segunda-feira, 21 de julho de 2008

Civilizações Antigas 5. O IMpério Persa, e o Irã.


História do Irão

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(Redirecionado de Império Persa)

A história do Irã registra os acontecimentos históricos no território correspondente aos atuais Irã, Afeganistão, Tadjiquistão, Uzbequistão, Azerbaijão e outras áreas vizinhas, ao longo de um período de tempo que começa com as primeiras civilizações pré-arianas (como a Jiroft e a elamita), passa pelo Império Persa em todas as suas fases (aquemênida, selêucida, arsácida, sassânida e outras) e prossegue até os dias atuais, com a República Islâmica do Irã. Em suas várias formas, trata-se de uma das mais antigas grandes civilizações de existência contínua.

Algumas fontes referem-se a certos períodos da história do Irã com a denominação Império Persa, que pode ser definido como uma sucessão de Estados que controlaram o Planalto Iraniano ao longo do tempo, a começar pela dinastia aquemênida, fundada por Ciro, o Grande, no século VI a.C.


Antes dos persas

Anteriormente aos aquemênidas, o Planalto Iraniano era ocupado pela civilização elamita (cerca de 2700 a.C.-539 a.C.), cuja capital era a cidade de Anshan e, posteriormente, Susa. Elam conviveu com o Reino Jiroft - estabelecido no que são hoje as províncias orientais do Irã, enquanto que os elamitas controlavam a porção ocidental, na região da Cordilheira de Zagros - e posteriormente sucedeu-o, estendendo-se pelo Planalto Iraniano. A cultura elamita desempenhou um papel essencial no posterior Império Persa, durante o período aquemênida, que manteve a língua elamita como idioma oficial. A civilização elamita é tradicionalmente considerada o ponto inicial da história do Império Persa (e, em decorrência, do Irã).

O primeiro Império Persa: a Pérsia Aquemênida (648 a.C.-330 a.C.)

Ver artigo principal: Aquemênidas
O Império Persa em 490 a.C.
O Império Persa em 490 a.C.

O princípio do primeiro milênio a.C. testemunhou a segunda grande invasão do Planalto Iranianoarianas provenientes da Transoxiana e do Cáucaso, entre as quais os medos e os persas. O primeiro registro a respeito dos persas vem de uma inscrição assíria de c. 844 a.C., que se refere aos parsu (Parsuash, Parsumash), localizando-os na área do Lago Urmia, juntamente com outro grupo, estes os madai (medos). por tribos indo-

Os medos fixaram-se no norte do Planalto Iraniano (Ecbátana, atual Hamadan), e os persas, até então nômades, estabeleceram-se ao sul, em Parsa (atual província iraniana de Fars) e na cidade de Anshan, onde Teispes (reg. c. 675-640), filho de Aquêmenes (semi-lendário, c. 700-675), teria fundado um novo reino, intitulando-se “rei da cidade de Anshan”. Sucederam a Teispes Ciro I e Cambises I. Este último casou-se com a neta do líder medo Ciáxares e foi pai de Ciro II, conhecido como o Grande. O reino de Anchan, tributário dos medos, continuou a usar o elamitapersa, uma língua indo-européia. A posterior expansão do reino da cidade de Anchan resultaria na criação do Império Persa. como idioma oficial por algum tempo, embora a dinastia governante falasse

Durante anos dominadas pelos citas e pelos assírios, as tribos medas, unificadas por Ciáxares, conquistaram Nínive, capital da Assíria, em 612 a.C. Após a derrota definitiva dos assírios em 610 a.C., os medos ocuparam território no que é hoje o Irã, bem como na Ásia Menor, na AnatóliaLídia. Em 550 a.C., Ciro II, de origem persa, derrotou os medos e tomou o trono (medos e persas pertenciam à mesma raça iraniana e suas línguas eram quase idênticas: a ascensão de Ciro pode ser vista como uma revolução interna que não afetou o Império). Senhor dos territórios sujeitos ao Império Medo, Ciro II tomou a antiga capital elamita de Susa, para onde foi transferida a capital persa. Em seguida, os persas conquistam a Lídia, a Jônia, a Cária, a Lícia e a Babilônia, após derrotar o Rei Nabonido em 538 a.C. Sucedendo seu pai Ciro, Cambises IIMediterrâneo ao Indo e que incluía o Egito. e na conquistou, em vinte anos, por meio de força militar e de uma política liberal para com os povos submetidos, um Império que se estendia do

O Império atingiu o auge territorial sob Dario I, que conquistou o vale do rio Indo, a leste, e a Trácia, a oeste. A sua invasão da Grécia foi frustrada na Batalha de Maratona. Seu filho Xerxes IBatalha de Platéias, em 479 a.C. (V. Guerras Médicas). também tentou ocupar a Grécia, mas foi derrotado na

O Império Persa Aquemênida foi o maior e mais poderoso Estado que o mundo havia visto até então; era bem administrado e organizado. Dario dividiu o reino em cerca de vinte satrapias (províncias), supervisionadas por governadores (sátrapas). Também instituiu um sistema tributário para cobrar impostos de cada província, ampliou o sistema postal dos assírios e adotou o uso de agentes secretos (conhecidos como os Olhos e Ouvidos do Rei). Construiu a famosa Estrada Real, de modo a ligar o seu extenso Império.

Durante o período aquemênida, o zoroastrismo, fundado por Zoroastro, tornou-se a religião dos governantes e da maior parte dos povos da Pérsia; enfatizava uma luta dualista entre o bem e o mal, e uma batalha final vindoura. O zoroastrismo e seus líderes místicos, os magi, viriam a ser um elemento definidor da cultura persa.

A Pérsia Aquemênida uniu povos e reinos de todas as principais civilizações de uma vasta região.

Pérsia Helenística (330 a.C.-150 a.C.)

Ver artigo principal: Império Selêucida
O Império de Alexandre, o Grande.
O Império de Alexandre, o Grande.

Os últimos anos da dinastia aquemênida foram marcados pela decadência. O maior império da antigüidade desmoronou em apenas oito anos, quando atacado por um jovem rei macedônio, que a história viria a chamar de Alexandre, o Grande.

A decadência da Pérsia ficou patente para os gregos em 401 a.C., quando o sátrapa de Sardesmercenários gregos para ajudá-lo a reivindicar o trono imperial, o que demonstrava a instabilidade política e a fraqueza militar dos aquemênidas. contratou 10.000

Filipe II da Macedônia, governante da maior parte da Grécia, e seu filho Alexandre decidiram aproveitar esta fraqueza. Após a morte de Filipe, Alexandre invadiu a Pérsia, desembarcando seu exército na Ásia Menor em 334 a.C. Suas tropas rapidamente tomaram a Lídia, a Fenícia e o Egito, derrotaram as forças de Dario III em Isso e por fim capturaram a capital persa de Susa. O último foco de resistência aquemênida foi nas proximidades do palácio real em Persépolis. O Império Persa estava enfim nas mãos dos gregos.

Ao longo de sua rota de conquista, Alexandre fundou diversas cidades, todas com o nome Alexandria, que serviram para difundir a cultura helenística na Pérsia nos séculos seguintes.

O império de Alexandre desfez-se logo após a sua morte, mas a Pérsia continuou sob controle grego. Um dos generais de Alexandre, Seleuco I Nicator, assumiu o controle da Pérsia, da Mesopotâmia e, mais adiante, da Síria e da Ásia Menor. Sua descendência é conhecida como a dinastia Selêucida.

A colonização grega continuou até cerca de 250 a.C., difundindo a língua, a filosofia e a arte gregas. O grego tornou-se a língua da diplomacia e da literatura em todo o território conquistado por Alexandre. O comércio com a China, iniciado durante a era aquemênida através da Rota da Seda, assumiu novas proporções, permitindo também um intercâmbio cultural: o budismo foi trazido da Índia; o zoroastrismo foi levado para o oeste e viria a influenciar o judaísmo.

O reino selêucida rapidamente entrou em declínio. Ainda durante a vida de Seleuco, a capital foi transferida de Selêucia, às margens do Tigre, na Mesopotâmia, para Antioquia, às margens do Orontes, próximo ao Mediterrâneo. As províncias orientais de Báctria e Pártia desligaram-se do reino em 238 a.C. A liderança militar do Rei Antíoco III impediu a Pártia de conquistar a própria Pérsia, mas alarmou a República Romana, cujas legiões começaram a atacar o reino selêucida. Este viu-se às voltas com a rebelião dos macabeus, na Judéia, e com a expansão do Império Kuchano a leste. O império desmoronou e foi conquistado pela Pártia e por Roma.

A Pérsia sob os partos (150 a.C.-226 d.C.)

Ver artigo principal: Império Parto
O Império Parto, c. 60 a.C.
O Império Parto, c. 60 a.C.

A Pártia era uma região ao norte da Pérsia, no que é hoje o nordeste do Irã. Seus governantes, a dinastia arsácida, pertenciam a uma tribo iraniana que se havia instalado na área na época de Alexandre. Declararam-se independentes dos selêucidas em 238 a.C., mas somente lograram expandir-se às custas do Império Persa após a ascensão de Mitrídates I ao trono parto, em c. de 170 a.C. Anexaram várias regiões na fronteira leste, conquistaram a Babilônia e a Média e, por fim, vencem Antíoco VII em 130 a.C., tomando dos selêucidas todos os seus domínios a leste do Eufrates. A Pártia estendia-se, então, desde o Eufrates até quase o Indo, com numerosos reinos vassalos.

As duas grandes ameaças ao partos eram as invasões dos nômades vindos do oriente e dos romanos a oeste. Os dois impérios - o parto e o romano - colidiram por mais de dois séculos na Mesopotâmia, com sérias derrotas iniciais infligidas aos romanos, como a Licínio Crasso na Batalha de Carrhae (54 a.C.), ou a Marco Antônio (36 a.C.). Mais tarde, aproveitando-se da desunião política do inimigo (os partas dividiam-se em clãs, que administravam, cada um, uma província do império) e de um governo central cada vez mais fraco, os romanos lograram vitórias expressivas, chegando mesmo à capital da Pártia, Ctesifonte - Trajano em 115 d.C., Marco Aurélio em 165, Septímio Severo em 198 e Caracala.

A fraqueza da dinastia arsácida permitiu a rebelião em 224 d.C. do rei persa vassalo, Ardacher, o qual se dizia descendente dos aquemênidas. Ardacher tomou Ctesifonte em 226 e derrubou o rei parto Artabano IV, fundando a nova dinastia dos sassânidas.

A Pérsia Sassânida (226 d.C.-650)

Ver artigo principal: Dinastia Sassânida
O Império Sassânida, c. 610 d.C.
O Império Sassânida, c. 610 d.C.

Durante o domínio parto, a Pérsia era apenas uma província de um império extenso e descentralizado. O então rei da Pérsia, Ardacher I, chefiou uma rebelião contra o governo imperial da Pártia. Em dois anos, tornou-se o de um novo Império Persa.

A dinastia sassânida (cujo nome vem do bisavô de Ardacher) foi a primeira dinastia reinante verdadeiramente persa desde a era dos aquemênidas. Considerava-se, pois, como a sucessora de Dario e Ciro. Empreenderam uma política agressivamente expansionista, recuperando a maior parte do território oriental que os kushanos haviam tomado no período parto. Os sassânidas continuaram a guerrear contra Roma; um exército persa chegou a capturar o Imperador romanoValeriano, em 260.

A Pérsia sassânida, diferentemente da Pártia, era um Estado altamente centralizado. A população estava organizada em castas: sacerdotes, soldados, escribas e plebeus. O zoroastrismocatolicismo ortodoxo, devido a suas ligações com o Império Romano. O Nestorianismo era tolerado e por vezes mesmo favorecido pelos sassânidas. tornou-se a religião oficial do Estado e propagou-se da Pérsia central para as províncias. Houve perseguições esporádicas contra outras religiões, particularmente o

Embora os hunos brancos houvessem ocupado regiões a leste do Império, este logrou anexar, entre 605 e 629, o Levante e o Egito, avançando em seguida sobre a Anatólia.

Entretanto, uma guerra posterior com os romanos levou à destruição do Império. Ao longo de um demorado conflito, os exércitos sassânidas chegaram a Constantinopla, mas não a conseguiram tomar. Enquanto isto, o Imperador bizantino Heráclio flanqueava os persas na Ásia Menor e atacava o Império pela retaguarda, o que resultou em uma derrota decisiva para os sassânidas na Mesopotâmia setentrional. O Império viu-se obrigado a abandonar todos os territórios conquistados e recuar, seguindo-se o caos interno e a guerra civil.

Irã e Islã (650-1219)

A rápida expansão do Califado árabe coincidiu com o caos causado pelo fim da dinastia sassânida. A maior parte do país foi conquistada de 643 a 650. A conquista do Irã pelos exércitos árabesislâmicos marca a transição para o Irã medieval.

Yezdegerd III, último rei Sassânida, morreu dez anos após perder o seu império para o Califado. Tentou recuperar algo do que havia perdido, com o auxílio dos turcos e dos tártaros, mas estes foram facilmente derrotados pelos muçulmanos.

Este império árabe, governado pela dinastia Omíada, foi o maior Estado da história até aquele momento, estendendo-se desde a Península Ibérica até o rio Indo, e do Mar de Aral até a ponta sul da Península Arábica. Os Omíadas serviram-se dos sistemas administrativos persa e bizantino e transferiram a capital para Damasco, no centro de seu império. A dinastia reinaria sobre a Pérsia por cem anos.

A conquista árabe transformou radicalmente a vida no Irã. O árabe tornou-se a nova língua franca; o Islã rapidamente substituiu o zoroastrismo e construíram-se mesquitas. Enfim, novos elementos foram acrescentadas ao meio cultural iraniano. Durante aquela época, e devido ao vasto alcance do império árabe, muitos cientistas iranianos viriam a exercer impacto direto sobre o Renascimento europeu, séculos depois.

Em 750, os Omíadas foram derrubados pela dinastia abássidatambém árabes. Os iranianos desempenhavam, então, um papel importante na burocracia do império. O Califa Al-Ma'mun, cuja mãe era iraniana, transferiu sua capital para Merv, na Pérsia oriental.

Em 819, o leste do Irã foi conquistada pelos Samânidas , os primeiros governantes de origem iraniana, desde a ocupação árabe. Estabeleceram Samarcanda, Bucara e Herat como suas capitais e reavivaram a língua e a cultura persas.

Em 913, a parte oeste do Irã foi conquistada pelos buáiidas, uma confederação tribal persa das margens do Mar Cáspio. Fizeram de Xiraz a sua capital e destruíram a unidade territorial islâmica. Não mais uma província de um império islâmico unificado, o Irã era agora uma nação de um mundo islâmico cada vez mais diversificado.

O grande poeta Ferdusi, "o recriador da língua persa", escreveu naquela altura o épico Shâh Nâmâ ("livro dos reis"), em persa, que contava a história dos reis do Irã.

A Pérsia sob o domínio turco (1037–1219)

O mundo islâmico foi abalado em 1037 pela invasão dos turcos seljúcidas, vindos de nordeste. Estes criaram um enorme império no Oriente Médio que deu continuidade ao florescimento da cultura islâmica medieval: construiu-se a Mesquita da Sexta-Feira em Ispaão; Omar Khayyam, o poeta persa mais famoso de todos os tempos, escreveu nos Rubaiyat a sua poesia de amor.

No início do século XIII, os seljúcidas perderam o controle da Pérsia para outro grupo turco, proveniente da Corásmia (ou Karezm), próximo ao Mar de Aral. Os xás do Império Corásmio governaram por pouco tempo, porém, pois viram-se defronte ao mais temido conquistador da história: Gêngis Cã.

A Pérsia sob os mongóis e seus sucessores (1219-1500)

Ver artigo principal: Ilkhanato

Em 1218, Gêngis Cã enviou embaixadores e comerciantes à cidade de Otrar, no nordeste do reino corásmio. Como o governador de Otrar os mandou executar, Gêngis Cã saqueou a cidade e avançou sobre Samarcanda e outras cidades da região, destruindo e matando.

O neto de Gêngis, Hulagu Cã, completou a conquista do Império Corásmio, tomando ainda Bagdácalifa abácida) e a maior parte do restante do Oriente Médio no período entre 1255 e 1258. A Pérsia tornou-se um Ilcanato (província) do vasto Império Mongol. (e matando o último

Com a conversão do Ilcã Mahmud Ghazan ao islamismo em 1295, este renunciou aos laços com o o Imperador Chengzong da China Yuan, que havia sucedido seu pai Cublai como Grande Cã. Os ilcãs promoveram as artes e o conhecimento na melhor tradição da Pérsia islâmica.

Com a morte em 1335 do último ilcã legítimo, Abu Said, o território do ilcanato fragmentou-se em pequenos Estados, permitindo a Tamerlão invadir a Pérsia em 1370, conquistá-la e saqueá-la até a sua morte em 1405. Ainda mais sangüinário do que Gêngis, Tamerlão exterminou 70.000 pessoas em Ispaão de modo a poder construir torres com os seus crânios. A Pérsia foi deixada em ruínas.

Pelos cem anos seguintes a Pérsia deixou de ser uma unidade política. Fragmentada e governada pelos descendentes de Tamerlão, a Pérsia foi conquistada no final do século XV pelo Emirado dos Turcomenos da Ovelha Branca (Ak Koyunlu), mas faltava-lhes a sofisticação da época islâmica.

Os Safávidas: um novo império iraniano (1500-1722)

As fronteiras de 1512 do Império Safávida.
As fronteiras de 1512 do Império Safávida.

A dinastia safávida era proveniente da cidade de Ardabil, na região do Azerbaijão. O safávida Ismail I derrubou o governo dos Turcomenos da Ovelha Branca e fundou um novo império iraniano - o primeiro com uma dinastia local em 800 anos. Embora os primeiros governantes safávidas falassem uma língua turcomana, as gerações seguintes adotaram o persa, o que permitiu à identidade persa florescer mais uma vez. O período safávida é visto pelos historiadores como uma ponte entre a antiga Pérsia e o Irã moderno, devido à adoção da denominação xiita do islamismo e à renascença cultural e política empreendidas pela dinastia reinante.

Ismail expandiu as fronteiras da Pérsia de modo a incluir todo o território dos atuais Azerbaijão, Irã e Iraque, bem como grande parte do Afeganistão. A expansão foi detida pelo Império Otomano na batalha de Chaldiran, em 1514. Os conflitos com os otomanos se tornariam comuns no período safávida.

A Pérsia safávida foi um Estado violento e caótico pelos setenta anos seguintes, mas em 1588 o Xá Abaz I subiu ao trono e presidiu a um renascimento cultural e político. Transferiu a capital do império para Ispaão, que se tornou um dos mais importantes centros culturais do mundo islâmico; celebrou a paz com os otomanos; reformou o exército, expulsou os uzbeques da Pérsia para o que é hoje o Uzbequistão e recapturou a ilha de Ormuz das mãos dos portugueses (3 de Maio de 1622).

Os safávidas eram seguidores do islamismo xiita e tornaram o Irã o maior país xiita do mundo, posição que o Irã ainda ocupa.

Sob os safávidas, o Irã conheceu o seu último período de grande potência imperial. No início do século XVII, um acordo com o Império Otomano fixou a fronteira com a Pérsia, que continua, até hoje, a ser o limite entre a Turquia e o Irã modernos.

O Irã e a Europa (1722-1914)

Em 1722, o Estado safávida desmoronou. Aquele ano assistiu à primeira invasão européia do Irã desde o tempo de Alexandre: Pedro, o Grande, Imperador da Rússia, invadiu o noroeste do país numa tentativa de controlar a Ásia Central. Para piorar a situação, forças otomanasIspaão. acompanhavam os russos, o que permitiu o cerco bem-sucedido de

O país logrou opor-se à invasão; nem os russos, nem os turcos ganharam território às expensas do Irã. Entretanto, os safávidas foram seriamente enfraquecidos e, naquele ano, os seus súditos afegãos iniciaram uma rebelião sangrenta, em reação às tentativas de convertê-los à denominação xiita pela força. O último safávida foi executado, o que pôs fim à dinastia.

O Império iraniano teve um breve avivamento sob Nader Xá, entre 1730 e 1740. Nader, um líder militar da tribo Afshar, expulsou os russos e confinou os afegãos ao território atual do Afeganistão. Lançou diversas campanhas bem-sucedidas contra os antigos inimigos da Pérsia, os canatos nômades da Ásia Central, e muitos foram destruídos ou absorvidos pelo Irã. O império de Nader declinou, porém, após sua morte. Sucedeu-o a curta e fraca dinastia Zand.

O Irã estava despreparado para a expansão mundial dos impérios coloniais europeus no fim do século XVIII e ao longo do século XIX.

Sob a dinastia Qadjar (1779-1925), o Irã recuperou uma relativa estabilidade, mas sem esperanças de competir com as novas potências industriais da Europa. A Pérsia viu-se espremida entre os cadas vez maiores Impérios Russo na Ásia Central e Britânico na Índia. Cada um destes tirou do Irã territórios que se tornariam Bareine, Azerbaijão, Quirguistão, Turcomenistão, Tajiquistão, Uzbequistão e partes do Afeganistão.

Embora o Irã não tenha sido invadido diretamente, aos poucos tornou-se economicamente dependente da Europa. A Convenção Anglo-Russa de 1907 formalizou as esferas de influência da Rússia e do Reino Unido sobre o norte e o sul do país, respectivamente, onde a potência colonial detinha a decisão final em assuntos econômicos.

Mohammad Ali Shah Qadjar concedeu a William Knox D'Arcy, posteriormente a Companhia Petrolífera Anglo-Persa (Anglo-Persian Oil Company), autorização para explorar e operar campos de petróleo em Masjid-al-Salaman, no sudoeste da Pérsia, que começaram a produzir em 1914. Winston Churchill, Primeiro Lorde do Almirantado Britânico, que supervisionava a conversão da Marinha Real britânica para navios de guerra movidos a petróleo, nacionalizou parcialmente a companhia antes do início da Primeira Guerra Mundial. Uma pequena guarnição militar anglo-persa foi designada para guardar os campos petrolíferos.

O Irã na Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

O Irã foi envolvido na Primeira Guerra Mundial devido a sua posição estratégica entre o Afeganistão e os conflitantes Impérios Otomano, Russo e Britânico. Em 1914, o Reino UnidoMesopotâmia para negar aos otomanos o acesso aos campos de petróleo iranianos. O Império Alemão retaliou em nome de seu aliado, ao espalhar o rumor de que o Kaiser Guilherme II havia se convertido ao islamismo, e infiltrou agentes no Irã para atacar os campos petrolíferos e provocar uma Jihad contra o governo britânico na Índia. A maioria destes agentes alemães foi capturada por tropas persas, britânicas ou russas que patrulhavam a fronteira afegã, e a rebelião perdeu força. Seguiu-se uma tentativa alemã de seqüestrar Ahmad Shah Qajar, envolvendo os seus guarda-costas, frustrada na undécima hora. enviou uma força militar à

Em 1916, os combates entre forças russas e otomanas ao norte do país começavam a afetar o Irã. A Rússia estava levando a melhor até o colapso de seus exércitos, em seguida à Revolução RussaCáucaso desprotegido e os civis caucasianos e persas, famintos após anos de guerra e de privações. Em 1918, uma pequena unidade militar britânica de 400 homens, sob as ordens do General Dunsterville, entrou no Transcáucaso a partir do Irã, numa tentativa de incentivar a resistência local contra os exércitos alemão e otomano que estavam prestes a invadir os campos petrolíferos de Bacu. Embora se retirassem de volta à Pérsia, lograram atrasar o acesso turco ao petróleo até quase o Armistício. Os víveres da expedição foram empregados para impedir uma grande fome na região. de 1917. Este fato deixou o

O Irã após a Primeira Guerra (1919-1935)

Reza Xá Pahlavi, soberano (Xá) do Irã.
Reza Xá Pahlavi, soberano () do Irã.

Após a guerra, o norte do Irã foi ocupado pelo General britânico William Edmund Ironside com o objetivo de garantir os termos do Armistício turco e auxiliar o General Dunsterville e o Coronel Bicherakhov na contenção da influência bolchevique. O Reino Unido também assumiu de maneira mais efetiva o controle sobre os lucrativos campos petrolíferos.

Entre 1921 e 1925, um oficial do exército persa, Reza Khan, tomou o poder das mãos dos Qajaresdinastia Pahlavi, passando a chamar-se Reza Xá Pahlavi. Reza Xá transformou o Irã num país urbano, por meio da adoção de diversos projetos de desenvolvimento, industrialização, educação, infra-estrutura (inclusive ferrovias), saúde e educação. Surgiram uma classe média profissional e uma classe operária industrial. O poder foi fortemente centralizado no monarca. e estabeleceu a nova

O procurou evitar o aprofundamento da dependência de seu país para com as duas grandes potências na região, a URSS e o Império Britânico.

Em 1935, o xá solicitou formalmente à comunidade internacional que passasse a empregar o termo Irã, que é como os persas designam o seu país desde o período sassânida, para designar a Pérsia (ver o artigo Pérsia acerca do nome do país).

O Irã na Segunda Guerra Mundial

A Segunda Guerra Mundial atingiu o Irã em 1941, com a ocupação do país por tropas britânicas e soviéticas. O , que simpatizava com o nazismo, abdicou em favor do filho, Mohammad Reza Pahlavi. A ocupação estrangeira terminou em 1946, com a saída dos últimos soldados soviéticos.

Rompimento com o Reino Unido

O intenso nacionalismo levou o país em 1953 a conflitos com os interesses do Reino Unido, em conseqüência da decisão do Parlamento iraniano, sob o primeiro-ministro Mohammad Mosaddeq, de nacionalizar as companhias petrolíferas estrangeiras, quase todas britânicas. O Irã rompeu, então, relações diplomáticas com o Reino Unido.

A URSS apoiou o Irã e começou a comprar seu petróleo para compensar o boicote decretado pelos países ocidentais.

A crise atingiu o ápice em agosto de 1953, com a deposição de Mosaddeq por um golpe militar realizado com a ajuda do serviço secreto do Reino Unido e dos EUA. O xá Reza Pahlevi, que havia fugido do país, retornou e assumiu poderes ditatoriais. Mosaddeq foi preso.

Era Pahlavi

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Mohamed Reza Pahlavi procurou modernizar rapidamente o país, através de sua chamada "Revolução Branca". Em 1963, uma campanha de modernização incluiu a reforma agrária e o direito de voto às mulheres, ao mesmo tempo em que procurava laicizar a sociedade iraniana inclusive através de medidas coercitivas. A oposição era tratada com dureza por seu governo de caráter ditatorial, sustentado por considerável poderio militar, e apoiado por sucessivos governos dos Estados Unidos da América. Os laços militares com os EUA aprofundaram-se em 1971, quando os norte-americanos concederam ao Irã crédito para a compra de armas no valor de US$ 1 bilhão. Entretanto a aliança com o Ocidente não impediu o governo iraniano de assumir o controle da indústria petrolífera nem de aderir ao embargo decretado pela OPEP em 1973.

Foi a articulação entre a oposição política e o clero xiita que viabilizou a revolução de 1979Aiatolá Khomeini. Como resultado da ação, o regime monárquico foi derrubado, o exilou-se nos Estados Unidos e instalou-se no país uma teocracia, passando o país a chamar-se República Islâmica do Irã. liderada - a princípio simbolicamente e depois de fato - pelo

Revolução islâmica

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Em 1979 ocorreu a revolução islâmica, na qual as diversas correntes de oposição ao esquerdistas, liberais e muçulmanos tradicionalistas) uniram-se sob a liderança do aiatolá Ruhollah Khomeini, exilado na França. O governo não conseguiu controlar a insurreição e, em janeiro de 1979, o xá Reza Pahlevi fugiu do país. (

O poder foi transferido ao primeiro-ministro Shapur Bakhtiar. As Forças Armadas aderiram aos revoltosos. Khomeini regressou triunfalmente a Teerã em 1 de fevereiro de 1979 e, dez dias depois, assumiu o poder, com a renúncia e fuga de Bakhtiar.

Em 1 de abril, o Irã foi declarado oficialmente uma República Islâmica, cuja autoridade suprema é um chefe religioso (o próprio Khomeini). Para a chefia executiva do governo foi eleito presidente da República, em janeiro de 1980, Abolhasan Bani-Sadr, um dos líderes da oposição laica ao governo do xá. Os chefes da polícia política do xá (a Savak) foram executados.

Invasão da Embaixada americana em Teerã

Em 4 de novembro de 1979, um grupo de militantes islâmicos ocupou a embaixada dos Estados Unidos em Teerã e tomou 64 norte-americanos como reféns. O governo iraniano apoiou a ocupação da embaixada e fez várias exigências, entre as quais a extradição do xá, que na ocasião estava nos EUA. O governo norte-americano congelou os bens iranianos no país. Em abril de 1980, os EUA empreenderam uma fracassada incursão militar em território iraniano para tentar libertar os reféns.

O impasse não se resolveu nem mesmo com a morte do xá, em 27 de julho de 1980, no Egito. Os reféns norte-americanos foram libertados somente em janeiro de 1981, depois de um acordo para a devolução dos bens do Irã nos EUA.

Guerra Irã-Iraque

Ver artigo principal: Guerra Irã-Iraque

Em 1980, o país entrou em guerra com o Iraque, cujo governo havia ocupado áreas em litígio às margens do Chatt El-Arab.

O conflito causou grande destruição em ambos os países e foi encerrado apenas em 1988. As fronteiras, objeto da disputa, permaneceram inalteradas. Estima-se que morreram 400 mil iranianos e 300 mil iraquianos.

A instabilidade política

A Revolução Islâmica logo degenerou numa luta pelo poder em que se confrontaram os aiatolás, partidários da instalação de um regime teocrático, e as forças civis, defensoras da separação entre Estado e Mesquita.

Em julho de 1981 ocorreram combates entre a Guarda Revolucionária, milícia ligada aos aiatolás, e os Combatentes do Povo (mujahedin), de esquerda. O presidente Bani-Sadr, que se havia aliado aos mujahedin, foi destituído pelo Parlamento e se exilou na França. Os mujahedin tentaram uma insurreição e foram esmagados num conflito em que morreram 13 mil pessoas.

Os rebeldes reagiram com uma campanha terrorista na qual foram assassinadas altas autoridades. Em 1983, a repressão atingiu o Partido Comunista (Tudeh), com o qual o regime de Khomeini convivia pacificamente. Os principais dirigentes comunistas foram presos e o partido foi declarado ilegal.

A instabilidade econômica

Os problemas econômicos, agravados pela queda do preço do petróleo, trouxeram à tona as divergências entre os aiatolás. A ala mais moderada - os chamados "pragmáticos" - pregavam o abandono da política isolacionista e a aproximação com o Ocidente, visando obter recursos para desenvolver o país. A corrente radical opunha-se às influências externas. O predomínio dos radicais expressou-se na sentença de morte decretada pelo aiatolá Khomeini, em 20 de fevereiro1989, contra o escritor anglo-indiano Salman Rushdie, cujo livro, "Versos Satânicos", foi considerado ofensivo ao Islã. de

Fim da era Khomeini

Com a morte de Khomeini, em 3 de junho de 1989, houve favorecimento dos pragmáticos. Um líder religioso moderado, Ali Hashemi Rafsanjani, foi eleito presidente. Entrou em choque com Ali Khamenei, aiatolá radical escolhido por Khomeini para sucedê-lo. Apoiado por uma Assembléia de Sábios, Khamenei mostrou força ao renovar, em 1990, a sentença de morte contra Rushdie. Rafsanjani, de sua parte, fecha contratos para investimentos alemães, franceses e ingleses. Rafsanjani foi reeleito presidente em 13 de junho de 1993, com 63% dos votos, e prometeu manter a abertura para o exterior, principalmente na área econômica.

Acusação americana de terrorismo

Em 1995 houve um agravamento da crise econômica e do confronto com os EUA, motivado pela possibilidade de o Irã fabricar uma bomba nuclear usando tecnologia russa. Em março do mesmo ano, os americanos suspenderam um contrato petrolífero firmado com o Irã pela empresa Conoco e impuseram severo embargo comercial ao país, depois de acusar o governo de Rafsanjani de apoiar o terrorismo internacional e de insistir na tentativa de desenvolver armas nucleares. Os iranianos desafiaram o embargo, mas sua economia sofreu efeitos cada vez mais pesados. Explodiram violentos protestos contra a alta dos preços nos arredores de Teerã, duramente reprimidos pela Guarda Revolucionária.

Em novo episódio, em julho de 1996, o Congresso norte-americano aprovou uma lei de sanções a empresas que investirem mais de US$ 40 milhões anuais no Irã ou na Líbia, países acusados de terrorismo.

Acusação alemã ao terrorismo iraniano

Em abril de 1997, a Suprema Corte de Berlim responsabiliza a cúpula dirigente do Irã pelo assassinato de quatro oposicionistas curdos iranianos na cidade em 1992. Foi a primeira vez que um tribunal ocidental acusou o governo iraniano de envolvimento direto no terrorismo internacional.

Renovação do parlamento iraniano

Em março e abril de 1996 é renovado o Parlamento iraniano. A Sociedade do Clero Combativo (SCC), de direita, perdeu a maioria absoluta. Cresceu a representação dos Servidores da Construção do Irã (SCI), mais liberal e apoiada pelo presidente Rafsanjani. Em julho, no entanto, o líder da SCC, Ali Akbar Nateq Nouri, foi reeleito presidente do Parlamento, derrotando o candidato do SCI.

Na eleição presidencial de 23 de maio de 1997, pela primeira vez desde a revolução de 1979, os eleitores puderam escolher entre um candidato da linha dura e um moderado. Venceu o moderado Sayed Mohammad Khatami, derrotando Ali Nateq Nouri, o candidato do clero.

Khatami, de 54 anos, elegeu-se com o apoio das mulheres, dos intelectuais e dos jovens atraídos por promessas de abrandar os rigorosos códigos sociais vigentes no país. Ele assumiu o cargo em agosto, substituindo Rafsanjani.

Khatami foi reeleito em 2001, mas seus esforços em prol de reformas governamentais sempre tiveram o entrave do Conselho Religioso, o que ocasionou um processo de rejeição ao seu governo.

Nas últimas eleições para a presidência do país, foi eleito Mahmoud Ahmadinejad, ex-prefeito de Teerã e ultra-conservador, até então desconhecido. Ahmadinejad tomou posse em agosto de 2005, tendo sua eleição grande respaldo de líderes religiosos.

No início de 2006, o país se vê em situação diplomática complicada, devido às ações do Conselho de Segurança da ONU na produção local de enriquecimento de urânio.

Programa Nuclear do Irã

O atual programa nuclear iraniano está sob suspeita de produção de bomba atômica, enriquecimento de urânio. A União Européia está querendo levar o Irã para o Conselho de Segurança da ONU, mas Rússia e China, os dois países no qual a União Européia está querendo convencer a levar o país ao Conselho. Recentemente, a Rússia vendeu mísseis ao Irã.

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domingo, 20 de julho de 2008

Música é instrumento de sensibilização.

Salvador. Bahia.

Música é instrumento de sensibilização A boa música vem sendo mal utilizada por pais e educadores, que perderam o hábito de cantar e dançar para contribuir com a educação das crianças.

Marinella Souza
*Colaboração
25/06/2008

Musicoterapeuta, atriz e cantora, Bia Bedran explica a importância da música para o ensino infantil. Segundo ela, a música faz parte da vida do ser humano desde que ele está na barriga da mãe e o acompanha até a morte.

Para Bia, ensinar música na escola é algo que vai além de fazer melodias que facilitem o aprendizado de conteúdos escolares.

"Até funciona, mas não é a função maior da música na escola. A música é muito mais importante na formação do ser, ela é um instrumento de sensibilização do indivíduo". A musicista acrescenta que o importante é que os professores levem aos seus alunos as cantigas e acalantos do cancioneiro popular para que a criança usufrua do que é belo.

Bia chama a atenção para a participação dos professores na educação musical infantil. "A mídia mostra uma música que não é legal, então, o professor hoje tem uma responsabilidade ainda maior, ele tem que saber cantar e dançar. Esse é um instrumento fantástico na educação", ressalta.

Ela acrescenta que o professor deve trabalhar todos os sons de forma a equilibrar a música externa e interna da criança. "Cantamos para orar, para brindar, para amar, então, quando a gente usa esse material sonoro dentro de sala de aula para fazer um trabalho de integração dessa música externa com a interna, a música ganha um caráter formador".

Boa influência

Foto de Bia Bedran com boneco A musicista frisa que é importante o jovem educador que não conheça as cantigas de roda, fazer uma pesquisa séria, ter um acervo de bons exemplares musicais para que sua influência seja positiva. O mesmo serve para os pais.

"A criança conhece o ambiente musical ao redor. Ela ouve o som dos passarinhos ou dos engarrafamentos ou dos tiros... às vezes tudo isso junto. E também recebe o som que os pais levam para ela. Se os pais só levam música ruim, o paradigma dela vai ser esse".

Uma dica que Bia dá aos pais é que eles contêm histórias que com musicalidade. E se o talento do papai e da mamãe para trazer essa musicalidade para os pequenos, ela já vai logo dizendo: "muitos artistas têm repertório voltado para crianças".

Apesar de haver esse segmento específico de músicas de qualidade para crianças, Bia garante que não é preciso que as canções sejam infantis porque a música popular brasileira é muito rica e "a criança consegue usufruir do que é belo e do que é porcaria também", diz.

Exercício diário

Bia Bedran ensina que a música não pode ficar restrita ao dia da aula de música, tem que ser um exercício diário. "É importante que tenha o momento de ouvir a música erudita, de deitar no chão, ouvir estilos de música variados, se deixar penetrar pelos sons. É uma construção cotidiana".

Há estudos feitos nos Estados Unidos e na Europa que comprovam cientificamente que crianças educadas com boas músicas apresentam desenvolvimento físico melhor, segundo Bia. A música trabalha a movimentação corporal e psicomotora, que é fundamental para o seu desenvolvimento, em especial, hoje em dia, que as crianças passam boa parte do tempo em frente ao computador.

Foto de Bia no palco com outros artistas Sendo responsável pela sensibilização do indivíduo, a música "toca a alma", como diz a cantora para quem a música é "um toque de afeto que acalanta, faz lembrar, voltar no tempo, ir para o futuro".

Para a especialista, iniciativas como as bandinhas, comuns em décadas passadas, são muito eficazes, porque organizam e dão orgulho à criança que aprende a tocar um instrumento e a hora certa de entrar e fazer um bom trabalho de equipe. A bandinha é educadora e socializadora.

Bia Bedran reforça a importância do diálogo com a barriga durante a gestação e das cantigas de ninar para o desenvolvimento do gosto musical. "A criança se reconhece quando ouve uma boa música infantil, bem tocada. Ela tira os pezinhos do cotidiano e volta. Ela sai, olha ao redor e retorna para dentro de si".

Críticas

Foto de Bia no palco com outros artistas Bia Bedran faz algumas críticas ao cenário músico-educador nacional. Segundo ela, grandes nomes da música brasileira, que têm muito a acrescentar na educação infantil, não são bem aproveitados. Em alguns casos, nem são divulgados.

Ela comenta que tem muita gente boa produzindo esse tipo de música. "São pessoas talentosas do Rio, de São Paulo, de Minas.. inclusive de Juiz de Fora, que não aparece porque a mídia só toca os sucessos do momento", diz.

Outra crítica é à própria educação acadêmica. "Não há uma disciplina na faculdade que ensine música", lamenta. A musicista lamenta também que a música erudita não seja mais tão trabalhada porque como ela não tem letra, o professor tem que ensinar os sentidos ocultos da música.

*Marinella Souza é estudante de Comunicação da UFJF

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