segunda-feira, 4 de maio de 2015

Período integral: a criança ganha ou perde?


Educação Infantil
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Período integral: a criança ganha ou perde?


Especialistas defendem que a instituição ideal é aquela que busca o equilíbrio entre o cuidado e o trabalho pedagógico, entre o estímulo e o descanso, entre a rotina e a novidade


Flávia Siqueira

ShutterstockShutterstock
Todos os dias, ao chegar na creche, é a mesma história: o filho da manicure Alessandra Venâncio gruda nas pernas da mãe e se recusa a entrar. Ele passa o dia inteiro na instituição, pois a mãe precisa trabalhar. O sofrimento é mútuo. "Sofro muito com essa situação. Minha esperança é que ele ainda se adapte", conta. Alessandra diz que, se tivesse uma alternativa, como uma babá em casa, não mandaria o filho para a creche por enquanto.
O dilema de Alessandra é o mesmo de muitos pais e mães. Matricular um bebê ou uma criança pequena em uma instituição em geral é não apenas uma grande mudança de rotina para a família, mas muitas vezes motivo de angústia para pais e filhos. O que acontece, então, quando uma criança precisa ficar na escola ou creche em período integral? O longo período longe dos pais pode ser um problema para o desenvolvimento da criança? A escola está preparada para receber essa criança durante tanto tempo? A angústia de muitos pais é justificável?
O período integral acaba levantando uma questão que ainda divide muitas opiniões em relação à educação infantil: a criança precisa ser escolarizada o quanto antes ou a escola é apenas um lugar bem estruturado para deixar os pequenos enquanto os pais trabalham? Nem um, nem outro. É a opinião do pedagogo Paulo Fochi, doutorando em educação pela USP e professor da Unisinos, onde leciona no curso de pedagogia e coordena a especialização em educação infantil. "É preciso se afastar dessas duas extremidades. Existem instituições - públicas e privadas - que conseguem ser menos assistenciais e menos escolarizantes. Isso porque constroem uma concepção pedagógica para criar uma boa experiência de vida", afirma.
No entanto, entre as famílias é comum a visão de que o melhor para uma criança pequena é ficar ao lado dos pais. Nesse cenário, o papel assistencial da creche ou escola - a instituição que cuida enquanto os pais não podem - surge como principal preocupação. Para a secretária Andreia Boccalini, mãe de um filho de três anos e um de sete, até os dois anos as crianças são muito carentes, e por isso é difícil deixá-las na escola. "O ideal mesmo seria que eu pudesse ficar com ele, mas, como isso não é possível, acho a escolinha a melhor opção", diz. "Eu não deixaria com babá, porque teria que ser uma pessoa de confiança. Além disso, o custo de uma babá é bem mais caro do que o de uma escolinha particular. E também é complicado ficar dependendo de uma só pessoa para cuidar do seu filho, na escolinha tem várias tias."
Para Paulo, é difícil determinar se passar muito tempo na escola é bom ou não para a criança, pois não só depende da escola, mas especialmente do tempo e disposição dos pais. Se essa criança ficar em casa, os pais se dedicariam ao desenvolvimento da criança? E se a criança ficar na escola, a instituição está bem organizada para acolher crianças tão jovens por tanto tempo, produzindo um espaço de bem-estar?
"A ideia binária de ser bom ou ruim para a criança é muito limitante. Pode ser que alguns pais saibam agir na medida certa, mas grande parte não dá conta. As crianças vão ficar com os pais para ver TV? Ficar no shopping? Não é simples dizer que a quantidade temporal é suficiente. Quando se está junto, que se esteja junto de fato, que não seja atravessado por uma tela de tablet, de TV, que seja uma relação de escuta e de diálogo", defende o especialista. Apesar disso, Paulo considera importante levar em conta a idade dos bebês que frequentam as creches e escolas em período integral com pouco tempo de vida, de poucos dias a poucos meses. "Há questões importantes na relação com a mãe, como a constituição psíquica e a consolidação do eu."
Organização do espaço
Desta forma, a educação infantil em período integral deve proporcionar um espaço agradável e que promova o bem estar das crianças. O ideal é que a escola crie um espaço convidativo, com ambientes em que a criança se sinta acolhida e confortável para brincar, aprender e se deslocar - ir ao banheiro, por exemplo, sem necessariamente pedir a permissão de um adulto. Os espaços destinados a atividades devem ter materiais atrativos e estimular a interação. É importante que também existam ambientes abertos e outros para descanso.
"Não estamos falando apenas dos ''cantinhos''. A ideia é que todos os espaços da escola sigam essa lógica, incluindo os corredores e a entrada", diz Lenira Haddad, pesquisadora e professora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). "Em um ambiente assim, o período de adaptação é mais curto, a criança é mais feliz e gosta de voltar à escola. O período integral não será penoso para ela."
Organização do tempo
Também é importante que as crianças tenham uma rotina no ambiente escolar, mas ela não deve se prender à rigidez da tradicional divisão do tempo por áreas de conhecimento, como ocorre nos ensinos fundamental e médio, defende Lenira. Na educação infantil, a organização do tempo ideal permite à criança se localizar nesse tempo, saber o que está acontecendo e o que vem em seguida. A criança tem momentos sozinha, outros em que está em grupo, tem atividades de mais movimento e períodos para descansar. "O dia na educação infantil não pode ser visto sob perspectiva de uma rotina, de dois turnos divididos pelo horário de almoço, mas deve ser visto como uma jornada, da hora que ela entra à hora que ela sai", observa Paulo Fochi.
Jorge Alexandre Cardoso, coordenador do curso de pedagogia da Unisul e da Escola Dinâmica, em Florianópolis, destaca também a necessidade de equilibrar a atenção individual e o trabalho em grupos na educação infantil. "A faixa de 0 a 5 anos é muito heterogênea; as crianças mudam muito rápido e cada uma delas responde de uma forma diferente." Na escola em que Jorge trabalha, existe a educação infantil no período parcial e integral. Segundo ele, é importante que a escola que oferece o integral não pense apenas em "esticar as atividades" para ocupar o tempo. O ideal é que exista de fato um projeto, que inclui aprendizado, brincadeira e cuidado.

Flexibilidade e responsabilidade compartilhada
Em sua trajetória como pesquisadora, Lenira Haddad, pesquisadora e professora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), conheceu experiências de outros países na educação infantil. Ponderando a questão do assistencialismo (pais deixarem as crianças em período integral na escola apenas porque precisam trabalhar) e da escolarização (ideia de que quanto antes o ingresso, melhor), a professora busca inspiração nos sistemas escolares de países escandinavos - em particular o da Suécia, cuja estrutura é em grande parte fruto de reivindicações femininas. "Lá, a responsabilidade pela educação é partilhada entre a sociedade e a família. Existe uma ideia de que ''os filhos não são só nossos''."
Nesse cenário, o acesso a creches não é visto como assistencialismo, mas como direito de fato da criança e da família. Na sociedade atual, em que os dois pais trabalham e as famílias são menores, a educação infantil cumpre um papel importante, que inclui colocar a criança em contato com outros adultos e crianças. O equilíbrio deve também marcar a relação da escola com os pais, afirma Lenira. "É uma ideia de educação partilhada, negociada, com equilíbrio de poder. Um diálogo entre família e escola e a forma como cada um pensa a educação." Em instituições escandinavas visitadas pela professora, essa negociação incluía os horários. "Lá, havia reloginhos que mostravam o tempo na escola e o horário de saída de cada um", conta. "As crianças não têm que necessariamente ir embora ao mesmo tempo."

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FONTE;  http://hom2.gerenciadordeconteudo.com.br/produtos/ESRE/textos/0/periodo-integral-a-crianca-ganha-ou-perde-339084-1.asp

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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Hoje é dia de jejum de Ekadasi. Mohini jejum de Ekadasi 29/04/15



Mohini jejum de Ekadasi

Yudhishthira Maharaja disse:  "ó Janardana, qual é o nome do Ekadashi que ocorre durante a quinzena clara do mês de Vaisakha (abr/mai)?  Qual é o processo para observá-lo corretamente?  Tenha  a bondade de narrar tudo isso para mim."

O Senhor Sri Krishna respondeu:  "ó abençoado filho de Dharma, o que Vasishtha Muni certa vez falou para o Senhor Ramachandra agora irei descrever para ti.  Por favor ouça-Me atentamente.

O Senhor Ramachandra perguntou a Vasishtha Muni:  "ó grande sábio, gostaria de ouvir sobre o melhor de todos dias de jejum - aquele dia que destrói todos tipos de pecado e sofrimento. Sofri tempo bastante em separação de Minha querida Sita, e assim desejo ouvir de ti sobre como Meu sofrimento pode ser terminado."

O sábio Vasishtha respondeu:  "ó Senhor Rama, cuja inteligência é tão aguda, simplesmente por lembrar de Teu nome se pode atravessar o oceano deste mundo material.  Perguntaste-me a fim de beneficiar toda humanidade e realizar os desejos de todos.  Agora descreverei aquele dia de jejum que purifica o mundo inteiro.

ó Rama, aquele dia é Vaisakha-sukla Ekadashi, que cai no Dvadashi.  Ele remove todos pecados e é famoso como Mohini Ekadashi. (3)  Em verdade, ó Rama, o mérito deste Ekadashi liberta da rede da ilusão a alma afortunada que o observa.  Portanto, se quiseres aliviar Teu sofrimento, observa este auspicioso Ekadashi perfeitamente, pois ele remove todos obstáculos do nosso caminho e alivia as maiores misérias.  Tenha a bondade de ouvir enquanto descrevo suas glórias, porque até para quem apenas ouve sobre este auspicioso Ekadashi os maiores pecados são nulificados.

Nas margens do Rio Sarasvati uma vez havia uma linda cidade chamada Bhadravati, que era governada pelo Rei Dyutiman.  ó Rama, aquele rei constante, veraz, e altamente inteligente nascera na dinastia da lua.  Em seu reino havia um mercador chamado Dhanapala, que possuia grande riqueza em grãos alimentícios e dinheiro.  Era também muito piedoso.  Dhanapalaprovidenciou para que fossem escavados lagos, construidas arenas sacrificiais, e belos jardins cultivados para o benefício de todos cidadãos de Bhadravati.  Era um excelente devoto deVishnu e tinha cinco filhos:  SumanaDyutimanMedhaviSukrti, e Dhrshtabuddhi.

Infelizmente, seu filho Dhrshtabuddhi sempre se ocupava em atividades muito pecaminosas, tais como dormir com prostitutas e se associar com pessoas degradadas.  Desfrutava de sexo ilícito, jogatina, e muitas outras variedades de gratificação sensorial.  Desrespeitava os semideuses, brahmanas, antepassados e outros anciãos, e os hóspedes da família.  O malévoloDhrshtabuddhi gastou a fortuna do pai indiscriminadamente, sempre banqueteando-se com alimentos intocáveis e bebendo vinho em excesso.

Certo dia Dhanapala chutou Dhrshtabhuddhi para fora de casa depois de vê-lo andando pela rua de braço dado com uma prostituta.  Desde então todos parentes de Dhrshtabuddhi eram altamente criticos sobre ele e mantinham distância dele.  Depois que havia vendido seus ornamentos e se viu em necessidade, as prostitutas também o abandonaram e insultaram devido a sua pobreza.

Dhrshtabuddhi estava agora cheio de ansiedade, e também com fome.  Pensou:  "Que devo fazer?  Para onde devo ir?  Como poderei me manter?"  Então ele começou a roubar.  Os guardas do rei prenderam-no, porém quando souberam que seu pai era o famoso Dhanapala, soltaram-no.  Foi pego e solto muitas vezes.  Mas afinal o mal-orientado Dhrshtabuddhi foi preso, algemado e depois surrado.  Após açoitá-lo, os guardas do rei admoestaram-no:  "ó ser malvado!  Não há lugar para ti aqui."

Contudo, Dhrshtabuddhi foi libertado de suas tribulaçöes por seu pai e imediatamente depois, entrou na densa floresta.  Perambulou aqui e ali, esfomeado e sedento, sofrendo muito. Eventualmente ele começou a matar leöes, veados, javalis, e lobos para alimento.  Sempre pronto em sua mão estava seu arco, e sempre em seu ombro havia uma aljava cheia de pontiagudas flechas.  Também matava aves, tais como cakoraspavöeskankas, pombos e tordos.  Sem hesitar massacrava muitas espécies de aves e animais, e assim seus pecados cresciam dia a dia.  Devido a seus pecados anteriores, agora estava imerso num grande oceano de pecado.

Dhrshtabuddhi estava sempre infeliz e ansioso, mas certo dia, durante o mês de Vaisakha, pela força de um pouco de seu mérito passado, acabou encontrando o sagrado ashrama deKaundinya Muni.  O grande sábio acabava de se banhar no Rio Ganges, e pingava de água.  Dhrshtabuddhi teve a boa fortuna de tocar algumas destas gotas que caíam das roupas do sábio. Instantaneamente Dhrshtabuddhi se viu livre da ignorância, e suas reaçöes pecaminosas foram reduzidas.  Oferecendo suas humildes reverências a Kaundinya Muni, Dhrshtabuddhi orou a ele de mãos postas:  "ó grande brahmana, por favor descreva algum tipo de expiação que posso realizar sem muito esforço demais.  Cometi tantos pecados em minha vida, e agora eles me tornaram pobre."

O grande rishi respondeu:  "ó filho, ouça com grande atenção, pois por me ouvir irás ficar livre de todos teu pecados restantes.  Na quinzena clara deste mês, Vaisakha, ocorre o sagradoMohini Ekadashi, que tem poder de nulificar pecados vastos e pesados como o Monte Sumeru.  Se seguires meu conselho e fielmente observares jejum neste Ekadashi, que é tão querido pelo Senhor Hari, será liberto de todas reaçöes pecaminosas de muitas, muitas vidas."

Ouvindo estas palavras com grande alegria, Dhrshtabuddhi prometeu observar um jejum no Mohini Ekadashi de acordo com as instruçöes do sábio.  ó melhor dos reis, ó Rama, por jejuar completamente no Mohini Ekadashi, o antes pecaminoso Dhrshtabuddhi, filho pródigo do mercador Dhanapala, ficou sem pecado.  Depois ele conseguiu uma bela forma transcendental e, livre de todos obstáculos, cavalgou Garuda, a montaria de Vishnu, para a morada suprema do Senhor.

ó Rama, o dia de jejum de Mohini Ekadashi remove os mais obscuros apegos ilusórios à existência material.  Portanto não  melhor dia de jejum em todos três mundos."

O Senhor Krishna concluiu:  "E assim, ó Yudhishthira, não há local de peregrinação, nem sacrifício, nem caridade que possa conceder mérito igual a mesmo uma décima sexta parte do mérito que um devoto fiel a Mim obtém por observar Mohini Ekadashi.  E aquele que ouve e estuda as glórias do Mohini Ekadashi, obtém o mérito de dar mil vacas em caridade."

Assim termina a narrativa das glórias de Vaisakha-sukla Ekadasi, ou Mohini Ekadasi, do Kurma Purana.

Notas:

(1) Se o sagrado jejum cair no Dvadashi, ainda assim é chamado de Ekadashi nas literaturas védicas.  Além do mais, no Garuda Purana 1.125.6 o Senhor Brahma declara para Narada Muni: "ó brahmana, este jejum deve ser observado quando há um Ekadashi pleno, uma mistura de Ekadashi e Dvadashi, ou mistura de três (EkadashiDvadashi e Trayodashi), mas nunca no dia quando houver mistura de Dashami e Ekadashi."


Para fazer jejum na pratica procure um endereço perto de você na nossa Agenda

Para saber tudo sobre Jejum ou ekadasi clique nos links abaixo:
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fonte: http://radioharekrishna.com/Mohini_Ekadasi_jejum_de_Ekadasi.html



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As sombras do humano, com Luiz Felipe Pondé



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Shakespeare e a filosofia - Luiz Felipe Pondé.



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sábado, 25 de abril de 2015

Parábola Do Dia: Amor,fartura e sucesso

Parábola Do Dia: Amor,fartura e sucesso:   Uma mulher saiu de sua casa e viu três homens de longas barbas brancas sentados em frente ao seu quintal.Ela não os reconheceu.Depois de o...

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quinta-feira, 23 de abril de 2015

Sara tavares , Miroca Paris e Jon Luz " Um pouco mais"



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Especializações em gestão escolar proporcionam chance de ascensão profissional



Caderno de Gestão

Um degrau a mais


Especializações em gestão escolar proporcionam chance de ascensão profissional


Rubem Barros

Aos 48 anos, casado e sem filhos, o piauiense João Pereira da Silva, graduado com licenciatura em química, trabalha no magistério há 19 anos. Em 2004, resolveu fazer uma complementação pedagógica, exigida por lei, para habilitar-se a concorrer ao cargo de diretor, quando surgisse um concurso público.
Não precisou esperar até lá. Pouco tempo depois de terminar a complementação, a oportunidade se apresentou. Desde março deste ano, João passou ao cargo de vice-diretor da EE Domingos Peixoto, em São Bernardo do Campo (SP), a escola onde lecionava.

A ascensão foi bem-vinda, mas não o satisfez. Ao mesmo tempo em que assumiu a nova função, começou a cursar a pós-graduação lato sensu em "Gestão do Conhecimento e do Capital Intelectual", do Senac, voltada a gestores de diversas áreas.
"Fazia tempo que estava procurando um curso de pós em gestão. Dentro da sala de aula, temos uma limitação muito grande de aprendizagem e de entender melhor a educação. O professor acha que a direção tem de resolver todos os problemas da escola.
Isso não existe. A gestão tem de integrar tudo para que todos possam participar da resolução dessas questões", reflete Pereira da Silva.
Os conhecimentos adquiridos no novo curso estão ajudando em sua primeira tarefa para cumprir esse ideal de integração: o vice-diretor está coordenando a construção do Projeto Pedagógico Coletivo da escola. A proposta foi o meio encontrado para induzir a participação coletiva. "Antes de ter algum tipo de preconceito contra a gestão, é preciso conhecer o que ela é, pois é um universo muito rico", diz.
As preocupações de Pereira da Silva não são caso isolado. Derivam de um composto de elementos que deverá elevar significativamente a oferta de cursos de extensão universitária ou de especialização (pós-graduação lato sensu) na área de gestão, tanto especificamente voltados à educação formal, como aqueles mais abertos, destinados à educação corporativa ou ao terceiro setor.
"Nesses últimos anos, descobriram a questão da gestão em todas as áreas, inclusive na educação. Agora, há vários projetos nessa área para formar gestores em serviço. Porém, o que existe ainda é insuficiente. A própria literatura de gestão educacional é muito limitada, utiliza-se de material importado de Portugal e Espanha. Estamos estimulando novas teses nessa área", relata Myrtes Alonso, professora da PUC-SP e uma das organizadoras do livro Gestão Escolar e Tecnologia (Editora Avercamp, 2003).
Novas diretrizes
A mudança da legislação, nos planos federal e estadual, também tem contribuído para que a oferta de cursos, tanto da graduação em pedagogia como de pós-graduação, sofra um rearranjo. As mudanças começaram a ocorrer com a edição da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96), que entrou em vigor há dez anos e estabelece que a formação de todos os professores do ensino básico deve ser de nível superior e a dos profissionais das áreas de administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional pode ser feita nos cursos superiores de pedagogia ou por meio de cursos de pós-graduação, "a critério da instituição de ensino", desde que mantida a mesma base comum nacional.

Em 15 de maio deste ano, o Conselho Nacional de Educação editou resolução (CNE/CP nº 1) que institui as "Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Pedagogia, licenciatura", aumentando a carga horária de 2.800 para 3.200. Segundo a resolução, o curso de pedagogia se destinará essencialmente à formação de professores da educação infantil e dos primeiros anos do ensino fundamental, incluindo competências para atividades de "gestão democrática escolar".
Ou seja, a gestão administrativa da escola, que antes da nova Lei de Diretrizes e Bases era reservada a quem tinha formação específica, pode agora ser exercida por profissionais graduados em pedagogia ou com licenciatura em outras áreas que façam a especialização em gestão escolar. Nesse último caso, como os cursos de pós-graduação lato sensu não têm de ser aprovados pela Capes, o órgão federal que supervisiona e fiscaliza os cursos de stricto sensu (mestrado), cada unidade da federação estabelece a carga horária mínima para qualificar os profissionais às funções administrativas. 
A assinatura da resolução do Conselho sobre as diretrizes da graduação foi a bandeirada de largada para a formatação de novos cursos de gestão na pós-graduação ou para a reformatação de muitos que já existiam. Algumas instituições, como o Senac, preferem oferecer opções menos especializadas, como o curso de gestão do conhecimento, que, se não habilitam o aluno ao exercício de função administrativa, permitem que se aprofunde em alguns aspectos da gestão.
Necessidade de aprofundamento
Há um quase consenso de que quem quiser efetivamente estar apto a desempenhar as funções de diretor, orientador e supervisor deve buscar complementar sua formação. "Geralmente, os pedagogos que têm apenas a formação da graduação na área de gestão vêem que nesse nível o processo é muito rápido, insuficiente", diz Shiderlene Lopes, coordenadora pedagógica de Educação do Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão, que ministra o curso "Gestão Educacional: Coordenação Pedagógica", nos Estados da Bahia e de Tocantins. Nesses Estados, os cursos têm, respectivamente, 600 horas e 360 horas. Já em São Paulo, a deliberação 53/2005 estabelece que, para qualificar os concluintes a exercer os cargos administrativos, os cursos deverão ter 1.000 horas, distribuídas entre formação básica (200 horas), específica (600 horas) e estágio (200 horas).
Inaugurada em 2004, a pós-graduação em "Gestão Educacional" da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) já se adaptou à legislação para atender sua segunda turma. Segundo o coordenador, Rômulo Nascimento, foram criadas novas disciplinas, como "Informática e Formação de Gestores", "Escola, Família e Sociedade" e "Supervisão Educacional", entre outras, para responder à deliberação estadual.
"A legislação melhorou, direciona mais a formação e busca orientar para um projeto de estágio. No nosso caso, o curso está formatado para possibilitar a continuidade dos estudos na pós stricto sensu e abrir as portas para o profissional lecionar no ensino superior na área de sua graduação", explica Nascimento.
Mas nem todos os alunos têm esse objetivo. Rosane Flamínio, 32 anos, professora há 13 anos, foi fazer o curso da Unicsul em busca de maior fundamentação teórica para a prática educacional. Professora do 2o ano da educação fundamental na Emei Amadeu Amaral, na Penha, em São Paulo, Rosane quer, futuramente, ser diretora.
"A visão que eu tenho da escola depois do curso é muito diferente, reparo até na merenda. Normalmente, o professor acha que só ele trabalha. Por enquanto, ainda me realizo muito em sala de aula, mas futuramente quero ir para a área administrativa", diz.
É o mesmo caso de sua colega Mônica Cardoso Pereira, 23 anos, graduada em Letras e professora de Espanhol em quatro escolas, duas públicas e duas particulares. Segundo ela, quando começou a lecionar, ainda no 2o ano de faculdade, "não entendia bulhufas de didática". As reuniões pedagógicas eram um verdadeiro martírio. A participação em um programa extracurricular no último ano da graduação fez com que se interessasse por disciplinas afins com a gestão escolar e decidisse fazer a pós.
"Comecei a enxergar coisas que não via na graduação. Abri minha cabeça, aprendi a ler a LDB, a interpretar as diretrizes e os parâmetros curriculares, coisas que antes achava uma chatice. Aprendi onde buscar o que preciso, inclusive para usar na sala de aula", conta Mônica.
O curso ajudou a passar no concurso público para professora na prefeitura de Guarulhos, em São Paulo, onde entrou em 37o lugar. Mônica acha que tem de adquirir mais vivência em sala de aula para, daqui a alguns anos, passar a atuar na área de gestão escolar. "Quero chegar a diretora de escola pública. Acredito no ensino público e quero chegar lá para fazer alguma diferença, com uma visão transformadora", projeta.
Foco no mercado de trabalho
"Diria que tem características de um mestrado profissionalizante". Assim a professora Sanny Silva da Rosa define a especialização em "Gestão da Educação Básica", curso que coordena na Universidade São Marcos, em São Paulo, e cuja primeira turma teve início em agosto.
"Com base na experiência acumulada, o que se percebe é que a graduação em pedagogia na prática não habilita para a atuação como gestor. Então, nosso objetivo é profissionalizar a gestão e aprofundar determinados temas. Por isso, trouxemos professores com grande experiência em coordenação pedagógica, sistemas de ensino e outras disciplinas contempladas no curso", explica Sanny Rosa.
Para a professora, os limites antes muito claros entre as áreas pedagógica e administrativa não existem mais. Hoje, pede-se uma visão de conjunto, não-especializada. O que especializa é a prática.
"O conhecimento fica obsoleto muito rapidamente. A velocidade com que as coisas acontecem está na contramão da idéia de aprofundamento. Então, agimos muito mais no sentido de formar competências para auto-aperfeiçoamento da formação do que com a pretensão de oferecer uma formação completa", conclui a coordenadora.
Essa visão não-estanque dos saberes disponíveis também está presente na especialização que a Universidade Mackenzie passa a oferecer a partir de fevereiro do ano quem vem (1a turma), intitulada "Gestão Educacional na Contemporaneidade". Fruto de remodelação da antiga pós "Gestão da Escola na Educação Básica", o novo curso responde à demanda por uma formação mais ampla. Voltada a profissionais interessados em atuar como líderes gestores em espaços educacionais diversos (não apenas formais), a pós lato sensu trabalha com questões ligadas a tecnologia, marketing, gestão do conhecimento e de projetos educacionais, avaliação de instituições, clima organizacional e desenvolvimento de lideranças.
Como a maioria dos cursos na área, os trabalhos práticos são realizados com base na experiência profissional dos alunos. "Trabalhamos com o histórico contextual de cada um. A gestão e a avaliação de instituições educacionais, por exemplo, ocorrem dentro da realidade deles", diz Mary Rosane Ceroni, professora e pesquisadora do Mackenzie.
Na mesma linha, o Senac inaugura em fevereiro a especialização "Projetos Educacionais", voltada preferencialmente a gestores de ONGs e Oscips. "Constatamos em pesquisas que 70% dos projetos dessas entidades têm dificuldade de avaliar seus resultados", explica Raquel Linhares, coordenadora de Educação do Senac-SP. Com três módulos e duração de 15 meses, a nova pós também é destinada a gestores de processos de educação corporativa e a professores em geral.
Nos próximos meses, a oferta deve aumentar. A PUC-SP, que já tem um curso de extensão universitária voltado ao uso das tecnologias na educação, deve oferecer uma especialização na área de gestão a partir do segundo semestre de 2007. Já o Instituto Superior de Educação Vera Cruz, que assim como a pedagogia da PUC tem foco mais voltado à formação de professores da educação infantil e fundamental, estuda lançar um novo curso voltado à gestão, em nível de pós-graduação, no início de 2008.

Indaiatuba, exemplo de inovação
A partir de 2007, a cidade de Indaiatuba, município de 172 mil habitantes na região de Campinas, contará com seis novos cursos de pós-graduação lato sensu. As especializações, duas delas especificamente voltadas à capacitação de profissionais da educação (gestão da educação básica e psicopedagogia), são resultado de acordo entre a Universidade São Marcos e a unidade local do Colégio Renovação.
"Pensávamos atuar no ensino superior, mas houve uma enxurrada de novas universidades e preferimos investir nessa parceria, pois sentimos que havia necessidade de maior qualificação nessas áreas", diz Marcos Conte, diretor-administrativo da escola.

Além de propiciar formação para seus professores, o colégio também abre uma nova frente de negócios aproveitando os períodos ociosos de suas instalações. Pelo acordo, o Renovação entra com toda a infra-estrutura física e administrativa e a São Marcos supre a parte pedagógica.
"É nossa primeira parceria com colégios. Nasceu naturalmente, pois grande parte do corpo docente das unidades do Renovação em São Paulo estudou aqui na universidade. Isso possibilita multiplicar a oferta de cursos de pós-graduação mais voltados ao mercado de trabalho em lugares que não dispunham desse tipo de opção", avalia José Augusto Guilhon Albuquerque, pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da São Marcos.
O projeto está sendo apoiado pela prefeitura local, que estuda um projeto para se associar à parceria e oferecer a especialização para os gestores da rede municipal. Além dos dois cursos, haverá outros nas áreas de capacitação gerencial, gestão bancária em negócios, relações internacionais e letras.


Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/116/artigo234072-1.asp
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