terça-feira, 8 de maio de 2018

Janela de Overton




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A janela de Overton Luciano Pires -

A janela de Overton

A janela de Overton

Luciano Pires - 

O termo “Janela de Overton” é uma homenagem a Joseph P. Overton, que criou um modelo para demonstrar como um pequeno grupo de pensadores pode mudar intencional e gradualmente a opinião pública. A Janela de Overton é o leque de idéias “aceitáveis” na sociedade. Deixe-me explicar melhor. Casamento gay, por exemplo. Se alinharmos as posições a respeito do tema, teremos algo assim: proibido, proibido com ressalvas, neutro, permitido com ressalvas, permitido livremente. Durante anos, a Janela de Overton esteve na área do proibido, a sociedade não podia aceitar a ideia do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Com a constante exposição dos argumentos pró-gays na mídia, a janela foi se deslocando para proibido com ressalvas, depois para neutro, até chegar onde está hoje: permitido com ressalvas. Em breve será permitido livremente.
A questão das drogas. Logo teremos uma flexibilização das leis, conforme a opinião pública se tornar mais tolerante com a ideia da descriminalização.
É no deslocamento da Janela de Overton para posições que sejam de interesse de determinados grupos que está aplicado um esforço altamente profissional, que faz parte do que se convencionou chamar de engenharia social, o ato de influenciar uma pessoa para que ela execute ações que não sejam necessariamente de seu (dela) melhor interesse.
Para deslocar a janela de opinião da posição “proibido” para a “menos proibido”, “neutro” e “permitido”, é preciso desviar o foco do assunto principal para algum outro valor relacionado ao tema. Para isso aciona-se um batalhão de especialistas em opinião pública: técnicos, cientistas, assessores de imprensa, relações públicas, institutos de pesquisa, celebridades, professores, jornalistas, etc.
Exemplo: alguém (não tiro da cabeça que foi o Ministro do Marketing, João Santana), achou que realizar a Copa do Mundo e Olimpíadas em nosso país seria uma excelente jogada política. Imediatamente surgiu uma reação contra, daqueles que sabem que precisamos resolver problemas básicos de educação, saúde e infra-estrutura entes de investir bilhões na construção de estádios. O que fizeram os engenheiros sociais? Evitaram qualquer menção ao deslocamento do dinheiro de uma área prioritária para outra não prioritária e, usando a imprensa, desviaram a discussão para o orgulho do brasileiro, para a oportunidade de mostrar ao mundo como somos bons, deslocando a Janela de Overton do “contra a copa” para o “neutro ou a favor”. Transformaram os “do contra” em anti-brasileiros, pessimistas e mau agourentos. Anestesiaram a população, até ficar claro que as promessas não se realizariam, que o legado seria uma coleção de elefantes brancos e que os orçamentos originais explodiriam. Então a Janela de Overton retornou à posição original, contra a copa, e os indignados foram às ruas…
É assim com todos os grandes temas polêmicos, como desarmamento, aborto, aquecimento global… A engenharia social não é de esquerda, de direita ou de centro. É de todos. Pisque o olho e você é manipulado.
Lancei um podcast sobre esse tema, que você pode ouvir em http://goo.gl/sx2GS5.
A saída? Não sei se tem alguma, mas acho que dá pra ficar esperto: verifique sempre se o objeto do debate é o mérito da questão ou algum tema associado, paralelo, um desvio. Se você perceber que é o desvio, atenção: você acaba de descobrir mais uma operação de um grupo interessado em mover a Janela de Overton.

É impossível escapar deles. Mas ao menos você será um otário consciente.
Luciano Pires

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quarta-feira, 2 de maio de 2018

Estudo mostra que crianças criadas em fazendas são mais saudáveis

Por: 
Os cientistas há muito tempo especulam que, quanto mais “sujo” for o ambiente em que crescemos — com vários germes de diferentes pessoas e até animais —, melhores serão o nosso sistema imunológico e nossa saúde física. Um novo estudo publicado na segunda-feira (30) na revista Proceedings, da Academia Nacional de Ciências dos EUA, fornece evidências iniciais de que um mundo sujo pode ser melhor até para a nossa saúde mental.
A hipótese da higiene, como é chamada, diz que nosso sistema imunológico precisa lutar contra germes relativamente inofensivos e substâncias estranhas (incluindo alimentos como o amendoim) em seus primeiros anos para que possa se calibrar. Sem esse treinamento, ele pode se tornar muito sensível e reagir exageradamente a coisas que não deveria, como poeira doméstica e pólen, levando a alergias e asma. Várias pesquisas mostraram que crescer em um ambiente rural, ou comanimais de estimação, está associado a taxas mais baixas de doenças autoimunes, enquanto as taxas de alergias e distúrbios autoimunes têm subido constantemente nas áreas urbanas.
Vários dos autores do novo estudo, em particular Christopher Lowry, professor de fisiologia integrativa da Universidade do Colorado em Boulder, teorizaram, há uma década, que um mundo excessivamente higiênico também poderia influenciar nosso risco de certas doenças psiquiátricas, como depressão e estresse pós-traumático. Se for verdade, isso ajudaria a explicar por que as taxas de doenças psiquiátricas são mais comuns entre as pessoas que vivem em áreas urbanas.
Mas os cientistas só foram testar essa teoria diretamente quando Lowry colaborou com pesquisadores da Universidade de Ulm, na Alemanha.
Neste último estudo, os pesquisadores recrutaram 40 homens jovens e saudáveis da Alemanha para participarem do experimento. Metade dos homens disse que havia sido criada (até os 15 anos) em uma fazenda com muitos animais, enquanto a outra metade foi criada em uma cidade sem animais de estimação. Ambos os grupos tiveram seu sangue e saliva coletados antes e em vários pontos durante o experimento.
Foi pedido aos voluntários que completassem uma série de tarefas destinadas a estressá-los: primeiro, eles fizeram um discurso na frente de pessoas de jalecos sobre por que mereciam seu emprego dos sonhos. Então, eles tiveram que contar de trás para frente, de 17 em 17, a partir de 3.079.
Depois dos testes, os homens que haviam sido criados nas cidades, em média, apresentaram níveis mais elevados de certas células sanguíneas e proteínas no sangue. Esses componentes específicos do sistema imune, conhecidos como células mononucleares do sangue periférico (PBMCs, na sigla em inglês) e interleucina 6, indicam uma forte resposta imune inflamatória. Os homens da cidade também apresentaram níveis elevados desses marcadores por mais tempo — pelo menos até duas horas, quando pararam de ter seu sangue coletado.
Embora a inflamação seja uma parte crucial de um sistema imunológico saudável, pesquisas anteriores sugeriram que pessoas com níveis baixos e crônicos de inflamação têm maior risco de desenvolver transtornos mentais, como a depressão aguda. As descobertas do estudo sugerem que as pessoas criadas na cidade podem ser mais propensas a se encaixar nesse grupo, embora mais pesquisas sejam necessárias para estabelecer definitivamente essa conexão.
“Em nosso campo de pesquisa, esse teste de estresse social é a maneira mais eficaz de induzir uma resposta ao estresse neuroendócrino. E também sabemos que ele induz uma resposta pró-inflamatória em humanos que é exagerada em pessoas que têm transtorno depressivo agudo, por exemplo”, disse Lowry ao Gizmodo.
No entanto, o estudo também teve alguns resultados contraintuitivos. Homens criados em fazendas, em média, relataram que se sentiram mais estressados pelas tarefas do que os homens da cidade. E eles realmente apresentaram níveis maiores de cortisol, um hormônio indicativo de estresse, em sua saliva. Essa descoberta aparentemente contrária poderia ser explicada pelo fato de que nossas reações ao estresse podem se manifestar por meio de sistemas corporais interconectados que funcionam de forma independente uns dos outros. O cortisol é um componente-chave do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, uma via que percorre nosso cérebro e nossas glândulas hormonais e que regula tudo, desde a digestão até a reação de fuga e luta. A presença de PBMCs e interleucinas causada por uma resposta imune hiperativa ao estresse pode não afetar os níveis de cortisol e vice-versa.
Existem limitações importantes ao estudo, como o tamanho pequeno da amostra e a falta de mulheres, que são mais propensas do que os homens a relatar doenças mentais. A conexão entre o local onde crescemos e a saúde mental posterior pode também ter mais a ver com os benefícios psicológicos bem documentados de viver perto da natureza do que seu efeito direto sobre nosso sistema imunológico, disse Lowry.
Lowry e sua equipe se apressam para advertir que seu trabalho não confirmou qualquer ligação entre higiene e saúde mental, pelo menos não ainda. Porém, considerando que mais e mais famílias estão se mudando para as cidades, eles acreditam que suas pesquisas podem ter implicações enormes.
“É potencialmente alarmante, por várias razões”, disse Lowry. “Há um enorme aumento na urbanização em todo o mundo, e, em 2050, espera-se que dois terços da população mundial vivam nas cidades. Então, estamos gradualmente mudando para uma existência que cria um descompasso entre nosso passado evolucionário e o relacionamento coevoluído com coisas como microrganismos.”
“Uma coisa que podemos antecipar é que, de alguma forma, teremos que compensar essa falta de exposição, especialmente durante o desenvolvimento, a esses microrganismos”, acrescentou Lowry. “E a estratégia para fazer isso não está bem clara… Esperamos poder resolver isso com o tempo.”
A seguir, os autores planejam estudar grupos maiores de pessoas, incluindo mulheres, que vivem em diferentes áreas do mundo. E eles esperam destacar se é a exposição a animais (que incluem animais de estimação, não apenas animais de fazenda) ou outros aspectos da vida rural que explicam o vínculo.
Imagem do topo: Pixabay
fonte; http://gizmodo.uol.com.br/criancas-criadas-fazendas-mais-saudaveis/

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