Por: Romário Evangelista Fernandes.
Resumo:
O
presente artigo aborda a vida e obra de um dos teóricos da sociologia
mais importantes. Disputando lugar com Karl Marx e Emili Durkheim, o
alemão Max Weber, que nasceu na cidade de Erfurt, inicia sua vida
acadêmica em Heidelberg no direito, mais além disso ele estuda historia,
economia e filosofia. Uma de suas obras mais conhecidas é; “Ética protestante e o espirito do capitalismo”,
onde ele analisa que o estilo de vida dos protestantes contribui-o para
o desenvolvimento do capitalismo. Weber desenvolveu seu pensamento
observando o próprio individuo, para ele o individuo é o responsável
pela ação social, diferente do que pregava o positivismo. Para ele ação
social é a conduta humana dotada de sentido, onde o individuo age levado
por motivos que resultam da influência da tradição, dos interesses
racionais e da emotividade. A tarefa do cientista é descobrir os
possíveis sentidos das ações humanas presentes na realidade social que
lhe interesse estudar. É de Weber o método de construção conhecido como
tipo ideal. Para se chegar ao entendimento destes sentidos Weber
desenvolve um instrumento de construção teórica que serve de modelo
abstrato para a analise de casos concretos que fazem parte da realidade.
A pesquisa feita pelo cientista deve se baseada nesse tipo ideal.
Diferente do pensamento de Durkheim, que afirmava que o cientista
deveria agir com neutralidade em sua pesquisa sociológica, pois a
sociedade não passava de um objeto de estudo. Weber acreditava que o
cientista como todo individuo age guiado por motivos, sua cultura, sua
tradição. Qualquer que seja a perspectiva adotada por um cientista, ela
será sempre parcial, porém Weber alerta para que a pesquisa não venha
ser influenciada pelos pressupostos do cientista. A contribuição de
Weber é bastante relevante a ciência das sociedades.
Palavra Chave: sociologia, sociedade, Weber, pesquisa;
Introdução.
No
período em que a Alemanha se unifica e se organiza como estado nacional
mais tardiamente que os conjuntos das nações da Europa, o que atrasa a
sua corrida industrial e imperialista a segunda metade do século XIX.
Esse descompasso em relação às grandes potências vizinhas fez elevar no
pais interesse pela historia
como ciência da integração, da memoria e do nacionalismo. Por isso o
pensamento alemão se volta para a diversidade, enquanto o francês e o
inglês[ii], para a universalidade.
A
sociologia Alemã segue por outros caminhos metodológicos, nesse ponto o
pensamento sociológico alemão se preocupa com o estudo da diferença,
características de sua formação politica e de seu desenvolvimento
econômico. Cristina Costa acresce ainda que “a herança puritana com seu apego à interpretação das Escrituras e livros sagrados” influência no pensamento alemão (COSTA, 1997, p. 70).[iii]
Esse tipo de associação entre a historia e o esforço interpretativo e
facilidade em discernir diversidades caracteriza o pensamento alemão e
quase todos os seus cientistas.
A
sociologia alemã neste contexto teve como seu sistematizador, o alemão
Max Weber. Ele foi o grande pensador da sociologia alemã, considerado
fundador de uma das três vertentes fundamentais da sociologia moderna,
disputando espaço com as formulações teóricas de Karl Marx e Emile
Durkheim.
VIDA E OBRA.
Max
Weber nasceu em 21 de abril de 1864, na cidade de Erfut (Alemanha). Max
era o primogênito dos oito filhos da família Weber. Seu pai, era
jurista e politico influente do partido Nacional-Liberal, transformou
sua casa em um fórum permanente de discursão da vida nacional,
frequentado por muitos políticos e intelectuais. Sua mãe era protestante
e, ao contrario do marido, era introspectiva e metódica e extremamente
moralista. De ambos teria herdado o seu estilo de vida paradoxal.
Aos
18 anos ingressa na Faculdade de Heidelberg, mas teve que interromper
os estudos por um ano ao serviço militar obrigatório. Sua formação
acadêmica foi vastíssima além de estudar direito, enveredou-se pelos
estudos de historia, economia, filosofia e teologia.
No ano de 1895 inicia a sua carreira de professor em Berlim, como ao mesmo tempo servia de assessor do governo. Durante
um tempo, entre 1900 e 1918, ficou afastado do magistério por conta de
um colapso nervoso. No período que ficou afastado, colaborou em diversos
jornais alemães e realizou diversas pesquisas.
Talvez a obra mais significativa de Weber seja; Ética Protestante e o Espirito do Capitalismo. A
tese geral da obra gira em torno do seguinte pensamento: há algo no
estilo de vida daqueles que professam o protestantismo que favorece o
espirito do capitalismo. Neste livro o autor se dedica a comprovar essa
tese na seguinte analise:
1. O
ascetismo cristão observou Weber, provocava uma adequação ao mercado de
trabalho. Os cristãos protestantes puritanos ao renunciarem os prazeres
do mundo se voltavam para o trabalho acumulando o capital e
reinvestindo de forma produtiva.
2. A
relação entre a religião e a sociedade não se da por meios
institucionais, mas por valores introjetados nos indivíduos e
transformados em motivos da ação social[iv].
Weber via que a motivação do protestante era sua consciência de vocação
para o trabalho, como fim absoluto em si mesmo, e não o ganho material
obtido por meio dele.
3. É
observado que os protestantes viam a necessidade de exercer o trabalho
de forma mais metódica possível, com o maior grau de racionalização,
otimizando os recursos e maximizando os resultados, como era compatível
com a conduta dos eleitos, que não estavam em busca do reconhecimento
neste mundo, mas de realizar o que é agradável a Deus. Sobre isso ele
escreve: “...tentou penetrar
exatamente naquela rotina diária com sua meticulosidade e amoldá-la a
uma vida racional, mas não deste mundo, nem para ele...” (WEBER, 2005, p. 76)[v].
Em
suma Weber chega à conclusão que ao ascetismo intramundano praticado
pelos puritanos, com seu elevado grau de racionalização engendrou o
espirito do capitalismo, produzindo empresários e trabalhadores ideais
para a consolidação de uma nova ordem social. A ética protestante e o
espirito do capitalismo, ainda é uma das abras que mais se destacam,
pelo seu método de analise.
PENSAMENTO.
O
pensamento de Weber é um verdadeiro contraste ao positivismo, isso por
questão de contesto como vimos na introdução. Weber desenvolveu seu
pensamento em cima do método de “compreensão”. Ele procurou compreender o
individuo, pois para Weber é o individuo que dá sentido a ação social.
Veremos três aspectos do seu pensamento.
a. A ação social: uma ação com sentido.
No
pensamento weberiano o homem passou a ter significado e especificidade.
É ele que dá sentido a sua ação social, ele é responsável por
estabelecer a conexão entre o motivo[vi] da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos.
Para
a sociologia positivista, a ordem social submete os indivíduos como
força exterior a eles. Weber pensa diferente, não existe oposição entre
individuo e sociedade: as normas sociais só se tornam concretas quando
se manifestam em cada
individuo sob a forma de motivação, ou seja, o motivo orienta a ação do
individuo. O motivo que transparece na ação social permite desvendar o
seu sentido, que é social na medida em
que cada individuo age levando em conta a resposta ou a reação de outro
indivíduos. Por exemplo, o simples ato de enviar uma carta se decompõe
em uma serie de ações sociais com sentido; escrever, selar, enviar e
receber, que terminam por realizar um objetivo. Por outro lado, muitos
agentes estão relacionados a essa ação social, como por exemplo, o
atendente, o carteiro e etc. Essa interdependência entre os sentidos das
diversas ações, mesmo que orientadas por motivos diversos, é que dá a
esse conjunto de ações seu caráter social. Professora Themis observa: “Só existe ação social quando o individuo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações, com os demais” (ANDREA, 2012, p. 13)[vii].
A parti de sua definição Weber estabelece quatro tipos de ações de acordo com o modo em que os indivíduos se orientam:
- Ação social racional com relação á fins: A ação é estritamente racional. Tornando-se um fim e este é, então, racionalmente buscado. Há à escolha dos melhores meios para se realizar um fim.
- Ação racional com relação a valores: Não é o fim que orienta a ação, mas o valor seja este ético, religioso, politico ou estético.
- Ação social efetiva: A conduta é motivada por sentimentos, tais como orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja, medo, etc...
- Ação social tradicional: Tem como fonte motivadora os costumes ou hábitos arraigados.
Deve-se esclarecer que a ação social weberiana não é o mesmo que relação social.
Pois para que se estabeleça uma relação social, é preciso que o sentido
seja compartilhado. Por exemplo, um sujeito que pede uma informação a
outro estabelece uma ação social: ele tem um motivo e age em relação a
outro individuo, mas, tal motivo não é compartilhado. Numa sala de aula,
onde o objetivo da ação dos vários sujeitos é compartilhada, existe uma
relação social.
b. O tipo ideal.
Para atingir os fatos sociais, Weber propôs um instrumento de analise que chamou de tipo ideal. Trata-se de uma construção teórica abstrata a partir dos casos particulares estudados.
O
tipo ideal serve de modelo para a analise de casos concretos, realmente
existentes. Observe o exemplo da sua definição do patrício romano no
auge do império na obra As causas sociais da cultura antiga:
“O
tipo do grande proprietário de terra romano não é o do agricultor que
dirige pessoalmente a empresa, mas é o homem que vive na cidade, pratica
a politica e quer, antes de tudo, receber rendas em dinheiro. A gestão
de suas terras está nas mãos dos servos inspetores” (COSTA, apud, WEBER,
p.75, 1992)
Na
concepção de Weber o tipo ideal é um instrumento de análise sociológica
para o apreendimento da sociedade por parte do cientista social com o
objetivo de criar tipologias puras, destituídas de tom avaliativo, de
forma a oferecer um recurso analítico baseado em conceitos, como o que é
religião, burocracia, economia, capitalismo, dentre outros.
c. A tarefa do cientista.
A
tarefa do cientista para Weber era descobrir os possíveis sentidos da
ação humana. Sua meta é compreender, buscar os nexos causais que deem o
sentido da ação social. Aqui Weber discorda de Durkheim, que considerava
a sociedade como objeto de estudo do cientista, sendo assim ele deveria
ser imparcial com relação à sociedade (agir com neutralidade).
Weber
dizia que o cientista, como todo individuo em ação, age guiado por seus
motivos, sua cultura, sua tradição. Qualquer que seja a perspectiva
adotada pelo cientista, ela será sempre parcial. Mas Weber não descarta a
objetividade na analise dos acontecimento, pois a tarefa cientifica não
deveria ser dificultada pelas crenças religiosas e ideias do cientista.
Conclusão.
Weber teve uma contribuição importantíssima para o desenvolvimento da sociologia. Observe as palavras de Cristina Costa:
“...seus
trabalhos abriram as portas para as particularidades históricas das
sociedades e para a descoberta do papel da subjetividade na ação e na
pesquisa social. Weber desenvolveu sua analise de forma mais
independente das ciências exatas e naturais. Foi capaz de compreender a
especialidade das ciências humanas como aquelas que estudam o homem como
um ser diferente dos demais e, portanto, sujeito a leis de ação e
comportamento próprias.”(COSTA, 1997, p. 77).
O pensamento deste sociólogo influenciou muitos outros, como Sombart,[viii]
também um estudioso do capitalismo ocidental. O trabalho de Weber ainda
é de muita relevância para a pesquisa sociológica usando o método de
compreensão.
Referências.
ANDRÉA, Themis., Apostila de Introdução a Sociologia., CTTHG., 2012.
COSTA, Cristina. Introdução a Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2 ed. – São Paulo: Editora Moderna, 1997.
WEBER, Max., A Ética Protestante e o Espirito do Capitalismo (Coleção a obra prima de cada autor)., São Paulo - Ed. Martin Claret., 2005.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Werner_Sombart. Acesso em: 14 de dez. 2012.
[i] O presente artigo é o trabalho exigido na disciplina de Introdução a sociologia.
[ii]
O desenvolvimento da indústria e a expansão marítima e comercial
colocaram esses países em contato com outras culturas e outras
sociedades, obrigando seus pensadores a um esforço interpretativo da
diversidade social. O sucesso alcançado pelas ciências físicas e
biológicas, impulsionadas pela indústria e pelo desenvolvimento
tecnológico, fizeram com que os primeiras escolas sociológicas fossem
fortemente influenciadas pela adaptação dos princípios e da metodologia
dessas ciências à realidade social.
[iii] COSTA, Cristina. Introdução a Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2 ed. – São Paulo: Editora Moderna, 1997.
[iv] No
sistema weberiano o que causa significado e especificidade é o
individuo. Este ponto difere-se do pensamento positivista, que acredita
que a ação social é causada por forças externas.
[v] WEBER, Max., A Ética Protestante e o Espirito do Capitalismo (Coleção a obra prima de cada autor)., São Paulo - Ed. Martin Claret., 2005.
[vi] Segundo
Weber, cada individuo age levado por motivos que é o resultado de
influência da tradição, dos interesses racionais e da emotividade.
[vii] ANDREIA, Themis., Apostila de Introdução a Sociologia., CTTHG., 2012.
[viii] Werner Sombart (Ermsleben, Saxônia-Anhalt, 19 de Janeiro de 1863 — Berlim, 18 de Maio de 1941) foi um sociólogo e economista alemão. Figura de destaque da Escola historicista alemã, Sombart está entre os mais importantes autores europeus do primeiro quarto do século XX, no campo das Ciências Sociais.
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