segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Métodos de Alfabetização. Método Global x Método Fônico


04/12/2015
Os métodos de alfabetização podem ser divididos em 2 grandes grupos: métodos sintéticos e métodos analíticos. 

Métodos Sintéticos

Os Métodos sintéticos consideram das partes para o todo, privilegiam as correspondência fonográficas, para este grupo de método, propõe-se um distanciamento da situação e do uso do significado, para a promoção de estratégias de analises do sistema de escrita, espera-se que criança primeiramente aprenda  a codificar e decodificar o código alfabético para depois compreender o texto.

 Esta vertente compreende:

  • Método alfabético – que toma como unidade a letra;
  • O método fônico – que toma como unidade o fonema
  • O Método Silábico -que toma como unidade um segmento fonológico mais facilmente pronunciável, a sílaba. (Aqui devemos ressaltar que  o nosso código de escrita é alfabético e sua menor unidade é o fonema e não a sílaba)
O Método Sintético consiste em sintetizar sequências, dados ou átomos componentes. O método de recitação do bê-a-bá encaixa-se nesse tipo. Mostrar primeiro as letras e ensinar suas correspondências com sons e depois ensinar a compor com elas as sílabas e palavras.

Método Analítico

OS MÉTODOS ANALÍTICOS  partem do todo para as partes e procuram romper radicalmente com o principio da decifração. São conhecidos como método global,  o da sentenciacão e o de palavração.
Assim nesta metodologia global espera-se que o processo de imersão, tomando como unidades a palavra, a frase e o texto, as crianças possam realizar posteriormente uma analise de unidades menores da língua.
Este parte das sequências completas, sendo a tarefa da criança analisar e identificar os átomos.
Mostrar primeiro palavras ou frases e ensinar a identificar nelas as unidades componentes as letras e os sons que lhes correspondem.

Os 4 Métodos Sintéticos

Pesquisas históricas permitem supor que os primeiros métodos utilizados na alfabetização eram os sintéticos. Vários são usados até os dias de hoje. Métodos sintéticos pressupõe que a compreensão do sistema de escrita se da sintetizando – juntando unidades menores relacionando a fala com a representação escrita. Dependendo do método esta unidade pode ser a letra, a silaba ou o fonema, que se juntam para formarem as palavras o que leva a decodificação  ou decifração (Frade 2005 ).

Método Alfabético

ABC da Infância: primeira coleção de cartas para aprender a ler. 107 ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1956.
ABC da Infância: primeira coleção de cartas para aprender a ler. 107 ed. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1956.
Segundo Frade (2005), este é o mais antigo entre métodos sintéticos usados no Brasil, consiste em agrupar as letras do alfabeto formando as silabas ou partes destas que formariam as palavra.
Os aprendizes teriam que decorar o alfabeto letra por letra para depois formarem as sílabas ou outro seguimento das palavras, para depois compreenderem que estes poderiam se transformar em palavras.
Depois criou se a soletração, as crianças decoravam as combinações e cantavam (be-a-ba, be-e-be, etc.) e soletrando para tentar decifrar a palavra bolo: “be-o-bo, ele-o-lo = bolo”.
Este recurso era muito penoso, tente imaginar a abstração necessária ao aprendiz, para retirar o excesso de sons na palavra que se soletra assim: “bê-a-ba, ene-a-na, ene-a-na = banana”.

Métodos Fônicos

O Método Fônico parte do principio de que é necessário ensinar as crianças as relações entre Grafemas e fonemas ( letras e sons), para que se relacione a palavra falada com a escrita. No método fônico sua unidade mínima é o Fonema.
No método fônico ensina-se primeiro as vogais suas formar e seus sons. Depois as consoantes, começando pelas consoantes fricativas nas suas formas regulares, aqueles que podem ter seu som prologado (F, G, J, Z,X e as nasais  M , N).
Cada letra é aprendida como um som e juntando este som com outro CVC (consoante/vogal ou vogal/vogal) pode formar silabas e palavras. Aprender a relação grafem/fonema é o principal objetivo.
Para Frade 2005, O Método fônico traz algumas vantagens e desvantagens. Nos casos em que realmente há uma correspondência direta entre um fonema e sua representação escrita, os aprendizes irão decifrar rapidamente, desde que entendam esta relação  e decorem as correspondência, estas correspondência direta seriam  p e b, v e f, t e d. Estas letras representam apenas um fonema e mais nenhum outro, não oferecendo maior dificuldade na decodificação e codificação.
No nosso alfabeto temos 28 letras e 32 fonemas, algumas letras podem representar mais de um som (fonema) ou pode sofrer variação na pronuncia ou nuanças dependendo da região do pais. Por exemplo a letra Scorresponde a diferentes fonemas, conforme sua posição na palavra (sapato, casa) ou o fonema pode ser representado por outras letras como  o som de /S/ em Cenoura, laço e dígrafos como  assar, descer, excelente. Para Frade 2005, nestas condições o principio da relação direta da fala com a escrita não se aplica a maioria dos casos.
Para resolver este problema foram criados variações do método fônico, o que difere um modelo de outro é  maneira de apresentar os fonemas: a partir de uma palavra significativa, uma palavra vinculada a uma imagem, que visava representar uma onomatopeia (por exemplo uma mangueira jorrando agua , que tinha o formato da letra J), parte de figuras de animais ou pessoas produzindo determinados sons e as palavras-chave, dando ênfase ao som inicial. Outras variantes apelam para a via auditiva para depois codificar cada som e sua relação fonema/grafema.
Aplicações mais recente do método fônico preconizam a apresentação das vogais e, depois, as consoantes, com blocos de atividades especificas a serem apresentadas após a exposição de cada som, a repetição do seu nome e seu som. Por exemplo no livro Método Fônico  (CAPOVILLA & SEABRA, 2007) trabalha com blocos de atividades para cada letra com palavras e lacunas a serem completadas com a letra que está sendo trabalhada.
Segundo  (CAPOVILLA & SEABRA, 2007)  o método fônico deve ser introduzido de modo gradual com complexidade crescente, as letras devem ser introduzidas sempre enfatizando a relação grafema/fonema. Para os autores é fundamental apresentar as crianças o nome e sons das letras, pedindo para que elas repitam em voz alta.
O Método Fônico apresentado pelo Prof. Carlos Nadalin, sob a supervisão do Prof. Luiz Carlos Faria da Silva e José Morais[Link Luiz e Morais] é feito um trabalho de consciência fonológica,  quando somente no final do Curso é apresentado para as crianças o alfabeto e suas relação grafema fonema, perfazendo todo um percurso pela via auditiva.
Como dito anteriormente no método fônico se inicia a apresentação das letra pela vogal A, apresentando suas varias  formas de escrita (maiúscula, minúscula, bastão e cursiva)
Letra A
Como dito anteriormente no método fônico se inicia a apresentação das letra pela vogal A, apresentando suas varias formas de escrita (maiúscula, minúscula, bastão e cursiva)
O autor sugere que apresente para a criança figuras de objetos que tem seu som inicial relacionado com a letra a ser trabalhada: Amendoim, ovo, abridor, abajur, fosforo, gravata… Conforme a ilustração.
Método Fônico Capovilla
Exemplo de Aividades do Livro Alfabetização Fônica ALESSANDRA GOTUZO SEABRA CAPOVILLA,FERNANDO CESAR CAPOVILLA
Uma outra atividade é pedir para que o aluno complete as palavras:
Atividades para completar - Método Fônico Capovilla
Atividades para completar – Método Fônico Capovilla
Atividades como formas geométricas com palavras escrita dentro destes e pedir que o aluno pinte a figura que contem a palavra que inicia coma letra que está sendo trabalhada.
Metodo Fonico Capovilla
Nesta Atividade a Criança deve pintar o coração cuja palavra começa com a vogal A.

Método Silábico

Método silábico integra os métodos sintéticos, que vai da parte para o todo, a silabação. No Método silábico, a principal unidade a ser trabalhada com a criança é a sílaba. Em varias cartilhas o trabalho inicial se concentra nas vogais e seu encontros com as demais letras do alfabeto, também partindo do mais simples par ao mais complexo.
As palavras são trabalhadas sistematicamente em famílias silábicas, o método permite que se formem palavras apenas com as silabas apresentadas anteriormente, formando posteriormente pequenos textos e frases.
Veja abaixo um exemplo da Cartilha Caminho Suave:
Cartilha Caminho Suave
LIMA, Branca Alves de. Caminho Suave. 76ªed., São Paulo: Editora Caminho Suave, 1974.
Cartilha Sodré trabalhava mais de uma silaba em cada lição, tendo em comum com as outras cartilhas textos que procuram enfatizar as silabas a serem trabalhadas.
Exemplo de lição da Cartilha Sodré,
Exemplo de lição da Cartilha Sodré, de Stahl Sodré,SODRÉ, Benedita Stahl. Cartilha Sodré. 230ªed., São Paulo: Cia Ed. Nacional, 1965.
No método silábico acredita-se que ele é um facilitador da aprendizagem, é que quando falamos pronunciamos sílabas e não sons separados, assim suprime a necessidade do aluno transformar letra ou fonemas em silabas, como no método da soletração (alfabético) ou no fônico.
A consciência de silabas a criança aprenderá com muita facilidade, isso não quer dizer que as instruções fônicas, a consciência fonêmica com instruções explicitas deve ser ignorado (FRADE, 2005).

Seabra AG, Capovilla FC. 2010 relatam em suas observações que:

Apesar das criticas ao método fônico por parte dos defensores dos métodos analíticos,  em especial o método global, métodos que partem do todo para as partes, estudos recentes reforçam  eficácia do método fônico, portanto, no Brasil estes estudos são ignorados e combatidos, tanto na graduação quanto na pós-graduação e o método global é difundido como eficaz e moderno.
Estudos tem evidenciado a superioridade do método fônico, Gersten et al relatam os benefícios de longo prazo em uma alfabetização com instruções fônicas, os benefícios foram evidenciados em termos de menor repetência ao logo das series escolares e maior aceitação no ensino superior.
A decodificação fonológica proporciona ao aluno o autoensino, após dominar a está habilidade básica de decodificação é pré-requisito  para com a pratica se tornar um leitor  autônomo fluente.

Métodos Analíticos

Estes métodos partem do todo para as partes, estes métodos priorizam a compreensão, trabalham dom diversos pressupostos.  Frade 2005 destaca 5 pontos comuns entre os defensores dos métodos analíticos:
  •  a linguagem funciona como um todo; 
  •  existe um princípio de sincretismo no pensamento infantil: primeiro percebe-se o todo para depois se observar as partes; 
  • os métodos de alfabetização devem priorizar a compreensão;
  •  no ato da leitura, o leitor se utiliza de estratégias globais de reconhecimento;
  •  o aprendizado da escrita não pode ser feito por fragmentos de palavras, mas por seu significado, que é muito importante para o aprendiz;
  •   a escola tem que acompanhar os interesses, a linguagem e o universo infantil e, portanto, as palavras percebidas globalmente também devem ser familiares e ter valor afetivo para a criança.
Vemos, então, por que os métodos analíticos priorizam como unidade a palavra, a frase ou o texto.

 Método Global

No método global  ou ideovisual, pressupõe que aquisição da leitura e da escrita se dê pela identificação visual da palavra. Apesar de haver outros métodos analítico , como  o de:
  • palavração
  • Sentenciação
O global ou ideovisual é o mais difundido, desenvolvido provavelmente no século XVII.
Esta metodologia pressupõe que é mais fácil ensinar a palavra como um todo, sem focalizar unidades menores, pressupõe que a forma global das palavras forneça dicas importantes aos leitores iniciais.
Para os defensores do método global, o conhecimento da relação grafema/fonema seria adquirido naturalmente pelo aprendiz, após o reconhecimento total da palavra estar estabelecido.
Nas concepções de Bem Goodman e Frank Smith, considera-se que a aquisição da leitura  e da escrita só pode ocorrer  a partir de unidades que sejam significativas à criança.
Em geral métodos globais ou ideovisuais partem de unidades como:
  • palavras;
  • textos;
  • parágrafos;
  • sentenças (frases);
  • ou palavras-chave (como o método Paulo Friere).
A partir destas unidades maiores espera-se que o aprendiz chegue a compreensão de unidades menores sem a necessidade de uma instrução explicita.

Seabra AG, Capovilla FC. 2010 Elencam alguns dos princípios do método global:

  • A leitura é compreendida como atribuição de sentido e interação entre o leitor e texto; a leitura não deve ser focada na decifração;
  •  A leitura é um “jogo de adivinhação psicolinguística“21. As crianças devem ser estimuladas a adivinhar o que está escrito a partir de pistas contextuais;
  •  A aprendizagem da leitura deve ocorrer a partir de unidades maiores que sejam significativas para a criança (palavras, sentenças, textos), com incentivo à associação direta entre palavras e significados.

Método de palavração e de Sentenciação

Método de palavração enfatiza a palavra,  neste método a palavra é decomposta em silabas,
neste método se difere do método silábico, as palavras são aprendidas globalmente, as palavras são trabalhadas em contexto, não obedece ao principio do mais fácil para o mais difícil. O  importante é que a palavra tenha significado para o aluno.
Neste método as crianças aprendem a reconhecer as palavras pelas visualização e pela sua forma gráfica. Defendem a memorização da palavra. São apresentado as crianças figuras com as palavras correspondentes  para facilitar a memorização.
Presenta como principal desvantagem as dificuldades para reconhecer palavras novas.
No Método de sentenciação, a unidade é a sentença , que depois de reconhecida globalmente e compreendida é decomposta em palavras e depois em silabas.

Método Global  de contos

Neste método a unidade tomada como partida é o texto, cada lição é composta por um texto completo, parte do reconhecimento global do texto que memorizado e “lido” durante um período, para o reconhecimento de sentenças , seguido do reconhecimento de expressões, de palavras, e finalmente de sílabas.
O processo se seguia por várias lições, depois de um convívio maior com o texto é que viria a fragmentação deste em frases e posteriormente a palavração da 1ª lição, evitava-se chegar de forma abrupta  a unidades menores ou sem sentido para o aluno.
Este tipo de aprendizagem analítica tem foco na memorização global, pode possibilitar que o aluno leia palavras conhecidas com rapidez. Porém se o aluno não aprender a decodificar não poderão ler palavras novas ou saber se o aluno esta lendo ou apenas recitando palavras e textos decorados ( Frade 2005). 

Abaixo as criticas  de 4 especialistas aos métodos globais:

José Morais refuta fortemente este pressuposto de que a criança é capaz de adquirir naturalmente a relação entre grafema fonema em seu livro Criar Leitores,
e ainda ironiza está abordagem: 
É Impossível imaginar que a criança aprenda por si só a chave do enigma e  imaginar que haja alguém que defenda que  aprendizagem da leitura não necessita de ensino, argumentando que a criança,  senhora de uma inteligência ativa, construtora de hipóteses, rapidamente descobre, sem ajuda de professor, qual é o elo que liga o alfabeto à fala. Na verdade esse elo é altamente abstrato. (Moraes, 2013 pg 31).
Ou em seu livro Os neurônios da leitura:
Convenhamos, se a criança tiver que decorar todas as palavras do nosso vocábulo ela sofrerá uma sobrecarga cognitiva, ocorre uma leitura com dificuldade, mas não compreenderá o que lê,
o tipico analfabeto funcional.
O método global apesar da sua difusão e quase unanimidade no Brasil, em outros países esta metodologia foi erradicada depois de amargar frequentes fracassos na alfabetização.
Para Capovilla e Seabra (2010) o MEC institucionalizou a desorientação da alfabetização e descarrilhou de vez a população escolar brasileira, fazendo-a perder de vez o rumo da história. Enquanto Inglaterra, Estados Unidos, Austrália, Finlândia e França entre tantos outros, já reconheceram estas evidências e recomendaram o método fônico em suas diretrizes oficiais.

Entre os métodos fônicos Brasileiros Podemos Citar:

As Aventuras de VIVI de Leonor Scliar-Cabral
Instituto Alfa e Beto
Citei apenas os Métodos acima, pois, foram estes os recomendados pelo Prof. Luiz Carlos faria da Silva, autoridade em alfabetização, em conversa que tive com ele, segundo ele estes são os
melhores métodos fônicos encontrado hoje no Brasil e que o Curso Ensine Seu Filho a Ler do Prof. Carlos Nadalin hoje é o melhor e mais bem elaborado.

Cito abaixo parte da conversa que tivemos:

Veja a entrevista com o Prof. Luis Carlos Faria da Silva.

[…] Quais são os resultados das tomadas de decisões nas escolas hoje? Os resultados são bons? São Favoráveis?
Não são.
Então nós temos que assumir esta responsabilidade.
Hoje no Brasil, nós temos pouquíssimos materiais de alfabetização sequenciados, materiais completos com exercícios bem sequenciados, para treinar todas as habilidades necessárias e capacidades cognitivas e organizado conforme os bons princípios da pedagogia.
Temos poucos materiais que se enquadram nesta caracterização […]
Ele citou para mim 3 ou 4 materiais fônicos, segundo ele o melhor material, o material e o percurso que é mais rico hoje no Brasil e contempla de forma mais bem fundada, tanto as exigências da pedagogia eficaz quando as exigências de um conhecimento aprofundado e atualizado do lado linguístico do desafio, quanto lado cognitivo do desafio é o material do Prof. Carlos Nadalin, ele está avançando muito em relação aos outros materiais disponíveis.

No link abaixo uma pequena amostra de seu trabalho:

download

RESUMO DA ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL


metodos-de-alfabetizacao-metodo-fonico
Referências:

CAPOVILLA, Fernando; SEABRA, Alessandra G. Alfabetização: Método Fônico. 5.ed. São Paulo: Memmon, 2010.


FRADE, Isabel Cristina A. S. Métodos e didáticas de alfabetização: história, características e modos de fazer de professores. Caderno do Formador, Belo Horizonte: Ceale/FaE/UFMG, 2005.
FREITAS, PATRICIA GOMES DE . UM OLHAR SOBRE O MÉTODO FÔNICO. Londrina, 2011.  Disponível em: http://www.uel.br/ceca/pedagogia/pages/arquivos/PATRICIA%20GOMES%20DE%20FREITAS.pdf . Acesso em: 13 out. 2015.

SEABRA, Alessandra Gotuzo; DIAS, Natália Martins. Métodos de alfabetização: delimitação de procedimentos e considerações para uma prática eficaz. Rev. psicopedag.,  São Paulo ,  v. 28, n. 87,   2011 .   Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862011000300011&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  03  ago.  2015.
Postado por Odair


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domingo, 25 de dezembro de 2016

Métodos de Alfabetização-Quais são e como funcionam?

Métodos de Alfabetização-Quais são e como funcionam?


O melhor método para a alfabetização é um discussão antiga entre os especialistas no assunto e também entre os pais quando vão escolher um escola para seus filhos começaram a ler as primeiras palavras e frases. No caso brasileiro, com os elevados índices de analfabetismo e os graves problemas estruturais na rede pública de ensino, especialistas debatem qual seria o melhor método para revolucionar, ou pelo menos, melhorar a educação brasileira. Ao longo das décadas, houve uma mudança da forma de pensar a educação, que passou de ser vista da perspectiva de como o aluno aprende e não como o professor ensina.


São muitas as formas de alfabetizar e cada uma delas destaca um aspecto no aprendizado. Desde o método fônico, adotado na maioria dos países do mundo, que faz associação entre as letras e sons, passando pelo método da linguagem total, que não utiliza cartilhas, e o alfabético, que trabalha com o soletramento, todos contribuem, de uma forma ou de outra, para o processo de alfabetização.


Qual é o melhor método?

Neste artigo, você vai conhecer os métodos de alfabetização mais utilizados, como funcionam, quais são as vantagens e desvantagens de cada um deles, além da orientação dos Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Portuguesa, adotados pelo governo federal.

A proposta deste artigo não é apontar o melhor método de alfabetização, até porque os educadores e especialistas não têm um consenso sobre o tema. Pretendemos apenas mostrar as características de cada método para que os pais conheçam mais profundamente o método que está sendo aplicado na educação de seus filhos.

• Método Sintético

O método sintético estabelece uma correspondência entre o som e a grafia, entre o oral e o escrito, através do aprendizado por letra por letra, ou sílaba por sílaba e palavra por palavra.

Os métodos sintéticos podem ser divididos em três tipos: o alfabético, o fônico e o silábico. No alfabético, o estudante aprende inicialmente as letras, depois forma as sílabas juntando as consoantes com as vogais, para, depois, formar as palavras que constroem o texto.

No fônico, também conhecido como fonético, o aluno parte do som das letras, unindo o som da consoante com o som da vogal, pronunciando a sílaba formada. Já no silábico, ou silabação, o estudante aprende primeiro as sílabas para formar as palavras.

Por este método, a aprendizagem é feita primeiro através de uma leitura mecânica do texto, através da decifração das palavras, vindo posteriormente a sua leitura com compreensão.

Neste método, as cartilhas são utilizadas para orientar os alunos e professores no aprendizado, apresentando um fonema e seu grafema correspondente por vez, evitando confusões auditivas e visuais.

Como este aprendizado é feito de forma mecânica, através da repetição, o método sintético é tido pelos críticos como mais cansativo e enfadonho para as crianças, pois é baseado apenas na repetição e é fora da realidade da criança, que não cria nada, apenas age sem autonomia.

• Método Analítico

O método analítico, também conhecido como “método olhar-e-dizer”, defende que a leitura é um ato global e audiovisual. Partindo deste princípio, os seguidores do método começam a trabalhar a partir de unidades completas de linguagem para depois dividi-las em partes menores. Por exemplo, a criança parte da frase para extrair as palavras e, depois, dividi-las em unidades mais simples, as sílabas.

Este método pode ser divido em palavração, setenciação ou global. Na palavração, como o próprio nome diz, parte-se da palavra. Primeiro, existe o contato com os vocábulos em uma sequência que engloba todos os sons da língua e, depois da aquisição de um certo número de palavras, inicia-se a formação das frases.

Na setenciação, a unidade inicial do aprendizado é a frase, que é depois dividida em palavras, de onde são extraídos os elementos mais simples: as sílabas. Já no global, também conhecido como conto e estória, o método é composto por várias unidades de leitura que têm começo, meio e fim, sendo ligadas por frases com sentido para formar um enredo de interesse da criança. Os críticos deste método dizem que a criança não aprende a ler, apenas decora.

• Método Alfabético

Um dos mais antigos sistemas de alfabetização, o método alfabético, também conhecido como soletração, tem como princípio de que a leitura parte da decoração oral das letras do alfabeto, depois, todas as suas combinações silábicas e, em seguida, as palavras. A partir daí, a criança começa a ler sentenças curtas e vai evoluindo até conhecer histórias.

Por este processo, a criança vai soletrando as sílabas até decodificar a palavra. Por exemplo, a palavra casa soletra-se assim c, a, ca, s, a, sa, casa. O método Alfabético permite a utilização de cartilhas.

As principais críticas a este método estão relacionadas à repetição dos exercícios, o que o tornaria tedioso para as crianças, além de não respeitar os conhecimentos adquiridos pelos alunos antes de eles ingressarem na escola.
O método alfabético, apesar de não ser o indicado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, ainda é muito utilizado em diversas cidades do interior do Nordeste e Norte do país, já que é mais simples de ser aplicado por professores leigos, através da repetição das Cartas de ABC, e na alfabetização doméstica.


• Método Fônico

O método fônico consiste no aprendizado através da associação entre fonemas e grafemas, ou seja, sons e letras. Esse método de ensino permite primeiro descobrir o princípio alfabético e, progressivamente, dominar o conhecimento ortográfico próprio de sua língua, através de textos produzidos especificamente para este fim.

O método é baseado no ensino do código alfabético de forma dinâmica, ou seja, as relações entre sons e letras devem ser feitas através do planejamento de atividades lúdicas para levar as crianças a aprender a codificar a fala em escrita e a decodificar a escrita no fluxo da fala e do pensamento.

O método fônico nasceu como uma crítica ao método da soletração ou alfabético. Primeiro são ensinadas as formas e os sons das vogais. Depois são ensinadas as consoantes, sendo, aos poucos, estabelecidas relações mais complexas. Cada letra é aprendida como um fonema que, juntamente com outro, forma sílabas e palavras. São ensinadas primeiro as sílabas mais simples e depois as mais complexas.

Visando aproximar os alunos de algum significado é que foram criadas variações do método fônico. O que difere uma modalidade da outra é a maneira de apresentar os sons: seja a partir de uma palavra significativa, de uma palavra vinculada à imagem e som, de um personagem associado a um fonema, de uma onomatopéia ou de uma história para dar sentido à apresentação dos fonemas. Um exemplo deste método é o professor que escreve uma letra no quadro e apresenta imagens de objetos que comecem com esta letra. Em seguida, escreve várias palavras no quadro e pede para os alunos apontarem a letra inicialmente apresentada. A partir do conhecimento já adquirido, o aluno pode apresentar outras palavras com esta letra.

Os especialistas dizem que este método alfabetiza crianças, em média, no período de quatro a seis meses. Este é o método mais recomendado nas diretrizes curriculares dos países desenvolvidos que utilizam a linguagem alfabética.

A maior crítica a este método é que não serve para trabalhar com as muitas exceções da língua portuguesa. Por exemplo, como explicar que cassa e caça têm a mesma pronúncia e se escrevem de maneira diferente?


A velha cartilha Caminho Suave

Centro de Referência em Educação Mário Covas
Uma das primeiras capas da cartilha


A grande maioria dos brasileiros alfabetizados até os anos de 1970 e início dos 80 teve na cartilha Caminho Suave o seu primeiro passo para o aprendizado das letras. Com mais de 40 milhões de exemplares vendidos desde a sua criação, a cartilha idealizada pela educadora Branca Alves de Lima, que morreu em 2001, aos 90 anos, teve um grande sucesso devido à simplicidade de sua técnica.

Na tentativa de facilitar a memorização das letras, vogais e consoantes, e depois das sílabas para aprender a formar as palavras, a então professora Branca, no final da década de 40, criou uma série de desenhos que continham a inicial das palavras: o “A” no corpo da abelha, o “F” no cabo da faca, o “G”, no corpo do gato.

Por causa da facilidade no aprendizado por meio desta técnica, rapidamente a cartilha tornou-se o principal aliado na alfabetização brasileira até o início dos anos 80, quando o construtivismo começou a tomar forma. Em 1995, o Ministério da Educação retirou a cartilha do seu catálogo de livros. Apesar disto, estima-se que ainda são vendidas 10 mil cartilhas por ano no Brasil.


Os parâmetros nacionais e o método construtivista

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, também conhecido como PCN´s, são uma espécie de manual para as escolas sobre como deveria ser a orientação para o ensino, de acordo com o Ministério da Educação. Criado em 1998, este documento tem como função orientar e garantir a coerência dos investimentos no sistema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual.

Os PCNs propõem um currículo baseado no domínio das competências básicas e que esteja em consonância com os diversos contextos de vida dos alunos. "Mais do que reproduzir dados, denominar classificações ou identificar símbolos, estar formado para a vida, num mundo como o atual, de tão rápidas transformações e de tão difíceis contradições, significa saber se informar, se comunicar, argumentar, compreender e agir, enfrentar problemas de qualquer natureza, participar socialmente, de forma prática e solidária, ser capaz de elaborar críticas ou propostas e, especialmente, adquirir uma atitude de permanente aprendizado", diz o documento.

Os PCN´s foram estabelecidos a partir de uma série de encontros, reuniões e de discussão realizados por especialistas e educadores de todo o país, de acordo com as diretrizes gerais estabelecidas pela Lei de Diretrizes e Bases. Segundo o MEC, estes documentos foram feitos para ajudar o professor na execução de seu trabalho, servindo de estímulo e apoio à reflexão sobre a sua prática diária, ao planejamento das aulas e, sobretudo, ao desenvolvimento do currículo da escola, formando jovens brasileiros para enfrentar a vida adulta com mais segurança.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais defendem a linha construtivista como método de alfabetização. Surgida na década de 80, a partir de estudiosas da área como Ana Teberowsky e Emília Ferreiro, esta linha defende que a escola deve valorizar o conhecimento que a criança tem antes de ingressar no estabelecimento. A sua ênfase é na leitura e na língua escrita.

Os construtivistas são contra a elaboração de um material único para ser aplicado a todas as crianças, como as cartilhas, e rejeitam a prioridade do processo fônico. Por este método, as escolas, durante o processo de alfabetização, devem utilizar textos que estejam próximos do universo da criança. 

Os defensores do método fônico culpam o construtivismo, base dos Parâmetros Curriculares Nacionais, pelos problemas de alfabetização no Brasil. Segundo os críticos, a concepção construtivista, em muitos casos, ignora que os estudantes de classe baixa, vindos de famílias menos letradas, trazem de casa uma bagagem cultural muito pequena, dificultando a sua adaptação a este método.


Por Christianne Visvanathan



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Gutierrez, Francisco. Linguagem Total - Uma pedagogia nos meios de comunicação. São Paulo: Summus Editorial, 1994.

KRAMER, S. Alfabetização, leitura e escrita : formação de professores em curso. Rio de Janeiro:Escola de Professores, 1995.

SMOLKA, A.L. A criança na fase inicial da escrita. São Paulo:Cortez, 1988.

SOARES, M.B. Linguagem e escola. São Paulo: Ática, 1988.

VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo:Martins Fontes, 1989.

RUSSO, M.F.VIAN, Maria I. Alfabetização: um processo em construção. São Paulo: Saraiva, 1996. 


FONTE: http://pessoas.hsw.uol.com.br/metodo-de-alfabetizacao.htm


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domingo, 30 de outubro de 2016

Fantasmas Existem? Hare Krsna explica.

Fantasmas Existem? Hare Krsna explica.

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Chaitanya-charana Dasa

Fantasmas existem? Sim, seria a resposta de muitas pessoas em diferentes tempos e lugares.

Algo quase universal na experiência humana são relatos de pessoas vendo, ouvindo ou percebendo de alguma maneira seres descorporificados que parecem agir de maneiras misteriosas e assustadoras. Em nossos tempos científicos, muitos de nós tendem a rejeitar a ideia da existência de fantasmas, tendo-a como fantasia folclórica, carente de evidências científicas. Entretanto, muitos cientistas eminentes consideram a questão dos fantasmas com grande seriedade.
Proeminente entre os cientistas que acreditam em fantasmas está o cientistas naturalista inglês Alfred Wallace, que foi cofundador da teoria da evolução. Em sua autobiografia, ele narra como evidências o forçaram a abandonar seu preconceito quanto à existência de fantasmas: “A maioria das pessoas de hoje cresceu com a crença de que milagres, fantasmas e toda a série de fenômenos estranhos aqui descritos não podem existir, que são contrários às leis da natureza, que são superstições de tempos passados e que são, portanto, ou imposições ou ilusões, necessariamente. Não existe espaço na tessitura de seu pensamento em que se possa encaixar esses fatos. Quando comecei a questionar isso, o mesmo acontecia comigo. Os fatos não encontravam espaço na estrutura de pensamento que eu tinha erigido até então. Todos os meus preconceitos, todo o meu conhecimento, toda a minha crença na supremacia da ciência e da lei natural se forçavam sobre mim sem possibilidade de eu escapar delas, ainda… Espíritos era a última coisa em que eu poderia acreditar. Toda outra possível solução foi experimentada, e rejeitada… Não pedimos aos nossos leitores que acreditem, mas que duvidem de sua infalibilidade em analisar a questão; pedimos que indaguem e façam experimentos com paciência, em vez de tirar alguma conclusão precipitada.”
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Alfred Wallace, cofundador da teoria da evolução.
Outro cientista eminente que se convenceu diante de evidências foi o bem reputado psicólogo norte-americano William James: “Então, quando me volto ao restante das evidências, no tocante a fantasmas e coisas similares, não consigo mais carregar comigo algum tendenciamento irreversivelmente negativo da mente de ‘rigor científico’, com seus pressupostos quanto a como deve ser a verdadeira ordem da natureza.” (William James on Psychical Research, de Gardner e Ballou Murphy)
As evidências hoje têm mais peso do que nunca antes, visto que muitos livros bem documentados relatam evidências acumuladas por meio de rigorosos procedimentos científicos, conduzidos por muitos pesquisadores de paranormalidade.
Paralela a essas evidências significativas, e possivelmente abastecida por isso, temos uma crença pública substancial na existência de fantasmas. Uma pesquisa Gallup conduzida em 1990 demonstrou que:
– 29 por cento dos estadunidenses acreditam em fantasmas assombrando casas,
– 1 em cada 10 estadunidenses alegam terem visto ou terem estado na presença de um fantasma.
Apesar de cada vez mais evidências documentais e cada vez maior aceitação popular, o conceito de fantasmas permanece inaceitável para a maioria dos cientistas. Uma razão primária para isso é que a ciência materialista moderna não possui uma estrutura conceitual dentro da qual possa considerar a existência de fantasmas.
Mas essa limitação não é intrínseca à ciência per se, embora possa ser essencial para a ciência materialista. Não há razão, todavia, para se presumir que toda ciência tenha que ser materialista, pois não há evidência científica de que toda a realidade exista apenas no nível material.
Para quem possui uma mente aberta e aventureira o bastante para explorar visões de um mundo não-materialista, a sabedoria védica oferece uma estrutura explicativa sistemática para a compreensão da existência de fantasmas.
Três Níveis de Ser
Para auxiliar no nosso entendimento dos fantasmas, precisamos, primeiramente, nos familiarizar com os três níveis de existência, explicados na sabedoria védica. Esses três níveis são os seguintes:
  1. O nível material grosseiro: Este nível abrange a realidade física que podemos perceber com os nossos sentidos e com instrumentos que expandem a capacidade dos nossos sentidos, como microscópios. Cientistas materialistas se focam neste nível material grosseiro principalmente, se não exclusivamente.
  2. O nível material sutil: Este nível, embora material, está além da percepção dos nossos sentidos e abrange os sentidos sutis, a mente, a inteligência e o falso ego. De maneira simplificada, iremos nos referir a todo esse nível, algumas vezes, como o nível da mente, ou o nível mental.
  3. O nível espiritual: A alma, que é a fonte da consciência, existe neste nível imaterial.
Pertinente para nossa discussão dos fantasmas é a diferença entre a mente e a alma. A mente, embora invisível, não é espiritual; é material, apesar de feita de uma substância material sutil, o que a torna invisível aos nossos sentidos grosseiros. A mente, sendo material, não é consciente; apenas a alma é consciente. A mente pertence ao nível sutil, que fica entre o nível espiritual e o nível material. A partir dessa posição intermediária, a mente age como o conduto da consciência da alma, permitindo-a interagir com o corpo grosseiro. A mente tem a função de operar como um depósito de impressões adquiridas pela interação com o nível material grosseiro. Essas impressões abarcam, entre outras coisas, memórias do passado e desejos para o futuro. Com esse fundamento de ontologia védica básica, entendamos, agora, como e por que alguns indivíduos se tornam fantasmas.
Descorporificados e Desafortunados
No momento da morte, a alma, acompanhada pelo corpo sutil, deixa o corpo grosseiro. Normalmente, a alma obtém um novo corpo sutil, de acordo com seu karma. Em casos excepcionais, entretanto, quando a alma não obtém um próximo corpo grosseiro, ela permanece em um estado descorporificado. As almas vivendo essa existência descorporificada são chamadas de “fantasmas”.
É claro que fantasmas não são completamente descorporificados; ainda têm um corpo sutil. Contudo, porque no linguajar não técnico, a palavra “corpo” denota um corpo grosseiro, o estado de existência sem esse corpo é chamado de “descorporificado”.
Por que os fantasmas não obtêm um corpo físico?
Suicídio: Aqueles que destroem seu corpo físico por meio de suicídio, isto é, aqueles que destroem o corpo prematuramente, antes do tempo estabelecido pelo seu destino cármico para receber um novo corpo, sentenciam-se a uma existência descorporificada como fantasmas até serem alocados em um novo corpo físico.
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O suicídio é uma das causas para alguém se tornar fantasma após a morte.
Srila Prabhupada declara: “Fantasmas são destituídos de um corpo físico por causa de seus atos pecaminosos de grande gravidade, como o suicídio.” Assim, pessoas frustradas que imaginam que a morte é o fim da existência e, portanto, cometem suicídio para se livrarem de sofrimentos dão consigo mesmas em uma existência ainda mais miserável como um fantasma.
Apego extremo: Aqueles que morrem com extremo apego ao corpo, ao ambiente ou às posses físicas também podem se tornar fantasmas. Durante a morte de alguém nessa condição de apego, a obsessão excessiva e intensa da mente com o passado pode impedir que a alma vá adiante e, em consequência disso, fique descorporificada. Srila Prabhupada explica: “Quem é muito pecaminoso e apegado à sua família, casa, vila ou país não recebe um corpo grosseiro feito de elementos materiais, senão que permanece em um corpo sutil, composto de mente, ego e inteligência. Aqueles que vivem em tais corpos sutis se chamam fantasmas’.”
Um Estado Frustrante e Aterrador
A condição anormal de estar sem corpo é agonizante para os próprios fantasmas e aterradora para os demais. Vejamos o porquê:
Agonizante para eles: Os fantasmas possuem uma mente, tal qual a nossa. A mente deles, como a nossa, está cheia de memórias e desejos, os quais eles desenvolveram em sua existência corporificada anterior. Contudo, diferente de nós, eles não têm um corpo grosseiro para a realização desses desejos. Assim, a memória deles pode estimulá-los, por exemplo, a desejar um doce favorito. E, como o corpo sutil contém sentidos sutis, talvez até mesmo percebam outros – pessoas corporificadas – saboreando esse doce, o que agrava o seu desejo. Todavia, como os fantasmas não possuem uma língua física para desfrutar pessoalmente desse doce, seu desejo permanece eternamente sem ser satisfeito. A situação deles é como aquela de alguém que tem que seguir uma dieta estrita enquanto vê outros se banquetearem. Para o doente, essa aflição talvez dure por alguns dias apenas, mas, para os fantasmas, isso se alonga por toda a duração de sua existência fantasmagórica. Como se isso não bastasse, essa frustração se estende a quase todo tipo de desejo que têm. Não é de surpreender que eles considerem agonizante sua existência. Srila Prabhupada resume a causa da agonia deles quando declara: “Os fantasmas, por não possuírem um corpo, sofrem terrivelmente, não sendo capazes de satisfazer seus sentidos.”
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Assim como um doente se frustra com a dieta rigorosa que tem que seguir, fantasmas sentem grande ansiedade por não poderem satisfazer seus desejos.
Aterrador para os demais: Muitas pessoas têm muito medo de fantasmas porque lhes é algo incompreensível – assustadora e misteriosamente incompreensível. Ficam arrepiadas apenas por imaginar portas se abrindo de repente sem ninguém nas proximidades ou barulhos estranhos vindo de uma área sem uma fonte evidente para o som. Poucas coisas afastam mais possíveis compradores de uma casa do que rumores – verdadeiros ou falsos – de que a casa é assombrada. Para muitos, a mera possibilidade de se encontrarem com um fantasma é assustadora o bastante, mas a ideia de ser possuído é muito apavorante. Possessão se refere ao fenômeno desconcertante em que um fantasma entra no corpo grosseiro de alguém, assume o controle desse corpo e o utiliza como um instrumento para realizar seus desejos pessoais. O indivíduo assim possuído frequentemente fala e age de maneiras que diferem marcadamente de sua maneira habitual de falar e se comportar. Durante a possessão, o possuído exibe uma personalidade diferente de sua personalidade habitual porque essa personalidade habitual foi suprimida pela personalidade dominante do fantasma. A alteração de personalidade frequentemente deixa perplexos e perturbados os parentes da pessoa possuída. Anedotas envolvendo essas possessões fazem crescer o medo de fantasmas na mente do público em geral.
Evaporando a Névoa de Mistério
A sabedoria védica consegue evaporar essa névoa de mistério em torno dos fantasmas. Ela desmistifica a natureza da existência fantasmagórica e nos ajuda a ver os fantasmas como indivíduos mais em sofrimento do que indivíduos malévolos. É claro que alguns fantasmas podem ser maus, especialmente com quem fez mal a eles em sua existência corporificada passada. Entretanto, os fantasmas, em geral, são, antes de tudo, indivíduos que estão sofrendo por causa dos desejos não realizados, um problema endémico de sua existência descorporificada. A pressão dessas frustrações frequentemente os volta à violência e, algumas vezes, à maldade sistemática.
A visão védica da realidade tríplice – matéria grosseira, matéria sutil e espírito – nos ajuda a entender o comportamento aparentemente misterioso dos fantasmas, que desafiam as leis da ciência materialista. Essas leis da ciência materialista foram postuladas principalmente com base em observar e analisar o comportamento da matéria grosseira. Como a mente é um elemento material sutil, pode atuar sobre o nível material grosseiro de maneiras que não são limitadas a essas leis da ciência materialista. Não é de espantar, portanto, que os fantasmas, existindo como existem no plano mental, possam atuar de formas que confundem e perturbam as pessoas que foram ensinadas a acreditar que tudo na natureza segue as leis da ciência materialista. O poder fantástico dos fantasmas é indicado no Srimad-Bhagavatam (5.5.21-22), que aponta os fantasmas como superiores aos humanos na hierarquia universal de seres vivos: “Superiores aos seres humanos são os fantasmas, pois não possuem corpo material.”
Os textos védicos explicam que os fantasmas acomodam-se em condições de ignorância e ilusão. Assim, quem se mantém habitualmente em condições dessa natureza, como a alteração da consciência por meio de álcool e outras drogas, tem mais chances de ter uma mente fraca que facilite ataques e possessões por parte de fantasmas. Srila Prabhupada declara: “Ser assombrado é algo que acontece em um estado de existência impuro.”
Podemos nos tornar praticamente invulneráveis a esses ataques incorpóreos ao adotarmos um modo de vida iluminado. A sabedoria védica recomenda esse modo de vida primeiramente para o fim do avanço espiritual, que é a meta mais elevada da vida. Apesar disso, esse modo de vida que se afasta de atividades autodestrutivas, como o uso de drogas, oferece o benefício adicional de nos proteger de ataques de criaturas fantasmagóricas.
Para lidar com ataques de fantasmas, a sabedoria védica nos equipa não apenas com insights preventivos, mas também remediadores. Atividades devocionais, como sequências de mantras sagrados, podem exorcizar tanto lugares que estejam assombrados quanto pessoas que estejam possuídas. Srila Prabhupada endossa isso em uma carta enviada em resposta aos questionamentos de um discípulo: “A melhor maneira de removê-los [fantasmas] é cantar Hare Krishna muito alto e fazer um kirtana jubiloso até que vão embora. Na Inglaterra, na casa do Sr. John Lennon, onde fiquei em 1969, havia um fantasma. Contudo, tão logo os devotos começaram a cantar muito alto, ele se foi sem demora.” (Carta a Damodara, Delhi, 3 de dezembro de 1971)
Indo Além de Todas as Misérias
É importante salientar que, embora a sabedoria védica reconheça a existência de fantasmas, ela não é caprichosa em colocar neles toda culpa de acontecimentos estranhos. Srila Prabhupada escreveu em uma carta a um discípulo que perguntou se seus problemas mentais eram causados por fantasmas: “Com relação às ofensas que você está ouvindo, não se trata de fantasmas, como você diz, mas são criações da sua mente. A mente é realmente repulsiva, como você disse. Portanto, Krishna diz que o transcendentalista esforçado tem que primeiro controlar a mente, após o que, pelo controle da mente, terá paz.” (Carta a Dhristaketu, Bombaim, 1 de novembro de 1974)
Disciplinar a mente por meio da prática da consciência de Krishna é a maneira mais efetiva de lidar com todos os problemas da existência material – tornar-se um fantasma, ser assombrado por um fantasma ou ser atormentado por perturbações da mente que alguns poderiam atribuir a fantasmas, ou todos os outros problemas que são, em última instância, as reações cármicas para os erros impelidos pela mente descontrolada.
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Existem coisas mais importantes a se fazer na vida humana do que se preocupar com fantasmas.
É por isso que, embora explique a existência de fantasmas e confirme a potência exorcista do santo nome, a sabedoria védica não dá muita importância para nenhuma das duas. Ela declara que a vida humana se destina a um propósito muito mais importante do que se preocupar com fantasmas, seja na forma de fascínio mórbido, medo paranoico ou negação dogmática. A vida humana carrega a potência gloriosa de nos outorgar a imortalidade caso utilizemos esta vida para redirecionar nosso amor do efêmero para o eterno, da matéria para Krishna. Devolver-nos nosso direito perdido à imortalidade como seres espirituais é o tesouro supremo da sabedoria védica. A explicação precisa e coerente da sabedoria védica de fenômenos como assombrações – um fenômeno que confunde a ciência materialista e a impele a viver em eterna negação – pode servir como um combustível para nossa fé conforme exploramos os insights mais espirituais e desfrutamos das dádivas devocionais dessa fonte de conhecimento perene.

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