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domingo, 6 de julho de 2008
Será que conheço você? Jogo terapêutico para pais e filhos.
"Será que conheço você? Jogo Terapêutico para Pais e Filhos", é uma estratégia terapêutica a ser usada na terapia infantil e de pré-adolescentes em sessões conjuntas com pais e filhos para promover o diálogo, o conhecimento um do outro quanto ao que cada um pensa, sente ou faz, e a aprendizagem afetiva, tão importante para o desenvolvimento saudável da criança e o bom relacionamento entre pais e filhos. Quando as dificuldades de relacionamento entre pais e filhos aparecem claramente na terapia da criança ou adolescente o terapeuta pode propor que, ambos engajem-se num processo de aprendizagem de ouvir os sentimentos e necessidades uns dos outros e responder a eles de forma acolhedora e empática, e o jogo pode auxiliar muito nesta tarefa.
Descrição do Jogo
O “Será que conheço você? Jogo Terapêutico para Pais e Filhos” foi elaborado para ser utilizado em sessões psicoterápicas conjuntas entre pais e filhos, com dois (criança/mãe ou criança/pai), sendo existem duas versões: para crianças – faixa etária dos 07 aos 10 anos; e para pré-adolescentes – faixa etária de 10 a 14 anos.
O jogo contém perguntas sobre o cotidiano, preferências e comportamentos dos pais e da criança. Cada pergunta é seguida de quatro alternativas de resposta, o jogador da vez deve escolher a resposta que mais se parece com a escolha que seu parceiro faria naquela situação. Assim, escolhe-se quem começará a jogar:
1) se for o pai (ou mãe) sorteia-se um cartão “pais respondem, criança adivinha”, os pais respondem a pergunta, escolhendo uma das quatro alternativas
disponíveis (A, B, C ou D) e o filho deve “adivinhar” a opção do pai (ou mãe);
2) após ambos terem selecionado a resposta, deverão mostrá-la um ao outro para verificar se escolheram a mesma alternativa.
3) na vez da criança, sorteia-se um cartão “criança responde, pais adivinham” e os pais devem então acertar a escolha do filho;
4) o jogo contém apenas um peão que avança uma casa por acerto; o objetivo é fazer com que o peão chegue ao final do tabuleiro com o maior número de acertos;
5) quando o peão cair na casa “tanto faz” a próxima pergunta será sorteada dentre estes cartões, e a regra continua a mesma;
6) quando a dupla chega na casa “comemoração” do tabuleiro, ambos sorteiam e realizam uma atividade conjunta prevista no jogo (abraços, beijos, cafuné, massagem, etc) comemorando um certo número de avanços no jogo;
7) continuam jogando desta forma até chegar ao final do tabuleiro ou até os cartões serem todos respondidos.
8) neste jogo não há ganhadores, pois ambos tem que chegar até o final juntos, com um único peão. Porém, a) se acabarem os cartões, e o jogo não chegou ao fim, sinal que a dupla precisa se conhecer melhor; b) se chegarem até o fim e sobrarem cartões, sinal que a dupla está afinada e sintonizada; c) qualquer que seja o resultado, ambos saíram ganhando pois puderam se conhecer melhor, brincar, e ensaiar vários carinhos diferentes para outras ocasiões!
Considerações sobre o uso do material
Através da observação da interação da díade durante o jogo, pode-se obter dados importantes para o processo terapêutico da criança e orientação dos pais:
1) A dupla parece confortável ou incomodada com a tarefa?
2) Como decidem quem iniciará o jogo? Quem decide? Quem se cala?
3) Quais as verbalizações que ocorrem durante o jogo? Exemplo:Mãe: “Eu vou escolher o que você REALMENTE pensa quanto a isso”.Criança: “Acerta desta vez mãe, por favor!”Pai: “Ih, não sei! Vou chutar!”Criança: “Não acredito que você errou pai! Já falei tanto isso pra você!”
4) Quem acerta mais? Os pais quanto à criança ou a criança quanto aos pais?
5) Quanto do tabuleiro foi percorrido em relação ao número de cartas respondidas? (o tabuleiro contém um número de casas 50% menor do que o número de cartas, assim, uma dupla pode errar metade das perguntas e ainda assim chegar ao final do jogo sem grandes problemas).
6) Como se comportam quanto aos carinhos? Quem toma a iniciativa? Há risos? Parece haver desconforto? Há críticas quanto a um carinho do “jeito errado”?
7) As próprias respostas, quanto às preferências e comportamento de ambos podem ser anotadas pelo terapeuta para posterior discussão nas sessões individuais.
Considerações sobre o conteúdo do jogo.
Este jogo é um material inovador, pois não existe no Brasil uma proposta semelhante para ser usada com tais objetivos. Para psicólogos é um material útil na observação dos padrões de interação afetiva entre pais e filhos, assim como no ensino de respostas de contato físico de forma descontraída e geralmente prazerosa. Por mais desconfortável que possa ser inicialmente cumprir as regras do jogo, o aspecto lúdico parece predominar e facilitar as respostas de aproximação entre pais e filhos. A observação das interações durante o jogo fornece ao profissional dados diagnósticos importantes para intervenções posteriores em sessões individuais tanto com a criança quanto com os pais.
Por outro lado, o próprio jogar já se constitui numa condição terapêutica a medida que promove, ensina e facilita as respostas de aproximação e de conhecimento mútuo. Os resultados obtidos geralmente apontam para uma melhoria das interações, tanto verbais quanto afetivas, uma vez que promove a reflexão sobre o quanto pais e filhos realmente se conhecem, a importância do diálogo para o relacionamento e para a transmissão de mensagens de amor e cuidado, principalmente dos pais para com os filhos.
Este jogo está estruturado de forma flexível podendo ser manejado e adaptado de acordo com os objetivos terapêuticos de cada caso clínico, o que é uma vantagem para o profissional que o emprega. É uma proposta original e criativa, pois com um recurso aparentemente simples e conhecido de pais e filhos (um jogo) torna possível ao psicólogo observar interações e obter informações clínicas importantes que ele não teria acesso dentro do enquadre psicoterapêutico. Torna possível também ensinar de forma direta novos padrões de interação, e desta forma promover a solução dos problemas apresentados de forma mais rápida, uma vez que com o uso deste recurso, habilidades importantes podem ser diretamente ensinadas.
É um recurso prático, cujo conteúdo tenta abranger as situações cotidianas mais comuns entre pais e filhos em nossa cultura brasileira, o que torna ampla sua abrangência quanto à aplicabilidade do material por profissionais de todo o país. Sua praticidade também se reflete nos diferentes contextos em que pode ser empregado pelos profissionais, pois o tratamento ou desenvolvimento interpessoal dos pais em relação a suas habilidades de relacionamento com os filhos não é uma atividade restrita apenas ao contexto de clínicas e consultórios.
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