Fabiano Accorsi/ÉPOCA |
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São flashes rapidíssimos que alertam sobre um perigo, indicam uma saída para um impasse profissional, dão pistas de como contornar uma briga amorosa. São segundos da mais legítima intuição, que, para os já treinados, ajudam a encontrar soluções. Os céticos acreditam que essas impressões instantâneas são apenas frutos da imaginação. Para o americano Malcolm Gladwell, contudo, são uma forma de ratificar a fama de bom escritor e guru de executivos. O autor do recém-lançado Blink: the Power of Thinking without Thinking (algo como Em um Piscar de Olhos: o Poder de Pensar sem Pensar, ainda sem tradução em português) está fazendo enorme sucesso nos Estados Unidos porque revela, por meio de uma série de histórias saborosas, que basta prestar atenção a preciosos ''dois segundos'' para tomar boas decisões.
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INSPIRAÇÃO Depois de deixar o cabelo crescer e ser alvo de preconceito, Malcolm Gladwell teve um insight e passou a estudar a intuição |
Jornalista de 41 anos, Gladwell tornou-se o queridinho dos empresários americanos depois de publicar seu primeiro livro, The Tipping Point (algo como O Ponto Crucial). Nele, argumentava que idéias, produtos e comportamentos se tornam populares graças à propaganda boca a boca. E traçava um perfil de pessoas que ''criam'', ''aceleram'' e ''terminam'' os modismos. O livro ficou 28 semanas na lista dos mais vendidos e suas idéias foram incorporadas tanto por empresas (Starbucks e HP) quanto por universidades de renome, como a Columbia de Nova York. A idéia de Blink surgiu como um insight depois que Gladwell, de ascendência africana, deixou o cabelo crescer no estilo black power. ''Passei a receber multas por excesso de velocidade sem ter mudado meu estilo de dirigir. Um dia, fui cercado por policiais que me confundiram com um marginal'', explica ele. ''Aos poucos, descobri como a aparência provoca uma intuição negativa nas pessoas. E que, se pode ser percebida de forma preconceituosa, ela é também um elemento fundamental na tomada de decisões - profissionais, pessoais, amorosas.'' No livro, o guru baseia-se em estudos científicos e conta casos verídicos para explicar o processo intuitivo . Oferece também dicas de como estimular a intuição.
Chamada de sexto sentido, a intuição é um atributo inerente a todas as pessoas. Não é mais feminino que masculino, embora se cultive a idéia de que as mulheres são mais intuitivas que os homens. Não é um tipo de inspiração divina, portanto não é preciso ser místico nem religioso para acreditar nela. ''A intuição é o conhecimento que surge sem o uso da lógica ou da razão'', explicou a psicóloga americana Sharon Franquemont em entrevista a ÉPOCA. ''Ela aparece de formas diferentes, como sonhos, visões diurnas, sensações corporais, conhecimento puro, insights e criatividade'', diz Sharon, que estuda o assunto há 33 anos, já deu consultoria para empresas como Intel, AT&T e Procter & Gamble e escreveu o livro Você já Sabe o Que Fazer.
Maurilo Clareto/ÉPOCA |
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RAPIDEZ Em 60 segundos, Iêda Novais faz a primeira avaliação do executivo |
Intuição vem do latim intueri, que significa dar uma olhada. A explicação mais simples é de que os insights não passam de modus operandi do cérebro. ''Esse órgão é uma máquina de extrair padrões e, com base neles, faz antecipações de acordo com o aprendizado, com a experiência'', diz a neurocientista Suzana Herculano-Houzel, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É importante distinguir intuição de sorte. Um goleiro pode ter a sorte de cair para o lado certo e pegar o pênalti. Mas pode usar sua intuição, proveniente de anos de experiência, e se jogar para o lado que acredita ser o correto. Nesse caso, pegar o pênalti não vai ser obra do acaso ou adivinhação. É um pressentimento baseado no conhecimento - como se processa a intuição.
O córtex órbito-frontal é a região onde ocorrem as intuições e é uma das últimas estruturas do cérebro a amadurecer. ''Isso explica por que os adolescentes tomam decisões sem pensar tanto nas conseqüências'', justifica Suzana. Através de suas pesquisas, o psicólogo americano Daniel Goleman, autor do livro Inteligência Emocional, demonstrou que os neuropeptídios - proteínas sintetizadas pelos neurônios - encontrados no estômago são similares àqueles do cérebro. Quando alguém afirma, então, que suas ''entranhas'' apontaram o que deveria ser feito, não está usando mera figura de linguagem. ''Está expressando a verdade'', constata Sharon Franquemont.
A INTUIÇÃO DE JUNG |
Para o psicanalista Carl Jung, a intuição é uma das quatro maneiras de o homem entender a realidade. As outras são sensação, pensamento e sentimento. Segundo Jung, a intuição utiliza a psique para discernir sobre fatos e pessoas. Veja as características de um ser intuitivo listadas por ele |
observa holisticamente | confia nos pressentimentos |
é consciente do futuro | imaginativo |
visionário |
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