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terça-feira, 29 de abril de 2008

O ENSINO DE HISTÓRIA ANTIGA PARA CRIANÇAS DA SEGUNDA SÉRIE DO CICLO I DO ENSINO FUNDAMENTAL




O ENSINO DE HISTÓRIA ANTIGA PARA CRIANÇAS DA SEGUNDA SÉRIE DO CICLO I DO
ENSINO FUNDAMENTAL
Adriana Alves,
Luanna Alves Martins Chapini1
Resumo: Nosso projeto teve por objetivo o ensino e aprendizagem da História na 2ª. Série do
Ciclo I do Ensino Fundamental na Rede Pública de Ensino, em uma escola do
município de Ribeirão Preto/SP. O Ensino de História nas séries iniciais do Ensino
Fundamental é, a princípio, bastante complexo se levarmos em conta que esta
disciplina foi tratada pouco tempo atrás com pouca ou nenhuma preocupação com
a realidade do aluno. Baseada quase exclusivamente em relatos de fatos isolados,
em personagens heróicos, configurou-se, como disciplina decorativa, voltada para
lugares, tempos e situações descontextualizadas e incompreensíveis ou para
comemorações de datas cívicas.
Seguindo orientações do Plano Diretor da escola, a proposta curricular para o
ensino de história e os PCNs, privilegiamos a construção do conhecimento histórico
a partir da realidade do aluno, da sua história pessoal e da sociedade que o cerca.
Partimos de análises comparativas, observando semelhanças e diferença do modo
de vida, hábitos, organizações de trabalho, diversidades culturais, familiares, e
formas de relacionamento, tanto em sua realidade atual como em tempos antigos.
Palavras-chave: Didática de História, História Antiga, Educação das Séries Iniciais, PCNs.
1. ENSINO DE HISTÓRIA PARA CRIANÇAS DA SEGUNDA SÉRIE
A disciplina de História para o Ensino Fundamental, em especial no ciclo I, até
pouco tempo atrás, permanecia distante dos interesses do aluno, presa a textos e discursos
prontos de livros didáticos ou então a datas cívicas lembradas e comemoradas durante o ano.
Fazia-se referência à História de maneira impositiva, decorativa e sem maior participação por
parte do aluno. Da mesma maneira, não havia nenhuma reflexão sobre os temas tratados e o
aluno tinha apenas a obrigação de uma posterior devolução do que foi aprendido, em uma
avaliação escrita ou oral.
Em geral, o ensino de História resumia-se às atividades voltadas para a noção
de tempo histórico por meio de uma disposição do tempo cronológico, sucessão de datas,
calendários, ordenação do tempo, seqüência de passado-presente-futuro. Organizava-se uma
linha do tempo, mostrando uma visão linear e progressiva dos acontecimentos que distinguiam
então os tempos históricos.
Apesar dos grandes avanços em pesquisas quanto ao ensino de História,
propondo mudanças no pensar, nos conteúdos e nos métodos tradicionais de aprendizagem,
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ainda permanece uma grande resistência na ampliação da visão – para as sucessivas
transformações atuais e as necessidades geradas por tais transformações na sociedade deste
século, – do corpo docente das séries iniciais do Ensino Fundamental do Sistema Educacional
Público.
Em pesquisa, recentemente elaborada, na Rede Pública, com o ensino de
História, a profa. Célia M. David aponta para resultados que comprovam as afirmações acima,
com relação à persistência a modelos ultrapassados e à resistência às propostas inovadoras:
“Os resultados a que a pesquisa chegou demonstram que a maioria dos
professores que dela participaram não conhecem e nem colocam em prática as
orientações contidas na Proposta Curricular de História, mesmo aqueles que
declaram conhecê-la e trabalharem de acordo com pressupostos didáticometodológicos
nela assentes” (David, 2001).
A grande expansão escolar, com um público extremamente diversificado em
cultura, relacionando-se socialmente e informando-se através dos meios de comunicação cada
vez mais rápidos e eficientes, gera a necessidade de um ensino interligado às novas realidades
assumidas por esses alunos, em constante mudança.
Conforme os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais), um dos objetivos mais
relevantes quanto ao ensino de História relaciona-se à questão da identidade. É de grande
importância que os estudos de História estejam constantemente pautados na construção da
noção de identidade, através do estabelecimento de relações entre identidades individuais,
sociais e coletivas.
Com base nos PCNs e no Plano Diretor de Escola e sua proposta para o ensino
de História para a segunda série do ciclo I do Ensino Fundamental, foi elaborado um projeto de
ensino de História Antiga para crianças desta série. Partiu-se da criança, sua história pessoal e
seu mundo, em paralelo com o conhecimento de civilizações Antigas, Grécia e Roma, onde
aspectos de igualdade e diferenças foram enfocados com a finalidade de ajudar a criança a
perceber-se como um ser histórico, da mesma maneira que outros viveram, em outros tempos,
transformando e construindo sua sociedade.
Paralelamente, utilizamos o Plano Diretor que propunha os estudos do indivíduo,
da família, da escola e do bairro. Partindo desses temas e da proposta dos PCNs, foram
elaboradas miniaulas agrupadas em 4 módulos, compondo um projeto disciplinar e
pedagógico a ser ministrado para as crianças. A classe escolhida foi a 2º.Série E do período
da tarde da EE. Dr. Meira Júnior, no município cidade de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo.
A segunda série E é uma classe composta por vinte e cinco alunos residentes
nas proximidades da escola, num bairro periférico da cidade. A professora titular da classe,
Josefa Gonçalves, empenhou-se desde o princípio na execução do projeto, todavia afastou-se
1 Faculdade de História, Direito e Serviço Social – UNESP – Campus de Franca (disciplina – História).
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no início do 2º. Semestre. Assumiu as aulas uma professora substituta , Maria Aparecida,
também apoiando nossas atividades. Concomitantemente a direção da Escola foi uma grande
colaboradora para todas as atividades extraclasse que ocorreram, nos orientando e
incentivando a cada aula. Outros funcionários da escola, também tiveram participação,
juntamente com outros professores que sempre estavam dispostos a auxiliar em qualquer
dificuldade encontrada.
Desenvolver um projeto de pesquisa de ação didático-pedagógica nesta série,
cujas diretrizes intelectuais estão se formando, sem ainda estarem totalmente moldadas pelo
sistema e parcialmente familiarizadas com a proposta de história pessoal, bem como a maioria
das crianças dessa série está alfabetizada, temos um grande facilitador para o trabalho da
História. Isto ocorre em relação aos conteúdos, sem prejudicar o planejamento da professora
da classe que pode despender algumas horas semanais para o trabalho com os alunos na
disciplina. No entanto, em vários momentos foram desenvolvidas atividades de alfabetização
com palavras novas ou mesmo elaboração de textos feitos pelas crianças, promovendo a
interdisciplinaridade apontada nas propostas curriculares.
Proporcionamos condições para que a criança pudesse conhecer a si mesma e
seus colegas de classe, reconhecendo diferenças e semelhanças sociais, econômicas e
culturais dentro de seu próprio grupo social, comparando-o com sociedades Grega e Romana
Antiga. Esse estudo pessoal levou o aluno a compreender que também possui uma História e
que é um ser histórico e ativo na sociedade em que vive.
Os conteúdos foram organizados partindo do individual do aluno, de maneira a
se expandir para questionamentos em torno de sua própria realidade social. Os temas foram
divididos em quatro fases: Eu, criança/Quem sou?; Eu, em casa/Nós, em casa; Eu, na
escola/Nós, na escola e Eu, no bairro/Nós, no bairro.
Foi uma oportunidade para as crianças fazerem leituras de diversas fontes de
informação que cercam sua vida, através de pesquisas e discussões, observando que tais
características são existentes também na vida de seus colegas de classe, de família e em
outros momentos, da História, bem como em outros povos.
Utilizamos os registros deixados por estes povos antigos, ao mesmo tempo em
que o aluno também observava seus registros documentais, pertencentes a sua história de
vida, de sua família, e a sua sociedade. O material à disposição foi vasto, visto os registros
deixados por estes povos, seja em descobertas arqueológicas, memórias e objetos; algumas
vezes tão diferentes dos nossos e em outras tão semelhantes.
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2. EU E A HISTÓRIA
No primeiro módulo, “Eu e a História”, trabalhou-se a questão da identificação
pessoal da criança. As miniaulas elaboradas desenvolveram o conteúdo de História pessoal
com objetivo das crianças perceberem que possuem uma história e que também são agentes
transformadores da sociedade em que vivem.
Em todos os módulos e temas, houve a preocupação de que tudo partisse do
aluno e seu interesse.
Numa atividade motivadora, no primeiro contato com a classe, foi usado um
espelho colocado na frente de cada aluno em sua própria carteira e então eles se olhavam e se
apresentavam com: eu sou... E acrescentavam seu nome.
A importância de se conhecer, ter um nome pelo qual é reconhecido em seu
meio foi o objetivo dessa atividade. Em seguida, os alunos escreveram um pouco de suas
histórias pessoais e ilustraram, mostrando assim suas vidas, quem eles são, seus gostos e
seus desejos.
As crianças demonstraram grande interesse em suas histórias pessoais e
aproveitando isso, levaram uma pesquisa para casa a ser realizada junto a seus pais.
As perguntas versavam sobre as fases de sua vida, e as respostas foram
empregadas como conteúdo de uma aula seguinte. As crianças montaram um painel com uma
linha do tempo, em cada ano, desde o nascimento do aluno mais velho da classe até o
corrente ano (2002) com espaços para eles colocarem suas ilustrações de pesquisa.
Perguntas formuladas, tais como: qual é seu nome, idade, o que gosta de fazer,
onde e com quem mora, foram desenvolvidas através de desenhos e pequenas redações.
Posteriormente, foram levantados dados mais complexos como: Quando aconteceu isso?: Em
que ano você nasceu, quanto tempo depois você andou, com quantos anos você aprendeu a
amarrar os sapatos, com quantos anos você entrou na escola, etc.. Com as respostas desses
questionários, foi organizada então uma linha do tempo num grande painel.
As crianças elaboraram vários desenhos relacionados com as perguntas, em
papel sulfite, acrescentado o nome de cada um da classe, conforme as respostas obtidas. Os
desenhos foram colados pelas crianças com fita adesiva em cada ano correspondente a cada
um dos episódios encontrados na pesquisa.
O painel ficou exposto para a classe analisar e levantar suas próprias opiniões
sobre a conclusão do trabalho. As crianças puderam perceber que alguns colegas
desenvolveram habilidades no mesmo ano que outros, enquanto alguns aprenderam antes ou
depois e assim por diante.
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Após o trabalho com o indivíduo, foi desenvolvida a noção de mito e fato, em
preparação para o estudo de História Antiga através de uma aula passeio. Tal atividade foi
apresentada inicialmente pelo educador Celestin Freinet (1896-1966) ao perceber o interesse
da criança pelos acontecimentos fora da escola e além da sala de aula.
O educador desenvolveu idéias para utilizar essas experiências como motivação,
ação e vida para a escola. Aproveitando o conhecimento de Freinet, foi utilizada a aula
passeio, numa praça próxima da escola. No próprio local, as crianças registraram, através de
desenhos, suas experiências.
A seguir, por meio de discussão na sala de aula, foi trabalhado o conceito de
que o passeio foi um fato e os desenhos que fizeram do passeio foram os documentos
elaborados que comprovam o evento. As observações feitas pelas crianças variaram desde as
árvores, pessoas que por ali passavam até a própria imaginação de cada uma delas.
Além desse “tipo” de fato, as crianças também empregaram suas histórias como
um fato, e seus documentos como o registro de um fato, recortes de revistas serviram para
outros debates de fato e de mito. Foram entregues recortes para as crianças, e cartolina com
espaços indicados por mito e fato para a colagem das gravuras. Posteriormente, os alunos
procuraram no dicionário a definição de fato e mito e anotaram nas cartolinas.
Ao trabalhar com a História Antiga, partindo das experiências das crianças, a
Odisséia de Homero foi aproveitada em forma de teatro de gravuras inicialmente, e elas
registraram conjuntamente suas odisséias com ilustrações e redação, misturando mito e fato.
A aventura de Ulisses, em A Odisséia, serviu de referência para despertar o desejo nas
crianças de criarem suas próprias odisséias.
Freinet (1977, p.349) aponta a necessidade de se ter cautela ao trabalhar com
as expressões das crianças, sem muita intromissão, por parte do professor, em seus textos e
trabalhos. É importante um direcionamento, mas é preciso permitir que a criança se expanda
na sua narrativa, que busque se exprimir da melhor forma sem correr o risco de ser induzida
pelo professor a fazer aquela redação pronta para correção.
Depois que as crianças apresentaram suas odisséias, foi feita uma exposição na
sala com os trabalhos e então direcionamos o assunto à antigüidade, às pessoas que viveram
na Grécia Antiga . Esta atividade se desenvolveu em uma personagem caracterizada de
“poetisa Safo”, em visita à classe para recitar poesia e ser entrevistada pelas crianças. Nós nos
vestimos imitando as vestimentas dos Gregos Antigos e nos apresentamos para as crianças
como a poetisa e elas tiveram a oportunidade de entrevistar-nos.
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3. EU, EM CASA/NÓS, EM CASA.
Partindo da proposta de desenvolver um trabalho em sintonia com a realidade
da criança, cada uma delas levou para casa uma pesquisa, a fim de realizarem-na em conjunto
com sua família. Nessa pesquisa, foram feitas perguntas sobre o trabalho (profissão) dos pais,
o que a criança faz no trabalho de casa, o que seus pais fazem no trabalho de casa, quantas
pessoas moram na casa, onde costumam passear, o que a família faz aos domingos. Com a
pesquisa pronta, as crianças montaram uma carta contando para um colega de classe como
era sua casa e o que faziam em casa. Todas as crianças tiveram a oportunidade de receber
uma cartinha, mesmo os faltosos do dia receberam em casa, pelo correio.
Rosa Maria Sampaio (1989, p. 25) descreve a proposta de Freinet em relação à
correspondência Interescolar, a qual foi lembrada aqui, porém respeitando o limite da própria
classe. Depois que as crianças, alunas de Freinet, liam e reliam o material produzido, este era
levado aos pais e amigos a fim de ampliar a comunicação entre escolas.
Seguindo ainda o direcionamento apontado por Freinet (1975, p.29) os textos
livres produzidos pelas crianças se tornam como uma página na vida delas, levada ao
conhecimento dos pais e a seus correspondentes, estimulando a livre expressão dos alunos.
Com as cartinhas recebidas na mão, foi discutido em sala de aula e elaborado
um painel das igualdades e diferenças entre a criança que recebeu a carta e a que enviou,
conforme seus escritos.
Foi trabalhada, também, a importância de se fazer entender no texto que
produzem e a de trocar experiências.
Telma Weisz (2001, p. 71) abre uma discussão sobre a necessidade de se
escrever para ser entendido e não no sentido da correção, havendo uma grande diferença
entre as duas maneiras. A correção é importante, mas é uma atividade diferente. Ganha
sentido quando é utilizada para ajudar o aluno a entender a necessidade de ter seus escritos
lidos com facilidade ou, em outras palavras, dentro dos padrões convencionais.
Depois disso, as crianças puderam fazer uma “viagem à Grécia Antiga”,
participando de um banquete com azeitonas, pão e suco de uvas como forma de vivência, ao
experimentarem esses alimentos usados pelos gregos no passado. Também fizeram
brinquedos de argila, assim como as crianças gregas também faziam na Antigüidade e, ainda,
dançaram ao som de uma canção tradicional grega.
A questão dos deuses gregos e seus heróis foi tratada de forma que as crianças
criaram os seus próprios heróis, de sua imaginação, por meio de desenhos incluindo dados
como altura, poder, família de seu herói e depois conheceram através de um filme o herói
grego Hércules.
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5. EU, NA ESCOLA – NÓS, NA ESCOLA E EU, NO BAIRRO – NÓS, NO BAIRRO.
Ao entrar no tema Roma, preparamos as crianças com duas pesquisas. A
primeira foi realizada com os pais, em casa, sobre o caminho que seus pais faziam para irem
até a escola. A outra, as crianças fizeram na classe sobre seu próprio caminho para a escola
hoje.
Dividimos, com a classe, a lousa ao meio com um risco, a fim de comparar a lista
do caminho percorrido pelos pais à escola e outra do caminho que cada criança realizava
agora. Nessa atividade, elas puderam perceber as diferenças e semelhanças. O que
permaneceu e o que mudou através do tempo, em relação a caminhos, ruas, necessidades e
arquitetura em geral, da época de seus pais enquanto alunos e a de hoje em dia.
Em continuação a esta atividade, as crianças fizeram um breve passeio nas
proximidades da escola, observando os serviços disponíveis no bairro. Após um debate na
sala, foram reproduzidas as anotações das crianças em um painel, elaborado por elas
mesmas.
Neste momento, foi introduzida a civilização romana, relacionando-a com o tema
em questão. Utilizamos um filme (O homem e sua grande aventura – Vol. 7 A pax romana,
parte integrante da coleção O homem e sua grande aventura – editora Planeta). No filme, o
tema é tratado de maneira divertida, através de desenhos animados. Roma Antiga foi vista,
destacando a arquitetura e costumes sociais do povo.
No momento seguinte, distribuímos gravuras de alguns monumentos romanos e
conversamos sobre cada ilustração. Cada criança fez sua reprodução em papel sulfite e colou
ao lado da gravura que escolheu para reproduzir em um painel de cartolina.
Numa proposta diferente da utilizada até o momento, distribuímos um material
com atividades para completar, prontas, xerocadas, para a classe fazer. À medida que
apresentávamos o material sobre a sociedade romana, história e língua, as crianças
preenchiam suas folhas sob nossa orientação.
Em seguida, organizamos uma pequena eleição para presidente da classe,
aproveitando a época da eleição no país, discutindo um pouco a questão da cidadania tão
valorizada pelos romanos na Antigüidade, fazendo um paralelo com a atualidade. Foram
discutidos os direitos e deveres do aluno-cidadão na escola.
Na seqüência, as crianças vestiram bonecos de cartolina com roupas típicas da
Antigüidade romana: um homem, uma mulher, um soldado e uma criança. Foram feitas
comparações com as roupas de hoje e os costumes da sociedade em que as crianças se
sentem inseridas hoje.
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Numa última aula prática, fechando esse módulo, foram elaboradas numa folha
gravuras com personagens romanos em casa e na rua. As crianças fizeram uma comparação
com as atividades que elas realizam em casa e na rua e como essas atividades diferem das
dos romanos de antigamente. Elas desenharam as suas próprias atividades ao lado das
atividades dos romanos que, posteriormente, foram destacadas para a exposição.
6. O QUE APRENDEMOS
Nesse momento do projeto foram reunidos todos os trabalhos elaborados e
desenvolvidos junto com as crianças para a organização de um telejornal e também de uma
exposição para os pais e crianças de outras salas de segunda série da escola, do período da
tarde.
O telejornal foi filmado na própria classe e também gravado em fita cassete, com
aproximadamente sete minutos de duração. A escolha dos “repórteres” foi feita entre eles de
maneira espontânea e conforme o desejo individual de relatar cada trabalho. Monitoradas, as
crianças elaboravam o que falar e como apresentar cada trabalho realizado na sala durante as
aulas de História, vivenciadas ao longo do projeto.
Antes da exposição, foi realizado um pequeno levantamento dos elementos
apreendidos pelas crianças nas aulas, o que lembravam, do que mais gostaram, do que não
gostaram e o porquê.
Notou-se que as aulas mais lembradas foram as de maior participação e
vivência, aquelas onde suas realidades foram confrontadas.
A exposição também foi uma realização da classe. Coube a nós a colocação e
disposição dos trabalhos previamente, mas toda a apresentação ficou por conta das crianças.
Sob nossa orientação, se dividiram, escolheram sobre qual trabalho falariam e ficaram diante
deles, explicando para os visitantes, com suas próprias palavras, o que significava cada um .
Utilizamos a área onde as crianças tomam a merenda e colamos com fita
adesiva todos os trabalhos pelas paredes. No início, devido à novidade, alguns não se
integraram como anfitriões da exposição, mas depois da segunda classe visitante, todos
estavam buscando participar de alguma forma do evento.
Houve a preocupação em deixar as crianças bem à vontade, para poder ser feita
uma avaliação do que foi aprendido por elas e de que maneira o aprendizado se adequou à
vida delas. Apesar de a cada mini aula ter sido feita uma avaliação, o grande resultado final do
projeto veio com o telejornal e a exposição. Este momento mostrou que as crianças, de uma
maneira geral, perceberam o seu valor como indivíduo e como ser histórico ativo e
transformador da sociedade que o cerca. Perceberam também que povos antigos também
fizeram sua História, assim como eles.
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A avaliação foi uma importante chave para a preparação das miniaulas. A cada
dia, nossas atividades eram analisadas e repensadas diante das dificuldades encontradas. O
desenvolvimento e as atitudes das crianças, diante de cada atividade, eram sempre discutidas
nas reuniões semanais de preparação das aulas. Nesse momento, podíamos questionar
falhas, progressos, necessidades de mudança ou repetição.
As crianças também eram questionadas se estavam gostando das aulas,
colocando suas idéias e expectativas diante do desenvolvimento do projeto. Por diversas
vezes, foi necessária uma ou outra alteração no que havíamos programado de antemão para
acompanhar o ritmo e a necessidade da sala.
Ao pensar em História como disciplina nas séries iniciais do Ensino
Fundamental, deve-se considerar a complexidade dos assuntos e as diversas discussões que
envolvem o estudo da História. Porém, ao se levar em conta a História pessoal como ponto de
partida para o estudo da História como uma disciplina no currículo escolar, é possível
estabelecer recortes temáticos que se interligam às questões da atualidade.
Foi com esse pensamento que esse projeto foi elaborado, visando fazer uma
ligação entre a disciplina de História , a realidade e atualidade viva da criança, de maneira que
ela pudesse se ver como alguém que também está fazendo história a cada dia de sua vida.
A vivência do aluno, no dia-a-dia na sala de aula, como experiências não só de
aprendizagem, mas também de vida, fazem do ensino algo prazeroso e a escola se torna não
somente necessária, mas também atraente.
Se o ensino de História se desenvolver lado a lado com a vivência em sala de
aula, os alunos vão aprender com mais facilidade e também reter o apreendido por mais
tempo. Isso faz com que o ensino de História caminhe além de uma disciplina curricular,
ligando-se à vida da criança ajudando-a a reconhecer-se como cidadã, como agente
transformador da sociedade de sua época, assim como o fizeram personagens de outros
tempos que deixaram História.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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(Coleção O homem e sua grande aventura)
DAVID, C. M. Mudanças e resistências que permeiam o processo de ensino-aprendizagem em
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Franca , UNESP, 2001 (Cadernos de Pesquisa, n.2)
FREINET, C. As Técnicas Freinet da escola moderna. Ed: Estampa. Lisboa, 1975.
_____ O Método Natural I – a aprendizagem da língua. Ed: Estampa. Lisboa, 1977.
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294
HAYDT, R. C. Curso de Didática Geral. Ed: Ática, São Paulo, 2000.
MACDONALD, F. Como seria sua vida na Grécia Antiga?. Trad: Maria de Fátima S.M.
Marques. São Paulo. Ed: Scipione. 1996 (Coleção como seria sua vida?) Nova Escola –
Revista do Professor, Ed. Abril.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares
Nacionais/Secretaria da Educação Fund-Brasília: MEC/SEF, 1997.1, p. 26.
Plano Diretor da EE Dr. Meira Júnior, ano de 2001 – Proposta Curricular para o ensino de
História na segunda série do Ensino Fundamental ciclo I.
SAMPAIO, R. M. W. F. Freinet - evolução histórica e atualidades. São Paulo: Scipione, 1989.
VIGOTSKY, L.S. A Formação social da mente. Ed: Martins Fontes, São Paulo, 1991.
WEISZ, T. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. Ed: Ática, 2. ed, São Paulo, 2001.
FILMES:

- Hércules – Walt Disney

- O homem e sua grande aventura – Vol. 7, A pax romana. Parte integrante da coleção “O

homem e sua grande aventura” – Editora Planeta.