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terça-feira, 23 de setembro de 2008

O que cursos extracurriculares agregam à carreira?


Eles ajudariam a obter contatos além de oferecer conteúdo diferenciado

Publicado em 09/09/2008 - 12:30

Da redação

Permanecer inserido no mercado de trabalho é o desejo de todo profissional. Para isso, porém, há quem aposte na necessidade de se manter atualizado. E tais conhecimentos fundamentais para essa atualização não provêm apenas da experiência com o dia-a-dia do trabalho. Para satisfazer os requisitos do mercado, muitos profissionais recorrem a cursos extracurriculares, que geralmente têm curta duração e com enfoque em novas tecnologias. Muitos, entretanto, se perguntam se tais cursos realmente funcionam. Consultores em carreira ouvidos pelo Universia apostam que os conhecimentos adquiridos nesses cursos são válidos e importantes para que os profissionais mantenham sua posição nas empresas ou tenham melhores oportunidades, desde que a escolha se baseie em critérios bem definidos e objetivos.

Como identificar o melhor curso para aperfeiçoamento?
- O profissional deve ficar atento aos requisitos pedidos pelo mercado de trabalho.
- Para saber quais conhecimentos são exigidos em sua profissão, além dos cursos de graduação e pós, basta entrar em sites de consultoria de carreira e verificar os requisitos pedidos para cargos que se assemelhem ao seu.
- Se o profissional pretende se candidatar a um cargo acima do seu, deve conferir os conhecimentos exigidos para a posição e investir neles, mesmo sem certeza de conseguir o posto.
- Sempre avalie a instituição de ensino que oferece o curso, e confira se o ministrante está atualizado no assunto. Há universidades que oferecem cursos ultrapassados.

"O profissional deve estar certo que a área estudada é a que se identifica com aquilo que ele quer fazer. Então, deve ampliar seus conhecimentos dentro do tema e identificar quando é preciso recorrer a um curso específico. Para reconhecer o momento, basta observar os requisitos pedidos pelo mercado de trabalho", afirma o coordenador do NEO (Núcleo de Empregabilidade e Oportunidades) da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), Marciano Cunha.

Mas não basta reconhecer que é necessário se atualizar na área e procurar um curso que trate sobre o assunto. Segundo Cunha, é preciso avaliar a qualidade do ensino com muita atenção. O coordenador da PUCPR adverte que há universidades que oferecem cursos ultrapassados. "É preciso que o profissional analise o currículo do curso, verifique as áreas que serão tratadas, além de conferir a qualidade da instituição que o oferece. Além disso, é muito importante certificar-se que os ministrantes estão atualizados sobre o assunto", alerta.

A coordenadora do IBMEC Carreira (Faculdade IBMEC) de Minas Gerais, Jaqueline Silveira Mascarenhas, partilha da opinião de Cunha. Ela acredita que existem cursos extracurriculares para todas as áreas do conhecimento. "Independente do nível de conhecimento do profissional, é preciso que ele faça tais cursos, seja para atualização ou para novos aprendizados. Os cursos podem abordar novas tecnologias disponíveis no mercado ou o autoconhecimento do aluno", explica ela. Para escolher o curso certo para cada necessidade, Jaqueline diz que o profissional deve perceber seus pontos fracos dentro de suas tarefas no trabalho. "Ele deve descobrir os pontos que necessitam de aprimoramento ou atualização. Cursos extracurriculares não devem ser feitos à toa, é preciso entender quais temas o trabalhador não domina. Ao concorrer a uma vaga interna, o candidato precisa analisar os pré-requisitos", aconselha ela.

Além disso, Jaqueline acrescenta que é preciso que o profissional tenha noções genéricas. Essas noções não precisam necessariamente entrar em seu currículo, mas fazem diferença para o dia-a-dia. "Em geral, esses conhecimentos não são adquiridos na empresa ou em cursos regulares. Esta é a importância de buscá-los. Podem ser cursos que tenham como foco o autoconhecimento e que trabalhem o perfil do indivíduo, como seu comportamento ou postura. A oratória, por exemplo, é aconselhado para desenvolver a persuasão, que pode ser utilizada numa entrevista de emprego ou ao vender uma idéia a um cliente", indica Jaqueline.

Para Cunha, cursos que tratam da comunicação são essenciais. Ele aponta ainda os profissionais da área de comunicação como aqueles que devem ter maior preocupação em se atualizar. "Comunicação é uma das áreas de maior exigência e necessidade de relacionamento interpessoal. Os profissionais precisam aprender a comunicar idéias e transformá-las em produtos e serviços. Além de tudo, esses cursos são boas oportunidades de fazer contatos", lembra Cunha.

O coordenador ainda afirma ser necessário que um universitário faça cerca de 30 horas de cursos extracurriculares a cada ano de sua graduação para se formar com currículo competitivo. "Geralmente esses cursos são ministrados por profissionais de mercado e trazem dimensões práticas e mais profundas em comparação aos curriculares. Seu ponto forte é o contato com profissionais de mercado que podem passar uma visão mais prática do dia-a-dia da profissão", coloca Cunha.

Franciele conseguiu oportunidades com contatos criados em curso

Fazer cursos extracurriculares durante a graduação foi a decisão tomada pela estudante do 8º semestre de medicina da UCS (Universidade de Caxias do Sul), Franciele Caron, que faz parte do curso de Estudos de Controle e Prevenção do Câncer. "Escolhi esse curso porque pretendo seguir na área de oncologia. Acredito haver muito a ser estudado sobre o tratamento do câncer, além de ser um tema que gosto", explica Franciele.

Durante o curso, a estudante conta ter tido a oportunidade de interagir com a comunidade local, além de realizar pesquisas. "Ajudamos a comunidade de forma científica, realizamos palestras, tiramos dúvidas sobre os tipos de cânceres existentes e também fazemos pesquisas sobre a doença", esclarece ela. De acordo com Franciele, até mesmo vagas de estágio foram oferecidas a ela por causa do curso. "Conhecemos pessoas de outros lugares, de fora da universidade e esse contato nos ajuda. Com isso, já consegui estágios na área de oncologia em outros hospitais da região", afirma.

A estudante acredita que fazer parte do grupo de estudos abrirá portas em sua carreira depois de formada. "O curso vai me ajudar porque já tenho em meu currículo pesquisas na área, além de realizarmos estudos direcionados em oncologia. Essa é uma boa oportunidade de já possuir bons conhecimentos sobre o assunto quando estiver formada", espera Franciele.

Curso extracurricular ou pós-graduação?

Profissionais que ainda não tenham pós-graduação podem ficar em dúvida entre fazer um curso extracurricular ou investir na sonhada pós. Nesse caso, especialistas afirmam que é preciso colocar na balança quais as prioridades de cada indivíduo e verificar qual qualificação exigida pelo mercado tem caráter mais urgente para a carreira.

"Somente a graduação já não é mais suficiente para os requisitos do mercado de trabalho. Por isso, é importante investir numa pós antes de fazer cursos extracurriculares, que são destinados ao aperfeiçoamento. Também é importante que seja trabalhado o conhecimento de idiomas. Mas todo esse investimento em cursos depende das pretensões do profissional e dos conhecimentos necessários em sua área", alerta Jaqueline.

Cunha, no entanto, discorda do ponto de vista defendido por Jaqueline. "Este é um ponto relativo para um profissional que ainda não tenha pós-graduação. O ensino da pós é destinado a uma área especifica de atuação. Porém, se o aluno não teve experiências extracurriculares, ele terá uma visão limitada de sua área de atuação e não terá maturidade suficiente para enfrentar a pós, com chances de não conseguir entender os conhecimentos transmitidos durante o curso", acredita o coordenador.

Fonte: http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?materia=16638

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