A PAIDÉIA
GREGA E A EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA

INTRODUÇÃO
O presente artigo procura em seu desenvolvimento apresentar aos seus
respectivos leitores o quão importante foi à metodologia de ensino aplicada na
Grécia antiga e o verdadeiro objetivo que permeava tal concepção pedagógica.
Também neste breve texto é encontrada a figura de uma das personalidades mais
intrigantes da humanidade, Sócrates. Como e porque ele conseguia tantos adeptos
aos seus ensinamentos? O que Sócrates possuía de tão cativante para os seus
interlocutores? Qual era o segredo que ele possuía para ser um grande pedagogo
em sua época? E como é vista a educação e nossos educadores nos dias atuais? O
que falta para despertar em nossos alunos o senso de pertença do ensino como
força transformadora da realidade vigente? As respostas para tais indagações
serão encontradas ao longo deste peregrinar nos caminhos da sabedoria que hoje
se inicia com esta pesquisa.
1. A EDUCAÇÃO GREGA COMO EXEMPLO PARA OS
DIAS ATUAIS
Ao se fazer uma analise sobre a formação do homem grego na antiguidade para
servir de comparativo com a atual educação, nota-se algo muito curioso. E que
seria o quanto perdemos com o passar dos séculos no quesito educação de
qualidade. Ou pelo menos o sentido mais puro e verdadeiro que por traz deste
ideal estaria. A educação grega em seus primórdios e principalmente em seu auge
já era muito avançada em relação aos tempos atuais. Faz-se necessária a
explicação de que tal comparativo não leva em conta a gama de conhecimentos que
hoje se tem e nem muito menos as várias tecnologias. Mas sim o "espírito
grego" - como diria Werner Jaeger - o desejo, a vontade de evoluir e com
qualidade e principalmente assegurar tal desejo e condições para as gerações
futuras. Era o mais puro desejo de educar para o bem, pois eles sabiam que
cuidando bem de suas futuras gerações teriam um futuro bem assegurado. Quanto
melhor educadas as pessoas melhor o Estado Grego seria administrado. Pois,
"o Estado Grego, cuja essência só pode ser compreendida sob o ponto de
vista da formação do homem e de sua vida inteira..." (JAEGER, 2003, pag.
14). Em outras palavras, os gregos antigos tinham como ideal aquela preocupação
com a formação de seres humanos integrais e de modo pleno. Para Werner Jaeger
(1888 ? 1961) grande filólogo alemão e que escreveu uma belíssima obra
intitulada "Paidéia ? A formação do homem Grego" de 1936, era esta a
intenção primeira dos gregos antigos, um constante aperfeiçoar-se e isso
obviamente teria seu reflexo nas gerações posteriores. E se tal fato não fosse
real, já haveria se perdido nos porões do esquecimento da história da
humanidade. O que ocorre é que os sintomas da assim chamada "Paidéia"
estão presentes na cultura ocidental até os dias atuais, ou pelo menos o que
sobrou de tal ideal.
Contudo essa história vivida já teria desaparecido há longo tempo se o homem
grego não tivesse criado a sua forma perene. Criou-se como expressão da
altíssima vontade com que trabalhou seu destino. Nos estádios primitivos de seu
crescimento não teve a idéia clara dessa vontade; mas, á medida que avançava no
seu caminho, ia-se gravando na sua consciência, com clareza cada vez maior, a
finalidade sempre presente em que sua vida se assentava: a formação de um
elevado tipo de homem (JAEGER, 2003, pag. 7).
Basicamente o que ocorreu foi à evolução gradual da mentalidade das pessoas
referentes à educação e que resultou na construção de um individuo integral,
completo e bem estruturado. O que este antigo e precioso sistema de ensino
pretendia era "colocar os conhecimentos como força formativa a serviço da
educação e formar por meio deles verdadeiros homens, como o oleiro modela a sua
argila e o escultor as suas pedras..." (Cf. JAEGER, 2003, pag. 13). Talvez
tal comparação entre escultor e oleiro se deva ao fato de existir uma
observação do cotidiano e de como construir uma educação que se aplica
perfeitamente a esta realidade. Um exemplo clássico é o próprio surgimento da
filosofia que em primeiro momento era uma forma de explicar os fenômenos
naturais e as relações que mantinham com os seres humanos. A esta filosofia e
aos seus seguidores ficou-se rotulados como filósofos da natureza. Pois era uma
forma de edificar o ser humano, para estar atento a realidade e assim torná-lo
capaz de desvendar o universo. Portanto, isto tem a ver "com a educação
ser um processo de construção consciente do ser humano" (JAEGER, 2003,
pag. 13).
O método grego de educação foi tão importante que até em outros períodos da
história, incluso o nosso, foi e é observado, interpretado com admiração.
Finalmente teve a pedagogia grega enorme energia procriadora. A civilização
ocidental volta vistas, periodicamente para ela, como ocorreu na Renascença e
no século XVIII e como, em parte, ocorre em nossos dias. Essa faculdade
criadora tem sido interpretada de varias maneiras, quase todas, porém
coincidentes no reconhecer-lhe valor humanístico, de afirmação da personalidade
livre sobre todas as circunstancias políticas (LUZURIAGA, 1985, pag. 44).
É preciso ainda salientar que não se trata aqui de um saudosismo, mas si, um
exemplo clássico de como foi vista e definida a educação para os antigos.
Educar, para eles era algo muito mais profundo, precioso e que infelizmente com
o passar dos séculos foi-se perdendo tal ideal. E para a humanidade este é um
grande prejuízo. Nas palavras de Schmitz "o homem é um eterno
insatisfeito. Ele quer a perfeição. Ele quer o absoluto. E sempre continua
procurando" (SCHMITZ, 1984, pag. 183). A busca de superação é inerente ao
ser humano de todas as épocas, bem como sua sede de conhecimento e as duas são
semelhantes à necessidade de respirar. Ou seja, se o ser humano não respira ele
morre, se não conhece e com isso se supera, definha até o seu aniquilamento
total. A perda, portanto, de uma educação cuja única meta é a edificação do
homem leva-o para longe da sua grande vocação que é ser mais do que foi ontem.
Se não fosse assim os seres humanos não haveriam conquistado e destruído reinos
e assimilado suas culturas e impostas outras ao longo dos séculos. Nem teriam
feito as descobertas dos assim chamados "Novos mundos" antes
inimagináveis. Por sua vez o ser humano haveria conquistado o espaço.
Enfim o desejo de saber o que está do outro lado do muro é natural, intrínseco
e arraigado no cerne da humanidade. Arrancar isso ou pelo menos plantar idéias
falaciosas neste terreno fértil e abundante é o mesmo que aniquilar a vida da
humanidade.
2. A FIGURA DE SÓCRATES
Como foi visto apriori os gregos ao longo de sua história e principalmente com
mais efervescência no século IV antes de Cristo, desenvolveram um ideal de
transformação de sua sociedade por via do ensino. Para eles a educação era
muito mais do que apenas um comércio com finalidade lucrativa. Pelo contrário a
educação para os gregos era a oportunidade de construir indivíduos integrais.
Ou seja, as pessoas tinham a oportunidade de desenvolver suas várias
possibilidades nos locais de ensino da época. As pessoas aprendiam sobre
poesia, filosofia, matemática, geometria, astronomia, medicina, artes, esportes
etc. Parece muito com o nosso curriculum nos dias de hoje, no entanto esta é
uma visão que já existia na Grécia a muitos e muitos séculos atrás. E o que
tornava o ensino de tantas diciplinas agradável era o método de ensino claro,
objetivo e fundamentado.
A principal característica dessa nascente pedagógica é a claridade e
transparência, como sucede com quaisquer correntes tomadas na fonte. As idéias
aparecem expostas de forma essencial, elementar, isto é, em seus fundamentos.
Daí seu valor pedagógico, didático, clássico (LUZURIAGA, 1985, pag. 44).
Pois bem, é neste contexto fabuloso e próspero da humanidade e que deixou suas
marcas na civilização ocidental até os nossos dias que se insere a
personalidade de Sócrates.
Sócrates (469 ? 399 a. C) nasceu em Atenas e lá morreu é considerado por
historiadores e filósofos como um dos grandes responsáveis pela criação da
filosofia ocidental como a conhecemos hoje. Também é conhecido como um dos três
nomes da filosofia grega antiga juntamente com Platão seu discípulo e
Aristóteles.
2.1 TESTEMUNHOS
Sócrates, porém, nada deixou escrito de próprio punho para a posteridade. Tudo
o que sabemos sobre seus feitos são por via de três contemporâneos seus:
O primeiro é o próprio discípulo Platão (428/ 427 ? 348/347 a. C) ateniense e
fundador da Academia de Atenas no ano de 387 a. C. em Atenas. Platão retrata a
figura de Sócrates em suas obras: "Defesa se Sócrates" ou
"Apologia de Sócrates", em seus diálogos "O Banquete",
"Fédon", "Sofista", "Político" e por ultimo, mas
não menos importante na "A República".
Outros testemunhos são relatados por outro discípulo de Sócrates, Xenofonte
(430 ? 355 a. C) historiador de seu tempo escreve duas obras de suma
importância sobre a manifestação de Sócrates em seu tempo, são elas:
"Ditos e feitos Memoráveis de Sócrates" e a "Apologia de
Sócrates".
E por ultimo temos Aristófanes (447 ? 385 a.C) dramaturgo grego e que escreveu
diversas obras e dentre elas "As Nuvens" na qual satiriza a pessoa de
Sócrates, visto que Aristófanes e Sócrates eram inimigos.
Enfim, é por via dos escritos destes celebres homens é que podemos ter acesso a
real identidade deste Proto Filósofo, um filosofo anterior. Ou seja, Sócrates.
Sócrates era filho de um oleiro e de uma mãe parteira. Era casado com Xântipe,
que segundo alguns historiadores, era cerca de quarenta anos mais nova do que
ele. Sócrates com Xântipe teve três filhos Lamprocles, Sophroniscus e
Menexenus.
2.2 A MAIÊUTICA SOCRÁTICA
Por Maiêutica entende-se o método socrático de ensino e persuasão que nada mais
era do que um "jogo" de perguntas e respostas aos interessados. Tal
movimento dialético levava os interlocutores para o caminho que Sócrates deseja-se
que eles caminhassem, ou seja, o conhecimento total das coisas. Este método por
vezes era constrangedor por que as pessoas se julgavam conhecedoras plenas
daquilo que praticavam. No entanto, quando perguntadas sobre os fundamentos de
suas ações e percebiam que nada sabiam se sentiam inquietas e medíocres.
O significado de tal palavra é "dar a luz", ou seja, essa idéia de
fazer as pessoas parirem intelectualmente vem possivelmente da comparação que
fazia com a profissão de sua mãe, parteira. Ele por sua vez grego - e como
muitos em sua época um bom observador da realidade ? desenvolveu de imediato um
método simples de perguntas e respostas. A maiêutica como assim ficou rotulada
era uma forma muito simples de fundamentar as argumentações dos presentes em
uma educação.
Sócrates, portanto, em relação ao "parto das idéias", maiêutica era
uma espécie de médico, não do corpo, mas do espírito. Sua preocupação principal
era a edificação do ser humano e seu bem estar, aliás, o ser humano é o centro
de seu pensamento.
O fato de sua presença ser tão agradável e cativante é dado pelo testemunho de
Xenofonte em seus Memoráveis, onde vemos Sócrates retratado como uma espécie de
médico, que literalmente "cura" a quem o procura e o modo como
influenciava os seus: "Tampouco fazia de seus discípulos homens cúpidos,
pois curando-os das outras paixões não pedia a menor paga aos que lhe
procuravam a companhia" (XENOFONTE, 1972, pag. 43).
Xenofonte em seu texto por diversas vezes ressalta que Sócrates era um homem
desprendido das coisas materiais. Que buscava unicamente o bem das pessoas como
fim ultimo e desprezava toda e qualquer forma de exploração comercial por via
do ensino: "Sócrates se mostrava abertamente amigo do povo e filantropo.
De fato, era cercado de discípulos, atenienses e estrangeiros, jamais auferiu
proveito deste comercio, transmitindo a todos e sem reserva o que sabia"
(XENOFONTE, 1972, pag. 49). E em outra passagem Sócrates, segundo Xenofonte,
chama de "... escravizadores de si mesmos os reclamam salários por suas
palestras, visto se imporem a obrigação de conversar com os que lhes
pagam" (XENOFONTE, 1972, pag. 43).
Esta classe de indivíduos eram chamados de sofistas. Famosos e dotados de uma
grande capacidade de persuasão. Talvez tamanha capacidade de persuasão esteja
mai ligada ao seu exibicionismo do que propriamente aos conteúdos expostos. O
historiador holandês Johan Huizinga autor da obra "Homo Ludens" assim
os define:
As proezas dos sofistas são chamadas epideixis ? exibição. Cada um destes
tem... um repertório, e recebe honorários por seus ensinamentos. Algumas de
suas peças têm preço fixo, como as conferencias de cinqüenta dracmas de
Pródico. Górgias, por exemplo, ganhou tanto dinheiro com sua arte que pode
dedicar uma estátua de si mesmo ao deus de Delfos, toda em ouro maciço
(HUIZINGA, 2001, pag. 164).
O modo como tudo isso era praticado na visão de Sócrates era terminantemente
abusivo, visto que o conhecimento para ele era algo que se era recebido de
graça e do mesmo modo deveria ser passado. A prova disso e também a grande
diferença entre Sócrates e seus opositores sofistas era o seu próprio modo de
ensinar.
Os sofistas davam suas aulas particulares nas residências dos pagantes, como
nos testemunha Werner Jaeger:
É por dinheiro que ministram os seus ensinamentos. Estes versam sobre
disciplinas ou artes específicas e dirigem-se a um publico seleto de filhos de
cidadãos abastados, desejosos de se instruírem. O palco onde, em longo
solilóquio, brilham os sofistas é a casa particular ou a aula improvisada
(JAEGER, 2003, pag. 523).
Sócrates em contrapartida freqüentava lugares públicos como os banquetes e os
ginásios e a todos os interessados os instruía sem nenhuma paga. Tais lugares
segundo Werner Jaeger já se praticava um novo tipo de ginástica, a do
pensamento: "Surgiu assim uma ginástica do pensamento que logo teve tantos
partidários e admiradores como a do corpo, e não tardou a ser reconhecida como
o que esta já vinha sendo há muito tempo: como uma nova forma de paidéia"(
JAEGER, 2003, pag. 523).
Deste modo surge um novo modelo de ensino muito mais cativante pelo simples
fato de não haver cobranças e cujo único comprometimento era com o ensino da
verdade para a construção de homens muito melhores. Não é por acaso que
"em face dele, estava o grande numero de pais que a Sócrates iam pedir
conselho para a educação de seus filhos" (JAEGER, 2003, pag. 553).
Portanto, este é o exemplo mais perfeito para nós hoje de amor e
comprometimento com a verdade. Verdade esta que é preciso se colocar acima de
todas as outras coisas. É bem verdade que o desejo habitante nas entrelinhas do
método socrático é uma educação política e é por isso mesmo que Sócrates tanto
se preocupava com a formação das pessoas. Por que ele sabia que somente por
meio de uma educação exemplar é possível moldar o caráter de futuros
governantes e por conseqüência ter um Estado muito mais bem governado. Uma
coisa leva a outra, basta parar por um instante e refletir.
3. O CONCEITO ATUAL DE EDUCAÇÃO
Com certeza a conceituação presente de educação é totalmente distinta de
conceitos antigos elaborados pela humanidade ao longo das épocas. A educação
hoje passou a ter uma conotação muito voltada ? por parte dos governos
principalmente ? para o comercial. Ou seja, "neste mundo de estilo
empresarial, racional, num mundo em que se procura o lucro instantâneo, a
administração das crises e a limitação dos danos, qualquer coisa que não possa
provar eficácia instrumental é ?um tanto evasiva?" (BAUMAN, 2009, pag. 39).
Portanto, não existe mais aquele ideal, aquela preocupação com a formação de
seres humanos integrais e de modo pleno. Pois era este o ideal grego, uma
educação que trabalhasse o ser humano de todos os modos. Seja de modo físico,
intelectual e também espiritual.
Basicamente o que ocorreu foi à evolução gradual da mentalidade das pessoas
referentes à educação e que resultou na construção de um individuo integral,
completo e bem estruturado.
É preciso ainda salientar que não se trata aqui de um saudosismo, mas si, um
exemplo clássico de como foi vista e definida a educação para os antigos.
Educar, para eles era algo muito mais profundo, precioso e infelizmente com o
passar dos séculos foi-se perdendo tal ideal.
A educação as portas deste novo século que se abre é vista muito mais com
motivos políticos e comerciais do que realmente preocupada com a evolução
saudável do ser humano. Tal afirmação reside nas entrelinhas dos discursos
apoteóticos do estado e da sociedade. Segundo Zygmunt Bauman, "para a
maioria dos estudantes, a educação é acima de tudo uma porta de entrada para o
emprego. Quanto mais ampla a passagem e melhores as recompensas do árduo
trabalho, melhor" (BAUMAN, 2009, pag. 41).
Nenhum governo em sã consciência deseja criar em seus domínios seres
inteligentes o suficiente a ponto de contestar as decisões estatais. Não é a
toa que o ensino do pensar reflexivo, filosofia, fora banido do Brasil no
período da ditadura.
Criou-se em nossa sociedade uma cultura em que: "História Antiga, música,
filosofia e coisas que afirmam fortalecer o desenvolvimento pessoal, e não a
vantagem comercial e política, dificilmente engrossam os números e índices de
competitividade" (BAUMAN, 2009, pag. 40). Com esta limitação do grau de
visão do ser pela busca de uma educação maior fica evidente que cada vez será
mais fácil governar sem oposição. E no fundo quem sempre sai perdendo são as
novas gerações que vão crescendo com conceituações e visões de mundo defasadas,
como é o caso da educação cujo único significado hoje é o de abrir portas para
um bom emprego.
O ser humano existe para muito mais, segundo Aristóteles, "todos os homens
tem por natureza o desejo de conhecer..." (ARISTÓTELES, 1979, pag. 11).
Mas se em uma cultura o ensino é apenas repassado com uma segunda intenção sem
grande perspectiva ? além é claro de uma perspectiva mecanicista como já fora
mencionado ? logo se aprende como foi ensinado.
A Paidéia contemporânea não tem mais o objetivo de "colocar os
conhecimentos como força formativa a serviço da educação e formar por meio
deles verdadeiros homens, como o oleiro modela a sua argila e o escultor as
suas pedras..." (Cf. JAEGER, 2003, pag. 13). Muito pelo contrário, a
Paidéia contemporânea tem por único objetivo "... ajudar o governo a
vencer a próxima eleição" (BAUMAN, 2009, pag. 40). Como já fora dito não
existe, portanto, a preocupação "com a educação ser um processo de
construção consciente do ser humano" (JAEGER, 2003, pag. 13). Mas sim, no
como a maquina estatal e os demais interessados podem se beneficiar de tal
realidade.
Infelizmente enquanto houver este jogo mesquinho de interesses será impossível
termos uma educação de qualidade voltada para a edificação do ser humano.
Sempre estaremos presos aos grilhões ditatoriais semelhantes aos que alegorizou
Platão no livro VII da Republica. Donde só veremos e ouviremos o que os
detentores da "verdade" quiserem que vejamos.
Este totalitarismo intelectual, invisível, sorrateiro e venenoso é o que vem
matando lentamente nossa sociedade, impedindo-a de avançar cada vez, mas rumo
ao desconhecido e obscuro futuro que nos assombra. Segundo Zygmunt Bauman:
"Precisamos da educação ao longo da vida para termos escolha. Mas
precisamos dela ainda mais para preservar as condições que tornam essa escolha
possível e a colocam ao nosso alcance" (BAUMAN, 2009, pag. 166). A
educação, portanto, é o passaporte para a preservação de nossas escolhas e as
nossas responsabilidades que surgem devido a tais escolhas.
CONCLUSÃO;
Finalizando esta obra nota-se o como o sentido da educação mudou ao longo dos
séculos. Isto quer dizer, que a educação de modo geral passou de uma
preocupação com a edificação de futuros lideres que realmente aprendiam ? pois
os conteúdos eram passados de forma clara e objetiva além é claro do
compromisso de uma formação sólida ? para uma educação cujos únicos objetivos
são reeleger governos e apresentar novos dados "avançados" a comitês
internacionais.
É preciso antes de tudo de resgatar aquele desejo antigo que pairava na Grécia,
de formar cidadãos capazes de bem administrar o estado e estarem conscientes do
que fazem. E é somente por meio da educação que podemos alcançar isto. Mas a
educação que aqui se diz é uma educação apaixonada, onde as crianças, os jovens
se sentem cativados e gostam do que fazem.
Com a figura de Sócrates só temos a aprender com os seus riquíssimos
ensinamentos, mas também por via de seu exemplo a por todos esses desejos de
uma reforma educacional em ação. E com isso tornar os educandos mais
apaixonados e curiosos com o ensino.
Uma educação apaixonada, sim, é disso que a nossa sociedade precisa para se
reerguer com dignidade e compromisso para com o futuro.
Referências:
ANDRADE, Líbero Rangel de. Xenofonte: Ditos e Feitos Memoráveis de Sócrates.
Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. São Paulo: Perspectiva, 2008.
JAEGER, Werner. Paidéia ? A formação do Homem Grego. São Paulo: Martins Fontes,
2003.
LUZURIAGA, Lorenzo. História da Educação e da Pedagogia. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1985.
SCHMITZ, Egídio F. O Homem e sua Educação ? Fundamentos de Filosofia da
Educação. Porto Alegre: Sagra, 1984.
VALLANDRO, Leonel; BORNHEIM, Gerd. Aristóteles II: Ética a Nicômaco. Coleção Os
Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
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