mais de 10 mil cravos para a igreja, com o mesmo propósito. Os cravos passaram, posteriormente, a ser comercializados.

No Brasil

O primeiro Dia das Mães brasileiro foi promovido pela Associação Cristã de Moços de Porto Alegre, no dia 12 de maio de 1918. Em 1932, o então presidente Getúlio Vargas oficializou a data no segundo domingo de maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determinou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica.

 


 Texto compilado das seguintes fontes

- Pesquisa de Daniela Bertocchi Seawright para o site Terra,
 http://www.terra.com.br/diadasmaes/odia.htm
 Fontes / Imagens:
 · Norman F. Kendall, Mothers Day, A History of its Founding and its Founder, 1937.
 · Main Street Mom
 · West Virginia Oficial Site

- O Guia dos Curiosos - Marcelo Duarte. Cia da Letras, S.P., 1995.
 - Revista Vtrine - artigo - Abril, S.P., 1999



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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Da Guedes - Minha Cultura



De: | Criado em: 07/01/2008
Gravado em 1999 no dia da consciência negra em Porto Alegre, onde tinha mais de 30.000 pessoas no "Largo Glênio Peres" Clipe Dirigido por Chico - TGD Filmes.


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Trigueirinho

 



Trigueirinho Neto


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
José Hipólito Trigueirinho Netto, conhecido como Trigueirinho Netto ou simplesmente Trigueirinho, (São Paulo, 1931) foi roteirista, diretor e produtor cinematográfico brasileiro. Depois de realizado seu único filme, Trigueirinho abandonou o cinema e tornou-se líder espiritual, tendo publicado mais de 70 livros desde então (alguns dos quais traduzidos para os idiomas espanhol, inglês e francês).
Começou na Companhia Vera Cruz, como assistente de Alberto Cavalcanti. Com bolsa de estudos do Instituto Cultural Italo-Brasileiro, estudou no Centro Sperimentale de Cinematografia, em Roma, onde viveu de 1953 a 1958.
Síntese de Trajetória
Trigueirinho fundou, no início dos anos 80, uma comunidade espiritual chamada “Comunidade de Nazaré”, instalada no município de Nazaré Paulista, interior de São Paulo. No final da década fundou a comunidade de Figueira, centro espiritual localizado na área rural da cidade mineira de Carmo da Cachoeira.

 Fontes para Consulta

  • Trigueirinho - sítio web oficial [1]
  • Irdin Editora - [2]


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QUANDO A ESCOLA NÃO É UM PARAÍSO

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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Fundamentos de Antropologia e Sociologia


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RELIGIÃO

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