domingo, 13 de junho de 2010

CRIANÇAS SUPERDOTADAS- MITOS -


 

CRIANÇAS SUPERDOTADAS
- MITOS -

Vitória, ES
1998

ABAHSD

·       fundada em 19/11/1991.
·       entidade da sociedade civil.
·       sem fins lucrativos.
·       congrega pessoas interessadas em questões de inteligências, criatividade e superdotação.
·       tem como objetivos fundamentais:
-         sensibilizar para a importância de se criar condições favoráveis ao desenvolvimento e aproveitamento do talento, da inteligência e da criatividade;
-         contribuir para a formação e aperfeiçoamento de recursos humanos destinados à pesquisa, à identificação e ao atendimento de superdotados.
  
Apresentação

A Associação Brasileira para Altas Habilidades / Superdotados (ABAHSD) sempre se preocupou com a falta de compreensão e o excesso de negligência que a sociedade reserva aos portadores de altas habilidades. Muitos são os mitos que foram criados a seu respeito e poucas são as propostas concretas para favorecer o seu desenvolvimento.

A professora Dora Cortat Simonetti, Mestre em Educação, com tese na área de Educação para Alunos Talentosos em Ciências, elaborou a presente publicação, com o objetivo primordial de desmitificar os paradigmas que se criaram em torno do portador de altas habilidades.

A ABAHSD espera que, com estas informações esteja colaborando com pais, professores e comunidade em geral, para que se passe a ver o superdotado, como um indivíduo que necessita de tanto estímulo e orientação, quando qualquer outro cidadão.

Nenhum país pode se dar ao luxo de ignorar os talentos que neles existem.

ABAHSD
A DIRETORIA



MODELO TRIÁTICO DA SUPERDOTAÇÃO
Destaca um conjunto de três traços marcantes, individuais. Posteriormente, neste modelo foram incluídos três marcos sociais: a família, a escola e os companheiros.



         Esta é a concepção proposta por Renzulli (1978, 1984, 1994), a partir de estudos com pessoas criativas e produtivas. Os superdotados, segundo ele, seriam aqueles que estivessem na intersecção dos três círculos. Os que apresentam componentes de dois círculos seriam muito inteligentes e, se de apenas um, seriam talentosos. Ex.: uma habilidade acima da média, como talento matemático. Os gênios não são tratados nesta concepção. Altamente criativos são capazes de romper modelos.

         Atribuir-se a Guy H. Wipple a criação do termo superdotado, como uma denominação das crianças com uma capacidade superior a normal (Enciclopédia de Educação Monroe, 1920)

         A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) utiliza este termo.


O que é um MITO?

·       Uma narrativa com utilização de elementos simbólicos e sobrenaturais para explicar o mundo, a natureza, o sentido de viver (acepção original).
·       Uma leitura imaginária do mundo e do que nele acontece.
·       Uma forma de propor, onde a imaginação tem amplos direitos.
·       Uma base para o trabalho posterior da razão.


ð    A leitura especializada, o convívio social, familiar e escolar são as bases deste nosso trabalho.
" É ótimo aluno e tem sempre as melhores notas."
        
O bom rendimento acadêmico pode ou não acontecer. Ser um aluno "nota dez" nem sempre é indicador de superdotação.

         O que dados empíricos indicam é uma freqüência relativamente alta do desempenho inferior, aquém do potencial deste aluno.

         Por que? Dentre os fatores responsáveis para que isto ocorra estão:

-         as características da escola atual, voltada enfaticamente para a informação pela informação;
-         a falta de estímulo do professor em desenvolver o potencial criativo (ele foi capacitado para trabalhar o pensamento convergente, ou seja, aquele que se volta para uma única resposta);
-         a tendência em igualar tarefas e conteúdos, massificando o ensino;
-         a pouca sensibilidade para atender o aluno que se destaca por suas idéias e habilidades, ás vezes considerando "inoportuno";



ð    É importante aceitá-lo como ele é: curioso, perguntador, etc. não deixá-lo desocupado e, muito estímulo são meios para que fique integrado e não "atrapalhe".



"Quociente Intelectual alto é uma características das crianças superdotadas."



         A pesquisadora Erika Landau, fundadora do Instituto de jovens para Promoção das Artes e da Ciência, em Telaviv, o qual atende os alunos em PROGRAMAS DE ENRIQUECIMENTO, fez uma pesquisa com crianças problemáticas, de baixo nível intelectual. Verificou, depois de um ano de trabalho com elas, que o Q.I. da maioria tinha aumentado cerca de 30%.

         Assim, o Q.I. é uma função variável,. Segundo ela, para que os dados colhidos tenham algum valor deve-se levar em conta o contexto social e étnico das crianças. É preciso comparar seus resultados com a opinião de professores e o desempenho escolar da criança.

         Diversos estudos (Willerman e Friedler, 1975) confirmados por pesquisas (Lewis e Michalson, 1983) mostram que não se pode identificar a superdotação de crianças sob a base das pontuações gerais do Quociente Intelectual.

"São estranhas, pequenas, franzinas e usam óculos com lentes grossas."

         É uma idéia errônea que felizmente vai ficando no passado. Na verdade, a criança superdotada é diferente, mas diferente em certos aspectos.

         Tem se desenvolvido um variado número de listas de características para identificá-las. A observação nos indica que nem toda criança apresenta ou manifesta todos os atributos listados em investigações diversas.

         Sem dúvida, é significativo, sobretudo para os familiares e a escola, estar conscientes de que esta é uma das maneiras de se identificar a superdotação. Mas, o importante é não usar uma lista como tabela de pontos. São indicadores e assim devem ser analisados.

         Por sua vez, parece correto o estereótipo de que o superdotado usa óculos (com ou sem lentes grossas) com maior probabilidade que as outras crianças - (Projeto de Investigação Gulbenkian sobre Crianças Superdotadas, 1979).


"São hiperativas e possuem cérebro com mais neurônios."


         Não procede. Às vezes, realmente não param, agitam-se em busca de mais saber, demonstram muita energia, mas não têm as características clínicas de hiperatividade.

         Os estudos clínicos de cérebros doados, como o de Einstein, mostram que a quantidade de células nervosas é a mesma. Apontam no sentido de que possam existir maior número de conexão, mais interação entre elas.
         Estes circuitos nervosos diferenciados podem ser responsáveis por alguns traços que os superdotados apresentam, em relação à crianças de sua mesma faixa etária, como por exemplo:

·       amadurecimento no modo de ser;
·       habilidade para perceber a relação entre fatos;
·       flexibilidade de idéias;
·       versatilidade de interesses;
·       imaginação fértil;
·       curiosidade com qualidade e inesgotável;
·       rapidez na percepção do mundo e de seu meio;
·       memória acentuada;
·       senso humor;


"Não necessitam ajuda, pois já que são tão talentosos podem conduzir-se sozinhos, sem precisar estímulos."


Não procede. No bebê. Os hemisférios cerebrais, direito e esquerdo, ainda não se especializaram. Isso significa que as conexões entre os cem bilhões de células nervosas não se desenvolveram por completo.

Ao longo da primeira infância cada um dos neurônio se ligará a milhares de outros numa rede de cerca de cem trilhões de conexões.

Para que essa trama precisa e delicada se estabeleça o cérebro necessita de DESAFIOS.

Assim acontece também com os superdotados. As oportunidades educacionais para estas crianças devem caracterizar-se pela riqueza de incentivos que as levem, inclusive, a identificar suas próprias potencialidades.

Devem caracterizar-se também pelo conhecimento de que ela têm dificuldades que podem ocorrer na adaptação escolar, na relação de aula/ professor/ colegas, no ajustamento social.

"Dizer a uma criança que ela é talentosa, muito inteligente, superdotada, faz com que fique vaidosa e se sinta superior às demais."

Depende de como se faça. Maslow, um psicólogo da linha humanista, coloca que o reconhecimento social é uma necessidade do ser humano. Assim, estas crianças precisam saber sobre suas potencialidades e seus familiares orientados no sentido de ajudá-las, e frear o exibicionismo.
Facilmente perceberam que também têm limitações. O importante é que após identificadas, não fiquem abandonadas. Respeitá-las, incentivá-las para que se desenvolvam no seu jeito, e não como desejam que elas sejam.
Elas não querem ser vistas como diferentes. Para identificá-las é importante uma observação sistemática e persistente, tanto de comportamento como de desempenhos.
Verificar a intensidade, freqüência e consistência de suas peculiaridades, bem como seu histórico familiar, sem a preocupação de rotular. Como toda criança, querem AMOR e COMPREENSÃO.


"Um programa educacional para superdotados é algo sofisticado, caro e especializado."


Não é assim. A educação destas crianças é a mesma das outras. Elas são, acima de tudo, pessoas. O compromisso de educador é o mesmo que ele tem com outra criança.

É importante para a criança superdotada ou talentosa sentir que é atendida como uma pessoa e não como "alguém diferente". Para a sua sensibilidade acentuada isto faz muita diferença.

O que elas precisam são de oportunidades como qualquer aluno. Não resta dúvida que estas oportunidades devem estar no nível de suas aptidões, de seus talentos. Não em escolas especiais, mas através de ENRIQUECIMENTO, quer seja na própria sala de aula, grupos em sala de recursos, estudos independentes, através de visitas, demonstrações, palestras, aceleração e diversas outras modalidades

Igualdade de oportunidades não quer dizer oportunidades iguais.

A educação Inclusiva é, sem dúvida, um grande desafio. Significa repensar direitos de cidadania, aprimorar o processo ensino-aprendizagem, reestruturar os sistemas de ensino filosófica e administrativamente, capacitar profissionais.

"O professor de alunos superdotados necessita também ter altas habilidades."

Não necessariamente. Entretanto, a sensibilidade e a afetividade são componentes essenciais para conviver com estas crianças. É preciso que ele goste de desafios, para poder desafiar; que saiba como desenvolver o pensamento criativo para criar situações estimuladoras. Para tanto, necessita conhecimentos e oportunidades de formação.

Respeitar seu aluno como pessoa é fundamental. Orientá-lo como descobrir seu talento e mostrar-lha que também tem fraquezas. Ajudá-lo a conviver com seus pontos fracos e fortes, paara que se sinta mais seguro e, com certeza, feliz.

Segundo James Jallagher, um estudioso nesta área,

"a educação dos superdotados é fascinante porque leva a refletir sobre o envolvimento da sociedade e da cultura como desenvolvimento das potencialidades do ser humano."

         É, sem dúvida, necessário disposição para aceitar este desafio, onde se incluem o interesse e a motivação,  a perseverança, dentre outros traços.

"É sempre o melhor em tudo que faz. É ótimo da perfeição."
        
O fato de ser destaque numa área não significa necessariamente que será em todas. Por isso, é difícil traçar um papel único e perfeito da criança superdotada, como se fosse um modelo. É um grupo bastante heterogêneo a nível de traços, características e habilidades.

         Na relação da família e da escola com ela é freqüente a expectativa e a exigência. Espera-se muito desta criança. São equívocos que precisam ser consideradas: não pressionar, não exigir. Excesso de pressão pode levar ao desinteresse, à fadiga, à desmotivação, à rejeição do próprio talento.

         Provavelmente com o propósito de chamar a atenção sobre a ampla variedade de capacidades, o MEC ficou com o seguinte conceito de superdotação, proposto pela oficina de Educação dos Estados Unidos:

         "serão considerados superdotados, educandos que apresentem notável desempenho e/ou elevada potencialidade, nos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo, capacidade de liderança, talento especial para artes, capacidade psicomotora".

"São de classes sociais mais favorecidas economicamente."

         Não é verdade. Podem ser encontras em todas as classes sociais, independentes de cor e raça. O que preocupa é que crianças superdotadas que são carentes economicamente perdem, por desigualdade de condições, a oportunidade de participação social.

         Perdem duplamente!

         As crianças não começam sua vida com uma etiqueta de "superdotação". As oportunidades de mostrar seu talento dependem muito das pessoas que convivem com elas, sobretudo familiares e professores.

         Crianças de baixa renda têm menos oportunidades, até em sua escolarização normal. Preocupa a possibilidade de, não tendo seu talento reconhecido, estimulado, desenvolvido, elas não desenvolvam seu potencial e ele se perca, às vezes de forma irreversível.

         Situações como estas estimulam a trabalhar em uma educação para superdotados/talentosos.

"Sempre apresentam sinais de precocidade: ler muito cedo, andar ou falar bem novos, tocar um instrumento musical com perfeição em tenra idade, etc."


         Necessariamente, não. Pode ou não acontecer. É preciso que haja constância das aptidões, ao longo do tempo, não apenas em faz da infância. Há registros de casos de precocidade do aparecimento de habilidades que permaneceram apesar de obstáculos e frustrações. Outros, não.

         Como crianças estão em processo de desenvolvimento, muitas vezes, mesmo precoces, não efetivam todo o seu potencial. Daí serem considerados portadores de altas habilidades e "não ainda superdotados".

         O fato é que não se deve estereotipar. Influem fatores ambientais: genéticos e a interligação entre ambos. Existem portadores de deficiência que podem também ter superdotação. Não são poucos os exemplos de cegos, ou surdos ou paraplégicos talentosos ou superdotados. São paradigmas, formas de pensar, que necessitem ser revistas.

         A premissa básica é que cada criança tem potencialidades e nosso compromisso é trabalhar para que se desenvolvam.

O desenvolvimento social e emocional dos superdotados estão no mesmo nível que seu desenvolvimento intelectual e acadêmico."


         Se desejarmos ajudar uma criança superdotada não podemos esquecer que elas não crescem da mesma maneira em todas as dimensões da personalidade. Uma Criança pode ter a idade cronológica de 07 anos, mas intelectual ter 11 e apenas 04 em seu lado emocional. Por isso, comparam crianças entre si não é aconselhável.

         Elas possuem especiais vulnerabilidades que podem provocar conflitos em suas vidas. Estes desnível é difícil para quem convive com elas porque em momentos têm independência de raciocínio, usam linguagem precisa, fazem projetos difíceis, em outros apresentam-se como criancinha frágeis e dependentes.

         Estes aspectos não podem ser esquecidos, sobretudo nas decisões de aceleração escolar. O "equilíbrio" entre as diferentes idades - cronológica, emocional e social -, se esquecido, pode conduzir à desarmonia bio-psico-social.

         Caminhar junto com elas, dialogar, ajudá-las na construção de sua identidade pessoal é o papel daqueles que convivem com estas crianças.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA:

ABAHSD. Anais do X Seminário Nacional de Superdotação, 1994.
________. Oportunidades educacionais para alunos portadores de altas habilidades, 1996.
ALENCAR, Eunice Soriano. Psicologia e Educação do Superdotado, São Paulo, EPU, 1986.
BRASIL, Secretaria de Educação Especial. Subsídios para Organização e Funcionamento de Serviços de Educação Especial, Série Diretrizes, 9, 1995.
_______________________________________. Diretrizes para o atendimento Educacional aos Alunos Portadores de Altas Habilidades/Superdotação e Talentos, Série Diretrizes, 10, 1995.
FREEMAN (org.). Los niños superdotados, Aspectos pedagógicos e psicológicos, Madrid: Ed. Santillama S.A. 1985.
LANDAU, Erika. A coragem de ser superdotado, São Paulo: CEREC, 1990.
METTRAU, Marsyl Bukkool. Nos Bastidores da Inteligência, MERJ, 1996.
NOVAES, Maria Helena. Educação para superdotados e talentosos, in A educação dos Superdotados, São Paulo: SE / CENP, 1998.
SIMONETTI, Dora Cortat. Técnicas de projetos: uma estratégia de ensino dirigida às necessidades potenciais dos educandos , in O Ensino de Ciências e Matemática na América Latina, Campinas: Papirus, 1984.

 http://www.fcee.sc.gov.br/index.php?option=com_docman&task=cat_view&gid=31
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sábado, 12 de junho de 2010

HIPERATIVIDADE X SUPERDOTADO

 
HIPERATIVIDADE X SUPERDOTADO

A hiperatividade pode mascarar superdotados. Segundo Julián de Zubiría, diretor do Instituto Alberto Merani da Colômbia, "pais e professores devem estar atentos a crianças com vocabulário muito rico, construções gramaticais brilhantes e capacidade para a música", tudo isso revela muitas vezes uma superdotação intelectual.

O especialista espanhol Juan A. Alonso afirma que em muitas ocasiões crianças sofrem fortes crises de adaptação e experimentam fracassos escolares porque ninguém foi capaz de perceber que essas dificuldades eram causadas por seu talento e capacidade acima da média, por isso ele afirma que há uma necessidade de testes habituais que possam detectar alunos superdotados. E mais, se o aluno com capacidades especiais não é detectado a tempo, essas características podem se anular.

Embora os testes de quociente intelectual criem inconvenientes, até o momento é a ferramenta mais válida para descobrir crianças superdotadas. Cerca de 85% das crianças e adolescentes superdotados apresentam um quociente entre 130 e 145, são estes os que têm mais dificuldades para se integrar em um ambiente que os discrimina. Acima de 145 pontos, os alunos costumam ter uma maior maturidade emocional, de modo que não apresentam problemas de sociabilidade.

Porém, para todos os jovens superdotados o principal problema é encontrar "amigos iguais" para desenvolver suas capacidades emocionais, razão pela qual muitos são favoráveis à formação de grupos especiais integrados por essas crianças.

Especialistas afirmam que a situação das crianças superdotadas é complicada quando chegam à adolescência, porque nessa fase da vida em que há uma necessidade de ser aceito em um grupo, muitos deles sacrificam seus dotes e igualam seu comportamento para poderem se misturar.

Sendo assim, de acordo com nossas pesquisas, concluímos que seja possível uma pessoa com altas habilidades também ser hiperativa, ou vice-versa, mas isso não quer dizer que a falta de estímulos para o desenvolvimento de uma habilidade possa gerar a hiperatividade.

 


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sexta-feira, 11 de junho de 2010

CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE A AUTO-ESTIMA



CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE A AUTO-ESTIMA

Cláudio Garcia Capitão
Theoretical considerations about self-steem

ResumoEste artigo objetiva, por meio de algumas incursões teóricas, resgatar a importância do conceito de auto-estima. Em fins do século passado o respectivo conceito foi banalizado pelos manuais de auto-ajuda, cujas formulações não possuem qualquer correlação com a nossa ciência, a psicologia, esta sim, digna  herdeira da tradição do espírito empreendedor da humanidade.
Palavras - chave: Auto-estima; Ciência; Psicologia.
AbstractThis article aims at, through some theoretical incursions, to rescue the importance of the self-esteem concept. In the end of last Century the respective concept was vulgarized by the manual of solemnity-help, whose formulations don’t possess any correlate with our science, the psychology, an heiress of the tradition of the humanity’s enterprising spirit.
Keywords: Self-esteem; Science; Psychology.
IntroduçãoAtualmente observamos, seja em conversas com amigos, através de jornais, de revistas e, especialmente, em nosso cotidiano hospitalar, serem muitas as considerações sobre a auto-estima. O paciente X está com a auto-estima rebaixada e isso faz com que ele sinta as coisas de forma negativa. O paciente Y melhorou sua auto-estima e isso fez com que ele respondesse de forma adequada ao tratamento.
A auto-estima passou a ser um conceito, na verdade, quase que um diagnóstico, independente. Deixou de ser um sinal, um sintoma ligado a tantos outros, resultado de uma condição psíquica, ou indicação significativa de expressão para um determinado diagnóstico.
A auto-estima é um conceito abrangente, uma vez que abarca múltiplos aspectos da personalidade. Pode influenciar o estado de ânimo de uma pessoa e ser influenciada por este, indicar como a pessoa se avalia e  como é avaliada pelos outros. O tema, em todas as áreas, tornou-se moderno e atual; não podemos deixá-lo de lado, sem uma reflexão séria das suas múltiplas nuances. 
A auto-estima é freqüentemente relacionada ao bem-estar físico e mental de uma pessoa, na grande maioria das vezes, reflete-se nas suas condições físicas, à aparência e em muitas evidências comportamentais. Se a tomarmos como uma representação, a auto-estima pode ser considerada como a expressão da relação unívoca entre a mente e o corpo, o que significaria uma unidade dividida apenas sob o ponto de vista semântico. Considerar tal relação, especialmente quando pretendemos tratar da auto-estima, torna-se uma necessidade urgente, especialmente para aqueles que trabalham em instituição hospitalar, onde o corpo, alvo das precipitações da alma, é que sofre em carne e osso o sofrimento de uma pessoa.
A Procura do ConceitoConceitualmente (Dorsch, 2001) a auto-estima, self steem, self regard pode ser considerada como o sentimento de poder, de satisfação e de valor estável que uma pessoa possui de si mesma.
O rebaixamento da auto-estima se expressa por sentimentos de desvalia, de vergonha, de inadequação e, por assim dizer, por uma sensação constante de inferioridade.
A Psicologia, em quase todas as suas concepções teóricas,  mostra a existência de uma relação importante entre o corpo e a mente e o conceito de auto-estima, sem referir-se diretamente a ela.
Krech e Crutchifield (1976) tratam das emoções ligadas à auto-estima, especialmente as produzidas pelos sentimentos de êxito, fracasso, culpa e remorso. Tais emoções seriam determinantes essenciais intimamente ligadas à percepção que um indivíduo tem de seu próprio comportamento, ou de seu comportamento em relação a outros padrões. Afirmam ser evidente que tais emoções aparecem gradualmente na criança, no transcorrer de seu  desenvolvimento, porém, não estabelecem quando a criança estaria pronta  para vivenciá-las.
O êxito e o fracasso são concebidos por padrões internos de realização e não pelos exclusivamente sociais, externos. Estes últimos, ressalvam, exercem uma grande influência no estabelecimento dos padrões internos e, em vista disso, as pessoas chegariam, até certo ponto, a organizar e ajustar seus próprios padrões numa relação significativa com os de outras. Como resultado dessa relação, o indivíduo formaria certa consciência dos juízos que se fazem a seu respeito.
Os sentimentos de êxito e de fracasso seriam então propiciados pela sensação de se ter atingido ou não uma meta desejada, e a partir dessa condição, verificar-se-ia a ebulição de emoções profundas de orgulho ou de vergonha. As emoções ligadas à culpa, por seu turno, surgiriam da percepção de uma transgressão moral, pela prática de determinados atos. Tais emoções  são relativizadas pela vivência individual, já que os padrões morais de realização, apesar de serem universalizantes para os participantes de uma mesma cultura, gozam de uma margem de elasticidade individual.
Allport (1966) contratriando alguns pontos de vistas de Krech e Crutchfield, coloca que uma criança de dois anos, a partir da frustração do impulso de exploração característico desta faixa etária, pode sentir um choque em sua auto-estima, resultado de um sentido agudo e consciente de si mesma, o que denota um eu já bem formado.
No seu rastreamento de como o eu se desenvolve nas diversas faixas etárias o autor aponta que, na idade de quatro a seis ou sete anos, em nossa cultura, a auto-estima adquire um traço competitivo.
Dando continuidade às suas formulações sobre a auto-estima, esse importante teórico da psicologia da personalidade acrescenta que muito de nossa vida social está centralizada na auto-estima. Para ele, envergonhar um homem é abalar sua auto-estima e o ressentimento seria uma maneira impulsiva de afirmação da auto-estima ofendida. O orgulho e amor próprio constituem-se então sinônimos para a auto-estima
Para Freud (1976) a instância psíquica denominada ego é a parte do aparelho mental que está em contato com a realidade externa e tem como finalidade garantir a segurança e o equilíbrio do funcionamento mental. O ego seria uma parte do id modificada pela ação direta do mundo exterior através do sistema perceptivo-consciente. Por esta razão, ele seria em primeiro lugar, um ego corporal, uma projeção mental da superfície corporal, uma espécie de correlação intrínseca entre o nosso corpo e a representação que temos dele na nossa mente.
Desde cedo o ego se utiliza de estratagemas para sentir-se forte e valorizado, ambicionando ganhar o controle sobre o id. Colocando-se como objeto de amor em relação ao id, como representante de objetos anteriormente diretamente investidos, transforma uma escolha objetal erótica em libido narcísica.
Para vislumbrar como era concebida a auto-estima por Freud, faz-se necessário deter-se um pouco nas suas posições. Em o Ego e o Id (1923) ele reestrutura o aparelho mental, sem abandonar seu conceito principal, o complexo de Édipo. Estipula que o resultado mais amplo da fase sexual dominada pelo complexo de Édipo pode ser a formação de um precipitado, consistindo de duas espécies de identificações, unidas entre si. Essa modificação do ego confronta os seus outros conteúdos, como um ideal do ego ou superego. O ideal de ego ou superego, nessa nova concepção de aparelho psíquico, responderia a tudo que seria esperado da natureza mais elevada do homem. Com tais formulações teóricas, Freud enriquece a complicada trama em que se vê envolta a auto-estima, ficando esta na dependência das relações internas entre as instâncias psíquicas.
Alguns anos antes, em 1914, levantando problemas que iriam  configurar a sua nova tópica, na terceira parte de seu artigo sobre o narcisismo, Freud (1976) refere-se diretamente a auto-estima, considera-a proporcional ao tamanho do ego, onde uma instância psíquica especial  teria a função providenciar  para que a satisfação narcísica do ideal do ego fosse assegurada, vigiando constantemente o ego atual e medindo-o por esse ideal. Discute a auto-estima tanto em pessoas normais como nas neuróticas, e, especialmente a relação da auto-estima com os investimentos objetais. Assinala que quando o investimento libidinal é correspondido, a pessoa teria sua auto-estima reassegurada, caso contrário, sua auto-estima seria rebaixada, pois iria sentir-se vazia, desvalorizada, por não ter seu amor correspondido.
Na continuidade de suas considerações sobre o movimento da libido, em Luto e Melancolia (1917) Freud procura estabelecer uma relação entre o luto e a melancolia, justificando-se  por considerar ambos os quadros psicológicos bastante parecidos. O luto é considerado como uma reação normal a uma perda consciente, desaconselhando, por sinal, qualquer intervenção psicoterapêutica, uma vez que, quando a pessoa se desliga dos investimentos no ente perdido, o processo chega ao seu término.
Na melancolia Freud apontou,  entre suas características, uma depressão profunda, a perda de interesse pelas coisas da vida, uma redução drástica na capacidade de amar, o empobrecimento de toda atividade física e o rebaixamento dos sentimentos de auto-estima até a um ponto de intensa auto-reprovação, de auto-injúria, chegando até a um desejo delirante de punição. Salientou Freud que tal rebaixamento da auto-estima não é encontrado no luto, sendo, pois, uma condição exclusiva da melancolia. Tal fato se dá como conseqüência do movimento da libido, anteriormente ligada ao objeto perdido, mas que, por um processo semelhante, porém mais intenso do que o recalcamento, perde sua mobilidade e, ao invés de investir em outros objetos, é transformado em identificação com o objeto perdido. O que se observa, então, é que as auto-injúrias e outros auto-ataques são na realidade dirigidos ao objeto, que desaba sobre o ego como uma sombra.
Além dessas considerações, salientou Freud que uma das particularidades encontradas na melancolia era a sua tendência para transformar-se em mania. Neste processo o ego se recobra da perda objetal e, por um acúmulo de investimentos no objeto-eu, tornando-se, então, livre, o que possibilita a regressão ao estado narcísico. Ou seja, o aumento da auto-estima estaria ligado a uma grandeza repentina e desproporcional do ego, que deixando a instância crítica de lado, torna-se  onipotente, tudo fica fácil e possível. É como se as mãos abertas, tentassem agarrar a água; mais precisamente, passa a existir aí um ego inflado, que tenta ir além das suas reais possibilidades, em uma auto-estima grandiloqüente.
Freud levantou a hipótese de que tanto a melancolia quanto a mania estariam possivelmente na dependência de condições físico-químicas, ainda desconhecidas, restringindo-se a analisar apenas os casos que haviam sido positivamente influenciados pelo processo psicanalítico, que por isso, deveriam ter como etiologia, fatores psicogênicos, como os que acabamos de assinalar.
Tentando contrariar a hipótese de Freud quanto ao movimento da libido de uma pessoa apaixonada, onde o objeto idealizado ganharia importância, pois a pessoa amada seria de longe a mais importante, Chasseguet-Smirgel (apud Kenberg, 1995) assinala que a projeção do ideal do ego na pessoa amada não reduz a auto-estima, mas a aumenta, porque as aspirações do ideal de ego são então realizadas. O amor retribuído aumenta a auto-estima como parte da gratificação de estar apaixonado e de ser amado.
Esta aparente contradição no que toca à auto-estima e ao movimento  da libido não é de fato muito relevante. Ela só ganha importância quando tomada como referência por um dos principais teóricos da psicanálise, pois, também para Freud, quando existe o retorno dos investimentos no objeto amado, o narcisismo secundário, restaura-se a confiança do eu, tornando-o feliz, por ser amado.
Para Jung (1982), o eu seria constituído por duas bases apenas aparentemente diversas, uma somática e outra psíquica. A somática seria conhecida pelas sensações de natureza endossomáticas que transpusessem o limiar da consciência, enquanto que parte  desse tipo de estímulo se processaria de modo inconsciente. O eu estaria apoiado no campo global da consciência, subordinado ao si-mesmo, ou seja, a personalidade global não pode ser captada em sua totalidade. 
Descreve ainda Jung oito tipos psicológicos, resultantes da combinação das funções de adaptação: sensação, sentimento, pensamento, intuição e os dois movimentos básicos da energia psíquica, a introversão e a extroversão. Na dependência da vivência da função inferior, entre outros aspectos, estaria a vida de um indivíduo fadada a ser cheia de êxitos ou de estados depressivos, impedidores da realização das potencialidades da personalidade. O amplo resultado do processo de individuação seria numa combinação das quatro funções, que possibilitaria uma concepção equilibrada e boa do mundo.
Encontramos também em Reich (1975) a formulação de que o caráter é constituído pelas atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias situações, incluindo seus valores conscientes, estilo de comportamento, atitudes físicas, tais como postura, aparência, hábitos e movimentação do corpo. Este autor faz referência ao caráter genital e ao caráter neurótico, sendo o primeiro regido pelo princípio da auto-regulagem, sem as inibições dos princípios morais, podendo abandonar-se livremente  ao fluxo da energia biológica, descarregando adequadamente a excitação sexual reprimida por meio de movimentos corporais agradáveis, ou seja, um indivíduo autoconfiante, que, apesar de Reich não referir-se ao termo, tem uma auto-estima elevada, é consciente e conhecedor do mundo que o rodeia.
Perls (1977), por sua vez, salienta que a pessoa deve ser vista como um todo, de maneira holística, não havendo nos seres humanos diferenças entre a atividade física, aquilo que se passa na esfera do corpo, e a atividade mental, pois nossos corpos seriam manifestações diretas de quem somos. Concebe o homem como parte da natureza, um evento biológico, assim como a sociedade. Apesar de não referir-se à auto-estima de uma forma direta, postula que “cada noção abstrata é um processo, tanto quanto a visualização de um objeto. Atividade deliberada, autocontrole, consciência, são funções sociais e ao mesmo tempo, biológicas. A reintegração só pode ter sucesso se toda atividade humana, tanto deliberada quanto espontânea, pensamentos e instintos for considerada e tratada como um processo biológico”(p.79).
Existe margem para  se pensar, através de seus pressupostos gerais, particularmente a noção de linguagem de figura e fundo do organismos, que a neurose e a redução da auto-estima são resultados de situações inacabadas, onde a gesltalt não teria se completado. Caso tal linguagem fosse escutada, a pessoa passaria a agir de acordo com um meio confiável de orientação, restaurando o equilíbrio da personalidade e arquitentando o caminho para um desenvolvimento produtivo, onde as idéias de aceitação e rejeição estariam ligadas ao  padrão de orientação, à necessidade de ser aceito e ao medo de ser rejeitado pelo mundo.
Em Skinner (apud Ferster, Culberstson & Perrot Boren) o papel do corpo estaria exclusivamente em dados observáveis e teria importância fundamental, pois as pessoas expressam comportamentos, praticam ações corporais que revelam seus sentimentos, sua maneira de ser.
Seguindo esta linha de abordagem, Lewinsohn,  em meados de 1900 (apud Eber, Loosen & Nurcombe), assinala que um reforço positivo inadequado poderia levar a um ciclo indefinido e constante de baixa auto-estima e aumento do isolamento e desesperança.
Beck (1976), baseado em seu modelo cognitivo, observa que na depressão existe uma interpretação equivocada dos acontecimentos da vida, envolvendo negatividades do autoconceito, da interpretação da experiência e da perspectiva de futuro. Mais precisamente, pressupõe uma auto-estima rebaixada em praticamente todos os sentidos, resultado de uma interpretação errônea dos acontecimentos em que a pessoa se viu envolvida, determinando assim, sua resposta futura.
Na psiquiatria moderna (Ebert, Loosen & Nurcombe, 2002) encontramos a auto-estima correlacionada principalmente aos transtornos do humor, explicados, por seu lado, por múltiplos fatores etiológicos. As hipóteses biológicas apontam, entre fatores glandulares, os neurotransmissores, especialmente a norepinefrina, a serotonina e dopamina como responsáveis por tais transtornos, encontradas freqüentemente no transtorno depressivo maior, já que inúmeros antidepressivos agiriam aumentando as concentrações dos neurotransmissores nos locais dos receptores pós-sinápticos, inibindo a sua recaptação pela fenda sináptica. Como se nota, pelos mecanismos de ação dos antidepressivos nos transtornos do humor, a auto-estima poderia ser aumentada por uma ação neurofisiológica.
Nas Escalas utilizadas para avaliação de humor e transtornos afetivos (Gorenstein, Andrade & Zuardi, 1999), não encontramos curiosamente, em nenhuma delas, um item específico para a avaliação da auto-estima. Em quase todas, porém, nos deparamos com questões  a ela pertinentes, o que se deduz que a auto-estima é avaliada como uma categoria difusa,  indireta, no conjunto geral das Escalas.   
Somos levados a deduzir que o desenvolvimento de um sentimento de auto-estima adequado é considerado saudável; ele é necessário à vivência de experiências internas e externas que auxiliam a pessoa positivamente em sua auto-avaliação. Se, por exemplo, tivermos um descontentamento com a forma de nosso corpo, ou com nossos hábitos, estaremos, sem ter consciência de nossas ações, influenciando outros com a nossa atitude, favorecendo assim a criação de círculo vicioso, em que o não se gostar generaliza-se em sentimentos de rejeição. Ou seja, se a nossa auto-estima estiver para baixo, olharemos o mundo e as pessoas de forma negativa, e dessa forma pensaremos que estamos sendo olhados, em um exemplo claro do mecanismo de projeção.
Esse  fato nos leva a considerar que mesmo se tratando de uma auto-estima determinada por um desequilíbrio dos neurotransmissores, o mecanismo que veicula os sentimentos, os sentidos das ações e da ação psíquica geral, são estritamente psicológicos.
No Brasil, Herrmann (2001) não aborda especificamente a auto-estima, mas contextualizando uma análise social, tendo como instrumentos a Teoria dos Campos, procura percorrer os caminhos de como o brasileiro possui uma auto-representação, enquanto povo, que poderia ser qualificada de baixa estima. Para entendermos um pouco essa investigação realizada por Herrmann, seria interessante entrarmos e nos determos no seu conceito de representação.
As representações ao mesmo tempo em que fazem parte constituem o homem enquanto ser cultural. Imaginemos uma superfície com dois lados, um côncavo, voltado para dentro, representando a identidade e outro, convexo, voltado para fora, representando, por sua vez, a realidade. Elas possuem origem e finalidade e são mantidas por uma função psíquica pré-consciente, denominada Crença, que torna as representações tão concretas quanto os homens que as constroem e as defendem. Ambas as superfícies estariam em constante neoformação e seriam construídas com fins defensivos, um aparato especial que destaca o homem e o diferencia do real, do reino do contágio, isto é, do estado em que os limites eu-outro, sujeito-objeto fundem-se e todo sistema de referência de uma pessoa ou de uma coletividade se perde numa indiferenciação extrema.
O desejo seria assim a parte seqüestrada e diferenciada do real que, por ter sido destacada e apartada do mesmo, tenta a ele retornar e a ele se dirige, desenhando o sujeito, revestindo-o de múltiplas vestes, dando-lhe identidade, produzindo sentido. As falhas, portanto, nesse processo de formação da superfície representacional, poderiam propiciar ao sujeito estados confusionais, perdendo sua principal função, a de defesa do reino das coisas.
Quando a função defensiva das representações, isto é, a crença torna-se abalada, escapa o sentido de realidade que antes o sujeito possuía. A identidade, por seu lado, também fica estremecida, e  a sua correspondente noção de individualidade é posta em xeque, ameaçada.  O sujeito percebe o risco da indiferenciação, do mergulho no estrato humano de onde emergiu, esse estado  podemos hoje chamar de loucura.
Herrmann (2001) trata a fragilidade da crença denominando-a de fé, um esforço extra que é demandado por parte do indivíduo para tentar manter suas representações, tanto a identidade quanto a realidade. São, então, as superfícies representacionais que garantem a pessoa viver dentro de certa lógica, de certos parâmetros para se guiar na vida, mesmo quando as representações se restringem às linhas teóricas da psicologia ou às tendências políticas e outras tantas ramificações constituintes do universo humano: nações inteiras, credos, raças.
Não somos diferentes de outros seres humanos. Talvez sejamos, embora cada vez menos, um tanto que distintos em nossa superfície representacional. É o conjunto das nossas representações, que subscreve o desejo de um povo, que caracteriza sua realidade, que parece abalados em sua função especialmente a partir de fora, com interpretações do que não somos que nos propiciam sentimentos de desvalia, de sentimentos que poderiam enquadar-se na categoria  baixa estima. 
São muitos os fatores, imaginários ou reais, que afetam a auto-estima de uma pessoa, como podemos inferir a  partir das teorias psicológicas que relacionam aspéctos psicológicos, biológicos e sociais. Contudo, claro está que gozar de uma boa saúde, ter uma aparência que faça a pessoa sentir-se bem, podem contribuir de uma maneira decisiva para uma auto-avaliação mais alegre e positiva de si mesmo e, com isto, para um repertório ampliado de sentimentos de autoconfiança nos relacionamentos sociais, amorosos e na vida profissional.
As teorias psicológicas divergem entre si, com certeza, mas não deixam de ter uma qualidade de abstração, de hipótese do que se passa com o psiquismo.  Os psicólogos não precisam se sentir desconfortável com as descobertas da neurociência, pois os mecanismos que veiculam as doenças têm origem na alma humana, que não se deixa reduzir à interações fisiológicas ou simplesmente determinar pelas combinações de proteínas.
Situamo-nos em outro campo, que não é possível ser reduzido. O objeto da psicologia,  não importa qual a preferência teórica, situa-se num recorte do real diferente dos de outras ciências. Nossa epistemologia é produto de uma relação com objetos que se pauta por métodos, por caminhos bem particulares de investigação.
Para nossos pacientes não se desaconselha a procura de meios adequados, as psicoterapias, por exemplo, que possam auxiliar na auto-avaliação. Além de ser uma medida saudável, talvez seja esta a pedra de toque, um passo importante para também sentirem-se admirados e estimados pelas pessoas que estão à sua volta, modificando a forma como se concebem e como se relacionam com as propriedades que lhes são imanentes.
Afinal de contas, a sensação de sentimentos prazerosos de nós mesmos não pode ser algo delegado a um segundo plano, ou a uma ilusão apenas de superfície, já que só temos uma única vida e vivê-la bem e em sua plenitude é o que nos resta.

ConclusãoPode-se considerar, portanto,  que a auto-estima está relacionada a muitos fatores: psicológicos, biológicos e sociais. O fato de não termos uma avaliação positiva de nós mesmos, de não nos gostarmos leva e é resultado de uma auto-estima rebaixada. Se tomarmos providências para melhorar nossa auto-imagem, procurando estar em sintonia com os nossos ideais, poderemos influir decisivamente de maneira positiva na nossa concepção de mundo, em nossa auto-avaliação, em uma auto-estima adequada e necessária para os dias de hoje. Afinal, o narcisismo nem sempre é patológico, especialmente quando o corpo, possibilidade para todas as enfermidades, necessita de uma atitude que possa espelhar, mesmo através da dor, a força da pulsão de vida.
A auto-estima, um assunto de que muito se fala, mas sobre o qual atualmente pouco ou quase nada se escreve, parece ter sido relegada aos manuais de auto-ajuda que se difundiram espantosamente no final do século passado. A tentativa de resgatar o conceito de auto-estima, mesmo através de um pequeno ensaio pautado em uma breve revisão teórica, talvez possa ser um passo inicial para recuperarmos conceitos que foram açambarcados de nossa ciência, que a cada dia, como presenciamos muitas vezes em nossa vivência na instituição hospitalar, está indefesa e abalada, indiferenciada das concepções de manuais, muito mais próximos da banalidade e da popularidade imediata, que não podem ser, de modo algum, confundidas com as de uma ciência moderna que está sendo construída, como uma das valiosas conquistas do espírito empreendedor da humanidade. Desse legado, não podemos abrir mão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLPORT,G.W. Personalidade. São Paulo: Edusp, 1976
BECK,A.T. Cognitive Therapy and the Emotional Disorders.   International Universites Press, 1976.
DORSCH,F.; HÄCKER,H.; STAPF,K-H. Dicionário de Psicologia Dorsch. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
EBERT,M.H.; LOOSEN, P.T.; NURCOMBE,B. Psiquiatria: Diagnóstico e Tratamento. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.
FERSTER,C.B; CULBERSTSON, S.; PERROT BOREN, M. C. Princípios do Comportamento. São Paulo: HUCITEC, 1977.
FREUD, S. Sobre o Narcisismo: uma introdução. Obras Completas, v. XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
________. Luto e Melancolia. Obras Completas, v. XIV. Rio de janeiro: Imago, 1976.   ________. O Ego e o ID. Obras Completas, v. XIX. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
GORENSTEIN,C.; ANDRADE,L.H.S.G.; ZUARDI,A.W. Escalas de Avaliação Clínica em Psiquiatria e Psicofarmacologia. São Paulo: Lemos, 2000.
HERRMANN, F. Introdução à Teoria dos Campos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.
JUNG,C.G. Aion: Estudos sobre o simbolismo do si-mesmo. Petrópolis- RJ: Vozes, 1982. 
KERNBERG,O. F. Psicopatologia das relações amorosas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
KRECH,D.; CRUTCHFIELD,R. Elementos de Psicologia.  5ª ed. São Paulo: Pioneira, 1974.
PERLS, F.S. et alii. Isto é Gestalt. São Paulo: Summus, 1977.
REICH, W. A  Função do Orgasmo. São Paulo: Brasiliense, 1975.
Publicado em 04/07/2010 14:08:00

Cláudio Garcia Capitão - Psicólogo, especialista em Psicologia Clínica e em Psicologia Hospitalar, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, Doutor pela UNICAMP, com Pós-Doutorado em Psicologia Clínica Pela PUC-SP. É Professor dos cursos de Graduação e de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco e Psicólogo do I.I.Emílio Ribas.



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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ensino Fundamental de Nove Anos

Ensino Fundamental de Nove Anos

                                    Ensino Fundamental - Publicações                            A criança de 6 anos, a linguagem escrita e o Ensino Fundamental de Nove Anos
A publicação “A criança de 6 anos, a linguagem escrita e o Ensino Fundamental de Nove Anos” destina-se às turmas de crianças de seis, sete e oito anos (ciclo da infância) e pretende subsidiar o trabalho docente no que se refere ao desenvolvimento de habilidades e capacidades relacionadas à leitura e à escrita.








Ensino de 9 anosPasso a passo da implementação do ensino fundamental de nove anosEste documento tem por objetivo subsidiar gestores municipais e estaduais, conselhos de educação, comunidade escolar e demais órgãos e instituições. É um passo a passo do processo de implantação e implementação do ensino fundamental de nove anos. Ao final, estão as perguntas e respostas mais freqüentes que foram coletadas a partir de consultas feitas ao MEC.
Orientações Gerais




Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações Gerais
Essa publicação constitui um referencial para as questões pedagógicas e administrativas no que se refere à inclusão das crianças de seis anos de idade no ensino fundamental. O documento apresenta também a fundamentação legal pertinente e temas como organização do tempo e do espaço escolar, trabalho coletivo, formação do professor para atuar com criança de seis anos, enfim, aspectos significativos para a construção de uma escola com qualidade social.




Ensino Fundamental de Nove Anos 1° Relatório


Ensino Fundamental de Nove Anos 1º Relatório
- apresenta as principais ações realizadas pela SEB/DPE/COEF em parceira com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação até julho de 2004.







Ensino Fundamental de Nove Anos 2° Relatório


Ensino Fundamental de Nove Anos 2º Relatório - expõe as principais ações realizadas pela SEB/ /DPE/COEF em parceira com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação no período de agosto de 2004 até julho de 2005.





Orientações para a inclusão de Crianças de Seis Anos de IdadeOrientações para a Inclusão da Criança de Seis Anos de Idade - Tal publicação busca fortalecer o processo de debate com professores e gestores sobre a infância na educação básica, tendo como focos o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças de seis anos de idade ingressantes no ensino fundamental de nove anos, mas sem perder de vista a abrangência da infância de seis a dez anos de idade nessa etapa de ensino. Nesse documento são desenvolvidos temas como a infância e sua singularidade; a infância na escola e na vida: uma relação fundamental; o brincar como um modo de ser e estar no mundo; as diversas expressões e o desenvolvimento da criança na escola; as crianças de seis anos e as áreas do conhecimento; letramento e alfabetização: pensando a prática pedagógica; a organização do trabalho pedagógico: alfabetização e letramento como eixos organizadores; avaliação e aprendizagem na escola: a prática pedagógica como eixo da reflexão e modalidades organizativas do trabalho pedagógico: uma possibilidade.

Fundamentação Legal

Leis
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – admite a matrícula no Ensino Fundamental de nove anos, a iniciar-se aos seis anos de idade.
Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001 – estabelece o ensino fundamental de nove anos como meta da educação nacional.
Lei nº 11.114, de 16 de maio de 2005 – altera a LDB e torna obrigatória a matrícula das crianças de seis anos de idade no Ensino Fundamental.
Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006 – altera a LDB e amplia o Ensino Fundamental para nove anos de duração, com a matrícula de crianças de seis anos de idade e estabelece prazo de implantação, pelos sistemas, até 2010.


Resolução
Resolução CNE/CEB nº 3/2005
, de 3 de agosto de 2005: Define normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de duração.
Resolução Nº 1, DE 14 DE JANEIRO DE 2010 - Define Diretrizes Operacionais para a implantação do Ensino Fundamental de 9(nove) anos.

PareceresParecer CNE/CEB nº 24/2004, de 15 de setembro de 2004 (reexaminado pelo Parecer CNE/CEB 6/2005): Estudos visando ao estabelecimento de normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de duração.
Parecer CNE/CEB nº 6/2005 , de 8 de junho de 2005: Reexame do Parecer CNE/CEB nº24/2004, que visa o estabelecimento de normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de duração.
Parecer CNE/CEB nº 18/2005, de 15 de setembro de 2005: Orientações para a matrícula das crianças de seis anos de idade no Ensino Fundamental obrigatório, em atendimento à Lei nº 11.114/2005, que altera os arts. 6º, 32 e 87 da Lei nº 9.394/96.
Parecer CNE/CEB nº 39/2006, de 8 de agosto de 2006: Consulta sobre situações relativas à matrícula de crianças de seis anos no Ensino Fundamental.
Parecer CNE/CEB nº 41/2006, de 9 de agosto de 2006: Consulta sobre interpretação correta das alterações promovidas na Lei nº 9.394/96 pelas recentes Leis nº 11.114/2005 e nº 11.274/2006.
Parecer CNE/CEB nº 45/2006, de 7 de dezembro de 2006: Consulta referente à interpretação da Lei Federal nº 11.274/2006, que amplia a duração do Ensino Fundamental para nove anos, e quanto à forma de trabalhar nas séries iniciais do Ensino Fundamental.
Parecer CNE/CEB nº 5/2007, de 1º de fevereiro de 2007 (reexaminado pelo Parecer CNE/CEB nº 7/2007): Consulta com base nas Leis nº 11.114/2005 e n° 11.274/2006, que tratam do Ensino Fundamental de nove anos e da matrícula obrigatória de crianças de seis anos no Ensino Fundamental.
Parecer CNE/CEB nº 7/2007, de 19 de abril de 2007: Reexame do Parecer CNE/CEB nº 5/2007, que trata da consulta com base nas Leis nº 11.114/2005 e n° 11.274/2006, que se referem ao Ensino Fundamental de nove anos e à matrícula obrigatória de crianças de seis anos no Ensino Fundamental.
Parecer CNE/CEB nº 4/2008, de 20 de fevereiro de 2008: Reafirma a importância da criação de um novo ensino fundamental, com matrícula obrigatória para as crianças a partir dos seis anos completos ou a completar até o início do ano letivo. Explicita o ano de 2009 como o último período para o planejamento e organização da implementação do ensino fundamental de nove anos que deverá ser adotado por todos os sistemas de ensino até o ano letivo de 2010. Reitera normas, a saber: o redimensionamento da educação infantil; estabelece o 1º ano do ensino fundamental como parte integrante de um ciclo de três anos de duração denominado “ciclo da infância”. Ressalta os três anos iniciais como um período voltado à alfabetização e ao letramento no qual deve ser assegurado também o desenvolvimento das diversas expressões e o aprendizado das áreas de conhecimento. Destaca princípios essenciais para a avaliação.
Parecer CNE/CEB nº 22/2009 - Diretrizes Operacionais para a implantação do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos
Ressalte-se que o referido documento foi elaborado na perspectiva de ampliar o debate sobre concepções curriculares para a educação básica. Assim, mais do que sua elaboração e distribuição se espera a realização de discussões compartilhadas com os sistemas de ensino, a reflexão e questionamentos sobre a concepção de currículo e seus desdobramentos no interior de cada escola.

Dessa forma, o MEC espera deflagrar, em âmbito nacional, um processo de debate, nas escolas e nos sistemas de ensino, sobre a concepção de currículo, seu processo de elaboração e seus desdobramentos. Vale destacar que o referido documento tem como objetivos:

• Propor a reflexão curricular por meio do estudo e debate de eixos organizadores que o constituem;
• Subsidiar os estudos sobre concepção curricular com a finalidade de que professores, gestores e demais profissionais da área educacional ampliem seus conhecimentos e a compreensão sobre a concepção de currículo que ora o Ministério coloca em debate;
• Subsidiar a análise e a elaboração das propostas curriculares dos sistemas de ensino e dos projetos pedagógicos das unidades escolares;
• Fortalecer na escola a constituição de espaços e ambientes educativos que possibilitem a aprendizagem, reafirmando a escola como espaço do conhecimento, do convívio e da sensibilidade, condições imprescindíveis para a constituição da cidadania;
• Subsidiar a reflexão sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de nove anos.


PROVA BRASIL


Prova BrasilA Prova Brasil é o instrumento de medida das competências leitora e matemática, aplicado em praticamente todas as crianças e jovens matriculados na quarta e oitava séries (quinto e nono anos). 










PROVINHA BRASIL

Provinha BrasilA Provinha Brasil é o instrumento elaborado para oferecer aos professores e aos gestores das escolas públicas e das redes de ensino um diagnóstico do nível de alfabetização dos alunos, ainda no início do processo de aprendizagem, permitindo assim intervenções com vista à correção de possíveis insuficiências apresentadas nas áreas de leitura e escrita. Essa avaliação é um instrumento pedagógico sem finalidades classificatórias.



PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

Parâmetros Curriculares Nacionais

PCN de 1ª a 4ª série
PCN de 5ª a 8ª série




PARÂMETROS EM AÇÃO
Parâmetros em Ação• Alfabetização
• Educação Fundamental 1º e 2º Ciclos
• Educação Fundamental 3º e 4º Ciclos - Volume I - Volume II









PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES - PROFA



Prêmio Professores do Brasil - 2005
  • Experiências premiadas em 2005, publicadas em 2006  [Parte 1] [Parte 2]
Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica
Pró-Letramento
Referenciais para Formação de Professores
Palavras-chave: Ensino Fundamental, publicações, seb

 Fonte: MEC

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terça-feira, 8 de junho de 2010

Elas pecam por vaidade e Eles por luxúria

Elas pecam por vaidade e Eles por luxúria

Pesquisa do Vaticano revela que a obsessão por sexo é o principal pecado dos homens. O apego à imagem reina entre as mulheres

Carina Rabelo
Elas querem ser admiradas, belas, irresistíveis, autossuficientes e poderosas. Eles perdem a razão diante do objeto de atração sexual. É o que mostra uma pesquisa recém-divulgada que mapeia a incidência dos pecados capitais entre católicos de ambos os sexos. O estudo, realizado pelos renomados teólogos Wojciech Giertych, da Casa Pontifícia, e Roberto Busa, da Universidade Pontifícia Gregoriana, ambas do Vaticano, revela que 60% dos homens são dominados pela luxúria e 40% das mulheres pela vaidade.
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Dos demais vícios capitais, eles admitem ceder à gula e à preguiça e elas, à inveja e à ira. "Mesmo com o passar dos anos, estes continuam sendo os pecados mais comuns na humanidade", disse à ISTOÉ o padre Roberto Busa, 96 anos, que recebeu confissões de fiéis de toda a Itália ao longo dos seus 70 anos de sacerdócio. No estudo, os teólogos se basearam nas confissões realizadas no período da Quaresma, quando a maioria dos 40% de católicos que ainda cumprem este sacramento confessa seus pecados à Igreja. Mesmo com tantos relatos, as confissões estão em baixa - segundo estudo publicado recentemente pelo jornal inglês The Times, 30% dos fiéis não consideram a penitência necessária e 10% deles julgam a prática prejudicial ao diálogo direto com Deus.
A pesquisa dos padres Giertych e Busa também indica que 100% dos homens dizem ter cedido a algum dos vícios capitais (leia quadro) e 60%, aos mortais - atos de natureza grave, como assassinato ou roubo cometidos em plena consciência. Entre as mulheres, os capitais ficaram em 70% e os mortais em 30%.De acordo com psicólogos, as diferenças na incidência dos pecados entre homens e mulheres se fundamentam em questões subjetivas e culturais.
"A mulher erotiza sua aparência física para capturar o desejo do homem. Já os homens erotizam o ato sexual em si", avalia Sandra Dias, coordenadora do curso de psicanálise e psicopatologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Para ela, os pecados femininos e masculinos estão a caminho da alternância. "Ao longo dos anos, percebemos que os homens se tornaram mais vaidosos e as mulheres, mais sexuais. A prova disso é o surgimento dos metrossexuais e das mulheres que tratam homens como objetos de prazer", diz ela.
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O psicólogo Waldemar Magaldi Filho, doutor em ciências da religião, considera os pecados como traços mais sociais do que individuais e associa os relatos dos fiéis aos padrões de consumo da sociedade atual. "A mulher se tornou o objeto da luxúria masculina. Ela é forçada a se tornar interessante e atraente para que seja aceita no mercado", afirma. O psicólogo, autor do livro Dinheiro, saúde e sagrado, considera que os demais vícios relatados são consequência imediata dos principais. "Elas sentem inveja e ficam furiosas quando percebem a presença de outras mulheres mais belas. A gula entre eles está associada ao desejo pelo acúmulo de bens. A abundância seria a solução para uma vida no ócio, o sonho dos preguiçosos", analisa.
Se a luxúria já foi a grande vilã no ranking dos pecados capitais, hoje os teólogos consideram a vaidade o mais condenável. "É uma glória vazia, falsa e um sentimento presunçoso de superioridade. Revela-se através de um isolamento em si mesmo, uma vida egoísta, solitária e um medo de conviver com outras pessoas", disse à ISTOÉ dom Samuele Sangalli, que publicou na Itália no dia 16 de fevereiro o livro Introspezione medievale. L'analisi dei vizi in Tommaso D'Aquino (Introspecção medieval - a análise dos vícios em Tomás de Aquino).
Segundo Sangalli, São Tomás de Aquino, o terceiro teólogo a formular a lista de pecados capitais, no século XIII, sugeriu a humildade como contraponto à vaidade e o zelo como o antídoto à inveja. A luxúria, a gula e a preguiça seriam sanadas pelo desenvolvimento da espiritualidade. "Para quem tiver forças para superar a falta de fé, a vida se torna doce e suave como o mel", disse o filósofo.
No passado, os pecados capitais tinham caráter individual, mas na última revisão do Vaticano, em 2008, ganharam alcance coletivo. Entre os novos pecados estão as modificações genéticas, os experimentos científicos em seres humanos, a poluição do meio ambiente, a injustiça social e a ambição financeira. De acordo com Sangalli, apesar de os antigos pecados falarem mais do indivíduo do que da sociedade, sempre houve uma forte conotação social. "A inveja é corrosiva para toda a sociedade, assim como a avareza é a responsável pelas grandes injustiças sociais", afirma.



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Elas pecam por vaidade e Eles por luxúria

Elas pecam por vaidade e Eles por luxúria

Pesquisa do Vaticano revela que a obsessão por sexo é o principal pecado dos homens. O apego à imagem reina entre as mulheres

Carina Rabelo
Elas querem ser admiradas, belas, irresistíveis, autossuficientes e poderosas. Eles perdem a razão diante do objeto de atração sexual. É o que mostra uma pesquisa recém-divulgada que mapeia a incidência dos pecados capitais entre católicos de ambos os sexos. O estudo, realizado pelos renomados teólogos Wojciech Giertych, da Casa Pontifícia, e Roberto Busa, da Universidade Pontifícia Gregoriana, ambas do Vaticano, revela que 60% dos homens são dominados pela luxúria e 40% das mulheres pela vaidade.
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Dos demais vícios capitais, eles admitem ceder à gula e à preguiça e elas, à inveja e à ira. "Mesmo com o passar dos anos, estes continuam sendo os pecados mais comuns na humanidade", disse à ISTOÉ o padre Roberto Busa, 96 anos, que recebeu confissões de fiéis de toda a Itália ao longo dos seus 70 anos de sacerdócio. No estudo, os teólogos se basearam nas confissões realizadas no período da Quaresma, quando a maioria dos 40% de católicos que ainda cumprem este sacramento confessa seus pecados à Igreja. Mesmo com tantos relatos, as confissões estão em baixa - segundo estudo publicado recentemente pelo jornal inglês The Times, 30% dos fiéis não consideram a penitência necessária e 10% deles julgam a prática prejudicial ao diálogo direto com Deus.
A pesquisa dos padres Giertych e Busa também indica que 100% dos homens dizem ter cedido a algum dos vícios capitais (leia quadro) e 60%, aos mortais - atos de natureza grave, como assassinato ou roubo cometidos em plena consciência. Entre as mulheres, os capitais ficaram em 70% e os mortais em 30%.De acordo com psicólogos, as diferenças na incidência dos pecados entre homens e mulheres se fundamentam em questões subjetivas e culturais.
"A mulher erotiza sua aparência física para capturar o desejo do homem. Já os homens erotizam o ato sexual em si", avalia Sandra Dias, coordenadora do curso de psicanálise e psicopatologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Para ela, os pecados femininos e masculinos estão a caminho da alternância. "Ao longo dos anos, percebemos que os homens se tornaram mais vaidosos e as mulheres, mais sexuais. A prova disso é o surgimento dos metrossexuais e das mulheres que tratam homens como objetos de prazer", diz ela.
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O psicólogo Waldemar Magaldi Filho, doutor em ciências da religião, considera os pecados como traços mais sociais do que individuais e associa os relatos dos fiéis aos padrões de consumo da sociedade atual. "A mulher se tornou o objeto da luxúria masculina. Ela é forçada a se tornar interessante e atraente para que seja aceita no mercado", afirma. O psicólogo, autor do livro Dinheiro, saúde e sagrado, considera que os demais vícios relatados são consequência imediata dos principais. "Elas sentem inveja e ficam furiosas quando percebem a presença de outras mulheres mais belas. A gula entre eles está associada ao desejo pelo acúmulo de bens. A abundância seria a solução para uma vida no ócio, o sonho dos preguiçosos", analisa.
Se a luxúria já foi a grande vilã no ranking dos pecados capitais, hoje os teólogos consideram a vaidade o mais condenável. "É uma glória vazia, falsa e um sentimento presunçoso de superioridade. Revela-se através de um isolamento em si mesmo, uma vida egoísta, solitária e um medo de conviver com outras pessoas", disse à ISTOÉ dom Samuele Sangalli, que publicou na Itália no dia 16 de fevereiro o livro Introspezione medievale. L'analisi dei vizi in Tommaso D'Aquino (Introspecção medieval - a análise dos vícios em Tomás de Aquino).
Segundo Sangalli, São Tomás de Aquino, o terceiro teólogo a formular a lista de pecados capitais, no século XIII, sugeriu a humildade como contraponto à vaidade e o zelo como o antídoto à inveja. A luxúria, a gula e a preguiça seriam sanadas pelo desenvolvimento da espiritualidade. "Para quem tiver forças para superar a falta de fé, a vida se torna doce e suave como o mel", disse o filósofo.
No passado, os pecados capitais tinham caráter individual, mas na última revisão do Vaticano, em 2008, ganharam alcance coletivo. Entre os novos pecados estão as modificações genéticas, os experimentos científicos em seres humanos, a poluição do meio ambiente, a injustiça social e a ambição financeira. De acordo com Sangalli, apesar de os antigos pecados falarem mais do indivíduo do que da sociedade, sempre houve uma forte conotação social. "A inveja é corrosiva para toda a sociedade, assim como a avareza é a responsável pelas grandes injustiças sociais", afirma.



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