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Descobrir como vive a onça-pintada, entender o aquecimento global, conferir novas tecnologias, desvendar costumes de outros povos, explorar o sistema solar... As reportagens funcionam como um passaporte para que o leitor conheça temas próximos de seu dia-a-dia e tome contato com culturas exóticas - com a vantagem de apresentar dados mais atualizados que livros e enciclopédias e mais detalhados que noticiários de rádio e TV. O próprio termo "revista" remete à idéia de rever, fazer uma avaliação mais atenta e minuciosa.
Foto: Marcos Rosa
ANTECIPAR A NOTÍCIA Na EMEF Antonio Carlos de Andrada e Silva, a turma usa o índice para encontrar reportagens
E o que a sala de aula tem a ver com isso? Muito. A revista abre as portas da classe para o mundo, fazendo uma ponte entre a escola e o que há fora dela. "Ao selecionar matérias atuais ou sobre áreas específicas, com textos bem escritos e de veracidade confiável, o professor oferece uma excelente fonte para complementar livros, vídeos e sites", esclarece Patrícia Diaz, coordenadora pedagógica do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac).
Segundo a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), o Brasil tem atualmente cerca de 3,8 mil títulos em circulação nas bancas. São publicações destinadas a adultos, crianças e leitores com interesses específicos, como esportes, economia, divulgação científica, entretenimento e beleza. Ou seja: opções para o trabalho escolar não faltam. O importante é selecionar títulos adequados para cada faixa etária e ao propósito pretendido com seu uso.
Os pequenos descobrem a escrita
A revista é um dos materiais escritos de uso freqüente na sociedade - o que os especialistas chamam de "portadores de textos" - que crianças em fase de alfabetização devem conhecer para mergulhar na linguagem escrita. "Desde cedo, é essencial ter contato com gêneros variados. O trabalho com a revista é um ótimo momento de ampliar e aprofundar esse conhecimento", afirma a pedagoga e formadora de professores Ana Flávia Alonço Castanho, selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10.
Fotos: Marcos Rosa
LER E ESCREVER Fichas escritas por aluno mostram a evolução na alfabetização (à frente, o texto mais recente)
A partir do início do Ensino Fundamental, publicações com temas e gêneros de textos variados (reportagens, crônicas, contos, tirinhas, quadrinhos) são bem-vindas em sala. "O importante é que não é preciso estar alfabetizado para usá-las. Antes de ler convencionalmente, as crianças podem e devem participar de situações de leitura e escrita", afirma a pedagoga e formadora de professores Cristiane Pelissari, também selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10. No caso dos alunos de 1º e 2º anos, a diagramação das páginas, com títulos, quadros, fotos, legendas, gráficos, ilustrações e variações na tipografia, leva os pequenos a interagir com as matérias e a perceber qual é o assunto tratado (leia o quadro nesta página). "As crianças fazem antecipações sobre o tema e podem analisar o texto para confirmar ou não suas hipóteses. Nesse processo, refletem e aprendem mais sobre o sistema de escrita e a linguagem jornalística", diz Patrícia.
Inserir balões em quadrinhos, legendar imagens e fazer cruzadinhas com banco de palavras também são atividades indicadas para o início da alfabetização. Vale ainda destacar a organização das informações. Por exemplo, se a idéia é fazer uma pesquisa sobre animais na revista Recreio ou na Ciência Hoje das Crianças, a turma deve observar como os dados sobre os bichos aparecem e quais palavras são usadas para descrevê-los.
Daiani Minutti, professora da EMEF Antonio Carlos de Andrada e Silva, em São Paulo, segue essa recomendação e lê reportagens para a turma de 1º ano todos os dias. As conversas sobre o conteúdo das notícias foram o primeiro passo para começar um trabalho que culminou na produção de um minialmanaque com pequenos textos (leia o projeto didático no quadro acima). "A turma desenvolveu a competência de localizar informações específicas em um texto e melhorou na alfabetização: a escrita evoluiu muito ao longo do ano", conta.
Reprodução
1 - TÍTULO E OLHO
Dão pistas importantes sobre o tema do texto e permitem que as crianças levantem as primeiras hipóteses a respeito do que lerão a seguir.
2 - TEXTO PRINCIPAL
A linguagem clara e objetiva ajuda na compreensão do que o autor tem a dizer e na aprendizagem do assunto abordado. Dados novos e atualizados mostram o que acontece ao redor do aluno, em outras partes do mundo e até mesmo fora dele.
3 - LEGENDA
Permite que os pequenos em fase de alfabetização façam suposições e criem associações entre imagem e texto.
4 - FOTO
Uma das portas para a turma entrar no espírito da matéria e interagir com ela. Possibilita, por exemplo, o trabalho com leitura e produção de legendas.
Chance para debater
A partir do 3º ano, a produção aumenta não só em tamanho mas também em complexidade. Os alunos se tornam mais aptos a selecionar textos e dados de acordo com a situação comunicativa que querem atender (leia o quadro acima). Essa é uma boa hora para propor a produção de revistas e almanaques usando reportagens como fonte de pesquisa. Entram em cena, então, a edição e as decisões que ajudem na compreensão do leitor, seja ele um colega, parente ou vizinho.
Os debates também são outra boa pedida para essa faixa etária. As discussões que surgem em torno do conteúdo das reportagens ajudam na construção coletiva de sentido: cada estudante tem suas próprias opiniões, traz novas informações para o grupo, levanta questionamentos e, ao se posicionar diante de determinado tema, desenvolve o pensamento crítico, característica fundamental para a compreensão adequada do que se lê.
Não é apenas nas aulas de Língua Portuguesa que as publicações impressas encontram espaço. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) prevêem o uso delas em todas as disciplinas. Em Matemática, aumentam a familiaridade com os números; em Ciências, colaboram com a interpretação de dados científicos; em História, geram debates sobre questões atuais; em Geografia, o jornalismo fotográfico permite a análise da paisagem natural e social; em Artes, ampliam o repertório artístico.
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1 - IMPESSOALIDADE
A comunicação jornalística busca passar a impressão de isenção e distanciamento do assunto tratado. Por isso, requer o uso quase obrigatório da terceira pessoa.
2 - LIDE
Do inglês lead ("guia"), é a abertura da notícia, um relato resumido com os fatos mais importantes do texto.
3 - NÚMEROS
Textos informativos apresentam uma boa integração com dados numéricos, que aparecem mesclados às demais informações e oferecem ao leitor mais referências objetivas sobre o tema.
4 - LINGUAGEM ESPECÍFICA
O texto direto favorece a eficácia da comunicação. Por isso, evita-se o uso de adjetivos e juízos subjetivos. Em seu lugar, entram dados para o leitor fazer o próprio julgamento.
Produzir, só com muita leitura
Para explorar as revistas em todo o seu potencial, é preciso tomar alguns cuidados. Confira os seis principais.
- Escolha títulos que ofereçam qualidade em relação à língua e às informações.
- Não use as revistas como tapa-buracos no tempo dos alunos. Até momentos informais de leitura devem ser planejados.
- A leitura compartilhada contribui para a integração da turma. Para favorecer essa atividade, invista na aquisição de diversos exemplares da mesma edição.
- Ler e estudar reportagens antes de apresentá- las é um caminho para antecipar questões e possíveis dificuldades.
- Depois da leitura e discussão, é importante questionar os estudantes: o texto respondeu nossas dúvidas? Precisamos buscar novas fontes para solucioná-las?
- Por último, o ponto mais importante: antes de produzir, os alunos devem ter conhecido uma boa diversidade de textos de revista e participado de discussões sobre suas formas e seus conteúdos. Isso porque o aprendizado dos gêneros vem com a familiaridade e o contato prolongado com cada um deles, e não só pelo ensino de sua estrutura. Leitores e escritores de reportagens não se fazem da noite para o dia. Mas o esforço vale a pena.
CONTATOS
Ana Flavia Alonço Castanho
Cristiane Pelissari
EMEF Antonio Carlos de Andrada e Silva,R. Baltazar Santana, 365, 08040-420, São Paulo, SP, tel. (11) 6154-4800
Patrícia Diaz
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Richmond, Califórnia, 1999. O dono de uma loja de artigos esportivos, Ken Carter (Samuel L. Jackson), aceita ser o técnico de basquete de sua antiga escola, onde conseguiu recordes e que fica em uma área pobre da cidade.
Para surpresa de muitos ele impõe um rígido regime, em que os alunos que queriam participar do time tinham de assinar um contrato que incluía um comportamento respeitoso, modo adequado de se vestir e ter boas notas em todas as matérias.
A resistência inicial dos jovens acaba e o time sob o comando de Carter vai se tornando imbatível.
Quando o comportamento do time fica muito abaixo do desejável Carter descobre que muitos dos seus jogadores estão tendo um desempenho muito fraco nas salas de aula.
Assim Carter toma uma atitude que espanta o time, o colégio e a comunidade.
- Ficha Técnica:
Nome do Filme: Coach Carter - Treino para a Vida
Gênero: Drama
Áudio: Português
Legenda: Não Disponível
Tempo de Duração: 136 Minutos
Ano de Lançamento: 2005
Sinopse:
O presidente dos Estados Unidos, Ashton (William Hurt), participará de uma conferência mundial sobre o combate ao terrorismo em Salamanca, na Espanha.
Thomas Barnes (Dennis Quaid) e Kent Taylor (Matthew Fox) são os agentes do Serviço Secreto designados para protegê-lo durante o evento.
Entretanto logo em sua chegada o presidente é baleado, o que gera um grande tumulto.
Na multidão que assiste ao atentado está Howard Lewis (Forest Whitaker), um turista americano que estava gravando tudo para mostrar aos filhos quando retornasse para casa.
A partir da perspectiva de diversos presentes no local antes e depois do atentado é que se pode chegar à verdade sobre o ocorrido.
Nome do Filme: Ponto de Vista
Gênero: Suspense
Áudio: Inglês
Legenda: Português
Tempo de Duração: 90 Minutos
Ano de Lançamento: 2008
O período para interposição de recursos será de 22 à 23 de dezembro de 2008 conforme instruções a seguir. Os recursos, devidamente preenchidos, deverão ser entregues no Protocolo Geral, situado no saguão do Paço Municipal, Avenida Anchieta, 200, Centro, Campinas-SP, mediante apresentação de documento de identidade original do candidato ou apresentados por meio de terceiros, mediante procuração específica para esse fim, que ficará retida. Deverão ser anexadas, a cada recurso, uma fotocópia da procuração e uma fotocópia do documento de identidade do candidato e do procurador. Neste caso, o candidato assumirá as conseqüências de eventuais erros de seu procurador. Os recursos deverão obedecer às orientações contidas no formulário disponível no endereço eletrônico do Concurso (abaixo, link para o formulário). |
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• Resultado Preliminar das Provas Objetivas |
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O Teste Guestáltico Visomotor de Bender é também conhecido como Teste de Bender, ou B-G (Bender Gestalt), ou BGVMT (Bender Gestalt Visual Motor Test). No Brasil, seu nome mais utilizado pelos psicólogos é Teste Bender ou ainda, de forma mais reduzida, simplesmente o Bender1.
O instrumento é composto por nove cartões medindo 14,9 cm de comprimento por 10,1 cm de altura, cada um deles. Consiste de cartelas em cor branca, composta por figuras diferenciadas que estão desenhadas em cor preta. São estímulos formados por linhas contínuas ou pontos, curvas sinuosas ou ângulos.
Na história da construção do Bender, algumas datas são importantes para a melhor compreensão do instrumento. Em 1923, Max Wertheimer publica seus estudos sobre a percepção visual, tendo por objetivo investigar a gênese da percepção da forma na criança. A influência da orientação metodológica da Gestalt, escola de pensamento psicológico co-fundada por Wertheimer, e o conseqüente avanço dos estudos ligados à Psicologia da Percepção, incentivaram os profissionais a ampliarem seus conhecimentos acerca do assunto. Assim, o padrão visomotor começou a ser mais estudado, tendo em vista que a criança, ao reproduzir graficamente, algum traçado no papel, necessita de maturação neurológica para tal.
Entre 1932 e 1938, Lauretta Bender utiliza os desenhos de Wertheimer e realiza os primeiros estudos sobre a maturação neurológica em crianças. Neste momento, uma série de desenhos infantis começou a ser avaliada, tendo como foco a inteligência de crianças a partir desta maturação. Ao mesmo tempo, Bender aplica esses mesmos desenhos em diferentes grupos clínicos - transtornos orgânico-cerebrais, psicoses e neuroses - com a finalidade de analisar respostas características. Conforme Bender (1955), estes trabalhos iniciais foram divulgados pela American Orthopsychiatric Association, através do Research Monograph n.3, em 1938, sob o título A Visual Motor Gestalt Test and its Clinical Use. Em 1946, ocorre a publicação do teste pela autora, sendo eleitas as figuras originais que Wertheimer apresentou em sua clássica monografia publicada em 1923.
Avaliação do nível de maturação da função visuo-perceptiva e visuo-motora e de possíveis regressões a este nível. A prova é constituída por nove figuras geométricas que o sujeito deverá reproduzir. Permite detectar a existência de organicidade. A avaliação da percepção visuo-motora é útil na compreensão de outras competências como a linguagem, a memória, a orientação espacial e temporal, etc.. Como auxiliar ao processo de interpretação, o manual fornece informações na forma de estudos de casos relacionados com determinadas lesões cerebrais e patológias.
Pedagogia empresarial designa as atividades de estímulo ao desenvolvimento profissional e pessoal realizadas dentro das empresas. O termo foi cunhado pela professora Maria Luiza Marins Holtz.
A Pedagogia e a Empresa fazem um casamento perfeito. Ambas tem objetivo semelhante em relação às pessoas, principalmente nos tempos atuais.
Uma Empresa sempre é a associação de pessoas, para explorar uma atividade, liderada pelo empresário, pessoa empreendedora, que dirige e lidera aquela atividade com o fim de atingir ideais e objetivos também definidos.
A Pedagogia é a ciência que estuda e aplica doutrinas e princípios visando um programa de ação em relação à formação, aperfeiçoamento e estímulo de todas as faculdades da personalidade das pessoas, de acordo com ideais e objetivos definidos.
Tanto a Empresa como a Pedagogia agem em direção à realização de ideais e objetivos definidos, no trabalho de provocar mudanças no comportamento das pessoas. Esse processo de mudança provocada, no comportamento das pessoas em direção a um objetivo, chama-se aprendizagem e aprendizagem é a especialidade da Pedagogia e do Pedagogo[1].
As responsabilidades do pedagogo empresarial incluem:
A formação do Pedagogo Empresarial é oferecida em cursos de especialização e mestrado, por diversas instituições de ensino superior. Os cursos são reconhecidos pelo Ministério da Educação - MEC.
Várias empresas instituiram programas de treinamento e desenvolvimento de pessoas, o processo pode ser através da criação de uma Universidade Corporativa.
Maria Luiza Marins Holtz. Lições de Pedagogia Empresarial (PDF).
Fonte: Ministério da Educação - MEC. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/resolucao12001.pdf
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Índice da edição 138 - dez/2000
Masao Goto Filho
Cristiane Ishihara, professora de Matemática da 5ª série no Colégio Assunção, em São Paulo
"Dar provas, corrigi-las e entregá-las não é mais suficiente para mim. Preciso saber onde estou falhando para planejar o que e como ensinar"
Notas fechadas, boletins entregues, diários de classe arquivados. Missão cumprida? Não para Cristiane Ishihara, professora de Matemática das 5ªs séries no Colégio Assunção, em São Paulo. Como faz ao final de cada bimestre, ela vai pegar as anotações que fez em sala de aula, os resultados dos exames e os questionários que a turma responde após as provas. Tudo com um objetivo: avaliar o próprio desempenho. "Dar provas, corrigi-las e entregá-las não é mais suficiente para mim. Preciso saber onde estou falhando para planejar o que e como ensinar", afirma. Cristiane está dando o primeiro e mais importante passo rumo a um sistema de avaliação escolar justo e motivador. Culpar o aluno pelas notas baixas, o desinteresse ou a indisciplina nem passa pela cabeça dela. "Basta que alguns tenham ido mal nas provas para eu saber que preciso mudar de didática ou reforçar conteúdos".
Ao rever seu trabalho, Cristiane mostrou que está mesmo no caminho certo. "Não interessa o instrumento utilizado. Pode ser prova, chamada oral, trabalho em grupo ou relatório. O importante é ter vontade de mudar e usar os resultados para refletir sobre a prática", explica o consultor e educador Celso Vasconcelos. Para ele, de nada adianta selecionar novos conteúdos ou métodos diferentes de medir o aprendizado se não houver intencionalidade — palavra que ele define, em tom de brincadeira, como "a intenção que vira realidade". "Enquanto os alunos se perguntam o que fazer para recuperar a nota, os professores devem se questionar como recuperar a aprendizagem", aconselha.
Mas por que mudar se tudo está correndo bem? O professor ensina, o aluno presta atenção e faz a prova. Se foi bem, aprendeu. Se foi mal, azar — é preciso seguir com o currículo. Esse sistema, cristalizado há séculos, deposita nos conteúdos uma importância maior do que eles realmente têm. Até os anos 60, 80% do que se ensinava eram fatos e conceitos. A prova tradicional avaliava bem o nível de memorização dos alunos. Hoje, essa cota caiu para 30%. Além de fatos e conceitos, os estudantes devem conhecer procedimentos, desenvolver competências. E a mesma prova escrita continua a ser aplicada...
Se a missão da escola ao raiar do século XXI é desenvolver as potencialidades das crianças e transformá-las em cidadãos, a finalidade da avaliação tem de ser adaptada, certo? "Na minha opinião, seu principal papel deve ser ajudar o aluno a superar suas necessidades a partir de mudanças efetivas nas atividades de ensino", define Vasconcelos. "O ideal é que ela contribua para que todo estudante assuma poder sobre si mesmo, tenha consciência do que já é capaz e em que deve melhorar", diz Charles Hadji, professor e diretor do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Grenoble, na Suíça (leia entrevista na segunda página).
É consenso entre os educadores que o aprendizado, na sala de aula, não se dá de forma uniforme. Cada um de nós tem seu ritmo, suas facilidades e dificuldades. Afinal, somos pessoas distintas. O que complica bastante a vida do professor, que passa a ter de avaliar cada aluno de um jeito. "Sim, todos merecem ser julgados em relação a si mesmos, não na comparação com os colegas", afirma o espanhol Antoni Zabala, especialista em Filosofia e Psicologia da Educação e professor da Universidade de Barcelona. "Não dá para fugir", continua ele. "É essencial atender à diversidade dos estudantes."
Ele dá um exemplo. "Que altura deve pular um jovem de 11 anos?" A resposta é: "Depende..." Depende de sua potência motora, de suas capacidades físicas e emocionais, das experiências anteriores e do treinamento, do interesse pela atividade e muito mais.
Por isso, alguns saltam 80 centímetros. Outros, 1 metro. Poucos, 1,20 metro. "Se estabelecemos uma altura fixa, excluímos os que não conseguirem chegar lá no dia em que a habilidade for medida". Da mesma forma, "quanto" deve saber uma criança? A resposta também é depende. De sua história, dos conhecimentos prévios, da relação com o saber e de incontáveis outros fatores. E não existe ninguém mais capacitado do que o professor para saber "quanto" essa criança domina (ou tem a obrigação de dominar) em termos de conteúdos, conceitos e competências.
O papel do desejo
Quando a escola não leva isso em conta, o estrago é inevitável. Estudos realizados pela pesquisadora Kátia Smole sobre o impacto da avaliação na auto-estima do aluno mostram que os boletins baseados no desempenho em provas têm apenas uma função: classificar a garotada em "bons" ou "maus", o que tem cada vez menos utilidade. "O pressuposto de que existe uma inteligência padrão está ultrapassado", avalia. Segundo ela, o que acaba ocorrendo são desvios no objetivo maior da escola, que é ensinar. Ao sentenciar que uns são mais e outros, menos, o saber fica em segundo plano. "O jovem valoriza a nota, não o aprendizado", exemplifica. "Em vez de se relacionar com o mundo, ele só vai querer aprender em troca de prêmio (a nota) e, nesse ambiente, só sobrevive quem se adapta ao toma lá, dá cá."
Mas existe uma conseqüência mais nefasta: tirar da criança a vontade de aprender. Afinal, só existe motivação quando há desejo. O aluno que não valoriza o saber não tem motivos para cobiçá-lo. "O antigo sistema forma pessoas submissas e intolerantes. Quem não consegue atender à expectativa do professor e da sociedade acaba marginalizado", analisa Kátia.
Antoni Zabala apresenta exemplos bem práticos — e recheados de comparações com fatos do dia-a-dia — para ajudar a desatar esse grande nó. "O professor deve ser um misto de nutricionista e cozinheiro", diz ele. "O primeiro preocupa-se em elaborar refeições saudáveis e o outro quer pratos apetitosos. No planejamento da aula, devemos agir como nutricionistas, pensando nas competências que o aluno deve desenvolver. Na classe, precisamos atuar como cozinheiros, propondo atividades interessantes e que possam ser executadas com prazer."
Na sua opinião, a avaliação completa envolve quatro etapas, tantas quantas uma dona-de-casa executa ao fazer compras. "Ela vê o que tem na despensa, lista o que falta, estabelece objetivos — como preparar refeições balanceadas — e vai ao mercado", descreve. "Lá, ela começa uma série de observações, que podem mudar os rumos da tarefa original. Se um produto estiver muito caro, a saída será buscar outro ponto de venda. Se estiver estragado, terá de ser substituído por outro de semelhante valor nutritivo."
Traduzindo para a sala de aula, o professor precisa de objetivos claros, saber o que os alunos já conhecem e preparar o que eles devem aprender — tudo em função de suas necessidades (avaliação inicial). O segundo passo é selecionar conteúdos e atividades adequadas àquela turma (avaliação reguladora). Periodicamente, ele deve parar e analisar o que já foi feito, para medir o desempenho dos estudantes (avaliação final). Ao final, todo o processo tem de ser repensado, de forma a mudar os pontos deficientes e aperfeiçoar o ensino e a aprendizagem (avaliação integradora). Clique aqui para conhecer um exemplo muito objetivo de como fazer isso, com estratégias específicas para vários conteúdos, tendo como ponto de partida o estudo da Bacia Amazônica.
A primeira pergunta que professores, coordenadores e diretores devem fazer é: Com que objetivo vamos avaliar? Para formar pessoas ou futuros universitários? Para classificar e excluir alunos ou para ajudá-los a aprender? Para humilhá-los com suas dificuldades ou incentivá-los com suas conquistas? É importante frisar que não existe resposta certa ou errada. Ela está no projeto pedagógico de cada escola. Se a opção é selecionar os melhores e excluir os outros, então a melhor saída é a boa e velha prova. Caso o compromisso seja no sentido de incentivar o aluno a enfrentar desafios, então a conversa muda de rumo.
Infelizmente, não existe uma fórmula mágica. Ao contrário. "A escola ideal, que atenda à formação de cada um individualmente, não existirá nunca. Mas estabelecer que esse é o horizonte aumenta as chances de acertar o caminho", acredita Zabala. Celso Vasconcelos também entende que o sistema tradicional não atende aos objetivos da escola do terceiro milênio, mas acha que é possível democratizá-lo. "Se a nota for dinâmica e servir como indicadora da situação do aluno naquele momento, ela pode apontar rumos a seguir".
"Enquanto os alunos se perguntam o que fazer para recuperar a nota, os docentes devem sempre se questionar sobre a melhor maneira de questionar sobre a melhor maneira de recuperar a aprendizagem"
Celso Vasconcelos
Íntegra da entrevista
"O professor tem de ser um misto de nutricionista e cozinheiro para elaborar refeições saudáveis e pratos apetitosos, ou seja, desenvolver atividades prazerosas e eficientes"
Antoni Zabala
Íntegra da entrevista
"É preciso romper definitivamente o estereótipo do mestre com a fita métrica na mão, pronto para medir, julgar e rotular cada um de seus estudantes"
Luiz Carlos de Menezes
Incentivo ao aprender
É justamente o que faz Cristiane Ishihara. Ela criou um jeito próprio de melhor aproveitar o exame. Dias depois de aplicá-lo, ela o distribui novamente, em branco, e pede que cada aluno responda, para cada problema proposto, se:
fez e está seguro de que aprendeu;
fez, mas não está seguro de que tenha aprendido;
fez, mas tem certeza de que errou por ter-se confundido na resolução;
fez, mas tem certeza de que errou porque não aprendeu;
se não fez, qual o motivo.
"Essa foi a maneira que encontrei de colocar a prova a serviço dos estudantes", explica. Depois de tabular as respostas, ela detecta as dificuldades gerais da turma e as específicas de um determinado grupo, além do nível de segurança de cada um em relação aos conteúdos. Se a maioria apresentou deficiência, Cristiane ensina tudo de outra maneira. Se alguns não aprenderam, ela prepara exercícios para ser trabalhados em casa ou na sala de aula.
De mestre a parceiro
Esse método é elogiado por especialistas. "A dificuldade do aluno deve mesmo ser encarada como um desafio pelo professor", endossa Luiz Carlos de Menezes, físico, educador e um dos autores da matriz de competências do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). "O importante é que a avaliação esteja fundamentada, explicando claramente aqueles tópicos em que o estudante avançou e quais ele ainda precisa trabalhar." Sem esquecer, é claro, de mostrar como isso pode ser feito.
Dessa maneira, o educador se torna um parceiro, que quer e vai ajudar: "É preciso romper definitivamente o estereótipo do mestre com a fita métrica na mão, pronto para medir, julgar e rotular cada um de seus estudantes." Assim como Zabala e Vasconcelos, Menezes encara a prova com muitas restrições, pois ela geralmente é centrada na memorização e no uso de algoritmos e foca conteúdos científicos com dia e hora marcada para acontecer.
É por isso que muitos apontam o professor de Educação Infantil como um modelo a ser seguido. Todos os dias, ele oferece atividades diferentes e criativas para reter a atenção das crianças, orienta todo o trabalho, que geralmente é feito em grupo, e observa. Observa muito, e aí está o segredo. A cada dois ou três meses elabora um relatório para os pais, enumerando os pontos em que o aluno avançou e os que precisam ser trabalhados, tanto no que diz respeito a conhecimentos como a atitudes (conheça experiência do Colégio Pueri Domus na página 3).
Mas como olhar atentamente e conhecer bem cada estudante, se as classes têm 30 ou 40 deles e o professor tem duas ou três aulas por semana com diversas turmas, que mudam todos os anos? Já imaginou propor atividades diferentes de acordo com o nível de aprendizado e, ainda por cima, fazer um relatório personalizado no final de cada bimestre?
Sim, é possível fazer isso. A saída mais eficiente, dizem os especialistas, é propor trabalhos em grupo, que permitem observar melhor as atitudes individuais e coletivas. Menezes sugere ainda que se dê prioridade a estudos do meio, com propostas de atividades variadas, nas quais todos tenham a chance de explorar suas potencialidades. Um bom exemplo disso é o Colégio Lourenço Castanho, que organiza viagens com finalidades didáticas (leia sobre na página4).
Outro consenso é a importância da auto-avaliação. Ela está diretamente ligada a um dos objetivos fundamentais da educação: aprender a aprender. É óbvio que o próprio aluno tem as melhores condições de dizer o que sabe e o que não sabe, se um determinado método de ensino foi ou não eficaz no seu aprendizado e de que maneira ele acredita que pode compreender determinados conteúdos com mais facilidade. Para isso, basta conversar com a turma, de forma sincera e direta, ou fazer questionários onde todos possam expor livremente suas críticas e sugestões. Quanto mais freqüentes forem essas conversas mais rapidamente aparecerão os problemas e, o que realmente importa, as respectivas soluções. Para caminhar nessa direção, as escolas da rede municipal de João Monlevade, em Minas Gerais, estão se reinventando (página 5 desta reportagem).
"Disciplinas, espaço e tempo devem ser instrumentos da educação, não seus carrascos", resume Zabala. E você? Gostou do que leu nessa reportagem e quer transformar sua escola? Ouça o conselho de Zabala. "Se você quer mudar as formas de avaliar, parabéns. O passo mais importante para a mudança acaba de ser dado."
Colégio Lourenço Castanho, R. Bueno Brandão, 283, CEP 04509-021, São Paulo, SP, tel. (11) 3842-2151
Escola Emilie de Villeneuve, R. Madre Emilie de Villeneuve, 331, CEP 04367-090, São Paulo, SP, tel. (11) 5563-8588
Escola Pueri Domus, R. Verbo Divino, 993-A, CEP 04719-001, São Paulo, SP, tel. (11) 5182-2155
Secretaria Municipal da Educação de João Monlevade, Av. Getúlio Vargas, 4798, CEP 35930-008, João Monlevade, MG, tel. (31) 3859-2094
Avaliação Desmistificada, Charles Hadji, 136 págs., Ed. Artmed, tel. (51) 330-3444, 21 reais
Avaliação da Aprendizagem: Prática de Mudança, Celso Vasconcelos, 120 págs., Ed. Libertad, tel. (11) 5062-8515, 18 reais
Avaliação: Superação da Lógica Classificatória e Excludente, Celso Vasconcelos, 120 págs., Ed. Libertad, 18 reais
Como Trabalhar Conteúdos Procedimentais em Aula, Antoni Zabala, 198 págs., Ed. Artmed, 34 reais
A Prática Educativa, Antoni Zabala, 224 págs., Ed. Artmed, 36 reais
CHARLES HADJI
A coragem de ousar
Marcelo Rudini
"É um dever ético da nossa profissão dizer aos estudantes para que serve o aprendizado"
Todos nós somos avaliados todos os dias, por todas as pessoas. No ambiente escolar, porém, a avaliação só faz sentido se estiver a serviço da aprendizagem. Essa é a opinião de Charles Hadji, diretor e professor do Departamento de Ciências da Educação da Universidade de Grenoble, na Suíça. Em outubro, ele esteve em São Paulo para o XIV Seminário da Escola da Vila e conversou com NOVA ESCOLA. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
NOVA ESCOLA > Qual o sentido da avaliação escolar?
Charles Hadji < Ela deve estar a serviço de uma pedagogia dinâmica. É sua função contribuir para que o aluno assuma poder sobre si mesmo, tenha consciência do que já é capaz e em que deve melhorar. Ela é sempre uma operação de leitura orientada da realidade, uma poderosa alavanca para a ampliação do êxito da escola.
NE > Como fazer isso de forma justa na sala de aula?
Hadji < O professor não pode, em hipótese alguma, se deixar seduzir pelo poder do cargo. Se isso acontecer, a relação que deveria ser de interação sincera vira policial. É preciso estar atento para o risco de abuso de poder, tendo em mente que a meta final é o desenvolvimento de uma pessoa. Valores pessoais e sociais que o levem a classificar os alunos em capazes ou incapazes devem ser deixados de lado.
NE > No que se baseia a avaliação formativa?
Hadji < Antes de tudo, o professor precisa deixar claro a seus alunos aonde ele quer chegar com cada uma das tarefas propostas. Esse é um dever ético na nossa profissão: expor aos estudantes para que serve o aprendizado. Da mesma forma, devemos criar exercícios práticos adequados ao desenvolvimento e à medição de competências; ser humildes o suficiente para analisar nossa própria prática e nossas atividades de ensino, mudando-as quando não forem eficientes. Acima de tudo, o verdadeiro mestre é o que tem coragem para ousar.
NE > Qual o caminho para rever o jeito de avaliar?
Hadji < Modificando a forma de ensinar após cada processo de avaliação, buscando maneiras diferentes de trabalhar para atingir um mesmo objetivo. Ele deve ter sempre em mãos diversas possibilidades de execução de tarefas significativas — em vez de exercícios formais esvaziados de sentido. Ele não pode esquecer-se de que todo desempenho exige interpretação. O aluno também precisa corrigir sua ação após cada processo, para aprender com os erros, não cometê-los mais e, assim, progredir.
NE > Como comunicar esse processo aos estudantes?
Hadji < O professor não pode nunca fazer julgamentos infundados. Precisa passar sempre informações úteis para o aluno e ter em mente que, em educação, a avaliação só interessa se conseguir estabelecer ligação entre o ensino e a aprendizagem.
O exemplo que vem da Educação Infantil
Não tenha vergonha de copiar práticas de quem trabalha com os pequenos, como revelar objetivos e observar diariamente a turma
Fotos Evelyn Müller
Renata, que hoje leciona matemática para a 5ª série, trouxe a experiência acumulada em creches e pré-escolas para o Emilie de Villeneuve: "O aluno é um indivíduo em constante crescimento"
Todas as manhãs, as classes de Educação Infantil do Colégio Pueri Domus, em São Paulo, formam rodas para combinar como será o dia. Nesse momento, são propostas atividades e explicados os objetivos de cada uma delas. E também é hora dos alunos contarem para a professora as dificuldades que têm.
Analisando atentamente as lições de casa, Maria Lúcia Barboza Petrucci percebeu que alguns erros de escrita eram comuns na turma do Infantil III. Colocou o problema na roda e lá mesmo encontrou a solução: os alunos sugeriram afixar cartazes nas paredes com a grafia correta dessas palavras "chatas". Roda para os pequenos, plenária, tribuna livre ou assembléia para os maiores. É a turma que decide o nome que será dado às reuniões, momento dedicado também a avaliar o desempenho geral e resolver qualquer outra questão.
"Se cinco alunos não entenderam alguma coisa, tenho de encontrar outra maneira de ensinar", analisa Maria Lúcia. As opções mais usadas em suas aulas são jogos pedagógicos ou trabalhos em trios para reforçar conteúdos. Imediatamente após as aulas, ela faz anotações do desempenho de seus alunos. No começo do ano, registra como a criança chegou e daí em diante discreve cada progresso. Todas as observações feitas durante o ano servem para compor, no final, o boletim. Ao elaborar o relatório trimestral, Maria Lúcia pensa antes de tudo nas crianças: "Não quero que os pais cobrem seus filhos indevidamente. Por isso, tenho de ser direta, transparente e cuidadosa".
Elisa Pereira, diretora pedagógica da Educação Infantil à 4a série da rede Pueri Domus, afirma que a avaliação contínua dos alunos é fundamental também para mostrar o melhor caminho para toda a escola. "Detectando as dificuldades, executamos o planejamento para melhor atender às necessidades dos alunos".
A experiência de quatro anos na Educação Infantil ensinou uma nova forma de avaliar para Renata Stancanelli, hoje professora de 5a série do Colégio Emilie de Villeneuve, também na capital paulista. "Acho que a psicologia que usamos no trato com os menores ajuda a olhar para o aluno como um indivíduo em constante crescimento", constata, com muita propriedade. Em suas aulas, a prioridade é para as conversas e trocas de informações. Mesmo com os maiores, agora, as atividades lúdicas são freqüentes. Para ensinar geometria, por exemplo, ela desenvolveu de junho a dezembro o Projeto Pipas.
Todos realizaram pesquisas e construíram seus brinquedos de empinar ao mesmo tempo que aprendiam conceitos matemáticos.
Masao Goto Filho
Maria Lúcia e a roda no Pueri Domus: momento de propor atividades, refletir e buscar soluções
Ela gasta pelo menos uma semana por mês em atividades de auto-avaliação. Primeiro, faz questionários sobre diversos assuntos: apreensão dos conteúdos, comportamento individual e da turma, como fazer com que o aluno tenha melhor postura e mais participação na aula. Depois de tabular as respostas, ela sempre expõe para a turma os resultados. Tudo é discutido entre eles. "Melhoramos o aprendizado e nossas relações pessoais. Como conseqüência, a garotada perde o medo de se posicionar", revela.
Embora esse processo roube tempo de aulas, Renata afirma que não está atrasada em relação ao programa: "Posso sempre reorganizar meu planejamento inicial, para não avançar enquanto algumas questões não estiverem bem resolvidas com a turma". Como nesses desabafos aparecem questões que vão além das atividades de Matemática, ela recebe críticas e sugestões que envolvem até a organização da escola. Todas são levadas para a coordenação pedagógica.
Depois de um ano trabalhando dessa forma, Renata conta hoje com o apoio de vários colegas, que passaram a fazer auto-avaliações orais. Mais uma prova de que a experiência com as crianças pequenas pode — e deve — ser estendida a toda a escola.
Exposição, viagem, apresentação
No Lourenço Castanho, projetos são diferencial na hora de decidir se o aluno fará ou não reforço
Paulo Rossi
Alunos em Ouro Preto (abaixo) e durante a apresentação: pesquisa e leituras
As turmas de Ensino Fundamental do Colégio Lourenço Castanho, em São Paulo, precisam realizar pelo menos um projeto por ano. As 8as séries, por exemplo, vão para as cidades históricas de Minas Gerais. Em 2000, além das leituras e pesquisas, os alunos tiveram uma atividade adicional antes da excursão: visitar o módulo de arte barroca da Mostra do Redescobrimento. Os professores de todas as disciplinas também foram à exposição, para melhor orientar os grupos.
Em sala de aula, as equipes elaboraram uma proposta de estudo, com pesquisas e leituras para preparar a viagem.
Marília Maluf
Alunos em Ouro Preto (abaixo) e durante a apresentação: pesquisa e leituras
Na volta, tiveram dois dias para montar a apresentação à banca julgadora, formada por pais de alunos de outras séries, professores e convidados.
A nota do projeto não reprova ninguém, mas é o diferencial na hora de decidir se um aluno vai ou não fazer algum reforço no final do ano. Por isso, os avaliadores tinham de medir a pertinência das questões levantadas, a adequação da apresentação (como respondem às questões, expressão, postura, linguagem e vestimenta), a criatividade, a participação e a integração dos elementos do grupo, além da qualidade dos materiais usados (vídeo, cartazes, fotos etc.).
"Acreditamos que essa é a maneira mais eficiente de avaliar atitudes e procedimentos", diz Silvia Gouveia, diretora da escola. Os conteúdos disciplinares são testados trimestralmente com provas escritas e orais, análises de trabalhos, seminários e lições de casa, comparando o desempenho do aluno com os objetivos de cada série.
Uma cidade contra o fracasso escolar
Avaliação contínua é só um dos mecanismos desenvolvidos em João Monlevade para melhorar o desempenho das turmas
Juninho Motta
Ione e sua turma: muito estudo para repensar a prática e mudar o jeito de ensinar e avaliar
Ione de Almeida tem 24 anos de Magistério e confessa que teve dificuldades para se adaptar a um método de ensino em que as provas eram apenas uma pequena parte da avaliação. "Tive de fazer um exorcismo para entender que a responsabilidade é minha quando o aluno não aprende". Ela trabalha na Escola Municipal Governador Israel Pinheiro, em João Monlevade, cidade a 110 quilômetros de Belo Horizonte que está promovendo uma revolução na educação.
Em 1997, a prefeitura deu às escolas a opção de adotar o sistema de ciclos. Seis das sete unidades da rede municipal aderiram. A Israel Pinheiro é uma delas. Lá, o ensino foi dividido por áreas. Ione, por exemplo, leciona Ciências Naturais e Matemática.
"Foi a maneira que encontramos para entrosar as disciplinas e garantir que o professor fique mais tempo com a turma", explica a coordenadora Felicíssima Simon. No dia-a-dia, essa reorganização significa o seguinte: todo o planejamento é feito em conjunto, o que permite que um professor "roube" tempo de aula de outro quando necessário.
Nas unidades da rede, notas e boletins foram substituídos por relatórios individuais que retratam o progresso do aluno. A avaliação contínua permitiu trabalhar melhor as dificuldades e diferenças. Um dos resultados é o reagrupamento das turmas por nível de aprendizado.
"É uma maneira de dar mais atenção aos que precisam", explica Nair da Silva Cássia, diretora da Escola Monteiro Lobato, que investe nas atividades de reforço com o projeto Pé na Tábua.
Outros recursos testados e aprovados são o professor de apoio, que durante todo o ano fica à disposição dos estudantes, tanto em sala de aula ou fora dela e o apadrinhamento. Alessandro Pereira Silvino escolheu Grasiele Fernandes para ser sua madrinha nas atividades de escrita. Tamires Poliana Martins é afilhada de Kelly Cristina Brunheroto, que a ajuda nas contas de divisão. "Todo aluno precisa de atenção especial, mas em turmas grandes o professor nem consegue fazer isso", afirma a professora deles, Maria da Consolação Loureiro.
Juninho Motta
Consolação: empregando técnicas de apadrinhamento para fazer todos os alunos aprenderem
A auto-avaliação é mais uma excelente sacada. Maria José de Castro Moraes dá aulas na 2ª série do 1º ciclo da Escola Vale do Sol. Toda sexta-feira ela discute o desempenho de cada criança e da turma. Os próprios alunos desenham em seus cadernos um desses símbolos:
coração vermelho - precisa melhorar;
triângulo amarelo - pode melhorar;
estrela verde - siga em frente.
No final, anotam comentários. "Todos ficamos sabendo os pontos em que precisamos mudar", conclui Maria José.
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