segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Civilizações Antigas 13, Os Celtas.


Celtas

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Nota: Se procura Celta, um carro da Chevrolet, consulte: Chevrolet Celta. Ainda, se procura grupo de línguas homônimo, consulte: línguas celtas.
O Gaulês Agonizante, uma das mais famosas representações artísticas dos celtas.
O Gaulês Agonizante, uma das mais famosas representações artísticas dos celtas.

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Estudos indo-europeus

Celtas é a designação dada a um conjunto de povos, organizados em múltiplas tribos, pertencentes à família linguística indo-europeia que se espalhou pela maior parte do noroeste da Europa a partir do segundo milénio a.C.. A primeira referência literária aos celtas (Κελτοί) foi feita pelo historiador grego Hecateu de Mileto em 517 a.C..

Boa parte da população da Europa ocidental pertencia às etnias celtas até a eventual conquista daqueles territórios pelo Império Romano; organizavam-se em tribos, que ocupavam o território desde a península Ibérica até a Anatólia. A maioria dos povos celtas foi conquistada, e mais tarde integrada, pelos Romanos, embora o modo de vida celta tenha, sob muitas formas e com muitas alterações resultantes da aculturação devida aos invasores e à posterior cristianização, sobrevivido em grande parte do território por eles ocupado.

Existiam diversos grupos celtas compostos de várias tribos, entre eles os bretões, os gauleses, os escotos, os eburões, os batavos, os belgas, os gálatas, os trinovantes e os caledônios. Muitos destes grupos deram origem ao nome das províncias romanas na Europa, as quais que mais tarde batizaram alguns dos estados-nações medievais e modernos da Europa.

Os celtas são considerados os introdutores da metalurgia do ferro na Europa, dando origem naquele continente à Idade do Ferro (culturas de Hallstatt e La Tène), bem como das calças na indumentária masculina (embora essas sejam provavelmente originárias das estepes asiáticas).

Do ponto de vista da independência política, grupos celtas perpetuaram-se até pelo menos o século XVII na Irlanda, país onde por seu isolamento, melhor se preservaram as tradições de origem celta.[1] Outras regiões europeias que também se identificam com a cultura celta são o País de Gales, uma entidade sub-nacional do Reino Unido, a Cornualha (Reino Unido), a Gália (França), o norte de Portugal e a Galiza (Espanha). Nestas regiões os traços linguísticos celtas sobrevivem nos topônimos, nalgumas formas linguísticas, no folclore e nas tradições.

A influência cultural celta, que jamais desapareceu, tem mesmo experimentado um ciclo de expansão em sua antiga zona de influência, com o aparecimento de música de inspiração celta e no reviver de muitos usos e costumes.


Nomes e terminologia

Na Antigüidade os celtas foram conhecidos por três designações diferentes, pelos autores greco-romanos: celtas (em latim Celtae, em grego Κελτοί, transl. Keltoí); gálatas (em latim galatae, em grego Γαλάται, transl. Galátai); e galos ou gauleses (latim gallai, galli; grego Γάλλοί, transl. Galloí).[2] Os romanos se referiam apenas aos celtas continentais como celtae; os celtas da Irlanda e das ilhas Britânicas, nunca foram designados por celtas, nem pelos romanos nem por si próprios,[3] [4] eram chamados de Hiberni (hibérnios) e Britanni (bretões), respectivamente, e só começaram a ser chamados de celtas no século XVI.[5][6] No De Bello Gallico, Júlio César comentou que o nome "celta" era a maneira pela qual os gauleses chamavam-se a si próprios na "língua celta" (lingua Celtae).[7][8] Pausânias comentou ainda que os gauleses não só se chamavam a si mesmos de celtas como era também por este nome que os outros povos os conheciam.[9] A atestar este facto temos evidência na epigrafia funerária onde se confirma que havia povos chamados de celtas que se identificavam como tal. [10]

A raiz do termo "celta" aparece como elemento dos nomes próprios nativos da Gália, Celtillos, e da península Ibérica, Celtio, Celtus, Celticus; nos nomes tribais, célticos, celtiberos; e nos topónimos, Celti, Céltica e Celtibéria.[11][12][13]

Existem duas principais definições do termo celta, uma dada pelos autores da Antiguidade e uma definição moderna, criada por autores contemporâneos. A definição moderna do termo celta tem significados diferentes em contextos diferentes; linguistas, antropólogos, arqueólogos, historiadores, folcloristas todos o usam de forma diferente revelando discrepâncias entre os diferentes conceitos.[14][15] A validade de empregar o termo celta, para além da definição dada pelos autores greco-romanos da Antiguidade, é polémica e já era contestada por autores do século XIX.[16][17][18]

Segundo os linguistas, são celtas os povos que falaram ou falam uma língua celta,[19][20] [21][22]e, por associação, são celtas as terras onde eles vivem.[23]Segundo esta teoria, os povos celtas que deixaram de falar uma língua celta também deixaram de ser designados de celtas.

Em arqueologia determinou-se chamar de celtas os povos que partilham uma cultura material e um estilo de arte específico. Associam-se as culturas de Hallstatt e La Tène às culturas celtas e proto-celtas. Definem-se como celtas os povos das áreas da Europa continental, da Irlanda e das Ilhas Britânicas que partilharam estas culturas. [24] [25][26] [27]

Demografia

As origens dos povos celtas são motivo de controvérsia, especulando-se que entre 1900 e 1500 a.C. tenham surgido da fusão de descendentes dos agricultores danubianos neolíticos e de povos de pastores oriundos das estepes[28]. Esta incerteza deriva da complexidade e diversidade dos povos celtas, que além de englobarem grupos distintos, parecem ser a resultante da fusão sucessiva de culturas e etnias. Na península Ibérica, por exemplo, parte da população celta se misturou aos iberos, o que resultou no surgimento dos celtiberos.[29] [30]

Todavia, estudos genéticos realizados em 2004 por Daniel Bradley[31], do Trinity College de Dublin, demonstraram que os laços genéticos entre os habitantes de áreas célticas como Gales, Escócia, Irlanda, Bretanha e Cornualha são muito fortes e trouxeram uma novidade: a de que, de entre todos os demais povos da Europa, os traços genéticos mais próximos destes eram encontrados na península Ibérica.

Daniel Bradley explicou que sua equipe propunha uma origem muito mais antiga para as comunidades da costa do Atlântico: pelo menos 6000 anos atrás, ou até antes disso. Os grupos migratórios que deram origem aos povos celtas do norooeste europeu teriam saído da costa atlântica da península Ibérica nos finais da última Idade do Gelo e ocupada as terras recém libertadas da cobertura glacial no noroeste europeu, expandindo-se depois para as áreas continentais mais distantes do mar.

O geneticista Bryan Sykes confirma esta teoria no seu livro Blood of the Isles (2006), a partir de um estudo efectuado em 2006 pela equipe de geneticistas da Universidade de Oxford. O estudo analisou amostras de DNA recolhidas de 10.000 voluntários [32] do Reino Unido e Irlanda, permitindo concluir que os celtas que habitaram estas terras, — escoceses, galeses e irlandeses —, eram descendentes dos celtas da península Ibérica que migraram para as ilhas Britânicas e Irlanda entre 4.000 e 5.000 a. C.. [33] [34]

Outro geneticista da Universidade de Oxford, Stephen Oppenheimer, corrobora esta teoria no seu livro "The Origins of the British" (2006). Estes estudos levaram também à conclusão de que os primitivos celtas tiveram a sua origem não na Europa Central, mas entre os povos que se refugiaram na península Ibérica durante a última Idade do Gelo[35].

Estudos feitos na Universidade do País de Gales defendem que as inscrições encontradas em estelas no sudoeste da península Ibérica demonstram que os celtas do País de Gales vieram do sul de Portugal e do sudoeste de Espanha.[36][37]

História

Distribuição dos celtas na Europa.

A área verde na imagem sugere a possível extensão da área (proto-)céltica por volta de 1000 a.C.. A área laranja indica a região de nascimento da cultura La Tène e a área vermelha indica a possível região sob influência céltica por volta de 400 a.C.. Vestígios associados à cultura celta remontam a pelo menos 800 a.C., no sul da Alemanha e no oeste dos Alpes. Todavia, é muito provável que o grupo étnico celta já estivesse presente na Europa Central há centenas ou milhares de anos antes desse período.

Durante a primeira fase da Idade do Ferro céltica (do século VIII a.C. ao século V a.C.), as sepulturas encontradas pelos arqueólogos indicam o surgimento de uma nova aristocracia e de uma crescente estratificação social. Essa estratificação aprofundou-se a partir do século VI a.C., quando grupos do norte da Europa e da região oeste dos Alpes entraram em contato comercial com as colônias gregas fundadas no Mediterrâneo Ocidental.

O intercâmbio com os gregos, que chamavam aos celtas indistintamente de keltoi, é evidenciado pelas finas peças de cerâmica grega encontradas nos túmulos. É igualmente provável que os gregos tenham adotado o costume de armazenar o vinho em vasos de cerâmica após seus contactos com os celtas, que já os utilizavam como forma de armazenamento de provisões.

Os objetos inumados das sepulturas comprovam que o comércio dos celtas se estendia a regiões ainda mais afastadas, tendo sido encontradas peças de bronze de origem etrusca e tecidos de seda seguramente oriundos da China.

A partir do século V a.C., verifica-se um deslocamento dos centros urbanos celtas, até então localizados ao longo dos rios Ródano, Saona e Danúbio, evento associado a segunda fase da Idade do Ferro europeia e ao desenvolvimento artístico da cultura La Tène. As sepulturas deste período apresentam armas e carros de combate, embora sejam menos ricas do que as do período pacífico anterior, provavelmente, reflexo da sua fase de maior expansão, quando invadiram o sul da Europa após 400 a.C..

Em 390 a.C. os celtas invadiram o norte da península Itálica (Gália Cisalpina) e saquearam Roma. Por volta de 272 a.C., pilharam Delfos na Grécia. As hostes celtas conquistaram territórios na Ásia Menor, nos Balcãs e no norte da Itália, onde o contingente mais numeroso era o dos gauleses.

A partir do século II a.C., os celtas começam a perder território para os povos de língua germânica, e os romanos, pouco a pouco, conseguem dominá-los, o que consolidam a partir de 192 a.C., quando anexam a Gália Cisalpina ao Império Romano.

Os golpes finais na dominância celta ocorrem no século I a.C., quando Júlio César conquista a Gália, e no século I d.C., quando o imperador Cláudio domina a Bretanha. Somente a Irlanda e o norte da Escócia, onde viviam os escotos, permaneceram fora da zona de influência direta do Império Romano.

Língua e cultura

Ornamento celta da Idade do Ferro (Museu Nacional de Antiguidades, Saint-Germain-en-Laye, França.
Ornamento celta da Idade do Ferro (Museu Nacional de Antiguidades, Saint-Germain-en-Laye, França.

Língua

As línguas célticas derivam de dois ramos indo-europeus do grupo denominado centum: o celta-Q (goidélico), mais antigo, do qual derivam o irlandês, o gaélico da Escócia e a língua manx da Ilha de Man, e o celta-P (galo-britânico), falado pelos gauleses e pelos habitantes da Bretanha, cujos descendentes modernos são o galês (do País de Gales) e o bretão (na Bretanha). Os registos mais antigos escritos numa língua celta datam do século VI a.C.[38].

As informações hoje disponíveis sobre os celtas foram obtidas principalmente através do testemunho dos autores greco-romanos. Isto não permite traçar um quadro completo e imparcial do que foi a realidade quotidiana desses povos. O chamado "alfabeto das árvores" ou Ogham surgiu apenas por volta de 400 d.C.[39]

Edward Lhuyd, em 1707, identificou uma família de línguas, ao notar a semelhança entre o irlandês, o bretão, o córnico e o galês e a extinta língua gaulesa, as quais classificou como línguas celtas. Lhuyd justificou o uso da expressão pelo fato de estas pertencerem à mesma família linguística do gaulês e a língua gaulesa e a maioria das tribos gaulesas terem sido chamadas de celtas.[40] [41][42][43]

Fontes clássicas e arqueológicas atestam que os celtas faziam uso limitado da escrita. Júlio César, no De Bello Gallico, comentou que os helvécios usavam o alfabeto grego para registar o censo da população e que os druidas recusavam-se a registar por escrito os seus versos, mas que faziam uso do alfabeto grego para as transações públicas e pessoais.[44] Diodoro disse que nos funerais os gauleses escreviam cartas aos amigos, e jogavam-nas na pira funerária, como se elas pudessem ser lidas pelos defuntos. [45]Ulpiano determina que os fidei comunis podiam ser escritos em gaulês, entre outras línguas, o que gerou especulações de que no século III esta língua ainda seria escrita e falada.[46]

O alfabeto ibérico foi usado para registar o celtibéro, uma língua celta da península Ibérica. O alfabeto de Lugano e Sondrio foi usada na Gália Cisalpina e o alfabeto grego na Gália Transalpina. Variações do alfabeto latino foram usadas na península Ibérica e na Gália Transalpina.[47] Estudos colocam a hipótese de haver uma relação entre as inscrições de Glozel e um dialecto celta.[48] [49][50]

Cultura

As manifestações artísticas celtas possuem marcante originalidade, embora denotem influências asiáticas e das civilizações do Mediterrâneo (grega, etrusca e romana). Há uma nítida tendência abstrata na decoração de peças, com figuras em espiral, volutas e desenhos geométricos. Entre os objetos inumados, destacam-se peças ricamente adornadas em bronze, prata e ouro, com incisões, relevos e motivos entalhados. A influência da arte celta está ainda presente nas iluminuras medievais irlandesas e em muitas manifestações do folclore do noroeste europeu, na música e arquitectura de boa parte da Europa ocidental. Também muitos dos contos e mitos populares do ocidente europeu têm origem na cultura dos celtas.

Alguns estereótipos modernos e contemporâneos foram associados à cultura dos celtas, como imagens de guerreiros portando capacetes com chifres[51] e ou asas laterais (vide Asterix),[52][53] comemorações de festas com taças feitas de crânios dos inimigos,[54] entre outros. Essas imagens se devem em parte ao conhecimento divulgado sobre os celtas durante o século XIX.

Diógenes Laércio, na sua obra Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, comenta que a origem do estudo da filosofia era atribuída aos celtas, (entre outros povos considerados bárbaros). O conhecimento da filosofia era atribuído aos druidas e aos semnothei. [55]

Organização social

A rainha Maeve e um druida (ilustração de Stephen Reid para The Boys' Cuchulainn de Eleanor Hull, 1904).
A rainha Maeve e um druida (ilustração de Stephen Reid para The Boys' Cuchulainn de Eleanor Hull, 1904).

A unidade básica de sua organização social era o clã, composto por famílias aparentadas que partilhavam um núcleo de terras agrícolas, mas que mantinham a posse individual do gado que apascentavam.

Com base em estudos efectuados na Irlanda, determinou-se que a sua organização política era dividida em três classes: o rei e os nobres, os homens livres e os servos, artesãos, refugiados e escravos. Este último grupo não possuía direitos políticos. A esta estrutura secular, agregavam-se os sacerdotes (druidas), bardos e ovados, todos com grande influência sobre a sociedade.

Mais recentemente foram apresentadas novas perspectivas sobre a celtização do Noroeste de Portugal e a identidade étnica dos Callaeci Bracari[56]. No país, os povoados castrejos do tipo citaniense apresentavam características similares às dos povoados celtas. A citânia de Briteiros é exemplo de um povoado com características celtas, sendo, porém, necessário tomar esta designação no seu sentido lato: isto é - seria o local de habitação das numerosas tribos celtizadas (celtici)[57]. Tongóbriga é um sítio arqueológico situado na freguesia de Freixo, também antigo povoado dos Callaeci Bracari.[58].

Religião

Ver artigo principal: Druida

A religião celta era politeísta com características animistas, sendo os seus ritos quase sempre realizados ao ar livre. Suspeita-se que algumas das suas cerimônias envolviam sacrifícios humanos. O calendário anual possuía várias festas místicas, como o Imbolc e o Belthane, assim como celebrações dos equinócios e solstícios.

Cernunnos (Museu da Idade Média, Paris).
Cernunnos (Museu da Idade Média, Paris).

Embora se saiba que os celtas adoravam um grande número de divindades, do seu culto hoje pouco se conhece para além de alguns dos seus nomes. Tendo um fundo animista, a religião celta venerava múltiplas divindades associadas a atividades, fenômenos da natureza e coisas. Entre as divindades contavam-se Tailtiu e Macha, as deusas da natureza, e Epona, a deusa dos cavalos. Entre as divindades masculinas incluíam-se deuses como Goibiniu, o fabricante de cerveja, e Tan Hill, a divindade do fogo. O escritor romano Lucano faz menções a vários deuses celtas, como Taranis, Teutates e Esus, que, curiosamente, não parecem ter sido amplamente adorados ou relevantes.

Algumas divindades eram variantes de outras, refletindo a estrutura tribal e clânica dos povos celtas. A esta complexidade veio juntar-se a plêiade de divindades romanas, criando novas formas e designações. É nesse contexto que a deusa galo-romana dos cavalos, Epona, parece ser uma variante da deusa Rhiannon, adorada em Gales, ou ainda Macha, que era adorada na região do Ulster.

As crenças religiosa dos celtas também originaram muitos dos mitos europeus. Entre os mais conhecidos está o mito de Cernunnos, também chamado de Slough Feg ou Cornífero na forma latinizada, comprovadamente um dos mitos mais antigos da Europa ocidental, mas do qual pouco se conhece.

Com a assimilação no Roma, os deuses celtas perderam as suas características originais e passaram a ser identificados com as correspondentes divindades romanas. Posteriormente, com a ascensão do Cristianismo, a Velha Religião foi sendo gradualmente abandonada, sem nunca ter sido totalmente extinta, estando ainda hoje presente em muitos dos cultos de santos e nas crenças populares assimilados no cristianismo.

Com a crescente secularização da sociedade europeia, surgiram movimentos neo-pagãos pouco expressivos, que buscam a adaptação aos novos tempos das crenças do paganismo antigo, sendo alguns de seus principais representantes a wicca e os neo-druidas, que embora contenham alguns elementos celtas, não são célticos, nem representam a cultura do povo celta.

A wicca tem sua origem na obra de ocultistas do século XX, como Gerald Brousseau Gardner e Alesteir Crowley. Já o neo-druidismo não tem uma fonte única, sendo uma tentativa de reconstruir o druidismo da Antiguidade, tendo sua estruturação sido iniciada em sociedades secretas da Grã-Bretanha a partir do século XVIII.

Mitologia

Ver artigo principal: Mitologia celta

Consideram-se três as fontes principais sobre a mitologia celta, os autores greco-romanos, a arqueologia, e os documentos britânicos e irlandeses.

São riquíssimas as narrativas mitológicas celtas, principalmente as transmitidas oralmente em forma de poema, como "O Roubo de Gado em Cooley". Nesta, o herói irlandês Cú Chulainn enfrenta as forças da rainha Maeve para defender o seu condado. Outra narrativa, do Livro das Invasões (Lebor Gabala Erren), conta a lenda dos filhos de Míle Espáine e o seu trajecto até chegarem à Irlanda.

Outros legados dos celtas são as histórias do Ciclo do Rei Artur da Inglaterra e relatos míticos dos quais se originaram os contos de fadas, como, por exemplo, Chapeuzinho Vermelho (onde a menina representa o Sol devorado pela noite do inverno, ou seja, o lobo).[59]

Tribos e povos celtas

Figuras históricas

Cidades históricas

Ver também

Referências

  1. Irlanda em [claudiocrow.com.br].
  2. Who were the Ancient Celts? - The Celts in Ancient History
  3. Ancient Ireland: A Study in the Lessons of Archeology and History
  4. The Atlantic Celts: Ancient People Or Modern Invention?
  5. Koch, John T.. Celtic Culture: A Historical Encyclopediapg 845
  6. Celts and the Classical World
  7. Rome and the Barbarians: 100 B.C.-A.D. 400 pg.88
  8. A Classical Dictionary: Containing an Account of the Principal Proper Names pg. 537
  9. The Greater Lit.of the World p.299
  10. http://www.uwm.edu/Dept/celtic/ekeltoi/volumes/vol6/6_10/garcia_quintela_6_10.html Celtic Elements in Northwestern Spain in Pre-Roman times
  11. The Classical Gazetteer: A Dictionary of Ancient Geography, Sacred and Profane pg101
  12. The Rise of the Celts pg22
  13. The Celts: Bronze Age to New Age pg6
  14. Celtic Chiefdom, Celtic State: The Evolution of Complex Social Systems in Prehistoric Europe (New Directions in Archaeology) pg.2
  15. A World History of Nineteenth-Century Archaeology: Nationalism, Colonialism, and the Past (Oxford Studies in the History of Archaeology)pg 348
  16. Brown, Terence.Celticism. Royal Irish Academy, European Science Foundation pg2
  17. Race and Practice in Archaeological Interpretation
  18. Archaeology and Ancient History: Breaking Down the Boundaries pg.186
  19. [http://books.google.com/books?id=2PxFkzlzDvcC&pg=PA33&dq=the+Celts+are+speak&lr=&as_brr=3&sig=ACfU3U20JIxwtO-teWEbeh6OQOHFLLlqQg The Rise of the Celts pg33
  20. The Atlantic Celts: Ancient People Or Modern Invention? Pg81
  21. Celtic Geographies: Old Culture, New Times pg157
  22. A World History of Nineteenth-Century Archaeology: Nationalism, Colonialism, and the Past (Oxford Studies in the History of Archaeology) pg348
  23. [Payton, Philip. Cornwall: A History - Page 36]
  24. Celtic Culture: A Historical Encyclopedia pg 1464 ]
  25. Cultural Identity and Archaeology pg 173
  26. [A Dictionary of Archaeology pg 141
  27. Celtic Culture: A Historical Encyclopedia pg 386
  28. A.H.N.(1964). Celtas in "Enciclopédia Barsa". Vol. 4, p. 181-2. Rio de Janeiro, São Paulo: Encyclopaedia Britannica Editores Ltda.
  29. http://www.google.com/books?id=xh1a7SLBt2oC&pg=PA3&dq=celtici+celts+celtiberians+pure&as_brr=3&sig=EtQqMoi9rLR2y3EhJX55mIskjsQ#PPA3,M1
  30. http://www.google.com/books?id=9y0BAAAAQAAJ&pg=PA1087&dq=celtici+celts+celtiberians+pure&as_brr=3
  31. Geneticists find Celtic links to Spain and Portugal
  32. Adams, Guy (2006). Celts descended from Spanish fishermen, study finds. The independent.
  33. JohnSton, Ian (2006). We're nearly all Celts under the skin.The Scotsman
  34. Estudo conclui que britânicos descendem de espanhóis. France Presse, em Londres. Folha Online
  35. Cookson, Clive (2006). Pedigree chums. Financial Times.
  36. Our Celtic roots lie in Spain and Portugal - icWales (em inglês)
  37. ‘People called Keltoi, the La Tène Style, and ancient Celtic languages: the threefold Celts in the light of geography’. Aber News (em inglês)
  38. The Foundations of Latin: foundations of Latin Tilsm 117. pg 32
  39. The Celtic Inscriptions of Britain: Phonology and Chronology, C.400-1200
  40. Globalization and Europe pg122
  41. The Anthropological Review pg200
  42. The Peopling of Britain: The Shaping of a Human Landscape pg125
  43. [Cultural Identity and Archaeology pg132
  44. The Gallic Wars
  45. The Historical Library of Diodorus the Sicilian: In Fifteen Books.pg 314
  46. Cambrian Quarterly Magazine and Celtic Repertory pg96
  47. Celtic Culture: A Historical Encyclopedia pgs 847-1594
  48. [1]
  49. [2]
  50. [3]
  51. The Celtic World PG43
  52. Ancient Coins of Cities and Princes, Geographically Arranged and Described
  53. Iconographic encyclopaedia of science, literature, and art pg295
  54. Celtic Culture: A Historical Encyclopedia pg1611
  55. The Lives and Opinions of Eminent Philosophers
  56. Coutinhas, J.M. Porto. 2006
  57. Cardozo, Mário. Citânia de Briteiros e Castro de Sabroso. 11.ª edição, Sociedade Martins Sarmento, Guimarães, 1990, p.13.
  58. DIAS, Lino Augusto Tavares. Tongobriga. Lisboa: IPPAR, 1997. ISBN 972-8087-36-5
  59. LURKER, Manfred. Hund und Wolf in ihrer Beziehung zum Tode, 1969, p. 212.

Bibliografia

Ligações externas


Aqui a famosa Cruz Celta:
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“Quem eram os Celtas?”
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A Grande Epopeia dos Celtas I
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Veja link wikipédia sobre os Druidas, http://pt.wikipedia.org/wiki/Druida

telakreiotu


E no próximo Civilizações Antigas 14 vaos falar sobre os Império Japonês dos Samurais.. Até lá.

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domingo, 10 de agosto de 2008

Civilizações Antigas 12. Império Mongol.


História da Mongólia.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Localização da Mongólia
Localização da Mongólia

A região correspondente à Mongólia atual foi ocupada por diversas tribos nômades, segundo relatos chineses que remontam a séculos antes de Cristo. Os Hunos aparentemente migraram para oeste a partir das estepes da Mongólia. Por volta do século VII, os turcos surgem nos relatos chineses como nômades vindos do norte (da Mongólia). Nos séculos seguintes, os turcos migrariam para o sudoeste, ocupando outras áreas da Ásia, mas algumas tribos permaneceram no leste da Mongólia até o século XIII.

Os mongóis propriamente ditos podem ter tido sua origem no século IX, talvez de algum lugar a leste da Mongólia, e teriam migrado para as ricas pastagens daquele território. Dividiram-se em tribos e clãs que, ora aliavam-se e ora guerreavam entre si. As tribos turcas e khitans a leste a oeste por vezes se confundiam com os mongóis pela similaridade da língua e pelo modo de vida.


Os grandes líderes mongóis

Crescimento do Império Mongol.
Crescimento do Império Mongol.
Hulagu Khan invade Bagdá em 1258.
Hulagu Khan invade Bagdá em 1258.

Entre os séculos XI e XII, um líder tribal chamado Kabul Khan reuniu as tribos mongóis contra a China controlada pela Dinastia Jin, mas foi derrotado, e a unidade mongol foi desfeita. No final do século XII, um jovem chamado Temujin (Temuchin) unificara algumas tribos mongóis e turcas, e vencera outras em batalha, sendo aclamado por todos os mongóis como Genghis Khan ("poderoso governante").

Mapa mostrando o domínio de Genghis Khan (trecejado em laranja) no século XIII
Mapa mostrando o domínio de Genghis Khan (trecejado em laranja) no século XIII

Genghis passou mais de 20 anos de sua vida, entre 1204 e 1227, governando os mongóis e conquistando novos territórios. Sua ambição era governar todas as terras entre os oceanos (Atlântico e Pacífico) e quase conseguiu. Começando com uma estimativa de 25000 guerreiros, ele aumentou seu poderio subjugando outros nômades e atacou a China setentrional em 1211. Ele tomou Beijing (Pequim) em 1215 depois de uma campanha que deve ter custado 30 milhões de vidas chinesas. Os mongóis, então, voltaram-se ao Oeste, capturando a grande cidade comercial de Bukhara, na rota da seda, em 1220. A cidade foi incendiada e seus habitantes assassinados. Ao final de sua vida, a Mongólia era o coração de um império que incluía partes da China e da Manchúria, o reino de Xi Xia (que Genghis extinguira nos seus últimos dias de vida), toda a área dos atuais Casaquistão, Uzbequistão,Tajiquistão, Irã, Armênia e Geórgia, partes do Afeganistão, da Índia, da Rússia e do Iraque. Seus descendentes avançaram sobre o restante da China, todo o norte da Índia, Síria, praticamente toda a Rússia européia, parte da Polônia, Bulgária e Hungria, além de fazer dos turcos seljúcidas e dos reinos de Burma, Anan e Champa seus vassalos. Antes da morte, Genghis Khan dividiu o Império em quatro partes, a serem governadas por seus descendentes, mas subordinados ao Grande Khan.

Após a morte de Genghis Khan em 1227, seu filho Ogedei terminou a conquista da China setentrional e avançou para a Europa. Ele destruiu Kiev em 1240 e avançou para a Hungria. Quando Ogedei morreu em campanha em 1241, os mongóis retiraram-se para participar de uma eleição em sua capital, Karakorum, na Mongólia. As hordas de ouro, no entanto, mantiveram o controle da Rússia. A Europa foi poupada pois os governantes mongóis concentraram seus esforços contra o Oriente Médio e China meridional. Hulagu Khan, um neto de Genghis, exterminou os assassinos islâmicos e conquistou a capital dos muçulmanos, Bagdá, em 1258. A maior parte dos 100.000 habitantes da cidade foram assassinados. Em 1260, um exército muçulmano de Mamelucos (escravos guerreiros com status elevado) egípcios derrotaram os mongóis na atual Israel, acabando com a ameaça mongol para o Islã e suas cidades sagradas.

Kublai Khan, outro neto de Genghis, foi o último Grande Khan a obter sucesso na expansão do império, conquistando toda a China em 1279, fundando a Dinastia Yuan, que governaria os chineses por quase 100 anos. Tentativas de invasão do Japão foram frustradas com pesadas perdas em 1274 e 1281. Uma vez estabelecido o império, porém, veio a grande paz, a dita Pax mongolica. Viajantes, entre os quais Marco Polo, cruzavam o país por meio dos caravançarás (abrigo para hospedagem de caravanas) do império. Houve um contínuo fluxo comercial, e também de idéias e tecnologia, entre homens de diversas terras e religiões. Por um período, os mongóis floresceram na região das estepes e partes do norte da China. Em 1294 Kublai morre na China, e o poderio mongol começou a declinar na Ásia e em outros lugares. Os 4 principados mongóis se tornaram formalmente independentes, e, com exceção do Canado da Horda Dourada na Rússia, tiveram curta existência. A Dinastia Yuan controlava a China e a Mongólia, sua terra natal. Mas quando o último imperador Yuan foi deposto pelos Ming, a Mongólia não obteve sua independência, e seu território permaneceu sob a autoridade chinesa até a queda do poder imperial, em 1911.

Na década de 1370 um guerreiro turco-mongol, dizendo-se descendente de Genghis Khan, lutou pela liderança dos estados mongóis da Ásia Central e pôs-se a restaurar o Império Mongol. Seu nome era Timur Leng (Timur, o coxo; Tamerlão para os europeus e Príncipe da Destruição para os asiáticos). Com um outro exército de aproximadamente 100.000 cavaleiros, ele entrou na Rússia e na Pérsia, lutando principalmente com outros muçulmanos. Em 1398 ele saqueou Delhi, matando 100.000 de seus habitantes. Ele avançou para o Oeste derrotando um exército egípcio de Mamelucos na Síria. Em 1402 ele derrotou um grande exército turco-otomano perto da atual Ankara. A beira de destruir o Império Otomano, ele novamente mudou de direção, inesperadamente. Ele morreu em 1404 marchando para a China. Ele preferia conquistar riquezas e dedicou-se a escravizar indiscriminadamente os vencidos, sem parar para instalar governos estáveis. Por isso, o grande reino herdado por seus filhos ruiu rapidamente após a sua morte, interrompendo a unidade dos mongóis.

Século XVII

Os Manchus, um grupo tribal que conquistara a China em 1644 formando a dinastia Qing, conseguiram trazer a Mongólia para o controle manchu em 1691, como Mongólia Exterior, quando os nobres mongóis Khalkha prestaram um juramento de aliança com o imperador manchu. Os governantes mongóis da Mongólia Exterior desfrutavam de considerável autonomia sob os Manchus, e todas as pretensões chinesas sobre a Mongólia Exterior após a proclamação da república tomaram por base esse juramento. Uma aliança entre a teocracia budista e a aristocracia secular mongol liderou o país de 1696 ao século XX, controlada pela dinastia Manchu. Em 1727, a Rússia e a China manchu concluíram o Tratado de Khyakta, delimitando as fronteiras entre a China e a Mongólia que ainda existe, em linhas gerais, até hoje.


A partir do século XX

Bandeira da Mongólia (1949-1992)

Com a eclosão da evolução chinesa em 1911, a Mongólia Exterior separou-se da China e colocou-se sob a protecção da Rússia Czarista. Os laços com a Rússia mantiveram-se após a Revolução Bolchevista de 1917. Em 1921, o Partido Revolucionário do Povo Mongol (MPRP) estabeleceu um governo popular provisório, que conservou a monarquia teocrática, mas limitando seus poderes. A recém formada União Soviética instalou na jovem república mongol um líder com orientações bolcheviques, que lideraria um processo que levaria à instauração de um regime comunista, em 1925. O Partido Revolucionário Popular Mongol manteve durante o período comunista estreitos laços com o Partido Comunista da URSS. Durante as décadas de 1920 e 1930, diversas figuras políticas de topo, que defendiam uma maior independência em relação ao regime de Moscovo, como Dogsomyn Bodoo e Horloogiyn Dandzan, foram assassinadas, vítimas de lutas de poder. Em 1928, Horloogiyn Choybalsan sobe ao poder. Sob o seu regime, a colectivização forçada do gado e terras foi instituída, e a destruição de mosteiros budistas em 1937 deixou mortos mais de 10.000 lamas (religiosos budistas).

A República Popular da Mongólia só foi reconhecida pela China em 1946. O primeiro-ministro Yumjaagiyn Tsedenbal governou de 1952 a 1984, quando foi sucedido por Jambyn Batmunk. O presidente, de 1954 a 1972 foi Zhamsarangin Sambun.

As dissenções entre Rússia e China fizeram com que as relações entre China e Mongólia fossem praticamente encerradas até a dissolução do Partido Comunista mongol e a queda do regime em 1990. Desde então, a Mongólia experimenta um regime parlamentarista com eleições diretas a cada quatro anos, além de um renascimento cultural e religioso sem precedentes nos 75 anos de comunismo.

Depois da renúncia do primeiro-ministro Jambyn Batmonh em 1990, Punsalmaagiyn Ochirbat assumiu a presidência e iniciou um período de abertura política (com a realização das primeiras eleições multipartidárias) e económica. Em 1992, foi aprovada uma nova Constituição, que mudou a denominação oficial do estado para República da Mongólia, levando em consideração os conceitos de democracia, economia mista, liberdade de idioma e neutralidade nos assuntos externos. Em 1993, foram realizadas as primeiras eleições presidenciais. As eleições de 1997 deram a vitória a Natsagiin Bagabandi, líder do MPRP.

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Império Mongol


A morte de Gengis Khan estabeleceu realmente o Império Mongol. Esta é uma etapa difícil na fase inicial de um Império, nem todos os grande conquistadores conseguem perpetuar suas conquistas após suas mortes. Só para citarmos dois casos anteriores a Gengis Khan: Átila e Alexandre.

Como afirmei, Gengis Khan legou seu Império a seu filho, Ogodai, também um grande general, que deu continuidade aos feitos do pai, mas tomando rumos mais definidos, como veremos.

Certamente, o Império Mongol não conseguiu subsistir sequer por um século, mas pelo menos, seus legados floresceram até a Renascença.

Sistema Político Administrativo

O Império Mongol era uma espécie de monarquia, mas se assemelhava mais a uma tirania do que a uma monarquia propriamente dita. Isto porque o que caracteriza uma tirania é um governo militar, imposto pela força e mantido graças à força e a pequenas concessões feitas ao povo.

Não havia uma religião oficial, se bem que os primeiros Mongóis compartilhassem uma mesma religião, o xamanismo, que aos poucos foi sendo substituída por outras, dependendo da região, como veremos mais adiante. Não havia também uma língua unitária, nem sequer um código de leis que regulamentasse o poder dos governantes. Quase tudo se dava de acordo com as tradições, ou seja, em última instância o Império Mongol só possuía uma única instituição: o exército (se bem que este também não era profissional, mas composto de homens abastados juntamente com seus vassalos e servos, lutando por mais recursos, oriundos do saques e dos botins de guerra).

Apesar de não haver um código de leis institucionalizado, o Quriltai parece ter sido uma instituição presente durante todo o Império, pois à partir da eleição (que era muito mais uma confirmação formal de um nome já previamente indicado e aprovado) dos Príncipes é que o Khagan assumia.

O exemplo mais próximo de código de leis Mongólico era o Yassak; um conjunto de ordens ditado pelo próprio Gengis Khan para justificar seu governo e tentar garantir a paz dentre de seu Império. Fazem parte do Yassak normas morais, como amar ao próximo, não roubar, não cometer adultério, não mentir; normas educacionais, como honrar o justo e o inocente, respeitar os sábios (talvez este item tenha sido incluso devido à presença de Ye Liu Chutsai); éticas, como não trair ninguém, poupar os idosos e os pobres; normas religiosas (aliás nesse campo, o Yassak de Gengis Khan era muito superior mesmo às doutrinas mais filosóficas de hoje), que obrigavam todos os Mongóis a honrar todas as religiões e não dar preferência a nenhuma; além de uma cláusula que justifica a expansão, sendo que o Khagan recebeu dos Deuses a missão de conquistar e governar o mundo, sendo assim, nenhum outro governante do mundo pode ser tratado como seu igual.

Os Grandes Khans

Com a morte de Gengis Khan, em 1227, seu filho Tolui, assumiu a Regência do Império em caráter imediato, até que fosse convocado um novo Quriltai, que ratificaria a decisão de Gengis Khan de que Ogodai, seu outro filho, fosse o novo Khagan.

Em 1229, o Quriltai finalmente se reuniu e, como era de se esperar, ratificou a decisão de Gengis Khan, sendo assim, Ogodai foi eleito o novo Khagan e iniciou-se assim o período de apogeu do Império Mongol, que para todos os efeitos era um gigantesco Canado, visto que era governando por um Khan (o Khagan era o Khan dos Khans).

Ogodai (1229 – 1241)

Ogodai foi um sucessor a altura de seu pai, não tinha o mesmo vigor militar, mas podia, certamente, não só manter, como ampliar os domínios Mongólicos. Sua maior virtude foi seguir os conselhos de Ye Liu Chutsai, que continuou no cargo de Conselheiro mesmo após a morte de Gengis Khan. Seguindo seus conselhos, Ogodai empreendeu novas campanhas contra os Jin (que desde 1223, com a morte do general Mongol Mukuli, haviam retomado vários territórios conquistados pelos Mongóis) e, em 1234, destruiu a dinastia, anexando definitivamente a China do norte e também a Coréia ao seu Império.

Ogodai permitiu que Chutsai empreendesse a reconstrução de Pequim e lá, o sábio criou uma escola para a instrução dos jovens aristocratas Mongóis no pensamento Confucionista. A escola de Pequim não foi a única, outra foi aberta, com esse mesmo fim, em P'ing-yang. A idéia do sábio era a seguinte: "O Império foi criado à cavalo, mas não pode ser governado à cavalo", sendo assim, é preciso criar uma elite governante capacitada.

Sob a orientação de seu Conselheiro, o Khagan, em 1235, transformou Caracórum, que já era uma espécie de capital do Império, na capital de fato. Para isso, murou a cidade e construiu lá o seu palácio. Ye Liu Chutsai acreditava que um Império precisa de uma capital, e essa capital não pode ser uma tenda, precisa ser uma cidade e bem fortificada, para impedir um avanço inimigo.

Na Pérsia, Djelal al-Din, que havia se refugiado no Sultanato de Delhi, fez nova tentativa de reaver o seu Sultanato, motivado pela notícia da morte de Gengis Khan. Ogodai se enfureceu e enviou um enorme exército à região. Seu exército era liderado pelo general Tchormaghan e, em alguns poucos combates, obrigou Djelal al-Din a se retirar. Tchormaghan permaneceu até 1242 montando guarnição na Pérsia para impedir novas tentativas de retomada da região. Em 1239, Tchormaghan conquistou o Reino Cristão da Geórgia, o que além de provocar o cercamento da Armênia, começou a encurralar os Turcos Seldjúcidas que dominavam a Mesopotâmia e eram os protetores (o sentido de protetores já foi explicado anteriormente) do Califado Abássida.

Entre 1221 e 1222, Gengis Khan havia enviado à Europa tropas de reconhecimento que devastaram vários povoados, enfraquecendo as defesas dos Reinos da Europa Oriental. Devido às tarefas de Gengis Khan e à sua posterior morte, ele não pode enviar um contingente maior à Europa para completar a conquista. Ele não pode, mas Ogodai pode. Em 1236, uma grande força expedicionária Mongol foi enviada à Rússia e, depois de destruir os Principados Russos entre 1236 e 1240 (eliminando os Cumanos, os Alanos, os Búlgaros e o grande Principado de Vladimir, além dos pequenos Principados do sul da Rússia), dividiram-se em duas frentes para completar a conquista.

A frente do norte enfrentou os Poloneses e os Cavaleiros Teutônicos, que foram facilmente derrotados, enquanto a frente do sul recebeu a oposição dos Húngaros, que não tiveram melhor sorte que seus conterrâneos do norte.

Os Mongóis só não continuaram sua marcha para o Oeste por duas razões: devido às incessantes guerras às quais haviam sido submetidos sem receberem reforços, seus contingentes já não tinham mais capacidade de avançar, pois precisavam ser engrossados. Porém, os reforços não vieram devido à morte de Ogodai, em 1241, o que forçou os exércitos Mongóis da Europa a recuarem para consolidarem suas posições, ao invés de continuarem avançando e porem as conquistas já realizadas em risco.

A Regência de Toregene (1241 – 1246)

Após a morte de Ogodai, sua esposa, Toregene, assume a Regência até que o Quriltai seja convocado. Toregene não tem uma atuação discreta como teve antes dela o primeiro Regente, Tolui, ao contrário, seu primeiro ato de governo é demitir Ye Liu Chutsai de seu cargo. Este, já velho e doente, morre no isolamento.

Durante este período, muitas instabilidades se mostram dentro da alta sociedade Mongol, as tensões entre os Príncipes chegam à iminência de uma guerra civil, mas acabam sendo acalmadas pelo Quriltai, em 1246.

Os únicos feitos militares da Regência de Toregene são a derrota do Sultanato Seldjúcida, que já havia sido cercado por Tchormaghan e cuja rendição foi obtida por Baidju, seu filho e sucessor no comando das tropas na Pérsia.

Com a derrota do Sultanato, em 1245, o Sultão Kai-Khosroes II jurou vassalagem ao Império Mongol. A iminência de um ataque Mongol fez com que Hethum I, Rei da Cilícia (Armênia), também se jurasse vassalo do Império Mongol, com isso, o Império se expandira mais ainda.

Güyük (1246 – 1248)

Güyük foi eleito Khagan no Quriltai de 1246, assumiu o poder com toda uma aura de novo Gengis Khan. Dizia que seria o conquistador do mundo e, ao Embaixador do Papa Inocêncio IV, o Frei João Pian Del Carpini, que assistira à sua eleição, e lhe trouxera uma proposta de aliança com a Cristandade, contra os Islâmicos, Güyük respondeu o seguinte: "A aliança é bem vinda, desde que vosso povo se renda ao meu, caso contrário haverá guerra!".

Apesar de tanto estar prometendo, Güyük não cumpriu sequer uma fração, uma vez que Batu, o responsável pelas guarnições na Rússia, a quem os Príncipes Russos haviam jurado vassalagem, não reconhecia-o como seu soberano, sendo assim, aquela região desenvolvia uma política quase independente.

Güyük morreu dois anos após sua eleição, provavelmente envenenado, só não se sabe se a mando de Batu ou da viúva de seu tio Tului, o primeiro Regente do Império.

A Regência de Ogul-Gaimysh (1248 – 1251)

Após a morte de Güyük, estabeleceu-se nova Regência (a da viúva do Khagan), esta, mais conturbada do que a anterior, visto que havia nitidamente duas facções de pretendentes rivais: a dos descendentes de Güyük e a dos descendentes de Tului.

Durante a Regência de Ogul-Gaimysh, três clérigos Francos, enviados por Luís IX (o São Luís), chegaram à presença da Regente. Traziam presentes que ele entendeu como um juramento de vassalagem seguido de tributos. A resposta de Ogul-Gaimysh foi: "Submeta-se de forma mais explícita".

Mongka (1251 – 1259)

Em 1251, ocorreu um Quriltai, este escolheu Mongka, filho de Tului, como novo Khagan. Este soberano foi o primeiro produto da metodologia de Ye Liu Chutsai. Educado na escola Confuciana de Pequim, Mongka tinha concepções muito diferentes das de seus antecessores sobre a administração do Império. Utilizava as religiões como um caminho para contatos políticos, apesar de parecer ter favorecido o Cristianismo Nestoriano (que será explicado mais adiante), culto que sua mãe seguia.

Do ponto de vista social, Mongka foi o melhor dos Khagans Mongóis, ordenou a confecção de diversos dicionários (em Persa, Uigur, Chinês, Tangute e Tibetano) e intentou criar um observatório astronômico em Caracórum. Porém, se socialmente ele foi um bom governante, militarmente também não deixou nada a desejar, uma vez que expandiu ainda mais o Império tanto a ocidente, quanto a oriente.

A ocidente, seu irmão Ulegu recebeu tropas e carta branca para destruir a seita Islâmica conhecida como Assassinos, que vinha espalhando o terror entre as populações submetidas. Entre 1255 e 1257, Ulegu extermina totalmente os Assassinos e depois marcha rumo a Bagdad, onde pretende castigar o Califa Abássida al-Mustasim, por ter desprezado uma carta sua. Chegando a Bagadad, Ulegu depõe o Califa e, depois de obriga-lo a entregar todos os seus tesouros, mata-o. É o fim do Califado Islâmico, fato que abala todo o mundo Islâmico Medieval.

Depois de arrasar o Califado Abássida, Ulegu marchou para a Palestina e a Síria; lá ele tomou Damasco e obrigou toda a Síria a se render, porém, com ele ocorreu algo semelhante àquilo que já havia ocorrido na expansão Mongólica na Europa, ou seja, as tropas, desgastadas por combates sucessivos, sem o recebimento de reforços, não podiam continuar sua marcha, mas os reforços não chegariam porque Mongka, o Khagan, falecera. Sendo assim, Ulegu tomou uma postura semelhante à das tropas Européias, recuou para consolidar sua posição num ponto onde pudesse mantê-la, ou seja, na Mesopotâmia.

Também seguindo o exemplo do que ocorrera no norte anteriormente, Ulegu se declarou Khan, ou seja, Rei da região que governa, mas ao contrário do que o norte fizera, Ulegu se declarou Ilkhan, ou seja, Khan subalterno a outro Khan, nesse caso, o Khagan.

Quanto ao oriente, a China Jin já estava há muito anexada ao império, restava a China Song. Esta estava resistindo desde a tomada da China Jin, ainda nos tempos de Ogodai. Essa frente de combates foi confiada a outro irmão de Mongka, Kublai. Ele havia sido educado na mesma escola que Mongka, e demonstrava uma paixão tão grande pela China que parecia obcecado em conquista-la. Entre 1251 e 1258, Kublia, com a ajuda do filho de Subotai, conquistou boa parte dos territórios dos Song. Porém, no final de 1258, o próprio Mongka, assumiu o comando das expedições.

Um revés inesperado na tentativa de invadir a cidade de Ho-tcheu, forçou Mongka a se retirar para as montanhas, onde velho, doente e cansado, o Khagan faleceu, abrindo o caminho para mais disputas dinásticas.

A Sinização do Império

Depois da morte de Mongka, havia três pretendentes ao título de Khagan: Ulegu, Aric Boge e Kublai.

Ulegu, desde 1256, era Khan da Pérsia, o que o afastava do centro do Império e das pretensões ao poder Imperial. Aric Boge, por estar na Mongólia, região a qual governava, estava preparando tudo para ser nomeado o novo Khagan. Porém, Kublai fez-se proclamar, em 1260, Khagan por seus exércitos e, como Aric Boge não reconhecesse essa proclamação, Kublai abriu guerra à ele. Como suas forças (as de Kublai) eram maiores, ele venceu, em 1264, e seu irmão, Aric Boge, acabou prisioneiro até o fim de seus dias (morreu em 1266).

Como já foi referido, Kublai era obcecado pela civilização Chinesa, sendo assim, tão logo se tornou Khagan, mudou a capital do Império de Caracórum para Pequim, onde estudara. É certo que Pequim já era a capital cultural do Império, mas com sua transformação em capital política, o Império Mongol assumia uma postura totalmente voltada para os assuntos da China e as regiões mais distantes, como a Pérsia e a Rússia criavam Canados independentes (que serão estudados individualmente mais adiante).

Kublai Khan e a Dinastia Yuan

A nomeação de Kublai como novo Khagan não seguiu os mesmos caminhos que as de seus antepassados. Sua nomeação foi à força, feita pelos exércitos e, por isso, não foi aceita com unanimidade, vide a resistência de Aric Boge.

Por essa época, havia dentro do Império quatro grandes regiões: Djagatai, a Pérsia, a Rússia e a região central do Império, composta pela China e pela Mongólia. Como vimos e veremos mais adiante, a Rússia, depois de Batu já havia recusado-se a reconhecer Güyük como seu soberano, sendo assim, apesar de sua região continuar pertencendo nominalmente ao Império, desde a ascensão de Güyük, se tornara um Canado independente, o qual era conhecido como Horda de Ouro, pois como veremos, a tenda de Batu era dourada e tecida com alguns fios de ouro.

Se por um lado a Horda de Ouro não podia ser considerada uma região sob a autoridade direta do Khagan, por outro, a Pérsia continuava sendo uma província declarada, tanto que seu próprio nome era Ilkhanado, ou seja, Canado submisso a outro Canado, no caso o Canado do Grande Khan.

Djagatai, composto pela região conhecida como Transoxiana (em torno das cidades de Samarkand e Bukara), estava próximo o suficiente do centro do Império para ser controlado, ainda que fracamente pelo Khagan.

Kublai Khan deveria ter tido como plano de governo reunir politicamente o Império, no entanto, sua cega atração pela China o fez despender suas forças iniciais na conquista do Império Chinês dos Song. Entre 1260 e 1276, sucessivas batalhas foram travadas pelos Mongóis contra os Song, até que nesse último ano, ao cercarem Hang-Tcheu, a capital dos Song, os Mongóis obrigaram a Imperatriz Song a entregar seu filho, Tchao-Hien, o monarca verdadeiro, mas que por ter apenas cinco anos, não governava. O pequeno Príncipe foi enviado a Kublai Khan que cuidou dele como se fosse seu filho, uma atitude que só foi possível devido à instrução que o Khagan recebera na escola Confuciana de Pequim.

Com a entrega do Imperador legítimo, o Império dos Song foi conquistado, a Imperatriz, juntamente com sua corte, se refugiou num navio (que foi construído para imitar um palácio), e que tentou permanecer no mar, no entanto, o cerco deste navio pelos Mongóis fez com que toda a corte Song se suicidasse.

O fim da dinastia Song, em 1276, fez de Kublai Khan o novo Filho do Céu, ou seja, o novo Imperador da China. Na verdade, ele até mesmo estabeleceu uma dinastia, que chamou de Yuan. Seu ideal de enraizar os Mongóis numa civilização urbana fez com que Pequim fosse aumentada, sendo que em 1267, fosse inaugurada a cidade de Khanbaligh (cidade do Khan), uma espécie de bairro Imperial dentro de Pequim, que ficou conhecida como Cambaluc por Marco Polo quando este esteve na corte de Kublai Khan.

Enquanto se ocupava da conquista da China, Kublai Khan teve que enfrentar a mais séria oposição a seu governo, pois os grande chefes da Mongólia, descontentes com a mudança da capital para a China, apoiaram Kaydu, neto de Ogodai em sua campanha anti-Kublai. Em 1277, os revoltosos tomaram Caracórum, a antiga capital do Império e, de lá, empreenderam uma duríssima resistência ao Grande Khan. Toda a vida de Kublai Khan não seria suficiente para derrotar Kaydu, que manteve a Mongólia fora da autoridade de do Khagan até 1301, quando morreu (sete anos depois de Kublai Khan).

Depois de conquistar a China, a sede de Kublai pela orientalização do Império não acabou; deve ser levado em consideração que a China sempre se julgou superiora e, portanto, uma espécie de protetora dos demais Reinos orientais (Coréia, Japão e os Reinos da Ásia de Monções, além de algumas ilhas. Não se sabe de fato até onde se fazia sentir a influência Chinesa antes dos Mongóis, há que fale que está chegou a entrar em contato, em tempos remotos, com populações Mexicanas, mas isso não são mais do que especulações não comprovadas); ele julgou ser necessário controlar também os outros países, por isso, colocou a Coréia (que já estava sob o domínio nominal dos Mongóis, apesar de viver uma situação de verdadeira guerra civil) sob sua suserania, enviando para governa-la um Príncipe Coreano criado e educado em Pequim, sob a orientação do próprio Kublai. Para garantir a fidelidade daquele Príncipe, o Grande Khan deu-lhe uma de suas filhas em casamento.

Depois de pacificar a Coréia, Kubali Khan; que já enviara várias embaixadas ao Japão, pedindo que este país o considerasse seu soberano; enviou uma gigantesca frota, em 1274, para anexar o arquipélago.

O Japão vivia um período confuso, uma vez que seus Imperadores, que habitavam Heian (Kyoto) não detinham poder político, visto que este estava nas mãos dos Shoguns de Edo (Tokyo). O clã Hojo dominava o Shogunato e por conseqüência, a política Nipônica. Os Hojo não puderam fazer muita coisa para impedir o ataque Mongol, sendo assim, limitaram-se a pedir que os sacerdotes orassem implorando proteção divina. Quando o ataque chegou, os invasores desembarcaram no porto de Hakata (na ilha de Kyushu) e assolaram a região em apenas um dia. Ao cair da noite, os Mongóis voltaram para seus navios, para dormir e continuar a invasão no dia seguinte. Porém no meio da madrugada, uma forte tempestade lançou os avios Mongóis uns contra os outros e todos, contra as pedras da costa. Resultado, todos naufragaram e a conquista do Japão foi impedida.

Kublai Khan não pode acreditar no ocorrido, mas também não dispunha de frotas para fazer um novo ataque rapidamente. Sendo assim, enviou novos mensageiros ao Japão para fazer pressão no sentido de uma rendição. Diante da insistente recusa do Shogun, Kublai arquitetou uma nova invasão, dessa vez, com muito mais navios, divididos em duas levas, uma partindo da Coréia e outra da própria China. A frota Coreana desembarcaria primeiro e arrasaria o território, depois, receberia o reforço das tropas Chinesas e; juntas, conquistariam o Japão.

Julgando que o ataque Mongol seria novamente contra o porto de Hakata, o Shogun fortificou-o com muralhas e torres, além de guarnece-lo com muitos guerreiros. Resultado, quando, em 1281, chegou o novo ataque Mongol, as tropas Coreanas foram trucidadas pelos Japoneses, os sobreviventes voltaram a seus navios e seu puseram em fuga, na direção da frota que estava vindo da China, pois como estavam sendo seguidos pelos navios Japoneses (que não eram muitos), sabiam que se unissem-se a seus reforços, venceriam e poderiam voltar ao Japão para concluir a missão. No entanto, quando a frota Chinesa se juntou ao que restara da Coreana e os marinheiros Nipônicos viram que não poderiam vencer a batalha, puseram-se em fuga de volta ao Japão. Os navios de Kublai Khan perseguiram os Japoneses, mas uma nova tempestade afundou toda a esquadra de Kublai Khan. Depois de duas vitórias marítimas resultantes de tempestades, os Japoneses julgaram que o Japão estava protegido pelos Kamikaze, ou seja, pelos Ventos Divinos.

Kublai Khan não pode reunir, em vida, recursos para realizar uma nova invasão ao Japão, sendo assim este permanecer livre do domínio Mongol. A vitória terrestre dos Japoneses frente aos Mongóis se deveu a uma nova aristocracia militar que estava se formando, os Bushi, ou samurais. E esta vitória deu-lhes poder suficiente para derrubar os Hojo e assumirem o governo num regime que perduraria até o século XIX.

No tocante à Ásia de Monções (que na época possuía quatro Reinos: Annan, Champa, Birmânia e Khmer, atual Cambodja, onde na época se desenvolvia a civilização Khmer, cuja capital era Angkor), Kublai Khan tentou, entre 1283 e 1288, anexa-la. Obteve sucessos moderados nessas campanhas, sendo que por várias vezes seus exércitos foram repelidos pelos elefantes de guerra (Marco Polo, no Livro das Maravilhas, narra uma batalha entre os Mangudai (arqueiros à cavalo) Mongóis e os elefantes Birmaneses) e pela guerrilha da região. Em 1287, no entanto, a Birmânia se submeteu ao domínio Mongol. Em 1288, foi a vez Annan se submeter. Champa, apesar de ser incessantemente atacada, conseguiu repelir os Mongóis todas as vezes e se manteve independente. Já o Cambodja, por ter os outros três reinos como seus "escudos" naturais, permaneceu independente e estabeleceu relações amigáveis, através de embaixadas, com o Grande Khan Mongol.

Em 1293, Kublai Khan enviou tropas à Oceania, mas estas não foram felizes em sua campanha, sendo assim, foram obrigadas a retroceder.

Kublai Khan foi o primeiro dentre os Khagans a se preocupar mais com o lado Político-Social, do que com o lado Político-Militar. Dentro disso, estabeleceu diversas instituições dentro do Império, que como disse anteriormente a ele, só possuía o exército como Instituição. É claro que as instituições que Kublai Khan inseriu no Império eram heranças das instituições da dinastia Song, mas serviram perfeitamente aos objetivos do Grande Khan.

Os maiores problemas de se governo foram sem dúvida os seguintes:

1 – Por se preocupar excessivamente com o oriente, deixou que o ocidente, já semi-independente, se libertasse completamente do núcleo do Império, ficando impossível, após sua morte, uma reunião do Império sob um único soberano novamente.

2 – A ineficiência das campanhas militares operadas na Mongólia, acarretando um governo paralelo em Caracórum.

3 – O esgotamento de boa parte dos recursos de sua corte nas campanhas de conquista do oriente, em especial nas duas investidas frustradas contra o Japão e nas diversas "vitórias de Pirro", obtidas sobre os países da Ásia de Monções.

4 – O fato de que, por ser um monarca estrangeiro num Reino que não era o seu (a China), Kublai Khan foi obrigado a apoiar seu poder na força das armas e, dessa forma, depender de um pequeno grupo de Mongóis e de um grande grupo de Turcos que lhe serviam de exército.

5 – Quanto à administração, Kublai não podia confiar nos Chineses, pois estes poderiam tramar para derruba-lo, se ocupassem cargos expressivos dentro do governo, sendo assim, pela falta de Mongóis capacitados, o Khagan foi obrigado a depender de Muçulmanos e até de Europeus, como foi o caso de Marco Polo.

6 – O comércio, atividade da qual seu governo poderia extrair lucros, foi praticamente todo dominado por verdadeiras guildas de comerciantes Muçulmanos, sendo assim, esta fone de lucros foi quase que perdida.

Kublai Khan faleceu, aos 79 anos de idade, em 1294, sem ter conseguido ter sequer um filho (devido ao costume Mongol de que o homem se casa-se com várias mulheres, é no mínimo estranho que ele não tenha conseguido ter um único filho varão, visto que esterilidade não era o seu problema, pois teve filhas), o que deixou o Império sem um herdeiro.

A desintegração do Império pós Kublai Khan

Depois da morte de Kublai Khan, seu descendente masculino mais próximo era um neto (filho de uma de suas filhas), chamado Temur. Ele assumiu o poder no próprio ano em que o avô falecera. É interessante notar que entre as muitas instituições Chinesas que foram adotadas na corte Mongol de Pequim, uma delas era considerar que o Khagan era ao mesmo temo e, muito mais, Filho do Céu. Sendo assim, ao invés de um Quriltai escolher o novo soberano, como dizia o costume Mongol, este era o mais próximo descendente masculino do Imperador morto, com o critério de idade como desempate entre os pretendentes, ou seja, o mais velho assumia.

Temur foi um bom governante, ainda mais Mongol que Chinês, apesar de nascido na China. Ele parou as guerras de expansão no oriente para concentrar as forças de seu exército contra Kaydu, na Mongólia. É bem verdade que o neto de Kublai também não foi capaz de submeter o rival, mas após a morte dele, em 1301, Temur reincorporou a Mongólia a seus territórios. A maior vitória de Temur, no entanto foi ter, através de embaixadas, obtido o reconhecimento dos outros Canados (Horda de Ouro, Pérsia e Djagatai) de sua suserania. Se bem que, em 1295, Ghazan, Ilkhan da Pérsia, romperia definitivamente com o Império, passando a se nomear Khan e não Ilkhan (cujo significado já foi explicado).

Em 1307, morre Temur, e assume o trono seu sobrinho e general responsável pela reintegração da Mongólia, Kaïshan. Este, apesar de Budista convicto, era também um alcoólatra, sendo assim, teve a vida encurtada em muito e acabou morto em 1311. Foi sucedido por seu irmão, Buyantu, que governou até 1320, num governo muito mais voltado para o Social do que para o Político-Militar. Seu governo marca a total Sinização (Chinização) do Império Mongol (notem que desde a morte de Kublai Khan, quando se fala em Império Mongol, na verdade se está falando no Canado governado pelo Grande Khan, ou seja, no território composto pela China, Coréia e Mongólia).

A Buyantu, sucede seu filho, Suddhipala, de apenas dezessete anos. Inexperiente, o garoto governa de 1320 a 1323, quando é assassinado, mergulhando o Império numa verdadeira espiral descendente.

Entre 1323 e 1369, sucedem-se no poder Yesun Temur (1323 – 1328), Togh Temur (1328), Kushala (1328 – 1329), outra vez Togh Temur (1329 – 1332), Rintchenpal (1332 – 1333) e Toghan Temur (1333 – 1369).

Esses Imperadores que se sucederam no poder foram, quase que exclusivamente, fantoches da aristocracia Mongol, que por sua vez não se apercebia que com a perda da autoridade sobre o restante dos Canados, com a diminuição da qualidade dos exércitos Mongóis e com a sobretaxação do povo Chinês através de impostos, estavam criando a situação ideal para uma revolução que os expulsaria da China. E foi justamente isso que aconteceu, quando entre 1351 e 1355, um movimento liderado por Chu Yan-Chang, tomou boa parte do país. Os rebeldes eram movidos pela luta contra os altos impostos, os trabalhos forçados (visto que os Imperadores Chineses podiam convocar a população para realizar grandes obras estatais) e o fortalecimento de religiões estrangeiras na China, em especial o Cristianismo e o Islamismo, trazidos pela tolerância religiosa dos Mongóis e encorajados pela simpatia de boa parte da aristocracia Mongol da China.

Depois de 1355, o movimento revolucionário já atingira tal estágio que, seria impossível aos Mongóis, enfraquecidos como estavam, detê-los. Sendo assim, em 1368, quando os revolucionários invadiram Pequim, o Imperador fugiu para a cidade de Shangtu, onde permaneceu mais um ano, mas, temendo morrer, abandonou a China, em 1369, pondo fim à presença Mongólica na China.

Chu Yan-Chang se proclama o novo Imperador da China, em 1368, estabelecendo a dinastia Ming. Ele muda seu nome para Hong-Wu e continua no encalço dos Mongóis. Toghan Temur havia se exilado na Mongólia, mas foi perseguido e morto no ano seguinte, 1370. Entre 1370 e 1392, os Chineses assumem uma postura de ataques contra a Mongólia e neste último ano, acabam por toma-la. Com efeito, o berço do Império de Gengis Khan foi capturado pelos Chineses e permaneceria em seu poder até 1911. A situação da Mongólia, na realidade não era bem de província Chinesa, na verdade, os Chineses ajudaram a dinastia Yi a ascender ao poder na Mongólia. Tratava-se de uma dinastia Chinesa, mas não era parte do Império Ming. Só em 1635, a dinastia Yi foi derrubada e a Mongólia realmente anexada à China, situação que perdurou até 1911, quando devido a uma resolução Chinesa, a Mongólia foi dividida em duas: Mongólia Interior (que permanece até hoje como uma província da China) e Mongólia Exterior (que se tornou um protetorado Russo até a sua independência, em 1924). O país que hoje conhecemos como Mongólia, corresponde à Mongólia Exterior.

Numa das infindadas guerras que se seguiram à ascensão da dinastia Yi na Mongólia, Caracórum foi arrasada e completamente destruída, nessa destruição se perderam peças importantíssimas da História Mongol, como o próprio Yassak. Há poucos anos, uma expedição arqueológica encontrou as ruínas de Caracórum, mas muito ainda permanece perdido.

Na Mongólia Interior, localizada nas proximidades e mesmo no interior do deserto de Gobi, o grosso da população ainda é nômade e habita os antigos yurts.

A Dinastia Ming

Depois de destronar os Mongóis, a dinastia Ming estabelece sua capital em Nankin, onde permanece até 1409, quando é transferida de novo para Pequim. O maior feito da dinastia foi ter completado a construção da Muralha da China, iniciada cerca de 1500 anos antes. Em 1644, depois de ter se enfraquecido muito através da corrupção e dos contatos com os Europeus, a dinastia Ming é derrubada pelos Ts'ings, uma dinastia originária da Mandchúria.

A viagem de Marco Polo

Marco Polo foi, de fato, o primeiro Europeu a chegar à China? Não!

Desde pequenos, aprendemos que este mercador de Veneza foi o primeiro Europeu a pisar na China e que, voltando de lá, trouxe para o ocidente, em especial para a sua Veneza, as massas e que, por isso, a Itália tem a fama de ser a inventora destas.

Bem, parte dessa história está correta, uma vez que Marco Polo realmente chegou à China, em 1271, onde permaneceu por 16 anos junto à corte de Kublai Khan. Lá, ele desempenhou vários papéis administrativos, hora como Conselheiro, hora como cobrador de impostos, chegando até a administrar uma província.

A saudade de casa o levou a voltar a Veneza, para onde levou as massas. Sua cidade, uma República independente do Sacro Império Romano-Germânico, estava em guerra com a cidade de Gênova e Marco Polo decidiu pegar em armas nessa guerra. Já estando com 44 anos, foi preso, em 1298 e, na prisão, contou as histórias de sua aventura a um companheiro de cela, um escritor de Pisa chamado Rustichello.

Os relatos impressionam, pois contam desde sua ida à China, por terra, passando por sua estadia por lá, e sua volta, pelo mar; até as histórias que ele aprendeu em seus anos de convivência com os Chineses e os Mongóis.

Apesar de ser um importante documento histórico, o relato de Marco Polo não pode ter muita credibilidade, isso porque, sua expedição começou quando ele ainda tinha apenas 17 anos, além disso, o que lhe retira credibilidade é a descrição que faz de regiões que não visitou, como Zanzibar, na África e a Arábia. Outro fato que lhe retira muito de sua credibilidade é que seu relato foi feito em 1398, ou seja, cerca de onze anos após a volta da viagem, sendo assim, muito dados já deveriam ter sido esquecidos e não poderiam ser tão bem descritos.

Mas respondendo à primeira pergunta, Marco Polo não foi o primeiro Europeu a pisar na China, isso porque, entre 1270 e 1273, Jacob d'Ancona, um mercador Judeu Italiano, da cidade de Ancona, esteve também na China, na cidade de Zaitun, no domínio dos Song. Lá ele presenciou os ataques das forças de Kublai Khan contra as dos Song e, de volta à Itália, escreveu um livro, as memórias de sua viagem, de cerca de 400 páginas (hoje chamado de Cidade de Luz). Jacob d'Ancona foi o primeiro Europeu a pisar na China e seu relato é mais preciso que o do Veneziano.

Não entrando em méritos como qual dos dois relatos é mais importante, certamente ambos influenciaram os mercadores Europeus com a marcação do caminho para o oriente, porém, o relato de Jacob d'Ancona foi mais útil para àqueles que desejavam realizar caminho pelo mar, enquanto que o de Marco Polo, talvez tenha ficado mais famoso por indicar uma via terrestre, algo como uma ressurreição da estrada da seda


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INVESTIGAÇÃO (in.ves.ti.ga.ção). Palavra do Dia.



Palavra do Dia:

INVESTIGAÇÃO (in.ves.ti.ga.ção)

Após catorze meses, a polícia portuguesa encerrou as investigações sobre o desaparecimento da menina inglesa Madeleine McCann, que não é vista desde maio do ano passado, quando tinha apenas 4 anos.
“Investigação” vem do verbo latino 'investigare', que significa “seguir o vestígio, procurar”. “Vestígio”, do latim 'vestigium', designava, inicialmente, a planta do pé, de homem ou de animal, e mais tarde passou a designar as pegadas e rastros. Investigar, portanto, significa seguir os passos dados pelo investigado

>> Definição do dicionário Aulete Digital:

Investigação (in.ves.ti.ga.ção)

Substantivo feminino.
1 Ação ou resultado de investigar.
2 Averiguação, inquirição, apuração (investigações policiais).
3 Estudo metódico sobre tema científico, artístico etc.; PESQUISA.

[Plural: Investigações.]

[Formação: Do latim 'investigatio, onis'.]
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