sexta-feira, 27 de novembro de 2015

5,6 mil disputam concurso de Nova Odessa. Data do concurso 29/11/2015, relação candidato/vaga

5,6 mil disputam concurso de Nova Odessa

Agente de trânsito tem maior relação candidato/vaga

Publicado em 2015-11-07 09:20:26 Atualizado em 2015-11-07 09:20:26 (553 visualizações)

A Prefeitura de Nova Odessa recebeu 5.595 inscrições para o concurso público. Deste total, 5.433 candidatos disputarão as 65 vagas abertas em 18 diferentes áreas e 162 participarão do processo que vai formar cadastro de reserva. As provas estão previstas para acontecer nos dias 29 de novembro e 06 de dezembro.

A maior concorrência vai ser no cargo de Agente de Trânsito com 453 disputando a única vaga. Vida mais 'fácil' vai ter os 114 candidatos às 5 vagas de prof. de Artes da Educação Básica (menor relação candidato/vaga da disputa). 

O concurso foi aberto devido necessidade de manutenção e reposição do quadro de funcionários após saída de servidores por exonerações, aposentadorias e outras situações. O processo também atende indicações feitas pelo Ministério Público do Trabalho de Campinas.

Os salários oferecidos variam de R$ 1.143,10 a R$ 5.201,31 para cargas horárias de 20 a 40 horas semanais. Segundo a Secretaria de Administração, os locais e horários das provas serão divulgados nos próximos dias, conforme edital do concurso.
                                        
Local de prova:COLÉGIO NETWORK - 1.º PERÍODO


Data/Hora:29/11/2015 - 09:00:00
Cidade:Nova Odessa
UF:São Paulo
Endereço:Av. Ampélio Gazzetta
Número:200
Complemento:
Bairro:Lopes Iglesias

Esta escola é para cargos de professor da educação básica , anos iniciais.



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terça-feira, 24 de novembro de 2015

Vali e Sugriva: de Inseparáveis para Irreconciliáveis. O que podemos aprender com a história desses irmãos?


Julgar sem Entender: A Receita para Arruinar Relacionamentos

17 (artigo - Filosofia e Psicologia) Julgar sem Entender (sankirtana) (bg) (2)
Chaitanya-charana Dasa

Vali e Sugriva: de Inseparáveis para Irreconciliáveis. O que podemos aprender com a história desses irmãos?

Uma das subtramas mais pungentes do Ramayana é o confronto fratricida entre os dois irmãos macacos Vali e Sugriva. No Mahabharata, a animosidade fraterna entre os Pandavas virtuosos e os maldosos Kauravas continua até a morte dos Kauravas. Em contraste, o Ramayana apresenta uma reconciliação no leito de morte entre os irmãos símios que é tão emocionalmente fascinante quanto eticamente esclarecedora.
A Dupla Impressionante
A história desses dois irmãos se desdobrou em Kiskindha, o reino dos vanaras no sul da Índia. Os vanaras foram uma raça de macacos celestiais possuidores de formidável força e inteligência, com alguns macacos líderes que tinham mais atributos sapientes do que um símio. A localização de Kiskindha era geopoliticamente significativa, estando situada estrategicamente entre o reino dos seres humanos no norte e o reino dos demônios, no sul. Ao longo da sua infância e juventude, Vali e Sugriva foram inseparáveis. Como os Pandavas, ambos tinham dois pais: um terrestre e um celestial. O pai terreno deles foi Riksharaja, o rei do vanaras, ao passo que seus pais celestiais foram Indra e Surya, respectivamente, dois dos deuses mais poderosos. Assim como Indra era superior na hierarquia cósmica a Surya, Vali, sendo mais velho e mais forte, era superior a Sugriva. Assim como Indra era dado a acessos de arrogância e impetuosidade, também assim era Vali. Assim como os dois deuses trabalhavam harmoniosamente na administração cósmica, seus dois filhos também trabalhavam harmoniosamente na administração do reino macaco. Quando Riksharaja se aposentou, de acordo com a tradição da primogenitura, Vali subiu ao trono de Kiskindha, e Sugriva tornou-se seu fiel e engenhoso assistente.
Uma vez, um temível demônio, Mayavi, foi a Kiskindha e desafiou Vali para uma luta. O monarca vanara saltou de cima de seu trono e se apresentou, sendo seguido de perto por Sugriva. Se era para ser uma luta, Vali tinha a intenção de se envolver em um combate justo face a face, porém Sugriva o acompanhou para dar segurança adicional, caso o demônio tivesse quaisquer cúmplices que pudessem atacar indevidamente. Não sabendo das boas intenções dos irmãos, Mayavi recuou com medo quando viu a impressionante dupla no comando, vindo em sua direção. Percebendo que não era páreo para essa força combinada, ele se virou e fugiu.
Vali, sabendo que o demônio iria perturbar a paz na vizinhança se não lhe fosse ensinada uma lição, decidiu persegui-lo, e Sugriva o seguiu. Mayavi, tentando desesperadamente livrar-se dos irmãos, mergulhou em uma caverna na montanha, que o levou a um labirinto de catacumbas.
Vali decidiu persegui-lo nesse escuro buraco cavernoso e disse a Sugriva para guardar a entrada, caso o demônio fugisse de Vali no labirinto e tentasse escapar. Sugriva implorou a Vali que o deixasse participar da perigosa busca subterrânea, mas Vali se recusou e, mais uma vez, repetiu sua instrução. Depois que seu irmão desapareceu na imensa escuridão, Sugriva esperou por um longo tempo, olhando para dentro da caverna, tanto quanto os olhos podiam enxergar. Ele não via nada e não ouvia nada até que, finalmente, o grito do demônio ressoou pela caverna. Foi um grito de agonia ou de vitória? Sugriva esperou, esforçando-se e rezando para ouvir algum som de seu irmão, mas a caverna manteve um silêncio mortal. Quando o silêncio ensurdecedor continuou, o coração de Sugriva se angustiou como se ele deduzisse que seu irmão heróico tivesse sido morto.
Sugriva se sentiu dividido entre seu desejo de vingar a morte de seu irmão e seu dever de proteger seu reino do demônio mortal. Se Mayavi saísse da caverna, ele poderia muito bem ser imparável. Sugriva ponderou: “Seria eu capaz de dominar um inimigo que já havia vencido meu irmão mais poderoso?”. Decidindo que a discrição era a melhor parte da coragem, Sugriva concebeu uma estratégia alternativa. Ele olhou em volta, até que avistou uma pedra gigante. Esforçando-se – suado e ofegante –, ele empurrou o pedregulho até que fechasse a caverna. Sentindo-se seguro de que isso manteria o demônio acuado, Sugriva voltou para o reino. Com o coração pesado, ele informou aos cortesãos, que ansiosamente os aguardavam, sobre o desaparecimento de seu valente monarca e ordenou um período de luto em todo o estado. Após o fim do período de luto, os ministros pediram a Sugriva que assumisse o papel de rei, apontando a ausência de qualquer outro herdeiro qualificado. Ainda afligido pelas memórias de Vali, Sugriva resolveu continuar o legado de seu irmão e aceitou o manto real.
De Inseparável para Irreconciliável
Poucos dias depois, Vali marchou de volta ao palácio, com os olhos cheios de ira. Depois de uma longa busca na caverna, ele encontrou o demônio. Tendo a intenção de acabar com a cansativa ameaça, Vali não perdeu a energia rugindo enquanto matava o demônio, que gritava. Quando voltou para a entrada da caverna, angustiou-se ao encontrar um pedregulho enorme bloqueando-a. Ele chamou Sugriva, mas não obteve resposta. Estando esgotado devido à busca e à luta, ele não pôde mover a pedra. A ausência de Sugriva e a presença do pedregulho desencadeou nele uma suspeita desconcertante: será que seu confiável irmão conspirou para prendê-lo na caverna?
Vali precisou de vários dias para recuperar sua força e chegar a um estado em que conseguisse mover a pedra. Quanto mais se empenhava, mais sua desconfiança aumentava. Certamente, a pedra era grande demais para ter sido movida pelo vento ou outras forças naturais. E mesmo se, de alguma forma, ela tivesse sido transferida naturalmente, certamente não poderia ter tanta precisão para fechar a caverna.
Quando Vali finalmente forçou sua saída, correu de volta para seu reino, cheio de dúvidas sobre seu irmão. Quando viu Sugriva sentado no trono, ele sentiu que sua suspeita fora confirmada. Enfurecido, ele atacou Sugriva, cuja alegria em ver Vali vivo rapidamente deu lugar ao desânimo. Sugriva tentou explicar a situação, mas Vali estava muito furioso para ouvir qualquer coisa e simplesmente bateu em Sugriva com seus estrondosos punhos. Sugriva ficou devastado ao ver o ódio nos olhos do seu amado irmão. O pensamento de que seu irmão não só tinha suspeitado, mas também o condenado, machucou Sugriva mais do que os golpes que choviam em cima dele. Não tendo qualquer vontade para lutar e esperando que pudesse ter, mais tarde, uma chance melhor de esclarecer quando Vali se acalmasse, Sugriva fugiu do palácio e do reino.
Ver Sugriva fugindo reforçou a convicção de Vali de que seu irmão era culpado. Caso contrário, por que ele teria fugido assim? Tendo assim julgado Sugriva como um traidor, a mente egoísta de Vali incitou-lhe a continuar a perseguir seu irmão, mesmo no exílio, antes que sofresse outro golpe.
O infeliz Sugriva fugiu para longe, mas Vali o perseguiu implacavelmente. Finalmente, Sugriva encontrou refúgio junto a Kiskindha – na área do lago de Pampa, nas imediações do eremitério do sábio Matanga. Vali havia uma vez, intoxicado pelo poder e em uma demonstração de força, atirado ao longe a carcaça de Dundubhi, um demônio que havia matado. O sangue da carcaça tinha caído na arena sacrificial de Matanga, profanando-o. O sábio, irritado e desejando retificar a arrogância de Vali, amaldiçoou o macaco dizendo que ele morreria caso entrasse até mesmo na vizinhança do eremitério.
Na zona de segurança criada pela maldição de Matanga, Sugriva viveu em uma paz inquieta, sempre com medo, olhando para fora, para quaisquer assassinos que Vali pudesse enviar para fazer o trabalho que ele próprio não podia fazer. Como a hostilidade de Vali não mostrou nenhum sinal de diminuição, Sugriva gradualmente perdeu toda esperança de reconciliação. Os dois irmãos inseparáveis ​​tinham se tornado irreconciliáveis.
A Atribuição de Erro
Ambos Sugriva e Vali chegaram a conclusões equivocadas – Sugriva sobre a morte de Vali, e Vali sobre a traição de Sugriva. Se considerarmos as informações disponíveis para eles, ambos haviam feito inferências razoáveis. A diferença entre eles era que Sugriva teve pouca oportunidade de testar a sua inferência – a possibilidade de Mayavi sair era muito perigosa. Vali, porém, teve muitas oportunidades para testar a sua inferência – sendo mais forte, ele poderia dar-se ao luxo de dar a Sugriva uma audiência. Além disso, Sugriva não era nenhum demônio indigno de confiança, mas seu honesto irmão, e um irmão que o tinha servido fielmente como braço direito durante muitos anos. Devido tanto à sua relação quanto à sua história, Sugriva merecia uma audiência adequada antes de ser julgado. Infelizmente, Vali estava muito certo de sua leitura da situação e não sentia necessidade de procurar qualquer esclarecimento.
Vali sucumbiu a um erro humano comum, que os psicólogos chamam de “erro de atribuição”. Quando vemos outros se comportando de forma inadequada, tendemos a atribuir esse comportamento às suas falhas de caráter interno, não às circunstâncias atenuantes externas. Assim, quando vemos alguém comendo exageradamente, julgamos que ele é glutão. Quando nós mesmos comemos demais, no entanto, tendemos a ser muito mais caridosos na atribuição: “Eu fiquei muito tempo sem comer”.
Nós sucumbimos ao atribuir erros devido a uma combinação perigosa de pressa e excesso de confiança. Quando confrontados com o inesperado, queremos compreendê-lo rapidamente, e, uma vez que chegamos a um entendimento, nos agarramos a ele, pensando: “Eu sou tão inteligente – como eu poderia estar errado?”.
Se somos realmente inteligentes, porém, vamos considerar a possibilidade de que podemos estar errados. Afinal de contas, as formas em que as coisas acontecem no mundo são complexas. E ainda mais complexas são as maneiras como as pessoas pensam. Então, determinar o que as faz agir de determinada maneira não é fácil. No entanto, quando sabemos algo sobre o outro, presumimos que sabemos o suficiente para descobrir seu comportamento – uma presunção que muitas vezes nos cega para os nossos preconceitos e erros. Em vez de sermos vítimas de tais presunções e chegar a julgamentos precipitados, podemos fazer melhor justiça à nossa inteligência dando aos outros o benefício da dúvida e, com a mente aberta, ouvindo seu lado da história.
Devido a sua pressa e excesso de confiança, Vali sucumbiu ao julgar Sugriva sem entender – uma receita infalível para arruinar relacionamentos. E, com certeza, seu relacionamento logo jazia em ruínas.
A Intervenção de Rama – Marcial e Verbal
Alguns anos à frente: Rama entrou em cena e fez uma aliança com Sugriva. Como parte de seu pacto, prometeu corrigir os erros que Vali tinha cometido com Sugriva. A pedido de Rama, Sugriva desafiou Vali a uma luta. Quando os dois irmãos estavam lutando, Rama, depois de uma tentativa inicial abortada, atirou em Vali uma flecha letal.
Podemos questionar a moralidade da ação de Rama, como fez Vali enquanto estava deitado no chão, mortalmente ferido. Em resposta, Rama deu várias razões, centrado no ponto de que um agressor pecaminoso pode ser morto por qualquer meio. Vali tinha cometido vários atos de agressão contra o seu próprio irmão: atacou-o com intenção assassina, estando ele despojado de toda a sua riqueza e até mesmo tomou a esposa de Sugriva, Ruma, como sua própria esposa. Um irmão mais velho que toma a esposa de seu irmão mais novo comete um pecado grave, quase semelhante ao incesto. Devido a toda essa agressão injustificada, Rama declarou que Vali merecia nada menos do que a pena capital.
A análise deste raciocínio pode ser um artigo em si. Para o nosso propósito presente, ele deve ser suficiente para que Vali encontrasse um raciocínio convincente. Se o queixoso, num caso de injustiça percebida, anuncia, após a devida discussão e deliberação, que nenhuma injustiça foi feita, nós também podemos aceitar esse pronunciamento – afinal, o autor sabe mais e se percebe mais do que nós.
Depois de analisar seu caso, Rama adiantou o julgamento para Vali: “Se você pensa que Eu agi de forma errada, vou retirar a flecha e restaurar a sua vida e força agora”. O orgulho de Vali foi destruído duplamente pelas flechas de Rama perfurando seu peito e pelas palavras-flechas de Rama penetrando suas presunções, fazendo-o ponderar suas ações e reconhecendo seu erro. Ele humildemente respondeu que, apesar de seus muitos crimes, ele havia sido abençoado imotivadamente por ter a oportunidade inestimável de morrer na presença auspiciosa de Rama – uma oportunidade que ele não queria deixar passar apenas para ter uma vida mais longa. Ele ainda confessou que, por muito tempo, também sentia que poderia ter prejudicado Sugriva, mas seu orgulho não lhe permitira considerar esse sentimento.
A Reconciliação no Leito de Morte
Com seus últimos suspiros, Vali consolou sua chorosa esposa Tara e seu filho em luto, Angada. Ele pediu para que não tivessem ressentimentos com Sugriva, mas vivessem em paz sob o seu abrigo. Em seguida, virou-se para Sugriva, pedindo-lhe que não tivesse qualquer malícia para com Tara e Angada, mas que cuidasse deles.
Buscando o perdão de seu irmão e querendo fazer as pazes, Vali tirou o colar de joias que Indra lhe dera. Esse colar celeste veio com a bênção de proteger seu portador. Na verdade, foi esse colar que tinha mantido Vali vivo por tanto tempo, mesmo depois de ter sido mortalmente ferido pela flecha de Rama. Que pai não desejaria tal armadura para seu filho? Assim como Indra tinha dado o colar para seu filho, Vali também teria sido inteiramente justificado em dar o colar para seu filho. Contudo, ele deu a Sugriva, expressando, assim, através de suas ações, o seu profundo remorso, já que ele não tinha energia ou tempo para expressar em palavras. Assim que o colar saiu das mãos de Vali, sua alma saiu de seu corpo.
Depois de ouvir de seu irmão suas dolorosas palavras e vê-lo cair para trás, imóvel e silencioso, Sugriva desmoronou. Esse foi o irmão mais velho que ele tinha conhecido e amado e perdido por tanto tempo – e estaria agora perdido para sempre. Oprimido com o pesar por ter instigado o assassinato de tal irmão, Sugriva censurou a si mesmo e resolveu expiar seu pecado de fratricídio acabando com a sua vida igual a do seu irmão.
Rama e Lakshmana consolaram Sugriva com palavras gentis, lembrando-o de seu dever para com sua família e seus cidadãos. Sugriva se recompôs, ordenou que os macacos em luto providenciassem um funeral real para seu rei falecido e começou um segundo período de luto por seu irmão.
RPDA para a Reconciliação
A história de Sugriva e Vali desafia contornos simplistas do bem contra o mal. Os dois irmãos eram virtuosos, mas foram separados por quase toda uma vida devido a um erro de julgamento infeliz pelo irmão mais impetuoso, mais poderoso. O que poderia ter sido uma história feliz de afeto fraternal tornou-se, devido a um mal-entendido não esclarecido, uma história infeliz de animosidade fraterna, que terminou em um fratricídio devastador. Felizmente, sua infelicidade foi reduzida pela intervenção de Rama, que provocou uma reconciliação pré-morte.
Nós também podemos reduzir a infelicidade em nossos relacionamentos, internalizando a lição imortal dessa história – nunca julgar sem entendimento. E se nós já julgamos outros sem compreendê-los, podemos buscar a reconciliação, como fez Vali. Nós podemos trilhar o caminho para a reconciliação com RPDA: Reconhecer, Pedir Desculpas, Alterar.
  1. Reconhecer: Nos relacionamentos nossos que estão “azedos’, podemos honestamente ser introspectivos e humildemente ouvir as outras pessoas para verificar se estamos mais errados do que acreditamos. Se descobrimos nosso erro, temos de reconhecê-lo, como fez Vali após ouvir Rama.
  2. Pedir Desculpas: Assim como as palavras arrogantes de julgamento podem machucar, as humildes palavras de aproximação podem curar. Podemos tomar grandes passos na reconstrução de relacionamentos, pedindo desculpas, assim como Vali, para as coisas erradas que fizemos, consciente ou inconscientemente.
  3. Alterar: As ações falam mais alto do que as palavras. Assim como Vali deu seu colar para Sugriva, podemos fazer o que for melhor nas circunstâncias para corrigir, ou pelo menos atenuar, as consequências do nosso erro de julgamento.
Vali precisou dos solavancos da morte para deixar de lado seu orgulho e compensar seu erro de julgamento. Esperemos que, ao meditar sobre a sua história e aprender com ele, possamos fazer isso muito antes de um choque tão extremo.
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Quando fornecida uma prova da existência de Deus, quem seria qualificado para ela?


A Prova da Existência de Deus

(16)A Prova da Existência de Deus (rev) (ta)0
Hridayananda Dasa Goswami

Quando fornecida uma prova da existência de Deus, quem seria qualificado para ela?

Muitas vezes, as pessoas nos perguntam: “Você pode provar a existência de Deus?” A palavra “prova” indica uma demonstração conclusiva que estabelece a validade de uma afirmação – neste caso, a afirmação de que Deus existe.
Contudo, tão logo falamos de uma demonstração, a pergunta seguinte é: “A quem deve ser demonstrada?”. Se falamos de evidências de dados, temos de saber quem vai ver e ouvir. Em outras palavras, quem vai julgar os resultados de um determinado experimento, teste ou julgamento.
Consideremos um exemplo hipotético. Dr. Waterport, o famoso cientista, acaba de descobrir uma fórmula sofisticada que resolve um problema matemático técnico. Ele, orgulhosamente, reúne todos seus colegas e lhes apresenta trinta páginas de símbolos ultratécnicos. Seus colegas cientistas se debruçam sobre as páginas e concluem: “Sim, eis a resposta que temos procurado”. Se o Dr. Waterport mostrasse tal prova a qualquer pessoa comum que estivesse passando pela rua, a pessoa nem mesmo saberia como segurar as páginas na posição certa. Porque não é treinada em matemática, a prova não faria qualquer sentido para ela. Portanto, a conclusão de nossa análise é que a prova exige um público qualificado.
(16)A Prova da Existência de Deus (rev) (ta)1
Uma pessoa completamente alheia a um assunto não pode compreender uma prova sobre ele.
Certamente, qualquer prova válida deve ser lógica. Porém, a forma como nós aplicamos a lógica depende de nossa experiência anterior. Por exemplo, suponha que uma macieira esteja crescendo perto de sua janela. Certa manhã, você ouve um som como o de uma maçã batendo no chão e, quando olha para fora, vê uma maçã madura debaixo da árvore. Logicamente, você concluirá que a maçã acabou de cair da árvore. Sua declaração lógica repousa sobre a sua observação anterior de que a macieira produz maçãs, maçãs maduras caem no chão e que elas fazem um som específico quando isso acontece. E sua declaração parecerá lógica para aqueles cuja experiência seja similar.
Logo, aplicamos a lógica de acordo com nossa experiência. Portanto, como esperar que Deus pareça lógico para uma pessoa que não tenha nenhuma experiência espiritual? Como Deus pode parecer lógico para uma pessoa a quem a própria terminologia da ciência de Deus é ininteligível? Assim, é ridículo quando aqueles que se encontram espiritualmente cegos, surdos e mudos demandam que Deus lhes pareça “lógico” e que a Sua existência seja “provada” em seus termos.
Em geral, não é lógico que alguém não treinado em algum campo de conhecimento exija que um fato particular pertencente a esse campo de conhecimento seja logicamente demonstrado a ele. Assim, se alguém que não tenha ideia do que seja um número demandar que eu logicamente lhe demonstre que dois mais dois é igual a quatro, eu não posso fazê-lo. Da mesma forma, se um ignorante espiritual exige que Deus seja logicamente demonstrado a ele, seu próprio pedido é ilógico. Como poderiam ser cumpridas as demandas ilógicas de ateus?
Sobre Lógica e Experiência Espiritual
Podemos facilmente fornecer inúmeras provas de Deus – desde que estejamos livres para estipular que o juiz seja uma pessoa treinada espiritualmente. Devotos do Senhor que sejam avançados na consciência de Krishna podem lógica, evidente e demonstrativamente lidar com a realidade da alma e de Deus, mas tolos materialistas exigem que Deus, um ser não-material, seja reduzido a uma fórmula material.
É absurdo exigir uma prova material para uma entidade não-material. Leis matemáticas ou físicas descrevem maneiras previsíveis em que as coisas materiais interagem, mas Deus e a alma não são materiais e, portanto, não podem ser reduzidos a descrições materiais. Isso não significa, no entanto, que a alma esteja fora da jurisdição da discussão lógica. A própria consciência é espiritual, não material, e, portanto, o estudo da consciência, ou espírito, não está além do alcance dos seres humanos.
Na verdade, todos os campos do conhecimento dependem de uma percepção tangível pela alma, uma vez que todas as ciências dependem de cientistas conscientes, que elaboram todo o pensamento e realizam todos os testes (e a consciência é espiritual). Em outras palavras, a consciência espiritual é intrínseca a todos os tipos de consciência, embora as pessoas materialistas não reconheçam que a consciência seja espiritual.
Portanto, não há falta de dados que provem a existência do espírito, já que, por definição, a própria consciência é espiritual. O problema é que os intelectuais tolos caprichosamente designam a consciência como uma entidade material, não espiritual. No entanto, assim que nós aceitamos a simples verdade de que a própria consciência é espiritual, descobrimos que, em todas as fases de sensibilização e em todos os campos de conhecimento, a nossa percepção de todos os tipos de dados está descansando em uma experiência espiritual: a experiência de estar consciente. E quando a consciência estuda a si mesma, ela atinge a fase chamada de consciência espiritual, ou autorrealização. Em última análise, quando a pessoa autorrealizada fixa sua consciência sobre a fonte de toda a consciência, ela alcança a realização de Krishna, a Suprema Personalidade de Deus.
Para aquele que não tenha percebido o prazer superior da consciência de Krishna, lhe parecerá ilógico restringir sua apreciação material. Uma pessoa consciente de Krishna, no entanto, percebe que a consciência espiritual é muito mais prazerosa e gratificante do que a consciência materialista. Ela percebe, ainda, que as atividades pecaminosas, atividades contra as leis de Deus, prejudicam essa consciência. Assim, é inteiramente lógico que uma pessoa consciente de Krishna obedeça às leis de Deus, assim como é lógico que um cidadão comum obedeça às leis do Estado.
Em última análise, devemos chegar ao estágio da lógica absoluta, que se refere à percepção absoluta, uma percepção das coisas com propriedades eternamente reconhecíveis e relacionamentos eternamente estabelecidos. Por exemplo, Deus é o mestre e desfrutador supremo e nós somos Seus servos eternos. Assim, para nós, é absolutamente lógico servi-lO, pois estamos situados em nossa posição constitucional natural. Servir a um empregador mundano pode parecer lógico, mas não é absolutamente lógico, uma vez que, após a morte do empregador, ou após sua falência, servi-lo se torna ilógico.
Em conclusão, a lógica é um processo secundário, que segue o processo primário da consciência. Somos conscientes, por exemplo, de que os números têm determinados valores e propriedades e, com base nessa percepção, podemos afirmar que uma determinada equação matemática seja lógica ou ilógica. Da mesma forma, purificando nossa existência através da prática da consciência de Krishna, somos capazes de perceber os valores e as propriedades de Deus e, portanto, podemos discernir se uma declaração específica sobre Deus é lógica ou ilógica. Ao confirmar a nossa análise com a literatura védica, livros de ciência espiritual compilados por devotos realizados de referência padrão, podemos chegar ao ponto de compreender perfeitamente a ciência de Deus na consciência de Krishna.
Todo o conteúdo das publicações de Volta ao Supremo é de inteira responsabilidade de seus respectivos autores, tanto o conteúdo textual como de imagens. Tradução de Maria do Carmo.
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fonte. http://voltaaosupremo.com/artigos/artigos/a-prova-da-existencia-de-deus/



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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Cotas Raciais sou contra. João Maria andarilho Utópico



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Anartha-Nivritti: A Mitigação de Todas as Impurezas

Anartha-Nivritti: A Mitigação de Todas as Impurezas

(10) (artigo - superação de obstáculos) Anartha Nivritti (6150) (rev) (ta)
Srila Visvanatha Chakravarti Thakura

Uma análise completa, científica e meticulosa da limpeza do coração através do processo de bhakti-yoga.

O Bhakti-rasamrita-sindhu 1.4.15-16 descreve a progressão vivida da fé até o amor a Deus como dividida nos seguintes nove estágios: “No começo, deve-se ter um desejo preliminar para a autorrealização, ou fé (sraddha). Com isso, o indivíduo se sentirá inclinado a associar-se com pessoas espiritualmente elevadas (sadhu-sanga). Na fase seguinte, ele é iniciado pelo mestre espiritual elevado e, sob sua instrução, o devoto neófito começa o processo do serviço devocional (bhajana-kriya). Através da execução do serviço devocional sob a orientação do mestre espiritual, ele se livra de todo o apego material (anartha-nivritti), alcança constância na autorrealização (nistha) e adquire gosto por ouvir sobre a Personalidade de Deus, Sri Krishna (ruchi). Esse gosto continua propiciando o seu avanço, e ele, então, desenvolve apego à consciência de Krishna (asakti), que, ao amadurecer, manifesta-se como bhava, ou a fase preliminar do amor transcendental a Deus. O verdadeiro amor a Deus chama-se prema, e é a mais elevada etapa de perfeição da vida”. Este artigo, originalmente parte da obra Madhurya Kadambini, de Srila Visvanatha Chakravarti, analisará o estágio de anartha-nivritti, a mitigação de todas as impurezas.
As Quatro Divisões de Anarthas
Os anarthas podem ser qualificados em quatro categorias, de acordo com sua origem: (1)duskritotthaanarthas oriundos de atividades pecaminosas; (2) sukritotthaanarthas oriundos de atividades piedosas; (3) aparadhotthaanarthas oriundos de ofensas, e (4) bhaktyutthaanarthasoriundos do serviço devocional.
Os Anarthas Provenientes de Atividades Pecaminosas e Piedosas
Os anarthas cuja origem são as atividades pecaminosas e piedosas enquadram-se na categoria dos cinco kleshas. O significado literal de klesha é aflição; aqui, no entanto, o significado deve ser aceito como “as causas da aflição”. Esses kleshas são a causa das atividades pecaminosas e piedosas, que resultam em infortúnio e boa fortuna materiais. (1) Avidya, ignorância: considerar permanente o que é impermanente, considerar bem-aventurado aquilo que é repleto de miséria, considerar puro o que é impuro, e considerar o eu o que não é o eu; (2) asmita, falso ego: a identificação corpórea de “eu” e “meu” e a aceitação unicamente da percepção sensorial direta como real; (3) raga, apego material: o desejo por felicidade material e o anseio pelos meios para sua obtenção; (4) dvesha, aversão material: repulsa pela infelicidade e pelas causas da mesma; (5) abhinivesha: absorção no corpo como a base para a gratificação sensorial e medo da morte.
O que É Ofensa ao Santo Nome e o que Não É Ofensa ao Santo Nome
Anarthas que surgem de ofensas (aparadhottha-anarthas) são aqueles provenientes de nama-aparadhas, ou ofensas contra o santo nome, e não incluem seva-aparadhas, ofensas como entrar no templo em um palanquim, calçado e assim por diante. Os mestres espirituais exemplares discerniram que sevaaparadhas não costumam ter efeito, sendo anuladas pelo cantar do nome, pela recitação de stotras que têm o poder específico de cancelar o efeito de qualquer seva-aparadha e pelo serviço constante; desta forma, a ofensa em sua forma de semente não consegue germinar em uma reação efetiva. A despeito disso, a pessoa não deve tornar-se negligente e tirar proveito de ser protegida de todos os efeitos de seva-aparadha através das medidas mencionadas, pois fazê-lo significa que o sevaaparadha se tornou nama-aparadha, um anartha que irá, sim, obstruir seu progresso. Tal pessoa é culpada do nama-aparadha de cometer atividades pecaminosas apoiando-se na força do santo nome, namno balad yasya hi papabuddhi. A palavra nama na expressão nama-aparadha é usada para indicar todos os seguimentos, ou angas, de bhakti que destroem pecados (papa) e ofensas (aparadha), dos quais o cantar do santo nome é o principal. Mesmo de acordo com os dharma-shastras, as escrituras que lidam com os códigos do karma, ninguém deve pecar sabendo que pode ser eximido da reação mediante prayaschitta, isto é, mediante medidas expiatórias remediadoras. Nesses casos, o efeito dos pecados não será destruído, senão que, ao contrário, será intensificado. Essa que é a sétima ofensa ao santo nome é considerada como gravíssima.
(10) (artigo - superação de obstáculos) Anartha Nivritti (6150) (rev) (ta)1
Seva-aparadhas não costumam ter efeito, sendo anuladas pelo cantar do nome, recitação de stotras específicos e pelo serviço constante.
Por outro lado, o Senhor Supremo declara em diferentes escrituras que alguém que tenta servi-lO, mesmo que fracasse em algum âmbito, não deve preocupar-se com isso, haja vista que o serviço do devoto, independente de quão imperfeito possa ser, jamais se perde ou é em vão. No Srimad-Bhagavatam (11.29.20), por exemplo, o Senhor afirma:
na hy angopakrame dhvamso
mad-dharmasyoddhavanv api
maya vyavasitah samyan
nirgunatvad anasisah
“Ó Uddhava, porque Eu pessoalmente o estabeleci, este caminho do serviço devocional é transcendente e livre de qualquer contaminação material. Certamente um devoto jamais sofre nem mesmo a menor perda por adotar este caminho”.
Outra declaração relevante é a seguinte:
dasarno ‘yam japa-matrena siddhidah
“Simplesmente por recitar este mantra de dez sílabas [gopijana-vallabhaya svaha], ele concederá a perfeição”.
Neste ponto, alguém talvez pergunte se a não conclusão ou não observação de algum dos angas debhakti se enquadra na categoria de nama-aparadha. A resposta é um categórico “não”. Pecar apoiando-se na força do cantar significa que a pessoa comete a atividade pecaminosa deliberadamente contando que, posteriormente, o poder das atividades devocionais dará cabo dos efeitos negativos de tal pecado. A definição de pecado (papa), por sua vez, é “ações condenadas pelas escrituras e que requerem medidas remediadoras”.
Alguém talvez se veja incapaz de alcançar sua meta espiritual e talvez caia pelo forte hábito que traz consigo de cometer pecados ou, então, por descuido. É interessante notar que, quando a pessoa não consegue lograr a meta no caminho de karma-yoga, as escrituras a condenam fortemente; quando alguém, por outro lado, fracassa na obtenção da meta do serviço devocional, as escrituras não reagem da mesma maneira. O Srimad-Bhagavatam 11.2.34-35, por exemplo, declara:
ye vai bhagavata prokta
upaya hy atma-labdhaye
anjah pumsam avidusam
viddhi bhagavatan hi tan

yan asthaya naro rajan
na pramadyeta karhicit
dhavan nimilya va netre
na skhalen na pated iha
“Mesmo entidades vivas ignorantes podem muito facilmente conhecer o Senhor Supremo caso adotem aqueles meios prescritos pelo próprio Senhor Supremo. O processo recomendado pelo Senhor é conhecido como bhagavata-dharma, ou serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus. Ó rei, aquele que aceite esse processo do serviço devocional à Suprema Personalidade de Deus jamais cambaleará em seu caminho neste mundo. Mesmo enquanto corre de olhos fechados, ele jamais tropeçará ou cairá”.
Aqui, a palavra nimilya, “fechar os olhos”, significa que a pessoa tem olhos – ela não é cega –, mas os fechou. A palavra dhavan significa proceder rapidamente com passos largos, maiores do que o comum. Esses são os significados diretos. Esse verso se refere a alguém que se refugiou no serviço devocional, no bhagavata-dharma, e está praticando seus angas principais. O significado é que tal pessoa não sofre nenhuma perda de resultados, nem é privada da meta, mesmo se negligencie a observação dos angas secundários como se não os conhecesse, embora, sim, os conheça.
Fechar os olhos não significa ignorância das escrituras – o sruti e o smriti são considerados os dois olhos das pessoas –, pois isso contradiria o significado direto. Deve-se considerar cuidadosamente o significado de fechar os olhos e correr, isto é, intencionalmente negligenciar alguns dos angas debhakti e avidamente buscar pela meta. Quaisquer ações resultantes desse modo de progresso não permitem que o devoto cometa algum dos trinta e dois seva-aparadhas. Insiste-se, entretanto, que ninguém deve cometer intencionalmente algum seva-aparadha aproveitando-se do que declara, por exemplo, o verso do Srimad-Bhagavatam supracitado; as escrituras se referem a quem faz isso como um animal de duas pernas: harer apy aparadhan bah kuryad dvipada-pamsanah.
Como Neutralizar as Ofensas
Aquele que cometeu ofensas desintencionais ao santo nome, quer antigamente, quer recentemente, saberá que o fez pelo sintoma da falta de avanço. Para se livrar de tais ofensas desintencionais, o devoto deve cantar o santo nome constantemente, até que seja conduzido à inabalável fé no serviço devocional. O cantar constante decerto reduzirá gradualmente os efeitos de tal categoria de ofensa; caso as ofensas tenham sido cometidas com deliberação prévia, então medidas especiais são recomendadas para a neutralização das mesmas.
A Blasfêmia a um Santo e a Desobediência ao Mestre Espiritual
Agora discutiremos as dez ofensas contra o santo nome. A primeira ofensa é sadhu-ninda, a crítica ou a blasfêmia aos devotos. Blasfêmia, neste contexto, significa invejar os devotos santos, ou ser antagonista a eles. Se alguém, mesmo acidentalmente, comete esta ofensa contra um vaishnava, ele deve arrepender-se amargamente de seu comportamento baixo. Assim como se neutraliza veneno com veneno, o ofensor, tendo incendiado sua vida espiritual com a blasfêmia, deve se purificar no fogo do arrependimento.
(10) (artigo - superação de obstáculos) Anartha Nivritti (6150) (rev) (ta)2
Se alguém, mesmo acidentalmente, comete uma ofensa contra um vaishnava, ele deve arrepender-se amargamente.
O ofensor deve ir até o devoto que injuriou, cair aos seus pés e pedir-lhe perdão até que ele novamente seja capaz de agradar aquele vaishnava. Ele deve aproximar-se do devoto com o coração trépido e considerando que, mediante súplica, louvor, repetida oferta de reverências ou qualquer outro meio, ele tem que satisfazer o devoto ofendido. Contudo, caso, por alguma razão, ele seja incapaz de abrandar o devoto, então o ofensor deve continuar a servi-lo por muitos dias de modo a impressioná-lo e satisfazê-lo. Na hipótese da ofensa ser de tamanha seriedade que a ira dovaishnava permaneça irredutível, o ofensor deve condenar-se fortemente por sua ação abominável e pensar: “Oh! Que vergonhoso! Que infortúnio! Blasfemei um vaishnava e, em razão disso, sofrerei por milhões de anos no fogo infernal!” Nesse remorso extremo, ele deve abandonar tudo e refugiar-se inteiramente no cantar contínuo do santo nome, tendo em tal prática sua única esperança. No devido tempo, o ofensor se verá livre de sua ofensa.
O santo nome de Krishna, sendo todo-poderoso, certamente pode absolver qualquer ofensa, independente de quão séria seja. Devido a isso, o ofensor talvez pense incorretamente: “Se encontramos, por exemplo, a seguinte declaração nas escrituras, namaparadhayuktanam namanyeva harantyagham: ‘O mero santo nome é suficiente para libertar um ofensor’, por que, então, eu deveria cair aos pés do vaishnava de maneira tão humilde e até aviltante? Eu certamente me livrarei do nama-aparadha simplesmente pelo próprio cantar”. Tal mentalidade apenas o envolve ainda mais em nama-aparadha, especificamente na já mencionada ofensa de cometer atividades pecaminosas apoiando-se na força do cantar do santo nome.
(10) (artigo - superação de obstáculos) Anartha Nivritti (6150) (rev) (ta)3
O cuidado de não ofender os vaishnavas não se refere apenas a vaishnavas puros.
Outro erro que não deve ser cometido é a mentalidade de pensar que a ofensa de sadhu-nindadiscrimina entre tipos de vaishnavas. Ela não se refere exclusivamente a alguém que é plena e perfeitamente qualificado com todas as qualidades mencionadas nas escrituras, como aquelas mencionadas no Srimad-Bhagavatam 11.11.29:
krpalur akrta-drohastitiksuh sarva-dehinam
“[Uma pessoa santa] é misericordiosa e jamais injuria outrem. Mesmo se outros lhe são agressivos, ela é tolerante e perdoa todas as entidades vivas”.
A pessoa não pode minimizar sua ofensa apontando defeitos no devoto objeto da ofensa. Em resposta a essa postura equivocada, as escrituras dizem:
sarvacara vivarjitah sathadhiya vratya jagadvancakah
“Mesmo se o indivíduo tiver um caráter ruim, for traidor, destituído de boa conduta, malicioso, não tiver se submetido às cerimônias reformatórias e for repleto de desejos materiais, ele deve ser considerado sadhu, ou santo, caso tenha se rendido ao Senhor”. (Padma PuranaBrahma-khanda 25.9-10)
Semelhante categoria de devoto supracitado não deve ser criticado por seu passado, independente de quão terrível possa ser, e não se deve impedir que seja aceito como vaishnava, tampouco sua devoção deve ser objeto de questionamento.
As escrituras declaram que, se um maha-bhagavata, ou devoto puro, é o ofendido, ele simplesmente ignora todo o episódio em virtude de ser possuidor de imensa compaixão; assim, ele não identifica o comportamento como uma ofensa. No que diz respeito ao culpado, ele deve cair aos pés do santo e implorar perdão a fim de que seu coração se purifique. Aprendemos a partir das escrituras e das pessoas santas que, mesmo se o maha-bhagavata tolera naturalmente a blasfêmia do homem tolo, seus seguidores, situados na poeira de seus pés, não o farão, senão que irão puni-lo desejando que sofra apropriadamente por sua ofensa:
sersyam mahapurusa-pada-pamsubhir
nirasta-tejahsu tad eva sobhanam
“Aqueles que invejam santos elevados são certamente diminuídos pela poeira de seus pés de lótus”. (Srimad-Bhagavatam 4.4.13)
As regras convencionais, entretanto, não podem ser aplicadas aos devotos puros, incorruptíveis, mais elevados e de pensamento independente, visto que esses às vezes outorgam inenarráveis misericórdias mesmo aos ofensores mais indignos. Jada Bharata, por exemplo, muito embora tenha sido forçado a carregar o palanquim do rei Rahugana e tenha se tornado o objeto de suas palavras ásperas, outorgou-lhe sua misericórdia. Em outro episódio, o vasu Uparichara, o rei de Cedi, derramou sua misericórdia sobre os ateístas e heréticos daityas, muito embora eles houvessem ido até ele com o intuito de atacá-lo. Similarmente, Sri Nityananda mostrou misericórdia para com Madhai, muito embora este houvesse agredido Sua cabeça de forma tão violenta que a fizera sangrar.
A terceira ofensa, guror avajna, a ofensa de desrespeitar o mestre espiritual ou desobedecer-lhe, pode ser considerada da mesma maneira que esta primeira, aplicando a ela os mesmos princípios.
Vishnu, Shiva e as Entidades Vivas Atômicas
Continuaremos agora nossa discussão explicando as diferenças entre o Senhor Vishnu e o senhor Shiva. Os seres conscientes (chaitanya) se dividem em duas categorias: (1) aqueles independentes e (2) aqueles dependentes. O ser independente é o Senhor onipenetrante (isvara), e os seres dependentes são as partículas de consciência (jivas), energias subordinadas ao Senhor, as quais permeiam apenas corpos individuais. Aqueles de consciência suprema (isvara chaitanya) ainda se dividem em duas classes: (1.a) aqueles que não são de modo algum tocados pela potência ilusória, a jurisdição de maya, e (1.b) aqueles que voluntariamente aceitam a influência de maya para executarem afazeres universais.
O primeiro tipo de isvara é tratado por nomes como Narayana, Hari e assim por diante.
harir hi nirgunah saksat purusah prakrteh parah
“Hari é aquele que é diretamente livre dos modos da ignorância, da paixão e da bondade, o Senhor transcendental à natureza material”. (Srimad-Bhagavatam 10.88.5)
O senhor Shiva pertence à segunda categoria de isvara.
sivah sakti-yutah sasvat tri-lingo guna-samvrtah
“O senhor Shiva está sempre unido à sua energia pessoal, a natureza material, e manifesta-se em três aspectos em resposta às solicitações dos três modos da natureza”. (Srimad-Bhagavatam 10.88.3)
(10) (artigo - superação de obstáculos) Anartha Nivritti (6150) (rev) (ta)4
Deve-se buscar entender Brahma, Vishnu e Shiva com devotos esclarecidos, possuidores de profundo conhecimento do assunto.
Contudo, muito embora seja coberto pelos modos materiais, não se deve pensar erroneamente que o senhor Shiva está na categoria de jiva, ou alma espiritual diminuta, haja vista que a Brahma-samhita (5.45) afirma:
ksiram yatha dadhi vikara-visesa-yogat
sanjayate na hi tatah prthag asti hetoh
yah sambhutam api tatha samupaiti karyad
govindam adi-purusam tam aham bhajami
“Assim como o leite é transformado em coalhada pela ação de ácidos, e, ainda assim, o coalho produzido não é nem igual nem diferente de sua causa, a saber, o leite; adoro o primordial Senhor Govinda [Krishna], de quem o estado de Sambhu [Shiva] é uma transformação para a execução do trabalho de destruição”.
Nos Puranas e Agamas, o senhor Shiva é glorificado como isvara. No Srimad-Bhagavatam 1.2.23, por exemplo, afirma-se:
sattvam rajas tama iti prakrter gunas tair
yuktah parah purusa eka ihasya dhatte
sthity-adaye hari-virinci-hareti samjnah
sreyamsi tatra khalu sattva-tanor nrnam syuh
“A transcendental Personalidade de Deus associa-Se indiretamente com os três modos da natureza material, a saber, bondade, paixão e ignorância, e, unicamente para a criação, a manutenção e a destruição do mundo, Ele aceita as três formas qualitativas de Brahma, Vishnu e Shiva. Das três, todos os seres humanos podem derivar o benefício último de Vishnu”.
A partir desse verso, é possível a compreensão de que Brahma também é considerado isvara. Entretanto, a posição de Brahma como isvara, ou senhor, deve ser entendida como um poder investido em um jiva pelo Senhor Supremo (isvara-avesha), o que é confirmado na Brahma-Samhita 5.49:
bhasvan yathasma-sakalesu nijesu tejah
sviyam kiyat prakatayaty api tadvad atra
brahma ya esa jagad-anda-vidhana-karta
govindam adi-purusam tam aham bhajami
“Adoro o primordial Senhor Govinda, de quem a subjetiva porção separada Brahma recebe seu poder para a regulação do mundo laical, assim como o Sol manifesta alguma porção de sua própria luz em todas as joias refulgentes, cujos nomes são suryakanta etc.”
Srimad-Bhagavatam 1.2.24 afirma:
parthivad daruno dhumastasmad agnis trayimayah
tamasas tu rajas tasmat
sattvam yad brahma-darsanam
“A lenha é uma transformação da terra, mas a fumaça é melhor do que a lenha. O fogo é ainda melhor, pois, através dele, podemos executar yajna, ou sacrifício. Similarmente, a paixão (rajas) é melhor do que a ignorância (tamas), mas a bondade (sattva) é melhor, dado que, através dela, pode-se realizar a Verdade”.
Conquanto o modo da paixão seja superior à ignorância; assim como na fumaça não se pode perceber o fogo, no fumarento modo da paixão, a refulgência ígnea do Senhor não pode ser percebida. No modo da bondade, que se compara a um fogo sacrificial plenamente aceso, pode-se perceber a refulgência pura do Senhor quase como mediante a realização direta. Assim como o fogo, embora presente na lenha, não pode ser percebido; no modo da ignorância, muitíssimo embora o Senhor esteja presente, Ele não é diretamente perceptível, assim como, mesmo no sono profundo e livre de sonhos (susupti), característica do modo da ignorância, a pessoa experiencia uma felicidade não-diferenciada similar àquela experienciada pelos monistas (nirbheda-jnana-sukha).
Analisando os aforismos das escrituras e derivando deles a conclusão correta sobre as posições constitucionais (tattvas), ninguém se confundirá.
Agora, discutiremos o jiva, os seres conscientes dependentes. A posição do jiva é de servidão amorosa eterna à Suprema Personalidade de Deus. Eles se dividem, em primeira instância, em duas categorias: (2.a) aqueles sob o encanto da ilusão e da necedade, como os semideuses, os humanos, os animais e seres inferiores, e (2.b) aqueles livres da ilusão e da necedade, os quais se dividem, novamente, em duas categorias: (2.b.a) aqueles sob a influência da aisvarya-shakti do Senhor, Sua potência de opulência e reverência, e (2.b.b) aqueles não influenciados pela aisvarya-shakti. Os jivasinfluenciados pela aisvarya-shakti do Senhor se subdividem em dois grandes grupos: (2.b.a.a) aqueles absortos no jnana pertencente à esfera espiritual, como os quatro Kumaras, e (2.b.a.b) aqueles absortos no aspecto inspirador de reverência da criação cósmica, os quais são bem representados pelo senhor Brahma. Os jivas não influenciados pela aisvarya-shakti do Senhor também se subdividem em dois grandes grupos: (2.b.b.a) aqueles praticando jnana a fim de se fundirem com o Senhor – uma condição lamentável –, e (2.b.b.b) aqueles que praticam atividades devocionais de forma não espontânea (sadhana-bhakti) e sem o desejo de se fundirem no Senhor – uma condição não lamentável.
(10) (artigo - superação de obstáculos) Anartha Nivritti (6150) (rev) (ta)5
Os jivas que buscam tornarem-se unos com o Senhor estão em uma situação perigosa, suicida.
Os jivas que buscam tornarem-se unos com o Senhor estão em uma situação perigosa, suicida, porque, ao contrário daqueles que observam atividades devocionais mecânicas, eles não podem desfrutar uma relação mais doce e íntima com o Senhor Supremo.
Um devoto livre de motivação material (niskama) deve discernir quem é digno de adoração ou não com base em quem é nirguna e quem é saguna, ou seja, quem é livre de qualidades materiais, Vishnu, e quem é tocado pelas qualidades materiais, Shiva, Brahma etc. Sendo diferentes tipos de consciência, respectivamente jiva e isvara, Brahma e Vishnu são completamente distintos. Algumas vezes, porém, Brahma e Vishnu são descritos como idênticos nos Puranas. Esse tipo de declaração deve ser entendida, entretanto, pelo exemplo do Sol, representando Vishnu, e da joia suryakanta, representando Brahma, a qual é investida com a luz solar. Suryakanta é como uma lente de aumento que se vale dos raios do Sol e manifesta o calor do Sol para queimar papel e para outros fins. Unicamente nesse sentido Brahma é considerado indistinto de Vishnu. Em alguns maha-kalpas, mesmo Shiva é um jiva como Brahma, isto é, um jiva investido de poder pelo Senhor Supremo:
kvacij java visesatvam harasyoktam vidher iva
“Como no caso de Brahma, às vezes um jiva em particular adota o papel de Shiva”. Às vezes, portanto, Shiva é classificado com Brahma em declarações como:
yas tu narayanam devambrahma rudradi daivataih
samatvenaiva manyeta
sa pasandi bhaved dhruvam
“Alguém que considera Narayana como na mesma categoria que Brahma, Shiva e outros semideuses é um tolo ignóbil”. (Hari-bhakti-vilasa 1.730)
É certo que a base desta injunção escritural repousa no fato de que, enquanto o senhor Brahma é, em geral, um jiva dotado de poder, o senhor Shiva, às vezes, também o é. Pessoas que não pesquisaram meticulosamente o assunto acabam formando suas próprias conclusões especulativas e tecem comentários do tipo: “Vishnu, sim, é Deus, e não Shiva”, ou “o senhor Shiva é o supremo, e não o Senhor Vishnu”. Eles continuam alegando: “Somos indesviáveis devotos do Senhor Vishnu; não nos importamos com o senhor Shiva”, e vice-versa. Movidos por sua inclinação a polêmicas, tais indivíduos se envolvem em tais discussões e cometem nama-aparadha. Caso esses ofensores possam ser esclarecidos por um devoto com profundo conhecimento do assunto, poderão compreender de que maneira Shiva e Vishnu são indistintos um do outro. Essa compreensão oriunda do devoto entendido, somada a sincero arrependimento da ofensa pretérita e somada também ao cantar do santo nome do Senhor, anula, por fim, a ofensa.
A Ofensa do Desrespeito aos Vedas
Sruti-shastra-ninda é a quarta ofensa e consiste no desrespeito às escrituras srutis, os Vedas, em decorrência do pensamento de que não mencionam nada acerca de bhakti e que, portanto, são glorificáveis e apreciáveis unicamente por pessoas de mentalidade mundana. Aquele que comete esta ofensa se vê livre da mesma quando tem a boa fortuna de compreender apropriadamente o assunto entrando em contato com um devoto entendido. A resposta para o questionamento de por que não deveríamos criticar essas partes da literatura revelada que propõem o processo do conhecimento empírico e da ação fruitiva é que os srutis muito misericordiosamente ajudam as pessoas mais desqualificadas, que não estão seguindo nenhuma regra ou regulação védica e que estão cegas pelos desejos materiais, a se elevarem ao caminho do serviço devocional seguindo suas leis divinas. O meio para neutralização desta ofensa – além do já mencionado contato com um devoto que possa ensinar o ofensor a admirar as escrituras védicas pela compaixão das mesmas em remover as pessoas de pravritti-marga, o caminho da mentalidade mundana, e em conduzi-las para o caminho de nivritti-marga, o caminho do desapego – é a glorificação apropriada dessas escrituras e de seus praticantes e a observação do cantar do santo nome.
As Demais Ofensas ao Santo Nome
Desta maneira, discutimos a causa geral das ofensas ao santo nome e o modo como são neutralizadas. O devoto deve considerar cada uma delas nestes moldes.
Os Anarthas Provenientes de Bhakti
Assim como, juntamente com uma planta principal, muitas ervas daninhas crescem; através do cultivo de bhakti, surge o que, às vezes, pode ser equivocadamente entendido como brotos da trepadeira de bhakti, mas que não o são de fato – são desejos mundanos por adoração e respeito por parte de outros, aceitação de posições confortáveis, fama e assim por diante.
Tudo isso macula a consciência do praticante. Vicejando desta maneira, esses anarthas oriundos da bhakti-yoga impedem o crescimento da trepadeira cujo cultivo, sim, é de interesse: a trepadeira do amor a Deus.
Os Cinco Estágios da Revogação dos Anarthas
Os quatro tipos de anarthas mencionados no começo deste capítulo podem ser mitigados (nivritti) em cinco diferentes intensidades: (1) eka-desavarttini, parcialmente; (2) bahu-desavarttini, substancialmente; (3) prayiki, quase completamente; (4) purna, completamente, e (5) atyantiki, absolutamente. No atinente aos anarthas provenientes de ofensas, imediatamente após o começo da execução de atividades devocionais, bhajana-kriya, ocorre a destruição deles, mas de maneira limitada (eka-desavarttini), assim como, quando dizemos que uma torre foi queimada ou que um tecido foi rasgado, podemos entender que a torre ainda existe e que os pedaços de pano também continuam a existir. Quando bhajana-kriya ganha maturidade, passa a ser nistha, ou execução estável das atividades devocionais. Nesse estágio de desenvolvimento, a mitigação dos anarthas oriundos de ofensas é substancial (bahu-desavarttini). Então, na plataforma de rati, ou bhava, os aparadhotthas no coração são quase completamente absolvidos (prayiki). Com o primeiro despertar de prema, o amor divino, esses anarthas são completamente removidos (purna). Finalmente, são absolutamente desarraigados (atyantiki) quando o devoto obtém a misericórdia e a associação dos pés de lótus do Senhor, momento este a partir do qual não há qualquer possibilidade de que se manifestem novamente.
Passatempos Escriturais com Aparentes Quedas de Devotos Puros
Com a afirmação de que, após o logramento dos pés de lótus do Senhor, é impossível o surgimento de anarthas, alguém talvez pergunte: “Como pôde Chitraketu ser culpado de ter cometido uma enorme ofensa contra o senhor Shiva, tendo em conta que ele tivera uma audiência pessoal com o Senhor Supremo?” No caso de Chitraketu, sua acidental ofensa ao senhor Shiva foi alegórica, não real, o que pode ser entendido pelo fato de que não houve nenhuma mudança em seu amor puro após ter sido amaldiçoado, ou seja, tanto antes da maldição como após assumir a forma do demônio Vritrasura, seu tesouro de prema-bhakti era evidente. O que é de grande significância é que, posteriormente, Chitraketu tornou-se um associado eterno do Senhor Supremo, o que foi o verdadeiro efeito da maldição sobre ele que era um devoto puro.
(10) (artigo - superação de obstáculos) Anartha Nivritti (6150) (rev) (ta)6
Após o logramento dos pés de lótus do Senhor, é impossível o surgimento de anarthas.
Outro incidente relatado no Srimad-Bhagavatam é aquele em que Jaya e Vijaya ofendem os quatro Kumaras. As escrituras alegam que a razão para seu ato deliberadamente ofensivo foi porque seu prema, seu amor pelo Senhor, motivou-os assim. Com efeito, Jaya e Vijaya oraram ao Senhor pedindo por tal situação: “Meu querido Senhor Narayana, ó mestre dos semideuses, temos razões para acreditar que desejais lutar, mas não vemos um oponente apropriado para Vós. Todos aqueles disponíveis são excessivamente fracos. Embora sejamos fortes, não temos inimizade para conVosco. De um modo ou de outro, tornai-nos Vosso inimigo e realizai Vosso desejo de lutar. Nós, como Vossos servos fiéis, não podemos tolerar nenhuma carência em Vossa satisfação. Diminuí Vossa qualidade de afeição por Vossos devotos e satisfazei nossa oração”.
Caso alguém mentalmente ofenda a posição de semelhantes devotos, ele supera essa ofensa também mentalmente, estudando apropriadamente as escrituras.
Mitigação dos Anarthas Provenientes de Atividades Pecaminosas e de Bhakti
A erradicação dos anarthas oriundos de pecados pretéritos ocorre da seguinte maneira. Eles são quase completamente erradicados (prayiki) no estágio de bhajana-kriya do serviço devocional; são completamente absolvidos (purna) no estágio de estabilidade, o estágio de nome nistha, e são absolutamente destruídos, sem deixar nenhum traço (atyantiki), no estágio de asakti, o estágio de inabalável apego ao serviço devocional.
Os anarthas decorrentes de bhakti são desfeitos da seguinte maneira. Parcialmente desfeitos (eka-desavarttini) no estágio de bhajana-kriya, completamente desfeitos (purna) no estágio de nistha, e absolutamente desfeitos (atyantika) no estágio de ruchi, o estágio de saboreamento do serviço devocional.
Tudo isso foi concluído pelos sábios santos após considerável deliberação sobre o tópico.
A Ciência da Purificação Gradual é Contrária ao Poder Absoluto do Santo Nome?
Alguém talvez objete que os estágios supracitados de extinção dos anarthas não se aplicam aos devotos e cite centenas de versos, como os seguintes, por exemplo:
amhah samharad akhilam sakrdudayad eva sakala-lokasyataranir iva timira-jaladhimjayati jagan-mangalam harer nama
“Assim como o Sol nascente dissipa de imediato toda a imensamente profunda escuridão do mundo, o santo nome do Senhor, mesmo se cantado uma única vez, dissipa todas as reações da vida pecaminosa do ser vivo. Todas as glórias ao santo nome do Senhor, aquele que outorga auspiciosidade a todo o universo”. (Padyavali 16, citado em Chaitanya-charitamritaAntya-lila 3.181)
na hi bhagavann aghatitam idam
tvad-darsanan nrnam akhila-papa-ksayah
yan-nama sakrc chravanat
pukkaso ‘pi vimucyate samsarat
“Meu Senhor, não é impossível que alguém se livre imediatamente de toda contaminação material em razão de ver-Vos. Para não falar da purificação completa que decorre de ver-Vos, a mera audição de Vosso santo nome, mesmo uma única vez, é suficiente para que mesmo os chandalas, os homens da classe mais baixa, livrem-se de toda contaminação do mundo material”. (Srimad-Bhagavatam 6.16.44)
Há também o caso de Ajamila, no qual, simplesmente por proferir a sombra do nome do Senhor (nama-abhasa) uma vez, todos os seus anarthas, até avidya – a ignorância, a causa raiz do condicionamento material –, foram removidos e ele alcançou os pés de lótus do Senhor.
Tudo isso é verdade. Ninguém deve duvidar que o santo nome possui, em todos os casos, esse poder inestimável. A despeito disso, o santo nome, estando descontente com as ofensas cometidas contra ele, recolhe suas potências e não se manifesta completamente. É unicamente essa a razão pela qual tendências pecaminosas ainda persistem. Mesmo enquanto cantam o santo nome com ofensas, entretanto, tais praticantes do serviço devocional jamais são atacados pelos servos da morte, como declara o Srimad-Bhagavatam 6.1.19:
sakrn manah krsna-padaravindayor
nivesitam tad-guna-ragi yair iha
na te yamam pasa-bhrtas ca tad-bhatan
svapne ‘pi pasyanti hi cirna-niskrtah
“Embora não tenham compreendido Krishna plenamente, aqueles que, mesmo que apenas uma vez, renderam-se completamente aos Seus pés de lótus – atraídos, de alguma maneira, por Seu nome, por Sua forma, por Suas qualidades e por Seus passatempos – livraram-se inteiramente de todas as reações pecaminosas, visto que aceitaram o verdadeiro método de redenção. Nem mesmo em sonho essas pessoas veem Yama ou seus lacaios, os quais andam equipados com cordas para amarrar os pecadores”. (Srimad-Bhagavatam 6.1.19)
Yama e seus lacaios”, no verso citado, também pode significar o processo de astanga-yoga, que começa com yama e, então, prossegue com niyama e assim por diante. O significado, então, passa a ser que, para essa pessoa, inexiste a necessidade de outros métodos purificatórios.
Embora o ofensor esteja livre de Yama, o senhor da morte, yamaniyama e outras práticas não podem auxiliá-lo na extirpação dos nama-aparadhas, como declara o Padma Purana, citado no Hari-bhakti-vilasa (11.284):
namno balad yasya hi papa-buddhir
na vidyate tasya yamair hi suddhih
“Cometendo atividades pecaminosas apoiando-se na força do cantar do santo nome, a pessoa é incapaz de purificar-se mesmo que pratique por milhares de anos as regulações que começam com yamaniyama e assim por diante”.
(10) (artigo - superação de obstáculos) Anartha Nivritti (6150) (rev) (ta)7
Assim como o Sol dissipa a escuridão, o santo nome dissipa as reações da vida pecaminosa do ser vivo.
O caso do ofensor que perde a misericórdia do nome é similar a um subordinado que é ofensivo para com seu senhor imensamente rico e poderoso, e consequentemente capaz de providenciar suas necessidades. Devido à sua postura ofensiva, nega-se-lhe o devido cuidado, e ele é tratado com indiferença pelo senhor, em virtude do que empobrece e sofre de aflições de todo tipo. Deve-se entender que, quando um senhor tão capaz negligencia um servo ofensivo, ninguém mais é capaz de ajudá-lo. No entanto, caso o servo novamente volte a si, compreenda os sentimentos internos de seu senhor e, então, se empenhe em agradá-lo, o senhor gradualmente mostra-lhe misericórdia, em proporção ao que o sofrimento do ofensor em reparação é findado. Similarmente, se uma pessoa sinceramente serve os devotos, as escrituras e o mestre espiritual, isso invoca a misericórdia do santo nome, que, em reciprocidade, exonera as tendências pervertidas do devoto. Deste modo, ninguém pode argumentar contra a eliminação gradual dos anarthas.
A Existência de Ofensas se Faz Conhecer por Seus Resultados
É inaceitável que alguém clame jamais ter cometido alguma ofensa contra o santo nome, haja vista que tudo é facilmente discernível por meio de seus resultados, quer sejam resultados de ações recentes ou pretéritas. Caso alguém cante continuamente o santo nome por um longo período e, mesmo assim, os sinais do amor a Deus não se tornem manifestos, podemos entender, então, que a causa disso é a presença de nama-aparadhas, ofensas contra o santo nome. O Srimad-Bhagavatam (2.3.24) explica isso:
tad asma-saram hrdayam batedam
yad grhyamanair hari-nama-dheyaih
na vikriyetatha yada vikaro
netre jalam gatra-ruhesu harsah

“Certamente tem o coração de aço aquele que, a despeito do cantar do santo nome do Senhor com concentração, não muda seu coração, não vê seus olhos encherem-se de lágrimas, nem experimenta arrepios”.
Padma Purana (Brahma-khanda 25.14) traz a seguinte declaração:
ke te ‘paradha viprendranamno bhagavatah krtah
vinighnanti nrnam krtyam
prakrtam hy-anayanti hi
“Ó melhor dos brahmanas, quais são as ofensas contra o santo nome, as quais fazem com que a pessoa perca toda piedade e passe a projetar conceitos materiais em objetos e tópicos transcendentes?”
Em outras palavras, embora ouvir e cantar os santos nomes, as qualidades do Senhor e assim por diante outorgue prema, embora visitar lugares de peregrinação ligados aos passatempos do Senhor conceda a perfeição ao peregrino, e embora honrar regularmente as sobras alimentares do Senhor subjugue os sentidos; a natureza das ofensas contra o santo nome é tão destrutiva que, muitíssimo embora sejam completamente espirituais, essas atividades parecem mundanas para o ofensor. Por resultarem neste fenômeno, podemos entender quão sérios são os nama-aparadhas.
Assustado, alguém talvez pergunte: “O que está sendo dito é que alguém que comete nama-aparadha torna-se avesso ao Senhor e, consequentemente, é incapaz de refugiar-se no mestre espiritual e executar as atividades devocionais?” Sim. Da mesma forma que, durante uma febre intensa, tendo perdido todo apetite por alimento, uma pessoa vê-se impossibilitada de comer; uma pessoa que comete uma ofensa grave perde seu apego por ouvir, cantar e executar atividades devocionais. Não há dúvidas quanto a isso. Contudo, quando a febre, com o tempo, diminui, algum gosto por alimentos se desenvolve. Mesmo então, alimentos nutritivos, como leite e arroz, não podem fornecer plenamente seu poder de nutrição para uma pessoa sofrendo de febre crônica. Eles concedem algum benefício, mas não podem livrar a pessoa de sua condição debilitada. Porém, uma dieta associada a um medicamento pode, com o tempo, restabelecer o indivíduo em sua condição saudável original, a partir do que a potência normal do alimento pode ser utilizada pelo corpo. Analogamente, após um longo período sofrendo os efeitos de aparadha, a intensidade de tais efeitos é reduzida e o devoto desenvolve algum gosto, qualificando-se novamente para bhakti. Mediante repetidas doses de ouvir e cantar do nome do Senhor e mediante a execução de outros processos devocionais, gradualmente tudo é revelado em sua progressão natural, como descrevem os grandes santos:
adau sraddha tatah sadhu-
sango ‘tha bhajana-kriya
tato ‘nartha-nivrittih syat
tato nistha rucis tatah
athasaktis tato bhavas
tatah prema bhyudancati
sadhakanam ayam premnah
pradurbhave bhavet kramah
“No começo, deve-se ter um desejo preliminar para a autorrealização, ou fé (sraddha). Com isso, o indivíduo se sentirá inclinado a associar-se com pessoas espiritualmente elevadas (sadhu-sanga). Na fase seguinte, ele é iniciado pelo mestre espiritual elevado e, sob sua instrução, o devoto neófito começa o processo do serviço devocional (bhajana-kriya). Através da execução do serviço devocional sob a orientação do mestre espiritual, ele se livra de todo o apego material (anartha-nivritti), alcança constância na autorrealização (nistha) e adquire gosto por ouvir sobre a Personalidade de Deus, Sri Krishna (ruchi). Esse gosto continua propiciando o seu avanço, e ele, então, desenvolve apego à consciência de Krishna (asakti), que, ao amadurecer, manifesta-se como bhava, ou a fase preliminar do amor transcendental a Deus. O verdadeiro amor a Deus chama-se prema, e é a mais elevada etapa de perfeição da vida”. (Bhakti-rasamrita-sindhu 1.4.15-16)
Os Devotos Puros São Sempre Protegidos pelo Senhor
Alguns não apenas supõem a presença de nama-aparadhas em virtude da ausência dos sintomas deprema e traços de atividades pecaminosas nos devotos que estão praticando os processos devocionais, como kirtana, mas o fazem também com base na não destruição das reações deprarabdha-karmas passados, o que pressupõem devido à presença de aflições materiais ordinárias. Tal percepção, contudo, pode ser falha; o devoto pode ter tais sintomas que aparentemente indicam um cantar ofensivo embora seu cantar seja, na verdade, livre de ofensas. Ajamila, por exemplo, deu ao seu filho o nome de Narayana e chamou esse nome muitas vezes todos os dias de uma forma que se entende como sendo inofensiva. A despeito disso, ele não manifestou os sintomas de prema, além de também ter sido marcado pela inclinação pecaminosa na forma de relacionar-se com uma prostituta. Outro exemplo é o de Yudhisthira, que, tendo auferido a associação direta do Senhor Supremo, certamente estava livre das reações cármicas do passado. Malgrado isso, Yudhisthira teve de sofrer muitas adversidades materiais.
Essa conclusão filosófica pode, por fim, ser explicada pela analogia das árvores frutíferas, as quais dão fruto após certo período de tempo, não a qualquer momento, nem imediatamente após serem plantadas. Similarmente, um devoto abençoado pelo santo nome por causa de sua devoção é encharcado pela misericórdia do santo nome, mas no devido momento.
No atinente às reações pecaminosas acumuladas devido a maus hábitos do passado, nada disso tem efeito sobre o devoto, tais reações sendo como a mordida de uma serpente sem presas. Deve-se entender, por conseguinte, que as doenças, lamentações e outros sofrimentos pelos quais um devoto é submetido nada têm a ver com reações pecaminosas passadas (prarabdha). O Senhor Supremo declara:
sri-bhagavan uvaca
yasyaham anugrhnami
harisye tad-dhanam sanaih
tato ‘dhanam tyajanty asya
svajanaduhkha-duhkhitam
“Se favoreço alguém de modo especial, Eu gradualmente o privo de sua riqueza. Então, os parentes e amigos de tal homem pobre o abandonam, e, desta maneira, ele aflige-se repetidamente”. (Srimad-Bhagavatam 10.88.8)
O Senhor declara também:
nirdhanatva-maharogomad anugraha-laksanam
“A terrível aflição conhecida como pobreza é, na verdade, um sinal de misericórdia”.
Destarte, o Senhor, pensando no bem-estar de seus devotos; a fim de ampliar sua humildade e avidez pelo Senhor, concede-lhes Sua misericórdia na forma de toda sorte de sofrimentos. Deve-se saber, portanto, que o sofrimento de um devoto inofensivo não é efeito da frutificação de ações pecaminosas pretéritas.
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