Diretoria de Ensino Campinas Leste-SP
Professores substitutos, a rotina no banco de reservas
Escalados para assumir as faltas e licenças dos titulares, professores substitutos contam como lidam com um cotidiano puxado e um futuro incerto
Ana Rita Martins (novaescola@atleitor.com.br), de Salvador, BA, Paula Takada, de São Leopoldo, RS, e Rodrigo Ratier, de Jaraguá do Sul, SC
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=== PARTE 1 ====
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Mara é de Jaraguá do Sul, a 187 quilômetros de Florianópolis. Carla leciona em Salvador. Ana Beatriz, por sua vez, dá aulas em São Leopoldo, a 40 quilômetros de Porto Alegre. Todas levam um dia a dia puxado e repleto de incertezas. A começar pela relação trabalhista, em que quase sempre a palavra "substituto" rima com "temporário" - ou "eventual" e "de módulo", dependendo da cidade e do estado. Os nomes designam os profissionais com um vínculo por tempo determinado com as redes, raramente superior a um ano (leia o quadro na página seguinte). É o caso de Mara (leia o depoimento no destaque abaixo). Em geral, são selecionados pelo currículo e pela experiência profissional. Em menor número, as substituições são feitas por estudantes de Pedagogia e de licenciaturas específicas (como Carla), numa situação que está longe de ser a ideal - as Diretrizes Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia afirmam que o estágio deve ser pautado por uma mescla de atividades de observação, coparticipação e participação, sempre com supervisão. Por fim, substitutos concursados, que fazem parte do quadro fixo (como Ana Beatriz), são uma exceção.
Outro desafio recorrente é a sensação de despreparo para assumir uma classe (leia o depoimento na página seguinte). "Muitas vezes, a raiz do problema é própria formação do docente. Diversos substitutos são professores que ainda não conseguiram passar em concursos", afirma José Marcelino de Rezende Pinto, docente da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto. Mas parte do obstáculo tem a ver com a falta de informação sobre a turma, o que indica que a transição para a entrada do suplente não foi bem feita. A missão se torna ainda mais difícil para os docentes que a cada dia têm de lecionar em uma classe diferente (leia o depoimento na página seguinte). "Nessas condições, sem a orientação adequada, fica quase impossível planejar uma aula", afirma Roberta Panico, coordenadora pedagógica da Comunidade Educativa Cedac, em São Paulo.
Mara Luciana Kamschen Silva, professora
substituta das séries iniciais do Ensino
Fundamental na EM Luiz Gonzaga Ayroso,
em Jaraguá do Sul, SC.
Ilustração Melissa Lagoa sobre
foto Eduardo Marques
substituta das séries iniciais do Ensino
Fundamental na EM Luiz Gonzaga Ayroso,
em Jaraguá do Sul, SC.
Ilustração Melissa Lagoa sobre
foto Eduardo Marques
"Há 15 anos, pulo de licença em licença"
"Jaraguá do Sul, a cidade onde moro e trabalho, possui uma modalidade de contrato de trabalho chamada de ACT, Admissão em Caráter Temporário. Em geral, somos chamados no início do ano e ficamos até dezembro, cobrindo diversos tipos de licença: saúde, gestação, licença-prêmio etc. Sou ACT há 15 anos. Já lecionei em 19 das 32 escolas da rede, pulando de licença em licença. Em 2010, dei sorte: fico até o fim do ano com as mesmas turmas de 4º ano. Dizem que um ACT deve evitar criar vínculos, mas não consigo: me apego às turmas. A questão financeira também preocupa. Meu grande problema são os meses de janeiro e fevereiro, quando não recebo salário - já prevejo o problema e faço economia ao longo do ano. Meu objetivo é passar no concurso e virar uma professora efetiva. No último que prestei, estava muito ansiosa e não passei. Amo o que faço, mas gostaria de ter estabilidade para não viver sempre nessa agonia."
=== PARTE 2 ====
Continue lendo
- Introdução
- O papel de gestores e docentes titulares
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fonte; http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/carreira/professores-substitutos-rotina-banco-reservas-584460.shtml
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