sábado, 25 de outubro de 2008

Você comeria uma aranha para ganhar uma Ferrari?

De: jeav02


Você teria corajem.

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Palavra do Dia. Pleito (plei.to).

Palavra do Dia:

Pleito (plei.to)

Com a utilização do sistema eletrônico de votação, poucas horas após o fim do pleito os tribunais eleitorais já fazem a divulgação dos resultados, apontando os candidatos vencedores.

A palavra “pleito” tem origem latina, de ‘placitum’, e é sinônimo de “eleição”, pois designa a escolha de um candidato para ocupar determinado cargo por meio de uma votação.

>> Definição do dicionário “Aulete Digital”

Pleito (plei.to)

Substantivo masculino

1 Escolha de candidato para ocupar cargos públicos, postos ou desempenhar determinadas funções por meio de votação; ELEIÇÃO

2 Confrontação de opiniões e argumentos; DEBATE

3 Jur. Demanda, questão judicial; LITÍGIO

[Formação: Do latim ‘placitum’]

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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Blog agenda.


Encontro, que é iniciativa conjunta do Instituto de Cultura Árabe e da Universidade de São Paulo, acontece no final de outubro
Aulas acontecem todas as segundas-feiras, com ênfase no aprimoramento do ensino de Matemática e Física
Inscrições para o concurso podem ser feitas até o dia 31 de outubro; podem participar professores da rede pública de ensino fundamental e de espaços não-formais de educação
Fonte: Revista Educação

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Quase 50% dos professores brasileiros apresentam sintomas de estresse ou depressão.


REVISTA EDUCAÇÃO - EDIÇÃO 119

Sob pressão


Quase 50% dos professores brasileiros apresentam sintomas de estresse ou depressão. Os mais jovens são os que têm mais dificuldade para lidar com os problemas da profissão; muitos optam por abandonar o ofício
Fabiano Curi

O professor está doente. Excesso de trabalho, indisciplina em sala de aula, salário baixo, pressão da direção, violência, demandas de pais de alunos, bombardeio de informações, desgaste físico e, principalmente, a falta de reconhecimento de sua atividade são algumas das causas de estresse, ansiedade e depressão que vêm acometendo os docentes brasileiros.

Profissionais de saúde e de educação dão cada vez mais atenção a fatores que afetam a saúde psicológica do professor. Ainda que pouco seja feito em termos de políticas públicas e educacionais para prevenção, acompanhamento e tratamento de casos genericamente classificados como de estresse, pesquisas começam a identificar a origem do mal e a apontar caminhos para mudanças.

Em artigo publicado em 2005 na revista Educação e Pesquisa, da Faculdade de Educação da USP, as pesquisadoras Sandra Gasparini, Sandhi Barreto e Ada Assunção, do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG, citam estudos realizados em várias localidades - Belo Horizonte e Montes Claros (MG), Vitória da Conquista e Salvador (BA), Santa Maria (RS) e Campinas (SP), entre outras - para aferir as condições de saúde do professor, a incidência dos pedidos de licença médica e suas motivações.

Partindo da hipótese de que as condições de trabalho - excesso de tarefas e ruídos, pressão por requalificação profissional, falta de apoio institucional e de docentes em número necessário, entre outras - geram um sobreesforço na realização de suas tarefas, o estudo conclui que os resultados aferidos nas diversas cidades são convergentes e que os professores estão mais sujeitos que outros grupos a terem transtornos psíquicos de intensidade variada.

Muitos desses elementos de pressão são fruto de uma reconfiguração do mundo do trabalho, que não foi realizada a contento no que diz respeito a suprir as necessidades do professor na mesma escala em que é cobrado. "O sistema escolar transfere ao profissional a responsabilidade por cobrir as lacunas existentes na instituição, a qual estabelece mecanismos rígidos e redundantes de avaliação profissional", diz Sandra Gasparini.

Um dos problemas mais comuns na atividade de educador é a síndrome de burnout (veja texto). Suas causas estão na ocupação profissional, principalmente entre trabalhadores que lidam diretamente com pessoas e demandas variadas. É comum entre médicos, enfermeiros, policiais e, é claro, professores.

Vista como epidemia no meio educacional, essa síndrome não é exclusividade brasileira. Estudos na década de 1980 já apontavam altíssima incidência do problema entre os docentes norte-americanos. Entretanto, por estar sendo estudada há relativamente pouco tempo, ainda é difícil avaliar o desenvolvimento do burnout nas diferentes atuações profissionais. De qualquer maneira, as mudanças sociais das últimas décadas - que, para ficarmos no caso brasileiro, alteraram a cultura e os interesses do alunado, aumentaram a violência nos centros urbanos e diversificaram e intensificaram o acesso à informação - entraram na escola e tornaram-se fatores motivadores de estresse entre os professores.

A Universidade de Brasília (UnB) realizou, a partir de um acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), uma grande pesquisa nacional no final da década passada sobre o burnout com 52 mil trabalhadores em 1.440 escolas. Esse trabalho foi publicado no livro Educação: Carinho e Trabalho (Editora Vozes, 434 páginas). Os resultados mostraram que 48% dos entrevistados apresentavam algum sintoma da síndrome.

Para a pesquisadora Iône Vasques-Menezes, da UnB, desvalorização da carreira docente concorre para o aumento dos problemas psíquicos dos professores
A coordenadora do Laboratório de Psicologia do Trabalho da UnB e uma das pesquisadoras envolvidas no estudo, Iône Vasques-Menezes, destaca no meio desses números preocupantes que, de certa forma, o profissional está mais sujeito ao burnout, pois a situação da sociedade é outra. Ela lembra que até o início da década de 1960 o professor era valorizado.

Uma pesquisa mais recente, de 2003, feita pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) apresentou resultados semelhantes: 46% dos professores já tiveram diagnosticado algum tipo de estresse - entre as mulheres esse número chega a 51%.

No Mato Grosso do Sul, segundo dados da CNTE e da Federação dos Trabalhadores em Educação do Mato Grosso do Sul, mais de 60% das licenças médicas concedidas aos trabalhadores em educação no Estado são para professores. Do total de licenças, 38% estão relacionadas a transtornos mentais e comportamentais, o principal motivo dos afastamentos.

A deterioração

Celso dos Santos Filho é médico residente do setor de psiquiatria do Hospital do Servidor, em São Paulo. Ele diz que atende a um número considerável de professores que buscam ajuda psiquiátrica com os mais diversos transtornos. "Há uma desvalorização gradual do papel do professor. Ele se sente cada vez menos valorizado, o que afeta a prática profissional e a auto-estima", conta. Tais perturbações deságuam em "dificuldade para ir ao trabalho, insônia, choro fácil". O médico nota que as reclamações mais comuns desse sentimento de depreciação da atividade apontam para a falta de autoridade sobre os alunos e para a ausência de apoio institucional e das famílias dos alunos.

Existem dados que balizam a fala do psiquiatra: a Unesco fez, em 2002, uma grande pesquisa sobre o perfil do professor brasileiro. Em uma das questões sobre a percepção que tinham do próprio trabalho, 54,8% afirmaram ser um problema manter a disciplina em sala de aula; 51,9% mencionaram as características sociais dos alunos; e 44,8%, a relação com os pais. Outros pontos críticos estão relacionados com o volume de trabalho e a falta de tempo para preparar aulas e corrigir avaliações. De todo modo, as questões que envolvem relações humanas, que são a essência da educação, demonstram ser obstáculos difíceis para os professores.

A síndrome do esgotamento profissional,conhecida como síndrome de burnout,foi batizada nos anos 70. O nome vem da expressão em inglês to burn out, ou seja, queimar completamente, consumir-se.

"A gente deixa de fazer o trabalho para ficar chamando a atenção de aluno para tirar o pé da cadeira e para fazer silêncio. Isso os pais deveriam ensinar", revolta-se uma professora da rede pública paulista. "Nas reuniões, os pais dos alunos que não têm problemas aparecem; os que têm, raramente vão." A psicóloga e professora da PUC-Campinas, Marilda Lipp, concorda com a professora: "As crianças estão mal-educadas. Mas ao mesmo tempo em que os pais desvalorizam os professores, passam a eles a responsabilidade de educar os filhos".

Marilda, que também é diretora do Centro Psicológico de Controle do Estresse e autora e organizadora de diversos estudos sobre o assunto - como o livro O Estresse do Professor (Papirus, 146 páginas), acredita que problemas semelhantes ocorram em várias ocupações. "Mas o dano que um professor pode causar é muito maior, pois o estresse é emocionalmente contagiante."

De acordo com uma pesquisa orientada pelo psicólogo e professor da UERJ, Francisco Nunes Sobrinho, um fator determinante do burnout é a idade do professor. Pelos resultados, educadores mais jovens fazem uso exagerado de "controle aversivo". "Eles, por exemplo, gritam mais com o aluno para tentar controlar a disciplina. Se o professor ameaça demais, ele também pode criar um clima de estresse", explica.

Problema abrangente

A deterioração da atividade docente não acontece apenas no ensino público, o privado também sofre de mal semelhante. "A relação entre professor e aluno se transformou em relação professor-cliente", condena Rita Fraga, diretora do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP). Apesar de trabalhar com profissionais da rede particular do Estado, ou seja, que supostamente figuram entre os mais bem remunerados do país e com uma boa infra-estrutura de ensino disponível, o sindicato nota um aumento do estresse no seu público. Rita avalia que muitos professores são pressionados pelos interesses mercadológicos da escola e, assim, muitas vezes não têm suporte da instituição em situações de enfrentamento com os alunos. "Com medo de perder o emprego, ele se sujeita a esse tipo de situação."

A psiquiatra do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Alexandrina Meleiro, demonstra

Medo de perder o emprego gera submissão de docentes, alerta Rita Fraga, do Sinpro-SP
que esse problema de instituições privadas existe nos casos que atende, principalmente de professores do ensino superior: "Em algumas (instituições), os alunos fazem um motim contra o professor e a escola prefere demitir o profissional a ficar do lado dele", relata.

Entretanto, ela identifica que a maior quantidade de casos está no ensino fundamental. "São professores com problemas somáticos - depressão, ansiedade, às vezes síndrome do pânico - e, em alguns casos, se houve um assalto na escola, por exemplo, depressão pós-trauma", diagnostica. De acordo com Alexandrina, "entre 30% e 40% acabam desistindo da profissão, o que caracteriza que o problema é decorrente da ocupação".

O tratamento, segundo a psiquiatra, varia muito. "Dependendo do grau de desgaste, a pessoa pode passar somente por psicoterapia, ser medicada temporariamente com ansiolítico ou antidepressivo e, às vezes, tem de ser deslocada para uma função burocrática ou passar a trabalhar com outros tipos de alunos."

48% das pessoas que trabalham em escolas apresentam algum sintoma de estresse, segundo pesquisa realizada em âmbito nacional pela Universidade de Brasília

Uma preocupação de Alexandrina é com a violência. Chaga dos grandes centros urbanos do país, a violência é apontada por muitos pesquisadores como um fator estressor importante que atinge comumente os professores que lecionam em escolas situadas em regiões de risco, com altos índices de criminalidade e, em alguns casos, presença do tráfico de drogas. Ainda que a violência possa atingir direta ou indiretamente qualquer um, "a gente tem de dar um enfoque maior para a escola, pois ela lida com a criança e com o adolescente que serão cidadãos, e é nesse meio que a violência é cultuada", alerta a psiquiatra.

Origens múltiplas

"O burnout é uma síndrome multideterminada, ou seja, uma combinação de fatores facilita o surgimento dela", explana Iône Vasques-Menezes, da UnB. Dessa maneira, ainda que as dificuldades com disciplina, desvalorização da atividade e exposição à violência despontem como seus principais causadores, não se pode desprezar outros motivadores das doenças psicossomáticas dos professores.

Para a psicóloga Marilda Lipp, ao mesmo tempo em que desvalorizam os professores, pais confiam a eles a educação dos filhos
Marilda Lipp, da PUC-Campinas, cita o tecnoestresse, que seria o contato cada vez mais freqüente com tecnologias em sua atividade escolar, o que demanda conhecimento de processos e, em muitos casos, um aumento da carga de trabalho para fazer relatórios via rede, por exemplo.

Francisco Nunes Sobrinho, da UERJ, tem como referencial a ergonomia. "Você pode ficar estressado, dentro da ergonomia cognitiva (disciplina que estuda os processos cognitivos em situações de trabalho), pelo excesso de informação que recebe. Isso pode provocar uma descompensação, pois o problema maior é não saber o que fazer, não ter uma resposta para a situação", explica. Ele adverte também que o ambiente físico é um estressor. O incômodo gerado pelo ruído excessivo ou pela temperatura elevada podem contribuir bastante para o desenvolvimento de um estresse crônico entre os professores.

Por onde começar?

Como as causas dos problemas psicológicos dos professores têm origens distintas, os caminhos para sua solução também são variados. A presidente da CNTE, Juçara Vieira, lembra do que é óbvio para começar a valorizar a profissão, mas que costuma ser esquecido com assustadora regularidade: o salário. "O importante é se ter um piso salarial que permita, por exemplo, trabalhar para apenas uma escola", comenta.

Ela cita também a necessidade de ter uma escola democrática que fortaleça as relações interpessoais e de aplicar políticas públicas de formação permanente. Nunes Sobrinho corrobora a tese de que é preciso preparar os professores. "A mudança do cenário passa pela formação das pessoas, por começar a incorporar no currículo algumas questões de comportamento." O psicólogo dá um exemplo que presenciou: "Trabalhei em uma escola de periferia em que a criança levava um bilhete chamando o pai para uma reunião, e ela era espancada antes mesmo de o pai saber do que se tratava. Isso demonstra que a professora só trabalha com o lado negativo. O pai só é chamado para ouvir crítica. O professor ainda não aprendeu que tem de chamar o pai também para fazer elogios. Quando começaram a chamar alguns pais para elogios, as crianças queriam que os seus pais fossem chamados também".

Para Iône, há na atividade a sensação de que se dá muito, mas não se recebe nada em troca, o que provoca insegurança e desânimo. Ela acredita que o professor precisa de afeto para transmitir conhecimento. "Se ele não gostar dos alunos, não conseguirá transmitir nada." A psicóloga da UnB acha difícil estabelecer uma única linha de atuação para diminuir o burnout. "Se é uma síndrome de trabalho, teria de mudar a organização do trabalho dependendo das condições em que ocorre naquela comunidade". Ela esclarece que em uma cidade pequena, ainda que a infra-estrutura da escola seja inferior quando comparada à de um grande centro desenvolvido, a proximidade com a sociedade local acaba compensando e o professor fica menos exposto. "É mais fácil identificar fatores que protejam contra o burnout do que os causadores - controle sobre o trabalho, suporte social, ligação da escola com a comunidade, reconhecimento social."

55% dos professores brasileiros ouvidos em pesquisa da Unesco afirmaram ter problemas para manter a disciplina em sala de aula

Com uma abordagem menos voltada para a idéia de síndrome trabalhista, a professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília (UCB), Sandra de Almeida, avisa que o professor se apresenta com uma expressão de grande sofrimento psíquico e um mal-estar visível. Ela baseia suas afirmações em pesquisas realizadas com docentes na complementação pedagógica para professores do magistério no Distrito Federal, dos quais "cerca de 20% têm licenças médicas motivadas por estresse".

Isso tem como conseqüência o absenteísmo, ou seja, os professores faltam muito. "Eles fazem pedidos de transferência para secretaria, fazem de tudo para não estarem presentes em sala de aula", relata. "Quando nada mais funciona, utilizam o recurso da licença médica."

Sobre as críticas de diversas secretarias de educação de que muitos professores querem licenças simplesmente para matar trabalho, a psicóloga retruca: "é claro que muito disso pode ser 'mais ou menos fingido', mas tem um valor psíquico para o sujeito. Por que ele se apresentaria como um sofredor? Podemos chegar à conclusão de que isso não se configura como depressão, mas pode ser um estresse".

Sandra destaca que o professor não é escutado no ambiente escolar. Na opinião dela, esse profissional convive muito tempo com os alunos e lida com demandas diversas e contraditórias e não tem com quem conversar. "Assim, o médico é a figura que pode ajudar e que, em último caso, pode afastá-lo da sala de aula, e isso pode aumentar ainda mais a sua angústia."

Sandra de Almeida, da UCB: "Por que se apresentar como um sofredor? O fingimento também tem valor psíquico"

"A leitura que faço é de como podemos intervir no âmbito da formação de pessoal", explica. Sua proposta é resgatar a memória educativa desse professor para entender como alguns expostos às mesmas condições conseguem fazer algo criativo e outros caem na depressão. Identificar sua história como estudante, ideais educativos. Fazer com que ele perceba que não é o único a ter problemas psicológicos e que pode encontrar soluções por meio de relações interpessoais. "Ele precisa se interrogar, caso contrário, não há o que fazer."

Vale a pena tentar entender o que aflige e adoece o professor brasileiro, esse indivíduo difícil de ser explicado. Afinal, segundo a pesquisa realizada pela UnB, esse trabalhador, com todos os problemas que enfrenta, ainda pertence a uma categoria que apresenta índices de satisfação profissional próximos de 90%.

Fonte:http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=12081

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Entre dois mundos


REVISTA EDUCAÇÃO - 06/2007 - EDIÇÃO 122
Aceleração da vida contemporânea e novas configurações do universo do trabalho criam uma nebulosa zona de fronteira entre escola e família quando o assunto é a transmissão de valores


Roberto Guimarães


A dificuldade de lidar com o tempo é uma das características mais marcantes da sociedade contemporânea. Não apenas o tempo presente, que sempre falta para atender às demandas e aos desejos do dia-a-dia. Mas também o tempo passado. Com efeito, talvez a marca registrada da pós-modernidade, especialmente em países jovens, como Brasil e Estados Unidos, seja o ato, por vezes inconsciente, de apagar constantemente as pegadas da história. E essa falta de perspectiva temporal, além de embaçar a capacidade de julgamento, apequena o debate sobre o que é realmente importante e em que dimensões da vida. Como conseqüência, há uma volúpia por olhar apenas para o presente, esquecendo não apenas o que passou, mas também menosprezando o que está por vir. Embora muitas vezes a lógica do imediatismo possa funcionar no mundo dos negócios, em educação ela é nefasta. Afinal, educar é um longo processo.

Em seu aspecto mais concreto, a dificuldade para lidar com o tempo tem gerado, especialmente nos grandes centros brasileiros, uma discussão sobre quais papéis família e escola, os dois pilares da educação, devem desempenhar na formação de um indivíduo. Sufocados pela necessidade de trabalhar diuturnamente para fazer face à reprodução material, pais e mães dispõem de menos tempo para os filhos. Com isso, muitos deles acreditam não ter condições de educá-los satisfatoriamente. Assim, decidem transferir para a escola responsabilidades tradicionalmente da alçada da família, como a criação de hábitos alimentares e de higiene, por exemplo, bem como a difusão de ensinamentos éticos e morais. A escola, por sua vez, em geral não está preparada para assumir essa responsabilidade adicional. E parece não ter disposição para isso.

Em livro, a psicóloga Rosely Sayão alerta que, querendo ser próximos de seus filhos, os pais adotam uma postura de deserção do papel educativo

De acordo com a psicóloga Rosely Sayão, há de fato um despreparo educacional das crianças quando ingressam na escola. "Se as crianças não têm recebido da família a educação que deveriam, isso se deve ao fato de que os pais também têm adotado, no convívio com os filhos, uma postura de deserção do seu papel. Eles têm preferido ser 'amigos' dos filhos a ser pai e mãe", diz ela no livro Em Defesa da Escola (Papirus, 2004), escrito em diálogo com Julio Groppa Aquino, colunista de Educação. "E o que faz a escola em vez de se atualizar para atender esses alunos que chegam com uma formação diferente daquela que os professores desejavam? O que menos esperávamos: tenta se transformar em uma família substituta para esses alunos", emenda. "Querendo ser família, a escola deixa de ser escola", conclui.

Nova organização social

Essa inversão de papéis é, em grande medida, responsável pelo atual conflito que opõe família e escola. "As famílias delegam muita coisa para a escola. Eu me pergunto: quanto tempo passam com seus filhos? É preciso discutir os limites da educação à luz da sociedade contemporânea", afirma Valéria Amorim Arantes, docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp) e coordenadora do Ciclo Básico da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP Leste.

"Formar e instruir gerações antes era função da Igreja e da família. Hoje a família não dá conta. Houve uma mudança na organização social. Isso é um fato. E a escola não tem saída. Isso agora é função também dela", afirma Ulisses Araújo, professor livre-docente da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP Leste e autor, em parceria com o espanhol Josep Maria Puig, de Educação e Valores (Summus, 2007). "A sociedade não criou outra instituição para educar que não a escola", diz ele, para quem a família possui um papel complementar ao da escola, não antagônico. "Alguns valores do mundo privado são de responsabilidade da família. Os do mundo público, da escola. Onde o individual entra em conflito com o coletivo, este submete o individual. Aí é o espaço da escola", defende Araújo, ao explicar que as famílias, muitas vezes, ensinam violência, por exemplo. "Droga, sexualidade e valores não são invenções, mas sim resultado de demandas da sociedade. O problema é que o professor não foi treinado para isso", conclui.

"Vivemos num mundo paupérrimo de ética. A principal função dos pais é transmitir princípios, valores. O resto a criança aprende por conta própria", acredita Ceres Alves de Araújo, professora de Psicologia Clínica da PUC-SP e especialista em psicoterapia de crianças e adolescentes.

A defesa da participação ativa da escola na inoculação de valores éticos e morais está longe de ser consensual, inclusive entre os pais. "Não acho que isso seja função da escola. Tenho de fazer a minha parte", diz a professora de inglês Paula Perito, mãe de Sofia, 3 anos, e Tarsila, 9. "Não faço lição com a minha filha. A responsabilidade é dela. Se tem dúvidas, digo para levar para a escola, que deve ensinar a criança a pensar, a se colocar, a defender seu ponto de vista", opina Paula, que paga em torno de R$ 1.300 mensais para a filha mais velha estudar na Escola Vera Cruz. "Não me preocupo com os conteúdos que o colégio está passando, tenho de confiar nisso", diz Paula, que anualmente vai à escola para ouvir um relato do que foi feito e conhecer os objetivos do período. "Acho bom que seja assim", conclui. "Trazer família para dentro da escola é besteira", ecoa Ulisses Araújo. "O professor não quer saber disso. Nem a família. Ela já tem seus problemas. E não tem de se meter na relação pedagógica", defende.

Opiniões a um só tempo divergentes e convergentes apenas evidenciam a complexidade do tema. Mas nem tudo é água e óleo nesse oceano de posições aparentemente contraditórias. A educadora Olga Santana, por exemplo, acredita que "escola e família têm papéis bem definidos e complementares". Para ela, que atua também como assessora pedagógica em projetos de formação de professores, o papel do pai começa logo que a criança nasce, com o planejamento, mesmo que inconsciente, do tipo de filho que deseja ter. "Algumas habilidades são função de a escola desenvolver, outras, dos pais. Pai é pai, não é amigo, não é professor, tem função de educar que é diferente da de professor", pontua.

A escolha da escola

Nas famílias de classe média para cima, que enviam seus filhos para colégios particulares, a principal tarefa dos pais é escolher a escola certa. Deve-se optar por uma instituição compatível com sua visão de mundo. Parece óbvio, mas, em geral, não é o que ocorre: é comum pais rigorosos colocarem os filhos em escolas liberais e vice-versa, o que causa um perigoso curto-circuito na cabeça do jovem. "A elite não sabe avaliar a escola", afirma Santana. "Quando conversam com alguém do colégio, querem saber se tem droga, querem ver o banheiro, saber se oferece aulas extras. Às vezes até perguntam coisas pertinentes, mas não sabem analisar as respostas", diz ela, que aconselha os pais a perguntar coisas como: "A escola trabalha cidadania? Dê um exemplo".

Para Olga, o problema na escolha da escola e no diálogo entre família e professores não é exclusivo dos pais. "A escola diz o que a família quer ouvir, não o que deve dizer", adverte, lançando luz em outra faceta da intrincada relação: sua dimensão mercantil. Não é difícil constatar que, nos últimos anos, a educação no Brasil virou uma mercadoria, um bem de consumo encarado por muitos como outro qualquer. Orientadas por consultores, administradores de empresas e especialistas em reengenharia de processos, que têm como norte a busca da famigerada qualidade total, as instituições se prepararam para satisfazer as vontades dos consumidores. E quem são esses "clientes", na visão dos burocratas? Os pais, responsáveis por pagar a mensalidade. Com isso, os alunos foram relegados a segundo plano, o que se caracteriza como uma inversão de prioridades.

A função da escola, afinal, não é atender às demandas dos pais. Em muitos sentidos, pelo contrário. Os professores devem concentrar energias no desenvolvimento dos seus alunos. Para Rosely Sayão, uma das funções da escola é ajudar o jovem a se libertar dos pais. Por ser o espaço em que se relaciona com outras pessoas, ele pode experimentar ser diferente do que é ou deve ser em casa. Expandindo o raciocínio, a autora aproveita para cutucar pais e professores:

Valéria Amorim, professora da Faculdade de Educação da USP: "uma pessoa aprende a ser generosa sendo"

"Tudo o que essa geração de adultos queria, quando jovem, era livrar-se da família. E não é que eles hoje querem cada vez mais família para a nova geração?", escreve ela, referindo-se à confusão de papéis entre família e escola. Lembrando que o aprendizado ocorre com prazer e com dor, a psicóloga sustenta que, ao invadir o espaço escolar, os pais, na ilusão de atenuar o sofrimento e a dor do filho, acabam com a construção da sua autonomia. "Nossa geração talvez tenha de aprender a suportar o lugar de testemunha da dor do crescimento da nova geração, tanto quanto ser protagonista da própria dor", vaticina.

Alheia aos conflitos existenciais que assolam pais e professores, a nova geração está aí. E precisa ser educada, ascendendo ao centro do palco. "Você não forma o cidadão do futuro. Ele já é esse cidadão", resume Olga Santana. É alguém que cresce bombardeado por estímulos, com fácil acesso à informação. E que deve aprender a se orientar nessa overdose de símbolos e mensagens. "É missão da escola impedir que as pessoas fiquem 'submersas nas ondas de informação, mais ou menos efêmeras, que invadem os espaços públicos e privados'", afirma Nádia Bossa, citando o Relatório Jacques Delors, que leva o nome do coordenador da Comissão Internacional sobre Educação para o Século 21, da Unesco, que definiu os quatro pilares da educação ao longo da vida: aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser. Cabe a pais e escolas acompanhar o desenvolvimento da nova geração, contribuindo para a construção de sua autonomia, com consciência social e autocrítica, para aprender as competências da cidadania no século 21.

Educação em valores

A efetiva formação dos alunos passa pela educação para formação de valores, talvez a mais controversa questão envolvendo família e escola. "No Brasil evita-se falar em educação moral", afirma Ulisses Araújo, consultor do Ministério da Educação no programa "Ética e cidadania: construindo valores na escola e na sociedade". Mas o que vem a ser educação em valores, e o que a escola pode fazer para participar desse processo, normalmente tido como de responsabilidade dos pais?

Para a educadora Olga Santana, ao tratar os pais, e não os alunos, como seus clientes primeiros, escolas operam uma inversão de valores

Para Josep Maria Puig, professor titular de Teoria da Educação da Universidade de Barcelona e coordenador do Grupo de Pesquisas em Educação Moral (Grem), é preciso entender a origem da moralidade. "Por que o ser humano é moral? Viemos ao mundo inacabados, muito plásticos. Podemos ser acabados de maneiras distintas, e decidir como queremos viver. Como educadores, devemos ajudar as pessoas para que construam uma forma de vida que as deixe felizes e que seja socialmente justa", defende Puig.

O teórico espanhol lança mão de uma paráfrase metodológica da recomendação da Unesco ao estruturar em quatro pilares a sua visão da educação em valores. "É preciso aprender a viver, ter auto-ética, que nos ajude a ser críticos, a nos auto-realizarmos; desenvolver também uma alter-ética, que vá contra o egocentrismo para construir empatia e altruísmo; além disso, devemos participar, ter uma vida em comum, fazer parte de uma coletividade; e, por fim, habitar o mundo, ter uma ética universal, de responsabilidade, uma eco-ética, cosmopolita, não só com os próximos, mas com os que estão longe", diz ele.

Puig aponta três caminhos para esse aprendizado. O primeiro é interpessoal, e está relacionado à construção de laços de afeto entre professores e alunos. "Não é possível educação moral sem afeto". Em segundo lugar, diz , deve-se ensinar a dialogar: "quando dialogamos, supomos que não temos toda a verdade". E, finalmente, é necessário desenvolver uma relação de cooperação. "Aprendem-se valores fazendo coisas junto, participando, com outras pessoas, em projetos coletivos que beneficiem a sociedade. Isso é aprender valores", define.

Quando questionado se ocorre destruição de valores pelas instituições políticas ou pela imprensa, Puig diz que "as mídias parecem trabalhar contra a escola". Cabe à escola resistir: "Temos de seguir com o nosso trabalho. Podemos influir tanto ou mais que a televisão. A criança passa mais horas na escola que em frente à televisão. Uma boa experiência escolar é difícil de destruir. Educação em valores não é questão de quantidade, mas de qualidade. Há coisas que valem para sempre", conclui.

Ulisses Araújo é menos benevolente com a escola. "Também sou otimista, mas acho que o trabalho tem de ser feito aqui e agora. A escola precisa se transformar, precisa se abrir, sair do pedestal. O problema da escola no Brasil é estar fechada nela mesma. Ela precisa romper com esse egocentrismo", defende ele, que baseia sua teoria (e prática) de educação em valores na Declaração Universal dos Direitos Humanos. E os valores, são universais? "Não trabalho com essa concepção, embora muita gente acredite nisso. Apesar de reconhecer certa universalidade, não caio nessa de tudo pode, tudo vale. Há o certo e o errado. Não dá para colocar na mesma balança violência e generosidade", conclui.

Na escola, os valores individuais devem se submeter ao coletivo, diz Ulisses Araújo, professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP Leste

E como se ensinam valores? Rosely Sayão acredita que cabe à escola a formação para a cidadania e o ensino de "regras de convivência social e valores éticos na prática, na vivência dos alunos". Já Ulisses defende a utilização dos temas transversais, nas aulas de português, enquanto Valéria Amorim Arantes segue o exemplo de Puig: "Uma pessoa aprende a ser generosa sendo", diz ela, para quem o risco da educação em valores é cair no moralismo. Em tempo: e a família, como fica nessa história?

"Não dá para educar fora de valores seus. Educação é feita por ações, não por intenções. A ação não está batendo com a intenção, por isso tem tanto filho perdido", resume Olga Santana. Seria essa a deixa para um inevitável entrelaçar de dedos entre família e escola, entre pais e professores, com o único e nobre objetivo de, cada um na sua seara, contribuir efetivamente para a educação da nova geração? Ainda há tempo..


O NOVO TEMPO DO TRABALHO

Foi-se o tempo em que estudar e se especializar era garantia de um futuro material tranqüilo. "O fracasso não é mais a perspectiva normal apenas dos muito pobres ou desprivilegiados; tornou-se mais conhecido como um fato regular nas vidas da classe média", afirma, Richard Sennett em A Corrosão do Caráter: Conseqüências Pessoais do Trabalho no Novo Capitalismo (Record, 2004).

Estudioso das mutantes configurações do trabalho no flexível capitalismo global, Sennett, professor de Sociologia da London School of Economics, aprofundou suas indagações em trabalho posterior, A Cultura do Novo Capitalismo (Record, 2006), que reúne conferências realizadas na Universidade de Yale sobre ética, política e economia. No segundo capítulo do livro, intitulado "O talento e o fantasma da inutilidade", a autor põe o dedo na ferida. Partindo de duas indagações - Que significa capacitação, ou, de maneira mais abrangente, talento? Como pode o fato de uma pessoa ser talentosa traduzir-se em valor econômico? - ele logo diz que não apresentará respostas, apenas esclarecerá alguns problemas.

"No início da era industrial", diz , "apenas pouquíssimos trabalhadores tinham acesso à educação superior; a mobilidade para cima era rara". Embora nos países ricos isso não seja mais a regra, um novo fantasma ronda os cidadãos com elevado nível educacional: o de não encontrar trabalho, exatamente como os peões que buscavam emprego em plena Depressão da década de 1930.

"A economia das capacitações continua deixando a maioria para trás; o que é pior, o sistema educacional gera grande quantidade de jovens formados mas impossíveis de empregar, pelo menos nos terrenos para os quais foram treinados", observa Sennett. Para ele, isso ocorre em função da própria lógica do novo capitalismo, a qual, entre outras coisas, busca mão-de-obra mais barata em qualquer lugar do globo e, em vez de valorizar experiência, opta por profissionais mais jovens, com "potencial de crescimento", mais adaptados às empresas flexíveis de hoje. E, com isso, hordas de pessoas educadas são "deixadas no limbo", por serem consideradas "carentes de recursos internos". A radiografia apresentada por Sennett é indigesta, talvez por ser pungentemente real. Nunca é demais lembrar que o universo estudado é o dos países ricos...


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PARANINFO (pa.ra.nin.fo). Palavra do Dia.


Palavra do Dia:

PARANINFO (pa.ra.nin.fo)

Durante as cerimônias de formatura, os alunos de uma turma sempre escolhem um professor para ser o paraninfo, e será ele quem falará em nome de todos os professores durante a cerimônia de colação de grau dos formandos.

A palavra “paraninfo” deriva do grego “paránymphus’, que tinha como significado “padrinho do noivo”, pois era o termo que designava na antiguidade grega o amigo do noivo que ia com este num mesmo carro buscar a noiva. Atualmente, “paraninfo” designa o patrono de uma formatura, ou a pessoa homenageada pelos formandos.

>> Definição do dicionário “Aulete Digital “:

Paraninfo (pa.ra.nin.fo)

Substantivo masculino

1 Pessoa homenageada por uma turma de formandos como seu padrinho ou patrono e que na cerimônia de colação de grau os saúda.

2 Figurado. Patrono, protetor.

[Formação: Do grego ‘paránymphos’, pelo latim ‘paranymphus’. Hom./Par.: paraninfo (sm.), paraninfo (fl. de paraninfar).]

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Alguns vídeos sobre português.

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