O INCONSCIENTE E A CAPACIDADE DO SUJEITO DE LIDAR COM SUAS DIFICULDADES
Cícero Francisco Hernandes Granato
Reflexão sobre as questões inconscientes e a capacidade / possibilidade do sujeito de elaborar os diferentes momentos de seu processo de desenvolvimento cognitivo e afetivo.
Palavras - chave: período, fase, dimensão, psicopedagogia, articulação, ser
cognoscente, eu cognoscente, psicanálise.
INTRODUÇÃO
De que trata o sistema psíquico ? e o cognitivo ? Quais as dificuldades que o sujeito pode apresentar e que dificultam a assimilação e posterior acomodação ? Porque essas dificuldades interferem na aprendizagem ?
Desde a década de 70, quando era estudante da graduação da Licenciatura em Física pude perceber a dificuldade que a maior parte de meus alunos do atual Ensino Médio encontravam para assimilar e acomodar conceitos, fórmulas e aplicações da Física. A primeira hipótese pareceu-me óbvia: parte de meus alunos não estuda e, portanto o aprendizado não ocorre. Entendo que esta suposição pode ser considerada para alguns casos, verdadeira. No entanto, a freqüência deste fato era enorme ( valores entre 70% e 80% ) e, com o passar do tempo, insuficiente para justificar totalmente o fato. Além disso, em reuniões de pais e mestres pude perceber por intermédio de depoimentos que parte de meus alunos simplesmente não conseguia vislumbrar um significado para a Física e, por mais que se esforçassem, e conhecessem os conceitos e as fórmulas, não obtinham resultados satisfatórios na resolução das questões, fossem elas, simples exercícios em sala de aula ou em avaliações.
Com o passar do tempo, percebi que alguns aprendentes conseguiam ler, interpretar e resolver questões ligadas ao conteúdo enquanto outros permaneciam inertes, desmotivados e preocupados com a questão da nota versus a promoção ao final do ano letivo, embora apresentassem interesse no aprendizado da Física.
Essa situação causou-me muita preocupação visto que a aula era a mesma para todos os alunos. Por que, entre aqueles que têm interesse, alguns aprendem e grande parcela não consegue resolver as questões com assertividade ?
O curso de licenciatura em Física não me fornecia ferramentas adequadas com as quais pudesse contar para efetuar uma análise mais aprofundada e racional sobre o problema e propor outras hipóteses. Quanto aos colegas de profissão, também não obtive sucesso quanto a uma visão pedagógica sobre essa questão. Muitos deles, inclusive da mesma área de atuação, chegavam a afirmar que a "Física é assim mesmo".
No entanto, essa situação continuava a incomodar-me porque entendia que o aprendizado de meus alunos era de minha responsabilidade e o gosto pelo saber passava por minhas mãos ou seja, se algum aluno estava desmotivado, parte da culpa era minha como profissional.
Após alguns anos, constatei que aproximar-me pessoalmente dos aprendentes, criando um clima favorável, de amizade e de um relacionamento informal, talvez fosse uma tática positiva para facilitar o aprendizado. Obtive algum sucesso com esta nova estratégia mas, considerá-la substancial quanto a obtenção de resultados mais animadores, é incorreto. Utilizei esta estratégia embora alguma peça importante do processo de ensino e aprendizagem ainda estivesse aquém de meu conhecimento.
Nos anos 90 tive a oportunidade de obter novos conhecimentos (construtivismo) bem como a adoção por parte de algumas escolas, de tecnologias eletrônicas fundamentadas no uso do computador. Esses conhecimentos foram muito desafiadores e motivadores porque, pareceu-me que havia encontrado o "fio da meada". Assim sendo, alterei o formato de minha aula, passando a utilizar "o cotidiano do aluno" isto é, parcela dos exercícios e questões estavam calcadas em jogos de futebol e de basquete entre outros. Os aprendentes poderiam construir conceitos e idéias próprias, facilitando o aprendizado. Haveria portanto, uma assimilação e uma acomodação ideal. Finalmente, surgiu uma linguagem comum entre a Física e os alunos e pensei que assim o aprendizado, com certeza, ocorreria. Além disso, com a implementação do microcomputador haveria a possibilidade real do aluno visualizar uma determinada situação e conseqüentemente entender o processo. Pensando desta forma e implementando algumas atividades, foi possível constatar o sucesso de uma pequena parcela dos alunos. Percebi no entanto, que nem todos têm cotidiano semelhante e habilidade desenvolvida o suficiente para operar um microcomputador. Portanto, a peça importante que faltava, continuava a existir.
Em função do exposto, entendo que um relacionamento interpessoal adequado entre professor e aluno, a adoção de novas tecnologias de cunho pedagógico e de cunho eletrônico podem facilitar o processo de aprendizagem. Porém essas medidas, não são suficientemente positivas para alcançar resultados efetivos.
Se a aula é a mesma para todos os alunos, os recursos utilizados, os mesmos e, alguns aprendem e outros não, o problema deve se concentrar no aprendente. Se há o interesse e a aplicação adequada, não deveria existir problemas quanto a aprendizagem. A questão resume-se no fato de que aprender é um processo interno e individual do sujeito e metodologias que atuem do externo para o interno podem ser inicialmente animadoras mas, de eficácia incerta.
Constato também que a formação de idéias ao nível abstrato e uma concepção alienada de si e do mundo, mais o menosprezo e conseqüente empobrecimento do conhecimento epistemológico, são habilidades cuja perícia é comum, seja na postura seja na visão de grande parcela dos alunos do ensino médio
Desta forma, se o aluno não consegue aprender, embora haja um movimento nesse sentido, devem existir razões mais profundas, o que me remete a questões de cunho inconsciente visto que o diálogo caseiro, por exemplo, tornou-se raro e apenas as situações do dia-a-dia imediatas permeiam possíveis diálogos que, eventualmente acontecem. Em decorrência desse fato, o aluno do ensino médio cria matrizes que formam seu paradigma, fundamentado principalmente no que vê e ouve na televisão, cujo objetivo é de essência comercial, não estando preparada nem preocupada com a formação de um sujeito epistêmico; e na vivência com seus próprios colegas de classe que, normalmente e na maioria da vezes, não têm respostas adequadas a questões humanas mais profundas.
Nestas condições, entendo que os sistemas Cognitivo e Psíquico, por intermédio das dimensões psicossocial, biofisiológica e epistêmica funcionem de forma inadequadamente articuladas produzindo um ser cujas idéias ocorrem de maneira fragmentada.
DESENVOLVIMENTO
Todo conhecimento é sempre a assimilação de uma informação exterior às estruturas do sujeito e os fatores normativos desse conhecimento correspondem biologicamente a uma necessidade de equilíbrio por auto - regulação isto é, um novo dado gera um desequilíbrio no sujeito que por assimilação tentará acomodá-lo formando um novo esquema. Desta forma, para que haja adaptação ao meio ou a uma nova situação, é utilizado o sistema cognitivo, por intermédio dos esquemas. O conjunto de esquemas forma a estrutura cognitiva. Toda vez que surge um novo esquema, todos os outros são reformulados. Para a formação de um novo esquema, é necessário a assimilação ou seja a transformação do objeto de conhecimento e a acomodação - o aproveitamento ou a apropriação do conhecimento.
Segundo Taís Lima em seu livro A aplicação do conto de fadas Branca de Neve no espaço psicopedagógico, comparando-se essa situação, assimilação e acomodação, ao processo digestivo do organismo humano, poderíamos sugerir o seguinte exemplo:
Quando ingerimos algum alimento, este, com a ajuda dos movimentos dos órgãos responsáveis por esse processo e dos sucos digestivos, transformando-se. Isto é a assimilação. Após essa transformação, a corrente sangüínea que passa pelo intestino absorve os produtos da digestão e os incorpora ao sangue para serem aproveitados pelo organismo, ou seja, ocorre a acomodação.
Para que este processo ocorra com êxito, há necessidade que o organismo esteja funcionando de forma adequada assim como, para que haja a assimilação e a acomodação é necessário que a estrutura psíquica do indivíduo esteja com as três dimensões em equilíbrio.
Neste sentido, todo esse procedimento me remete a Piaget visto que, o Sistema Cognitivo e as construções mentais estão repletas de elementos sociais e afetivos, que formam uma totalidade organizada, articulada e que funciona por si mesma. Didaticamente poderíamos dizer que os esquemas cognitivos dizem respeito à inteligência, enquanto os afetivos levam à construção do caráter.
O esquema cognitivo pode ser funcional / reprodutivo e recognitivo / reconhecedor. No primeiro, um determinado esquema é reproduzido quando reconhece um determinado objeto e no segundo, quando amplia o campo de ação do esquema inicial. Desta forma, o processo de assimilação e acomodação ocorre, apresentando diferentes reações pessoais.
A afetividade representa a fonte energética que mobiliza a inteligência, sem contudo alterá-la.
Assim sendo, os esquemas são construções mais simples ( sensório - motoras, perceptivas, simbólicas ) enquanto que as estruturas são construções mais complexas ( lógicas, operatórias, de classes, de séries, entre outras ). Ambas constituem sistemas, significados que o indivíduo pode utilizar, sem que passem necessariamente pela consciência.
Piaget em seu livro A construção do real na criança sugeriu que alguns fatores são dinamizadores da vida cognitiva e afetiva e variam em graus de importância no decorrer da evolução mental do sujeito. Desta forma, as idades cronológicas e os estágios de desenvolvimento variam muito.
cognoscente, eu cognoscente, psicanálise.
INTRODUÇÃO
De que trata o sistema psíquico ? e o cognitivo ? Quais as dificuldades que o sujeito pode apresentar e que dificultam a assimilação e posterior acomodação ? Porque essas dificuldades interferem na aprendizagem ?
Desde a década de 70, quando era estudante da graduação da Licenciatura em Física pude perceber a dificuldade que a maior parte de meus alunos do atual Ensino Médio encontravam para assimilar e acomodar conceitos, fórmulas e aplicações da Física. A primeira hipótese pareceu-me óbvia: parte de meus alunos não estuda e, portanto o aprendizado não ocorre. Entendo que esta suposição pode ser considerada para alguns casos, verdadeira. No entanto, a freqüência deste fato era enorme ( valores entre 70% e 80% ) e, com o passar do tempo, insuficiente para justificar totalmente o fato. Além disso, em reuniões de pais e mestres pude perceber por intermédio de depoimentos que parte de meus alunos simplesmente não conseguia vislumbrar um significado para a Física e, por mais que se esforçassem, e conhecessem os conceitos e as fórmulas, não obtinham resultados satisfatórios na resolução das questões, fossem elas, simples exercícios em sala de aula ou em avaliações.
Com o passar do tempo, percebi que alguns aprendentes conseguiam ler, interpretar e resolver questões ligadas ao conteúdo enquanto outros permaneciam inertes, desmotivados e preocupados com a questão da nota versus a promoção ao final do ano letivo, embora apresentassem interesse no aprendizado da Física.
Essa situação causou-me muita preocupação visto que a aula era a mesma para todos os alunos. Por que, entre aqueles que têm interesse, alguns aprendem e grande parcela não consegue resolver as questões com assertividade ?
O curso de licenciatura em Física não me fornecia ferramentas adequadas com as quais pudesse contar para efetuar uma análise mais aprofundada e racional sobre o problema e propor outras hipóteses. Quanto aos colegas de profissão, também não obtive sucesso quanto a uma visão pedagógica sobre essa questão. Muitos deles, inclusive da mesma área de atuação, chegavam a afirmar que a "Física é assim mesmo".
No entanto, essa situação continuava a incomodar-me porque entendia que o aprendizado de meus alunos era de minha responsabilidade e o gosto pelo saber passava por minhas mãos ou seja, se algum aluno estava desmotivado, parte da culpa era minha como profissional.
Após alguns anos, constatei que aproximar-me pessoalmente dos aprendentes, criando um clima favorável, de amizade e de um relacionamento informal, talvez fosse uma tática positiva para facilitar o aprendizado. Obtive algum sucesso com esta nova estratégia mas, considerá-la substancial quanto a obtenção de resultados mais animadores, é incorreto. Utilizei esta estratégia embora alguma peça importante do processo de ensino e aprendizagem ainda estivesse aquém de meu conhecimento.
Nos anos 90 tive a oportunidade de obter novos conhecimentos (construtivismo) bem como a adoção por parte de algumas escolas, de tecnologias eletrônicas fundamentadas no uso do computador. Esses conhecimentos foram muito desafiadores e motivadores porque, pareceu-me que havia encontrado o "fio da meada". Assim sendo, alterei o formato de minha aula, passando a utilizar "o cotidiano do aluno" isto é, parcela dos exercícios e questões estavam calcadas em jogos de futebol e de basquete entre outros. Os aprendentes poderiam construir conceitos e idéias próprias, facilitando o aprendizado. Haveria portanto, uma assimilação e uma acomodação ideal. Finalmente, surgiu uma linguagem comum entre a Física e os alunos e pensei que assim o aprendizado, com certeza, ocorreria. Além disso, com a implementação do microcomputador haveria a possibilidade real do aluno visualizar uma determinada situação e conseqüentemente entender o processo. Pensando desta forma e implementando algumas atividades, foi possível constatar o sucesso de uma pequena parcela dos alunos. Percebi no entanto, que nem todos têm cotidiano semelhante e habilidade desenvolvida o suficiente para operar um microcomputador. Portanto, a peça importante que faltava, continuava a existir.
Em função do exposto, entendo que um relacionamento interpessoal adequado entre professor e aluno, a adoção de novas tecnologias de cunho pedagógico e de cunho eletrônico podem facilitar o processo de aprendizagem. Porém essas medidas, não são suficientemente positivas para alcançar resultados efetivos.
Se a aula é a mesma para todos os alunos, os recursos utilizados, os mesmos e, alguns aprendem e outros não, o problema deve se concentrar no aprendente. Se há o interesse e a aplicação adequada, não deveria existir problemas quanto a aprendizagem. A questão resume-se no fato de que aprender é um processo interno e individual do sujeito e metodologias que atuem do externo para o interno podem ser inicialmente animadoras mas, de eficácia incerta.
Constato também que a formação de idéias ao nível abstrato e uma concepção alienada de si e do mundo, mais o menosprezo e conseqüente empobrecimento do conhecimento epistemológico, são habilidades cuja perícia é comum, seja na postura seja na visão de grande parcela dos alunos do ensino médio
Desta forma, se o aluno não consegue aprender, embora haja um movimento nesse sentido, devem existir razões mais profundas, o que me remete a questões de cunho inconsciente visto que o diálogo caseiro, por exemplo, tornou-se raro e apenas as situações do dia-a-dia imediatas permeiam possíveis diálogos que, eventualmente acontecem. Em decorrência desse fato, o aluno do ensino médio cria matrizes que formam seu paradigma, fundamentado principalmente no que vê e ouve na televisão, cujo objetivo é de essência comercial, não estando preparada nem preocupada com a formação de um sujeito epistêmico; e na vivência com seus próprios colegas de classe que, normalmente e na maioria da vezes, não têm respostas adequadas a questões humanas mais profundas.
Nestas condições, entendo que os sistemas Cognitivo e Psíquico, por intermédio das dimensões psicossocial, biofisiológica e epistêmica funcionem de forma inadequadamente articuladas produzindo um ser cujas idéias ocorrem de maneira fragmentada.
DESENVOLVIMENTO
Todo conhecimento é sempre a assimilação de uma informação exterior às estruturas do sujeito e os fatores normativos desse conhecimento correspondem biologicamente a uma necessidade de equilíbrio por auto - regulação isto é, um novo dado gera um desequilíbrio no sujeito que por assimilação tentará acomodá-lo formando um novo esquema. Desta forma, para que haja adaptação ao meio ou a uma nova situação, é utilizado o sistema cognitivo, por intermédio dos esquemas. O conjunto de esquemas forma a estrutura cognitiva. Toda vez que surge um novo esquema, todos os outros são reformulados. Para a formação de um novo esquema, é necessário a assimilação ou seja a transformação do objeto de conhecimento e a acomodação - o aproveitamento ou a apropriação do conhecimento.
Segundo Taís Lima em seu livro A aplicação do conto de fadas Branca de Neve no espaço psicopedagógico, comparando-se essa situação, assimilação e acomodação, ao processo digestivo do organismo humano, poderíamos sugerir o seguinte exemplo:
Quando ingerimos algum alimento, este, com a ajuda dos movimentos dos órgãos responsáveis por esse processo e dos sucos digestivos, transformando-se. Isto é a assimilação. Após essa transformação, a corrente sangüínea que passa pelo intestino absorve os produtos da digestão e os incorpora ao sangue para serem aproveitados pelo organismo, ou seja, ocorre a acomodação.
Para que este processo ocorra com êxito, há necessidade que o organismo esteja funcionando de forma adequada assim como, para que haja a assimilação e a acomodação é necessário que a estrutura psíquica do indivíduo esteja com as três dimensões em equilíbrio.
Neste sentido, todo esse procedimento me remete a Piaget visto que, o Sistema Cognitivo e as construções mentais estão repletas de elementos sociais e afetivos, que formam uma totalidade organizada, articulada e que funciona por si mesma. Didaticamente poderíamos dizer que os esquemas cognitivos dizem respeito à inteligência, enquanto os afetivos levam à construção do caráter.
O esquema cognitivo pode ser funcional / reprodutivo e recognitivo / reconhecedor. No primeiro, um determinado esquema é reproduzido quando reconhece um determinado objeto e no segundo, quando amplia o campo de ação do esquema inicial. Desta forma, o processo de assimilação e acomodação ocorre, apresentando diferentes reações pessoais.
A afetividade representa a fonte energética que mobiliza a inteligência, sem contudo alterá-la.
Assim sendo, os esquemas são construções mais simples ( sensório - motoras, perceptivas, simbólicas ) enquanto que as estruturas são construções mais complexas ( lógicas, operatórias, de classes, de séries, entre outras ). Ambas constituem sistemas, significados que o indivíduo pode utilizar, sem que passem necessariamente pela consciência.
Piaget em seu livro A construção do real na criança sugeriu que alguns fatores são dinamizadores da vida cognitiva e afetiva e variam em graus de importância no decorrer da evolução mental do sujeito. Desta forma, as idades cronológicas e os estágios de desenvolvimento variam muito.
PERÍODOS OU ESTÁGIOS | INTELIGÊNCIA | INTERCÂMBIO SOCIAL | AFETO |
Sensório-motor: Ações ocorrem antes do pensamento | Inteligência prática a partir dos 8 meses: Ações | Indissociação entre o eu e o outro: Ausência de linguagem | Afetos, intra - individuais: Prazer |
Simbólico: Pensamento egocêntrico | Inteligência simbólica Imagens | Início da dissociação entre o eu e o outro: Linguagem egocêntrica | Início de afetos interindividuais: Sentimentos morais heterônomos. |
Operacional concreto: Início do pensamento verbalizado e socializado. | Inteligência concreta: Operações concretas | Dissociação entre o eu e o outro: Linguagem semi - socializada | Afetos interindividuais: Sentimentos morais autônomos |
Operacional formal: Pensamento verbalizado | Inteligência formal: Operações formais | Intercâmbio entre o eu e o outro: Linguagem socializada | Afetos interindividuais: Sentimentos e ideais coletivos. |
1º Estágio - Sensório - motor: esquemas sensório - motores
( de 0 a 2 anos )
Ao nascer o desenvolvimento predominante da criança é o das percepções e movimentos; sua inteligência é sobretudo sensório - motora e evolui na medida em que aprende a coordenar seus movimentos e sensações.
A bebê aprende a conhecer o mundo, levando as coisas à boca estabelecendo em contato com o meio externo direto e imediato, sem contudo representar o pensamento.
O bebê pega o que está em sua mão, mama o que colocado em sua boca, vê o que está diante de si, agindo por reflexos; mais tarde aprimora seus esquemas é capaz de ver um objeto, pegá-lo e levá-lo à boca.
Esse período é tido na Psicanálise como a fase oral, na qual a zona geradora de prazer localiza-se na boca.
Na relação interpessoal a criança não se percebe separada do mundo. É como se a totalidade fizesse parte dela. Nesta fase, o bebê apresenta alguns estágios distintos:
1º e 2º estágios Indissociação entre sujeito e objeto | Não há procura do objeto desaparecido. Aparecem ações revelando desagrado. |
Não há procura do objeto desaparecido. Ações acidentais podem levar o sujeito até o objeto. | |
3º e 4º estágios Início da dissociação entre o sujeito e o objeto | Procura aparente do objeto desaparecido. Repetição de ações executadas quando o objeto é perdido. |
Início da procura intencional do objeto desaparecido. Combinação de ações e de seqüências para atingi-lo. | |
5º e 6º estágios Dissociação entre o sujeito e o objeto. | Procura intencional do objeto desaparecido. Combinação de ações e de seqüência de ações para atingi-lo. |
Procura intencional do objeto desaparecido. Combinação de ações ou seqüências de ações imaginadas para atingi-lo. |
2º estágio: Pré - operacional concreto: esquemas simbólicos
(de 02 a 07 anos )
É o momento, da descoberta do símbolo. A realidade já pode ser representada. A criança consegue agir por simulação.
Torna-se capaz de representar mentalmente pessoas e situações; não discrimina detalhes pois sua percepção é global. Leva-se pela aparência, sem relacionar aspectos. É centrada em si mesma, pois não consegue colocar-se, abstratamente no lugar do outro.
Não relaciona situações e não tem noção de conservação da quantidade de matéria por se perceber separada das demais pessoas, desenvolve o egocentrismo. Tem-se como o ponto do referência, achando que o mundo gira em torno dela. Não reparte brinquedos, quer ter seu desejo satisfeito no momento em que se manifesta e apresenta uma certa incapacidade de discutir e ouvir o outro.
Vivendo num mundo de anomia , sendo é capaz de heteronomia somente após os três ou quatro anos, quando torna-se mais sociável e capaz de introjetar as normas.
O egocentrismo desse período deve ser compreendido também no aspecto intelectual já que a criança não consegue transpor abstratamente, a experiência vivida.
Ao colocamos diante da criança e pedirmos que imite nosso gesto, quando levantarmos a mão direita, ela levanta a esquerda, como num espelho por conta da incapacidade de se colocar sob o ponto de vista do outro (referência).
3º estágio - operacional concreto: estruturas concretas
( de 07 a 11 anos )
Nesta fase, diferentes aspectos e abstrair podem ser relacionados a criança tais como abstrair dados de realidade. Embora não se limite a uma representação imediata, ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração. É capaz de refazer um trajeto mental, voltando ao ponto inicial de uma situação.
Quando despejamos água de dois copos em outros, de formatos diferenciados, para que a criança diga se as quantidades continuam iguais, a resposta é positiva, diferenciando os aspectos,é refazer a ação.
Neste estágio, a lógica intuitiva passa a ser operatória. Embora ainda concreta essa operacionalização, transforma o pensamento, tornando-o mais coerente e permite construções lógicas mais complexas.
Os progressos na sociabilidade aparecem na procura de jogos, cujas regras deve ser rigorosamente obedecidas e o egocentrismo se reduz.
4º estágio - Lógico - formal: estruturas formais.
( de 12 nos em diante )
A representação já permite abstração total. A criança é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente e não se limita mais à representação imediata nem somente às relações previamente existentes.
Se pedimos para analisar um provérbio como "nem que chova canivetes" , a criança com o símbolo da frase e não com a imagem real de chover canivetes.
· Experiência física e lógico - matemática
A experiência física vem do produto de ações como tocar e jogar entre outras, do sujeito para o objeto. A lógico - matemática vem da coordenação de ações que o indivíduo exerce sobre os objetos e da tomada de consciência desta coordenação. Isto leva a aquisição da estrutura de séries, classes e números, entre outros.
· Transmissão ou experiência social
A troca ou cooperação entre as pessoas, desempenha um importante papel na construção das estruturas mentais na fase operacional concreta, principalmente no início da fase formal.
· Equilibração
A pessoa está sempre motivada em direção ao equilíbrio. Alcançado o equilíbrio no plano motor, inicia-se a busca de equilíbrio no plano representativo. A base de todo esse processo de equilibração tem sido buscada na assimilação e acomodação.
· Motivação
A vida mental resulta de um processo construtivo que tem como ponto de partida a motivação, baseado no funcionalismo que propõe que a atividade mental vem de uma necessidade que perturba o organismo, levando-o à busca de equilíbrio, da necessidade de acabar ou de aplicar a construção de um esquema ou estrutura.
Os objetos e os afetos tornam-se assimiláveis quando representam alimentos para o esquema, quando relacionam-se à necessidade.
Durante o processo em que ocorrem a desequilibração e reequilibração, as ações e as idéias tornam-se interessantes ou são valorizadas enquanto atendem a uma necessidade do indivíduo.
· Interesses e valores
A necessidade desencadeia a conduta em direção ao objeto, desde haja interesse. Toda conduta é ditada por um interesse ou por um objeto valorizado. O organismo agirá em função de um interesse maior. A intensidade do interesse é o aspecto regulador das forças. O conteúdo corresponde à identificação dos objetos capazes de satisfazer a necessidade.
· Valores e sentimentos
O interesse torna o objeto valorizado e dinamiza as energias do sujeito para agir em direção a este objeto. O valor é a ponte afetiva entre o sujeito e o objeto, é o conjunto de sentimentos projetados sobre o objeto ou sobre a pessoa.
O valor interindividual implica em sistema de trocas pessoais que resultam em sentimentos espontâneos como simpatia, antipatia, gratidão e sentimentos normativos que supõem uma troca com cooperação ou reciprocidade.
O valor intra - individual é o produto da atividade assimilativa do sujeito. O sucesso ou fracasso das ações sobre o ambiente é responsável pelo sentimento de superioridade ou inferioridade.
A passagem do período concreto para o período formal é crítica em função de não existir uma idade cronológica precisa para que isso ocorra. No entanto, não é raro exigir de uma criança de 11 anos um amplo desenvolvimento previsto para o formal. Nessa fase, coincidentemente tem início, a 5ª série do ensino fundamental, que além de grandes transformações curriculares, apresenta a característica de um professor para cada disciplina, com formas peculiares de ação, tomada de decisão e apresentação do conteúdo. Além disso, as mudanças internas, corporais e psicológicas são em muitos casos agravadas por problemas familiares e sociais. Como conseqüência há uma mudança substancial no sistema psicopedagógico. A 5ª série também solicita do indivíduo maior maturidade, com a utilização do pensamento abstrato enriquecido, lógico, hipotético e generalizado, em detrimento da memorização e repetição, o que nem sempre ocorre. Assim o adolescente, em busca de um equilíbrio mental mais duradouro apoia-se em dois pilares: o mundo interno ( mente - corpo ) e o mundo externo ( meio ambiente ). Se um dos dois falhar, ele se mantém apoiado no outro. Se os dois falharem, perde o equilíbrio. Como o primeiro é caracterizado por transformações constantes, não lhe serve de apoio. Há necessidade portanto, que o mundo externo ( vida escolar - familiar ) não falhe para que tenha condições mínimas de organizar-se internamente.
No contexto familiar a organização é de fundamental importância, uma vez que há necessidade de dividir o tempo de tal forma que as disciplinas introduzidas sejam conhecidas e assimiladas diariamente, bem como as tarefas escolares sejam realizadas dentro de prazos estipulados e com assertividade.
Quanto à escola cabe a integração do aluno as suas novas responsabilidades, bem como levantar o que ele sabe e o que não sabe a fim de propor atividades em classe ou extra - classe.
Nestas condições, uma das principais tarefas do adolescente ( dos 12 aos 16 anos ) é construir operações formais próprias da inteligência formal.O pensamento começa a manipular idéias por intermédio de palavras, símbolos matemáticos e outras formas de linguagem.
Através das operações formais, o sujeito começa a pensar sobre proposições ou declarações feitas a respeito de um conteúdo, raciocina com base nas formas, isto é, símbolos matemáticos ou esquemas verbais.
Este tipo de raciocínio pode ligar proposições que são admitidas para que conseqüências possíveis de atos possam ser verificadas, sem que os mesmos ocorram na realidade.
Diante de um problema, o adolescente tenta, em primeiro lugar, imaginar as possíveis relações entre as variáveis e depois combiná-las segundo um padrão sistemático, ou por meio da experimentação ou do puro raciocínio, para concluir qual ou quais dessas relações permanecem verdadeiras.
Este tipo de raciocínio é chamado hipotético - dedutivo.
Outro aspecto importante do pensamento formal é o pensamento proporcional, onde organiza os dados de realidade em proposições que podem ser combinadas de inúmeras formas.
As operações formais adequadamente articuladas permitem a construção de noções úteis para o desenvolvimento de conceitos, idéias e aplicações práticas nas disciplinas Matemática, Química e Física, particularmente.
A noção de proporção capacita a fazer cálculos matemáticos.
A socialização, a formação da afetividade, que consiste na conquista da personalidade e de sua participação na sociedade adulta, ocorre paralela a esta fase e depende de suas conquistas anteriores.
As influências sociais interferem no relacionamento entre o indivíduo e o meio ambiente desde o período sensório - motor, quando o bebê é cercado de estímulos sociais tais como: carinho, atenção, regras e outros; passando pelo estágio pré - operatório quando o desenvolvimento da linguagem altera o cenário social da criança, permitindo-lhe representar a realidade, embora ainda estejam presentes atitudes egocêntricas.
No estágio operatório encontramos essa criança já desenvolvida em atividades de grupo, com atitudes de cooperação que para Piaget é o ponto de partida para comportamentos que impliquem em obediência a normas e regras comuns, como por exemplo, o pensamento lógico.
Esse paralelismo entre o aspecto social e o lógico torna-se mais acentuado no período operatório - formal.
O domínio das operações formais liberta o pensamento de objetos materiais e enriquecem o indivíduo com uma nova forma de poder. Se ele for exacerbado, o sujeito acreditará que tudo aquilo que faz e sente tem uma importância universal. Neste sentido, a reflexão poderá levar o adolescente a construir sistemas teóricos e projetos de reformas dando a ele instrumentos para uma futura integração ao mundo adulto. O eu torna-se forte o suficiente para reconstruir o universo e incorporá-lo.
O decréscimo do egocentrismo, no período da inteligência formal acontece quando há a assimilação do universo físico e social de forma equilibrada para futura acomodação. O sujeito torna-se então um ser com uma visão realística do seu poder para lidar com idéias e valores.
A socialização por intermédio de companheiros, as alterações nas relações familiares, o progressivo aumento das responsabilidades escolares e outras considerações de ordem pessoal, social e cultural são aspectos que facilitam a determinação do comportamento do adolescente.
Tanto família quanto escola não podem esquecer os conceitos de ética, moral e cidadania, elementos indispensáveis na integração do adolescente no mundo adulto de forma articulada.
Paralelamente, a análise da dinâmica psíquica do sujeito, levou Freud a observar por intermédio da terapia e propor uma teoria própria sobre a personalidade e a motivação. Percebeu que a personalidade e a motivação são determinadas por impulsos instintivos e afetos e, o desenvolvimento da personalidade tem estreita ligação com o psicossocial. Por meio de um modelo de fases dá-se o desenvolvimento da sexualidade. As fases oral, anal, edipiana, período de latência e fálica são, segundo esse autor os estágios pelos quais vivencia o indivíduo até a chegada a vida adulta.
Na fase oral (dos 0 aos 02 anos aproximadamente ), dá-se o primeiro contato do indivíduo com o exterior que é implementado pela boca, língua e lábios em função da grande sensibilidade nestas regiões, tornando-se portanto o centro do prazer para o bebê. Há também uma ligação afetiva primitiva nesta região e tudo o que é agradável e estiver disponível é levado à boca.
Na fase anal ( dos 02 aos 04 anos aproximadamente ), o amadurecimento do indivíduo provoca maior sensibilidade na região inferior do tronco e é caracterizado pelos movimentos de expulsão / retenção da toalete própria e, além disso, já consegue desempenhar com assertividade o lugar e horário próprios. Dessa forma o centro do prazer é transferido da zona erógena oral para a anal. Esta fase está intimamente ligada a atitudes de atividade (expulsão ) e passividade ( retenção ).
Na fase fálica ( dos 04 aos 07 anos aproximadamente ), há mudança no centro do prazer da região anal para a genital em função de só agora estar completamente desenvolvida e, portanto, mais sensível. Nesta fase a criança começa a ter sensações de prazer na estimulação da área genital. É durante esse período que crianças de ambos os sexos começam a se masturbar. O Complexo de Édipo e a Angústia da Castração são vivenciados nessa época. No primeiro, Freud sugere que o menino torna-se intuitivamente desperto para sua mãe, como objeto de apropriação sexual e vê seu pai como rival sexual. Uma vez que seu pai dorme com a mãe, abraça-a, beija-a e na maioria da vezes, tem acesso a seu corpo de forma que o menino não tem. Assim sendo, a figura paterna torna-se poderosa e perigosa pois tem o poder de castrá-lo isto é, o menino tem medo que o pai descubra seu interesse sexual pela mãe. Nestas condições, o menino abre mão da mãe, para evitar maiores problemas, sublima, transferindo seu objeto de desejo para outros socialmente aceitos identificando-se com o pai e essa identificação é traduzida por comportamentos semelhantes aos do pai, tais como maneirismos, idéias, atitudes, ética e moral entre outras, entrando no período de latência.
Na fase de latência ( dos 07 aos 11 anos aproximadamente ), configura-se a dessexualização do indivíduo em relação ao objeto de desejo. É o que se pode chamar de uma fase de calmaria depois da tremenda tempestade ocorrida no Complexo de Édipo e na Angústia da Castração. É nesta fase que a criança inicia, na maioria das vezes, um novo período escolar, o que absorve sobremaneira suas energias. Esse período corresponde ao desenvolvimento das operações concretas, as capacidades cognitivas e ao amadurecimento das relações interpessoais e sociais, segundo Piaget. Nesta fase nota-se também, em grande parcela dos indivíduos, o início de mudanças nos órgãos genitais.
Na fase genital (dos 12 anos em diante, aproximadamente ), as mudanças nos órgãos genitais se completam e, conseqüentemente despertam novamente a energia sexual do indivíduo. Observa-se aqui que os objetos sexuais são pessoas do sexo oposto, professores, ídolos em geral e, posteriormente, colegas. Neste período, nota-se de maneira enfática problemas oriundos das fases anteriores, tais como identificações confusas com indivíduos do mesmo sexo ( fase edípica não bem articulada ) e falta de habilidade na resolução de conflitos próprios ( fase oral sucedida de forma inadequada ) entre outros. O interesse sexual é despertado nessas sucessivas fases pela adesão afetiva aos substitutos do objeto sexual do indivíduo, na medida que se registram as frustrações de cada fase ( oral e anal ) impostas pelo educador e o mundo exterior. Assim sendo, no atual período, o pensamento caracteriza-se com freqüência pelo bom senso, prudência e objetividade de uma observação. É o pensamento racional. O objetivo de toda educação é a profilaxia dos distúrbios do comportamento, utilizando sua libido de tal forma que se sinta feliz e, que esse bem estar se harmonize de forma adequada com as outras instâncias. Concluindo, é a energia libidinal que anima todas as atitudes do indivíduo.
Dado o exposto, tentaremos articular alguns aspectos dos períodos classificados por Piaget, o modelos de fases apresentados por Freud e sua visualização em alguns problemas de aprendizagem e a articulação das estruturas cognitiva e desiderativa sugerido pela psicopedagogia.
CONCLUSÃO
Partindo da premissa que a principal característica do Universo é o movimento - pulsão de vida ou a ausência dele - pulsão de morte poderemos encontrar no desenvolvimento psicomotor uma das possíveis causas de grande parte dos problemas de aprendizagem e conseqüentemente, quem tem esse tipo de problema possivelmente não constrói seu próprio conhecimento, não sendo portanto, o autor de suas idéias, conceitos e valores.
A fase oral e o período sensório - motor são caracterizados pelos primeiros contatos do indivíduo com o mundo exterior e a conseqüente exploração desse mundo é implementada por meio do movimento. Toda vez que há movimento, há de se percorrer certo espaço físico. É nesta fase que devem ser desenvolvidas as noções de espaço, lateralidade, motricidade gráfica, coordenação de movimentos e controle visual, entre outros.
O estágio pré - operatório e a fase anal são também caracterizados pelo movimento no entanto, quando esse movimento é ensejado por materiais de massas iguais mas com formatos diferentes, a mesma quantidade de matéria é negada. Portanto, "a sintonia fina" das questões relacionadas ao movimento ainda não estão desenvolvidas de forma mais precisa. Esta fase, de retenção / expulsão, se não for bem articulada, promove situações semelhantes quando houver a necessidade de se expor: idéias, conceitos, fórmulas e aplicações e comportamentos variados. É traduzida na prática, na falta de autoria nos pensamentos e autoridade nos atos.
No estágio operacional concreto que coincide com a fase de latência, o indivíduo relaciona aspectos diversos e abstrai dados. Neste período, uma nova fase escolar, normalmente, se inicia ( 1ª série do ensino fundamental ) absorvendo a maior parte das energias do indivíduo nas operações concretas, amadurecimento das relações interpessoais e emocionais e progressos na sociabilidade por meio de jogos, cujas regras devem ser rigorosamente obedecidas. Desarticulações nesta fase acarretam problemas de aprendizagem oriundos das fases oral e anal.
O estágio lógico formal e a fase genital têm como características as relações lógicas e as experiências física e social.
Segundo Dolto, é despertada na fase genital a energia sexual do indivíduo, a habilidade da resolução de conflitos, o bom senso, a prudência e a objetividade. Questões comprometedoras nesta fase são oriundos de articulações inadequadas em todas as fases anteriores.
Esses períodos ou estágios também se relacionam com as dimensões sugeridas pela Psicopedagogia como constitutivas do processo de determinação do ser cognoscente. Desta forma, as dimensões relacional, desiderativa e racional se entremeiam aos períodos e fases já citados.
Desta forma, a dimensão desiderativa que é caracterizada pelo processo de construção do conhecimento, corresponde a meu ver a todos os aspectos classificados por Piaget e a todas as fases do modelo proposto por Freud. Em todos os períodos e fases o sujeito constrói ou deve construir seu próprio conhecimento.
Nestas condições, a Psicopedagogia aliada as informações e conclusões observadas por Piaget e Freud tem por objeto o ser cognoscente e por objetivo a construção da individuação e a autonomia do eu cognoscente, identificando e clarificando obstáculos na articulação adequada dos períodos, fases e dimensões que impedem a autoria do pensamento.
BEE, Helen - A criança em desenvolvimento, Ed.Harper e Row do Brasil Ltda. , São Paulo, SP, 1977. DOLTO, Françoise - Psicanálise e Pediatria, Zahar editores, Rio de Janeiro, RJ, 2ª edição, 1977. LIMA, Taís - A aplicação do Conto de Fadas Branca de Neve no espaço Psicopegógico , Vetor Editora, São Paulo, SP, 1ª edição, 2000. ALMEIDA E SILVA, Maria Cecília - Psicopedagogia: em busca de uma funda- mentação teórica , Editora Nova Fronteira S.A., Rio de Janeiro, RJ, 1998. PIAGET, Jean - A construção do real na criança, 3ª ed. - São Paulo, Ática, 1996.
Publicado em 01/01/2000
Cícero Francisco Hernandes Granato - Mestrando em Psicopedagogia pela UNIFIEO Prof. de Física da rede particular de ensino
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