quinta-feira, 17 de julho de 2008

Como as crianças entram no mundo da linguagem

Vicente Martins é professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú(UVA), em Sobral

Como as crianças entram no mundo da linguagem

Vicente Martins

publicado em 02/06/2008

Passaporte da Leitura


Estudos mais recentes sobre os processos lingüísticos e psicolingüísticos envolvidos nos processos de aquisição da linguagem das crianças, no período escolar, apontam o reconhecimento das palavras escritas como o passaporte das crianças para o ingresso no mundo da leitura. Aquelas crianças que reconhecem uma palavra escrita diante um texto é capaz de desenvolver uma competência discursiva, imprescindível para uma boa educação leitora e mais ainda para conviver com os outros na sociedade do conhecimento.

Ensinar os alunos a reconhecerem as palavras escrita nos livros, nos muros, nas placas, nos ônibus, nos sites é, sem dúvida, a principal missão educacional dos professores de língua materna e da escola de educação básica, isto é, o de formar leitores hábeis durante o processo de formação escolar.

O reconhecimento da linguagem escrita não é, porém, herança genética nem dádiva dos céus. As crianças necessitam de técnicas ou estratégias de reconhecimento das palavras para a leitura proficiente. O reconhecimento da palavra envolve, substancialmente, domínio dos elementos fonéticos e estruturais das palavras, regras de acentuação, silabação e aquisição de um amplo vocabulário visual. São nas ambiências escolares, com o ensino sistemático da língua materna dos professores e o apoio dos pais, que, fundamentalmente, levam as crianças a aprenderem e reaprenderem o reconhecimento da linguagem no mundo da leitura e da escrita.

Sem reconhecimento da palavra escrita, não é possível o desenvolvimento da capacidade de aprender, soletrar, decodificar e compreender um texto escrito. Por definição, reconhecimento da palavra é o processo de determinar a pronúncia e algum grau de significado de uma palavra na forma escrita ou impressa. Também podemos definir o reconhecimento da palavra como a identificação rápida e fácil da forma, da pronúncia e do significado apropriado de uma palavra encontrada anteriormente em texto escrito ou impresso. É o reconhecimento da palavra que aproxima o mundo da escrita do mundo da leitura, a palavra escrita da palavra falada, e faz com que a leitura de um texto escrito aprimore, por sua vez, o desempenho lingüístico das crianças na escola, desde a educação infantil à educação básica.

Para o reconhecimento da palavra escrita, são necessárias as seguintes habilidades lingüísticas:

(1) Percepção da palavra

(2) Identificação da palavra

(3) Discriminação da palavra

A percepção das palavras escritas

O processo de reconhecimento da palavra requer do leitor a percepção da palavra. Em que consiste a percepção da palavra? Consiste na identificação visual ou auditiva de uma palavra e algum grau de significado.

Graças à percepção da palavra, o leitor tem o conhecimento do significado apropriado de uma palavra após sua identificação ou reconhecimento. A percepção das palavras dependerá, todavia, dos significados que estão presentes na identificação e no reconhecimento das palavras.

O lingüista Ferdinand de Saussure, no início do século XX, viu nas palavras mais do que “ unidades da língua escrita, situada entre dois espaços em branco, ou entre espaço em branco e sinal de pontuação” ou “unidades pertencentes a uma das grandes classes gramaticais, como substantivo, verbo, adjetivo, advérbio, numeral etc., não levando em conta as modificações que nela ocorrem nas línguas flexionais, e sim, somente, o significado” (visão gramatical). As palavras vão além das categorias gramaticais, especialmente os nomes, substantivos, adjetivos e advérbios.

Para Saussure, as palavras eram (e são) signos lingüísticos, isto é, são unidades lingüísticas constituídas, socialmente, pela união de um conceito, ou significado, e de uma imagem acústica, ou significante, geralmente, através de uma relação arbitrária, pela qual não existe uma semelhança formal entre o significante e o significado.

O estruturalismo saussuriano entendeu por significante “imagem acústica que é associada a um significado numa língua, para formar o signo lingüístico .Segundo o Mestre de Genebra, essa imagem acústica não é o som material, ou seja, a palavra falada, mas sim a impressão psíquica desse som. Com esta compreensão do significante, nascia as bases da psicolingüística, ramo da Lingüística que estuda a relação mútua entre o comportamento lingüístico das pessoas e os processos psicológicos que se encontram, supostamente, por trás deste comportamento. .

O lingüísta franco-suiço entendeu que as palavras tinham, do ponto de perceptual, um significante, uma imagem acústica, entendida como sendo uma “face material, sensível do signo lingüístico (significante) ligada ao significado”. Para se entender bem este conceito, bastar-nos –á lembrar de palavras que quando ditas ou ouvidas nos sugerem nojo, repulsa, revolta ou tristeza. Uma palavra ou frase de efeito pode levar alguém a lágrimas de alegria ou de tristeza.

Por outro lado, viu Saussure, no signo lingüístico, um significado, definido como “conteúdo semântico de um signo lingüístico; acepção, sentido, significação, conceito, noção” ou, como assinalariam, mais tarde, os lingüistas contemporâneos,o significado é a ”a face do signo lingüístico que corresponde ao conceito ou conteúdo”.

A rigor, só podemos dizer que o leitor faz a percepção da palavra quando é capaz de encontrar certo grau ou matiz de significado na palavra, daí entendermos que o significado é central no processo leitura muito mais do que uma simples soletração ou decodificação leitora. È através do significado que o leitor poderá compreender, através das palavras do texto, o sentido possível, viável e atribuído ao texto pelo autor. É pelo significado que o leitor constrói o sentido do texto.

A percepção da palavra, através da identificação do significado lingüístico, permite o alcance do significado da palavra e ao sentido do texto, na verdade, aos sentidos textuais. Pelo menos, duas formas de significado podem ser decantadas através da percepção da palavra: (1) significado gramatical: noção semântica que está contida nos morfemas gramaticais de uma língua e que é estabelecida dentro de um determinado sistema lingüístico e dele dependente e (2) significado lexical,

recorte que a semântica de uma língua faz na realidade físico-bio-social e que constitui o conteúdo dos morfemas lexicais (raízes, semantemas, radicais etc., de substantivos, adjetivos, verbos e advérbios.

Durante a leitura, se o leitor percebe que uma palavra traz um significado gramatical e lexical terá as bases para a compreensão literal do texto e partir dessa competência poderá inferir, ou seja, atribuir sentido ao texto lido, portanto, interpretá-lo.Encontrar sentido, antes, durante e depois da leitura, é na verdade, desenvolver a faculdade de sentir ou perceber, de compreender e de julgar o texto. À luz da filosofia, diríamos que é o sentido que nos permite captar uma determinada classe ou grupo de sensações, estabelecendo um contato intuitivo e imediato com a realidade, e assentando desta maneira os fundamentos empíricos do processo cognitivo. A leitura é um ato cognitivo. Mais do que um ato de produção de linguagem, sua complexidade a torna uma habilidade plenamente cognitiva.

Pensando no compreensão literal, durante o processo de leitura, o sentido atribuído a um texto, no primeiro momento, expressa-se como “ aquilo que uma palavra ou frase podem significar num contexto determinado”. Em se tratando de procedimentos de leitura, poderemos falar em compreensão literal e compreensão inferencial.

A compreensão inferencial vai além do literal. Enquanto a compreensão literal possibilita a localização de informações explícitas no sentido, graças ao sentido que poderemos fazer inferência, de modo a permitir, por exemplo, a identificação de informação implícita, uma vez que identifica o tema e distingue fato de opinião relacionada a esse fato.

A identificação das palavras escritas

A identificação da palavra escrita é o processo de determinar a pronúncia e algum grau de significado de uma palavra desconhecida.

As habilidades de identificação da palavra comumente ensinadas são as seguintes:

v análise fônica

v análise estrutural

v habilidades no uso de dicionários

v indícios de configuração

v indícios de ilustração

v indícios do contexto

A análise fônica na identificação da palavra

No processo ensino-aprendizagem da leitura, a identificação das palavras ocorre a partir dos sons da fala. O processo de análise fônica envolve a associação de sons da fala com letras e a combinação desses sons em sílabas e palavras. Na leitura inicial ou na chamada decodificação leitora, os leitores disléxicos, por exemplo, deixam de desenvolver, com proficiência, a habilidade de análise fônica.

Em seu livro Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento (Artes Médicas, 1987), Mabel Condemarín e Felipe Alliende afirmam que o aperfeiçoamento das habilidades envolvidas na análise fônica ajuda a criança a obter a adequada pronúncia das palavras.

É através da análise fônica, segundo Mabel Condemarín e Felipe Alliend (1987, p.99) que a criança passa a dominar, progressivamente, a ortografia de sua língua materna e envolve, assim, habilidades para a rápida decodificação de palavras que contenham:

· Consoantes de duplo fonema:c, g;

· Consoantes de duplo grafema (dígrafos): ch, lh, nh;

· Consoantes seguidas de U mudo, como: gue, gui, que, qui

· Consoantes seguidas de ü, como: güe, güi, qüe, qüi

· Ditongos e encontros vocálicos;

· Encontros consonatais complexos, como: obs, obv, str

· Grupos consonantais, como: br, dr, tr, fl,m bl e outros

A análise estrutural da palavra

A teoria da linguagem em muito pode contribuir para o desempenho leitor em se tratando de identificação da palavra. É o caso da estrutura e formação das palavras aqui, simplesmente, chamada de análise estrutural. Se de um lado, a pronúncia escorreita dos fonemas e a consciência fonológica ajudam na decodificação leitora, isto é, na soletração da palavra, diríamos que os morfemas são fundamentais para a identificação das palavras escritas. Que são morfemas? Morfemas são, lingüisticamente, as menores unidades lingüísticas que possuem significado, abarcando raízes e afixos, formas livres (p.ex.: mar) e formas presas (p.ex.: sapat-, -o-, -s) e vocábulos gramaticais (preposições, conjunções)

Para o estruturalismo norte-americano, o morfema pode ter, ainda, outras manifestações, como a ordem das palavras na frase, indicando as funções sintáticas dos constituintes, ou a entonação sozinha, que pode mudar o sentido de um enunciado: Você vai. Você vai?

Eis os principais tipos de morfemas relacionados com a linguagem escrita e decantados durante o processo leitor:

v Morfema derivacional: trata-se de um afixo que cria um novo vocábulo, combinando-se com um radical (p.ex., -eir, -o em livreiro); afixo derivacional

v Morfema flexional: o que é empregado na flexão dos substantivos, dos adjetivos ou verbos, sem mudar a classe da palavra (p.ex., o -s do plural em irmãs); afixo flexional

v Morfema gramatical: um tipo de afixo que se acrescenta aos radicais dos nomes e verbos para expressar noções gramaticais de número, gênero, caso, pessoa, tempo, modo etc., ou vocábulo da gramática como, p.ex., preposições, artigos e partículas, que criam relações gramaticais na frase.

v Morfema lexical: cada unidade, indecomponível em unidades menores, pertencente ao inventário ilimitado e aberto do léxico [Aqui se incluem aquelas que ocorrem independentemente e as que só ocorrem combinadas com outros morfemas (derivacionais ou gramaticais), formando palavras.]

Durante a leitura, os bons e maus leitores, inclusive os que apresentam dificuldades no aprendizado da leitura (dislexia), para a identificação das palavras escritas, terão que identificar os elementos do significado das palavras, como re e ler na palavra reler.

A análise estrutural é poderoso auxiliar no entendimento do significado de uma palavra como um todo.

A análise estrutural (vem da noção de estrutura da língua ou das palavras) ou análise morfêmica (vem de morfema), em geral, envolve a identificação de:

v Afixos: infelizmente, onde in- é prefixo; feliz, raiz e –mente, sufixo.

v Contrações ou aglutinações: fidalgo (filho de algo)

v terminações flexionadas e derivadas (desinências): casas, casas, casinhas

v Formas com hífen: pé-de-moleque

v Palavras compostas: guarda-roupa ou girassol(sem hífen)

v Raízes: cabeleira vem de cabel-o

v Silabação: depósito (substantivo) X deposito(verbo)

A análise estrutural é usada como um recurso para a pronúncia ou leitura em voz alta ou, em combinação com a análise fônica, em programas de análise das palavras nos chamados métodos fônicos de leitura, o mais indicado para os casos de dislexia fonológica, isto é, nos casos em que os disléxicos apresentam dificuldade no reconhecimento de palavras e na correspondência de letras em sons da fala (fonemas).

Os indícios de contextos da palavra

No processo de leitura, o indício do contexto permite que os leitores tenham uma informação do cenário textual imediato que ajuda a identificar uma palavra ou grupo de palavras, como por meio de palavras, frases, sentenças, ilustrações, sintaxe, tipografia.

Os indícios de configuração da palavra

Nas práticas de leitura, particularmente nos anos iniciais do ensino fundamental (1º a 5º ano, ou a partir dos seis anos), o indício de configuração é uma forma ou contorno que auxilia na identificação da palavra. Em especial, o padrão que as letras fazem acima e abaixo do corpo principal da palavra, como em feliz, geléia, general, leitura. Graças a essa habilidade é que podemos distinguir os diversos tipos de letras na escrita:

· letra ascendente: letra cuja haste preenche o ombro superior do tipo, como o d, l

· letra caligráfica: letra manuscrita, grafada com elegância e harmonia, segundo certos padrões de estilo ou de beleza e excelência artística

letra capital ou capitular: letra grande, em geral ornamentada, com que se inicia um capítulo

· letra de forma (ô): a letra impressa; letra de imprensa, letra redonda

· letra de médico: letra ruim, pouco legível

letra descendente: aquela que ultrapassa a parte inferior da linha do tipo, como g

· letra garrafal: caráter muito grande e legível

· letra maiúscula: letra de tamanho maior e formato próprio, cuja fonética é a mesma de sua correspondente minúscula, sendo geralmente, us. em início de períodos e de nomes próprios e como fator de destaque de certas palavras; letra capital, letra capitular, versal

· letra média: aquela que nem é ascendente, nem descendente, como a, c, m, r etc.; letra curta

· letra minúscula: letra de tamanho menor em relação a sua correspondente maiúscula e de formato próprio, mais apropriado para os textos em geral [É mais us. do que a maiúscula, exceto no início de período e de nome próprio.]

O uso de dicionários

Na identificação das palavras, o uso de dicionários se faz necessário à medida que desenvolve, no leitor, habilidades cognitivas relacionadas com a linguagem, como identificar uma palavra em um dicionário, na ordem alfabética, em série, respeitando a lógica da família lexical, que são necessárias para muitos exercícios ou atividades melingüísticas no aprendizado da leitura e da escrita.

Discriminação das palavras escritas

A discriminação das palavras pode ser definida como o processo de notar diferenças em palavras, especialmente em seus contornos visuais ou formais visuais em geral. Para que isso, seja possível, os leitores proficientes e menos os leitores disléxicos, devem notas semelhanças e diferenças nas formas ou formatações das palavras escritas.

Ao certo a discriminação visual, entendida como o processo de perceber semelhanças e diferenças em estímulos por meio da visão, especialmente de textos. Sem esta capacidade as crianças, especialmente as disléxicas, trocam grafemas (letras) simétricas como

p, b, q,d

Durante o ensino sistemático da caligrafia, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, os professores devem levar em conta que a habilidade caligráfica está muito relacionada com a destreza e o automatismo das crianças em desenhar algumas formas básicas e geométricas. Vejamos o quadro a seguir q relação entre forma geométrica e signo alfabético:

:

Quem é capaz, na educação infantil, de copiar ou desenhar as seguintes figuras:

Desenvolverá, nos anos iniciais do ensino fundamental, a habilidade grafar as seguintes letras minúsculas e maiúsculas do alfabeto

UM CÍRCULO

(aos 3 anos de idade)

a b c d e g o p q u h

m n s

B C G O P Q U D S

UMA CRUZ (aos 4 anos de idade)

v x z t

T X Z

UM QUADRADO (aos 5 anos de idade)

t f z i j l r

A E F H I L M N P R

UM TRIÂNGULO (aos 5 anos e 6 meses de idade)

v x z

A V X Z

UM LOSANGO (aos 6 anos de idade, quando ingressa no ensino fundamental)

v x z

V X Z N N H I J L

Quem é capaz, na educação infantil, de copiar ou desenhar as seguintes figuras:

Desenvolverá, nos anos iniciais do ensino fundamental, a habilidade grafar as seguintes letras minúsculas e maiúsculas do alfabeto

UM CÍRCULO

(aos 3 anos de idade)

a b c d e g o p q u h

m n s

B C G O P Q U D S

UMA CRUZ (aos 4 anos de idade)

v x z t

T X Z

UM QUADRADO (aos 5 anos de idade)

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t f z i j l r

A E F H I L M N P R

UM TRIÂNGULO (aos 5 anos e 6 meses de idade)

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A V X Z

UM LOSANGO (aos 6 anos de idade, quando ingressa no ensino fundamental)

v x z

V X Z N N H I J L

Por isso, um aspecto psicopedagógico desta capacidade de processamento é o de adquirir sensibilidade aos traços distintivos de materiais impressos comuns, como as letras, palavras e frases. Segundo Theodore L. Herris e Richar E. Hodges, em seu Dicionário de Alfabetização: vocabulário de leitura e escrita (Artes Médicas,1999, p.84), não desenvolvem a habilidade de discriminação visuais deixarão não farão o processamento mais rápido e acurado dos textos escritos.

Sugestões de leitura

1. COLOMER, Teresa, CAMPS, Anna. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2002.

2. CONDEMARÍN, Mabel, ALLIENDE, Felipe. Leitura: teoria, avaliação e desenvolvimento. Porto Alegre: Artemed, 1987.

3. CONDEMARÍN, Mabel, MEDINA, Alejandra. Avaliação autêntica: um meio para melhorar as competências em linguagem e comunicação. Tradução de Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2005.

4. ELLIS, Andrew W. Leitura, escrita e dislexia: uma análise cognitiva. 2ª ed. Tradução de Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed, 1995.

5. GRÉGOIRE, Jacques, PIÉRART, Bernadette. Avaliação dos problemas de leitura: os novos modelos teóricos e suas implicações diagnósticas. Tradução de Marian Regina Borges Osório. Porto Alegre: Artmed, 1997.

6. GUIMARÃES, Sandra Regina Kirchner. Aprendizagem da leitura e da escrita: o papel das habilidades metalingüísticas. São Paulo: Vetor, 2005.

7. KATO, Mary. O aprendizado da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1999.(Coleção Texto e Linguagem).

8. KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura: teoria & prática. Campinas, SP: Pontes, 2001.

9. MARTINS, Vicente. O método fônico na alfabetização de crianças. In CLEBSCH, Júlio. Educação 2008: as mais importantes tendências na visão dos mais importantes educadores. Curitiba: Multiverso, 2008.

10. SMITH, Frank. Leitura significativa. 3ª Ed.Tradução de Beatriz Affonso Neves.Porto Alegre: A

http://www.partes.com.br/educacao/vicentemartins/mundodalinguagem.asp

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As lições que a fonoaudiologia tem a ensinar .


da edição 155 - set/2002

Além da didática

As lições que a fonoaudiologia tem a ensinar

Existem mais crianças com distúrbio do que se imagina. Saiba identificá-los e encaminhá-los para tratamento
Cristiane Marangon

Quando um ou outro aluno tem um desempenho inferior ao dos demais, é fácil perceber que há algo errado. Se o problema é na comunicação da criança, porém, vale a pena um olhar mais clínico sobre o assunto. A fonoaudióloga Claudia Regina Furquim de Andrade, professora titular do departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), afirma que a maioria das escolas desconhece ou dá pouca importância à linguagem como um todo. Como a fonoaudiologia é um vasto campo de estudos e envolve não apenas voz e audição, mas a qualidade na fluência da fala e na recepção dos sons, esta reportagem só vai focar os assuntos relacionados à sala de aula. E não são poucos. Segundo Claudia Regina Mosca Giroto, doutoranda pela Universidade Estadual Paulista, desde o começo do século passado há uma preocupação em levar as práticas fonoaudiológicas para a escola. No Brasil, os cursos profissionalizantes começaram na década de 1960 e só em 9 de dezembro de 1981 a profissão foi reconhecida.

A professora Viviane Bandoni, da Escola Carandá, em São Paulo, olha para cada estudante como se fosse único. "Preciso descobrir que mecanismos ele utiliza para aprender." Viviane já descobriu em sua parceria com fonoaudiólogos, que o distúrbio de processamento central é o mais comum em classe. Veja a seguir como é perfeitamente possível detectar as principais alterações nos alunos e identificá-las, para encaminhar o tratamento mais adequado.

Fala

Fernando Vivas

Um especialista detecta com facilidade um distúrbio de fala. Para o professor, que não foi treinado para identificar esses problemas, valem algumas dicas: observar as crianças que têm dentes mal posicionados,oclusão dentária ou má formação da boca; língua presa ou entre os dentes;fala nasal; abertura de boca insatisfatória; troca de sons. As crianças que não têm problemas aparentes, mas ainda assim falam errado, certamente sofrem comesse distúrbio.

Atenção aos sons

A troca de alguns sons está dentro da normalidade na fase de 2 a 4 anos e essa alteração costuma desaparecer junto com o amadurecimento neurológico. A persistência após essa idade é considerada patológica. Para identificar com mais eficiência os problemas de fala deve-se descartar a possibilidade de o aluno agir dessa maneira como forma de chamar atenção. Também não adianta colocá-lo sob pressão, pois a troca de fonemas pode virar uma questão definitiva.

Para Irene Marquesan, diretora do Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica (Cefac) e doutora em educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), independentemente da confirmação do diagnóstico o aluno deve sempre fazer boas leituras e produzir muitos textos, pois isso colabora para pôr fim ao problema. "É essencial resolver as alterações de fala até o final da 2ª série ou no início da 3ª", recomenda Irene. Outra dica importante diz respeito à correção verbal. Quando o estudante fala algo errado não se deve repetir a palavra incorreta para depois falar a certa, mas apenas apresentar o padrão correto. Esse procedimento impede que os pequenos se confundam.

Fluência

Um aluno gago repete sílabas e, às vezes, nem consegue pronunciá-las na hora de falar.A eletromiografia de superfície é um exame relativamente simples que mede a tensão muscular de um disfluente. Em 75% dos casos, a recuperação é espontânea e não há necessidade de terapia. Os 25% restantes nascem com predisposição genética e,por conta disso, serão gagos pelo resto da vida. Em ambos os casos, a terapia servepara avaliar a intensidade do problemae impedir que ele se agrave.

Fluidez verbal

A fluência é a capacidade de passar uma mensagem dentro de um fluxo contínuo, regular e em velocidade compreensível. O contrário disso é a disfluência, também conhecida como gagueira. Uma criança de 3 anos possui o mesmo fluxo de fala de um adulto. Só que com menos vocabulário. Existem casos em que ainda não há o domínio da estrutura da língua e, por isso, surge uma disfluência temporária.

É possível identificar um disfluente pelo tipo de ruptura. Geralmente, há uma patologia quando um som ou uma sílaba são bloqueados ou repetidos. Para alguns falantes, são comuns interrupções como "ah", "eh", "hum". Pelo desconhecimento do assunto, muitos tomam atitudes prejudicais a quem gagueja. Leia o que os especialistas recomendam não fazer:

pedir para parar de gaguejar;

sugerir que pense ou respire antes de falar;

completar a fala;

manifestar inquietação, irritação ou impaciência;

demonstrar pena;

pedir para recomeçar a fala;

sugerir que mude o tom de voz;

pedir para substituir palavras com pronúncia difícil;

fingir que a gagueira não existe.

Claudia Andrade, que também é especialista em disfluência, ressalta a importância do diagnóstico precoce. "O ideal é procurar ajuda o mais rápido possível para que a gagueira não se instale de forma definitiva."

Audição

O exame audiométrico é a avaliação da capacidade auditiva. Essa é uma das maneiras de detectar disfunções da audição. O professor deve encaminhar o estudante a um especialista quando perceber que ele tem pus no ouvido. O mesmo vale para o aluno que não entende o que é dito em sala de aula e pede que as frases sejam repetidas, reclama de algum barulho ou zumbido na orelha, não vira a cabeça quando é chamado, troca letras após os 4 anos de idade, fala errado porque não percebe a diferença entre a fala e a escrita.

Escutar bem

Quando uma criança tem dificuldades para ouvir, provavelmente terá problemas para aprender a falar e entabular uma conversa. A alteração mais comum é a perda auditiva, que pode ser leve, moderada ou profunda. Na perda leve, há dificuldade para detectar alguns sons. É como se você escutasse alguém falando em tom baixo. Quando o problema evolui, aumenta o número de sons que não se escuta, mas ainda é possível entender algo. Nesse ritmo crescente, pode-se chegar a um estágio no qual a pessoa só ouve sons de intensidade muito elevada. O ideal é detectar o problema no primeiro estágio, para não comprometer as chances de comunicação.

Outra alteração muito comum é o já mencionado distúrbio de processamento central. Além de escutar bem, temos de selecionar e memorizar o que escutamos para localizar o ruído, sabendo de qual direção veio. A representação mais comum desse tipo de problema é quando o professor fala numa classe barulhenta e o aluno não sabe se foca sua atenção nos colegas ou no professor.

A doutora Renata Carvalho, professora de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da USP e especialista em audiologia, descreve as crianças que apresentam alteração auditiva como agitadas e dispersas. "Para elas, prestar atenção é muito difícil", explica Renata. "Elas preferem se concentrar em coisas visuais." Se você tem alunos assim, saiba que talvez eles não sejam "bagunceiros", mas sofrem de um mal que só pode ser detectado num consultório.

Aprendizagem

Crianças com esse tipo de problema são aquelas que, geralmente, não acompanham a maioria da turma. Nesse caso, é importante destacá-las do grupo para o tratamento com um fonoaudiólogo. Só assim elas terão oportunidade de participar de atividades que desenvolvem a consciência dos sistemas sonoros como, por exemplo, a descoberta do número de sílabas de uma palavra, a análise dos sons que a compõem e a busca das letras que representem graficamente esses sons.

Respeito à individualidade

A categoria aprendizagem é ampla e envolve problemas relativos ao desenvolvimento infantil. Veja os mais comuns:

Ritmo — Cada um tem uma velocidade própria para aprender. Crianças com distúrbios apresentam ritmo mais lento. Elas precisam de um tempo maior para compreender um novo conceito. Quando o professor planeja levando em conta as particularidades de cada aluno, evita que alguns fiquem pelo caminho.

Linguagem oral — Há crianças que não apresentam nenhum déficit auditivo que impeça a fala, mas a compreensão e a expressão estão prejudicadas, inclusive no aspecto cognitivo. Da mesma forma, há aquelas que estão aparentemente bem, mas revelam dificuldades gerais quanto à evolução escolar (redação, ortografia, leitura e compreensão de textos e exercícios matemáticos etc.). Provavelmente elas sofrem desse distúrbio de aprendizagem e precisam de atenção especial em classe.

Linguagem escrita — São casos nos quais, apesar das habilidades orais estarem resolvidas, as crianças têm dificuldades no aprendizado da escrita. Língua Portuguesa, neste caso, é a disciplina mais prejudicada.

Para Jaime Luiz Zorzi, diretor do Cefac e doutor em educação pela Unicamp, o aluno que tem algum tipo de alteração na linguagem é quase sempre prejudicado. Normalmente, a escola estabelece um padrão mínimo que todos devem atingir e, como ele não se enquadra, é deixado de lado.

Voz

Educadores tendem a achar que as variações da voz fazem parte do desenvolvimento de uma criança. Cuidado com os que gritam com freqüência, têm voz rouca ou grossa para a idade, fazem força para falar a ponto de as veias do pescoço saltarem e a expressão facial ficar intensa. Ou deixam escapar um ar não sonorizado, e vêem o som sumir em algumas sílabas. Todos são fortes candidatos a ter problemas vocais que exigem acompanhamento especializado.

Em alto e bom tom

Viviane Bandoni, da Escola Carandá, orienta seus alunos de 3ª série numa atividade de perguntas e respostas (elaborada em parceria com um fonoaudiólogo) que devem ser colocadas na ordem lógica (como no exemplo da foto à esq.): a professora usa uma história infantil para avaliar a noção de temporalidade de cada um

A disfonia, conhecida como rouquidão, costuma não receber atenção nem de pais, nem de professores. Geralmente, disfônicos têm como características a liderança, a agressividade e a agitação, mas antes de qualquer diagnóstico é necessário saber por que o aluno grita. As causas podem estar relacionadas a excesso de ruídos externos. Se na sala de aula o barulho entra pelas janelas, é melhor manter a porta aberta.

Ambientes poluídos também são prejudiciais. Por isso, a sala deve estar sempre limpa. Alunos alérgicos não podem abusar, falando e cantando em excesso. Hábitos como ter uma garrafinha de água ao alcance da mão, não usar roupas apertadas e não comer demais valem tanto para seus alunos como para você.

Uma criança que não se livra da rouquidão pode comprometer, na idade adulta, uma escolha profissional. Para Mara Behlau, diretora e coordenadora do Centro de Estudos da Voz, é importante que as pessoas se conscientizem de que esse processo não faz parte do desenvolvimento natural. "Um aluno rouco sinaliza que tem dificuldade para se comunicar de modo adequado."

Em todas as situações, o papel do educador é estar atento para fazer o encaminhamento a um especialista. Só assim há chances de recuperação. "O fonoaudiólogo pode orientá-lo sobre a distribuição dos alunos em classe e sugerir sugestões de atividades em grupo, inclusive com aqueles que não apresentam distúrbios", esclarece Roberta Dias. A professora Viviane concorda. "É viável trabalhar assim, pois uns estimulam os outros a expressar suas habilidades."

Atendimento especial e barato

Veja algumas faculdades que prestam serviços à comunidade

Centro-oeste
Universidade Católica de Goiás, R. 232, 128, 1o andar, CEP 74605-140, Goiânia, tel. (62) 227-1115, 0,50 a 2 reais

Nordeste
Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. de Moraes Rego, s/no, CEP 50670-901, Recife, tel. (81) 3454-3540, grátis

Norte
Universidade da Amazônia, Av. Alcindo Cacela, 287, CEP 66060-902, Belém, tel. (91) 210-3130, grátis

Sudeste
Universidade de São Paulo, R. Cipotânea, 51, CEP 05360-160, São Paulo, tel. (11) 3091-7453, grátis

Sul
Universidade Federal de Santa Maria, R. Mal. FlorianoPeixoto, 1750, 7o andar, CEP 97015-372, Santa Maria (RS), tel. (055) 222-3444, ramal 239, grátis

Quer saber mais?

Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica, R. Cayowaá, 664, CEP 05018-000, São Paulo, SP, tel. (11) 3675-1677

Centro de Estudos da Voz, R. Machado Bittencourt, 205, conj. 24, CEP 04044-000, São Paulo, SP, tel. (11) 5575-1710

Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, R. Cipotânea, 51, CEP 05360-160, São Paulo, SP, tel. (11) 3091-7455

Escola Carandá, R. Dr. Diogo de Faria, 1338, CEP 04037-005, São Paulo, SP, tel. (11) 5574-6255

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CONCURSO (con.cur.so). Palavra do Dia.


Palavra do Dia:

CONCURSO (con.cur.so)

No último domingo, 13 de julho, a venezuelana Dayana Mendoza, de 22 anos, venceu a 57ª edição do concurso de Miss Universo, realizado no Vietnã. Diferentemente do ano passado, quando nossa representante ficou em 2º lugar, Natália Anderle, candidata do Brasil, não ficou entre as finalistas do concurso.

A palavra "concurso" tem sua origem do latim 'concursum', que é uma variação do verbo 'concurrere', que significa "correr junto, correr com".

No nosso idioma, "concurso" não significa apenas um evento onde disputam-se prêmios. Um dos significados mais utilizados para o termo é para referir-se a provas de seleção e admissão em vagas em escolas, empresas públicas, etc..

Definição do dicionário Aulete Digital:


substantivo masculino.
1 Prova de seleção entre vários candidatos para obtenção de cargo ou conquista de prêmio [ + para, de: concurso para juiz / de contos.]
2 Colaboração, participação: Trabalha com o concurso dos melhores especialistas.
3 Afluência, concorrência: Foi surpreendente o concurso de estudantes na conferência.
4 Evento público (artístico, esportivo etc.) em que se apresentam várias entidades, disputando um prêmio, título etc.; CERTAME.
5 Modalidade de aposta do turfe em que ganha quem indicar o maior número de vencedores e placês em páreos determinados pela comissão de corridas
6 Geom. Interseção, cruzamento

CONCURSO (con.cur.so)
[Formação: Do latim 'concursu(m)']

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quarta-feira, 16 de julho de 2008

Resumos sobre Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber .


Faculdade São José

Disciplina: Sociologia aplicada à Administração

Professor: Nelson

1º período

Timon/2007


Resumos sobre Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber

Francisca Alessandra Carvalho Silva




Karl Marx e a história da exploração do homem. Com o objetivo de entender o capitalismo, Marx produziu obras de filosofia, economia e sociologia, tencionando propor uma ampla transformação política, econômica e social. A principal obra de Marx, O Capital, não é sociológica, mas econômica. Todavia, é preciso elucidar alguns termos de sua fundamentação econômica, por constituírem peças básicas de interpretação. Na verdade, se produziu uma visão principalmente econômica da sociedade, precisamente porque acreditou que a compreensão dos processos históricos não pode ser feita sem referencia às maneiras como os homens produzem sua sobrevivência material.

Marx sofreu algumas influencias como: a filosofia de Hegel, o seu contato com o pensamento socialista francês e inglês do século XIX. Destacava o pioneirismo desses críticos da sociedade burguesa, reprovava o “utopismo” de suas propostas.

As três teorias tinham como traço comum o desejo de impor de uma só vez a transformação social total, implantando assim, o império da razão e da justiça eterna.

Desenvolveu o conceito de alienação mostrando que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção, que se tornaram propriedade privada do capitalista.

De acordo com Marx, politicamente o homem também se tornou alienado, pois o principio da representatividade, base do liberalismo, criou a idéia de Estado como um órgão político imparcial, capaz de representar toda a sociedade e dirigi-la pelo poder delegado pelos indivíduos.

Marx proclamava ainda a inexistência de igualdade natural e observa que o liberalismo vê os homens como átomos, como se estivessem livres das evidentes desigualdades sociais. Para Marx, as desigualdades sociais observadas no seu tempo eram provocadas pelas relações de produção do sistema capitalista, que divide os homens em proprietários e não-proprietários dos meios de produção. As relações entre homens se caracterizam por relações de oposição, antagonismo, exploração e complementaridade entre as classes.

A história do homem é, conforme Marx, a história da luta de classes, da luta constante entre interesses opostos, embora esse conflito nem sempre se manifeste socialmente sob a forma de guerra declarada. As divergências, oposições e antagonismos de classes estão subjacente a toda relação social, nos mais diversos níveis da sociedade, em todos os tempos, desde o surgimento da propriedade privada.

Para Marx, o trabalho, ao se exercer sobre determinados objetos, provoca nestes uma espécie de “ressurreição”. Tudo o que é criado pelo homem, contém em si, um trabalho passado, “morto”, que só pode ser reanimado por outro trabalho.

Acrescentou também que, este tempo de trabalho se estabelecia em relação às habilidades individuais médias e às condições técnicas vigentes na sociedade. De acordo com a análise de Marx, não é no âmbito da compra e venda de mercadorias que se encontram bases estáveis nem para o lucro dos capitalistas individuais nem para a manutenção do sistema capitalista. Ao contrário, a valorização da mercadoria se dá no âmbito de sua produção.

Chama-se de mais-valia ao valor que o trabalhador cria para além do valor de sua força de trabalho. De certa forma, sobretudo em termos sociológicos, esta é a alma do capitalismo, porque nisto decide sua teoria e prática da desigualdade social. O trabalhador é pago pela sua força de trabalho, através de um salário cujo valor tende a ser de mera sobrevivência, ou seja, que lhe permite tão somente repor ou reproduzir sua força de trabalho. Mas o que o trabalhador produz, vale mais do que a paga recebida em salário. Esse “mais” é apropriado pelo dono dos meios de produção, o que se chama muitas vezes apropriação do excedente de trabalho.

Marx chamou de mais-valia absoluta aquela obtida pelo alargamento da jornada de trabalhou pela intensificação do uso da força de trabalho. Por outra, é mais-valia relativa àquela obtida pela diminuição do tempo de trabalho necessário, geralmente através da especialização profissional, ou da introdução de novas tecnologias, ou da adoção de novos métodos de gerenciamento, etc. Nestes casos, é possível aumentar a mais-valia, mesmo diminuindo o tempo de trabalho.

Marx constata ainda, que as diferenças entre as classes sociais não se reduzem a uma diferença quantitativa de riquezas, mas expressam uma diferença de existência material. Os indivíduos de uma mesma classe social partilham de uma situação de classe comum, que inclui valores, comportamentos, regras de convivência e interesses.

A essas diferenças econômicas e sociais segue-se uma diferença na distribuição de poder. Diante da alienação do operariado, as classes econômicas dominantes desenvolveram formas de dominação políticas que lhes permitem apropriar-se do aparato de poder do Estado e, com ele, legitimar seus interesses sob a forma de leis e planos econômicos e políticos.

Para Marx as condições específicas de trabalho geradas pela industrialização tendem a promover a consciência de que há interesses comuns para o conjunto da classe trabalhadora e, consequentemente, tendem a impulsionar sua organização política para a ação. A classe trabalhadora, portanto, vivendo uma mesma situação de classe e sofrendo progressivo empobrecimento em razão das formas cada vez mais eficientes de exploração do trabalhador, acaba por se organizar politicamente. Essa organização é que permite a tomada de consciência da classe operária e sua mobilização para a ação política.

Marx parte do princípio de que a estrutura de uma sociedade qualquer reflete a forma como os homens organizam a produção sociaI de bens. Essa produção, segundo Marx, engloba dois fatores: as forças produtivas e as relações de produção.

Sendo que as forças produtivas constituem as condições materiais de toda a produção. E, relações de produção são as formas pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva.

Forças produtivas e relações de produção são condições naturais e históricas de toda atividade produtiva que ocorre em sociedade. A forma pela qual ambas existem e são reproduzidas numa determinada sociedade constitui o que Marx denominou modos de produção.

Para Marx, o estudo do modo de produção é fundamental para compreender como se organiza e funciona uma sociedade. As relações de produção, nesse sentido, são consideradas as mais importantes relações sociais.

Além de elaborar uma teoria que condenava as bases sociais da espoliação capitalista, conclamando os trabalhadores a construir, por meios de sua práxis revolucionária, uma sociedade assentada na justiça social e igualdade real entre os homens, Marx conseguiu como nenhum outro, com sua obra, estabelecer relações profundas entre a realidade, a filosofia e a ciência.

Se por um lado Marx concebia a realidade social como uma concretude histórica, por outro, cada sociedade representava uma totalidade, um conjunto único e integrado das diversas formas de organização humana nas suas mais diversas instancia.

Segundo Marx, a questão da objetividade só se coloca enquanto consciência crítica. A ciência, assim como a ação política, só pode ser verdadeira e não ideológica se refletir uma situação de classe e, consequentemente, uma visão crítica da realidade.

Para ele a sociedade é constituída de relações de conflito e é de sua dinâmica que surge a mudança social. Marx redimensiona o estudo da sociedade humana, marcando com suas idéias, de maneira definitiva o pensamento cientifico e a ação política dessa época assim como das posteriores, formando duas diferentes maneiras de atuação sob a bandeira do marxismo.

A abordagem do conflito, da dinâmica histórica, da relação entre consciência e realidade e da correta inserção do homem e de sua práxis no contexto social foram conquistas jamais abandonadas pelos sociólogos.


A sociologia de Max Weber

A sociologia de Max Weber. Para Weber a Sociologia é uma ciência que pretende compreender a ação social, interpretando-a, para dessa maneira explicá-la casualmente em seus desenvolvimentos e efeitos. Utilizava uma metodologia em que a compreensão consiste na captação do sentido subjetivo da ação (algo distinto dos nexos exteriores de causa e efeito que a envolvem).

Essa compreensão da ação humana, segundo Weber, é captar o seu sentido subjetivo, o que, considerada desse modo à compreensão não é um processo exclusivo do conhecimento cientifico. Weber chamou de compreensão atual ao tipo de captação do sentido que decorre diretamente do curso observável da ação, e de, compreensão explicativa aquela que não se detém no sentido aparente da ação, mas apela para seus motivos subjacentes.

A interpretação da ação humana através de tipos ideais volta-se para a apreensão do sentido subjetivo da ação. Conseqüentemente, é pelo seu sentido subjetivo que uma ação se define ou não como social.

Weber enfoca que o fundamento da fluidez em casos de ações sociais reside em que a orientação pela conduta alheia e o sentido da própria ação de modo algum podem ser sempre precisados com toda clareza, nem sempre são conscientes, ou muito menos conscientes em toda plenitude.

Contudo, embora na realidade exista essa fluidez, no plano teórico a fronteira da ação social deve ser traçada com clareza.

Coerentemente com esse enfoque, Weber construiu os conceitos sociológicos básicos a partir de uma tipologia geral da ação social. Sempre ressalvando o caráter ideal desses tipos, ele distingue quatro categorias de ação por seu sentido subjetivo.

1. A ação racional com relações afins, determinadas por expectativas no comportamento tanto de objetos do mundo exterior como de outros homens.

2. A ação racional com relação a valores, determinada pela crença consciente no valor seja éticos, estéticos, religiosos ou de qualquer outra forma como seja interpretado.

3. A ação afetiva, especialmente emotiva, determinada por afetos e estados sentimentais atuais.

4. A ação tradicional, determinada por um costume arraigado.

Em Weber, a noção de tipo ideal decorre da concepção acerca da infinita complexidade do real diante do alcance limitado dos conceitos elaborados pela mente humana. Todo conceito seleciona alguns aspectos da realidade infinita, enquanto exclui outros – seleção que é sempre, consciente ou inconscientemente – orientada por valores.

Segundo Weber, uma dimensão qualquer da ação humana admite sempre a construção de vários tipos, sem que nunca se esgote a complexidade infinita da realidade. Por esta razão, nenhum dos tipos construídos deve ser considerados mais que um instrumento limitado e provisório de investigação. A expressão “ideal” sublinha precisamente o fato básico de que os tipos sociológicos só existem no plano da idéias, não na realidade.

A sociologia Weberiana conclui que, no mundo moderno, a burocracia é o exemplo mais típico do domínio legal, nos limites da legitimidade. Estendendo sua análise tipológica às formas de dominação social, a Sociologia weberiana distingue três tipos de dominação legítima, cada qual com sua base, a saber: a legalidade, a tradição, o carisma.


A sociologia de Durkheim.
Durkheim distingue os fatos sócias em três características:

1. A coercitividade, ou seja, a força que os fatos sociais exercem sobre os indivíduos levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente da sua escolha e vontade. O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sanções a que o individuo estará sujeito quando tenta se rebelar contra elas. Estas sanções podem ser legais ou espontâneas. Sanções legais são aquelas prescritas pela sociedade, sob a forma de leis. Sanções espontâneas seriam as que aflorariam como decorrência de uma conduta não adaptada a estrutura da sociedade ou do grupo ao qual o individuo pertence.

2. A exterioridade, os fatos sociais existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente.

3. A generalidade, segundo Durkheim, é social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles.

Uma vez identificados e caracterizados os fatos sociais, Durkheim procurou definir o método de conhecimento da sociologia. Para ele, a explicação cientifica exige que o pesquisador mantenha certa distancia e neutralidade em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise.

Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar os fatos sociais como coisas, isto é, objetos que, lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados e comparados independentemente do que os indivíduos envolvidos pensassem ou declarassem a respeito. Tais formulações seriam apenas opiniões, juízos de valor individuais que podem servir de indicadores dos fatos sociais, mas mascaram as leis de organização social, cuja racionalidade só é acessível ao cientista.

A sociologia, de acordo com Durkheim, tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresentaria estados normais e patológicos, isto é, saudáveis e doentios.

Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução.


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É preciso cavar!


É preciso cavar!

Ao nascer, você é apenas uma semente...
o florescimento é a sua realização!

Certa vez um monge russo caminhava em direção à sua igreja, quando passou por uma plantação. Um "mujique" (lavrador em russo) estava concentrado, trabalhando a terra. O monje chamando a atenção do trabalhador disse: "mujique, vamos orar?" e recebeu como resposta: "não posso, estou arando..!". O monge andou mais um pouco, refletiu e respondeu ao lavrador: "Voce está certo, arar também é orar!..."

Lembrei dessa història para dizer que, na minha opinião, o trabalho é uma forma de estar perto de Deus, que é quem mais trabalha no universo!

Um homem morava numa gruta próximo a uma cidade. Era alimentado e cuidado pelos habitantes daquele pequeno lugar. Traziam alimentos e roupas até a entrada da caverna, e ele assim vivia, até que morreu. Resolveram fazer uma cova e depositar seu corpo ali mesmo onde viveu. Ao cavarem descobriram um enorme veio de ouro naquele local! Descobriram então que aquele homem viveu a vida toda da caridade popular, no entanto morava em cima de um filão do metal mais precioso da terra. Era só preciso ter cavado!

Resolvi trazer estas reflexões hoje motivado por uma conversa que tive com alguém que está passando por dificuldades, que se julga injustiçada, e achando que a vida é ingrata com ela. Culpou o ex-marido, culpou os pais das duas crianças que tem, culpou a ex-patroa porque só sugou ela enquanto trabalhava lá, e quando ofereci uma oportunidade de trabalho ela disse: " Depende, se for um salário de miséria fico assim mesmo, fome já estou passando!".

Tentei explicar a ela que inicialmente o nosso destino está gravado na nossa mente! Basta apenas que tenhamos ação consciente! Um dos fatores primordiais pra isso é a boa vontade. Um fato real pode ilustrar isso! Há uma instituição de ensino nos Estados Unidos que só forma negros. Mike Tyson, aquele boxeador famoso, hoje em decadência, é um dos seus principais voluntários financeiros. Essa instituição nasceu de um gesto expontâneo e curioso:

Um professor negro, de um bairro negro de New York, vendo a marginalidade aumentar, resolveu pedir uma sala de aula para a subprefeitura de seu bairro ....para dar aula de graça! Recebeu uma negativa. Entrou com um pedido na subprefeitura de seu distrito, mas negaram também o seu pedido. Ele saiu muito nervoso! Ao entrar num supermercado viu uma senhora saindo com uns pacotes e resolveu ajudá-la. Acompanhou-a até o carro e acomodou tudo. A senhora olhando para sua cor e aspecto disse: " Vou dar uma festa na minha casa e meu jardim está em estado de miséria, o senhor não quer limpar meu jardim?.." Ele, um professor universitário, pensou: " Quando estou nervoso limpo meu jardim, lavo meu carro, isto é para mim uma terapia!".... e respondeu: "Vou sim!". Limpou todo o jardim da casa, e quando a mulher quis pagar, ele respondeu que não era necessário, havia feito por terapia!...e despediu-se da mulher! Ao sair da casa cruzou com um homem que adentrava, que olhando para aquele homem perguntou assustado à esposa: "O que este homem está fazendo aqui?" Ela disse: "encontrei com ele no supermercado e o convidei a limpar o jardim, ele fez e agora não quer receber!". O marido respondeu: " Isso não me assusta, esse homem é um professor universitário, esteve no meu gabinete hoje pela manhã!"... Era o prefeito! Virando-se para o professor disse: "Graças a sua boa vontade você não terá apenas uma sala, vamos lutar para você ter uma escola no seu bairro!" .....Hoje esta instituição forma 1.500 negros por ano!
Este artigo foi postado, por Ivone participante do Yahoo!respostas.

http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20080715180642AAByXE2&r=w&pa=FZptHWf.BGRX3OFPgDJXUimuFxG9o0n9E2DUENMtwOc9ZYW_KA--&paid=answered#RbdzOUfjBEZKCpb75YNC
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Conversas sobre Didática,