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terça-feira, 22 de abril de 2014

Max Weber: vida e pensamento do sociólogo alemão[i].



Por: Romário Evangelista Fernandes.
Resumo:
O presente artigo aborda a vida e obra de um dos teóricos da sociologia mais importantes. Disputando lugar com Karl Marx e Emili Durkheim, o alemão Max Weber, que nasceu na cidade de Erfurt, inicia sua vida acadêmica em Heidelberg no direito, mais além disso ele estuda historia, economia e filosofia. Uma de suas obras mais conhecidas é; “Ética protestante e o espirito do capitalismo”, onde ele analisa que o estilo de vida dos protestantes contribui-o para o desenvolvimento do capitalismo. Weber desenvolveu seu pensamento observando o próprio individuo, para ele o individuo é o responsável pela ação social, diferente do que pregava o positivismo. Para ele ação social é a conduta humana dotada de sentido, onde o individuo age levado por motivos que resultam da influência da tradição, dos interesses racionais e da emotividade. A tarefa do cientista é descobrir os possíveis sentidos das ações humanas presentes na realidade social que lhe interesse estudar. É de Weber o método de construção conhecido como tipo ideal. Para se chegar ao entendimento destes sentidos Weber desenvolve um instrumento de construção teórica que serve de modelo abstrato para a analise de casos concretos que fazem parte da realidade. A pesquisa feita pelo cientista deve se baseada nesse tipo ideal. Diferente do pensamento de Durkheim, que afirmava que o cientista deveria agir com neutralidade em sua pesquisa sociológica, pois a sociedade não passava de um objeto de estudo. Weber acreditava que o cientista como todo individuo age guiado por motivos, sua cultura, sua tradição. Qualquer que seja a perspectiva adotada por um cientista, ela será sempre parcial, porém Weber alerta para que a pesquisa não venha ser influenciada pelos pressupostos do cientista. A contribuição de Weber é bastante relevante a ciência das sociedades.
Palavra Chave: sociologia, sociedade, Weber, pesquisa;      
Introdução.
No período em que a Alemanha se unifica e se organiza como estado nacional mais tardiamente que os conjuntos das nações da Europa, o que atrasa a sua corrida industrial e imperialista a segunda metade do século XIX. Esse descompasso em relação às grandes potências vizinhas fez elevar no pais  interesse pela historia como ciência da integração, da memoria e do nacionalismo. Por isso o pensamento alemão se volta para a diversidade, enquanto o francês e o inglês[ii], para a universalidade.
A sociologia Alemã segue por outros caminhos metodológicos, nesse ponto o pensamento sociológico alemão se preocupa com o estudo da diferença, características de sua formação politica e de seu desenvolvimento econômico. Cristina Costa acresce ainda que “a herança puritana com seu apego à interpretação das Escrituras e livros sagrados” influência no pensamento alemão (COSTA, 1997, p. 70).[iii] Esse tipo de associação entre a historia e o esforço interpretativo e facilidade em discernir diversidades caracteriza o pensamento alemão e quase todos os seus cientistas.
A sociologia alemã neste contexto teve como seu sistematizador, o alemão Max Weber. Ele foi o grande pensador da sociologia alemã, considerado fundador de uma das três vertentes fundamentais da sociologia moderna, disputando espaço com as formulações teóricas de Karl Marx e Emile Durkheim.
VIDA E OBRA.
Max Weber nasceu em 21 de abril de 1864, na cidade de Erfut (Alemanha). Max era o primogênito dos oito filhos da família Weber. Seu pai, era jurista e politico influente do partido Nacional-Liberal, transformou sua casa em um fórum permanente de discursão da vida nacional, frequentado por muitos políticos e intelectuais. Sua mãe era protestante e, ao contrario do marido, era introspectiva e metódica e extremamente moralista. De ambos teria herdado o seu estilo de vida paradoxal.
Aos 18 anos ingressa na Faculdade de Heidelberg, mas teve que interromper os estudos por um ano ao serviço militar obrigatório. Sua formação acadêmica foi vastíssima além de estudar direito, enveredou-se pelos estudos de historia, economia, filosofia e teologia.
No ano de 1895 inicia a sua carreira de professor em Berlim, como ao mesmo tempo servia de assessor do governo. Durante um tempo, entre 1900 e 1918, ficou afastado do magistério por conta de um colapso nervoso. No período que ficou afastado, colaborou em diversos jornais alemães e realizou diversas pesquisas.
Talvez a obra mais significativa de Weber seja; Ética Protestante e o Espirito do Capitalismo. A tese geral da obra gira em torno do seguinte pensamento: há algo no estilo de vida daqueles que professam o protestantismo que favorece o espirito do capitalismo. Neste livro o autor se dedica a comprovar essa tese na seguinte analise:   
1.    O ascetismo cristão observou Weber, provocava uma adequação ao mercado de trabalho. Os cristãos protestantes puritanos ao renunciarem os prazeres do mundo se voltavam para o trabalho acumulando o capital e reinvestindo de forma produtiva.
2.    A relação entre a religião e a sociedade não se da por meios institucionais, mas por valores introjetados nos indivíduos e transformados em motivos da ação social[iv]. Weber via que a motivação do protestante era sua consciência de vocação para o trabalho, como fim absoluto em si mesmo, e não o ganho material obtido por meio dele.
3.    É observado que os protestantes viam a necessidade de exercer o trabalho de forma mais metódica possível, com o maior grau de racionalização, otimizando os recursos e maximizando os resultados, como era compatível com a conduta dos eleitos, que não estavam em busca do reconhecimento neste mundo, mas de realizar o que é agradável a Deus. Sobre isso ele escreve: “...tentou penetrar exatamente naquela rotina diária com sua meticulosidade e amoldá-la a uma vida racional, mas não deste mundo, nem para ele...”  (WEBER, 2005, p. 76)[v].
Em suma Weber chega à conclusão que ao ascetismo intramundano praticado pelos puritanos, com seu elevado grau de racionalização engendrou o espirito do capitalismo, produzindo empresários e trabalhadores ideais para a consolidação de uma nova ordem social. A ética protestante e o espirito do capitalismo, ainda é uma das abras que mais se destacam, pelo seu método de analise.
PENSAMENTO.
O pensamento de Weber é um verdadeiro contraste ao positivismo, isso por questão de contesto como vimos na introdução. Weber desenvolveu seu pensamento em cima do método de “compreensão”. Ele procurou compreender o individuo, pois para Weber é o individuo que dá sentido a ação social. Veremos três aspectos do seu pensamento.
a.    A ação social: uma ação com sentido.
No pensamento weberiano o homem passou a ter significado e especificidade. É ele que dá sentido a sua ação social, ele é responsável por estabelecer a conexão entre o motivo[vi] da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos.
Para a sociologia positivista, a ordem social submete os indivíduos como força exterior a eles. Weber pensa diferente, não existe oposição entre individuo e sociedade: as normas sociais só se tornam concretas quando se manifestam em   cada individuo sob a forma de motivação, ou seja, o motivo orienta a ação do individuo. O motivo que transparece na ação social permite desvendar o seu sentido, que é social na medida  em que cada individuo age levando em conta a resposta ou a reação de outro indivíduos. Por exemplo, o simples ato de enviar uma carta se decompõe em uma serie de ações sociais com sentido; escrever, selar, enviar e receber, que terminam por realizar um objetivo. Por outro lado, muitos agentes estão relacionados a essa ação social, como por exemplo, o atendente, o carteiro e etc. Essa interdependência entre os sentidos das diversas ações, mesmo que orientadas por motivos diversos, é que dá a esse conjunto de ações seu caráter social. Professora Themis observa: “Só existe ação social quando o individuo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações, com os demais” (ANDREA, 2012, p. 13)[vii].
A parti de sua definição Weber estabelece quatro tipos de ações de acordo com o modo em que os indivíduos se orientam:
  1. Ação social racional com relação á fins: A ação é estritamente racional. Tornando-se um fim e este é, então, racionalmente buscado. Há à escolha dos melhores meios para se realizar um fim.
  2. Ação racional com relação a valores: Não é o fim que orienta a ação, mas o valor seja este ético, religioso, politico ou estético.
  3. Ação social efetiva: A conduta é motivada por sentimentos, tais como orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja, medo, etc...
  4. Ação social tradicional: Tem como fonte motivadora os costumes ou hábitos arraigados. 
Deve-se esclarecer que a ação social weberiana não é o mesmo que relação social. Pois para que se estabeleça uma relação social, é preciso que o sentido seja compartilhado. Por exemplo, um sujeito que pede uma informação a outro estabelece uma ação social: ele tem um motivo e age em relação a outro individuo, mas, tal motivo não é compartilhado. Numa sala de aula, onde o objetivo da ação dos vários sujeitos é compartilhada, existe uma relação social.
b.    O tipo ideal.
Para atingir os fatos sociais, Weber propôs um instrumento de analise que chamou de tipo ideal. Trata-se de uma construção teórica abstrata a partir dos casos particulares estudados.  
O tipo ideal serve de modelo para a analise de casos concretos, realmente existentes. Observe o exemplo da sua definição do patrício romano no auge do império na obra As causas sociais da cultura antiga:
“O tipo do grande proprietário de terra romano não é o do agricultor que dirige pessoalmente a empresa, mas é o homem que vive na cidade, pratica a politica e quer, antes de tudo, receber rendas em dinheiro. A gestão de suas terras está nas mãos dos servos inspetores” (COSTA, apud, WEBER, p.75, 1992)
Na concepção de Weber o tipo ideal é um instrumento de análise sociológica para o apreendimento da sociedade por parte do cientista social com o objetivo de criar tipologias puras, destituídas de tom avaliativo, de forma a oferecer um recurso analítico baseado em conceitos, como o que é religião, burocracia, economia, capitalismo, dentre outros.
c.    A tarefa do cientista.
A tarefa do cientista para Weber era descobrir os possíveis sentidos da ação humana. Sua meta é compreender, buscar os nexos causais que deem o sentido da ação social. Aqui Weber discorda de Durkheim, que considerava a sociedade como objeto de estudo do cientista, sendo assim ele deveria ser imparcial com relação à sociedade (agir com neutralidade).
Weber dizia que o cientista, como todo individuo em ação, age guiado por seus motivos, sua cultura, sua tradição. Qualquer que seja a perspectiva adotada pelo cientista, ela será sempre parcial. Mas Weber não descarta a objetividade na analise dos acontecimento, pois a tarefa cientifica não deveria ser dificultada pelas crenças religiosas e ideias do cientista.
Conclusão.
Weber teve uma contribuição importantíssima para o desenvolvimento da sociologia. Observe as palavras de Cristina Costa:
“...seus trabalhos abriram as portas para as particularidades históricas das sociedades e para a descoberta do papel da subjetividade na ação e na pesquisa social. Weber desenvolveu sua analise de forma mais independente das ciências exatas e naturais. Foi capaz de compreender a especialidade das ciências humanas como aquelas que estudam o homem como um ser diferente dos demais e, portanto, sujeito a leis de ação e comportamento próprias.”(COSTA, 1997, p. 77).
 O pensamento deste sociólogo influenciou muitos outros, como Sombart,[viii] também um estudioso do capitalismo ocidental. O trabalho de Weber ainda é de muita relevância para a pesquisa sociológica usando o método de compreensão.
Referências.
ANDRÉA, Themis., Apostila de Introdução a Sociologia., CTTHG., 2012.
COSTA, Cristina. Introdução a Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2 ed. – São Paulo: Editora Moderna, 1997.
WEBER, Max., A Ética Protestante e o Espirito do Capitalismo (Coleção a obra prima de cada autor)., São Paulo - Ed. Martin Claret., 2005.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Werner_Sombart. Acesso em: 14 de dez. 2012.  
            


[i] O presente artigo é o trabalho exigido na disciplina de Introdução a sociologia.
[ii] O desenvolvimento da indústria e a expansão marítima e comercial colocaram esses países em contato com outras culturas e outras sociedades, obrigando seus pensadores a um esforço interpretativo da diversidade social. O sucesso alcançado pelas ciências físicas e biológicas, impulsionadas pela indústria e pelo desenvolvimento tecnológico, fizeram com que os primeiras escolas sociológicas fossem fortemente influenciadas pela adaptação dos princípios e da metodologia dessas ciências à realidade social. 
[iii] COSTA, Cristina. Introdução a Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 2 ed. – São Paulo: Editora Moderna, 1997.
[iv] No sistema weberiano o que causa significado e especificidade é o individuo. Este ponto difere-se do pensamento positivista, que acredita que a ação social é causada por forças externas.
[v] WEBER, Max., A Ética Protestante e o Espirito do Capitalismo (Coleção a obra prima de cada autor)., São Paulo - Ed. Martin Claret., 2005.
[vi] Segundo Weber, cada individuo age levado por motivos que é o resultado de influência da tradição, dos interesses racionais e da emotividade.
[vii] ANDREIA, Themis., Apostila de Introdução a Sociologia., CTTHG., 2012.
[viii] Werner Sombart (Ermsleben, Saxônia-Anhalt, 19 de Janeiro de 1863Berlim, 18 de Maio de 1941) foi um sociólogo e economista alemão. Figura de destaque da Escola historicista alemã, Sombart está entre os mais importantes autores europeus do primeiro quarto do século XX, no campo das Ciências Sociais.

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