quinta-feira, 25 de agosto de 2011

EVENTOS NA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNICAMP

SETADUPLA  
EVENTOS NA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNICAMP

SEMINÁRIO
Tendências curriculares na formação do universitário: a visão dos estudantes da Unicamp
Convidados:
TRANSPProfa Dra Elisabete Monteiro de Aguiar Pereira
TRANSPProfa Tania Alencar de Caldas
TRANSPProfa Joyce Wassem
Data: 26 de agosto de 2011
Horário: 9h
Local: Sala da Congregação da FE
Realização: Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Superior (GEPES)
SETADUPLASESSÃO DE COMUNICAÇÃO EM HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
Tema: Roque Maciel Spencer de Barros: o liberalismo e a educação
Convidado:
TRANSPProf. Dr. Paulino José Orso
Data: 26 de agosto de 2011
Horário: 14h
Local: Sala de Videoconferência da FE
Realização: Grupo de Pesquisa Histedbr
Obs: Pela primeira vez, uma sessão de comunicação será transmitida para as demais salas de videoconferência que tiverem interesse em participar e também estará aberta para acessar via internet desde os computadores pessoais.
SETADUPLA OFICINA
Elaboração de Projetos de Pesquisa: Fundamentos lógicos
Data: dias 26 e 27 de agosto de 2011 (sexta-feira e sábado)
Horário: das 8 às 12 e das 14 às 18 horas
Local: Salão Nobre da FE
Coordenação: Prof. Dr. Silvio Sánchez Gamboa.
Realização: Grupo de Pesquisa PAIDEIA
Maiores informações <clique aqui>
Inscrições antecipadas (150 vagas limitadas):
http://www.fae.unicamp.br/informatica/dform-dev/gera.php?form=ofgamboa

SETADUPLAPALESTRA
Integrações curriculares
Convidadas:
TRANSPProfa Márcia Regina Selpa - FURB Universidade de Blumenau: Integração curricular em cursos na área da saúde
TRANSPProfa Dra. Dirce Djanira Zan - FE/Unicamp: Integração curricular em cursos de licenciaturas
Data: 29 de agosto de 2011
Horário: das 19 às 21h30
Local: Sala da Congregação da FE
Realização: Grupos de Pesquisa Praesa e Violar
SETADUPLA AULA ABERTA
Desempenho acadêmico e sucesso na transição do trabalho: contributos da autoeficácia
Convidada:
TRANSPProfa. Dra. Diana Vieira (Instituto Politécnico do Porto - Portugal)
Data: 30 de agosto de 2011
Horário: das 15 às 17h00
Local: Salão Nobre da FE
Realização: Núcleo de Estudos Avançados em Psicologia Cognitiva e Comportamental  - NEAPSI

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Av. Bertrand Russell, 801 Cidade Universitária "Zeferino Vaz"
Campinas - SP - Brasil CEP 13083-865
Fone/Fax: 55 19 3289-1463
e-mail: dirfe@unicamp.br
 

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Intuição e Inspiração

 fonte da imagem http://espiritualizarpazeluz.blogspot.com/2011/05/continuando-tema-intuicao-e-inspiracao.html

Intuição e Inspiração

Sérgio Biagi Gregório


1. CONCEITO DE INTUIÇÃO

A palavra intuição (do latim in tueri = ver em, contemplar) significa um conhecimento direto, imediato do conjunto de qualidades sensíveis e essenciais dos objetos e de suas relações, sem uso do raciocínio discursivo (1).
2. TIPOS DE INTUIÇÃO
Dentre os vários tipos de intuição, destacamos três:
1º) intuição sensível ou empírica: visão da laranja;
2º) intuição intelectual: o todo é maior que as partes;
3º) intuição metafísica: intuição de Deus.
Em filosofia, aceita-se somente a intuição intelectual, porque  é a única que se pode provar (1).
3. INTUIÇÃO INTELECTUAL
Intuição é um ato simples, por meio do qual captamos a realidade ideal de algo.

Intelectual refere-se ao trânsito ou à passagem de uma idéia à outra, àquilo que Aristóteles desenvolve sob a forma de lógica.

Assim, intuição e intelectual são termos que se excluem, que se repelem.

O essencial no pensamento de Fichte, Schelling e Hegel é considerar a intuição como método da filosofia. E por que consideram a intuição intelectual como método da filosofia?

Porque dão à razão humana uma dupla missão:

1ª) penetrar intuitivamente na essência das coisas;
2ª) partindo dessa intuição intelectual, construir, de modo puramente apriorístico, toda a armação, toda a estrutura do universo e do homem dentro do próprio universo (2).
4. FATORES FAVORÁVEIS À MANIFESTAÇÃO DA INTUIÇÃO 
1º) - Desejar imperiosamente solucionar o problema.
2º) - Acumular ricos conhecimentos práticos e teóricos.
3º) - Trabalhar e pensar longa e intensamente.
4º) - Passar rapidamente de uma atividade à outra.
5º) - Ter a mente flexível e aberta ao novo.
5. CONHECIMENTO INTUITIVO E CONHECIMENTO CIENTÍFICO
A distinção entre ambos pode ser expressa da seguinte forma: enquanto o conhecimento intuitivo se reduz a um ato, simples e individual, o conhecimento científico resulta de um processo complexo de análise e de síntese.

o conhecimento intuitivo consiste em um ato de experiência sensível ou espiritual, já o conhecimento científico toma a experiência como primeiro passo ou estágio inicial de um longo processo de pesquisa.

o conhecimento intuitivo é de ordem subjetiva, enquanto o conhecimento científico fundamenta-se na objetividade e na evidência dos fatos, e, porque essa objetividade e evidência são demonstradas lógica ou experimentalmente, o conhecimento científico adquire o caráter objetivo de validade geral e independente de intuições (3).
6. INTUIÇÃO, RAZÃO E ESPIRITISMO
O conhecimento vindo através do intelecto nos faz apreender o mundo ambiente, ao passo que a intuição nos dá o discernimento das coisas divinas;

O conhecimento intelectual se estriba na razão que mediu, pesou, dividiu, analisou, concluiu;

A intuição, porém, se apóia na fé, porque somente crê e confia. O campo da razão vai até onde a inteligência alcança, mas o da intuição não têm limites, porque é o campo da consciência universal. Por isso, às vezes diz “sim”, quando a intuição diz “não”; uma fala “prudência”, a outra ordena “confiança”; uma diz “raciocina primeiro”, mas a outra determina “crê e segue” (4).
7. CONCEITO DE INSPIRAÇÃO
Inspiração - do latim inspiratio do verbo aspiro, soprar para dentro. Segundo o Dicionário Aurélio, qualquer estímulo ao pensamento ou à atividade criadora.

Na aspiração, quando o espírito humano, no seu dinamismo, dirige a um valor puro, como liberdade, justiça, a aspiração torna-se inspiração.

Fala-se muito na inspiração dos artistas, esse misterioso poder de criação espontâneo, que parece como se uma potência exterior viesse em auxílio daquele.
Muitos artistas realizam obras num estado de mínima consciência, apercebendo-se do que fizeram quase no fim ou no término do que encetaram. Alguns chegam a afirmar um caráter de mediunidade, como se o artista não passasse de um instrumento dócil às mãos de um ser misterioso que o guiasse na realização de sua obra, como Mozart que ouvia os seus concertos, num só ato, escrevendo-os, depois, por memorização (5).
8. MÉDIUNS INTUITIVOS E MÉDIUNS INSPIRADOS
Médiuns Intuitivos: o papel desta categoria de médiuns é ser intérprete dos Espíritos. Enquanto o médium mecânico age como uma máquina, o  médium intuitivo, para transmitir o pensamento, deve primeiramente compreendê-lo, para depois apropriar-se dele e traduzi-lo fielmente, embora esse pensamento não seja o seu.

Médiuns Inspirados: é uma variedade da mediunidade intuitiva, entretanto a intervenção de um poder oculto é ainda bem menos sensível, ou seja, no inspirado é mais difícil distinguir-se o pensamento próprio daquele que lhe é sugerido. O que caracteriza  este último é sobretudo a espontaneidade (6).
INTUIÇÃO, INSPIRAÇÃO E MEDIUNIDADE
Intuição significa um conhecimento direto, imediato  do conjunto das qualidades sensíveis e essenciais dos objetos e  das suas relações, sem uso do raciocínio discursivo. Inspiração  quer dizer  soprar  para dentro. É o estado de exaltação  emotiva,  de íntima e misteriosa iluminação, em que, pela intuição estética, o artista  apreende  o  seu  objeto  de  modo  impreciso,  mas   em plenitude.
Por  essas  definições depreende-se que na  intuição  o indivíduo busca o conhecimento por si mesmo, penetrando-o através de  seus  próprios  esforços. Por outro lado,  na  inspiração,  a descoberta vem espontaneamente, transparecendo em muitos artistas a  existência  de uma percepção  extra-sensorial  -  mediunidade. Muitos  realizam  suas obras num estado de   mínima  consciência, como  é  o caso de Mozart, que depois do  êxtase,  escrevia  seus acordes de cor.
Teoricamente não é difícil separar esses dois conceitos. Mas como precisar, com certeza, onde começa um e onde termina  o outro? A doutrina dos Espíritos, codificada por  Allan Kardec, fornece-nos uma luz. De acordo com seus postulados, estamos envoltos pela presença de Espíritos, que tanto podem influenciar-nos  para o bem quanto para o mal. Neste  sentido, o insight de uma descoberta poderia, perfeitamente, provir do sopro de um Espírito amigo.
No desenvolvimento desses raciocínios, o homem de gênio poderia  ser apontado como o ser exclusivamente  intuitivo.  Isso não é impossível, visto  que  ele,  em outras   encarnações, conquistou,  através  dos próprios esforços, condições  para tal fim.  Mesmo  assim, não se invalida a influência exercida  pelos bons  Espíritos. Estes podem  utilizar-se da matéria cerebral do gênio e comunicar-lhe as invenções necessárias para a evolução da humanidade.
No  estudo da psicografia, Kardec usa os termos médium intuitivo  e médium  inspirado.  O médium  intuitivo escreve e percebe que as idéias são do Espírito comunicante e com o médium inspirado isto não ocorre. Afirma, ainda, que o segundo é um caso especial do primeiro. Ele considera a intuição e  a  inspiração como  mediunidade, ao  contrário dos filósofos, que tratam da intuição como sendo uma abstração do próprio sujeito cognoscente.
Excluindo-se a terminologia exclusivamente mediúnica de Kardec, podemos dizer  que a intuição refere-se ao  fenômeno anímico, enquanto a inspiração, ao fenômeno mediúnico. Estejamos atentos para separar um do outro.
QUESTÕES

Qual o conceito de intuição?
Qual o conceito de inspiração?
Quais são os fatores favoráveis à manifestação da intuição?
Como se distingue o conhecimento intuitivo do conhecimento científico?
O que distingue o médium intuitivo do médium inspirado?
TEMAS PARA DEBATE

A intuição vai além da razão. Ela se apoia na fé?
O campo da razão vai até onde a inteligência alcança, mas a intuição não tem limites. Comente.
Em termos mediúnicos, é possível separar a intuição da inspiração? Como?
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

(1) BAZARIAN, J. Intuição Heurística: Uma Análise Científica da Intuição Criadora. 3. ed. São Paulo: Alfa-Omega, 1986.
(2) GARCIA MORENTE, M. Fundamentos de Filosofia - Lições Preliminares. 4. ed. São Paulo: Mestre Jou, 1970.
(3) RUIZ, J. A.  Metodologia Científica - Guia para Eficiência nos Estudos. São Paulo: Atlas, l979.                  
(4) ARMOND, E. Mediunidade - Seus Aspectos, Desenvolvimento e Utilização. 17. ed. São Paulo: Aliança, 1977.
(5) SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed. São Paulo: Matese, 1965.
(6) KARDEC, A. O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Doutrinadores. São Paulo:Lake, [s.d.p.]
São Paulo, fevereiro de 1998



http://www.ceismael.com.br/filosofia/intuicao-e-inspiracao.htm


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A Violência E O Sagrado (René Girard




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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A Violência E O Sagrado (René Girard



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AMIZADE E QUALIDADE DE VIDA WALDEMAR MAGALDI



Prof. Dr. Waldemar Magaldi é entrevistado por Nice Passos no programa Vida em Foco, exibido em 10/12/2009, comentando a respeito da importância das amizades para a qualidade de vida, proporcionando longevidade e saúde psíquica e física da humanidade. Sempre na ótica da psicologia junguiana e da psicossomática.


PUBLICADO POR:
magaldi
http://mais.uol.com.br/kr6s8jcccogw

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DINHEIRO, SAÚDE E SAGRADO - WALDEMAR MAGALDI



http://mais.uol.com.br/view/7783

PUBLICADO POR:
magaldi
http://mais.uol.com.br/kr6s8jcccogw





FUNDAMENTADO NOS CONCEITOS DA PSICOLOGIA PROFUNDA E DA MECÂNICA QUÂNTICA O LIVRO DESVENDA A RELAÇÃO ENTRE “DINHEIRO, SAÚDE E SAGRADO”

Focado nas questões essenciais para a sobrevivência do ser humano moderno, inserido em uma realidade cada vez mais competitiva, capitalista e desigual, onde as pessoas dão mais importância àquilo que possuem do que ao que elas verdadeiramente são, Waldemar Magaldi (psicólogo, doutor em ciências da religião e especialista em Psicologia Junguiana, Psicossomática e Homeopatia) aparece para quebrar paradigmas e trazer compreensões e reflexões entre o dinheiro, a saúde e o sagrado.

Seu objetivo principal é apresentar um mundo mais amoroso e integral, mostrando aos homens as relações que o dinheiro estabelece, consciente e/ou inconscientemente, com o sagrado, a saúde, a salvação e os outros tipos de demandas e fenômenos culturais tão presentes hoje nas questões existenciais da humanidade. Neste livro Magaldi pretende contribuir para o entendimento de que o dinheiro é, para o ser humano contemporâneo, uma fonte inesgotável de energia e de transformações, além de almejar que ele sirva de estímulo para que os leitores também se interessem pelas várias implicações do dinheiro, possibilitando a busca do equilíbrio pessoal e do autoconhecimento.

A leitura do livro desencadeia diálogos, debates e ampliação da consciência, proporcionando condições para que seus leitores compreendam temas complexos abrangendo: comportamento, psicologia, economia, autoconhecimento, mecânica quântica, religiões e saúde física, metal, familiar, profissional, social ou espiritual. Além disso, é praticamente inevitável o surgimento da reflexão existencial e suas correlações entre a auto-sustentabilidade e qualidade de vida tão atuais neste momento da crise do aquecimento global.

O livro “Dinheiro, Saúde e Sagrado” é enfocado para o autoconhecimento e não para a auto-ajuda. Abrangendo informações que incluem vários saberes científicos como antropologia, história, religiões, psicologia, economia, política e medicina. Seu conteúdo abrange várias situações da atualidade incluindo os excessos e abusos relacionados com as religiões, o trabalho, a moda entre outras situações que levam uma grande parte de pessoas irem ao shopping para comprar o que não precisam com o dinheiro que não possuem com intuito de impressionar quem não conhecem.
fonte:Waldemar Magaldi Filho


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O psicólogo suíço Bernard Schneuwly diz que os professores precisam de material didático para trabalhar com leitura e escrita


Entrevista com Bernard Schneuwly

O psicólogo suíço Bernard Schneuwly diz que os professores precisam de material didático para trabalhar com leitura e escrita

Denise Pellegrini (dpellegrini@abril.com.br)
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Bernard Schneuwly. Foto: Rogério Albuquerque
Bernard Schneuwly. Foto: Rogério Albuquerque
Você pode não conhecê-lo pelo nome, mas o trabalho do suíço Bernard Schneuwly, professor da Universidade de Genebra, já deixou de ser novidade há algum tempo, principalmente para quem leciona Língua Portuguesa. Suas idéias sobre gêneros e tipos de discurso e linguagem oral estão nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Desde a década de 1980, o psicólogo de 49 anos, doutor em Ciências da Educação, pesquisa como a criança aprende a escrever. Os estudos resultaram na criação de seqüências didáticas para ensino de expressão escrita e oralidade. Os conceitos presentes nesse material didático se difundem aos poucos no Brasil. Schneuwly vem colaborando com a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em trabalhos na área e pesquisadores da instituição estão publicando uma coleção com seqüências didáticas inspiradas no modelo suíço. A seguir, os principais trechos da entrevista que ele concedeu a NOVA ESCOLA.
O que seus estudos propõem de novo no ensino da língua?
Bernard Schneuwly
 Colocamos a questão da comunicação no centro do ensino da língua materna. Esta é a mudança mais significativa: dar às crianças mais possibilidades de ler, de escrever textos, de aprender gramática e ortografia em função da comunicação.
As aulas de gramática devem ser dadas em função dos textos? 
Schneuwly
 É essencial ensinar as crianças a ler e a produzir textos. Quando começam a estudar elas têm de realizar essas tarefas e, de maneira geral, não se dá importância suficiente à questão. Isso não significa deixar de dar também um pouco de gramática à parte. É possível fazer isso analisando sentenças complexas extraídas dos próprios textos. Há ainda uma outra maneira, mais forte na Suíça: pedir que os estudantes escrevam sentenças que depois são usadas para análise e aprendizado.
Quanto tempo da aula deve-se dedicar à gramática?
Schneuwly
 Em meu país, e eu sei que aqui acontece o mesmo, cerca de 70% ou 80% do ensino da língua corresponde a gramática e ortografia e apenas 20% ou 30% a leitura e escrita. Temos trabalhado para chegar a um equilíbrio. Além disso, acho que há gramática demais nas séries iniciais e de menos nas finais. Na Suíça, depois do ensino elementar, os estudantes aprendem apenas literatura. Mas há problemas gramaticais complexos que poderiam ser estudados por jovens de 16, 17, 18 anos.

Por que há um peso maior em ortografia e gramática?
Schneuwly
 Porque é mais fácil dar aulas sobre esses dois temas. Existem livros didáticos e dicionários disponíveis. No entanto, muitos educadores não sabem o que fazer no momento de trabalhar leitura e escrita. Eles precisam de material para isso.

É o trabalho que o senhor vem desenvolvendo na Suíça? Schneuwly Sim. Em 1990 houve uma demanda oficial do governo para que o grupo de pesquisa do qual faço parte criasse um material que ajudasse a ensinar expressão escrita e oralidade. Ao mesmo tempo os docentes diziam, em congressos, que precisavam lecionar comunicação mas não tinham métodos. O fato de os professores terem pedido mudanças foi muito importante. Era sinal de que eles estavam prontos para adaptar-se. Mais do que se tivesse havido uma imposição.

Como é o material? Schneuwly São quatro volumes. Um destinado para 1ª e 2ª séries, um para 3ª e 4ª, outro para 5ª e 6ª e o último para 7ª , 8ª e 9ª. Em todos eles há uma apostila que deve ser usada pelo aluno e outra pelo professor, escrita para que ele possa usá-la sem dificuldade, com apenas um dia de treinamento. São cerca de 40 seqüências didáticas para diferentes tipos de texto: científico, ficção científica, histórias de aventuras, crítica literária, entre outros.

A oralidade também é trabalhada?
Schneuwly
 Sim. As crianças a desenvolvem ao fazer uma entrevista, participar de um debate ou expor um tema para uma platéia, por exemplo.

Recursos como esses conseguem mudar o trabalho do docente? Ou ele precisa de mais formação?
Schneuwly
 Esse é um problema importante e sua solução deve levar um longo tempo. Há dois pontos envolvidos. Um é a formação inicial. A nova geração tem uma educação melhor e consegue trabalhar da maneira que propomos com mais facilidade. Por outro lado, há a necessidade de formar aqueles que já estão na ativa, que são numerosos. Com o material em mãos, a capacitação pode se dar na teoria e na prática.

Como as seqüências são usadas?
Schneuwly
 A criança entra em contato com vários gêneros de texto que serão vistos novamente no futuro. Na primeira vez que estuda entrevista, por exemplo, ela está no 4º ano. Nessa fase, conhece técnicas simples e vai entrevistar um funcionário do colégio. Ela prepara o questionário mas aprende que, se formular as questões espontaneamente, conseguirá melhor resultado. Uma folha pode ser levada com a relação de perguntas de um lado e, no verso, palavras-chave. A consulta será feita só se houver problemas. Outra dica é perguntar algo sobre o que o entrevistado acabou de falar, e não apenas emendar uma questão da lista na outra.

Quando esse mesmo tema será visto novamente?
Schneuwly
 No 8º ano, só que com técnicas mais elaboradas. Nessa fase, os alunos estão estudando os diferentes modos de falar. Por isso, têm que entrevistar estrangeiros que aprendem francês em Genebra, ou especialistas em oralidade, como um padre ou um advogado. Eles vão ouvir, ler, analisar, observar, comparar, fazer, escrever. Vão aprender também como redigir a abertura do artigo, apresentando o entrevistado. Nosso método leva à análise e à produção de um gênero.

O programa se desenvolve em forma de espiral?
Schneuwly
 Exatamente. O estudante vê determinado gênero uma vez, depois uma segunda e, às vezes, até uma terceira. Debates, por exemplo, são estudados na 3ª, na 6ª e na 9ª séries. A primeira coisa que ele aprende é a ouvir o que está sendo dito. Isso porque é importante usar o que o interlocutor disse, integrando as palavras dele ao seu próprio discurso. Outra coisa: se uma pessoa fala algo que deve ser contestado, isso deve ser feito de maneira não agressiva. São muitas as técnicas.

Aprendemos, de maneira natural, os gêneros orais primeiro. Nas aulas eles devem ser ensinados antes dos escritos?
Schneuwly
 Eles podem ser vistos ao mesmo tempo. A escola não ensina a falar. E os brasileiros, particularmente, se expressam muito bem. As crianças daqui são fantásticas! O que precisamos é prepará-las para situações formais, como um debate, uma exposição para um grupo. Para nós, pode começar ao mesmo tempo, porque a escrita ajuda a oralidade e vice-versa.

A psicolingüista argentina Emilia Ferreiro defende há mais de 20 anos a utilização de textos variados, principalmente em substituição à cartilha. Há relações entre as idéias defendidas por ela e as suas? Schneuwly Acho que dizemos a mesma coisa com outro nome. Talvez uma diferença esteja no fato de que nós, quando trabalhamos com um gênero, nos aprofundamos bastante nele. Isso leva uma semana, duas, até quatro. Uma outra possível diferença é que Emilia Ferreiro trabalha apenas com os pequenos e nós, até com os adolescentes. Mas as idéias provavelmente não são contraditórias. O importante é que os gêneros representam textos como são vistos nas situações diárias.

Existe um tipo de texto que só é visto na sala de aula?
Schneuwly
 Quando você aprende um gênero durante as aulas ele sai da situação social e se transforma num gênero escolar. Uma entrevista feita nessa situação não é a mesma coisa que uma realizada por um profissional. Para nós não há problema nisso, porque acreditamos que a escola é uma instituição social onde as pessoas aprendem. Então, é absolutamente necessário que faça adaptações. Emilia Ferreiro critica as cartilhas por serem textos que não existem fora da classe. Não concordo com ela nesse ponto.

Por quê? Isso não é verdade?
Schneuwly
 A idéia de Ferreiro é velha porque parece ruim haver diferença entre a vida real e a escola. É claro que não deve haver uma grande diferença. Mas alguma, sim. Na escola há uma situação social real para a aprendizagem. Lá pode-se correr riscos e cometer erros. Um jornal serve para informar as pessoas. Se você o leva para a sala de aula, ele não está lá mais para esse fim, mas para ser aprendido. Queiramos ou não, não é mais o mesmo contexto social.

Quando um professor leva diversos materiais para a sala de aula, está trabalhando com diferentes gêneros de texto?

Schneuwly
 Não. Gênero é a forma mais ou menos convencional que um texto assume: uma entrevista, uma receita culinária, uma história de aventura. Quando você lê um jornal, por exemplo, há muitos gêneros dentro dele e a criança tem que aprender isso.

Gêneros são conteúdos ou ferramentas de trabalho?
Schneuwly
 São os dois. É muito fácil explicar isso quando se pega uma receita culinária. Ela é um gênero, tem uma certa forma lingüística, uma estrutura, um vocabulário, mas ao mesmo tempo é, claro, uma ferramenta usada numa situação de comunicação. Transmite a uma pessoa como se prepara uma omelete, por exemplo. Sem essas formas estabelecidas, a comunicação seria muito complicada. Se você não soubesse como é uma entrevista, como seria nossa comunicação nesse momento?

Os estudantes expostos a essa metodologia aprendem mais do que a ler e escrever de maneira adequada?
Schneuwly
 Com certeza. Por exemplo, quando os ensinamos a escrever uma carta para um jornal sabemos que, provavelmente, eles não terão necessidade de produzir muitos textos desse tipo. Mas, nesse processo, aprenderão também a argumentar. Eles adquirem capacidades, principalmente capacidades gerais de comunicação.
Quer saber mais?
Os Gêneros Escolares: das Práticas de Linguagem aos Objetos de Ensino, Bernard Schneuwly e Joaquim Dolz, Revista Brasileira de Educação, nº 11, maio a agosto de 1999, Anped, tel.             (21) 2234-5700      

Coleção Trabalhando com os Gêneros do Discurso
 (Conto de Fada, 64 págs., Narrativa de Enigma, 116 págs., Fábula, 88 págs., Notícia, 96 págs.), Jacqueline Peixoto Barbosa (coord.), Ed. FTD, tel. 0800 15-8555. 13,50 cada um 
Publicado em NOVA ESCOLA Edição 207NOVEMBRO 2007. Título original: O ensino da comunicação


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