O estágio dos 3 aos 6 anos é um período de mudanças tanto na estruturação espaço-temporal quanto do esquema corporal. A evolução psicomotora deve iniciar a criança no universo onde reina uma organização e estrutura sem ter uma ruptura com o mundo mágico no qual se projeta sua subjetividade.
O jogo da função de ajustamento acontece por dois lados: o primeiro está submetido a uma intencionalidade prática que permite à criança resolver problemas motores e o segundo ligado à expressão corporal que nos mostra experiências emocionais e afetivas conscientes ou não. O jogo simbólico é importante quando agindo num outro mundo, imaginário, a criança satisfaz seus desejos.
Para afirmar sua personalidade como o confronto como o real usa-se o desenvolvimento das funções gnósicas.
Aos 3 (três) anos a criança tem necessidade de interiorização, então começa a reconhecer o próprio "eu", que irá permitir deslocar sua atenção para seu próprio corpo e descobrir sua respectivas características. Começa o período de estruturação do esquema corporal, etapa importante na evolução da imagem do corpo, sendo este o instrumento de inserção na realidade.
Este período pré-escolar é formado por dois meios paralelos do plano afetivo:
1 - A estruturação do espaço que permite a passagem do espaço topológico para o espaço euclidiano;
2 - Percepção das diferentes partes do corpo e estruturação do esquema corporal.
O fim deste período será mostrado pela possibilidade de uma relação coerente entre as estruturas perceptivas, graças a representação mental.
A criança de 3 (três) anos deve ter um ambiente humano beneficiado, e graças a este tem-se confrontado com objetos com sucesso pois não é superprotegido, ao contrário bem livre e sua motricidade espontânea e harmoniosa.
Seus deslocamentos (braços e pernas) tem-se adquirido, o equilíbrio está assegurado e a motricidade é perfeita e ritimica, e além disso, adquire muitas habilidades.
Nessa idade a criança tem espontaneidade e naturalidade, todo gesto contrário: inibição, rigidez, tensões desnecessárias, incoordenação, arritimia, sincinesias são expressões de dificuldade de organização de personalidade.
Espontâneo não quer dizer cego. Já tem certo controle cortical sobre seus movimentos, não sendo impulsivos. O equilíbrio entre o nível energético e a inibição ativa é função da ajuda que o meio familiar tem dado a criança, em particular na forma de propor e mantendo um certo número de interdições.
Salienta-se o jogo simbólico através do qual se observa o papel expressivo do movimento. Tornando-se consciente, a expressão perde a espontaneidade quando a criança percebe o que provoca no outro. E aos quatro anos ela tem consciência sobre suas atividades e chega a multiplicar sua fisionomia, sorriso através dos quais ela se mostra interessante.
A possibilidade de fazer e compreender diversas atitudes permitem o intercâmbio com outra pessoa, o que podemos chamar de sinal de socialização.
Neste momento não há mudanças significativas o aprendizado por insight é dominante.
A evolução dos seus gestos incide no ajustamento de sua postura, beneficiando-se de uma regulação tônica muito mais precisa. A evolução do controle tônico, graças a inibição cortical, permite eliminar movimentos parasitas e sincinesias , sobre tudo se a criança não é exigida pelo adulto.
O desenho é importante no desenvolvimento da criança e necessita de estudo.
A evolução de seus desenhos depende de sua percepção; os dois desenvolvem-se paralelamente.
É importante que os esquemas visuais postos em jogo no desejo estejam coordenados pela conduta motora e as propriedades do campo visual. Neste campo, são evidentes os problemas encontrados no motor e no perceptivo. Estes dois planos não podem estar separados, mas podem seguir em ritmos diferentes, prevalecendo em determinada hora da evolução da capacidade de estruturação.
No começo, a dificuldade de expressão gráfica predomina mais na área motora que na percepção, dando a impressão que a execução trai a intenção.
O grafismo está impregnado de elementos posturais, na sua origem e traduz as características tônicas que representam indícios de dominância lateral.
"A expressão mais elementar do grafismo da criança é o resultado do vaivém contínuo sobre o papel e este jogo rítmico de movimento diferencia as primeiras formas", dizia Piaget.
O grafismo primeiramente é um ato impulsivo, porém a partir dos dois anos e meio o controle visual vai exercer mais precisamente o progresso do grafismo na medida em que as coordenações motoras se desenvolvem paralelamente. E aí que o controle distal se torna proximal e permite a miniteirização de traçados.
Laterização traduz a assimetria funcional. Os espaços motores direito e esquerdo não são homogêneos. Esta desigualdade vai se tornar mais precisa durante o desenvolvimento e vai manifestar-se durante os reajustamentos práxicos de natureza intencional.
A prevalência suporta anatomicamente a dominância hemisférica. Trabalhos sobre afasia tem permitido concluir que o hemisfério esquerdo domina a função simbólica na pessoa destra. Paralelamente se confirma que a assimetria cerebral, coloca em evidência a importância deste hemisfério como a apraxia.
Porém a dominância pode ser mudada se levar em conta: que ela é labil e que o meio social e particular influenciam assim como patológicas. De outro lado existem pessoas que parecem não ter uma dominância hemisférica homogênea e nas quais as diferentes funções relacionadas à lateralidade estão repartidas bilateralmente, causando alguns problemas.
A maioria dos testes de lateralização põe em jogo automatismos já constituídos. A lateralidade de utilização é diferente da lateralidade espontânea, onde a primeira traduz o potencial genético.
Se a educação da criança é autoritária e as iniciativas da própria criança se limita, terá mais discordância entre a lateralidade espontânea e a de utilização. Há mais possibilidade desta discordância entre seis e oito anos, já que é a idade de estabilização.
Entre dois e três anos a prevalência é flutuante e a lateralidade não está ainda estabelecida definitivamente.
Neste período pensamos que o essencial é a organização da dominância, deve ser uma conquista ativa da criança.
A criança frente ao objeto, em atividades destinadas a isso, exerce sua função de ajustamento, e isto é a melhor organização funcional coerente e globalizante da motricidade.
http://www.geocities.com/psicoweb/psicomotr04.html
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