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quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A teoria da justiça de John Rawls Faustino Vaz, Resenha



A teoria da justiça de John Rawls

Faustino Vaz
Secundária Manuel Laranjeira, Espinho

Problema

Há crianças vendidas por pais extremamente pobres a quem tem DINHEIRO e falta de escrúpulos para as comprar; pessoas cujo rendimento não permite fazer mais do que uma refeição por dia; jovens que não têm a menor possibilidade de adquirir pelo menos a escolaridade básica; cidadãos que estão presos por terem defendido as suas ideias. Perante casos destes sentimos que as nossas intuições morais de justiça e igualdade não são respeitadas. Surge assim a pergunta: Como é possível uma sociedade justa? Este problema pode ter formulações mais precisas. Uma delas é a seguinte: Como deve uma sociedade distribuir os seus bens? Qual é a maneira eticamente correcta de o fazer? Trata-se do problema da justiça distributiva. A pergunta que o formula é a seguinte: Quais são os princípios mais gerais que regulam a justiça distributiva? A teoria da justiça de John Rawls é a resposta mais influente a este problema. Esta lição irá sujeitar à tua avaliação crítica os argumentos em que se apoia e algumas objecções que enfrenta.

Teoria

A teoria de Rawls constitui, em grande parte, uma reacção ao utilitarismo clássico. De acordo com esta teoria, se uma acção maximiza a felicidade, não importa se a felicidade é distribuída de maneira igual ou desigual. Grandes desníveis entre ricos e pobres parecem em princípio justificados. Mas na prática o utilitarismo prefere uma distribuição mais igual. Assim, se uma família ganha 5 mil euros por mês e outra 500, o bem-estar da família rica não diminuirá se 500 euros do seu rendimento forem transferidos para a família pobre, mas o bem-estar desta última aumentará substancialmente. Isto compreende-se porque, a partir de certa altura, a utilidade marginal do DINHEIRO diminui à medida que este aumenta. (Chama-se "utilidade marginal" ao benefício comparativo que se obtém de algo, por oposição ao benefício bruto: achar uma nota de 100 euros representa menos benefício para quem ganha 20 mil euros por mês do que para quem ganha apenas 500 euros por mês.) Deste modo, uma determinada quantidade de riqueza produzirá mais felicidade do que infelicidade se for retirada dos ricos para dar aos pobres. Tudo isto parece muito sensato, mas deixa Rawls insatisfeito. Ainda que o utilitarismo conduza a juízos correctos acerca da igualdade, Rawls pensa que o utilitarismo comete o erro de não atribuir valor intrínseco à igualdade, mas apenas valor instrumental. Isto quer dizer que a igualdade não é boa em si — é boa apenas porque produz a maior felicidade total.
Por consequência, o ponto de partida de Rawls terá de ser bastante diferente. Rawls parte então de uma concepção geral de justiça que se baseia na seguinte ideia: todos os bens sociais primários — liberdades, oportunidades, riqueza, rendimento e as bases sociais da auto-estima (um conceito impreciso) — devem ser distribuídos de maneira igual a menos que uma distribuição desigual de alguns ou de todos estes bens beneficie os menos favorecidos. A subtileza é que tratar as pessoas como iguais não implica remover todas as desigualdades, mas apenas aquelas que trazem desvantagens para alguém. Se dar mais DINHEIRO a uma pessoa do que a outra promove mais os interesses de ambas do que simplesmente dar-lhes a mesma quantidade de dinheiro, então uma consideração igualitária dos interesses não proíbe essa desigualdade. Por exemplo, pode ser preciso pagar mais dinheiro aos professores para os incentivar a estudar durante mais tempo, diminuindo assim a taxa de reprovações. As desigualdades serão proibidas se diminuírem a tua parte igual de bens sociais primários. Se aplicarmos este raciocínio aos menos favorecidos, estes ficam com a possibilidade de vetar as desigualdades que sacrificam e não promovem os seus interesses.
Mas esta concepção geral ainda não é uma teoria da justiça satisfatória. A razão é que a ideia em que se baseia não impede a existência de conflitos entre os vários bens sociais distribuídos. Por exemplo, se uma sociedade garantir um determinado rendimento a desempregados que tenham uma escolaridade baixa, criará uma desigualdade de oportunidades se ao mesmo tempo não permitir a essas pessoas a possibilidade de completarem a escolaridade básica. Há neste caso um conflito entre dois bens sociais, o rendimento e a igualdade de oportunidades. Outro exemplo é este: se uma sociedade garantir o acesso a uma determinada escolaridade a todos os seus cidadãos e ao mesmo tempo exigir que essa escolaridade seja assegurada por uma escola da área de residência, no caso de uma pessoa preferir uma escola fora da sua área de residência por ser mais competente e estimulante, gera-se um conflito entre a igualdade de oportunidades no acesso à educação e a liberdade de escolher a escola que cada um acha melhor.
Como podes ver, a concepção geral de justiça de Rawls deixa estes problemas por resolver. Será então indispensável um sistema de prioridades que justifique a opção por um dos bens em conflito. E nesse caso, se escolhemos um bem em detrimento de outro, é porque temos uma razão forte para considerar um dos bens mais prioritário do que outro. Nesse sentido, Rawls divide a sua concepção geral em três princípios:
Princípio da liberdade igual: A sociedade deve assegurar a máxima liberdade para cada pessoa compatível com uma liberdade igual para todos os outros.
Princípio da diferença: A sociedade deve promover a distribuição igual da riqueza, excepto se a existência de desigualdades económicas e sociais gerar o maior benefício para os menos favorecidos.
Princípio da oportunidade justa: As desigualdades económicas e sociais devem estar ligadas a postos e posições acessíveis a todos em condições de justa igualdade de oportunidades.
Estes três princípios formam a concepção de justiça de Rawls. Mas por si só estes princípios não resolvem conflitos como os que viste. Se queres ter uma espécie de guia nas tuas escolhas, é preciso ainda estabelecer uma ordem de prioridades entre os princípios. Assim, o princípio da liberdade igual tem prioridade sobre os outros dois e o princípio da oportunidade justa tem prioridade sobre o princípio da diferença. Atingido um nível de bem-estar acima da luta pela sobrevivência, a liberdade tem prioridade absoluta sobre o bem-estar económico ou a igualdade de oportunidades, o que faz de Rawls um liberal. A liberdade de expressão e de religião, assim como outras liberdades, são direitos que não podem ser violados por considerações económicas. Por exemplo, se já tens um rendimento mínimo que te permite viver, não podes abdicar da tua liberdade e aceitar a restrição de não poderes sair de uma exploração agrícola na condição de passares a ganhar mais. Outro exemplo que a teoria de Rawls rejeita seria o de abdicares de gozar de liberdade de expressão para um dia teres a vantagem económica de não te serem cobrados impostos.
Em cada um dos princípios mantém-se a ideia de distribuição justa. Assim, uma desigualdade de liberdade, oportunidade ou rendimento será permitida se beneficiar os menos favorecidos. Isto faz de Rawls um liberal com preocupações igualitárias. Considera mais uma vez alguns exemplos. Um sistema de ensino pode permitir aos estudantes mais dotados o acesso a maiores apoios se, por exemplo, as empresas em dificuldade vierem a beneficiar mais tarde do seu contributo, aumentando os lucros e evitando despedimentos. Outro caso permitido é o de os médicos ganharem mais do que a maioria das pessoas desde que isso permita aos médicos ter acesso a tecnologia e investigação de ponta que tornem mais eficazes os tratamentos de certas doenças e desde que, claro, esses tratamentos estejam disponíveis para os menos favorecidos.
As liberdades básicas a que Rawls dá atenção são os direitos civis e políticos reconhecidos nas democracias liberais, como a liberdade de expressão, o direito à justiça e à mobilidade, o direito de votar e de ser candidato a cargos públicos.
A parte mais disputável da teoria de Rawls é a que diz respeito à exigência de distribuição justa de recursos económicos — o que se compreende. Uma vez resolvido o problema dos direitos e liberdades básicas nas sociedades democráticas liberais, o grande problema com que estas sociedades se deparam é o de saber como devem ser distribuídos os recursos económicos — trata-se do problema da justiça distributiva. Ora, como essa exigência de distribuição justa é expressa pelo princípio da diferença, serão submetidos à tua avaliação crítica os argumentos de Rawls em defesa desse princípio.

Argumentos

Rawls apresenta dois argumentos a favor do princípio da diferença: o argumento intuitivo da igualdade de oportunidades e o argumento do contrato social hipotético.

O argumento intuitivo da igualdade de oportunidades

Este argumento apela à tua intuição de que o destino das pessoas deve depender das suas escolhas, e não das circunstâncias em que por acaso se encontram. Ninguém merece ver as suas escolhas e ambições negadas pela circunstância de pertencer a uma certa classe social ou raça. Intuitivamente não achamos plausível que uma mulher, pelo simples facto de ser mulher, encontre resistências à possibilidade de liderar um banco. Estas são circunstâncias que a igualdade de oportunidades deve eliminar. Ora, estando garantida a igualdade de oportunidades, prevalece nas sociedades actuais a ideia de que as desigualdades de rendimento são aceitáveis independentemente de os menos favorecidos beneficiarem ou não dessas desigualdades. Como ninguém é desfavorecido pelas suas circunstâncias sociais, o destino das pessoas está nas suas próprias mãos. Os sucessos e os falhanços dependem do mérito de cada um, ou da falta dele. É assim que a maioria pensa.
Mas será que esta visão dominante da igualdade de oportunidades respeita a tua intuição de que o destino das pessoas deve ser determinado pelas suas escolhas, e não pelas circunstâncias em que se encontram? Rawls pensa que não. Por esta razão: reconhecendo apenas diferenças nas circunstâncias sociais e ignorando as diferenças nos talentos naturais, a visão dominante terá de aceitar que o destino de um deficiente seja determinado pela sua deficiência ou que a infelicidade de um QI baixo dite o destino de uma pessoa. Isto impõe um limite injustificado à tua intuição. Se é injusto que o destino de cada um seja determinado por desigualdades sociais, também o será se for determinado por desigualdades naturais. Afinal, a tua intuição vê a mesma injustiça neste último caso. Logo, como as pessoas são moralmente iguais, o destino de cada um não deve depender da arbitrariedade dos acasos sociais ou naturais. E neste caso não poderás aceitar o destino do deficiente ou da pessoa com um QI baixo.
O que propõe Rawls em alternativa? Que a noção comum de igualdade de oportunidades passe a reconhecer as desigualdades naturais. Como? Dispondo a sociedade da seguinte maneira: quem ganha na "lotaria" social e natural dá a quem perde. De acordo com Rawls, ninguém deve beneficiar de forma exclusiva dos seus talentos naturais, mas não é injusto permitir tais benefícios se eles trazem vantagens para aqueles que a "lotaria" natural não favoreceu. E deste modo justificamos o princípio da diferença. Concluindo, a noção dominante de igualdade de oportunidades parte da intuição de que o destino de cada pessoa deve ser determinado pelas suas escolhas, e não pelas suas circunstâncias; mas esta mesma intuição consistentemente considerada obriga a que aquela noção passe a incluir as desigualdades naturais. O que daí resulta é precisamente o princípio da diferença. Como ninguém parece querer abdicar do pressuposto da igualdade moral entre todas as pessoas, Rawls defende que o princípio que melhor dá conta desse pressuposto é o princípio da diferença.

O argumento do contrato social hipotético

Imagina que não conheces o teu lugar na sociedade, a tua classe e estatuto social, os teus gostos pessoais e as tuas características psicológicas, a tua sorte na distribuição dos talentos naturais (como a inteligência, a força e a beleza) e que nem sequer conheces a tua concepção de bem, ignorando que coisas fazem uma vida valer a pena. Mas não és o único que se encontra nesta posição original; pelo contrário, todos estão envoltos neste véu de ignorância. Rawls afirma que esta situação hipotética descreve uma posição inicial de igualdade e nessa medida este argumento junta-se ao argumento intuitivo da igualdade de oportunidades. Ambos procuram defender a concepção de igualdade que melhor dá conta das nossas intuições de igualdade e justiça. De seguida, Rawls levanta a questão central: Que princípios de justiça seriam escolhidos por detrás deste véu de ignorância? Aqueles que as pessoas aceitariam contando que não teriam maneira de saber se seriam ou não favorecidas pelas contingências sociais ou naturais. Nessa medida, a posição original diz-nos que é razoável aceitar que ninguém deve ser favorecido ou desfavorecido.
Apesar de não sabermos qual será a nossa posição na sociedade e que objectivos teremos, há coisas que qualquer vida boa exige. Poderás ter uma vida boa como arquitecto ou poderás ter uma vida boa como mecânico e parece óbvio que estas vidas particulares serão bastante diferentes. Mas para serem ambas vidas boas há coisas que terão de estar presentes em qualquer uma delas, assim como em qualquer vida boa. A estas coisas Rawls chama bens primários. Há dois tipos de bens primários, os sociais e os naturais. Os bens primários sociais são directamente distribuídos pelas instituições sociais e incluem o rendimento e a riqueza, as oportunidades e os poderes, e os direitos e as liberdades. Os bens primários naturais são influenciados, mas não directamente distribuídos, pelas instituições sociais e incluem a saúde, a inteligência, o vigor, a imaginação e os talentos naturais. Podes achar estranho que as instituições sociais distribuam directamente rendimento e riqueza, mas segundo Rawls as empresas são instituições sociais.
Ora, sob o véu de ignorância, as pessoas querem princípios de justiça que lhes permitam ter o melhor acesso possível aos bens sociais primários. E, como não sabem que posição têm na sociedade, identificam-se com qualquer outra pessoa e imaginam-se no lugar dela. Desse modo, o que promove o bem de uma pessoa é o que promove o bem de todos e garante-se a imparcialidade. O véu de ignorância é assim um teste intuitivo de justiça: se queremos assegurar uma distribuição justa de peixe por três famílias, a pessoa que faz a distribuição não pode saber que parte terá; se queremos assegurar um jogo de futebol justo, a pessoa que estabelece as regras não pode saber se a sua equipa está a fazer um bom campeonato ou não. Imagina os seguintes padrões de distribuição de bens sociais primários em mundos só com três pessoas:

Mundo 1: 9, 8, 3;
Mundo 2: 10, 7, 2;
Mundo 3: 6, 5, 5.
Qual destes mundos garante o melhor acesso possível aos bens em questão? Lembra-te que te encontras envolto no véu de ignorância. Arriscas ou jogas pelo seguro? Tentas maximizar o melhor resultado possível ou tentas maximizar o pior resultado possível? Rawls responde que a tua intuição de justiça te conduzirá ao mundo 3. A escolha racional será essa. A estratégia de Rawls é conhecida como "maximin", dado que procura maximizar o mínimo. (Repara que a soma total de bens sociais do mundo 1 é 20, ao passo que no mundo 3 a soma total é apenas 16. Por outras palavras, o mundo 3 é menos rico do que o mundo 1, mas mais igualitário.) Nessa medida, defende que devemos escolher, de entre todos as situações possíveis, aquela em que a pessoa menos favorecida fica melhor em termos de distribuição de bens primários. É verdade que os outros dois padrões de distribuição têm uma utilidade média mais alta. (A utilidade média obtém-se somando a riqueza total e dividindo-a pelas pessoas existentes. A utilidade média do mundo 1 é 6,6 e a do mundo 3 é de apenas 5,3.) Todavia, como só tens uma vida para viver e nada sabes sobre qual será a tua posição mais provável nos outros dois padrões, a escolha do mundo 3 é mais racional e ao mesmo tempo mais compatível com as tuas intuições de igualdade e justiça. E o que diz o princípio da diferença? Diz precisamente que a sociedade deve promover a distribuição igual da riqueza, excepto as desigualdades económicas e sociais que beneficiam os menos favorecidos. Afinal, parece que nenhuma das desigualdades dos mundos 1 e 2 traz benefícios para os menos favorecidos.

Objecções

A teoria de Rawls não compensa as desigualdades naturais

A concepção comum de igualdade de oportunidades não limita a influência dos talentos naturais. Rawls tenta resolver essa falha através do princípio da diferença. Assim, os mais talentosos não merecem ter um rendimento maior e só o têm se com isso beneficiarem os menos favorecidos. Mas talvez Rawls não tenha resolvido o problema. Talvez a sua teoria da justiça deixe ainda demasiado espaço para a influência das desigualdades naturais. E nesse caso o destino das pessoas continua a ser influenciado por factores arbitrários.
Rawls define os menos favorecidos como aqueles que têm menos bens sociais primários. Imagina agora duas pessoas na mesma posição inicial de igualdade: têm as mesmas liberdades, recursos e oportunidades. Uma das pessoas tem o azar de contrair uma doença grave, crónica e incapacitante. Esta desvantagem natural implica custos na ordem dos 200 euros por mês para medicação e equipamentos. O que oferece a teoria de Rawls a esta pessoa? Como esta pessoa tem os mesmos bens sociais que a outra e os menos favorecidos são definidos em termos de bens sociais primários, a teoria de Rawls não prevê a possibilidade de a compensar. Sobre as desigualdades naturais, apenas é dito que os mais agraciados em talentos pela natureza podem ter um rendimento maior se com isso beneficiarem os menos favorecidos.
O princípio da diferença assegura os mesmos bens sociais primários a esta pessoa doente, mas não remove os encargos causados, não pelas suas escolhas, mas pela circunstância de ter contraído uma doença grave, crónica e incapacitante. A crítica à concepção dominante de igualdade de oportunidades devia ter levado Rawls ao princípio de que as desigualdades naturais, tal como as sociais, devem ser compensadas. Não se vê justificação para tratar as limitações naturais de maneira diferente das sociais. Logo, as desvantagens naturais devem ser compensadas (equipamento, transportes, medicina e formação profissional subsidiadas). A teoria de Rawls enfrenta a objecção de não reconhecer como desejável a tentativa de compensação destas desvantagens.

A teoria de Rawls leva a que certas escolhas subsidiem injustamente outras

A intuição que está por detrás da objecção anterior diz-te que não é justo responsabilizar as pessoas pelas circunstâncias em que por acaso se encontram: um deficiente não é responsável pela sua deficiência e um doente crónico pela sua doença crónica. O outro lado da mesma intuição diz-te agora que não é justo desresponsabilizar as pessoas pelas suas escolhas. Mais uma vez, o recurso a um exemplo pode ajudar-te a compreender melhor o que está em jogo.
Imagina duas pessoas que trabalham na mesma empresa de electrodomésticos. Têm, por isso, os mesmos recursos económicos. Mas também têm em comum os mesmos talentos naturais e antecedentes sociais. Uma delas é apaixonada por futebol e gasta uma parte razoável do seu rendimento nas deslocações permanentes que faz para apoiar o seu clube. Somadas as outras despesas inevitáveis de uma família, nada sobra. Por vezes esta família tem de recorrer a apoio social do estado. A outra resolveu estudar sistemas eléctricos depois do expediente normal de trabalho. Após um período de estudo, compra o equipamento necessário e resolve vender os seus serviços de electricista das seis da tarde às nove da noite. Com muitas horas de trabalho, esforço e competência, duplica o rendimento inicial. O princípio da diferença diz que as desigualdades de rendimento são permitidas se beneficiarem os menos favorecidos. Que consequência tem a sua aplicação a este caso? A consequência de fazer o apaixonado por futebol beneficiar do rendimento do electricista esforçado.
Isto viola a tua intuição de justiça. Parece obviamente justo compensar custos não escolhidos (doenças, deficiências, etc.), mas é obviamente injusto compensar custos escolhidos. E é isso o que acontece neste caso; o princípio da diferença leva a que o electricista esforçado pague do seu bolso a escolha que faz e ainda subsidie a escolha do apaixonado por futebol. Corrói assim a igualdade em vez de a promover: cada um tem o estilo de vida que prefere, mas um vê o seu rendimento aumentado e o outro vê o seu rendimento diminuído através dos impostos com que subsidia o outro. Rawls afirma que a sua teoria da justiça tem a preocupação de regular as injustiças que resultam das circunstâncias, e não das escolhas. Mas porque não faz a distinção entre desigualdades escolhidas e desigualdades não escolhidas, o princípio da diferença viola a tua intuição de que é justo que cada um seja responsável pelos custos das suas escolhas. A não ser assim, que sentido fazem ainda o esforço e a ambição das nossas escolhas pessoais?
As duas objecções precedentes foram apresentadas pelo filósofo Ronald Dworkin. Dada a sua importância central, Dworkin formulou uma teoria que visa explicitamente dar-lhes resposta.

A objecção do jogador de basquetebol

Esta objecção foi apresentada pelo filósofo Robert Nozick. Ao contrário das duas objecções anteriores, não procura melhorar o princípio da diferença de maneira a que respeite cabalmente as nossas intuições morais de igualdade e justiça. O objectivo de Nozick é antes derrubar o princípio da diferença e fazer assentar em bases sólidas o seu princípio da transferência — tudo o que é legitimamente adquirido pode ser livremente transferido. Para isso, formula o contra-exemplo que é a seguir submetido à tua avaliação.
Wilt Chamberlain é um jogador de basquetebol em alta. A sociedade em que vive distribui a riqueza segundo o princípio da diferença ou segundo o princípio "a cada um segundo as suas necessidades", ou então segundo o princípio que achares mais correcto — escolhe o princípio que quiseres. A esta distribuição de riqueza vamos chamar D1. Depois de várias propostas, Wilt Chamberlain decide assinar o seguinte contrato com uma equipa: nos jogos em casa, recebe 25 cêntimos por cada bilhete de entrada. A emoção é grande. Todos o querem ver JOGAR. Chamberlain joga muito bem. Vale a pena pagar o bilhete. A época termina e 1 milhão de pessoas viu os jogos. Chamberlain ganhou 250 000 euros. O rendimento obtido é bem maior que o rendimento médio. Gera-se assim uma nova distribuição de riqueza na sociedade em questão, a que vamos chamar D2.
Por que razão é este caso um contra-exemplo ao princípio da diferença? Dado que cria uma enorme desigualdade, Nozick pergunta por que razão esta nova distribuição de riqueza é injusta. Na situação D1, as pessoas tinham um rendimento legítimo e não havia protestos de terceiros para que se redistribuísse a riqueza. Nenhuma questão se levantava acerca do direito de cada um controlar os seus recursos. Depois as pessoas escolheram dar 25 cêntimos do seu rendimento a Chamberlain e gerou-se a distribuição D2. Haverá agora lugar a reclamações de terceiros que antes nada reclamavam e que continuam a ter o mesmo rendimento? Que razão há para se redistribuir a riqueza? Que razão tem o estado para interferir no rendimento de Chamberlain cobrando-lhe impostos elevados?
Se concordas com Nozick e aceitas que a situação D2 é legítima, então o seu princípio da transferência está mais de acordo com as tuas intuições do que princípios redistributivos como o princípio da diferença. Mas se assim for, o que fazer em relação às desigualdades naturais que condenam à indigência pessoas cujos talentos naturais não são rentáveis no mercado? Nozick aceita que temos intuições poderosas a favor da compensação de desigualdades não escolhidas; o problema é que os nossos direitos particulares sobre as nossas posses e rendimentos não deixam espaço para direitos gerais. A propriedade é absoluta. E se o é, que meios materiais tem o estado para garantir outros direitos? É a ti que cabe fazer um juízo sobre este problema.
Faustino Vaz

Questões de revisão

  1. A que problema responde a teoria de Rawls?
  2. Que resposta dá o utilitarismo ao problema da justiça distributiva? Que erro vê Rawls nessa resposta?
  3. Achas que a teoria de Rawls propõe que todas as desigualdades sejam removidas? Porquê?
  4. O que leva Rawls a estabelecer um sistema de prioridades entre os seus princípios de justiça?
  5. Por que razão Rawls é um liberal?
  6. Por que razão Rawls é um liberal igualitário?
  7. Quais são as premissas e qual é a conclusão do argumento intuitivo da igualdade de oportunidades?
  8. Qual é o ponto de partida do argumento do contrato social hipotético?
  9. O véu da ignorância funciona como um teste de justiça. Porquê?
  10. Que conclusão retira Rawls do argumento do contrato social hipotético?
  11. Em que razão se baseia a objecção segundo a qual a teoria de Rawls não compensa as desigualdades naturais?
  12. Uma das objecções à teoria de Rawls diz que esta é insensível às escolhas e ambições pessoais. Por que razão o diz?
  13. Que conclusão retira Nozick do contra-exemplo do jogador de basquetebol?

Questões de discussão

  1. "O princípio da liberdade igual implica equiparar a propriedade para que uns — os ricos — não tenham mais liberdade que outros — os pobres. Mas nesse caso o princípio da diferença entra em contradição com o princípio da liberdade." Concordas? Porquê?
  2. Discute a seguinte afirmação: "Dar liberdade às pessoas impede qualquer restrição às posses individuais de propriedade."
  3. "Cobrar impostos para redistribuir a riqueza aumenta a liberdade dos mais pobres porque lhes dá acesso a um leque de escolhas que de outra forma não teriam." Concordas? Porquê?
  4. "Se o estado não redistribuir a riqueza cobrando impostos, os pobres perpetuarão a pobreza e os ricos perpetuarão a riqueza. Mas se o estado cobrar impostos em função da riqueza, os ricos ficam com menos capacidade de investimento e os pobres terão menos hipóteses de sair da pobreza." Como reagiria Rawls a estas afirmações? E Nozick?
  5. Qual dos princípios responde melhor à tua intuição de justiça, o princípio da diferença de Rawls ou o princípio da transferência de Nozick? Porquê?

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quarta-feira, 27 de março de 2013

METODOLOGIA CIENTÍFICA: O QUE É FICHAMENTO, RESENHA, RESUMO, SINOPSE, RESENHA CRÍTICA, ESQUEMAS




O que é fichamento, resenha , resumo, sinopse, resenha critica, dentre outros e exemplo de todos.
Introdução
O trabalho a seguir trata de assuntos acerca de métodos científicos, sendo estudado neles, sinopses, resumos, esquemas, resenhas criticas, resumos críticos e fichamentos.
Expondo dados relevantes no conhecimento, para que se possa fazer bem os descritos acima, apresentando definições e exemplos. Trabalho de metodologia cientifica, ministrado pela professora Maria generosa.
Sinopse
Sinopse, é síntese de uma ciência, ou seja, um resumo, um sumário, algo como um resumo de um livro sem mostrar detalhes, e sem se aprofundar no assunto, só para tirar duvidas momentâneas.
Sinopse de ‘O que é semiótica’
Semiótica é o estudo dos signos, ou seja, as representações das coisas do mundo que estão em nossa mente. A semiótica ajuda a entender como as pessoas interpretam mensagens, interagem como objetos, pensam e se emocionam.
Resumo
Resumo é a apresentação concisa dos pontos relevantes de um texto. Visa fornecer elementos capazes de permitir ao leitor decidir sobre a necessidade de consulta ao texto original e/ou transmitir informações de caráter complementar.
O resumo é uma forma de reunir e apresentar por escrito, de maneira concisa, coerente e freqüentemente seletiva, as informações básicas de um texto pré-existente. É a condensação de um texto, pondo-se em destaque os elementos de maior interesse e importância a sua finalidade é difundir as informações contidas em livros, artigos ou outros documentos e auxiliar o (a) estudante e / ou o profissional nos seus estudos teóricos.
Resumo de ‘ O que é semiótica’
A semiótica provém da raiz grega ‘semeion’, que denota signo. Assim, desta mesma fonte, temos ‘semeiotiké’, ‘a arte dos sinais’. Esta esfera do conhecimento existe há um longo tempo, e revela as formas como o indivíduo dá significado a tudo que o cerca. Ela é, portanto, a ciência que estuda os signos e todas as linguagens e acontecimentos culturais como se fossem fenômenos produtores de significado, neste sentido define a semiose. A ciência chamada Semiótica, ou teoria geral e da produção dos signos, teve sua origem na Rússia, na Europa Ocidental e na América.é a ciência geral dos signos, que estuda todos os fenômenos de significação. Tem por objeto os sistemas de signos das imagens, gestos, vestuários, ritos, etc. A palavra equivalente no mesmo ou em outro idioma. É a representação, na linguagem do significante. Corresponde ao conceito ou à noção, ao passo que o significante corresponde à forma.Todo objeto, forma ou fenômeno que representa algo distinto de si mesmo: a cruz como significado do “cristianismo”; a cor vermelha significando “pare” par o código de trânsito, etc.O significado tem um código afetivo (angústia), relacionado ao fato psíquico no Inconsciente, não sabido, objeto referido. Ferdinad de Saussure, é conhecido como pai da Semiose. Para ele, a mera realidade sígnica justifica a existência de um ramo do conhecimento que estude os signos na sua relação com o contexto social.
EsquemaOs esquemas mais não são do que enunciados de palavras-chave, em torno das quais é possível arrumar grandes quantidades de conhecimentos. Representam uma enorme economia de palavras e oferecem a vantagem de destacar e visualizar o essencial do assunto em análise, podendo ainda ser facilmente reformulados.A sua utilização ajuda-nos a compreender e a recordar os acontecimentos, a estabelecer relações entre eles ou entre diversos factores e a compreender a influência que esses acontecimentos ou factores exercem uns sobre os outros. Há vários tipos de esquemas: lineares, quando organizam a informação na horizontal e na vertical; circulares, se organizam a informação em círculo; piramidais, se a informação se dispõe em forma de pirâmide; e sistemáticos, quando a informação se organiza em forma de quadro, representando as relações de interdependência de um fenómeno.Para fazeres um esquema, deves começar por apreender as ideias-chave do texto e ordená-las, escolhendo para isso o tipo de esquema mais adequado. Usa setas para estabelecer relações entre os conceitos, (considerando que a seta significa causa/efeito e a seta quer dizer inter-relação).
Esquema para uma história em quadrinhos.
  • Pense em alguma história e registre-a no bloco de anotações como se fosse um roteiro.
  • Crie os diálogos entres os personagens da história.
  • Em um papel, desenhe as cenas da história. Desenhe balões e escreva com o lápis dentro deles as falas de cada personagem.
  • Se for necessário, faça esclarecimentos sobre a cena no rodapé da folha.
  • Cole as cópias do seu rosto no espaço reservado.
  • Faça o acabamento com carvão preto e trabalhe os detalhes com nuances de cinza.
Resenha critica
Resenha crítica é uma descrição que faculta o exame e o julgamento de um trabalho(teatrocinemaobra literária, experiência científica, tarefa manual…). A apreciação necessita ser elaborada de maneira impessoal, sem demonstração satírica ou cômica. Contém posicionamentos de ordem técnica diante do objeto de análise, seguidos de um resumo do conteúdo e possível demonstração de sua importância. Resenha Crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra, acompanhada de uma avaliação crítica. Expõe-se claramente e com certos detalhes o conteúdo da obra para posteriormente desenvolver uma apreciação crítica do conteúdo. A resenha crítica consiste na leitura, resumo e comentário crítico de um livro ou texto. Resenha crítica é uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos: é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista. A resenha crítica, em geral é elaborada por um cientista que, além do conhecimento sobre o assunto, tem capacidade de juízo crítico. Também pode ser realizada por estudantes; nesse caso, como um exercício de compreensão e crítica. A finalidade de uma resenha é informar o leitor, de maneira objetiva e cortês, sobre o assunto tratado no livro ou artigo, evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias. A resenha visa, portanto, a apresentar uma síntese das idéias fundamentais da obra. Resenha crítica é uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos: é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista. A resenha crítica, em geral é elaborada por um cientista que, além do conhecimento sobre o assunto, tem capacidade de juízo crítico. Também pode ser realizada por estudantes; nesse caso, como um exercício de compreensão e crítica. A finalidade de uma resenha é informar o leitor, de maneira objetiva e cortês, sobre o assunto tratado no livro ou artigo, evidenciando a contribuição do autor: novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias. A resenha visa, portanto, a apresentar uma síntese das idéias fundamentais da obra.
Nausicaä do Vale do Vento Volume 3 (Kaze No Tani No Nausicaä Volume 3), Hayao Miyazaki. São Paulo: Conrad Editora, 2007, 152 páginas. Tradução de Dirce Miyamura.
As aventuras da princesa Nausicaä, dão na Terra de muitos milhares de anos no futuro. Há toda uma fauna diversa da atual, e que, conforme este terceiro volume parece sugerir, teria sido engendrada em uma Idade do Ouro (tema recorrente em Miyazaki) oculta nas brumas do passado. A criação mais terrível dessa biotecnologia é o “soldado divino”, um gigante que manipula energias poderosas, muito acima da tecnologia bélica dos vários grupos em conflito numa espécie de guerra mundial que envolveu o tranqüilo vale de Nausicaä. Descoberto acidentalmente por uma dessas forças, um soldado divino sobrevivente ameaça ser ressuscitado para a guerra. Uma simples pedra o aciona – o objeto mágico atrás do qual está a princesa Kushana, filha do maquiavélico Imperador de Torumekia, com a ajuda relutante do general Kurotawa. Nausicaä é prisioneira de Kushana, com quem viaja num veículo aéreo. Aos poucos ela vai conquistando a admiração das tropas da princesa guerreira, por sua coragem e pelo carinho com os feridos. Nausicaä é um arquétipo feminino em busca de um equilíbrio positivo – por várias vezes ela dá a vida, recolhendo um par de bebês abandonados, sendo até mesmo chamada de “mãe” por um soldado ferido. Negocia sua vassalagem a Kushana em troca da libertação de civis doroks, uma sociedade teocrática comandada por uma sombria figura papal de poderes sobrenaturais, que parece existir parte como ser vivo, parte como um fantasma. O líder dorok sabe que Nausicaä, a mítica protagonista de uma lenda messiânica – em que é identificada como “o ser que se veste de azul da cor do sangue dos ohmus” -, é a sua grande inimiga, e se esforça por capturá-la. Mesmo durante o feroz combate final, Nausicaä tenta salvar vidas – a vida de animais, inclusive -, usando de estratagemas e demonstrando, sempre, sua coragem e desapego por sua própria vida. Quem dá a vida também é quem a tira, como afirma o arquétipo, mas neste terceiro volume a heroína se inclina cada vez mais para uma única face mítica, maternal e redentora, sempre em sintonia com a vida, mesmo naquilo que aos nossos olhos parece um mundo irremediavelmente degradado. Até a cínica Kushana parece curvar-se diante do seu carisma. Poucas ações paralelas, envolvendo a dupla de heróis Asbel e Yupa, são desenvolvidas neste volume – embora por meio de Yupa e Asbel sejamos apresentados a mais uma cultura do romance planetário de Miyazaki, os seres da floresta: humanos que conseguiram construir uma existência em harmonia com as florestas venenosas da Terra moribunda. Parecem ser a versão de Miyazaki para os beduínos Fremen de Duna. O centro da ação, porém, está na ação militar vertiginosa. Ficamos sabendo que os doroks descobriram como usar as florestas venenosas como arma biológica, mas há grandes movimentos de tropas, bombardeios da artilharia, operações defensivas e cargas de cavalaria até o final do volume. O ethos guerreiro é evocado com freqüência, e pode-se perceber a experiência japonesa da vida coletiva sob o fervor militarista do Japão Imperial da II Grande Guerra. Na narrativa sofisticada de Miyazaki, Nausicaä às vezes se recolhe para o pano de fundo, para então retornar ao foco intenso, nos momentos finais.
Em leitura a , Nausicaä do Vale do Vento posso concluir que ele nada deve às obras-primas dos quadrinhos mundiais, os fato imprevistos protagonizados da heroína possuem uma face fabulosa que comove o leitor e enriquecem a aventura com uma dimensão emocional ímpar.Nausicaä do Vale do Vento pode ser considerado como uma obra de quadrinhos com uma predominadora literária na narrativa.
Resumo critico
O resumo crítico é uma redação técnica que avalia de forma sintética a importância de uma obra científica ou literária. Quando um resumo crítico é escrito para ser publicado em revistas especializadas, é chamado de Resenha. Consiste num misto de trabalho de síntese com trabalho de crítica, seguindo as orientações próprias de cada um. O que difere o resumo do resumo-crítico é sua estrutura, que apresenta a crítica como quarta etapa,introdução, desenvolvimento, conclusão e Crítica (opinião sobre o objeto de resumo, a importância do tema, ou a relação do tema com outras áreas, etc.).
Resumo critico sobre ‘Semiótica da paixão’
Análise semiótica da paixão do poder no Antigo TestamentoPalestrante: Profa. Dra. Mariza Bianconcini Teixeira Mendes (Grupo CASA/GESCom)Todo discurso, ao construir os simulacros da realidade, contém alguma dose de paixão no seu fazer enunciativo, havendo porém uma diferença gradual entre maior ou menor envolvimento emocional nas relações entre enunciador e enunciatário. Para D. Bertrand, em Caminhos da semiótica literária(Bauru, EDUSC, 2003), a enunciação nitidamente passional tem como característica essencial “a projeção e a operacionalização dos simulacros”, fenômeno que se explica por um desdobramento imaginário do discurso, “em que o sujeito da enunciação passional transforma as qualidades ou os valores investidos no objeto focalizado em objetos ou em parceiros do seu próprio discurso”. Os discursos assim construídos são aqueles que põem em jogo determinadas paixões dos actantes da comunicação. Podemos definir essas paixões como aquelas sustentadas pelo desejo de sucesso e prestígio por meio de um poder competitivo, que se baseia fundamentalmente no dinheiro, no conhecimento, na beleza ou na força do corpo. Entre esses discursos passionais, distinguimos aqueles em que a persuasão do enunciatário se faz pelo envolvimento emocional da propaganda, seja ela ideológica, política, comercial ou religiosa. Como identificar a operacionalização discursiva dessas paixões, nos discursos com ao quais convivemos? No caso do mito religioso, tomando como objeto de análise o Antigo Testamento, podemos dizer que os enunciadores incorporam as qualidades e os valores divinos, apropriando-se do poder da divindade que encomendara o discurso, como destinador, e era também o objeto focalizado. Nesse desdobramento imaginário do poder divino, cria-se o simulacro fundamental. E a paixão do poder, transformada em objeto do discurso, torna-se “o parceiro-sujeito do sujeito apaixonado”, influenciando o fazer cognitivo de enunciadores e enunciatários na construção semântica e sintáxica do discurso.
Fichamento
O fichamento constitui um valioso recurso de estudo, de que lançam mão
pesquisadores, para a realização de uma obra didática, científica ou de outra
natureza. É um recurso de memória, imprescindível, sobretudo na elaboração de projetos de monografias. É usado, também, em seminários e em aulas
expositivas. A prática contínua do fichamento contribui para que o estudante aprimore pontos de vista e julgamentos, percebendo que um pequeno trabalho inicial reverte-se em ganho de tempo futuro, quando for preciso escrever sobre determinado assunto. Um fichário de temas específicos possibilita, não só a prática de uma redação eficaz, como também proporciona ao autor enriquecimento cultural. Não é recomendado, porém, o armazenamento de assuntos pelos quais não há nenhum interesse.
Os tipos de fichamento podem ser os seguintes: de citação, de resumo, de
esboço, de indicação bibliográfica entre outros. O mais utilizado nas avaliações na Universidade é o fichamento de citação, que obedece a cinco normas: a) toda citação deve vir entre aspas; b) após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída a citação; c) a transcrição tem de ser textual; d) a supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada, utilizando-se, no local da omissão, três pontos, precedidos e seguidos por espaços, no início ou no final do texto e, entre parênteses, no meio; e) a supressão de um ou mais parágrafos deve ser assinalada, utilizando-se uma linha completada por pontos.
Períodos LiteráriosA ordenação de fenômenos literários no tempo denominamos período literário, escola ou movimento literário. Cada período é determinado por critérios estéticos e critérios de tempo. Critérios estéticos entende-se por conjunto de normas que dominam a literatura num dado momento. Estilo é um fato histórico determinado pela ideologia de um dado momento e suas manifestações culturais. Existem obras que preponderam sobre outras e passam para a história, assim como existem obras que convivem em mais de um estilo. Levando-se em consideração, critérios estéticos, estilo, critérios de tempo e fatos históricos a literatura está ordenada por períodos literários.
Arcadismo segundo o site www.nilc.icmc.usp.br é conhecido como Arcadismo, uma influência que inspirava-se na lendária região da Grécia antiga, já chegava à Itália . NoBrasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias Arcadismos, simulação pastoral, ambiente campestre, etc. Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes. A primeira obra doarcadismo foi feita em 1768, denominada Obras Poéticas, de Cláudio M. da Costa.o Site cita ainda que a ausência de subjetividade, o racionalismo, o soneto (forma poética), simplicidade, pseudônimos e bucolismo (natureza) e o neoclassicismo são umas das características do Arcadismo, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco. Entre outros: A ausência de subjetividade, o racionalismo, o soneto (forma poética), simplicidade, pseudônimos e bucolismo (natureza) e o neoclassicismo são umas das características do Arcadismo, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco.
Barroco
barroco brasileiro foi diretamente influenciado pelo barroco português, porém, com o tempo, foi assumindo características próprias. A grande produção artística barroca no Brasil ocorreu nas cidade auríferas de Minas Gerais, no chamado século do ouro (século XVIII). Estas cidades eram ricas e possuíam um intensa vida cultura e artística em pleno desenvolvimento. O principal representante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa também conhecido como Aleijadinho. Sua obras, de forte caráter religioso, eram feitas em madeira e pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistas barrocos do Brasil. Podemos citar algumas obras de Aleijadinho : Os Doze Profetas e Os Passos da Paixão, na Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo (MG). Outros artistas importantes do barroco brasileiro foram: o pintor mineiro Manuel da Costa Ataíde e o escultor carioca Mestre Valentim. No estado da Bahia, o barroco destacou-se na decoração das igrejas em Salvador como, por exemplo, de São Francisco de Assis e a da Ordem Terceira de São Francisco. Embora tenha o Barrocoassumido diversas características ao longo de sua história, seu surgimento está intimamente ligado à Contra-Reforma. A arte barroca procura comover intensamente o espectador. Nesse sentido, a Igreja converte-se numa espécie de espaço cênico, num teatro sacrum onde são encenados os dramas.O Barroco é o estilo da Reforma católicatambém denominada de Contra-Reforma. Arquitetura, escultura, pintura, todas as belas artes, serviam de expressão ao Barroco nos territórios onde ele floresceu: a Espanha, a Itália, Portugal, os países católicos do centro da Europa e a América Latina.
O catolicismo barroco também impregnou a literatura, e uma das suas manifestações mais importantes e impressionantes foram os “autos sacramentais”, peças teatrais de argumento teológico, reflexo do espírito espanhol do século XVII, e que eram muito apreciados pelo grande público, o que denota o elevado grau de instrução religiosa do povo.
Modernismo
modernismo surgiu em Portugal por volta de 1915, com a publicação das revistas Orfeu (1915), Centauro (1916) e Portugal Futurista (1919). A primeira atitude dos novos escritores foi de esquecer o passado, desprezar o sentimentalismo falso dos românticos e adotar uma participação ativa e dentro primar pela originalidade de idéias e, na poesia, não deveriam se prender à rima e à métrica. O movimento modernista passou por três fases distintas:

1º fase (1922-1928)Nesta primeira fase, os autores procuraram destruir e menosprezar a literatura anterior, dando ênfase a um nacionalismo exagerado, ao primitivismo e repudiando todo o nosso passado histórico.

2ª fase (1928-1945)Período de construção, com idéias literárias inovadoras e coerentes. Abrem esta fase construtiva Mário de Andrade, com a obra Macunaíma, e José Américo de Almeida, com A Bagaceira.

3ª faseNesta fase os autores fogem aos excessos e primam pela ordem sobre os caos que foi a geração. A divulgação, no Brasil, das teorias vanguardistas européias é feita, em 1922, pela Semana de Arte Moderna. Com a chamada Geração de 22, instalam-se, na literatura brasileira, a escrita automática, influenciada pelos surrealistas franceses, o verso livre, o lirismo paródico, a prosa experimental e uma exploração criativa do folclore, da tradição oral e da linguagem coloquial. Em seu conjunto, essa é uma fase contraditória, de ruptura com o passado literário, mas, ao mesmo tempo, de tentativa de resgate de tradições tipicamente brasileiras.

Naturalismo
Segundo textos encontrados no site citado acima Em 1857, no mesmo ano em que noBrasil surgia O guarani, de José de Alencar, na França foi publicado Madame Bovary, de Gustave Flaubert, considerado o primeiro romance realista da literatura universal. Em 1867, Émile Zola publica Thérèse Raquin, inaugurando o romance naturalista. Tem início, assim, uma nova vertente no campo das artes, genericamente denominada Realismo, voltada para a análise da realidade social, em nítida oposição à arte romântica, de gosto burguês.O Realismo no Brasil tem como marco a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, em 1881.A passagem do Romantismo para o Realismo acompanha um período de muitas mudanças na história econômica, política e social brasileira. O Brasil da década de 80, quando se instala o novo movimento literário, não é mais o mesmo de 1850, época em que a segunda geração romântica dividia seus versos entre o amor e a morte, e as “moreninhas” circulavam pelos salões.O naturalismo foi cultivado no Brasil por Aluísio Azevedo, Júlio Ribeiro, Adolfo Caminha, Domingos Olímpio, Inglês de Sousa e Manuel de Oliveira Paiva. O caso de Raul Pompéia é muito particular, pois em seu romance O Ateneu tanto apresenta características naturalistas como realistas, e mesmo impressionistas.A narrativa naturalista é marcada pela vigorosa análise social a partir de grupos humanos marginalizados, valorizando-se o coletivo. Interessa notar que a preocupação com o coletivo já está explicitada no próprio título dos principais romances: O Cortiço, Casa de pensão, O Ateneu. É tradicional a tese de que, em O Cortiço, o principal personagem não é João Romão, nem Bertoleza, nem Rita Baiana, mas sim o próprio cortiço.
Parnasianismo
Parnasianismo foi contemporâneo do Realismo-Naturalismo, estando, portanto, marcado pelos ideais cientificistas e revolucionários do período. Os poetas brasileirostomam como fonte de inspiração os portugueses do século XVIII, destacando, sobretudo, o trabalho de Bocage. Voltam-se, também, para Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antonio Gonzaga. Cultuam a estética do Arcadismo, a correção da linguagem, propiciadora de originalidade e imortalidade, buscando objetividade e impassibilidade diante do objeto, cultivando a forma para atingir a perfeição. O soneto ressurge juntamente com o verso alexandrino, bem como o trabalho com a chave de ouro e a rima rica. A vida é cantada em toda sua glória, sobressaindo-se a alegria, a sensualidade, o conhecimento do mal. A imaginação é sempre dominada pela realidade objetiva. Os parnasianos consideravam como forma a maneira do poema se apresentar, seus aspectos exteriores. A forma seria assim a técnica de construção do poema. Isso constituía uma simplificação primária do fazer poético e do próprio conceito de forma que passava a ser apenas uma fórmula resumida em alguns itens básicos:
  • Metrificação rigorosa
  • Rimas ricas
  • Preferência pelo soneto
  • Objetividade e impassibilidade
  • Descritivismo
Realismo
A literatura realista e naturalista surge na França com Flaubert (1821-1880) e Zola (1840-1902). Flaubert (1821-1880) é o primeiro escritor a pleitear para a prosa a preocupação científica com o intuito de captar a realidade em toda sua crueldade. Para ele a arte é impessoal e a fantasia deve ser exercida através da observação psicológica, enquanto os fatos humanos e a vida comum são documentados, tendo como fim a objetividade. O romancista fotografa minuciosamente os aspectos fisiológicos, patológicos e anatômicos, filtrando pela sensibilidade o real. O Realismo e o Naturalismo aqui se estabelecem com o aparecimento, em 1881, da obra realista Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e da naturalista O Mulato, de Aluísio Azevedo, influenciados pelo escritor português Eça de Queirós, com as obras O Crime do Padre Amaro (1875) e Primo Basílio (1878). O movimento se estende até o início do século XX, quando Graça Aranha publica Canaã, fazendo surgir uma nova estética: o Pré-Modernismo.
Simbolismo
A publicação de Broquéis e Missal (1893), de João da Cruz e Souza, inaugura este movimento, que se caracteriza por melancolia, gosto dos ritmos fluidos e musicais, incluindo o uso de versos livres; uso de imagens incomuns e ousadas. O cuidado na evocação das cores e de seus múltiplos matizes mostra, também, uma influência do Impressionismo. Alphonsus de Guimaraens (Câmara ardente) é um outro grande nome desse período. O simbolista tardio Guilherme de Almeida (Eu e você) funciona como uma ponte entre essa fase e o pré-modernismo. Uma figura isolada é Augusto dos Anjos (Eu e outras poesias), fascinado pelo vocabulário e os conceitos da ciência e da filosofia, que faz uma poesia de reflexão metafísica e de denúncia da injustiça socialJoão da Cruz e Souza (1861-1898), filho de escravos libertos, luta pelo abolicionismo e contra o preconceito racial. Muda-se de Santa Catarina para o Rio de Janeiro, onde trabalha na Estrada de Ferro Central e colabora no jornal Folha Popular. A sua poesia é marcada pela sublimação do amor e pelo sofrimento vindo do racismo, da pobreza, da doença. Renova a poesia no Brasil com Broquéis e Missal. Em Últimos sonetos trata a morte como a única forma de alcançar a liberação dos sentidos.
Conclusão
Em relação ao trabalho apresentado, é nítida a importância de tal, uma vez que os temas descritos aqui serão utilizados por nós por toda a nossa vida acadêmica, quem dirá ate mesmo após a nossa graduação. A preparação, a redação e a apresentação de trabalhos científicos envolvem um grande número de questões de natureza técnica e estética, dentre as quais, pode-se destacar a disciplina, a criatividade na seleção da bibliografia, a leitura de forma organizada, a ousadia e o rigor na abordagem do assunto, além da obediência a certas normas de redação e apresentação do texto final.
Bibliografia:
MARIA GEAR, ERNESTO LIENDO, LUIS PRIETO, Semiologia Psicanalítica, Imago,RJ-1976.
INTERNET -http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070307143342AAIozp2
INTERNET – http://www.ibsei.com.br/semiolo.htm -Darcilia Simões
INTERNET- http://wiki.bemsimples.com/pages/viewpage.action?pageId=9437189
Por: Lisandro Aguilera, Equipe do Bem Simples. Artista Visual.
INTERNET- http://www.faac.unesp.br/pesquisa/gescom/html_gescom/21090.htm
INTERNET- http://bibliotecavieiraaraujo23s.webnode.com/esquemaS
INTERNET – http://www.sobresites.com/quadrinhos/.htm
INTERNET- http://www.fea.fumec.br/biblioteca/acad_resumo_critico.php
INTERNET- http://www.nilc.icmc.usp.br
Autor: Lully

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