sábado, 5 de abril de 2008

RELAÇÃO SABER - PODER PRESENTE NAS INSTITUIÇÕES DISCIPLINARES/ SOCIEDADE.


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA-3º PERÍODO
DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS PEDAGÓGICOS
EPISTEMOLOGIA DAS CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
PROFESSORA: MARIA DE FÁTIMA COSTA DA PAULA
ALUNA: ELIETE MARCELINO DIAS


TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO:

RELAÇÃO SABER - PODER

PRESENTE NAS

INSTITUIÇÕES DISCIPLINARES/ SOCIEDADE.

08/2002

A Relação Saber-Poder presente nas Instituições Disciplinares / Sociedade.

SABER: Soma de conhecimentos; erudição; cultura; experiência; prudência, sensatez; (filos.) Conjunto coerente de conhecimentos adquiridos em contato com a realidade ou pelo estudo. (Opõe-se à ignorância, à opinião e à fé). (LAROUSSE. 1998; Vol.21; p. 5172).


PODER: (vi) Ter possibilidade. Possuir força física ou moral; ter influência valimento; Dispor de autoridade ou força; Poder com, agüentar com, exercer autoridade ou força física sobre.
______: Faculdade, capacidade de produzir determinados efeitos, Direito de deliberar, agir e mandar. Vigor, potência. Domínio, influência, força. (...) Autoridade, soberania, poderio. (LAROUSSE. 1998; Vol.19; p.4661; 1998).


INSTITUIÇÃO: Conjunto de regras e normas estabelecidas para a satisfação de interesses coletivos. Organização, estabelecimento, sociedade de caráter social, educacional, religioso, etc. (LAROUSSE. 1998; Vol.13 p.3181)


DISCIPLINAR: Concernente à disciplina, regulamento disciplinar. (vt.) Submeter à disciplina; Ensinar metodicamente; fazer obedecer ou ceder; sujeitar; castigar com disciplina. (LAROUSSE. 1998 Vol. 8 p.1929).


SOCIEDADE: Conjunto de pessoas que vivem em certa faixa de tempo e de espaço, seguindo normas comuns, e que são unidas pelo sentimento de consciência do grupo; corpo social. (FERREIRA, A.B.H. 1986; p.1602).

INTRODUÇÃO:

Foram sugeridos, pela Prof. Maria de Fátima, os seguintes temas para o trabalho final:
Desencantamento e Reencantamento do mundo;
Vocação Política e Vocação Científica da Universidade;
Neutralidade, Objetividade e Subjetividade nas Ciências;
Relação Saber-Poder / Instituições Disciplinares;
Campo Científico e Poder e
Estatuto Epistemológico da Pedagogia.
A princípio, dois temas chamaram minha atenção: a Relação Saber/Poder e o Estatuto Epistemológico da Pedagogia. Este último, por ser um tema abordado no XXII ENEPe do qual participei em julho. O primeiro, porque conseguiu tocar-me mais profundamente.
No momento em que ouvi a explicação do que seria essa relação e como ela está presente em todos os momentos de nossa vida, não resisti. Imediatamente veio em minha memória um trecho da música “A carta” que Djavan escreve “a quatro mãos” com Gabriel Pensador e que virá, adiante, na reflexão sobre o tema escolhido.
Não pretendo, neste trabalho, usar a mega teoria ou conceitos acadêmicos muito formais. Meu objetivo, adianto, é refletir sobre a Relação Saber-Poder na Instituição Sociedade, tomando alguns exemplos das Instituições Disciplinares tradicionais, como a Escola, a Família, a Igreja e outros.
Tentarei ser breve em minhas considerações, expondo ao longo do texto falas e comentários dos filmes que assisti, com o objetivo de iluminar melhor minhas idéias. Alguns deles indicados em sala de aula, como CHOCOLATE, direção de Lasse Halligtröm e BICHO DE SETE CABEÇAS, de Lais Bauanzky. Dentre outros, como PINK FLOYD -THE WALL, de Alan Parker e ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO, de Peter Coher.
Busquei o significado de cada palavra que compõe o tema deste trabalho a fim de facilitar a minha compreensão e o desenvolvimento do mesmo. Consciente do “meu inacabamento humano”, deixo claro que este é um assunto muito complexo e que, para ser um trabalho completo, exigiria de mim uma dedicação maior e, até uma observação mais detalhada, tanto das fontes que utilizei quanto de um campo específico (o que não condiz com o meu objetivo).

Escrever sobre a Relação Saber-Poder me fez voltar no tempo e entender a crueldade inconsciente que eu, enquanto professora, exercia sobre meus alunos. Percebi também a força que alguns pais usam torturando seus filhos. Podando-os, não os deixando crescerem autônomos, talvez até por um complexo edipiano. As imposições incabíveis que religiões adotam, privando as pessoas de serem felizes, de serem elas mesmas. A falta de respeito à pessoa humana nos hospitais, manicômios e prisões. Nesses lugares, o homem é tratado pior que bicho. É menos que um objeto. Com esse intuito, espero conseguir realizar um trabalho de reflexão produtivo e coerente.


DESENVOLVIMENTO


INSTITUIÇÃO DISCIPLINAR: FAMÍLIA

Reflexão sobre a arte como instrumento que denuncia a repressão, ou como diz Foucault, o princípio do adestramento.
Numa visão bem centralizada sobre a letra da música A CARTA, podemos destacar algumas frases chave e, mais adiante, a própria carta "que o Biel" escreve a fim de fazer uma ligação com o filme BICHO DE SETE CABEÇAS.
A CARTA (Djavan e Gabriel Pensador)

Não vá levar tudo tão a sério
Sentindo que dá deixa correr
Se souber confiar no seu critério
Nada a temer.
Não vá levar tudo tão na boa
Brigue para obter o melhor
Se errar por amor Deus abençoa
Seja você.
No que sua crença vacilou
A fruta dúvida se abriu,
Vou ler a carta que o Biel mandou
Pra você lá do Brasil:
Eles me disseram tanta asneira, disseram só besteira feito o que todo mundo diz
Eles me disseram que a coleira e um prato de ração era tudo que o cão sempre quis
Eles me trouxeram a ratoeira com um queijo de primeira que me pegou pelo nariz
Me deram uma gaiola como casa, amarraram minhas asas e disseram para eu ser feliz.
Mas como eu posso ser feliz num puleiro? Como eu posso ser feliz sem pular?
Mas como eu posso ser feliz num viveiro? Se ninguém pode ser feliz sem voar?
Ah! Segurei o meu pranto e para transformar em canto e para o meu espanto
Minha voz desfez em nós que me apertavam tanto. E já sem a corda no pescoço e a grade na janela e sem o peso das algemas nas mãos, eu encontrei a chave dessa cela, devorei o meu problema e engoli a solução.
Ah! Se todo mundo pudesse saber como é fácil viver fora dessa prisão. E descobrisse que a tristeza tem um fim, e que a felicidade pode ser simples como um aperto de mão. Entendeu?
É esse o vírus que eu sugiro que você contraia,
Na procura pela cura da loucura
Quem tiver cabeça dura vai morrer na praia.

Logo nas primeiras frases da poesia pode-se perceber uma ligação com a cena em que o velho mais respeitado do manicômio chama o Neto e lhe diz que é preciso "fingir que é louco sendo louco, fingir que é poeta sendo poeta". Não levar tudo muito a sério, nesse sentido de brigar para provar que não é louco, pois aí, sim, Neto seria considerado um louco. No entanto, o compositor convida à luta para obter o melhor: "Seja você". Creio que o personagem compreendeu a mensagem do amigo. Tentou ser feliz, agora no segundo hospital, sendo ele mesmo. E mesmo assim, ele foi podado, como a carta revela poeticamente.
Nesse caso, encontramos a poesia, a música e o cinema como reveladores desse Poder Disciplinar exercido sobre os corpos de quem não anda na norma da sociedade. Quando Gabriel termina a carta dizendo "como é fácil viver fora dessa prisão", aplicando automaticamente à situação do personagem Neto, dá para perceber que a solução seria o diálogo mais aberto na família. Um jovem de aproximadamente 17 anos, com uma mãe fumante, deprimida, cheia de problemas de saúde, uma irmã alienada e um pai super autoritário, detentor do saber e do poder, só poderia procurar e encontrar apoio na rodinha de amigos. Sejam eles como forem. "Quem tiver cabeça dura vai morrer na praia" o pai desse jovem acabou caindo e morrendo na praia no momento em que destruiu a vida do filho sem sequer buscar antes, a solução, mais complicada, porém mais acertada, que seria uma conversa mais aberta, com respeito de ambas as partes, como a que tentaram ter quando ele saiu do manicômio, gritou com a mãe e, em seguida, ouvindo o pai, foi pedir perdão.
"Não preciso de braços em volta de mim.
Não preciso de drogas para me acalmar.
Vi escrito no muro
Acho que não preciso de nada
E nada mais do que um tijolo no muro" 1

Foucault assinala que o direito sobre a vida e a morte (poder soberano) derivava formalmente da velha “pátria potetas” que concedia ao pai da família o direito de “dispor” da vida de seus filhos e escravos. (FOUCAULT, M. 1993; p.127)
Certa vez, li num livro (que infelizmente não lembro a referência) um capítulo que só tratava da questão afetiva entre mães e filhos. O poder que algumas mães exercem sobre aqueles pequenos, que por elas jamais cresceriam. Elas chegam a repreender os atos, os movimentos da criança com uma violência física escandalosa ou com um simples olhar mais severo.
Quando atuava no magistério, numa turma de jardim de infância, tinha uma aluna que todos os dias apanhava da mãe, por ser levada demais, por mentir, por brincar até tarde, por tudo, menos por uma necessidade real e 'educativa'. Essa mãe jamais chamou a atenção dessa criança para algo que fosse realmente construtivo. Aliás, ela não era um exemplo bom de mãe. Ela queria exigir da filha de seis anos, uma responsabilidade que não podia ser encontrada nela própria. Ela exercia um poder de tortura muito forte sobre a criança.
Há também aquelas mães / pais super protetores que não querem ver seus filhos crescerem e tomarem conta do próprio nariz. Que olham de rabo de olho para os filhos reprovando qualquer atitude anormal, qualquer movimento alheio ao que lhe é permitido. Um excesso de 'amor' capaz de sufocar a criatura e fazê-la crescer com um sentimento de culpa, de incapacidade, impotência por estarem sempre protegidos debaixo das asas da mãe / pai. Essa possessividade pode gerar um abuso de poder tamanho a ponto de um pai usar da autoridade sobre a filha e impedi-la de crescer, namorar, e até se casar. Isso é um caso verídico. E é o que Foucault chama de determinação do comportamento humano, produzindo um ser adestrado o bastante para realizar o que o poderoso pai quer que a filha faça. Por esse motivo e por outros, é que podemos encontrar tantos jovens, e crianças, que fogem de casa, que buscam nos amigos um consolo, uma forma de desabafar e de respirarem sem a presença dos pais.
Acredito que a família, como estrutura básica na construção da personalidade do indivíduo, deve ser a primeira de todas as instituições disciplinares a se auto-avaliar e buscar soluções mais eficazes para a resolução dos problemas encontrados em seus membros. Sei que é difícil, uma vez que as famílias da contemporaneidade estão super desestruturadas. Mas sei também que nunca é tarde para consertar um erro.
“Não vá levar tudo tão na boa. Brigue para obter o melhor...”
O filme ARQUITETURA DA DESTRUIÇÃO mostra bem nitidamente o uso da arte como poder de manipulação. Nele, Hitler, com sua equipe, prepara filmes a serem exibidos nos melhores cinemas, apresentando para a burguesia a importância da higienização da Alemanha. Prega a beleza como princípio de saúde. Uma saúde concedida apenas aos arianos, aos alemães de “raça pura”. Àqueles que gozam de uma perfeição divina inspirada nos deuses gregos.
Foucault fala do Poder da norma, Hitler usa essa concepção de norma, de média perfeita –os arianos- para excluir, exterminar, a priori, todas as obras de artes de expressão modernista. Até faz comparação entre os retratos desse tipo de arte e as fotografias de pessoas portadoras de doenças mentais. Nesse momento, ele chega a mandar usar a eutanásia nos hospitais, em pacientes nessas condições. O tempo vai passando e a “vontade de poder” toma conta desse arquiteto da destruição, que compara judeus, e todos os diferentes dos arianos, com ratos doentes e transmissores de doenças, de sujeira, verdadeiros anormais, responsáveis pela desigualdade social que permitia que doentes mentais, deficientes físicos (os imperfeitos) vivessem em verdadeiros palacetes, enquanto os cidadãos alemães viviam em condições precárias, em guetos, periferias, na feiura, na sujeira.
Mesmo vivendo na modernidade, Hitler usava o poder soberano, mais comum na época medieval, para satisfazer um desejo íntimo de purificar a raça, de embelezar a cidade de Berlim, a Alemanha.
“... julgam-se também as paixões, os instintos, as anomalias, as inaptidões, os efeitos de meio ambiente ou de hereditariedade, os impulsos e desejos.”( FOUCAULT,M. 1977, p.21)

INSTITUIÇÃO DISCIPLINAR: ESCOLA.
Andei perguntando a algumas pessoas como seria a sociedade sem o poder do Estado. Se elas acreditam numa disciplina sem imposição, autoritarismo.2 Todas elas responderam que seria impossível manter a ordem sem um poder maior manipulando os menores, macropoder3 x micropoder. E, é claro, a maioria afirmou que um pouco de imposição é necessário para obter disciplina.
Ao longo da História da Educação no Brasil, podemos perceber que o ensino, a princípio, era individualizado, logo, a “desordem” era total. A partir do século XIX, busca-se um poder sobre a turma, onde os alunos precisavam se adequar ao regulamento da escola. Introduz-se o método “lassaile”, do qual seus criadores são adeptos do silêncio e da ordem, de onde vem o hábito de levantar o dedo para pedir a palavra ao professor. Com isso, começa-se o controle sobre os corpos, pensamentos e atitudes dos alunos na sala de aula. Como ALMEIDA (1997, p.45) nos apresenta:
“As vozes dos meninos, juntas ao canto dos passarinhos, faziam uma algazarra de doer os ouvidos; o mestre, acostumado àquilo, escutava impassível, com uma enorme palmatória na mão e o menor erro que algum dos discípulos cometia não lhe escapava no meio de todo o barulho; fazia parar o canto, chamava o infeliz, emendava cantando o erro cometido, e cascava-lhe pelo menos seis bolos. Era o regente da orquestra ensinando a marcar o compasso.”4

É mister lembrar que, o que ALMEIDA escreveu sobre/no início do século XIX ainda é visto hoje nas escolas. Porém, de uma forma mais maquiada. Da mesma forma que o Poder Soberano, de instinto violento e que buscava a tortura, a punição violenta, a perda da vida, é lentamente substituído pelo Poder Disciplinar, mais sutil, que implica numa violência mais simbólica do que física. O poder exercido na escola sobre seus alunos, segue o mesmo caminho. “Pois não é mais o corpo, é a alma. À expiação que tripudia sobre o coração, o intelecto, a vontade, as disposições. Mably formulou o princípio decisivo: Que o castigo, se assim posso exprimir, fira mais a alma do que o corpo.”5
De acordo com o depoimento que ouvi de uma formanda do curso de Pedagogia, professora do Estado numa turma de primeiro ciclo, podemos ilustrar bem o que Foucault afirma acima.
Nesta turma, os alunos relutaram em fazer a atividade imposta pela professora. Após a atividade, todos teriam aula de Educação Física. A professora entrou na sala e vendo que nenhuma criança estava escrevendo e sim em completa desordem, decidiu - autoritariamente- que só iria para a aula de Educação Física quem terminasse o dever. Dito isso, minutos depois foi verificar os cadernos. De uma turma com aproximadamente 30 alunos, apenas uns cinco haviam feito. Então, energicamente, falou que todos estariam sem a Educação Física, de castigo, e saiu para avisar ao professor seguinte da ausência de sua turma.
“Sem dúvida, a pena não mais se centralizava no suplício como técnica de sofrimento; Tomou como objeto à perda de um bem ou de um direito. Porém, castigos como prisão – privação pura e simples da liberdade – nunca funcionaram sem certos complementos punitivos referentes ao corpo: redução alimentar, privação sexual, expiação física, masmorra.” (FOUCAULT,M., 1977, p.20)
Como será que ficaram aqueles que foram injustiçados? Será que essa foi a melhor atitude a ser tomada pela professora? Será que isso não foi um tipo de violência simbólica sofrida pelas crianças que, pelo menos, tentaram fazer o seu dever? Não pense que a história termina aqui. Vamos refletir antes de saber o final.
De fato, quando Foucault fala do poder disciplinar, ele define como objetivo básico o adestramento. Adestrar os indivíduos para se apropriar mais e melhor. Para isso, o poder disciplinar exerce um controle específico sobre os corpos, com objetivo de torná-los dóceis, submissos. Exatamente o que a professora fez: exerceu um poder tal sobre seus alunos com o intuito de obter uma resposta satisfatória aos seus olhos, aos seus ouvidos. Só que Foucault também fala que de acordo com a intensidade do poder, existe uma força de resistência equivalente.
Paulo Freire nos diz em sua Pedagogia do Oprimido (2001, p.52)6 que “somente quando os oprimidos descobrem, nitidamente, o opressor, e se engajam na luta organizada por sua libertação, é que começam a crer em si mesmos, superando, assim sua convivência com o opressor”. Assim foi feito naquela turma de crianças, eu diria, super organizada.
(Terminando a história...) Juntas, fecharam a porta da sala, prenderam a professora do lado de fora e não deixaram que ela entrasse enquanto não garantisse a ida de TODOS para a aula de Educação Física. E conseguiram!

“Não precisamos de educação, nem que controlem nossos pensamentos nem de sarcasmo na sala de aula. Professora deixe essas crianças em paz! Elas não são mais do que um outro tijolo num muro”,7

O filme PINK FLOYD -THE WALL ilustra muito bem vários momentos em que o poder disciplinar é imposto sobre o indivíduo, trazendo-lhe sofrimento/morte ou a resistência. O trecho da música THE WALL (descrito acima) é mostrado num momento parecido com o relato daquela professora. No filme, crianças vão marchando, bestializadas, com “seu[s] disfarce[s] perfeito[s] com seus lábios de botão e seus olhos cegos. Seu sorriso vazio e seu coração faminto” para uma máquina, onde são despejados e saem homogêneas, iguais, como carne moída ou simplesmente como mais um verme na sociedade. Em seguida, se rebelam, arrancam suas máscaras e quebram a parede que os prendia na escola. Quebram-na toda e ‘acabam’ com a autoridade do professor.
Será que as crianças da turma daquela professora assistiram esse filme?
Acredito que se essa professora tivesse pelo menos respeitado o que combinou com a turma, de só liberar quem concluísse as atividades, não havia acontecido tamanha confusão (super produtiva!).
A minha proposta iria ao encontro da proposta de Paulo Freire, por uma relação mais dialógica e menos hierárquica. Onde professores e alunos possam construir juntos suas regras através do diálogo, do respeito mútuo. Uma atividade inspirada na experiência de Madalena Freire em sua obra, em conjunto da turma, A paixão de conhecer o mundo. Uma construção coletiva visando o bem de todos. Tenho certeza de que isso daria certo nessa turma (politicamente organizada). Uma vez que apresentam desde já sinais de autonomia.
INSTITUIÇÃO DISCIPLINAR: SOCIEDADE
Para Foucault, o poder é algo que circula pelo social, não permanece em lugar único na sociedade. É relacional, ou seja, está numa relação de forças constante, com diferença de potencial. É dinâmico, pode ser invertido a qualquer momento. Se é uma relação, é preciso haver uma cumplicidade. Onde há poder, há Resistências – um contra poder, da mesma intensidade – não havendo um único lugar de recusa. Há tanto a grande resistência (concentrada), quanto resistências (minorias).
A prisão – castração maior da liberdade humana – é um lugar de concentração absoluta do poder disciplinar – a concentração da punição. Ela é mais uma fábrica de delinqüência que um lugar de humanização, correção de desvios. Segundo Foucault, ela não cumpre o seu papel social de re-humanizar. E essas idéias podem ser transportadas para as demais instituições disciplinares. Onde o poder aos poucos vai se tornando mais sutil, mais eficiente. Nas sociedades Medievais, como já refletimos, o que prevalecia era o poder soberano (tortura, morte). Nas sociedades Modernas, industrializadas, surge o poder disciplinar, mais eficaz. Exercendo um controle sobre o espaço, o tempo, a sexualidade dos indivíduos, a raça, a ideologia. O objetivo era aumentar o número de pessoas produtivas na sociedade, para assim elevar a quantidade de riqueza para o Estado, através da exploração do trabalhador. Logo, o problema da pobreza estava, portanto, articulado com o emprego, daí que o pobre ocupava uma posição estratégica na lógica da política econômica e social.8 Quanto maior a população, maior a mão de obra e a quantidade de corpos dóceis produzindo em grande escala nas fábricas e indústrias.
“O desenvolvimento do capitalismo só pode ser garantido à custa da inserção controlada dos corpos no aparelho de produção e por meio de um ajustamento dos fenômenos de população aos processos da economia liberal. Foi, portanto, necessário tanto o crescimento de seu reforço (a população) quanto também de sua utilidade e sua docilidade.”(FOUCAULT,M., 1993, p.31)

Nas fábricas, indústrias e locais de trabalho, na relação entre patrão e empregado, sobretudo nesse universo neoliberal o qual nos rodeia, o dominante usa e abusa do poder que tem sobre o dominado. Sobretudo no que diz respeito a uma vaga numa empresa X. O empregador vai escolher aquele profissional que cobra mais barato pela sua mão de obra, ou aquele infeliz que prefere receber metade do verdadeiro salário inerente à sua categoria a fim de não ficar desempregado. Daí vale fazer o que o mestre mandar, como na brincadeira de criança.
Só existem os dominantes porque existem os dominados. Numa relação familiar, entre pais e filhos, marido e mulher, ou entre irmãos, se um deixar, o outro assume o poder e obviamente o exercerá sobre o indivíduo, até mesmo sem que se perceba a ação. Há pessoas que gostam de ser submissas, ou que são acomodadas por natureza. Parecem ter vocação para serem dominadas.
No capítulo III do livro Vigiar e Punir, Foucault relata uma passagem do século XVII, quando se declarava a peste numa cidade. Havia o policiamento espacial estrito com o fechamento da cidade inteira, proibição de sair de casa sob pena de morte. Um vigia, síndico para tomar conta dos quarteirões, também proibidos de saírem, sob pena de morte. Os soldados e policiais responsáveis (oprimidos e opressores) também viviam o mesmo terror, as mesmas proibições. Tudo por causa da peste que atacava os moradores da cidade, matando alguns, fazendo sofrer outros.9
Galileu Galilei passou por isso, como podemos verificar no livro Vida de Galileu, de BRECHT, (1977) e muitas famílias enfrentam um terror parecido com esse numa versão mais contemporânea. Aqui no Brasil, Rio de Janeiro, nas favelas, nas periferias, o panoptismo existe com muita intensidade. Nas lojas, nos shoppings, nos ônibus, nos estabelecimentos de ensino, onde nos deparamos com inúmeras câmeras de vídeo vigiando todos os passos dos indivíduos.
Nas favelas e periferias, encontramos bandidos e chefes de boca de fumo que estabelecem leis internas que todos devem cumprir. E o não cumprimento destas, implica em pena de morte. Algumas dessas leis são horário para entrada e saída de casa, controle no horário de permanecer nas ruas, controle das cores usadas nas roupas das pessoas (a cor vermelha, por exemplo). Há um verdadeiro controle da vida da pessoa. E a escola? Também se fecha sob o comando do chefe da boca. Eis aí um micropoder que pode ser comparado nitidamente com o poder soberano: a violência, as trevas, a tortura e a morte.
O novo panoptismo se refere às câmeras de vídeo encontradas em vários estabelecimentos já citados acima. Lembro-me de um professor que revelou sua ira pelos aparelhos vigilantes que servem para observar mais nitidamente e controlar os movimentos dos indivíduos da sociedade. Ele dizia sentir vontade de arrancar com unhas e dentes aqueles recados “SORRIA! VOCÊ PODE ESTAR SENDO FILMADO!”. Por mais que seja um instrumento eficaz de segurança, não deixa também de mexer com a privacidade das pessoas. Já existem lugares no Brasil em que a prefeitura mandou instalar câmeras por toda cidade. Mas será que essa medida acabaria com a violência? Ou nós estamos mesmo é caminhando para um verdadeiro BIG BROTHER BRASIL? Só faltam colocar em todas as emissoras de TV o que acontece nos elevadores das empresas, nos corredores das escolas, nas portarias dos edifícios de luxo. Lembro-me do filme Invasão de Privacidade, onde um psicopata registra e vê tudo o que acontece com todos os moradores do prédio. Onde será que esta nossa sociedade chegará com isso?

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INSTITUIÇÃO DISCIPLINAR: IGREJA
Durante muito tempo, a igreja exerceu uma força, um poder simbólico muito intenso sobre a sociedade.
Assistindo o filme CHOCOLATE, entendi melhor a presença do poder do Estado como manipulador do povo utilizando a igreja, como ainda hoje alguns indivíduos usam a fé das pessoas para benefício próprio, seja político, financeiro ou social.
Na História da Educação, encontramos o casal Abelardo, um professor de filosofia numa Universidade na França e Heloisa, uma mulher que deixa o convento por não se enquadrar nos requisitos exigidos pelas madres superiores – Igreja – e por ela não ter vocação. A Igreja Católica, nesse período da Idade Média, conseguiu usar seu poder soberano para eliminar quem q1uer que fosse contra suas idéias. Tanto que destruiu o romance do jovem casal, quase levou Galileu à fogueira e queimou inúmeros corpos na “santa inquisição”.
Não só a igreja Católica, mas todas as instituições religiosas têm suas regras para manter a disciplina de seus fiéis, até para que estes sejam identificados na rua como pertencentes desta ou daquela igreja, ou religião. Há aquelas que não permitem que se faça parte das “coisas do mundo”; há outras que exigem de seus freqüentadores uma vestimenta que esconda todo o corpo; há ainda a tradicional meio renovada que alega não proibir nada, mas no fundo discrimina quem não anda na linha exigida por ela, que exclui, que discrimina, que manipula as pessoas para que sejam “certinhas”do jeito que ela quer que seja.
O tempo foi passando e as instituições disciplinares religiosas também foram assumindo um caráter de tornar dócil os corpos dos seus fiéis.Treinar, adestrar para que esses fiéis sejam sempre parte de um rebanho de ovelhinhas obedientes, imaculadas, sem manchas, sem pecados; caso contrário, o fogo do inferno estará esperando cada um para serem queimados para todo o sempre.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Devemos temer a extensão do poder que temos”.


Escreveu Durkheim, 1978. E de fato, se cada indivíduo tivesse noção do poder que possui, poderia ser capaz de mudar muita coisa errada em nossa sociedade. Começando dele próprio, conhecendo o poder que tem em mãos e usando-o de forma responsável sem prejudicar ninguém.
Que cada pessoa possa fazer a sua parte, lutando contra todo tipo de poder opressor que destrói explícita ou sutilmente o corpo, a alma, os direitos, os sentimentos, o próprio indivíduo.
Infelizmente, os indivíduos da sociedade, o povo, melhor dizendo, não está acostumado a viver autonomamente e chega até ao sentimento de incapacidade de mudança. No entanto, há sempre um vento forte ou uma brisa leve (como no filme CHOCOLATE) que sopra em nossos ouvidos o seguinte pedido: É PRECISO MUDAR!


BIBLIOGRAFIA
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. 27* ed. São Paulo: ed. Ática, 1997.
ALTHUSSER, Lauis. Aparelhos Ideológicos do Estado. Nota sobre os aparelhos ideológicos do Estado. Rio de Janeiro: ed. Graal; 1983.
BALEN, Age D. J. Disciplina da sociedade. Análise do Discurso e da prática cotidiana. São Paulo: ed. Cortez, 1983.
BRECHT, B. Vida de Galileu. São Paulo: Ed. Abril Cultural, 1977
DURKHEIM, E. Educação e sociologia. Rio de Janeiro: ed. Melhoramentos, 1978
FERREIRA, Aurélio B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2*ed. Rio de Janeiro: ed. Nova Fronteira, 1986.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. História da violência nas prisões. Petrópolis: ed. Vozes; 1977.
______________ A vontade de Saber: história da sexualidade I. 11* ed. Rio de Janeiro: ed. Graal, 1993.
______________ Microfísica do poder. 11*ed. Rio de Janeiro: ed. Graal, 1993.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 31* ed. Rio de Janeiro: ed. Paz e Terra, 2001.
GOFFMAN, Erving. MANICÔMIOS, PRISÕES E CONVENTOS. São Paulo: ed. Perspectiva, 1974.
LAROUSSE. Grande Enciclopédia cultural. Ed. Nova Cultural; 1998.
PAULA, Maria de Fátima C. O poder disciplinar da escola sobre o corpo. Niterói: UFF; ESSE; 1991. (dissertação de mestrado)




FILMES:

PARKER, Alan. Pink Floyd – The Wall, 1983
LASSE HALLIGTROM. Chocolate
PETER COHER. Arquitetura da Destruição

LAIS BAUANZKY. Bicho de sete cabeças

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Tipos de Vírus de Computador.



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Contos & Fábulas.(A Raposa e o Lenhador e outros)

A Raposa e o Lenhador

Uma raposa, que fugia dos caçadores, vendo um lenhador, suplicou-lhe um esconderijo. Ele, então, convidou-a para entrar em sua casa para ali esconder-se. Logo depois, chegaram os caçadores que perguntaram ao lenhador se ele vira uma raposa passando por ali. O lenhador negou em voz alta tê-la visto, mas, com um gesto de mão, indicou-lhes o esconderijo.

Os caçadores, sem notarem o gesto, acreditaram em suas palavras. A raposa, vendo que iam embora, saiu do esconderijo e partiu sem dizer nada. Dias depois, tendo sido censurada pelo caçador por não ter dito nenhuma palavra de agradecimento por tê-la escondido, a raposa disse: "Eu lhe teria agradecido se, entre as palavras e o gesto que fizeste com a mão, houvesse alguma correspondência".

MORAL: Esta fábula aplica-se a todos aqueles que proclamam o bem em alto e bom som, mas se portam com maldade na ação.

A Raposa e o Dragão


Havia uma figueira no caminho. Uma raposa, que vira um dragão dormindo à sombra, invejou o seu tamanho. Querendo igualar-se a ele, deitou-se ao seu lado e tentou esticar-se até que, exagerando em seu esforço, acabou por romper-se.

MORAL: Assim sofrem os que desejam igualar-se aos mais fortes; com efeito, eles próprios se prejudicam.


A Raposa e o Macaco Eleito Rei

Em uma assembléia de animais, um macaco, que obtivera o favor de todos com seus trejeitos, foi, por eles, eleito rei. A raposa, que não se agüentava de ciúme, vendo, numa armadilha, um pedaço de carne, levou o macaco até lá, dizendo ter encontrado um tesouro. O macaco, aproximando-se sem o devido cuidado, acabou preso na armadilha. Como acusasse a raposa de tê-lo levado a uma emboscada, ela lhe respondeu: “Ó macaco, tolo como você é, ainda quer ser o rei dos animais?”.

MORAL: Assim, os que se lançam em empreendimentos sem pensar duas vezes expõem-se ao fracasso e ao ridículo.


O Pavão Real e o Grou

O pavão real ria-se do grou e, ridicularizando-o, dizia:

─ Eu me visto de ouro e púrpura, ao passo que você não tem formosura em suas asas.

O grou retrucou:

─ Mas eu canto perto das estrelas e subo ao céu, ao passo que você, como os galos, caminha na terra e vive com as galinhas.

MORAL: É melhor ser grande por dentro e pobre por fora, do que pobre por dentro e grande por fora.

A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, (Max WEber).



A ética protestante e o espírito do capitalismo (em alemão Die protestantische Ethik und der 'Geist' des Kapitalismus) é um livro de Max Weber, um economista e sociólogo alemão. Escrito entre 1904 e 1905 como uma série de ensaios foram, mais tarde em 1920 ano de sua morte, complementados pelo autor e publicados em um livro, no qual ele investiga as razões do capitalismo se haver desenvolvido inicialmente em países como a Inglaterra ou a Alemanha, concluindo que isso se deve à mundividência e hábitos de vida instigados ali pelo protestantismo.

É argumentado frequentemente que esta obra não deverá ser vista como um estudo detalhado do protestantismo, mas antes como uma introdução às suas obras posteriores, especialmente no que respeita aos seus estudos da interação de idéias religiosas com comportamento económico.

Neste livro, Weber avança a tese de que a ética e as idéias puritanas influenciaram o desenvolvimento do capitalismo. Tradicionalmente, na Igreja Católica Romana, a devoção religiosa estava normalmente acompanhada da rejeição dos assuntos mundanos, incluindo a ocupação económica. Porque não foi o caso com o Protestantismo? Weber aborda este paradoxo nesta obra.

Ele define o espírito do capitalismo como as ideias e hábitos que favorecem, de forma ética, a procura racional de ganho económico. Weber afirma que tal espírito não é limitado à cultura ocidental mas que indivíduos noutras culturas não tinham podido por si só estabelecer a nova ordem económica do capitalismo. Como ele escreve no seu ensaio: "Por forma a que uma forma de vida bem adaptada às peculiaridades do capitalismo possa predominar sobre outras (formas de organização), ela tinha de ter origem algures, e não pela acção de indivíduos isolados mas como uma forma de vida comum aos grupos de homens".

Após definir o espírito do capitalismo, Weber argumenta que há varios motivos para procurar as suas origens nas idéias religiosas da Reforma Protestante. Muitos observadores como Petty, Montesquieu, Buckle, Keats e outros tinham já comentado a afinidade entre o protestantismo e o desenvolvimento do espírito comercial.

Weber mostrou que certos tipos de Protestantismo (em especial o Calvinismo) favoreciam o comportamento económico racional e que a vida terrena (em contraste com a vida "eterna") recebeu um significado espiritual e moral positivo. O Calvinismo trouxe a idéia de que as habilidades humanas (música, comércio, etc.) deveriam ser percebidas como dádiva divina e por isso incentivadas. Este resultado não era o fim daquelas idéias religiosas, mas antes um subproduto ("byproduct") ou efeito lateral. A lógica inerente destas novas doutrinas teológicas e as deduções que se lhe podem retirar, quer directa ou indirectamente, encorajam o planejamento e a abnegação ascética em prol do ganho económico.

Deve-se notar que Weber afirmou que apesar de as idéias religiosas puritanas terem tido um grande impacto no desenvolvimento da ordem económica na Europa e nos Estados Unidos (hoje podemos até dizer no Sul do Brasil), eles não foram o único factor responsável pelo desenvolvimento. Outros factores, relacionados, são por exemplo o racionalismo na ciência, a mescla da observação com a matemática, a jurisprudência, sistematização rational da administração governativa e o empreendimento económico.

Em conclusão, o estudo da ética protestante, de acordo com Weber, explorava meramente uma fase da emancipação da magia, o desencanto do mundo, uma característica que Weber considerava como uma peculiaridade que distingue a cultura ocidental.

Weber afirmou ter deixado a pesquisa do protestantismo porque o seu colega Ernst Troeltsch, um teólogo profissional, tinha iniciado o trabalho no livro "Os ensinamentos sociais das igrejas e seitas cristãs". Outra razão para a decisão de Weber foi que este ensaio providenciava uma perspectiva para a comparação mais larga de religiões e sociedades, que ele continuou em suas obras posteriores (estudos da religião na China, Índia, Judaísmo).

A obra é considerada por muitos intelectuais contemporâneos como o livro do século. Nesta obra seu autor, o sociólogo alemão Max Weber, versa em seu corpo sobre a cultura de frugalidade propagada pela ideologia da Igreja Católica da época, e que foi reproduzida no Brasil desde o descobrimento, em oposição à valorização da santificação da vida diária pregada especialmente pelos protestantes da doutrina Calvinista.

Da análise de seu texto se evidencia a correlação com a temática abordada por Emile Durkheim, a temática religiosa, contudo devido a análise de suas peculiaridades, a obra de Weber se distância da obra de Durkheim, principalmente devido a peculiar realidade vivida pela sociedade alemã do século XIX e da defesa do autor sobre a importância do papel da política na vida social, sendo esta realizada através de uma burocracia eficiente e controlada pela democracia, condição que justifica a origem de um sistema legal voltado para o capitalismo.

O livro “A ética protestante e o Espírito do Capitalismo”, se origina da união de dois longos artigos publicados pelo autor nos anos de 1904 e 1905, sendo que no artigo intitulado “Espírito do Capitalismo”, o autor retrata suas observações quanto ao fato de em sua maioria, os homens de negocio, os grandes capitalistas, os operários de alto nível e o pessoal especializado do período pertencerem a religião protestante (calvinista), e através do isolamento de suas características em comum e estabelece um “tipo ideal de conduta religiosa”, que consiste na elaboração limite de algo, vazio a realidade concreta. Com a publicação da Ética Protestante, o criador da obra literária expõe suas observações visando explicar a existência de algo em quem professa o protestantismo, em particular a doutrina protestante de linha calvinista, que se distingue por santificar a vida diária em contraposição à contemplação do divino, condição que favorece o espírito capitalista moderno, notoriamente o alemão, ou seja, o autor busca idealizar, identificar, o tipo ideal de conduta religiosa, em oposição ao conceito pregado pela Igreja Católica, que na época por meio do conceito da piedade popular e da espera da recompensa na vida após a morte; e a mensagem protestante de linha luterana, que acredita que o homem já nasce predestinado a salvação, condutas que repugnavam a obtenção do lucro e que deste modo iam de encontro ao ideal burguês.

Max Weber defende o estabelecimento de um raciocínio lógico capitalista, que o mesmo denomina racionalismo; sendo esta leitura realizada através da comparação da Alemanha do período com outros países civilizados do planeta em condição de desenvolvimento semelhante, ou seja, com existência do capitalismo e de empresas capitalistas, sendo identificado na primeira uma estrutura social, política e ideológica ímpar, que pode se ditar como a condição ideal para o surgimento do capitalismo moderno, que defende a paixão pelo lucro como demonstração de prosperidade, fé e salvação. Neste contexto o autor expõe através do emprego do método e da pesquisa científica uma das várias facetas do capitalismo, o capitalismo ocidental, apresentando em sua obra científica como as principais características do Sistema Capitalista a organização capitalista racional do trabalho livre, a separação dos negócios da moradia da família e a implementação da contabilidade racional; da qual se origina a classe burguesa ocidental ligada estreitamente à divisão do trabalho.
Fonte: Wikipédia.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Matemática na Educação Infantil



Gabriela Guarnieri de Campos Tebet
Inserindo a Matemática na Educação Infantil
A Educação Infantil brasileira passou por diversas transformações nos últimos 20 anos. Desde o final da década de 1980, universidades, movimentos sociais, partidos políticos, associações profissionais e mães têm debatido o modelo de Educação Infantil pretendido para as crianças brasileiras, influenciando as diretrizes estabelecidas na legislação do país.


A matemática e o projeto não-escolarizante de Educação Infantil

A Educação Infantil brasileira passou por diversas transformações nos últimos 20 anos. Desde o final da década de 1980, universidades, movimentos sociais, partidos políticos, associações profissionais e mães têm debatido o modelo de Educação Infantil pretendido para as crianças brasileiras, influenciando as diretrizes estabelecidas na legislação do país.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB -, aprovada em 1996, estabelece, em seu artigo n. 29, que a Educação Infantil tem como finalidade “o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Tal afirmação é resultado de uma nova maneira de compreender a criança que é vista como um ser ativo, competente, agente, produtor de cultura, pleno de possibilidades atuais e não apenas futuras.

Mas como trabalhar, no dia-a-dia da Educação Infantil, a partir de tais concepções? O quê ensinar para as crianças? Essas podem ser algumas dúvidas comuns de muitas professoras. Para respondê-las é importante compreender que as crianças estão inseridas no mundo e que, desde o seu nascimento, esforçam-se para compreendê-lo, reinventando e interagindo com ele a cada momento. Dessa forma, o papel do professor não seria tanto ensinar-lhes conteúdos, mas propiciar-lhes momentos e oportunidades para que explorem e descubram esse mundo.

Ao invés de apenas ensinar a matemática, poderíamos organizar o ambiente e disponibilizar para as crianças jogos e materiais que permitam desenvolver noções e conceitos matemáticos, que vão muito além de ensinar a contar.

Possibilitando às crianças um encontro com a matemática.

Existem muitas formas de conceber e trabalhar com a matemática na Educação Infantil. A matemática está presente na arte, na música, em histórias, na forma como organizo o meu pensamento, nas brincadeiras e jogos infantis. Uma criança aprende muito de matemática, sem que o adulto precise ensiná-la. Descobrem coisas iguais e diferentes, organizam, classificam e criam conjuntos, estabelecem relações, observam os tamanhos das coisas, brincam com as formas, ocupam um espaço e assim, vivem e descobrem a matemática. Contudo, é importante pensarmos que tipo de materiais podemos disponibilizar para as crianças a fim de possibilitar-lhes tais descobertas.

Existem no mercado diversos materiais que podem ser utilizados pelos professores para enriquecer o contato com o universo matemático. São músicas, livros de histórias infantis, encartes de revistas, brinquedos e jogos pedagógicos, que podem ser facilmente encontrados e que permitem à criança o contato com os números, com as formas, com as quantidades, seqüências, etc. Além desse material, é possível que o professor crie seu próprio material de trabalho, confeccionando quebra-cabeças, seqüências lógicas, desenvolvendo atividades com ritmo, oferecendo palitos e outros materiais, propondo jogos e brincadeiras e possibilitando a criação das crianças.



Quanto ao trabalho com os números, é importante compreendermos que estes são símbolos que representam graficamente uma quantidade de coisas que poderiam ser representadas de outra forma. Assim, antes de descobrir os números, é importante ajudarmos as crianças: dizer quantos têm, mostrar nos dedinhos e brincar com tudo isso. Posso indicar que tenho 2 coisas mostrando o dedo indicador e o médio, mas também posso fazê-lo mostrando o dedo mínimo e o polegar. De qualquer forma estarei mostrando 2 dedos. De quantas formas diferentes você é capaz de mostrar 3 dedos? E 5?


Se uma criança, ao mostrar 8 dedos para a professora, pergunta quantos dedos têm ali, ela pode receber a resposta ou ser estimulada a desenvolver o seu pensamento lógico-matemático. Posso responder que tem 8 dedos, como posso desafiá-la, dizendo que ali só tem um dedo e mostrar: 1, 1, 1, 1, 1, 1,1 e1. Diante da contestação da criança, posso então dizer que me enganei e que acho que ali tem 5 e 3, ou 4 e 4, fazendo com que ela descubra que os números são mais que eles mesmos, podendo ser um conjunto de outros números.

O importante é que o professor perceba que pode trabalhar a matemática na Educação Infantil sem se preocupar tanto com a representação dos números ou com o registro no papel, pode colocar em contato com a matemática crianças de todas as idades, desde bebês. Podemos pensar a matemática a partir de uma proposta não-escolarizante, que permita à criança criar, explorar e inventar seu próprio modo de expressão e de relação com o mundo. Tudo o que temos que fazer é criar condições para que a matemática seja descoberta, oferecer estímulo e estar atentos às descobertas das crianças.



Gabriela Guarnieri de Campos Tebet é Professora de Educação Infantil da Prefeitura Municipal de São Carlos; Pedagoga e Mestre em Educação pela UFScar. É co-autora do livro Trabalhando a diferença na educação infantil pela Moderna.

*Fotografias da própria autora. Tratamento de imagem: Mariana Guarnieri.


Quer saber mais sobre o livro, entre http://www.moderna.com.br/

Educação Infantil e suas Disciplinas.


ESTUDO E ANÁLISE DO LIVRO -
“JOGOS, PROJETOS E OFICINAS PARA A EDUCAÇÃO INFANTIL”
Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para a disciplina de Articulação dos Eixos Temáticos – Módulo 4.

Orientador: Profª. Sandra Rampazzo
Tutor eletrônico: Thalita Janaina de Oliveira Serrano
Tutor de sala: Clarisvaldo da Sliva Britto
Unidade: Campinas
Turma: módulo 4 noturno.
Campinas/2007
1. INTRUDUÇÃO.

A educação infantil é considerada a primeira etapa da educação básica, e tem a finalidade de desenvolver integralmente a criança dos 0 aos 5 anos de idade. Ao pensarmos na função pedagógica da educação infantil, temos como pressuposto um trabalho que toma a vivência e os conhecimentos prévios da criança como ponto de partida e os aumenta, com a finalidade de levá-la à construção de novos conhecimentos valorizando suas descobertas e respectivas manifestações, incentivando sua forma de comunicar-se, sua criatividade e espontaneidade, num ambiente que propicie experiências prazerosas como propostas no (RCNEIs).
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, a prática deve ser organizada de propiciar aos alunos condições de: Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de fôrma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações. Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem estar. Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua auto-estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social; (...). As crianças também sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio. E a compreensão disso é um grande desafio para nós educadores. Assim a educação infantil deve cumprir um papel socializador, permitindo a elas aprendizagens diversificadas, para que possam desenvolver uma identidade própria. Para que elas possam criar, é imprescindível que lhes sejam oferecidas experiências ricas, sejam elas voltadas às brincadeiras ou às aprendizagens em situações orientadas. Depois desta breve introdução vamos dar continuidade ao resumo falando sobre cada capítulo, começando coma à matemática e progredindo assim sucessivamente. E finalizaremos com as considerações finais.

2.1. MATEMÁTICA.

E através de jogar, brincar, cantar ouvir histórias, que a criança estabelece conexões entre o seu cotidiano e a Matemática, entre a Matemática e as demais áreas do conhecimento. Diversas ações intervêm na construção dos conhecimentos matemáticos, como recitar a seu modo a seqüência numérica, fazer comparações entre quantidades e entre notações numéricas e localizar-se espacialmente. Essas ações ocorrem fundamentalmente no convívio social e no contato das crianças com histórias, contos, músicas, jogos e brincadeiras etc.
Às noções matemáticas abordadas na educação infantil corresponde uma variedade de brincadeiras e jogos que possam interessar à criança pequena constituem-se rico contexto em idéias matemáticas podem ser evidenciadas pelo adulto, por meio de perguntas, observações e formulação de propostas. . São exemplos disso cantigas, brincadeiras das cadeiras, quebra –cabeças, dominós, dados de diferentes tipos e jogos de cartas etc.. Nesse sentido no livro todos os subsídios para se trabalhar os conteúdos, jogos, e avaliação na matemática na educação infantil são amplamente trabalhados neste capítulo do livro.

2.2. LINGUA PORTUGUESA.

O trabalho com a linguagem constitui um dos eixos básicos na educação infantil, dada a sua importância para a formação do sujeito, para a interação com outras pessoas, na orientação das crianças, na construção de muitos conhecimentos e no desenvolvimento do pensamento.
A aquisição da linguagem inicia nas conversas com os bebês. É muito importante que os pais ou pessoas encarregadas de cuidar de bebês conversem com eles durante as atividades de troca de fraldas, banho, amamentação etc., pois, além de estreitar os laços de afetividade, esse dialogo representa modelos lingüísticos dos quais a criança se apropria, construindo, assim, a capacidade de compreender e fazer-se compreender. Cabe também à família e também à escola privilegiar o dialogo com as crianças. Uma sugestão para a escola é promover, sempre, rodas de conversa com os alunos.
As rodas de conversa estimulam os alunos a trocar idéias, contar casos ocorridos com eles, comentar fatos, apresentar poesias, parlendas ou, mesmo, conversar sobre um passeio que tenham feito ou discutir os resultados de um trabalho que tenham acabado de realizar em grupo. O intuito é desenvolver a comunicação oral e ampliar o universo discursivo dos alunos. Assim o livro aborda também, outras formas de se trabalhar com a língua portuguesa, tais com o ritmo das canções trava-línguas, ditados populares, adivinhas, seqüências de cenas dentre outros.

2.3. NATUREZA E SOCIEDADE.

A relação da criança pré-escolar com os fenômenos naturais e sociais pode ser sintetizada numa única palavra: curiosidade. É a partir dessa vontade de conhecer que o trabalho escolar deve ser planejado. Muitos são os temas que despertam o interesse nas crianças: bichos de jardim, pequenos animais, dinossauros, tubarões, heróis, castelos bruxas, programas da TV são para as crianças parte de um todo integrado.
O conhecimento do mundo é transmitido à criança desde o seu nascimento: quando se diz o nome e se explica a função dos objetos, está implícita aí uma história acumulada socialmente; quando se leva uma criança a um passeio pela rua, ela está sendo apresentada à construção social dos espaços; o toque do médico que examina é muito diferente das carícias e brincadeiras da mãe, e esse exame já lhe dá parâmetros para conhecer seu próprio corpo.
A todo o momento o saber lhe chega, de forma não sistematizada. À escola cabe propiciar a ampliação e a sistematização desses conhecimentos, convidando a criança a participar de descobertas, abrindo-lhe oportunidades de desenvolver suas capacidades, orientando-a a olhar para um e outro lado, dando-lhe oportunidade de refletir, experimentar e formular hipóteses. Esse não é, no entanto, um caminho solitário. O ambiente escolar é um ambiente coletivo - de convivência, discussão, confronto, competição e colaboração, o que torna ainda mais enriquecedor o processo de construção do conhecimento, mas também envolve questões ligadas a valores: ética, honestidade, disciplina, companheirismo, solidariedade, persistência e respeito. É esse o enfoque que devemos buscar.
Muitas vezes utilizamos os conteúdos com o pretexto para discutir questões mais importantes. Pouco sentido faz para a criança dessa faixa etária a divisão do tempo escolar em matérias (Ciências, História, Geografia, Matemática, Língua Portuguesa). O conhecimento, para ela, ainda não é algo compartimentado. A curiosidade é uma só, e em poucos segundos passa da quantidade de estrelas que existem para a cor dos olhos dos gatos. Como “encaixotar” o conhecimento nessa fase?
A organização do conteúdo, nesse sentido, serve como um roteiro básico, nem sempre claramente delimitado a uma única área. Pois dentro de uma disciplina podemos usar conteúdos de outras disciplinas que se complementam e se ampliam. O trabalho com ciências historia e geografia, desse modo, vai além do mero aprendizado de meros conteúdos, embora eles estejam presentes, porque acreditamos na responsabilidade da escola na formação dos cidadãos, do que na transmissão de conhecimentos.

2.4. MÚSICA.

A música é considerada fundamental na formação de futuros cidadãos desde a Grécia antiga, pois, além do poder de encantar e proporcionar distração, pode ser utilizada para transmitir conhecimentos de naturezas diversas.
As canções populares constituem a mais viva expressão lingüística de um povo. As letras das músicas, em sua simplicidade, servem de modelo para as crianças em processo de alfabetização, que, de maneira prazerosa, captam a estrutura das frases e do pensamento do povo do qual fazem parte.
Associadas à música estão a dança, as brincadeiras e os jogos com movimentos e gestos corporais, que devem constituir conteúdos para o trabalho com as crianças.
Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos e jogos de mãos são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de entenderem a necessidade de expressão que passa pela esfera afetiva, estética e cognitiva.
Enfim, a música pode ser trabalhada de diversas maneiras, como por exemplo, através dos sons da natureza, de instrumentos musicais, composições clássicas, canções de ninar, músicas que exploram os direitos das crianças e temas variados.

2.5. ARTES.

A criança tem, naturalmente, uma grande aproximação com o universo da arte. A estética, para ela, está presente nas situações mais cotidianas: nas formas e cores da natureza, nas histórias que ouve, nos brinquedos, nas representações que faz em suas brincadeiras e nas músicas que aprende a cantar.
Sempre que possível, o educador deve propiciar o contato direto das crianças com as obras de arte. Admirar uma pintura, percebendo suas cores, textura, tela, diferentes efeitos ao afastar-se ou aproximar-se dela, é uma experiência muito mais enriquecedora do que conhecer reproduções em livros. Apreciar uma escultura em todas as suas dimensões é, igualmente, muito mais interessante do que olhar uma fotografia desta escultura. A variedade de trabalhos que podem ser feitos com o tema “artes” é muito grande (dia do Índio, do Trabalho, do Professor, da Criança, dentre outros).Os projetos descritos no livro sobre o referido tema são mais que suficientes para trabalhar o ensino das artes, cabendo ao educador ampliá-los ou restringi-los conforme o caso, levando em conta a faixa etária e o desenvolvimento sócio-psico-emocional de seus alunos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Uma coisa interessante me chamou atenção no livro, é que praticamente o eixo movimento permeia desde a matemática, natureza e sociedade linguagem oral e escrita, música, projetos, oficinas e artes. Resumidamente, podemos dizer que o eixo movimento tem uma relação, interdisciplinar com as outras matérias. Mas também o corpo é algo muito mais do que meramente biológico dotado de visão, audição, paladar e tato. Ele se expressa à individualidade do ser, pois, toda a vivência se dá no plano corporal. Os aspectos psicológicos, cognitivos, emocionais e sociais se dão mediante um “corpo organizado”, o qual depende dos aspectos neurofisiológicos e locomotores. Isso quer dizer que o controle do próprio corpo e sua interiorização é fundamental para a criança adquirir equilíbrio e sentir as possibilidades de sua ação no mundo.
Assim, a ação no mundo por meio do movimento,

[...] deveria, em qualquer circunstância, ser entendido como um modo para o homem e a mulher serem mais.[...] A motricidade humana traz consigo toda significação de nossa existência. Há uma extrema coerência entre o que somos, pensamos, acreditamos ou sentimos, e aquilo que expressamos através de pequenos, gestos, atitudes, posturas ou movimentos mais amplos(MEDINA,1992, p. 87,grifo do autor).

A proposta de uma educação de corpo inteiro deve ser incorporada pela escola, valorizando as brincadeiras, os jogos e a imaginação, porque, apesar de algumas habilidades motoras serem desenvolvidas na família, não se pode negar a importância dos primeiros anos de escolaridade, onde ela se desenvolve como um todo. Tanto para o leigo, como para o educador experimentado o livro Jogos, Projetos e Oficinas Para Educação Infantil traz um material que não da para se abrir mão. O livro fala por si só.
4. REFERÊNCIAS.

CENTURIÓN, Marília. (et al). Jogos, projetos e oficinas para educação infantil. São Paulo: FTD, 2004.
MEDINA, João Paulo Subirá. A Educação física cuida do corpo...e“mente”: bases para a renovação e transformação da educação física. 10. ed. Campinas: Papirus, 1992.

Trabalho feito por.( João Carlos Maria).

Vídeos sobre, Auto-Estima, Aprendizagem e Pnl. (Lair Ribeiro).



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Alfabetização & Letramento.



Magda Becker Soares
O que é letramento e alfabetização

Neste texto, vamos discutir conceitos e, portanto, palavras, ou, se quiserem, vamos discutir palavras e, portanto, conceitos: os conceitos alfabetização e letramento, as palavras alfabetização e letramento.


Em um primeiro momento, gostaria de fazer um "passeio" pelo campo semântico em que se inserem essas palavras, esses conceitos. São palavras de uso comum, conhecidas, exceto talvez letramento, palavra ainda desconhecida ou mal entendida, ou ainda não plenamente compreendida pela maioria das pessoas, porque é palavra que entrou na nossa língua há muito pouco tempo.



ALFABETIZAÇÃO



ALFABETIZAR ALFABETIZADO



ANALFABETISMO ANALFABETO



LETRAMENTO



LETRADO ILETRADO




ALFABETISMO



Não precisamos definir essas palavras, porque estamos familiarizados com elas, talvez com exceção apenas da palavra letramento. Mas vou me deter nelas para conduzir nossa reflexão em direção ao sentido de letramento.



Vejamos as definições que aparecem no dicionário Aurélio:


analfabetismo: estado ou condição de analfabeto


a(n) + alfabet + ismo

-izar:

sufixo,

indica: tornar, fazer com que.

Exemplos:

suavizar: tornar suave;

industrializar: tornar industrial


Alfabetizar é tornar o indivíduo capaz de ler e escrever.

Alfabetização: ação de alfabetizar

Alfabet + iza(r) + ção



-ção: sufixo que forma substantivos

indica: ação

Exemplos:

traição: ação de trair

nomeação: ação de nomear




Alfabetização é a ação de alfabetizar, de tornar "alfabeto".


Causa estranheza o uso desa palavra "alfabeto", na expressão "tornar alfabeto". É que dispomos da palavra analfabeto, mas não temos o contrário dela: temos a palavra negativa, mas não temos a palavra positiva.


É no campo semântico dessas palavras que conhecemos bem - analfabetismo, analfabeto, alfabetização, alfabetizar - que surge a palavra letramento. Como surgiu essa palavra e o que quer ela dizer?


LETRAMENTO?


Conhecemos as palavras letrado e iletrado:


Letrado: versado em letras, erudito
iletrado: que não tem conhecimentos literários


uma pessoa letrada = uma pessoa erudita, versada em letras (letras significando literatura, línguas)

uma pessoa iletrada = uma pessoa que não tem conhecimentos literários, que não é erudita; analfabeta, ou quase analfabeta.


O sentido que temos atribuído aos adjetivos letrado e iletrado não está relacionado com o sentido da palavra letramento.


A palavra letramento ainda não está dicionarizada, porque foi introduzida muito recentemente na língua portuguesa, tanto que quase podemos datar com precisão sua entrada na nossa língua, identificar quando e onde essa palavra foi usada pela primeira vez.


Parece que a palavra letramento apareceu pela primeira vez no livro de Mary Kato: No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística, de 1986.


A palavra letramento não é, como se vê, definida pela autora e, depois dessa referência, é usada várias vezes no livro; foi, provavelmente, essa a primeira vez que a palavra letramento apareceu na língua portuguesa - 1986.


Leia mais


Depois da referência de Mary Kato, em 1986, a palavra letramento aparece em 1988, no livro que, pode-se dizer, lançou a palavra no mundo da educação, dedica páginas à definição de letramento e busca distinguir letramento de alfabetização: é o livro Adultos não alfabetizados - o avesso do avesso, de Leda Verdiani Tfouni (São Paulo, Pontes, 1988, Coleção Linguagem/Perspectivas) um estudo sobre o modo de falar e de pensar de adultos analfabetos.


Mais recentemente, a palavra tornou-se bastante corrente, aparecendo até mesmo em título de livros, por exemplo: Os significados do letramento, coletânea de textos organizada por Ângela Kleiman, (Campinas, Mercado das Letras, 1995) e Alfabetização e letramento, da mesma Leda Verdiani Tfouni, anteriormente mencionada (São Paulo, Cortez, 1995, Coleção Questões de nossa época).


Na busca de esclarecer o que seja letramento, talvez seja interessante refletirmos sobre o seguinte: vivemos séculos sem precisar da palavra letramento; a partir dos anos 80, começamos a precisar dessa palavra, inventamos essa palavra - por quê, para quê?


Por que aparecem palavras novas na língua?


Resposta:

Na língua sempre aparecem palavras novas quando fenômenos novos ocorrem, quando uma nova idéia, um novo fato, um novo objeto surgem, são inventados, e então é necessário ter um nome para aquilo, porque o ser humano não sabe viver sem nomear as coisas: enquanto nós não as nomeamos, as coisas parecem não existir. Um exemplo:

hoje em dia se usa com muita freqüência a palavra globalização, abrimos o jornal e lá está a palavra globalização; poucos anos atrás, ninguém usava essa palavra, não no sentido com que a estamos usando atualmente. Por que surgiu a palavra globalização( Porque surgiu um fenômeno novo na economia mundial, e foi preciso dar um nome a esse fenômeno novo -surge assim a palavra nova.



Outros exemplos


Portanto: o termo letramento surgiu porque apareceu um fato novo para o qual precisávamos de um nome, um fenômeno que não existia antes, ou, se existia, não nos dávamos conta dele e, como não nos dávamos conta dele, não tínhamos um nome para ele.


Três perguntas precisam agora ser respondidas:


Qual é o significado dessa palavra letramento?

Por que surgiu essa nova palavra, letramento?

Onde fomos buscar essa nova palavra, letramento?

Comecemos por responder à última pergunta.

Onde fomos buscar a palavra letramento?


Na verdade, a palavra letramento é uma tradução para o Português da palavra inglesa literacy; os dicionários definem assim essa palavra:


literacy = the condition of being literate

littera + cy





palavra latina = letra -cy: sufixo, indica qualidade, condição, estado. Exemplo: innocency: condição de inocente.


Traduzindo a definição acima, literacy é "a condição de ser letrado" - dando à palavra letrado" sentido diferente daquele que vem tendo em português. Em inglês, o sentido de literate é:


literate: educated; especially able to read and write (educado; especificamente, que tem a habilidade de ler e escrever)


Literate é, pois, o adjetivo que caracteriza a pessoa que domina a leitura e a escrita, e literacy designa o estado ou condição daquele que é literate, daquele que não só sabe ler e escrever, mas também faz uso competente e freqüente da leitura e da escrita.


Há, assim, uma diferença entre saber ler e escrever, ser alfabetizado, e viver na condição ou estado de quem sabe ler e escrever, ser letrado (atribuindo a essa palavra o sentido que tem literate em inglês). Ou seja: a pessoa que aprende a ler e a escrever - que se torna alfabetizada - e que passa a fazer uso da leitura e da escrita, a envolver-se nas práticas sociais de leitura e de escrita - que se torna letrada - é diferente de uma pessoa que ou não sabe ler e escrever - é analfabeta - ou, sabendo ler e escrever, não faz uso da leitura e da escrita - é alfabetizada, mas não é letrada, não vive no estado ou condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a escrita.


O adjetivo letrado, e seu feminino letrada serão usados no restante deste texto com um significado que não é o que têm (por enquanto) nos dicionários: serão usados para caracterizar a pessoa que, além de saber ler e escrever, faz uso freqüente e competente da leitura e da escrita. Serão usados também os adjetivos iletrado/iletrada como seus antônimos.

Estado ou condição: essas palavras são importantes para que se compreendam as diferenças entre analfabeto, alfabetizado e letrado; o pressuposto é que quem aprende a ler e a escrever e passa a usar a leitura e a escrita, a envolver-se em práticas de leitura e de escrita, torna-se uma pessoa diferente, adquire um outro estado, uma outra condição.


Socialmente e culturalmente, a pessoa letrada já não é a mesma que era quando analfabeta ou iletrada, ela passa a ter uma outra condição social e cultural - não se trata propriamente de mudar de nível ou de classe social, cultural, mas de mudar seu lugar social, seu modo de viver na sociedade, sua inserção na cultura - sua relação com os outros, com o contexto, com os bens culturais torna-se diferente.


Há a hipótese de que tornar-se letrado é também tornar-se cognitivamente diferente: a pessoa passa a ter uma forma de pensar diferente da forma de pensar de uma pessoa analfabeta ou iletrada.


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Tornar-se letrado traz, também, conseqüências lingüísticas: alguns estudos têm mostrado que o letrado fala de forma diferente do iletrado e do analfabeto; por exemplo: pesquisas que caracterizaram a língua oral de adultos antes de serem alfabetizados, e a compararam com a língua oral que usavam depois de alfabetizados, concluíram que, após aprender a ler e a escrever, esses adultos passaram a falar de forma diferente, evidenciando que o convívio com a língua escrita teve como conseqüências mudanças no uso da língua oral, nas estruturas lingüísticas e no vocabulário.


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Enfim: a hipótese é que aprender a ler e a escrever e, além disso, fazer uso da leitura e da escrita transformam o indivíduo, levam o indivíduo a um outro estado ou condição sob vários aspectos: social, cultural, cognitivo, lingüístico, entre outros.


Tentamos responder, até aqui, a uma das três perguntas anterior. Busquemos, agora, a resposta à primeira pergunta.


Finalmente, uma definição de letramento

Chegamos finalmente à palavra e ao conceito letramento:


letra + mento


forma portuguesa da palavra latina littera -mento: sufixo, indica resultado de uma ação. Exemplo: ferimento = resultado da ação de ferir.


Portanto: letramento é o resultado da ação de "letrar-se", se dermos ao verbo "letrar-se" o sentido de "tornar-se letrado".

LETRAMENTO


Resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais de leitura e escrita

O estado ou condição que adquire um grupo social ou um indivíduo

como conseqüência de ter-se apropriado da escrita e de suas práticas sociais


Observação importante: ter-se apropriado da escrita é diferente de ter aprendido a ler e a escrever: aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar em língua escrita e de decodificar a língua escrita; apropriar-se da escrita é tornar a escrita "própria", ou seja, é assumi-la como sua "propriedade" .


Outros exemplos


Retomemos a grande diferença entre alfabetização e letramento, entre alfabetizado e letrado: um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em estado de letramento, é não só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita.


Letramento definido num poema


Uma estudante norte-americana, de origem asiática, Kate M. Chong, ao escrever sua história pessoal de letramento, define-o em um poema:


O QUE É LETRAMENTO?


Letramento não é um gancho
em que se pendura cada som enunciado,
não é treinamento repetitivo
de uma habilidade,
nem um martelo
quebrando blocos de gramática.

Letramento é diversão
é leitura à luz de vela
ou lá fora, à luz do sol.

São notícias sobre o presidente
O tempo, os artistas da TV
e mesmo Mônica e Cebolinha
nos jornais de domingo.

É uma receita de biscoito,
uma lista de compras, recados colados na geladeira,
um bilhete de amor,
telegramas de parabéns e cartas
de velhos amigos.

É viajar para países desconhecidos,
sem deixar sua cama,
é rir e chorar
com personagens, heróis e grandes amigos.

É um atlas do mundo,
sinais de trânsito, caças ao tesouro,
manuais, instruções, guias,
e orientações em bulas de remédios,
para que você não fique perdido.

Letramento é, sobretudo,
um mapa do coração do homem,
um mapa de quem você é,
e de tudo que você pode ser.

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O poema mostra que letramento é muito mais que alfabetização. Ele expressa muito bem como o letramento é um estado, uma condição: o estado ou condição de quem interage com diferentes portadores de leitura e de escrita, com diferentes gêneros e tipos de leitura e de escrita, com as diferentes funções que a leitura e a escrita desempenham na nossa vida. Enfim: letramento é o estado ou condição de quem se envolve nas numerosas e variadas práticas sociais de leitura e de escrita.


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Por que surgiu a palavra letramento?


A palavra analfabetismo nos é familiar, usamos essa palavra há séculos, ela já está presente em textos do tempo em que éramos Colônia de Portugal. É um fenômeno interessante: usamos, há séculos, o substantivo que nega (recorde a análise da palavra analfabetismo na página 2: a(n) + alfabetismo = privação de alfabetismo), e não sentíamos necessidade do substantivo que afirmasse: alfabetismo ou letramento. Por que só agora, no fim do século XX, a palavra letramento se tornou necessária?


Palavras novas aparecem quando novas idéias ou novos fenômenos surgem. Convivemos com o fato de existirem pessoas que não sabem ler e escrever, pessoas analfabetas, desde o Brasil Colônia, e ao longo dos séculos temos enfrentado o problema de alfabetizar, de ensinar as pessoas a ler e escrever; portanto: o fenômeno do estado ou condição de analfabeto nós o tínhamos (e ainda temos...), e por isso sempre tivemos um nome para ele: analfabetismo.

À medida que o analfabetismo vai sendo superado, que um número cada vez maior de pessoas aprende a ler e a escrever, e à medida que, concomitantemente, a sociedade vai se tornando cada vez mais centrada na escrita (cada vez mais grafocêntrica), um novo fenômeno se evidencia: não basta apenas aprender a ler e a escrever. As pessoas se alfabetizam, aprendem a ler e a escrever, mas não ncessariamente incorporam a prática da leitura e da escrita, não necessariamente adquirem competência para usar a leitura e a escrita, para envolver-se com as práticas sociais de escrita: não lêem livros, jornais, revistas, não sabem redigir um ofício, um requerimento, uma declaração, não sabem preencher um formulário, sentem dificuldade para escrever um simples telegrama, uma carta, não conseguem encontrar informações num catálogo telefônico, num contrato de trabalho, numa conta de luz, numa bula de remédio... Esse novo fenômeno só ganha visibilidade depois que é minimamente resolvido o problema do analfabetismo e que o desenvolvimento social, cultural, econômico e político traz novas, intensas e variadas práticas de leitura e e de escrita, fazendo emergirem novas necessidades, além de novas alternativas de lazer. Aflorando o novo fenômeno, foi preciso dar um nome a ele: quando uma nova palavra surge na língua, é que um novo fenômeno surgiu e teve de ser nomeado. Por isso, e para nomear esse novo fenômeno, surgiu a palavra letramento.


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Compreendido o que é letramento, por que surgiu a palavra letramento, qual a origem da palavra letramento, pode-se voltar à diferença entre letramento e alfabetização:


Alfabetização = ação de ensinar/aprender a ler e a escrever


Letramento = estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita


cultiva = dedica-se a atividades de leitura e escrita

exerce = responde às demandas sociais de leitura e escrita


Precisaríamos de um verbo "letrar" para nomear a ação de levar os indivíduos ao letramento... Assim, teríamos alfabetizar e letrar como duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado.


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Alfabetizado e/ou letrado - uma nova pergunta se impõe.


Como diferenciar o apenas alfabetizado do letrado?


Eacute; difícil a resposta a essa pergunta, porque letramento envolve dois fenômenos bastante diferentes, a leitura e a escrita, cada um deles muito complexo, pois constituído de uma multiplicidade de habilidades, comportamentos, conhecimentos:


Ler

É um conjunto de habilidades e comportamentos que se estendem desde simplesmente decodificar sílabas ou palavras até ler Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa... uma pessoa pode ser capaz de ler um bilhete, ou uma história em quadrinhos, e não ser capaz de ler um romance, um editorial de jornal... Assim: ler é um conjunto de habilidades, comportamentos, conhecimentos que compõem um longo e complexo continuum: em que ponto desse continuum uma pessoa deve estar, para ser considerada alfabetizada, no que se refere à leitura? A partir de que ponto desse continuum uma pessoa pode ser considerada letrada, no que se refere à leitura?

Escrever

É também um conjunto de habilidades e comportamentos que se estendem desde simplesmente escrever o próprio nome até escrever uma tese de doutorado... uma pessoa pode ser capaz de escrever um bilhete, uma carta, mas não ser capaz de escrever uma argumentação defendendo um ponto de vista, escrever um ensaio sobre determinado assunto... Assim: escrever é também um conjunto de habilidades, comportamentos, conhecimentos que compõem um longo e complexo continuum: em que ponto desse continuum uma pessoa deve estar, para ser considerada alfabetizada, no que se refere à escrita? A partir de que ponto desse continuum uma pessoa pode ser considerada letrada, no que se refere à escrita?


Conclui-se que há diferentes tipos e níveis de letramento, dependendo das necessidades, das demandas do indivíduo e de seu meio, do contexto social e cultural.


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analfabeto e alfabetizado, alfabetizado e letrado:

conceitos imprecisos


Eleições de 1996. O jornal Folha de S.Paulo em 19 de julho de 1996 publica a seguinte notícia:


Candidaturas são impugnadas após teste de alfabetização
O juiz eleitoral de Itapetininga, Jairo Sampaio Incane Filho, 38, impugnou 20 dos 80 candidatos a prefeito e vereador das cidades de Itapetininga, Sarapuí e Alambari, na região de Sorocaba (87 km a oeste de São Paulo).

A impugnação foi motivada pelo fato de os candidatos terem sido reprovados em um teste de alfabetização realizado pelo juiz, no Fórum de Itapetininga.

Incane Filho disse que fez o texto com base na exigência contida na Lei Complementar nº 64/90, de 1992, do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), que proíbe analfabetos de serem candidatos a cargos eletivos.

O juiz afirmou que convocou os 80 candidatos que disseram ter o 1º grau completo e nistraram dificuldades no preenchimento dos documentos para o registro de suas candidaturas.

Os testes com os candidatos foram feitos individualmente. Seus nomes são mantidos em sigilo. "Pedi a todos que lessem e interpretassem um texto de um jornal infantil. Em seguida, pedi que cada um redigisse um texto expondo sua lógica", disse.

Segundo incane Filho, erros gramaticais não foram levados em conta. "Apenas observei se o candidato tem condições de entender um texto, pois uma vez eleito, ele vai ter de trabalhar com leis e documentos."

A assessoria de imprensa do TRE informou que o tribunal transmitiu uma recomendação aos juízes para que "em caso de dúvida", façam "um teste de alfabetização" nos candidatos.



Baseado numa lei que "proíbe analfabetos de serem candidatos a cargos eletivos", o juiz submeteu candidatos a prefeito e a vereador a "um teste de alfabetização".


Que razões levaram o juiz a supor que 80 candidatos eram analfabetos?


Duas razões:


1ª) tinham 1° grau incompleto

2ª) mostraram dificuldades no preenchimento dos documentos para o registro de suas candidaturas

Portanto: para o juiz, um alfabetizado seria alguém que tivesse o 1° grau completo e preenchesse formulários sem dificuldades.


No entanto, o juiz admitiu que, embora não tendo o 1° grau completo e revelando dificuldades para preencher documentos de registro de candidatura, o candidato a prefeito ou vereador poderia ser considerado alfabetizado:

Segundo o juiz, que comportamentos o candidato deveria demonstrar, para não ser considerado analfabeto?


O candidato deveria:


* Ler e interpretar um texto;

* Redigir um texto sobre o texto lido.

O juiz definiu ainda o nível do texto que o candidato deveria ser capaz de interpretar e o critério de correção das respostas do candidato:




Segundo o juiz, o candidato deveria ser capaz de ler e interpretar que tipo de texto?


texto de um jornal infantil




Segundo o juiz, com que critérios os resultados do candidato deveriam ser avaliados?


* não levar em conta erros gramaticais

* verificar se o candidato tinha entendido o texto


O juiz admitiu, pois, que um candidato a prefeito ou a vereador poderia não ter o 1° grau completo, poderia enfrentar dificuldades para preencher documentos, mas deveria ser capaz de ler e interpretar um texto de jornal infantil, e de redigir um texto sobre o que lera, mesmo cometendo erros gramaticais; e justificou esses critérios:




Por que o juiz considerou que ser capaz de entender um texto era o critério adequado para avaliar se o candidato a prefeito ou vereador poderia ser considerado alfabetizado?


Porque, se eleito, ele teria de trabalhar com leis e documentos (que deveria saber ler e interpretar).




O juiz mostrou ter dois conceitos de alfabetização:


um conceito genérico, aplicável a qualquer pessoa - ter o 1° grau completo e ser capaz de preencher documentos, sem dificuldades;

um conceito específico, aplicável a pessoas que exercem a função de prefeito ou vereador - ser capaz de ler e interpretar textos legais e documentos oficiais.


Talvez você queira refletir um pouco mais sobre esse episódio:


* A alfabetização que o juiz considera necessária a prefeitos e vereadores estará sendo avaliada num teste que mede a capacidade de ler e interpretar um texto de jornal infantil ?


* Fica claro que, para o juiz, as práticas sociais que envolvem a língua escrita necessárias a prefeitos e vereadores são as de leitura de textos legais e documentos oficiais - é esta uma concepção adequada?


* Será que se pode concordar que o nível de alfabetização de um indivíduo deve ser definido pelas exigências das práticas sociais específicas que ele precisa ter com a escrita, segundo sua inserção no mundo do trabalho?


* Pense: o juiz procura avaliar o nível de alfabetização ou o nível de letramento dos candidatos?


Mas continuemos, porque o episódio não termina aí. Cerca de vinte dias depois, em 7 de agosto, o mesmo jornal Folha de S.Paulo publica a seguinte notícia:


TRE aprova candidatura de reprovados em teste

O plenário do Tribunal Regional Eleitoral aprovou ontem a candidatura de 30 políticos que foram reprovados em um teste de alfabetização aplicado pelo juiz eleitoral de Itapetininga, Jairo Sampaio Incane Filho, 38.

O juiz havia impugnado as candidaturas de políticos das cidades de Itapetininga, Sarapuí e Alambari, todas na região de Sorocaba (87 km a oeste de São Paulo). Eles tiveram de ler o texto de um suplemento infantil de um jornal e escrever algo sobre o que leram.

Incane Filho convocou para esse teste 80 candidatos que afirmaram não ter o primeiro grau completo. Os testes se basearam na lei complementar nº 64/90, de 1992, que proíbe analfabetos de serem candidatos a cargos eletivos.

O TRE reformou a sentença do juiz, considerando que os candidatos tinham "rudimentos" da alfabetização e que, portanto, não poderiam ser considerados analfabetos. para chegar a essa conclusão, os juízes utilizaram a definição do dicionário Aurélio para a palavra "analfabeto.

O TRE deverá julgar hoje outros onze recursos apresentados pelos candidatos impugnados daquelas cidades. A plicação de testes de alfabetização é uma orientação do próprio TRE a todos os juízes eleitorais do Estado.

Entre os candidatos impugnados pelo juiz Incane Fillho, havia um ex-prefito e seis vereadores. José Luiz Holtz (PSDB), ex-prefeito de Sarapuí, considerou a decisão do juiz de Itapetininga "um absurdo". Seu candidato a vice também foi impugnado.

Segundo o juiz Incane Filho, o teste que aplicou não levou em consideração os erros gramaticais, mas apenas a capacidade dos candidatos de entender um texto.

"Depois de eleitos, eles terão de trabalhar com leis e documentos", afirmou o juiz.



O Tribunal Regional Eleitoral - TRE - foi contrário ao conceito de alfabetização do juiz, considerando que os candidatos reprovados não eram analfabetos porque tinham "rudimentos da alfabetização":




Qual o critério do TRE para considerar que os candidatos não eram analfabetos?


A definição do dicionário Aurélio para a palavra "analfabeto".


Recorde a definição de analfabeto do dicionário Aurélio:


analfabeto: que não conhece o alfabeto; que não sabe ler e escrever


Portanto: o TRE considerou que os candidatos sabiam ler e escrever (já que tinham alguma ou algumas séries do 1° grau e, embora com dificuldades, enfrentaram os documentos de registro da candidatura), e assim, não eram analfabetos.


O juiz eleitoral e o TRE mostraram ter conceitos diferentes de alfabetização: o juiz eleitoral avaliava antes o letramento que a alfabetização dos candidatos - embora desconhecesse o conceito de letramento, preocupava-se com as práticas sociais de leitura e escrita que eles deveriam ter; o TRE avaliou apenas a alfabetização dos candidatos, porque se satisfez com os "rudimentos" de leitura e escrita que tinham, desconhecendo seu nível de letramento, pois não considerou suas habilidades de usar a leitura e a escrita.


Esse episódio evidencia:

* a imprecisão do conceito de alfabetização - pessoas ou grupos têm conceitos diferentes, o conceito varia de acordo com a situação, com o contexto;

* o fenômeno do letramento ainda é pouco percebido em nossa sociedade.


Analfabeto-alfabetizado, letrado-iletrado:

variações segundo as condições sociais e históricas


Um bom exemplo da variação do conceito de alfabetização ao longo do tempo e da dependência entre o fenômeno do letramento e as condições culturais e sociais é a comparação entre os critérios que foram no passado utilizados e os que hoje são utilizados para definir quem é analfabeto ou quem é alfabetizado nos recenseamentos da população brasileira.


Até a década de 40, o formulário do Censo definia o indivíduo como analfabeto ou alfabetizado perguntando-lhe se sabia assinar o nome: as condições culturais, sociais e políticas do país, até então, não exigiam muito mais que isso de grande parte da população. As pessoas aprendiam a desenhar o nome, apenas para poder votar ou assinar um contrato de trabalho.


A partir dos anos 40, o formulário do Censo passou a usar uma outra pergunta: sabe ler e escrever um bilhete simples( Apesar da impropriedade da pergunta [se quiser saber por quê, leia o quadro abaixo], ela já expressa um critério para definir quem é alfabetizado ou analfabeto que avança em relação ao critério de apenas saber escrever o nome: definir como analfabeto aquele que não sabe ler e escrever um bilhete simples indica já uma preocupação com os usos sociais da escrita, aproxima-se, pois, do conceito de letramento, e revela uma outra expectativa com relação ao alfabetizado - uma expectativa de que seja também letrado.


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A mudança de critério para avaliação dos índices de analfabetismo no Brasil revela mudanças históricas, sociais, culturais. A comparação dos critérios utilizados aqui com os utilizados em países do Primeiro Mundo pode ser esclarecedora.


Analfabetismo no Primeiro Mundo?


É surpreendente quando os jornais noticiam a preocupação com altos níveis de "analfabetismo" em países como os Estados Unidos, a França, a Inglaterra; surpreendente porque: como podem ter altos níveis de analfabetismo países em que a escolaridade básica é realmente obrigatória e, portanto, praticamente toda a população conclui o ensino fundamental (que, nos países citados, tem duração maior que a do nosso ensino fundamental - 10 anos nos Estados Unidos e na França, 11 anos na Inglaterra). É que, quando a nossa mídia traduz para o português a preocupação desses países, traduz illiteracy (inglês) e illetrisme (francês) por analfabetismo. Na verdade, não existe analfabetismo nesses países, isto é, o número de pessoas que não sabem ler ou escrever aproxima-se de zero; a preocupação, pois, não é com os níveis de analfabetismo, mas com os níveis de letramento, com a dificuldade que adultos e jovens revelam para fazer uso adequado da leitura e da escrita: sabem ler e escrever, mas enfrentam dificuldades para escrever um ofício, preencher um formulário, registrar a candidatura a um emprego - os níveis de letramento é que são baixos.


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No Brasil, há já algumas poucas pesquisas que procuram avaliar o nível de letramento de jovens e adultos; a tendência tem sido considerar como alfabetizado (o termo mais adequado seria letrado) o indivíduo que tenha pelo menos completado a 4ª série do ensino fundamental, com base no pressuposto de que são necessários no mínimo quatro anos de escolaridade para a apropriação da leitura e da escrita e de seus usos sociais. Quando se calcula o analfabetismo no Brasil com base nesse critério, o índice cresce assustadoramente...


Condições para o letramento


Termos despertado para o fenômeno do letramento - estarmos incorporando essa palavra ao nosso vocabulário educacional - significa que já compreendemos que nosso problema não é apenas ensinar a ler e a escrever, mas é, também, e sobretudo, levar os indivíduos - crianças e adultos - a fazer uso da leitura e da escrita, envolver-se em práticas sociais de leitura e de escrita.


No entanto, infere-se, de tudo que foi dito, que o nível de letramento de grupos sociais relaciona-se fundamentalmente com as suas condições sociais, culturais e econômicas. É preciso que haja, pois, condições para o letramento.




Uma primeira condição é que haja escolarização real e efetiva da população - só nos demos conta da necessidade de letramento quando o acesso à escolaridade se ampliou e tivemos mais pessoas sabendo ler e escrever, passando a aspirar a um pouco mais do que simplesmente aprender a ler e a escrever.




Uma segunda condição é que haja disponibilidade de material de leitura. O que ocorre nos países do Terceiro Mundo é que se alfabetizam crianças e adultos, mas não lhes são dadas as condições para ler e escrever: não há material impresso posto à disposição, não há livrarias, o preço dos livros e até dos jornais e revistas é inacessível, há um número muito pequeno de bibliotecas. Como é possível tornar-se letrado em tais condições( Isso explica o fracasso das campanhas de alfabetização em nosso país: contentam-se em ensinar a ler e escrever; deveriam, em seguida, criar condições para que os alfabetizados passassem a ficar imersos em um ambiente de letramento, para que pudessem entrar no mundo letrado, ou seja, num mundo em que as pessoas têm acesso à leitura e à escrita, têm acesso aos livros, revistas e jornais, têm acesso às livrarias e bibliotecas, vivem em tais condições sociais que a leitura e a escrita têm uma função para elas e tornam-se uma necessidade e uma forma de lazer.


Outro exemplo



Letramento e escola, letramento e educação de jovens e adultos



Quais as conseqüências de tudo isso para a escola? Para a educação de jovens e adultos?


O que significa alfabetizar?


O que significa "letrar"?


Quais as diferenças entre alfabetizar e "letrar"?


Como alfabetizar "letrando"?


Quando se pode dizer que uma criança ou um adulto estão alfabetizados? Quando se pode dizer que estão letrados?


Quais são as condições para que o aprender a ler e a escrever seja algo que realmente tenha sentido, uso e função para as pessoas(




É sempre bom terminar com perguntas e não com soluções; diz o grande escritor português Saramago:



Tudo no mundo está dando respostas,

o que demora é o tempo das perguntas.


Aí estão as perguntas; busquemos as respostas.

Este texto foi originalmente publicado no livro Letramento, um tema em três gêneros. Belo Horizonte, Editora Autêntica, 1998. http://www.autenticaeditora.com.br/

PAUL POTTS. (Não julgue pela aparência).



Este vídeo mostra que não podemos julgar pelas aparências, elas nos enganam. Os jurados não acreditaram que aquele vendedor de celulares não muito bonito, pudesse cantar tão bem. Estamos sempre julgando e avaliando e tomando decisões, quer seja na escola trabalho , supermercado, nas relações familiares e muitas vezes cometemos equívocos. Originados do preconceito e da arogancia. Nos professores não podemos deixar que estes sentimentos limitem nossos alunos. Quando fazemos uma prova o que queremos, avaliar?
O homem pode transcender seus limites. (Paul Tillich). Jesus era carpinteiro. E nem por isso deixou de ser um ex.: bom de ser seguido.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

(HD) - Quem Somos Nós ? parte 01 a 12.



Este filme foi dividido em, 12 partes. Para ter acesso basta ir no menu do próprio vídeo e escolher a parte que quer assistir. Obrigado por sua visita, se seu computador estiver lento esperimente o navegador Opera ou o Firefox. Muito melhor do que o internet explorer.

Will Smith - Men In Black - Music Video



Sou fã do Will Smith. Para quem acompanha, nos anos 80,90 ele fez dupla com seu dj Jazzy Jeff & Fresh Prince. Fresh Prince é como Will Smith era conhecido no meio do Rap. Desde entâo acompanho seu trabalho. Boa noite a você, que está conectado. Obrigado por sua visita.

Glossário Acadêmico. Trabalhos Científicos.



Os Trabalhos Científicos resultantes de pesquisa são definidos pela ABNT, da seguinte forma:

a) MONOGRAFIA – trata-se de um estudo que versa sobre um assunto/tema, seguindo uma metodologia, apresentado mediante uma revisão bibliográfica ou revisão de literatura. É mais um trabalho de assimilação de conteúdos e de prática de iniciação na reflexão científica. Esta Comissão sugere que a Monografia não exceda oitenta páginas (NBR).

b) DISSERTAÇÃO – é o resultado de um estudo no qual não há a preocupação em apresentar novas descobertas, como em uma tese de doutorado, mas expor novas formas de ver uma realidade já conhecida com rigor metodológico. A NBR 14724 define esse tipo de trabalho científico como:

Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico respectivo de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor), visando à obtenção do título de mestre.

A Comissão sugere que esse tipo de trabalho não ultrapasse o número de cento e cinqüenta páginas.


c) TESE – a definição de tese, segundo a NBR 14724, é:
Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico de tema único bem delimitado. Deve ser elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor) e visa à obtenção de título de doutor ou similar.

A Comissão aconselha que o número máximo de páginas não ultrapasse trezentas.

d) ARTIGO CIENTÍFICO – "é um texto com autoria declarada que apresenta e discute idéias, métodos, processos, técnicas e resultados nas diversas áreas de conhecimento" (NBR 6022).

e) TRABALHOS ACADÊMICOS ou similares – documento que representa o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador (NBR 14724).

f) RESENHA – pode ser Crítica ou Científica e Informativa. A chamada Resenha Crítica ou Científica requer um conhecimento aprofundado da obra/autor e da temática por ela abordada por parte do resenhista. A Resenha poderá ser apresentada por meio de um texto único ou subdividido em partes, devendo constar (LAKATOS; MARCONI, 1999, p...): Nome e biografia acadêmica do(s) autor(es); Título e resumo da obra; Fundamentação teórica do(s) autor(es); Fundamentação teórica do resenhista; Metodologia adotada; Conclusão do(s) autor(es); Crítica do resenhista; Indicação do resenhista (para que área tal obra é sugerida). A Resenha Informativa é um breve comentário geral da obra, sobre o autor e para quem ela é indicada. Geralmente, tal resenha é usada pelas editoras ou periódicos de divulgação.

g) RESUMO CRÍTICO – é a síntese e análise das idéias do autor do texto (livro, capítulo, artigo, tese, etc.) feita pelo leitor.

Monografria



Não deixe a sua para última hora, faça agora.


MONOGRAFIA

A primeira monografia foi publicada em 1855 (embora já viesse empregando o método desde 1830), por Le Play (1806-1882), Les Ouvriers eurpéens. O autor descreve com minúcias o gênero de vida dos operários e o orçamento de uma família-padrão daquela classe.

A origem histórica da palavra MONOGRAFIA vem da especificação, ou seja a redução da abordagem a um só assunto, a um só problema. Seu sentido etimológico significa: mónos (um só) e graphein (escrever): disserção a respeito de um assunto único.

Ela tem dois sentidos: O estrito, que se identifica com a tese: tratamento escrito de um tema específico que resulte de pesquisa científica com o escopo de apresentar uma contribuição relevante ou original e pessoal à ciência. E o Lato, que identifica com todo trabalho científico de primeira mão, que resulte de pesquisa: dissertações científicas, de mestrado, memórias científicas, as antigas exercitações e tesinas, os college papers das universidades americanas, os informes científicos ou técnicos e obviamente a própria monografia no sentido acadêmico, ou seja o tratamento escrito aprofundado de um só assunto, de maneira descritiva e analítica, onde a reflexão é a tônica (está entre o ensaio e a tese e nem sempre se origina de outro tipo de pesquisa que não seja a bibliografia e a de documentação).

Antes da elaboração da monografia de conclusão do curso de graduação, pós-graduação, etc..., o aluno deve desenvolver um "projeto de monografia", e para tal deve ter em mente um "assunto" que deseja dissertar assim como um acompanhante, um professor/orientador, que aceitará as responsabilidades e atribuições descritas nas normas para elaboração de monografias da Escola.

O Aluno na busca da elaboração de sua monografia passará por algumas fases: escolha do assunto, pesquisa bibliográfica, documentação, crítica, construção, redação.

A escolha do "assunto" é o ponto de partida da investigação e conseqüentemente da própria monografia, é o objeto de pesquisa. É preciso escolhê-lo com acerto. Deve ser um tema selecionado dentro das matérias que mais lhe interessam durante o curso e que atendam às suas inclinações e possibilidades. É um início de uma realização profissional. De qualquer maneira, só se pode esperar êxito quando o assunto é escolhido ou marcado de acordo com as tendências e aptidões do aluno.

A escolha do assunto segue naturalmente, dentro do processo de elaboração da monografia, a fase de pesquisa bibliográfica. O aluno deverá, junto ao seu orientador buscar a bibliografia que possa ser consultada (livros, revistas, artigos, trabalhos científicos, etc..) para a elaboração de seu projeto de Monografia e conseqüentemente a Monografia.

A documentação é a parte mais importante da dissertação, consiste em coligir o material que nos vai fornecer a solução do problema estudado. Unir toda a bibliografia encontrada e elaborar a informação ao trabalho da pesquisa (poderá ser feito através de fichas).

A crítica é um juízo de valor sobre determinado material científico. Pode ser externa e interna. Externa é a que se faz sobre o significado, a importância e o valor histórico de um documento, considerado em si mesmo e em função do trabalho que está sendo elaborado. Abrange a crítica do texto (saber se o texto não sofreu alterações com o tempo, por exemplo), a da autenticidade (autor, data, e circunstâncias de composição de um escrito) e a da proveniência do documento (origem da obra);

Após o longo trabalho de documentação e crítica, o pesquisador terá diante de si, no mínimo, tríplice fichário de documentação (fontes, bibliográfica e críticas pessoais). Ele irá construir à partir desses dados, a Introdução, o Desenvolvimento e a Conclusão de sua monografia.

A monografia é um trabalho escrito. Desde a fase de sua construção, o trabalho monográfico vem sendo redigido. É uma das operações mais delicadas e difíceis para o pesquisador por ter que atentar para normas de documentação, requisitos de comunicação, de lógica e até de estilo. Existem, devido a ansiedade, uma resistência do pesquisador em redigir, talvez por medo de que seu trabalho não seja compreendido ou aceito pelo público. O auto Décio V. Salomão sugere recursos pra facilitar a tarefa de redigir:

1.

Redação Provisória: fazer primeiramente um esboço, rascunho, planejamento, a maquete;
2.

Redação Definitiva: Consta das 3 partes da construção da monografia- Introdução, Desenvolvimento e Conclusão.
3.

Estrutura Material da Monografia: a monografia deve agradar ao público e também o serviço de documentação (obedecer as normas técnicas elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas) * ver abaixo
4.

Linguagem Científica: existe a tendência em se descuidar da linguagem quando se redige um trabalho científico.

São necessários:

1.

Correção gramatical;
2.

Exposição clara, concisa, objetiva, condizente com a redação científica;
3.

Cuidado em se evitar períodos extensos;
4.

Preocupação em se redigir com simplicidade, evitando o colóquio excessivamente familiar e vulgar, a ironia causticante, os recursos retóricos;
5.

Linguagem direta;
6.

Precisão e rigor com o vocabulário técnico, sem cair no hermetismo.

Projeto de Monografia

1.

Folha de rosto com dados gerais de identificação;
2.

Tempo de Compromisso do orientador;
3.

Capítulo introdutório com a caracterização clara do problema a ser investigado, objetivos claramente definidos, delimitação do estudo e definição de termos, além de uma revisão preliminar da literatura;
4.

Detalhamento da metodologia a ser utilizada;
5.

Cronograma;
6.

Lista de referências

Estrutura Material da Monografia

1.

Capa: na parte superior o nome da instituição (Universidade e Escola), no meio vem o título em letra maiúscula, o nome do autor, embaixo vem a cidade e ano (o ideal é que seja sóbria sem desenhos);
2.

Dorso: o mesmo de cima embora no lugar do nome do autor vem uma orientação ex: monografia apresentada ao curso X da Universidade Y como requisito parcial a obtenção do título Z (ex: Licenciado em E.F.) - deve ser colocado no canto direito e no meio do papel, e logo abaixo vem o orientador, embaixo a cidade e data;
3.

Capa 2: na parte superior o nome da escola, nome do aluno, número de inscrição, o curso e modalidade (ex: E. F. / Licenciatura), Título da obra, Orientador, e vem abaixo um pequeno rol que deverá se preenchido pelo professor ao final (resultado, nota, conceito, data),abaixo vem a assinatura do orientador, e no final um pequeno dizer: À tal departamento para registro e arquivo - data, em seguida vem o nome do Coordenador do Colegiado, que irá receber a monografia e a assinatura dele, seguido do nome da escola;
4.

Página de Dedicatória: se houver, ou página destinada a um pensamento, frase, se o autor achar conveniente;
5.

Índice Completo (de todos os capítulos e suas seções) ou Sumário (enumeração das partes principais) com a indicação das páginas iniciais dos capítulos ou partes destacadas (anexos);
6.

Agradecimentos;
7.

Prefácio, caso haja;
8.

Introdução: Justificativa e Definição do problema;
9.

Objetivo;
10.

Revisão de Literatura: todo o conteúdo apresentado de bibliografia sobre o assunto;
11.

Metodologia: discussão e análise dos resultados, como o aluno vai provar o problema e também o procedimento;
12.

Conclusão e Sugestões;
13.

Apêndices ou anexos, tabelas e gráficos (podem ser colocadas em meio aos assuntos), etc..., ordenados de acordo com o desenvolvimento e ditados pela conveniência e clareza da exposição do corpo do trabalho;
14.

Referências Bibliográficas em ordem alfabética;
15.

Índice de autores citados em ordem alfabética;
16.

Índice de assuntos em ordem alfabética;
17.

Glossário, caso se julgue importante.

terça-feira, 1 de abril de 2008

O abuso de confiança. A abelha e a formiga.



O Abuso de Confiança

A abelha e a formiga sentiam um grande carinho uma pela outra. Além disso, que coincidência: a primeira gostava dos alimentos que sua amiga armazenava durante o verão; e a formiga era louca pelo mel produzido pela abelha. Isso dava lugar a uma intensa troca de presentes entre as duas.

Numa ocasião, a abelha saiu de viagem e deixou as chaves de sua casa com a formiga. Passados alguns dias esta sentiu a tentação de entrar na casa da amiga e servir-se de um pouco de mel. Mas conteve-se na última hora.

- Oh, não! Fazer isso seria um abuso de confiança, uma coisa indigna de nossa amizade, pensou ela.

Meses depois, foi a vez da formiga ver-se obrigada a deixar seu lar por algum tempo. Naturalmente deixou as chaves com sua amiga íntima. No dia seguinte, a abelha entrou na casa da formiga, enquanto dizia:

- Bah! Tenho a certeza de que quando lhe deixei as chaves de minha casa, ela deve ter assaltado a minha despensa. E fez isso com muita arte, pois desde que cheguei, por mais que procure, não consigo achar as marcas do roubo. Agora é a minha vez e farei um grande banquete à sua custa!

Qual das duas é verdadeiramente digna de amizade, amigo?

http://www.metaforas.com.br/

O Gato e o Galo. (Fábulas de Esopo).


O gato e o galo

Um dia um gato caçou um galo e resolveu transformá-lo em almoço. Só que antes queria achar uma boa desculpa para matar o outro. Primeiro, explicou ao galo que ele era um verdadeiro transtorno para os homens com aquela história de cantar no meio da noite e não deixar as pessoas dormirem.

– Nada disso – disse o galo. – Eu canto para ajudar os homens!

E disse que na verdade fazia um favor aos homens porque servia de despertador e avisava a hora de começar o trabalho do dia.

– Que enorme besteira! – disse o gato. – Você acha que vou desistir do meu almoço só por causa de uma conversa dessas?

E devorou o galo.


Moral: O disfarce da justiça não impede uma natureza cruel de praticar suas maldades.

Do livro: Fábulas de Esopo - Companhia das Letrinhas

Se você gosta de metáforas, fábulas de uma olhada neste link,http://www.metaforas.com.br/

Amit Goswami no Roda Viva - Parte 01 de 09 (física quântica).



Vamos tentar enteder este tema. No menu deste vídeo têm às nove partes.
Se quiser se aprofundar neste tema, entre neste site, http://cinema.uol.com.br/dvd/2006/05/23/quem_somos_nos.jhtm

Ineligência Emocional. O que É ?



Inteligência Emocional, temos que mudar o jeito de avaliar, no dia a dia de nossas vidas. João C. Maria.

Um Grande Garoto. Killing me Softly (About a Boy)



Este é um trecho do filme, "Um grande garoto". Mesmo estando sem tradução podemos perceber a violência psicológica. De seu comentário, ele é muito importante. Vamos acabar com está prática. Bom dia, Boa tarde ou Boa noite a você.(João C. Maria).
Veja a sinopse deste filme.

Sinopse: UM GRANDE GAROTO descreve a história de um homem irresistível, bonito, rico… mas vazio e egocêntrico, e a inesperada relação que ele desenvolve com um garoto que acaba conhecendo enquanto tenta "faturar" mais uma mamãe. Will é um londrino de 38 anos solteiro e sem filhos. Ele não faz nada o dia todo além de se manter "na moda", evitar responsabilidades e sair com mulheres. Depois de um rápido relacionamento com uma mãe solteira, ele descobre um ótimo lugar para encontrar mulheres disponíveis: grupos de ajuda a pais solteiros.

Will inventa um filho de nome Ned, entra para um desses grupos locais e está prestes a seduzir Susie quando encontra Marcus, o filho da amiga dela. Marcus é um menino de 12 anos com problemas na escola - por ser meio diferente, é rejeitado pelos garotos que estão sempre na moda - e em casa - sua mãe hippie, Fiona, sofre de depressão. No dia em que Will e Marcus se conhecem, Fiona tenta se matar e, enquanto Will é apenas um espectador, Marcus vê nele a solução para os seus problemas.

Apesar de Will não poder se aproximar ao mínimo necessário de uma figura ideal de pai, Marcus decide transformá-lo numa. O que eles não sabem é que, na verdade, Will é o amigo perfeito para Marcus, que precisa aprender a ser um menino de 12 anos como todos os outros, e que Marcus é o amigo perfeito para Will, que precisa encontrar algum sentido para sua a vida. A história se concentra na amizade dos dois e de como eles acabam mudando um ao outro - e para melhor. Origem/Ano: UKA-EUA/2002. (www.webcine.com.br/filmessi/aboutboy.htm)

segunda-feira, 31 de março de 2008

Tecnologia ou Metodologia



Conhecer didática e metodologia. Faz parte de quem pretende dar aulas. Temos que provocar um ambiente problematizador, e ao mesmo tempo dialógico. Onde ambos professor e alunos aprendem. A cada ano os professores tem a oportunidade de melhorar. Professor sábio ou erudito. Ou os dois. Tire você sua conclusão.(João C. Maria).

Bandidolatria e Democídio. Indicação de leitura: Podcast conservador sobre: política , filosofia, arte, cultura, educação, pedagogia , religião etc

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