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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Professor, carreira promissória...


Professor, carreira promissória...
Gabriel Perissé

Ler, pensar e escrever



Os quatro presidenciáveis — Ciro Gomes, José Serra, Luiz Inácio Lula da Silva e Anthony Garotinho —, em seus discursos sobre a educação brasileira, afirmam que a expansão quantitativa precisa agora ser acompanhada pela qualidade.
E qualidade significa, sobretudo, qualidade do professor.
Recursos tecnológicos são bem-vindos, livros didáticos são bem-vindos, melhores instalações físicas são bem-vindas, mas o que não pode faltar é a qualificação do professorado. A docência tem de se tornar uma carreira promissora, e não uma carreira promissória... em que as promessas redundam em novas dívidas que nunca se pagam...
Uma carreira promissora supõe bons salários. O professor, na grande maioria dos casos, ganha pouco e, por isso, precisa trabalhar demais. Quem trabalha demais adoece. (Quanto ao "esperto", inventa macetes para, fazendo o mínimo possível, realizar qualquer coisa...) O professor esgotado comete erros primários, pondo em risco a vida intelectual de seus alunos: um acidente de trabalho no campo educacional tem conseqüências fatais, embora, num primeiro momento, invisíveis.
O professor, portanto, merece receber um salário digno.
Uma carreira promissora supõe estudo. O professor preocupado em pagar a conta de luz atrasada não tem lucidez para ouvir uma conferência, para participar de um curso, para atualizar-se, aperfeiçoar-se. Um professor deve freqüentar congressos, simpósios, como acontece na vida de um médico, de um executivo, de um pesquisador. O professor deve dispor de tempo para ler, pensar e escrever. Deve dispor de tempo para visitar museus, ir ao teatro, ao cinema, conhecer o Brasil e o mundo.
O professor, portanto, merece receber um digno salário e estudar com prazer.
Uma carreira promissora supõe desafios. O professor desvalorizado, desrespeitado dentro e fora da sala de aula, acabará se tornando um peso para si mesmo e para a sociedade. O professor sem paixão profissional passa a sonhar com a aposentadoria... e transmite aos alunos, pelos olhos, como é triste dedicar-se ao magistério, como é triste morrer dando aulas.
Devemos desafiar os professores, contar com eles para a tarefa de suscitar intelectuais e não apenas plutocratas, tecnocratas e burocratas.
O professor deve ser chamado a contribuir para aperfeiçoar uma filosofia brasileira, uma ciência brasileira, uma historiografia brasileira, enfim, um humanismo brasileiro.
Recebendo um digno salário, estudando com prazer, sentindo a sua opção profissional concretamente valorizada, o professor nos ajudará a superar o tempo das promessas e chegar à realidade prometida.
Sobre o autor:
Gabriel Perissé (perisse@uol.com.br), carioca, 39 anos, Mestre em Literatura Brasileira pela USP e Doutorando em Pedagogia pela USP, é professor universitário, coordenador-geral da ong literária PROJETO LITERÁRIO MOSAICO(http://www.escoladeescritores.org.br/), autor dos livros PALAVRAS E ORIGENS (Editora Mandruvá), LER, PENSAR E ESCREVER (www.arteciencia.com.br/referencia/lerpensar2.htm) e O LEITOR CRIATIVO, e editor da Revista Internacional VIDETUR-LETRAS (mailto:http://www.hottopos.com/vdletras3/index.htm).Internet: http://www.escoladeescritores.org.br/;correio eletrônico perisse@uol.com.br


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