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domingo, 18 de setembro de 2011

Elogios em excesso. Rosely Sayão ( minhas observações, a este artigo dela))


Matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo, de 25/09/08


Elogios em excesso

ROSELY SAYÃO


Muitas famílias têm transformado a educação dos filhos em um grande processo de barganha. Vale quase tudo para conseguir que as crianças e os adolescentes obedeçam, esforcem-se, dediquem-se, cumpram com suas obrigações e não façam o que não deve ser feito: oferecer presentes -que, conforme a idade do filho, chegam a ser bem custosos-, dar dinheiro, prometer passeios, elaborar quadros de incentivos inspirados no programa de TV "Supernanny" e, principalmente, elogiar.
O elogio, em especial, virou moeda de troca fácil nesse processo equivocado. O filho fez um desenho? Dá-lhe elogio.

Fez a lição, arrumou a cama, estudou, tirou nota boa, tomou banho no horário determinado ou dormiu em sua própria cama? Dá-lhe elogio. Agora, quase tudo o que as crianças fazem virou motivo para elogio.

Os pais acreditam que elogiar o filho ajuda a criança a se ter em boa conta e a enfrentar as novas aprendizagens que surgem a cada dia e, portanto, que se trata de um agente do bom desenvolvimento e crescimento. Na verdade, elogiar em demasia -e é isso o que tem acontecido- atrapalha tal movimento. Por quê?

Em primeiro lugar, porque o elogio está sempre ligado a algum resultado: um comportamento, uma aprendizagem ou a finalização de alguma atividade. O elogio é a apreciação favorável de um produto considerado bom. Só que, para alcançar tal resultado, a criança precisou realizar um processo que exigiu mais ou menos esforço ou persistência, e, para o crescimento, isso é o que importa.

Do jeito que as coisas andam, crianças têm recebido elogios por coisas que não exigiram esforço nenhum. Além disso, é preciso lembrar que nem todo bom processo se converte em bons resultados, não é?

Do modo como o elogio tem sido usado, todo o procedimento é ignorado em nome do resultado. A criança aprende que o importante é acertar, e não aprender, e isso não pode ser uma boa coisa. Afinal, para aprender, é preciso reconhecer a ignorância e correr o risco de errar, e quem visa ao elogio não quer correr tal risco.

Em segundo lugar, o elogio freqüente torna a criança quase dependente da aprovação dos pais -do outro, portanto-, e isso impede que se veja, que se auto-avalie e que reconheça o valor do que faz. O elogio em excesso infantiliza.

Por sinal, podemos constatar o quão infantilizado está o mundo adulto justamente pela busca do elogio. Muitos adultos, mesmo na vida profissional, têm feito de tudo para ganhar elogios e reclamam quando não os obtêm. Há algo mais infantil? Afinal, do outro precisamos buscar reconhecimento da nossa existência, e não aprovação, e essas duas coisas são bem diferentes entre si.

Finalmente, o elogio não é da ordem do afeto, o eixo fundamental da educação familiar. É para garantir o amor dos pais que a criança se deixa educar. Por isso, muito mais efetivo para a criança é receber um beijo.

Ganhar um afago e perceber com clareza o quanto os pais estão orgulhosos -ou não- são manifestações de afeto que, além de solidificarem as relações amorosas, também funcionam como excelentes recursos educativos. Deixar os elogios para situações especiais só valoriza o seu uso.

ROSELY SAYÃO é psicóloga e autora de "Como Educar Meu Filho?" (ed. Publifolha)


Eu João Maria gostaria de colocar algumas obs. neste artigo de Rosely Sayão.
Primeiro: quando muitos pais e pessoas em geral leem este artigo, acham que não se deve mais elogiar. Estas pessoas são as chamadas extremistas (é oito ou oitenta).
Desta forma temos que tomar cuidado ao usar o afago ou beijo ou mesmo um abraço como moeda de troca também. Se abraçarmos nosso filho (a) como se fosse um poste, qual o valor?
É bem mecânico, não é  verdade? Assim temos que colocar amor nas nossas relações. Não este amor sucateado pelos meios de comunicação e sociedade. O amor humano, temos que humanizar nossas relações.
Outro ponto é como ela chegou a esta conclusão. Foi a partir dos lugares que ela frequenta? E que lugares são esses?

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