domingo, 29 de setembro de 2024

Reagindo à fala da filósofa Lucia Helena Galvão. E somando algo sobre Shankaracharya e Os Vedas.

Bhagavad-gītā 2.23

nainaṁ chindanti śastrāṇi
nainaṁ dahati pāvakaḥ
na cainaṁ kledayanty āpo
na śoṣayati mārutaḥ

Sinônimos

na — nunca; enam — esta alma; chindanti — podem cortar em pedaços; śastrāṇi — armas; na — nunca; enam — esta alma; dahati — queima; pāvakaḥ — o fogo; na — nunca; ca — também; enam — esta alma; kledayanti — umedece; āpaḥ — a água; na — nunca; śoṣayati — seca; mārutaḥ — o vento.

Tradução

A alma nunca pode ser cortada em pedaços por arma alguma, nem pode ser queimada pelo fogo, ou umedecida pela água ou definhada pelo vento.



Seis filosofias indianas, discutiremos sobre Nyaya neste artigo.
A lógica é designada em sânscrito não apenas pela palavra "Nyaya", mas também por outras palavras diferentes que representam vários aspectos desta ciência da lógica. Hetu-Vidya se refere à ciência das causas, Anvishiki à ciência da investigação, Pramana-Shashtra à ciência do conhecimento correto, Tattava-Shahstra à ciência das categorias, Tarka-Vidya à ciência do raciocínio, Vadartha à ciência da discussão e assim por diante. Diz-se que a filosofia de Nyaya, também conhecida como Nyaya-Sutra/Dharma-Sutra, foi fundada pelo Rishi Gautama Aksapada.


No primeiro sutra do primeiro capítulo do Livro I do Nyaya-Sutra, é definido que a felicidade Suprema é alcançada pelo conhecimento sobre a natureza de dezesseis categorias, a saber, ‘pramana’ — meios de conhecimento correto, ‘prameya’ — objeto de conhecimento correto, ‘samasya’ — dúvida, ‘paryojna’ — propósito, ‘drastanta’ — instância familiar, ‘siddhanta’ — princípios estabelecidos, ‘avyaya’ — membros, ‘tarka’ — refutação, ‘nirnaya’ — averiguação, ‘vada’ — discussão, ‘jalpa’ — disputa, ‘vitanda’ — sofisma, ‘hetvabhasha’ — falácia, ‘chala’- disputa, ‘jati’ — futilidade e ‘nigrahasthana’ — ocasião para repreensão.

. A cognição perceptiva é um tipo de experiência de apresentação, anubhava, que é definida como experiência tendo intencionalidade ou objetividade, viṣayatā. A percepção tem caráter fenomenológico e um papel epistemológico.


Notavelmente, a palavra "percepção" em inglês compartilha uma ambiguidade com sua contraparte em sânscrito, "pratyakṣa", ambas sendo usadas para um evento mental, um pouco de conhecimento ocorrente que é de caráter perceptivo, bem como o processo que o produz.

Referências: 1. O Nyaya Sutra de Gotama, traduzido por Satisa Chandra Vidyabhusana, 1913. 2. Epistemologia na Índia Clássica, As Fontes de Conhecimento da Escola Nyāya — Stephen Phillips, 2012. 3. Lógica e atomismo indianos: uma exposição dos sistemas Nyāya e Vaiçeṣika — Arthur Berriedale Keith — Oxford University Press (1921)




Retórica e argumentação/Método de argumentação Nyåya


Nyåya consiste em uma corrente de pensamento indiana fundada por Gautama (c. 200 E.C.) cujo enfoque é em questões referentes ao conhecimento: epistemologia, percepção, inferências, argumentação, erros de raciocínio etc. Vejamos como alguns dos ensinamentos Nyåya podem nos ajudar a nos tornar argumentadores melhores.

A escola de pensamento Nyåya prescrevia que os argumentos fossem divididos em cinco partes:

  • pratijña: Declarar a tese a ser defendida.
  • hetu: Razão que justifica a tese.
  • udaharaa: Regra geral que legitima a relação entre razão e tese, acompanhada de exemplos positivos e negativos.
  • upanaya: Reiterar a razão para aplicar a regra geral.
  • nigamana: Concluir a tese.

Exemplo:

  • pratijña: Há fogo na colina.
  • hetu: Pois há fumaça.
  • udaharaa: Onde há fumaça, há fogo; tal como em uma cozinha, mas não como em um lago.
  • upanaya: Pode-se ver que há fumaça na colina.
  • nigamana: Portanto há fogo.

Phakkika-sastra (Erros de raciocínio ou argumentação)

A escola de pensamento Nyåya classificou as falácias em cinco categorias:

  • savyabhicara (inconclusivo): O hetu não fornece razão suficiente para a tese. Ex: ‘Jéssica passou por aqui, pois eu sinto seu perfume’. Outras pessoas além de Jéssica podem utilizar o mesmo perfume.
  • viruddha (contraditório): O hetu fornece razão para algo inconsistente com a tese. Ex: ‘Ivanhoé não é corajoso, pois ele vai muito bem armado para as batalhas’. Bem ou mal armado, participar de batalhas é sinal de coragem.
  • prakaranasama (controverso): O hetu fornece uma razão sem qualquer relação com o pratijña. Ex: ‘Este xampu deve ser bom, pois na propaganda há mulheres lindas e famosas defendendo seu uso’.
  • sadhyasama (contraquestionado): Existe forte evidência contrária ao hetu. Ex: ‘Jerônimo deve ser genial, pois ele tem o lobo frontal avantajado’. Acontece que a frenologia (determinação da personalidade pelas medidas do crânio) já foi refutada pela ciência.
  • kalatia (desbalanceio): Apesar do hetu oferecer razão para a tese, existe evidência ainda mais forte para a tese contrária. Ex: ‘Bianca deve ser uma pessoa inteligentíssima, pois foi muito bem na prova de matemática’. Acontece que Bianca só foi bem em uma matéria e reprovou em todas demais.


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