Ciberalfabetização: um projeto pedagógico de Geografia | |
Maria Terêsa da Silva Abreu Professora de Geografia e aluna do curso de extensão Geografia da exclusão social e cidades digitais no Brasil, Consórcio Cederj Um rio cheio de braços e afluentes e uma rede de drenagem de informações, dentro de uma realidade de exclusão digital Sociedade do conhecimento em evolução Este projeto de trabalho foi direcionado para adolescentes do segundo segmento do ensino fundamental, mas nada impede que também seja repassado a qualquer grau de ensino, desde que a clientela seja identificada no perfil de exclusão digital. Desta forma incluo neste grupo os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), ou ainda membros da comunidade, que em horários alternativos queiram participar do curso. Pretendemos oferecer aos freqüentadores do curso uma compreensão das tecnologias da informação sem necessariamente dispormos da tecnologia em si, de imediato. Pois o vocabulário já usado por muitos indica uma predisposição de entendimento das transformações por que vêm passando as noções de tempo e espaço, que sempre foram de grande interesse da Geografia. Por isso esta oficina tem como foco o ciberespaço, e será oferecida por professores de Geografia e Língua Inglesa (idioma oficial da Internet). Nossa intenção é a alfabetização digital, que capacitará a transformação do pensamento analógico de nossos ciberexcluídos em crescente raciocínio digital, sabendo como usar, pelo menos, a linguagem das novas tecnologias da informação. Partindo das referências de contos orientais, podemos perceber que nossos problemas começam a ser resolvidos à medida que tomamos conhecimento deles. Assim, não começaremos uma caminhada de 1.000 quilômetros se não houver o primeiro passo. Esse primeiro passo é a nossa proposta. Estamos diante de um instante (muito mais rápido do que um momento) em que os tempos verbais estão trocados, e sem medo errar podemos dizer que o futuro foi ontem. Não há mais tempo a perder, pois o tempo no mundo digital nem existe realmente. Por isso percebemos o que nossos jovens já nos avisavam: “Fui!”. Em sua forma popular de interpretar a aceleração desenfreada da sociedade da informação. Desta forma, nas vozes populares já se observam ditos que nos parecem misturar a rapidez do papa-léguas do desenho animado com um não sei o quê de “sem papas na língua”, como se fossem um grito de alerta à exclusão e que muitos não querem ouvir. "Tá ligado?". A formatação dessas novas expressões denota claramente, a meu ver, um pedido de socorro a fazer eco dentro de nossas consciências. Ou desvendamos os mistérios destes novas tecnologias para nossos alunos ou estas mesmas tecnologias os deixarão piratas cegos num mundo sem lei. Não serão os terroristas excluídos gritando pela inclusão? Não são seus carros-bomba megafones para uma sociedade surda aos seus apelos? Acreditamos que já passou da hora de, pelo menos, acelerar-se a ciberalfabetização. Esta é apenas uma iniciativa de executar na prática esta idéia. Em nossa comunidade escolar, embora esteja inserida num contexto onde a cibercultura invade sua linguagem e seu cotidiano imaginário, poucos são os contatos reais com a tecnologia e seus conceitos. Assim, esses contatos restringem-se às caixas registradoras de grande supermercados, códigos de leitura ótica, ou aos caixas dos bancos 24 horas. Nosso incentivo é criar uma saída rápida, barata e prática para iniciar este tipo de alfabetização, pois quando a tecnologia estiver disponível nossos jovens já saberão muito bem para que serve, qual proveito tirar e como se capacitar através dela. E ficarmos apenas tontos com o rápido suceder dos fatos e conceitos das tecnologias da informação e deixarmo-nos levar pelo espanto infrutífero, não cairemos “na real”, onde o espaço virtual é rei. Depois será tarde demais para dizer “rei morto, rei posto” pois este reino não mais estará disposto a ouvir o que ficou para trás. Se estivermos perdidos no ciberespaço, jamais cairemos no chamado mundo “real” de nossos jovens. Assim, se não podemos dispor de um PC para cada aluno, nada nos impede de fazê-los dominar essa linguagem específica, pois a internet é uma realidade que não tem volta. Dominar sua linguagem que nos chega aos borbotões, através de jornais, tv, cinema, músicas etc. é desmembrar a máquina compactada de todas as mídias que é o computador e procurar pelo menos entendê-la, e isso é possui-la um pouco, antes que possamos tê-la disponível em nossas mãos. Conhecer os principais signos das tecnologias da informação é uma questão, a meu ver, de segurança nacional, responsabilidade social e sustentabilidade planetária. Programa rápido para uma aula de 120 minutos: @ O que é a linguagem digital? @ Rápido histórico das tecnologias da informação @ Coordenadas do ciberespaço @ Rede de computadores / Redes sociais de ajuda / Associação de moradores @ Igrejas / Escola / Cooperativas / ONGs etc. @ Confecção de uma Home Page em papel ("se eu não tenho link, tenho leque") @ Pesquisa: onde encontrar internet grátis? Ex.: Biblioteca Nacional @ Visita rápida pelos principais teóricos da cibercultura. Ex.: Pierre Lévy |
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