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quinta-feira, 22 de maio de 2008

Jacques Lacan



Jacques Lacan

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Jacques-Marie Émile Lacan
Nascimento 13 de Abril de 1901
Paris, França
Falecimento 9 de Setembro de 1981
Paris
Nacionalidade Francês
Ocupação Psicanalista, filósofo
Escola/tradição Estruturalismo, Pós-estruturalismo
Principais interesses Psicanálise, Filosofia, Antropologia, Literatura, Lingüística, Topologia
Idéias notáveis Matema, Real/Simbólico/Imaginário, Foraclusão, Gozo, Estágio do espelho, Objeto a, Autonomia do Significante, Fórmulas da Sexuação, Os quatro discursos, O passe, Tempo Lógico
Influências Freud, Clérambault, Saussure,Hegel, Martin Heidegger, Jakobson, Émile Benveniste, Lévi-Strauss, Kojève, Georges Bataille
Influenciados Žižek, Althusser, Guattari, Badiou, Miller, Kristeva

Críticos:Gilles Deleuze, Félix Guattari, Jacques Derrida, Jean Laplanche, André Green

Jacques-Marie Émile Lacan (Paris, 13 de abril de 1901 — Paris, 9 de setembro de 1981) foi um psicanalista francês.
Formado em Medicina, passou da neurologia à Psiquiatria, tendo sido aluno de Gatian de Clérambault. Teve contato com a psicanálise através do surrealismo e, a partir de 1951, afirmando que os pós-freudianos haviam se desviado do sentido da obra freudiana, propõe um retorno a Freud. Para isso, utiliza-se da lingüística de Saussure (e posteriormente de Jakobson e Benveniste) e da antropologia estrutural de Lévi-Strauss, tornando-se importante figura do Estruturalismo. Posteriormente encaminha-se para a Lógica e para a Topologia. Seu ensino é primordialmente oral, dando-se através de seminários e conferências. Em 1966 foi publicada uma coletânea de 34 artigos e conferências, os Écrits (Escritos). A partir de 1973 inicia-se a publicação de seus 26 seminários, sob o título Le Séminaire (O Seminário).

Pensamento

Sua primeira intervenção na Psicanálise é para situar o Eu como instância de desconhecimento, de ilusão, de alienação, sede do narcisismo. É o momento do Estádio do Espelho. O Eu é situado no registro do Imaginário, juntamente com fenômenos como amor, ódio, agressividade. É o lugar das identificações e das relações duais. Distingue-se do Sujeito do Inconsciente, instância simbólica. Lacan reafirma, então, a divisão do sujeito, pois o Inconsciente seria autônomo com relação ao Eu. E é no registro do Inconsciente que deveríamos situar a ação da Psicanálise.

Esse registro é o do Simbólico, é o campo da linguagem, do significante. Lévi-Strauss afirmava que "os símbolos são mais reais que aquilo que simbolizam, o significante precede e determina o significado”, no que é seguido por Lacan. Marca-se aqui a autonomia da função simbólica. Este é o Grande Outro que antecede o sujeito, que só se constitui através deste - "o inconsciente é o discurso do Outro", "o desejo é o desejo do Outro".

O campo de ação da psicanálise situa-se então na fala, onde o inconsciente se manifesta, através de atos falhos, esquecimentos, chistes e do relato dos sonhos, enfim, naqueles fenômenos que Lacan nomeia como "formações do inconsciente". A isto se refere o aforismo lacaniano "o inconsciente é estruturado como uma linguagem".

O Simbólico é o registro em que se marca a ligação do Desejo com a Lei e a Falta, através do Complexo de Castração, operador do Complexo de Édipo. Para Lacan, "a lei e o desejo recalcado são uma só e a mesma coisa". Lacan pensa a lei a partir de Lévi-Strauss, ou seja, da interdição do incesto que possibilita a circulação do maior dos bens simbólicos, as mulheres. O desejo é uma falta-a-ser metaforizada na interdição edipiana, a falta possibilitando a deriva do desejo, desejo enquanto metonímia. Lacan articula neste processo dois grandes conceitos, o Nome-do-Pai e o Falo. Para operar com este campo, cria seus Matemas.


É na década de 1970 que Lacan dará cada vez mais prioridade ao registro do Real. Em sua tópica de três registros, Real, Simbólico e Imaginário, RSI, ao Real cabe aquilo que resiste a simbolização, "o real é o impossível","não cessa de não se inscrever". Seu pensamento sobre o Real deriva primeiramente de três fontes: a ciência do real, de Meyerson, da Heterologia, de Bataille, e do conceito de realidade psíquica, de Freud. O Real toca naquilo que no sujeito é o "improdutivo", resto inassimilável, sua "parte maldita", o gozo, já que é "aquilo que não serve para nada". Na tentativa de fazer a psicanálise operar com este registro, Lacan envereda pela Topologia, pelo Nó Borromeano, revalorizando a escrita, constrói uma Lógica da Sexuação ("não há relação sexual", "A Mulher não existe"). Se grande parte de sua obra foi marcada pelo signo de um retorno a Freud, Lacan considera o Real, junto com o Objeto a ("objeto ausente"), suas criações.

Cronologia

  • 1901: Nasce em Paris, no dia 13 de abril, Jacques-Marie Émile Lacan, primeiro filho de uma próspera família católica.
  • 1907: Nascimento de seu irmão, Marc-Marie, que mais tarde entrará para a ordem dos beneditinos como o nome de Marc-François.
  • 1919: Matricula-se na faculdade de medicina. Paralelamente estuda literatura e filosofia, aproximando-se dos surrealistas.
  • 1928: Trabalha como interno da Enfermaria Especial para alienados da Chefatura de Polícia, dirigida por Gaëtan Gatian Clérambault, que mais tarde reconhecerá como seu único mestre na psiquiatria.
  • 1931: Após examinar Marguerite Pantaine, que havia tentado assassinar a atriz Huguette Duflos, escreve sobre o episódio (conhecido como "Caso Aimée") uma monografia que está na gênese de sua tese de doutorado.
  • 1932: Inicia sua análise com Rudolf Loewenstein. Defende a sua tese de doutorado, Da psicose paranóica em suas relações com a personalidade.
  • 1934: Casa-se com Marie-Louise Blondin, com quem terá três filhos. Caroline (1937), Thibault (1939) e Sybille (1940).
  • 1936: Sua comunicação sobre o estádio do espelho, durante congresso da Associação Internacional de Psicanálise (IPA) em Marienbad, é interrompida no meio por Ernest Jones, discípulo e biógrafo de Freud.
  • 1938: Inicia relações com Sylvia Bataille, ex-mulher do escritor e filósofo Georges Bataille. Torna-se membro da Sociedade Psicanalítica de Paris (SPP).
  • 1941: Separa-se de Marie-Louise. Nasce Judith Sophie, filha de Lacan com Sylvia.
  • 1951: Sua técnica de sessões curtas gera controvérsias na SPP. Dá início aos Seminários, uma série de apresentações orais que constituirão o núcleo de seu trabalho teórico.
  • 1953: Em meio à crise na SPP, faz conferências fundamentais como "O mito individual do neurótico" (em que utiliza pela primeira vez a expressão Nome do Pai), "O real, o simbólico e o imaginário" (que coloca suas teorias sob o signo do "retorno a Freud") e "Função e campo da palavra e da linguagem em psicanálise" (pronunciada em Roma). Deixa a SPP junto com Daniel Lagache, Françoise Dolto e outros 40 analistas. Funda a Sociedade Francesa de Psicanálise (SFP). Realiza o seminário Os escritos técnicos de Freud, primeiro a ser registrado por estenotipista, possibilitando posterior publicação.
  • 1963: A IPA admite a filiação da SFP.
  • 1964: Lacan funda a Escola Freudiana de Paris (EFP) com antigos alunos como Françoise Dolto, Maud e Octave Mannoni, Serge Leclaire, Moustapha Safouan e François Perrier.
  • 1966: Publicação de Escritos e criação da coleção Campo Freudiano, dirigida por Lacan.
  • 1967: Propõe a criação do "passe", dispositivo regulador da formação do analista.
  • 1968: Lançamento da revista Scilicet, do Campo Freudiano.
  • 1973: Publicação da transcrição do Seminário XI, Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise, realizado em 1964. A partir daí, os seminários passam a ser editados segundo esse procedimento. Caroline morre num acidente de automóvel.
  • 1975: Lançamento de Ornicar?, boletim do Campo Freudiano.
  • 1980: Anuncia a dissolução da EFP e funda em outubro a Escola da Causa Freudiana.
  • 1981: Morre em Paris no dia 09 de setembro.

O Seminário

  • Seminário 1 - “Os escritos técnicos de Freud” (1953-54)
  • Seminário 2 - “O eu na teoria de Freud e na técnica da psicanálise” (1954-55)
  • Seminário 3 - “As psicoses” (1955-56)
  • Seminário 4 - “A relação de objeto” (1956-57)
  • Seminário 5 - “As formações do inconsciente” (1957-58)
  • Seminário 6 - “Les désir et son interprétation” (1958-59)
  • Seminário 7 - “A ética da psicanálise” (1959-60)
  • Seminário 8 - “A transferência” (1960-61)
  • Seminário 9 - “L’identification” (1961-62)
  • Seminário 10 - “A Angústia” (1962-63)
  • Seminário 11 - “Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise” (1963-64)
  • Seminário 12 - “Problèmes cruciaux pour la psychanalyse” (1964-65)
  • Seminário 13 - “L’objet de la psychanalyse” (1965-66)
  • Seminário 14 - “La logique du fantasme” (1966-67)
  • Seminário 15 - “L’acte psychanalytique” (1967-68)
  • Seminário 16 - “D’un Autre à l’autre” (1968-69)
  • Seminário 17 - “O avesso da psicanálise” (1969-70)
  • Seminário 18 - “D’un discours qui ne serait pás du semblant” (1970-71)
  • Seminário 19 - “...Ou pire” (1971-72)
  • Seminário 20 - “Mais, ainda” (1972-73)
  • Seminário 21 - “Les non-dupes errent” (1973-74)
  • Seminário 22 - “R.S.I.” (1974-75)
  • Seminário 23 - “O Sinthoma” (1975-76)
  • Seminário 24 - “L’insu que sait de l’une bévue s’aile à mourre” (1976-77)
  • Seminário 25 - “Le moment de conclure” (1977-78)
  • Seminário 26 - “La topologie et le temps” (1978-79)

Escritos

  • Abertura desta coletânea
  • O seminário sobre "A carta roubada"
  • De nossos antecedentes
  • Para-além do "Princípio de realidade"
  • O estádio do espelho como formador da função do eu
  • A agressividade em psicanálise
  • Introdução teórica às funções da psicanálise em criminologia
  • Formulações sobre a causalidade psíquica
  • O tempo lógico e a asserção de certeza antecipada
  • Intervenção sobre a transferência
  • Do sujeito enfim em questão
  • Função e campo da fala e da linguagem em psicanálise
  • Variantes do tratamento-padrão
  • De um desígnio
  • Introdução ao comentário de Jean Hyppolite sobre a " Verneinung" de Freud
  • Resposta ao comentário de Jean Hyppolite sobre a " Verneinung" de Freud
  • A coisa freudiana
  • A psicanálise e seu ensino
  • Situação da psicanálise e formação do psicanalista em 1956
  • A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud
  • De uma quesiao preliminar a todo tratamento possível da psicose
  • A direção do tratamento e os princípios de seu poder
  • Observação sobre o relatório de Daniel Lagache: "Psicanálise e estrutura da personalidade"
  • A significação do falo
  • À memória de Ernest Jones: Sobre sua teoria do simbolismo
  • De um silabário a posteriori
  • Diretrizes para um Congresso sobre a sexualidade feminina
  • Juventude de Gide ou a letra e o desejo
  • Kant com Sade
  • Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiano
  • Posição do inconsciente
  • Do "Trieb" de Freud e do desejo do psicanalista
  • A ciência e a verdade
  • Comentário falado sobre a "Verneinung" de Freud, por Jean Hyppolite
  • A Metáfora do Sujeito

Bibliografia

LACAN, Jacques

Tese

  • Da psicose paranóica em suas relações com a Personalidade. Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1987

Coletâneas

  • Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998. 937 p.
  • Outros Escritos”. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003
  • Escritos. São Paulo, Perspectiva, 1978 (versão parcial)
  • Shakespeare, Duras, Wedekind, Joyce. Lisboa: Assírio & Alvim, 1989. "Hamlet por Lacan" ; "Homenagem a Marguerite Duras", ; "O despertar da primavera" (1974), ; "Joyce o sintoma",
  • Meu Ensino. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2006 • Conferências: "Lugar, origem e fim do meu ensino", "Meu ensino, sua natureza e seus fins", "Então, vocês terão escutado Lacan"
  • Nomes-do-Pai - Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2005.Conferências:"O simbólico, o imaginário e o real" e "Introdução aos Nomes-do-Pai"

Seminários publicados

  • O Seminário – Livro 1 – Os Escritos Técnicos de Freud. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1979
  • O Seminário – Livro 2 - O Eu na Teoria de Freud e na Técnica da Psicanálise. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1985.
  • O Seminário – Livro 3 - As Psicoses, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit. 1985.
  • O Seminário – Livro 4 - A Relação de Objeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1995.
  • O Seminário – Livro 5 - As formações do inconsciente, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Edit. 1999
  • O Seminário – Livro 7 - A ética da psicanálise, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit. 1991.
  • O Seminário – Livro 8 - A transferência, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit. 1992.
  • O Seminário - Livro 10 - A Angústia ,Rio de Janeiro, Jorge Zahar Edit, 2005
  • O Seminário – Livro 11 - Os Quatro Conceitos Fundamentais da Psicanálise, São Paulo, Jorge Zahar Editor, 1979.
  • O Seminário – Livro 17 - O Avesso da Psicanálise, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1992.
  • O Seminário – Livro 20 - Mais, Ainda. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editores, 1982.
  • O Seminário - Livro 23 - O sinthoma. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editores, 1982

Conferências, aulas de seminários, artigos

  • O mito individual do neurótico: Seminário 0 [O Homem dos ratos], Lisboa: Assírio & Alvim, 1987. 76 p. , (O homem dos ratos)
  • Televisão, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1993
  • Hamlet, por Lacan, Campinas, São.Paulo, Escuta Editora / Liubliú Livraria Editora / UNICAMP, 1986
  • Os complexos familiares na formação do indivíduo: ensaio de análise de uma função em psicologia. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1997
  • Triunfo da Religião - Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2005

LACAN, Jacques et al.

  • A querela dos diagnósticos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1989, Artigo: "A Psiquiatria Inglesa e a Guerra"

Referências

Obras de caráter introdutório

  • Meu Ensino - Jacques Lacan, Jorge Zahar Editor
  • Lacan - Gérard Miller, (org.),Jorge Zahar Editor
  • Lacan - Alain Vanier, Estação Liberdade
  • Percurso de Lacan, uma introdução - Jacques-Alain Miller, Jorge Zahar Editor
  • Lacan,O Grande Freudiano - de Marco A. Coutinho Jorge e Nadiá P. Ferreira, Jorge Zahar Editor
  • Cinco lições sobre a teoria de Jacques Lacan - J.-D. Nasio, Jorge Zahar Editor
  • A negação da falta, 5 seminários sobre Lacan para analistas kleinianos - Marcio Peter de Souza Leite, Relume-Dumará
  • Jacques Lacan, uma biografia intelectual - Oscar Cesaroto e Marcio Peter de Souza Leite, Iluminuras
  • Introdução à leitura de Lacan - Oscar Masotta, Papirus
  • Lacan, a trajetória de seu ensino - Marcelle Marini, Artes Médicas
  • Revista Viver Mente&Cérebro - Edição Especial, Coleção Memórias da psicanálise, nº 4.

Instituições

Rio de Janeiro

Ligações externas

Obtido em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Jacques_Lacan"


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