sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Civilizações Antigas 14 . Império Japonês e os Samurais.

História do Japão

Pré-história

Pesquisas arqueológicas indicam que o Japão já era ocupado por seres humanos primitivos há cerca de 500.000 anos atrás, durante o período paleolítico. Durante as eras glaciais, o Japão esteve conectado ao continente asiático, o que facilitou a migração para o arquipélago japonês.

Com o fim da última era glacial, surgiu a cultura Jomon por volta de 11000 A.C., caracterizada por um estilo de vida semi-sedentário, com a subsistencia baseada em coleta e caça. Durante este periodo foram fabricadas as mais antigas cerâmicas do mundo. Acredita-se que esses povos Jomon são os ancestrais dos japoneses e dos ainus. A partir de 300 AC começa o período Yayoi, que é marcado pelas tecnologias de cultivo de arroz e irrigação, trazido por migrantes da Coreia, China e outras partes da Ásia.

Princípio da monarquia

A família imperial japonesa mantem-se de forma contínua no trono desde o princípio do período monárquico, no século VI a.C.. Os imperadores traçam sua ancestralidade até o mítico reinado de deuses sobre a terra, dos quais seriam descendentes. O Imperador Jimmu é o primeiro mortal da linhagem imperial.

Na prática, uma migração de famílias provavelmente coreanas (dos quais a língua japonesa é aparentada) e/ou chinesas (dos quais sua escrita é derivada) para o Japão ocorrida pouco antes teria formado comunidades grandes o suficiente e culturalmente identificadas entre si que teriam se unido sob um monarca nos moldes do sistema político de seus países natais. A partir de então, o poder imperial teria se extendido aos povos nativos pela assimilação ou conquista militar.

Feudalismo

A acumulação de grandes extensões de terra em mãos de particulares possibilitou a ascensão dos administradores locais, os Daimyo. À medida que suas terras eram removidas das listas de impostos, aumentava a renda dessa classe social. Gradualmente, os administradores começaram a repelir a interferência de funcionários provinciais e centrais, e criaram forças próprias para manter a ordem em suas áreas. Assim, o século X foi de completa desordem. Os aristocratas de Kyoto não tinham poder algum para fazer cumprir as ordens fora da capital, já que os antigos exércitos haviam degenerado e os novos tinham-se tornado uma espécie de asilo onde os nobres bem relacionados ocupavam sinecuras. Em alguns lugares, o próprio povo armava-se para proteger-se. Os "oficiais de pacificação" designados pelo poder central pouco podiam fazer, pois não contavam com o apoio local. Acelerou-se a fragmentação do poder. Em 1156 uma disputa sucessória trouxe os guerreiros rurais para a capital, onde se estabeleceram.

As grandes ligas de guerreiros eram chefiadas por famílias que se consideravam de ascendência imperial. Era prática enviar os filhos mais novos do imperador ao campo, quando não havia mais lugar para eles na corte; por determinação dos códigos, deviam mudar de nome após seis gerações; assim, no século X, os guerreiros se afiliaram a duas grandes ligas, lideradas pelas famílias Minamoto e Taira, que se diziam imperiais. A luta irrompeu em Kyoto em 1156 e 1159. A primeira guerra - a da era Hogen - foi provocada por uma disputa sucessória, após a morte do imperador Toba, que tentou levar ao trono seu quarto filho Goshirakawa em vez de permitir que seu filho mais velho, Konoe, permanecesse como imperador. Venceram os partidários de Goshirakawa e os líderes da oposição foram executados. Goshirakawa reinou até 1158, quando se retirou, começando a segunda guerra.

Unificação

No século XVI ainda perdurava a desordem e a desfragmentação no Japão, que chegou a ter, de 1335 a 1392, duas cortes imperiais. Mas, ao final do século XVI, alcançara substancial unificação, ou pelo menos a pacificação. Isso foi obra de três grandes generais: Oda Nobunaga, Toyotomi Hideyoshi e Tokugawa Ieyasu. Homens de grande capacidade militar criaram uma base estável para o exercíto da administração Tokugawa, que durou até 1867.

Imperialismo Japonês

Em 1868 foi restaurado o poder imperial no Japão, subtraíndo aos xoguns o poder feudal que existia desde o século XII. Subiu ao trono o jovem imperador Mitsuhito, conhecido pelo nome de Meiji. A Era Meiji (1868-1912), como ficou conhecida, representou um período de grandes mudanças na história do Japão.

Completadas as reformas internas-continentes, o governo decidiu-se a alcançar uma condição de igualdade com as potências ocidentais. Uma reforma dos tratados, com vistas a extinguir os privilégios judiciais e econômicos desfrutados pelos estrangeiros, foi tentada desde o início, mas as potências envolvidas recusaram-se a tratar do assunto até que as instituições legais japonesas se equiparassem às ocidentais. Os assuntos asiáticos ocuparam lugar secundário da política externa dos primeiros anos, mas já no início da década de 90 tornava-se clara a preponderância chinesa na Coréia, o que alarmava Tokyo. Em 1894, uma rebelião na Coréia foi esmagada com apoio dos chineses. O Japão enviou tropas ao país vizinho e, cessada a crise, recusou-se a retirá-las. As hostilidades sino-japonesas começaram no mar, e depois a luta transferiu-se para a Coréia. Vitorioso em todas as batalhas, o Japão impôs um tratado humilhante ao adversário, mas as potências européias se recusaram a aceitar Tokyo como sócio na partilha das riquezas da China. Alemanha, França e Rússia forçaram os japoneses a devolver a península de Liaotung, tomada à China, em troca de uma indenização. Em 1889, a Rússia forçou a China a ceder-lhe a referida península, com sua importante base naval de Port Arthur.

A rendição do Japão

Em 1937, o chamado "incidente chinês" - a China passava por sua revolução nacionalista - praticamente colocou o poder no Japão em mãos dos militares. O incidente começou com o ataque japonês a unidades chinesas na Ponte Marco Polo, perto de Pequim. A seguir, as tropas japonesas ocuparam Nanquim, Hangchow e Cantão. A essa altura, o Japão já fazia parte do chamado Eixo, através do Pacto Anti-Komintern com a Alemanha e mais tarde com a Itália. Esses acordos foram substituídos pelo Pacto Tripartite de setembro de 1940, pelo qual as potências do Eixo reconheciam o Japão como líder de uma nova ordem na Ásia.

O Exército Vermelho é obrigado a ir buscar diversos comandantes nos campos de concentração, onde estão confinados por ordem de Stálin. Indústrias são transferidas para os montes Urais e os Aliados prestam importante auxílio marítimo e aéreo às forças soviéticas. Ataque a Pearl Harbor - O ataque japonês à base norte-americana de Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941, leva os Estados Unidos a declararem guerra ao Eixo e alastra o conflito a quase todo o mundo. Em junho de 1942 o Japão já ocupa a Indochina Francesa e detém a supremacia naval no Pacífico. Em seguida, toma Hong-Kong, Malásia, Singapura, Índias Orientais Holandesas, Bornéu, Filipinas, Andamãs e Birmânia. As duas facções beligerantes estão definidas: os países do Pacto Anticomintern (o Eixo) Alemanha, Itália e Japão contra os Aliados Inglaterra, Estados Unidos, União Soviética e China. A China já se encontra em guerra contra o Japão desde 1931. Um Kamikaze era um piloto que possuia seu avião japonês totalmente carregado de explosivos para que, em última estância, pudesse atirar-se contra os inimigos, dando sua vida como arma final. Kamikazes são erroneamente confundidos com os aviões japoneses pilotados por um piloto suicida que com ele se atira sobre o alvo inimigo. Na verdade, Kamikaze (Kami = deus, Kaze = vento) é o nome japonês para as duas tempestades que, em 1274 e 1281 destruíram frotas de invasores mongóis, livrando o país da guerra e recebendo o nome de "ventos divinos" pela ajuda que deram.

Em agosto de 1945, as bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki e a entrada da URSS na guerra asiática forçaram a rendição. O ato formal foi assinado a 2 de setembro de 1945, na Baía de Tokyo, a bordo do encouraçado norte-americano "Missouri" e deixava claro qual seria as intenções americanas em relação ao Japão: a rendição incondicional, o que significava a perda da soberania e da sua própria independência.

Independência e Reestruturação

Logo nos primeiros anos de paz, o Japão procurou reconstituir sua economia, apesar de algumas cláusulas restritivas contidas no tratado de rendição. Estas, porém, foram sendo gradualmente revogadas, e o país reencontrou o caminho da prosperidade. A restauração da independência, em 1952, ocorreu num momento em que a economia nacional apresentava elevados índices de expansão. Esse progresso se acentuaria até o final da década de 1960, quando o país manteve, por mais de dez anos consecutivos, as mais altas taxas de crescimento do mundo.

Períodos da História

Eis aqui um exemplo de categorização de períodos da História Japonesa.

História do Japão

Datas

Período

Subperíodo

Governante Principal

pré-história -
circa 300 AC

(pré-história -
circa 1000 - 900 AC)

Jomon


Desconhecido

circa 300 AC -
250 DC

(circa 1000 - 900 AC -
250 DC)

Yayoi


Desconhecido

circa 250 -
538 DC

Período Kofun ou Yamato

Kofun

Governo Imperial Yamato perto de Nara (mais tarde Kyoto)

538 - 710 DC

Asuka

710 - 794

Nara


794 - 1185

Heian


1185 - 1333

Kamakura


Xogunato Kamakura

1333 - 1336

Restauração Kemmu


Imperador do Japão

1336 - 1392

Muromachi

Nanboku-cho

Xogunato Achicaga

1392 - 1573

início
Período Sengoku

1573 - 1603

Azuchi-Momoyama

tardio
Período Sengoku

1600 - 1867

Edo


Xogunato Tokugawa

1868 - 1912

Meiji


Imperador Meiji (Mutsuhito)

1912 - 1926

Taisho


Imperador Taisho (Yoshihito)

1926 - 1945

Showa

Expansionismo

Imperador Hirohito

1945 - 1952

Japão durante a Ocupação

1952 - 1989

Pós-Ocupação

1989 - presente

Heisei


Imperador Akihito

Fonte: pt.wikipedia.org

História do Japão

O Japão é herdeiro de uma civilização que remonta ao século VII a.C. No século IV, o clã Yamato unifica os vários estados do país sob um imperador.

No século VI, o Japão invade a Coréia, que vivia sob forte influência chinesa, e assimila muito de sua cultura. Apesar disso, o país mantém-se relativamente isolado do exterior e tem uma das sociedades mais homogêneas do mundo em termos culturais e étnicos.

No século XII, o crescimento da aristocracia militar (os samurais) mina a Monarquia que ocupa o poder. O país passa a ser dominado principalmente por xoguns, espécie de senhores feudais, que permanecem até o século XIX.

Os primeiros contatos com o Ocidente datam do século XVI, quando missionários portugueses formam uma pequena comunidade cristã.

Em 1603, o xogum Tokugawa Leyasu estabelece a capital em Edo (atual Tóquio), proíbe o cristianismo e fecha o país a estrangeiros...

Nos 250 anos seguintes, a única janela aberta ao mundo é um pequeno posto comercial em Nagasaki...

Modernização

O ingresso do país na Era Moderna ocorre na segunda metade do século XIX, com a abertura dos portos ao comércio com o Ocidente. Em 1868 começa a Era Meiji: assume o imperador Mutsuhito, que abole o feudalismo.

No final do século XIX, tendo resistido ao imperialismo ocidental, dá início à sua própria expansão.

Emitido em 1894 (Scott: 85, SG: 126), com valor facial de 2 sen (vermelho), o primeiro selo comemorativo: Aniversário de casamento (Bodas de Prata), Imperador Meiji e Imperatriz Haru.

,

Vence a China na Guerra Sino-Japonesa e a Rússia em 1904, estabelecendo influência sobre a Manchúria (na China), a Coréia - transformada em colônia em 1910 - e a ilha Sakalina (hoje pertencente à Federação Russa).

O Japão fica ao lado dos Aliados na I Guerra Mundial e obtém vantagens no Tratado de Versalhes. Nos anos 20, a crise econômica abre caminho para facções nacionalistas de direita, que se tornam dominantes no governo.

Em 1931, o Japão invade a Manchúria, onde estabelece em 1934 o Estado-fantoche do Mandchukuo, que tem como testa-de-ferro Pu Yi, o último imperador chinês.

Império do Japão

O selo abaixo mostra o extenso Império Japonês at the end of 1930 in a darker color. It includes Japan proper, Korea, Ilha Sakalina (Sakhalin Island), the Kuril Islands, the Ryukyu Islands, Nampo Shoto, as Ilhas Marianas do Norte e as Ilhas Yap, incluindo such ilhas como Okinawa, Iwo Jima, Saipan, Tinian e Guam. O selo foi emitido em 1930, with another with the same design to mark the second census of the Império Japonês.

Manchukuo
Issues for the Japanese puppet government set up in 1932 under President (later Emperor) Pu Yi.

II Guerra Mundial

O governo militarista alia-se à Alemanha e à Itália, em 1940, e ocupa a Indochina francesa no ano seguinte . A expansão militar coloca o Japão em choque com os EUA.

Em 7 de dezembro de 1941, os japoneses realizam um ataque-surpresa e destroem a esquadra norte-americana ancorada em Pearl Harbor, no Havaí.

O Japão toma o sudeste da Ásia e a maior parte do Pacífico Ocidental, mas é derrotado pelas forças aliadas e retira-se das áreas ocupadas.

A rendição só acontece em setembro de 1945, depois da explosão das bombas atômicas jogadas pelos EUA nas cidades de Hiroshima e Nagasaki. As ilhas Kurilas, no norte do arquipélago, são anexadas pela URSS.

Os norte-americanos ocupam o país até abril de 1952 e impõem uma Constituição e um sistema de governo nos moldes das democracias ocidentais.

O Japão assina, em 1954, um tratado de defesa mútua com os EUA, que inclui a instalação de bases militares norte-americanas.

As instituições políticas, modeladas à semelhança das ocidentais, conservam certas características anteriores, como a tradição de lealdade ao chefe.


Os Samurais.

Samurai

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Samurai
Samurai
Kanji para Samurai
Kanji para Samurai
Comemoração do Dia do Samurai em São Paulo no Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera
Comemoração do Dia do Samurai em São Paulo no Pavilhão Japonês do Parque do Ibirapuera
Comemoração do Dia do Samurai na Câmara Municipal de São Paulo
Comemoração do Dia do Samurai na Câmara Municipal de São Paulo

Os samurais eram como soldados da aristocracia do Japão entre 1100 e 1867. Com a restauração Meiji a sua era, já em declínio, chegou ao fim. Suas principais características eram a grande disciplina, lealdade e sua grande habilidade com a katana.


Breve história dos samurais

Os Samurais existiram por quase 8 séculos (século VIII ao XV), ocupando o mais alto status social porquanto existiu a ditadura militar nipônica denominada Shogunato. Pessoas treinadas desde pequenos para seguir o Bushido, o caminho do guerreiro.

O samurai era uma pessoa muito orgulhosa, tanto que se seu nome fosse desonrado ele executaria o seppuku, era preferível morrer com honra do que viver sem honra.

Seppuku, suicídio honrado de um samurai em que usa uma tanto (faca) e com ela enfia no estômago e puxa para cima cortanto tudo o que tem por dentro. Uma morte dolorosa e orgulhosa.

Inicialmente, os samurais eram apenas coletores de impostos e servidores civis do império. Era preciso homens fortes e qualificados para estabelecer a ordem e muitas vezes ir contra a vontade dos camponeses.

Posteriormente, por volta do século X, foi oficializado o termo "samurai", e este ganhou uma série de novas funções, como a militar. Nessa época, qualquer cidadão podia tornar-se um samurai, bastando para isso adestrar-se no Kobudo (artes marciais samurais), manter uma reputação e ser habilidoso o suficiente para ser contratado por um senhor feudal. Assim foi até o xogunato dos Tokugawa, iniciado em 1603, quando a classe dos samurais passou a ser uma casta. Assim, o título de "samurai" começou a ser passado de pai para filho.

Um grande samurai foi Miyamoto Musashi, um guerreiro que veio do campo, participou da batalha de Sekigahara e iniciou um longo caminho de aperfeiçoamento. Ele derrotou os Yoshioka em Kyoto e venceu o grande Sasaki Kojiro, outro grande samurai.

Pelo fim da era Tokugawa, os samurais eram burocratas aristocráticos ao serviço dos daimyo, com as suas espadas servindo para fins cerimoniais. Com as reformas da era Meiji, no final do século XIX, a classe dos samurais foi abolida e foi estabelecido um exército nacional ao estilo ocidental. O rígido código samurai, chamado bushido, ainda sobrevive, no entanto, na atual sociedade japonesa, tal como muitos outros aspectos do seu modo de vida.

Os Samurais, como classe social, deixaram de existir em 1868, com a restauração Meiji, quando o imperador retomou o poder do país.

Seu legado continua até nossos dias, influenciando não apenas a sociedade japonesa, mas também o ocidente.

Nomenclatura

O nome 1"samurai" significa, em japonês, "aquele que serve". Portanto, sua maior função era servir, com total lealdade e empenho, os daimyo (senhores feudais) que os contratavam. Em troca disso recebiam privilégios terras e/ou pagamentos, que geralmente eram efetuados em arroz, numa medida denominada koku (200 litros).

Um termo mais apropriado para Samurai é bushi (武士) (significando literalmente "guerreiro ou homem de armas") que era usado durante o período Edo. No entanto, o termo "Samurai" refere-se normalmente à nobreza guerreira e não por exemplo à infantaria alistada. Um samurai sem ligações a um clan ou daimyō era chamado de ronin (literalmente "homem-onda"). Rōnin são também samurais que largaram a sua honra ou aqueles que não cumpriram com o seppuku, que significa dividir a barriga, de modo a repôr a honra do seu clan ou família. Samurais ao serviço do han eram chamados de hanshi.

Era esperado dos Samurais que eles não fossem analfabetos e que fossem cultos até um nível básico, e ao longo do tempo, durante a era Tokugawa (também chamada de período Edo), eles perderam gradualmente a sua função militar.

Tal relação de suserania e vassalagem era muito semelhante à da Europa medieval, entre os senhores feudais e os seus cavaleiros. Entretanto, o que mais difere o samurai de quaisquer outros guerreiros da antiguidade é o seu modo de encarar a vida e seu peculiar código de honra e ética.

Após tornar-se um bushi (guerreiro samurai), o cidadão e sua família ganhavam o privilégio do sobrenome. Além disso, os samurais tinham o direito (e o dever) de carregar consigo um par de espadas à cintura, denominado "daishô": um verdadeiro símbolo samurai. Era composto por uma espada curta (wakizashi), cuja lâmina tinha aproximadamente 40 cm, e uma grande (katana), com lâmina de 60 cm.

Todos os samurais dominavam o manejo do arco e flechas. Alguns usavam também bastões, lanças e outras armas como a foice e corrente(kusarigama)e jutte.

Eram chamados de ronin os samurais desempregados: aqueles que ainda não tinham um daimyo para servir ou quando o senhor dos mesmos morria ou era destituído do cargo.

Os samurais obedeciam a um código de honra não-escrito denominado bushidô (caminho do guerreiro). Segundo esse código, os samurais não poderiam demonstrar medo ou covardia diante de qualquer situação.

Havia uma máxima entre eles: a de que a vida é limitada, mas o nome e a honra podem durar para sempre. Por causa disso, esses guerreiros prezavam a honra, a imagem pública e o nome de seus ancestrais acima de tudo, até da própria vida.

A morte, para o samurai, era um meio de perpetuar a sua existência. Tal filosofia aumentava a eficiência e a não-hesitação em campos de batalha, o que veio a tornar o samurai, segundo alguns estudiosos, o mais letal de todos os guerreiros da antiguidade.

Talvez o que mais fascine os ocidentais no estudo desses lendários guerreiros é a determinação que eles tinham em freqüentemente escolher a própria morte ao invés do fracasso. Se derrotados em batalha ou desgraçados por outra falha, a honra exigia o suicídio em um ritual denominado harakiri ou seppuku. Todavia, a morte não podia ser rápida ou indolor. O samurai fincava a sua espada pequena no lado esquerdo do abdômen, cortando a região central do corpo, e terminava por puxar a lâmina para cima, o que provocava uma morte lenta e dolorosa que podia levar horas. Apesar disso o samurai devia demonstrar total autocontrole diante das testemunhas que assistiam o ritual.

A morte, nos campos de batalha, quase sempre era acompanhada de decapitação. A cabeça do derrotado era como um troféu, uma prova de que ele realmente fora vencido. Por causa disso, alguns samurais perfumavam seus elmos com incenso antes de partirem para a guerra, para que isso agradasse o eventual vencedor. Samurais que matavam grandes generais eram recompensados pelos seus daimyo, que lhe davam terras e mais privilégios.

Ao tomar conhecimento desses fatos, os ocidentais geralmente avaliam os samurais apenas como guerreiros rudes e de hábitos grosseiros, o que não é verdade. Os samurais destacaram-se também pela grande variedade de habilidades que apresentaram fora de combate. Eles sabiam amar tanto as artes como a esgrima, e tinham a alfabetização como parte obrigatória do currículo. Muitos eram exímios poetas, calígrafos, pintores e escultores. Algumas formas de arte como o Ikebana (arte dos arranjos florais) e a Chanoyu (arte do chá) eram também consideradas artes marciais, pois treinavam a mente e as mãos do samurai.

O caminho espiritual também fazia parte do ideal de homem perfeito que esses guerreiros buscavam. Nessa busca os samurais descobriram o Zen-budismo, como um caminho que conduzia à calma e à harmonia.

"Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória, sofrerá uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas..." - A Arte da Guerra, Sun Tzu

"Para ser considerado guerreiro, é preciso aprender a aceitar a própria morte de forma corajosa e natural." - O Livro dos Cinco Anéis, Miyamoto Musashi

Artes Marciais dos Samurais

Se numa classe guerreira qualquer há preocupação com o treinamento militar, imagine para os samurais! Através das artes marciais, era fortalecida tanto a sua técnica quanto o seu espírito. Mais do que acertar um alvo com sua flecha ou cortar algo com sua espada, um samurai sempre visava refinar seu espírito, com a autodisciplina e o autocontrole, para assim estar sempre preparado para as situações mais adversas possíveis.

Tal preocupação com o espírito que ajudou as artes Samurai a se salvar de sua extinção na Restauração Meiji (época em que os samurais viraram burocratas a serviço do governo). O Kobudo, como são conhecidos os estilos de combate criados pelos samurais ainda é praticado até nossos dias. O Kobudo envolve uma grande gama de armas diferente e técnicas, como o KenjutsuIaijutsu (arte de desembainhar a espada em combate)], Naginatajutsu (luta com alabarda), Sojutsu ou Yarijutsu (arte da lança), Jojutsu e Bojutsu (arte do bastão) e Jujutsu (luta desarmada). [arte de combater com espadas,

A maioria destas artes tiveram versões modernizadas (Gendai Budo) no século XX, como o Kendo, Iaido, Jodo e Judo por exemplo. Tanto o Kobudo como o Gendai Budo são praticados hoje em dia, muitas vezes se complementando.

O Dia do Samurai

É comemorado no dia 24 de abril, data de aniversário do mestre Jorge Kishikawa, o principal introdutor das artes samurai tradicionais no Brasil, o Kobudo (também chamado Koryu Budo).

O Sensei Jorge Kishikawa introduziu estas artes no Brasil em 1993 com a fundação do Instituto Cultural Niten, hoje presente em todas as regiões do Brasil, na Argentina e no Chile. Conta com mais de 800 praticantes.

Para ser reconhecido como Kobudo, um estilo precisa necessariamente ter sido fundado antes de 1868, ano da restauração Meiji, e possuir documentos que suportem esta afirmação. No Japão existe a Nihon Kobudo Kyokai e a Nihon Kobudo Shinkokai, associações que mantém registro destes estilos.

No Brasil atualmente estes requisitos somente são atendidos por estilos ensinados no Instituto Niten. Existem relatos de praticantes de outros estilos de Kobudo que migraram para o Brasil na década de 1950, porém atualmente não há registros destas práticas acontecendo em outro local além do Instituto Niten.

O Dia do Samurai é data oficial nos calendários das cidades de São Paulo (a metrópole onde se concentra o maior número de descendentes japoneses fora do Japão), Ribeirão Preto, cidade considerada como o berço da imigração japonesa no Brasil, Brasília, Piracicaba e em todo o estado do Paraná.

Para Saber mais

O mais conhecido tratado sobre o Bushido, o código de conduta dos Samurais
Editora Conrad, 2004

Os preceitos do Bushido adaptados para a vida moderna pelo introdutor da arte dos samurais no Brasil.
Editora Conrad, 2004

Apresentação: Shihan Gosho Motoharu
Revisão técnica e introdução: Sensei Jorge Kishikawa
O maior clássico da história do Japão, pela primeira vez traduzido para o português diretamente do original em japonês arcaico e com revisão por um mestre do Niten Ichi Ryu, o estilo de Miyamoto Musashi
Editora Conrad, 2006

O romance mais vendido da história do Japão. Conta a história de Miyamoto Musashi, o mais famoso espadachim de todos os tempos

Ver também

Ligações externas



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Fique agora com, prtes do filme Ultimo samurai.

De: miccunha
O Último Samurai (filosofia Zen)


Com esta postagem encerramos, estes documentários e videos sobre Civilizações Antigas.

Nas próximas postagens falaremos de Cidades do mundo Comtemporâneo. Obrigado a você que acompanha.
Eu te espero, até lá.

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quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Modelos de teoria crítica: Lukács e Horkheimer.


Projeto de Iniciação Científica PIBIC 2007/2008

“Modelos de teoria crítica: Lukács e Horkheimer”

Aluno: Jonas Marcondes Sarubi de Medeiros (No. USP: 5184742)

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Terra (FFLCH-USP)

Em Considerações sobre o marxismo ocidental, Perry Anderson escreve que o conjunto da obra de Karl Marx:

… foi tratado [pelo marxismo ocidental], tipicamente, como fonte material da qual a análise filosófica extrairia os princípios epistemológicos destinados ao uso sistemático do marxismo para interpretar (e transformar) o mundo – princípios nunca expostos de modo explícito ou exaustivo por Marx. Nenhum filósofo da tradição do marxismo ocidental jamais afirmou que o objetivo principal ou final do materialismo histórico fosse uma teoria do conhecimento. No entanto, o pressuposto comum de quase todos era que a tarefa preliminar da pesquisa teórica do marxismo era discernir as regras de investigação social descobertas por Marx, ainda escondidas na particularidade temática de sua obra – e, se necessário, completá-las. O resultado disso foi que uma significativa parcela da produção do marxismo ocidental se constituiu em um prolongado e intrincado Discurso sobre o Método. (Anderson, 2004:72-73)

Não se trata, pois, de coincidência, quando Georg Lukács defende no primeiro capítulo de História e consciência de classe – o livro que origina a tradição do marxismo ocidental – que “em matéria de marxismo, a ortodoxia se refere antes e exclusivamente ao método”. Um outro texto clássico do marxismo ocidental, “Teoria tradicional e teoria crítica”, de Max Horkheimer, também gira em torno de uma teorização acerca do método. Ambos os autores (Lúkacs e Horkheimer), têm por objetivo, a partir da reflexão marxiana, distinguir entre dois métodos, cujos pressupostos, conteúdos e conseqüências sócio-políticas diferem grandemente entre si.

A comparação entre as duas empreitadas pretendida neste projeto será articulada por duas categorias básicas, responsáveis uma pela aproximação dos textos e a outra pela sua diferenciação. Inicialmente, pretende-se descrever a clivagem entre os métodos proposta pelos autores a partir da categoria “alienação”. A segunda categoria central será o “proletariado”, que proporcionará a explicitação de uma das principais diferenças entre os dois textos. Muito embora a aproximação inicial seja amplamente rica, a sua limitação é obviamente o contexto histórico da produção de cada uma das obras. Desta maneira, propõe-se uma reconstrução sucinta dos aspectos que compõe a transformação das condições históricas que mais interessam para a comparação que aqui será realizada. Passemos, então, a um desenvolvimento mais aprofundado de cada uma destas etapas.

Como foi dito anteriormente, tanto Lukács quanto Horkheimer partem, de alguma maneira, da crítica à economia política realizada por Marx. Assim, o mundo em que vivemos é contraditoriamente produto do trabalho humano, mas ao mesmo tempo não se constitui como mundo do homem, mas sim como o mundo do capital, marcado pela opressão e pela desumanidade. São as descobertas empreendidas por Marx, acerca do capital que aparece como um sujeito automático, mas cuja essência é demonstrada pela teoria do valor-trabalho. Deste ponto de partida comum, os dois autores também partilham uma orientação em direção à emancipação humana. E a reflexão acerca da teoria (ou seja, do método) é um momento crucial deste projeto político (e prático) de transformação da sociedade.

Lukács distingue entre “pensamento burguês” e “método dialético”, enquanto que Horkheimer analise em termos de “teoria tradicional” e “teoria crítica”. Tanto o pensamento burguês quanto a teoria tradicional partem de uma lógica formal e tem por modelo o método matemático. A conseqüência desta conjunção é o estabelecimento de uma relação de exterioridade entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido; ou seja: a realidade social se torna um mecanismo, uma engrenagem, independente do ser humano, cujas leis podem ser descritas, mas não podem ser alteradas. Nos termos kantianos de Lukács, a realidade ganha a atribuição de “coisa em si”; segundo Horkheimer, para esta perspectiva,“o mundo existe e deve ser aceito”.

Este caráter rígido, petrificado, imutável da realidade social é encarado por ambos os autores como uma reificação. Embora a aparência do mundo imediatamente percebido seja a de um fatalismo inevitável, o que os dois textos buscam mostrar é que existe a possibilidade tanto teórica quanto prática de superação desta facticidade. O pensamento burguês e a teoria tradicional operam a partir de dualismos insolúveis: sujeito e objeto, teoria e prática, ser e pensar, ciência e valor, necessidade e liberdade, fatalismo e voluntarismo, entre muitos outros. Do ponto de vista destes métodos, esta dualidade é naturalizada, embora a tarefa do método dialético e da teoria crítica seja exatamente a dissolução ou a resolução destas antinomias.

Para o método dialético e a teoria crítica, as suas perspectivas antagônicas (o pensamento burguês e a teoria tradicional) são marcadas por uma eternização a-histórica das categorias sociais, o que acaba por impossibilitar um verdadeiro auto-conhecimento da sociedade, necessariamente marcada pela historicidade. A realidade não é um fato imediato, ou um dado estranho ao homem, ela é produto da sua própria atividade e, por este motivo, ela pode ser transformada. Estes métodos crítico-dialéticos diluem a coisa em si na forma de processos históricos nos quais o homem é (dialeticamente) seu produto e seu produtor.

O método é, desta maneira, parte de uma luta contra o existente, já que ele permite enxergar o homem no núcleo da história assim como a possibilidade de reconciliação humana. O método é, simultaneamente, fruto da luta de classes bem como uma arma nesta mesma luta. A principal categoria para esta interpretação da sociedade é a “alienação”: a realidade é marcada pela desumanidade, entretanto ela nada mais é do que uma auto-produção humana não-consciente de si mesma; deste ponto de vista, o estranhamento característico da sociedade presente é passível de ser superado por meio de um empreendimento teórico e prático de reapropriação desta mesma realidade que realize a auto-consciência e a auto-determinação humanas. Em outras palavras a alienação contém dialeticamente em si mesma o potencial de desalienação.

Contudo, este trajeto compartilhado pelos métodos de Lukács e Horkheimer – denúncia do método burguês e tradicional como momento da reificação/alienação da sociedade a qual deve ser superada – não pode ser exatamente o mesmo, uma vez que eles foram escritos com 14 anos de diferença, nos quais as condições históricas se transformaram profundamente. Nada mais natural para um método que internaliza a historicidade da sociedade realizar uma auto-reflexão que leve em conta tais mudanças. Em vez de partir imediatamente para a categoria “proletariado”, que deverá ser responsável por nos mostrar profundas divergências entre os dois autores, propomos que este projeto passe por um interlúdio histórico que explicite estas transformações das quais falamos acima, em duas frentes: uma referente ao capital e a outra ao trabalho.

Lukács nos diz em “Reificação e consciência do proletariado” (datado de 1923) que ele tem como pressuposto as leituras econômicas de Marx. Horkheimer escreve em 1937, marcado pela reflexão do economista Friedrich Pollock, igualmente ligado ao Instituto de Pesquisa Social. A obra de Pollock busca basicamente apontar a transição fundamental entre o capitalismo privado (o mesmo que Marx analisou no século XIX) e o capitalismo de Estado (fruto da monopolização do capital a partir da virada do XIX para o XX). Na realidade, acredito que a sua obra só pode ser compreendida em um movimento mais amplo que é iniciado por Hilferding e seguido por Bukharin e Lênin no sentido de completar a teorização marxiana acerca do capital para absorver as transformações monopolistas que eles observaram no capitalismo contemporâneo. A reconstrução deste trajeto até a formulação do conceito Capitalismo de Estado me parece fundamental para marcar a diferença nas leituras econômicas pressupostas por Lukács e por Horkheimer.

Além das transformações sobre a dinâmica e a organização do capital, não podemos ignorar as mudanças quanto ao trabalho, o segundo elemento fundamental da leitura econômica de Marx. Helmut Dubiel argumenta que o esforço da Teoria Crítica está profundamente marcado pela derrota do movimento operário alemão a partir de 1933. Neste quadro, não só a classe proletária aparece vitimada por um processo de diferenciação interna (operários-aristocratas vs. lúmpem-proletariado) como também a intelectualidade socialista não encontra mais uma correspondência entre sujeito e objeto do conhecimento que antes era entendida como necessária e transparente por Lukács.

Neste momento, estamos preparados para abandonar o interlúdio histórico e analisar a segunda categoria que articula este projeto, o “proletariado”. Para Lukács, o método dialético – enquanto superação teórica das antinomias do pensamento burguês, além de ser um dos momentos da superação prática da sociedade burguesa – exige um sujeito-objeto idêntico. O método dialético só é possível a partir da perspectiva do proletariado, quando este surge a partir da universalização da forma mercantil na sociedade e se constitui por meio da luta de classes. O método é um momento inseparável da atividade crítica e prática do proletariado. Entende-se, assim, que o método é indissociável da existência social e política da classe proletária. O proletariado, enquanto ser humano tornado mercadoria, é o sujeito e o objeto do conhecimento, ou seja: o seu auto-conhecimento é idêntico ao conhecimento correto da sociedade.

Entretanto, no contexto histórico de Horkheimer, não é mais possível contar com o ponto de vista do proletariado (ele deixou de ser a garantia do conhecimento correto). Neste ponto da investigação, a questão fundamental é como se torna possível realizar a crítica da sociedade capitalista sem a mediação antes fundamental do proletariado (que realizava a interpenetração de sujeito e objeto, superando as dualidades fixas e abrindo espaço para a práxis revolucionária). Como se pode pensar um processo histórico de desalienação que prescinda do sujeito-objeto idêntico? Antes, o método era produto e produtor da luta de classes; agora existe um isolamento por parte da intelectualidade socialista com relação às massas. A transformação histórica implica em uma crítica do Instituto de Pesquisa Social aos elementos hegelianos e luxemburguistas presentes em Lukács (precisamente a interpretação do proletariado como sujeito-objeto idêntico). A categoria “proletariado” foi erodida, desintegrada, dessubstancializada. Como realizar um método dialético a partir deste vazio? Será exatamente a partir deste diagnóstico que a reflexão de Horkheimer vai se dar.

Bibliografia

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FAUSTO, Ruy. Marx: lógica e política. São Paulo: Brasiliense, 1983-1987. Tomos 1 e 2.

GUSMÃO, Luis Augusto Sarmento Cavalcanti. Crítica da ciência em Lukács, Korsch e Habermas. Tese de Doutorado, USP, 1995.HABERMAS, Jürgen. Teoria de la acción comunicativa. Madrid: Taurus, 1987.HILFERDING, Rudolf. O capital financeiro. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

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HORKHEIMER, Max. “Teoria tradicional e teoria crítica” IN Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1983.________ Teoria crítica: uma documentação. São Paulo: Perspectiva, 1990.JAY, Martin. Marxism and totality. The adventures of a concept from Lukács to Habermas. Cambridge/Oxford: Polity Press/Basil Blackwell, 1984. LENIN, Vladimir Ilich. Imperialismo, fase superior
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Buenos Aires: Lautaro, 1941.
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________ Humanismo e terror. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1968.

MESZAROS, Istvan. Teoria da alienação
em Marx. São Paulo: Boitempo, 2006.
MUSSE, Ricardo. De socialismo científico à teoria crítica : modificações na autocompreensão do marxismo entre 1878 e 1937. Tese de doutorado, USP, 1998.NOBRE, Marcos. Lukács e os limites da reificação: um estudo sobre História e Consciência de Classe.
São Paulo: Editora 34, 2001.

POSTONE, Moishe. Time, Labor, and social domination. A reinterpretation of Marx´s critical theory. Cambridge University Presss, 1996.

TEDEIA, Gilberto. Materialismo em Horkheimer nos anos 30. Dissertação de mestrado, USP, 2001.

WIGGERSHAUS, Rolf. A Escola de Frankfurt: história, desenvolvimento teórico, significação política. Rio de Janeiro: Difel, 2002.

Fonte: http://chacombolachas.wordpress.com/2007/04/20/modelos-de-teoria-critica-lukacs-e-horkheimer/

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Educação e Terceira Idade.


Educação e Terceira Idade (ou a aprendizagem da maturidade).

*

Somos os sobreviventes da nossa primeira juventude,
estamos de luto pelo petiz que fomos
e envelhecemos sem crescer.
Pascal Bruckner

Sem querer mistificar a experiência de sensibilidade e de vulnerabilidade que acompanha o processo de envelhecimento a vários níveis, proponho-me neste texto evidenciar a ideia de que todas as etapas e momentos da vida têm os seus pontos fortes e os seus pontos fracos e que, enquanto humanos, é com isso que temos que viver. Com a consciência de que somos seres com limitações mas também, e fundamentalmente, que somos seres com infinitas possibilidades. Ora, do meu ponto de vista, um dos pontos fortes das pessoas da terceira idade, a partir do qual deve ser pensada a sua participação social, é precisamente a relação com o tempo ligada à sabedoria que é própria de uma maturidade serena.

Num mundo que perdeu os seus modelos de socialização e de comportamento, outrora considerados estáveis e seguros, a vida passou a ser encarada como uma luta constante, pelo emprego, pelo êxito pessoal e profissional, pelas condições de bem-estar da família, pela actualização permanente em termos de informação e pela posse de bens de consumo, considerados imprescindíveis à manutenção de certos padrões de vida. E tudo isto sem perder a energia, a saúde e a beleza, de acordo com o ideal de juventude requerido por uma sociedade ferozmente competitiva e narcisista. Um ideal de juventude que foi exaltado de forma excessiva pela famosa "geração de 60", precisamente aquela que agora se encontra na idade adulta. Como denuncia Pascal Bruckner, para esta geração rebelde, impaciente e sedenta de felicidade a todo o custo, a maturidade significava decadência e traição. Não confies em alguém com mais do que trinta anos, gritava um dos slogans de Maio de 68. Ou, recordando as palavras de um dos meus ídolos de juventude, o músico Jim Morrison: queremos o mundo e queremo-lo já! Não é de admirar, pois, que muitos destes slogans tenham sido progressivamente adoptados por uma sociedade consumista que exalta o imediato da fruição, obscurecendo tudo o que na vida exige paciência, tempo e maturação.

Acredito que o verdadeiro sentido da vida está muito para lá do prazer proporcionado pelas coisas do mundo. O amor à vida ganha sentido através dos encontros e dos laços que nos aproximam de outras pessoas. O mundo não é apenas a nossa casa. Nele habitaram, habitam e continuarão a habitar (pelo menos assim o desejamos) outras vidas. E é na experiência de relação, de encontro, de solidariedade e de responsabilidade em relação a essas outras vidas que se vai construindo a nossa identidade humana. E a juventude depende, isso sim, da forma como soubermos manter, em todas as etapas da vida, a disponibilidade para aprender com os outros. A juventude está ligada à hospitalidade do espírito, à disponibilidade para acolher as novidades do tempo, as surpresas da vida e o desconhecido. Mesmo quando sabemos que esse desconhecido pode até ser, naturalmente, a própria morte.

A participação social das pessoas de terceira idade pode ser potenciada nos próprios contextos e áreas de trabalho onde os adultos em questão desenvolveram a sua actividade profissional ou em contextos e áreas novas, dando expressão a desejos outros, impossíveis de realizar durante o chamado período de vida activa. Contrariando assim a experiência de uma reforma vivida como imposição impiedosa quando deveria ser encarada como um momento de liberdade, como mais um momento de liberdade neste nosso devir humano. Como momento em que a sociedade, que consumiu tanto da nossa energia e do nosso tempo, reconhece e legitima o direito de vivermos em plenitude a forma que escolhemos para continuar a exercer os nossos deveres.

Gostaria no entanto de evidenciar, de um modo particular, o contributo precioso que pode ser dado pelas pessoas da terceira idade nos territórios educativos, seja no âmbito de dinâmicas de formação escolar ou de formação extra-escolar. Citando Eduardo Prado Coelho, num universo dominado pela celeridade da informação, é preciso recuperar o sentido da sageza e da experiência que apenas as histórias nos são capazes de dar. Histórias para adormecer, histórias para comer a sopa até ao fim, histórias para seduzir (1997). E quem melhor para nos ensinar a ouvir e a contar histórias do que as pessoas da terceira idade, pessoas capazes de transmitir um conhecimento temperado pela memória do vivido, logo pela subjectividade e pela afectividade. Pode a educação dispensar estas duas dimensões tão próprias do humano?

As extraordinárias oportunidades de desenvolvimento abertas pelas novas tecnologias de nada servirão se sacrificarmos a lição que nos pode ser dada pela mão, pelo olhar, pelo gesto, pelo afecto e pela palavra de quem pode, pessoalmente, dar testemunho de uma vida, de uma experiência e de um conhecimento.

Como educadora, tenho aprendido ao longo da vida que educar é, antes de mais, uma arte de encontro e de comunicação destinada a provocar junto de outros relações positivas com a vida. Ou seja, relações positivas com as pessoas, com a história, com os espaços, com a leitura, com a escrita, com determinado ramo do saber, com a escola, com as regras da sociedade etc. Seja na infância, na adolescência ou na adultez, seja em contexto escolar ou extra-escolar, só se educa verdadeiramente quando tocamos o outro (arrisco a dizer: quando o emocionamos) ao ponto de conseguirmos despertar nele a vontade de aprender, dispondo-se a percorrer o caminho de esforço, de disciplina, de paciência, e de serenidade exigido pela aventura do conhecimento. Como nos lembra Ribeiro Dias (1998), no contexto de uma sociedade educativa, a educação tem que deixar de ser vista como preparação para a vida para passar a ser valorizada como dimensão da própria vida, o que justifica uma maior aproximação entre a educação permanente e a educação comunitária.

Os idosos precisam, e merecem, um outro olhar e uma outra atitude por parte da sociedade, mas a sociedade mais justa, mais solidária e mais humanista que desejamos para este novo século precisa também dos idosos, precisa da sua participação empenhada, da sua lição de vida e do testemunho da sua serena e sábia maturidade. Porque se é verdade, conforme diz o ditado, que a vida são dois dias e que este já conta, é igualmente verdade que a eternidade do tempo cabe em cada segundo em que nos damos inteiros e, desse modo, nos tornamos capazes de produzir e acolher acontecimentos novos.

Por tudo isto, julgo que importa hoje encontrar formas que nos permitam valorizar a participação daqueles que por terem chegado mais cedo a esta vida, podem dar testemunho de uma sabedoria assente nessa verdade tão simples, quanto esquecida: a de que a vida é um bem precioso e frágil e que mais vale viver a favor do que contra o tempo. E, também aqui, o papel dos educadores sociais é fundamental. Enquanto técnicos superiores preparados para conceber e dinamizar projectos pedagógicos com pessoas de todas as idades e numa pluralidade de contextos de trabalho, são com certeza os profissionais melhor posicionados para dar expressão prática à relação enunciada no título deste texto: Educação e Terceira Idade .

Isabel Baptista
Universidade Portucalense

Referências Bibliográficas

  • Bruckner, Pascal. 1996. A Tentação da Inocência. Europa-América.
  • Prado Coelho, Eduardo. 1997. O Cálculo das Sombras. ASA. Porto
  • Ribeiro Dias, José. 1998. A Procura da Sabedoria em Educação in Actas do I Encontro Nacional de Filosofia da Educação. Univ. Minho. Braga

*O texto que aqui se publica constitui uma versão resumida da comunicação apresentada no IV Congresso Luso Espanhol "A Terceira Idade e o Mundo do Trabalho" (Porto, Nov.2000)

Fonte: http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=1332

Fique agora, com um artigo em vídeo sobre a teerceira idade. Alexandre Rivero
(www.oconsultorio.com Fone: 2274-8217) fala no Espaço e Vida apresentação de Nice Passos, sobre: Terceira Idade, Memória, Neuropsicologia, Depressão, Ansiedade, Psicologia, Terapia e Reabilitação Cognitiva. Esta entrevista está dividida em 2 partes. Para se ter acesso a elas basta clicar, no menu desta tela virtual.
Comente, de sugestões participe. Pois sua opinião é muito importante.

De: alexandrerive
Memória, Terceira Idade, Afetividade e Depressão


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