sábado, 14 de fevereiro de 2015

Dificuldade de Aprendizagem e as Controvérsia entre Família e Escola


Dificuldade de Aprendizagem e as Controvérsia entre Família e Escola

1. Introdução

O objetivo deste trabalho foi investigar as causas de deficiência de aprendizagem, utilizando como ferramenta para a pesquisa anamnese, provas operatórias, EOCA, par educativo em criança com queixa de dificuldade de aprendizagem, e analisar em que medidas as informações obtidas na entrevista inicial e sessões realizadas, permitem complementar o diagnóstico.
Tem-se a hipótese de que as provas operatórias possibilitam a análise da estrutura cognitiva do indivíduo, que apresentaria comprometimento em sua estrutura cognitiva, e as provas seriam instrumentos de avaliação que pode favorecer o diagnóstico possibilitando ao profissional que dela utiliza informações que contribuirão no processo de encaminhamento, diagnóstico e conclusão do caso.
O trabalho clínico caracteriza por possibilitar reflexões, observações e mudanças examinando-se os diferentes caminhos existentes na produção do conhecimento.  Assim, o psicopedagogo em vez de preocupar-se com o ensino do professor, empenha-se em perceber o modo como o professor aprende e como este profissional funciona na mediação do aluno na busca do conhecimento, quais os seus pontos de paralisação, quais são suas atualizações de conteúdos, quais os seus bloqueios pessoais, para assim o auxiliar de modo adequado para alcançar o aluno com transtorno de aprendizagem.
Com base em VIGOTSKY (1989), o desenvolvimento de um indivíduo caracteriza-se, de início, pela ação que transcorre sob condições de dinâmicas, mudanças no organismo, o desenvolvimento cultural se encontra sobreposto aos processos de crescimento, maturação e seu desenvolvimento orgânico.
Assim a criança tem naturalmente seu desenvolvimento orgânico natural e cresce modificando-o ao longo da sua vida, porém as que apresentam transtorno de aprendizagem sofrem alguns preconceitos dentro da sala de aula, na família e em seu convívio social.  
Logo, o profissional em psicopedagogia deverá funcionar como um assessor psicopedagógico, e suas atividades seriam levantamentos, compreensão, análise das práticas escolares e suas relações com a aprendizagem, junto com a equipe escolar promoveria assim a construção de novas práticas produtoras de uma melhor aprendizagem.  
A nossa investigação trata-se de uma criança que: em leitura lê de forma lenta e silábica, comete erros, troca, omite ou acrescenta letras, e apesar de ler com dificuldade não consegue captar a idéia central do texto;
Na escrita, déficit na capacidade de escrever corretamente palavras isoladas e problemas com a escrita dos dígrafos, além de erros ortográficos não escreve corretamente, escreve como lê as palavras, dificuldades na escrita de frases e textos, organização de idéia no papel, com erros de elaboração superficial das informações e conteúdo pobre.
Em matemática: apresenta discálculia, com dificuldade de realizar computação matemática, compreender os conteúdos, memorizar os cálculos básicos como tabuada. A sua dificuldade consiste em transformar os problemas matemáticos verbais em procedimento e cálculos adequados. 
Após realizar análise dos dados obtidos na entrevista inicial com a família, com a criança e a escola, foi levantada algumas hipóteses iniciais referentes à problemática em questão, em seguida realizou-se o processo de avaliação diagnóstica do crescimento e desempenho educacional da criança observada, as formas de aprendizagens, identificando as áreas de competência, suas limitações, objetivando entender as origens das suas dificuldades de aprendizagem.

2. Fundamentação Teórica


Para obtenção de um diagnóstico de problemas de aprendizagem faz-se necessário questionar a psicopedagogia clínica como uma proposta articulada, com o objetivo de perceber como a criança aprende frente às experiências vividas no cotidiano da instituição.
Desse modo conforme SANTOS (2007), a concepção de aprendizagem apresentada pela Epistemologia Convergente relaciona-se ao esquema evolutivo da aprendizagem, por meio das relações vinculares. Refere-se aos aspectos afetivos e também cognitivos que se demonstrar desde o nascimento, na interação, com a função matermante, crescendo-se as relações para a família, escola e comunidade.  Portanto o aprender não se restringe à escola, porém, é essencial ao desenvolvimento do indivíduo durante sua existência, por meio das interações com os outros. 
VISCA (1987) afirma que os vínculos afetivos que o indivíduo fixar com o objeto da aprendizagem, possibilitam impedimentos ou possibilidades. Assim sendo, a aprendizagem está associada aos aspectos das vivências cotidianas.
 Rosa (2006) conceitua a dificuldade de aprendizagem, como sendo um impedimento de um bom desempenho intelectual, vinculado a problemáticas emocionais associados a conflitos familiares não explícitos.
Assim, para entendermos como se processa a aprendizagem, vejamos o que diz Kaplan, (990 p.19) “a aprendizagem pode ser definida como mudança no comportamento que resulta tanto da prática quanto da experiência”.
E ainda conforme Campos (1986) a aprendizagem é definida como mudança sistemática de comportamento em indivíduo, por eficácia da prática ou experiência desenvolvida.
Já WEIS (1989) acreditamos que todos os momentos da prática diagnóstica da psicopedagogia clínica, devam ser vivenciados em seus aspectos afetivos, cognitivos, corporais e pedagógicos, incluindo ainda dados de origem emocional em uma prova operatória, e, dados cognitivos em testes projetivos.
PAIN (1985, p.60) sustenta que as provas projetivas tratam de desvendar quais as partes do sujeito depositadas nos objetos que surgem como suporte da identificação e que mecanismo atua diante de uma instrução que obrigue o sujeito a realizar atividades.
VISCA (1987) destaca que faz-se necessário a existência de um instrumento conceitual que crie a ponte entre aspectos gerais da investigação do diagnóstico, portanto, o caso particular que se está pesquisando deve ser focado. Destacando assim as provas operatórias.   
WEIS (1989) (as provas operatória tem como objetivo) O objetivo das provas operatórias é determinar o grau de aquisição de noções chaves do desenvolvimento cognitivo, aportando o nível operatório de pensamento sistêmico da criança, e o nível da estrutura cognitiva que lhe opera.
O nível de conhecimento da criança sendo identificado torna-se possível um diagnóstico preciso, são os devidos cuidados necessários para auxiliar a criança a vir desenvolver melhor suas atividades escolares em sala de aula. Mas, é preciso saber como se dá o seu processo de aprendizagem.    
De um modo geral, quaisquer que seja o autor que se busque uma conceituação sobre aprendizagem, surge de modo claro e evidente os termos: mudança no comportamento humano.
Sabe-se que existem também os problemas orgânicos advindos da biologia existenciais e que os problemas orgânicos impedem algumas ações e dificultam outras, e uma das metas da intervenção é propiciar modo particular de ação modificando alternativas aos impedidos pela deficiência primária.
Para a psicologia Piletti (2002) que discorre sobre a influência de fatores biológicos e do ambiente, ela enfoca de forma geral, no sentido de dar ênfase a interação entre esses fatores que surgem desde o período pré-natal, e isso torna praticamente impossível à atribuição de um determinado efeito específico, de um desses pólos. Essa discussão sobre a interação entre fatores também deveria estar presente no discurso direcionado para as pessoas com deficiências de aprendizagem.
Quando uma criança nasce com baixo escore na escala de desenvolvimento, ou apresenta baixos resultados em testes de inteligência ou habilidades, procura-se identificar prováveis causas e logo se estabelece um prognóstico para seu desenvolvimento.
A busca de causas normalmente se detém na identificação de correlações entre resultados baixos e certas condições orgânicas, que explicam esses baixos resultados. A atribuição de casualidade a fatores orgânicos costuma ser direta a condição orgânica. Assim, a condição orgânica explica o baixo desempenho da criança.  
Para Barbosa (2001), cabe ao psicopedagogo clínico no fracasso escolar, saber como se constitui o sujeito e como este se transforma em suas diversas etapas da vida. Quais os recursos de conhecimento que ele dispõe a forma pela qual produz conhecimento e como aprende, além de identificar de que modo se dá a aprendizagem e verificar as influências externas. 
Deste modo sem um diagnóstico e um atendimento individual à criança, dificilmente a escola auxiliará o aluno a vencer esses problemas de aprendizagem.
De forma geral conforme Pilette (2002) a dificuldade de aprendizagem pode ser caracterizada sobre duas perspectivas: dificuldade de aprendizagem decorrente de desordens neurológicas que interferem na percepção, integração, ou até de informação, caracterizando-se no aluno e na realização escolar; dificuldade de aprendizagem relacionada na aprendizagem que reflete numa incapacidade na leitura, escrita, desenvolvimento de cálculos para aquisição de aptidões sociais.
Porém, é preciso considerar os efeitos emocionais que essas dificuldades acarretam, possibilitando o agravamento do problema. Sendo assim, se a criança tiver rendimento escolar sofrível, na maioria dos casos será vista como um fracasso pelos professores, colegas, e familiares. Com isso, infelizmente, muitas crianças sofrem, agravando mais a sua situação, e isso poderia ser evitado com o auxilio de um psicopedagogo, da família e da escola.

3. Apresentação do Caso

Tivemos conhecimento deste caso através de uma informação por parte da professora. A queixa foi apresentada por ter observado uma instabilidade no desenvolvimento de uma criança com relação às demais crianças da sua classe, que ler com dificuldade e não consegue entender a idéia central do texto, tem dificuldade para escrever corretamente, problema de esquecimento, pronúncia dos dígrafos, troca ou omite letras, logo escreve como lê. Em matemática, dificuldade de realizar operações, tem raciocínio lento para memorizar os cálculos.
Ao visitarmos o estabelecimento de ensino e nos apresentarmos como estagiárias do curso de pós-graduação da Faculdade São Luis de Franca na área de psicopedagogia, a direção nos recebeu e nos cedeu uma sala para a realização das sessões com a criança.
Marcou um encontro nosso com a genitora da criança e esta, com toda satisfação, concordou com o trabalho que iríamos realizar para auxiliar a sua filha, nos relatando que na realização das tarefas de casas a garota é muito insegura e chega a ficar nervosa com os irmãos, ressaltou ainda que a leitura da filha seja ruim, escreve poucas palavras e na maioria das vezes ou faltando letras ou com acréscimos, tem dificuldade na pronuncia do “r”, junção de sílabas e esquecimento rápido.
Desse modo, colhemos as informações necessárias para darmos seguimento ao nosso estudo. Assim foi realizada a anamnese com a mãe, na qual consta toda informação da sua história de vida uterina, clínica escolar e familiar. Explicamos à mãe o papel do psicopedagogo e área de atuação, os objetivos e finalidades das visitas e informamos como iríamos desenvolver as nossas sessões com sua filha. A mãe concordou e se prontificou a cumprir os horários.
Sendo sabedores de que o ambiente sócio-afetivo e intelectual da classe é uns dos grandes responsáveis pela maneira como as crianças se desenvolvem na escola. E que faz-se necessário que este ambiente não seja autoritário, mas, humanístico e igualitário para que a criança possa ter um bom desempenho escolar.
Tendo como principal foco de trabalho para levantamento de hipóteses a queixa da professora, que a aluna não conhece todas as letras do alfabeto, apresenta dificuldade na leitura e na escrita, não acompanha as atividades programadas e tem um rendimento geral muito baixo. Um dos agravantes, segundo a própria professora, é que suas atividades não vêm sendo respondidas pela aluna, mas sim por terceiros, logo existe a falta de acompanhamento e motivação por parte da família.
O problema de aprendizagem pode estar originado na falta de acompanhamento dos pais em suas atividades escolares, pois como vimos anteriormente, segundo a professora, não há um acompanhamento escolar da criança por parte dos pais. E ainda observamos que existe sempre uma comparação feita por parte dos pais referente ao desenvolvimento escolar de sua irmã menor que não apresenta dificuldade de aprendizagem na escola e é bastante desenvolvida acompanhando o processo escolar; o que pode influenciar e afetar de forma negativa o fator emocional desta criança. 
De acordo com Coelho (1998), o professor deve ter noção do que é normal, problemático ou anormal no comportamento da criança, evitando rotulação. Que muitas vezes é colocada na criança como portadora de aprendizagem quando a mesma não acompanha a metodologia ou a criança não efetua o que se espera de uma programação pré-determinada pela professora.
Para Piaget (1978, p.19) o indivíduo não nasce pré-formado cognitivamente e nem o domínio do conhecimento e advindo da natureza exógena. Dessa forma, o aspecto do comportamento intelectual são relações genotípicas e o meio.
O desenvolvimento cognitivo é um processo que acontece em todo o indivíduo e possui característica seqüencial, isto é, ocorre em fase que depende de outros estágios no indivíduo.
A problemática abrange o relacionamento difícil com o meio e as pessoas com as quais se relacionam. Já na criança, aparecem em dificuldades emocionais, sensibilidade, rejeição, sentimento de inferioridade, ou infantilização.

4. Identificação da Criança e da Família

Todo o diagnóstico psicopedagógico inicia-se investigando o que não vai bem com a criança, em relação ao que é esperado dela, seja pela escola ou pelos familiares, trata-se de uma criança de dez anos, do sexo feminino, uma aluna de escola pública Estadual, mora com seus pais e seus três irmãos. Iniciou sua vida escolar com três anos de idade numa escolinha particular.
Filha primogênita de uma gravidez planejada. Seu parto foi normal. Desde muito cedo adorava brincar. Começou a estudar aos três anos de idade em uma escola particular, que talvez não tenha tido uma metodologia adequada para ensinar a criança, e isso pode ter prejudicado o desenvolvimento da criança em questão.
A identificação das dificuldades de aprendizagem se constitui numa tarefa de fácil realização, porque na maioria das vezes se apresenta associada a outros comprometimentos. Cabendo assim ao psicopedagogo, buscar não somente compreender o porquê do indivíduo não aprender, mas, o que ele pode aprender e como, e esta busca inicia-se no processo diagnóstico, momento em que o foco e a leitura da realidade do sujeito para realizar a intervenção que já e o próprio tratamento ou encaminhamento.
O ambiente escolar é muito importante para a evolução da aprendizagem, pois os vínculos de interação facilitam a aprendizagem da criança, pois ela se sente segura com pessoas ao seu redor. A confiança na escola e no professor facilita a relação ensino-aprendizagem que precisa estar muito bem relacionada para que aconteça um bom desenvolvimento da aquisição de conhecimento.
A atuação do professor junto ao aluno é muito importante no processo de sua evolução escolar.  Assim, para atentarmos melhor esta condição vejamos o seguinte: Kanichi (2007), isso reside no fato deste se colocar numa postura mais próxima da criança, numa atitude mais de troca do que de conhecedor de verdades e, especialmente, de profundo respeito pelo ser humano. Acreditamos que, apenas assim, a criança possa sentir-se suficientemente acolhida para poder, quem sabe, acreditar naquilo que é e pode vir a ser.
No artigo intitulado o desafio de democratizar a escola PHILIPE MERIEU (2008) diz que o professor deve saber o que vai ensinar (...) é preciso mobilizá-lo e incentivá-los a aprender (...). O educador tem de ser vivo em classe, porque transmite a vida, a cultura e os saberes vivos da humanidade. E ainda que o processo de aprendizagem só ocorra quando o aluno consegue transferir a aprendizagem para outras situações em sua vida.
Para tanto, faz-se necessário à criação de um ambiente específico propiciado pelo professor. E como seria este ambiente propicio a um bom relacionamento entre alunos e professor? Um ambiente onde demonstra confiabilidade condutora para o aluno ser espontâneo, questionador, decidido, encorajando ao desenvolvimento de sua autonomia.
Reconhecendo que cada ser humano tem um ritmo de aprendizagem, que é singularidade do seu particular. E a aprendizagem é um processo gradual que acontece passo a passo, de acordo com ritmo de cada indivíduo. É um processo pessoal onde cada pessoa é responsável pelas próprias conquistas e que depende do seu empenho e capacidade e da condição do meio que oportunizar bloqueio ou conquista.

4.1 Dados da entrevista familiar

Filha mais velha, sua mãe teve mais três irmãos, os quais criam com auxilio do pai que vive de vendas em feiras livres. Mora em casa própria com três cômodos.
Tem uma boa alimentação. A mãe trabalha em feira livre e enfrenta dificuldade para estar em casa. A menina fica em casa na parte da tarde cuidando dos seus irmãos e realizando algumas tarefas domésticas, enquanto a mãe está trabalhando.

Dados da informação da escola

Segundo expôs a coordenação, a escola utiliza em sua prática a leitura, escrita e projetos. Em dialogo com a professora, fomos informadas que criança não se expressa bem, porém, tem boa percepção auditiva, rítmica e visual. Não apresenta equilíbrio, coordenação e apresenta grande dificuldade na absorção e reprodução dos símbolos escritos e na escrita. No seu desenvolvimento social tem um bom relacionamento com os colegas e com ela própria.
Nas atividades escolares não responde os deveres, lê sílaba por sílaba, não pronuncia os dígrafos corretamente. Em sala mostra-se bastante desatenta e afirma que não sabe. Tem dificuldades na escrita, não parece motivada para estudar. Diante desta observação, acredita-se a falta de atenção devida da família, talvez seja a causa de sua dificuldade de aprendizagem.

Análise crítica das informações e hipóteses iniciais

Após analisarmos os dados obtidos nas entrevistas foram levantadas algumas hipóteses, que no decorrer das sessões foram sendo esclarecidas. A família não consegue ajudá-la por não entender o porquê das dificuldades apresentadas por sua filha mais velha, por que ela é diferente dos demais irmãos, sendo assim, constantemente sua mãe lhe faz comparação com seus irmãos. 
Quanto à escola a coordenação afirma que: “faz o que está ao seu alcance”; quanto à professora, não demonstra interesse, pois acha que a criança é um caso “irreversível”. Diante de tudo isso fica com clareza a convicção de que faz-se necessário à formação de uma escola transdimensional com uma direção para auxiliar os professores em reuniões pedagógicas a buscarem conhecimento como alcançar alunos deficientes, promovendo assim discussão contínua no processo de aprendizagem, esta poderia iniciar-se com os professores locais trocando experiência entre si, a coordenadores um empenho maior em classe como suporte para os professores, logo estamos tratando da prática de articular saberes, para os professores uma maior reflexão no seu papel de ensinante e o reconhecimento que saberes é vida.  
Trata-se de um caso em que a criança apresenta sintomas de um provável caso de uma escola desestruturada, sem metodologia adequada, com uma direção dispersa sem uma centralização de saberes, e repartição de obrigações.  
Então o que se fazer para auxiliar está criança que apresenta esta dificuldade? Como propiciar esta escola ideal? Como auxiliar a criança a desenvolver suas habilidades escolares?
Para um melhor esclarecimento vejamos o que diz Gardner (1995), quando ele fala sobre uma escola ideal que se baseia na suposição de que nem todas as pessoas têm os mesmos interesses e habilidades; nem todos aprendem da mesma maneira.  E agora nós temos instrumentos para começar a tratar dessas diferenças individuais na escola.
E ainda uma escola centrada no indivíduo seria rica na avaliação das capacidades e tendências individuais. Esta escola procuraria adequar os indivíduos não apenas a áreas curriculares, mas também a maneira particular de ensinar.
Para tanto, a tarefa do professor seria atentar e compreender as capacidades e interesses dos alunos de uma escola, sendo capaz de observar especificamente e diretamente as capacidades pessoais e capacidades especiais e não através da inteligência lingüística e lógica da matemática.
Isso possibilitaria que determinado aluno deficiente revelasse seu potencial e capacidade em áreas bastante diferentes e isso facilitaria o nosso olhar para área até o momento para a nossa forma obscura de ensinar.
Assim, o planejamento de uma escola ideal como ambiente inovador e criativo, encontraria as possibilidades de favorecer opções não disponíveis nas escolas para crianças que apresentam perfis cognitivos incomuns.
Esta sugestão parte da preocupação que temos com as crianças que não acompanha a metodologia do professor na escola, e que, consequentemente, tendem a ser consideradas como deficientes na aprendizagem.
Todavia, o que estamos discorrendo é uma tarefa difícil, e isto pode ser visto e até considerado utopia, mas, acreditando na educação e com empenho ressignificando o nosso papel como educadores, seremos capazes de alcançá-lo.
Desse modo conforme Gardner (1995), uma escola com visão pluralista da mente, que reconhecessem muitas facetas diferentes e separadas da cognição, identificando nas pessoas diversas faces diferenciadas e estilos cognitivos. Assim desprendendo-se da metodologia, e ao invés disso, observar a informação pessoal, ou seja, sua singularidade individual do ser como indivíduo alcançando à criança.   

5. Processo de Avaliação

A escola é um ambiente ideológico do estado, que visa atender aos interesses das classes sociais dominantes, e, possui o apoio inconsciente dos professores e equipe escolar.
A psicologia discorre sobre a influência de que os professores exercem sobre os alunos, a respeito de sua realização escolar. E afirma que as crianças de quem os professores esperam um maior desenvolvimento intelectual se desenvolvem mais que os demais em sua classe.
No diagnóstico da criança utilizamos instrumentos variados, a fim de verificarmos reações e respostas da criança frente a situações diversas. E querendo averiguar a queixa da escola e analisar as preocupações da mãe e da professora, bem como as carências afetivas demonstrada pela criança na primeira entrevista, eram veículos de impedimento no seu aprendizado.
Assim os instrumentos de avaliação utilizados foram:
  • Entrevista com a família;
  • Entrevista com a professora;
  • Anamnese;
  • Provas projetivas;
  • Provas psicométricas;
  • Provas operatórias e EOCA.
1ª Sessão
Nesta sessão, a criança demonstrou um pouco de ansiedade, embora já tivéssemos nos encontrado no dia da primeira entrevista com a mãe. Mostrava-se apreensiva por está diante de um projeto de intervenção.
Explicamos que ela iria participar de um trabalho onde teria a liberdade de escolher objetos que mais lhe agradasse, ela sorriu timidamente. Mostramos a caixa da EOCA com material de desenho, pintura, folha de papel oficio, livros didáticos, jogos como: dama, dominó, folha dupla, lápis, lapiseira.
Assim percebemos que a menina parecia passiva diante da EOCA. Então lhe perguntamos: não gostaria de saber o que tem na caixa? Timidamente ela perguntou: eu posso? Nos lhe asseguramos que sim. Então perguntamos: Porque pediu se já havíamos dito que fora trazido para você? Ela respondeu que é preciso pedir para pegar nos objetos foi assim que a mamãe lhe havia ensinado.
Timidamente ela começa a pegar os objetos, a principio apreensiva, após alguns segundos demonstrava maior interação. Envolvida com os objetos confessa-nos que queria ser cantora quando crescer.
Ao pegar na dama a menina ficou bastante curiosa, e demonstrou interesse nos jogos educativos, em seguida nos convidou a jogar com ela. Mas assim que iniciamos o jogo percebemos que ela não conhecia as regras do jogo e passamos a lhe ensinar, como não conseguia vencer, começou a recuar constantemente em cada jogada. Foi quando nos contou que jogava sempre este jogo com a prima e ganhava sempre. Então lhe sugerimos que fizesse o mesmo conosco. Acreditando na hipótese de que não venceria.
2ª Sessão
Nesta sessão pedimos que a garota fizesse um desenho livre, então ela desenhou um girassol. Pedimos para ela escrever o nome daquele lugar e no mesmo momento percebemos que ela escreve como fala, ao ver a caixa de lápis de cor decidiu pintar o desenho. Durante a pintura ela me falou: eu gosto deste lugar. Onde fica? É uma chácara da amiga de minha mãe.
O desenho reflete uma estória em com relação à vida emocional, onde predominam a fantasia inconsciente, por isso constitui-se em penetrantes meios auxiliares do profissional e objetiva atingir diretamente os distúrbios principais. Assim trata-se, pois de recursos importantes de avaliação, acompanhamento e terapia das dificuldades de aprendizagem.
Em seguida havíamos levado o alfabetário e pedimos a ela que nos mostrasse quais as letras que ela conhecia ela disse letra por letra sem errar nenhuma.
Ao fim da sessão, em diálogo com a mãe foram nos esclarecidos alguns dados fundamentais para caracterização do caso:
Histórico da criança;
Relações Familiares;
Características Comportamentais;
Como a menina vê a escola;
Qual a rotina de vida da criança;
Motivação para a consulta.
3ª Sessão
Ao chegarmos, a criança perguntou o que iríamos fazer hoje. Nesta sessão colocamos a EOCA com alguns jogos como vareta, bingo, bonecos em miniaturas, para que a criança organizasse a família, jogo educativo para montar um castelo, para ela organizar todos os objetos, formando assim o seu ambiente, ela não teve qualquer dificuldade em assimilar as regras do jogo educativo do castelo e organizou em prédio e disse que o maior era ela e o segundo a outra irmã.
Pedimos para ela fazer um desenho qualquer que estivesse em seu coração. Para a realização desta tarefa foi preciso uma segunda explicação para que ela compreende-se o que foi pedido.
Ficamos surpreendidas com o desenho que ela fez foi à professora tentando se levantar para explicar o dever de casa mantendo certa postura de distanciamento entre elas e seus colegas.
E assim levantou-se, pegou um jogo que estava na caixa da EOCA e começou a jogar, observamos o quanto o lúdico a atraia, tentamos colher mais informações e perguntamos sobre o desenho. Ela foi identificando lugar de assento e nomes dos colegas apenas com certa lentidão nas lembranças. 
4ª Sessão
Usou-se uma estratégia onde colocamos animais em tamanho miniatura. Era um jogo onde se organizava os animais na ordem crescente, para a criança organizar espontaneamente cada animal formando o seu circo ecológico. Ela apresentou dificuldade em assimilar e organizar diferencia de proporções. Não obedecendo às regras do jogo.
Assim, identificamos que a criança não sabe distinguir maior ou menor pelos objetos presentes ela não diferencia e representa identificando maior e menor nos objetos presentes.
Em seguida a menina pegou os números para brincar e lhe pedimos para organizar em ordem crescente. Averiguarmos que ela conhece a ordem dos números naturais até 30. E com um jogo seninha ela quantificou realizando assim pequenos cálculos.
5ª Sessão
Estava na escola antes do horário, mostrou-se bastante eufórica e perguntou por que demoramos, dissemos que não havíamos demorado ela é que estava adiantada. Assim elogiamos sua pontualidade e entramos no consultório e dando inicio ao trabalho.
Para analisar sua concentração oferecemos um jogo de memória, observamos que ela se concentrava com facilidade, apenas no inicio precisou de orientação, mas ao final conseguia arrumar as peças e identificar onde estavam as peças do jogo de memória sem hesitação.
Em seguida mostramos a EOCA que tinha o alfabeto móvel em EVA solicitamos que ela ordenasse as letras, a criança colocou todo alfabeto na folha apenas com um pouco de lentidão e ainda associou letras a figuras.  
6ª Sessão
Combinamos que naquela sessão ela receberia uma atividade onde teria que formar palavras a partir de silaba aleatórias. Mostrando bastante entusiasmo, ela conseguiu formar palavras sem o nosso auxilio e ainda soletrou sozinhas as palavras. E mais uma vez, o que nos chamou a atenção foi que ela escrevia como lê a exemplo da palavra pau que pode ser confirmada nos anexos.
Na prova de quantificação da inclusão de classes, não conhecia margaridas e chamou rosas de margaridas e margaridas de flores. Mas ao passarmos para a segunda pergunta onde identificamos na separação rosa e margaridas, ela rapidamente aprende e ao ser perguntado responde que o ramo de margarida é maior.
Assim, nesta prova a criança apresentou conduta própria de um pensamento pré-operatório, apesar da oscilação alternando sua resposta por não identificar, ou seja, em seu primeiro momento, mas quando ela ouviu dizer quem era a margarida ela fez a separação.
7ª Sessão
Ao nos ver, a menina ficou sorrindo e perguntou se tinha novidade, ao levamos até a sala e entregamos uma tarefa envolvendo formas e cores ela se destacou muito bem.
Na prova de classificação de mudanças de critérios, distinguiu cores e as formas diferentes de figura, separando-as pelo tamanho, cores. Correspondendo assim ao pré-operatório, discernindo tudo que lhe foi atribuído.
Observamos que existe uma falta de interesse dela em explorar livros, desse modo foi lhe oferecido alguns livros de historinha, assim ela leu a historinha do livro infantil apenas um pouco devagar, mas em fim com boa desenvoltura.
8ª Sessão
Ao chegarmos encontramos a criança já nos esperando. Saudamos cordialmente e em seguida ela disse que essa sessão demorou a chegar.
Na prova de interseção de classes, respondeu sobre algumas quantidades de fichas. Trabalhamos também as provas do grau de conservação de quantidade de líquido e em toda a transformação realizada na prova de conservação de massa, as respostas aos questionamentos oscilavam alternando entre conservação e peso. Tais condutas intermediárias são próprias do pensamento operatório concreto em seu primeiro momento.
Em nível de construção cognitiva, a menina apresentou durante estas provas, conduta própria de um pensamento pré-operatório apesar da oscilação alternando suas respostas, é o que demonstra neste primeiro momento.
9ª Sessão
Ao chegamos ao consultório ela já estava nos esperando, entramos no consultório e lhe entregamos uma atividade onde ela teve que formar o maior número de palavras a partir de letras aleatória do alfabeto em EVA para averiguar se ela conseguia ordenar as letras e formar palavras.
Entregamos a folha e as letras do alfabeto em EVA com a finalidade de lhe incentivar a realização de tarefas escolares, despertando assim o seu interesse pela escola. Ela conseguiu formar palavras e ainda leu e o que ela escreveu na folha. E muito contente falou: eu sou inteligente não é? E respondemos: você é capaz de realizar esta e muitas outras atividades é só querer. Meus parabéns pelo seu desempenho. 
Na prova projetiva pedimos para ela desenhar uma pessoa que ensina e outra que aprende. Ela desenhou professora na sala de aula e uma criança sentada na carteira.  Com essa atividade, busca investigar a relação que ela tem em sala de aula, com sua professora e seus colegas, porém, algo que chamou nossa atenção foi o fato de ela desenhar a criança de cabeça para baixo, sendo perguntada por que ela estava assim, ela respondeu que é assim que fica na sala de aula com a professora. E ainda descreveu em seu desenho uma atividade passada por ela, apresentando assim as letras vogais.
10ª Sessão
Usou-se uma estratégia com música para observar esquema corporal dela e sua lateralidade. A menina apresentou uma mobilidade normal de seu corpo com movimentos normais adequado à música.
Em seguida solicitamos a ela para desenhar a planta da sala de aula e indicar seu local preferido da sala. A criança desenhou a si mesma e os colegas na fila para o lanche todos de modo ordenado em fila. Quando solicitamos para ela identificar o nome dos colegas da turma ela lembrou-se lentamente um a um.    
Por fim lhe foi entregue palavras aleatórias para ela formar frases. O nosso objetivo era perceber seu pensamento e concordância nas palavras. A criança fez a atividade e ainda leu para nós o que formou perguntando se estava bom, dissemos que ela foi brilhante e lhe demos parabéns pelo sucesso na ordenação das palavras. Não foi formada nenhuma de modo incorreto.

6. Devolutiva

Para a criança
De modo amigável, dissemos a criança que durante todo o processo de intervenção clinica aprendemos muito no decorrer das sessões, lhe asseguramos o quanto ela era inteligente uma criança capaz de superar quaisquer obstáculos da aprendizagem. Fizemos questão de lhe dizer por perceber certa insegurança na realização de algumas atividades, discorremos sobre o valor da leitura e escrita de forma variada para sua idade e no fim a presenteamos com livro e uma dama.
Para a escola
Durante as intervenções, a criança demonstrou que se sente mais envolvida nos trabalhos com o lúdico e associações de matérias criativas pedagógico. Assim sugerimos que a instituição trabalhe com a metodologia de processo e não de produto, com objetivo de buscar uma sintonia entre o ensino e a aprendizagem, revelando-se capaz na formação de indivíduo ativo e com autonomia, valorizando o que o aluno produz, a forma como vive em sua singularidade.
Dissemos ainda que a criança em questão apresenta um pensamento pouco lento para organização, linguagem oral e escrita inadequada a sua faixa etária e a lentidão em algumas atividades desenvolvidas, a mesma precisa muito de estímulos e um tempo maior para assimilar a escrita e a leitura. Ela é uma criança amorosa, curiosa, inteligente, observadora, pronta para aprender. Porém, cabe a escola estimular constantemente, fazendo com que se sinta capaz para desenvolver e perceber o seu potencial.  
Foram mostrados a professora os pontos que a criança apresenta dificuldades e que a mesma consegue superá-la com algumas atividades desenvolvidas com alguns recursos utilizados.
Afirmamos ainda a importância de valorização de cada produção da mesma. E que esse processo deve ser tratado com muita dedicação considerando o tempo da criança e sua capacidade conforme a sua série e faixa etária. Sugere-se que estimule a criança a participar de jogos e o uso de materiais associativo desta maneira auxiliará a criança a romper seus temores e superar suas dificuldades. A professora mostrou-se solicitar a sugestão, porém, alegou que a escola não dispõe de salas especiais para estes tipos de alunos e que não tem recursos suficientes para tais ações.         
Para a família
No final da ultima sessão, percebemos que a mãe da criança não estava otimista, mas, nos agradeceu pelos esforços e compromisso durante as sessões. Disse-nos que sua filha estava feliz falou que chegou a pensar que a menina não iria até o fim. Afirmou que percebeu o quanto estava surtindo efeito, pois sua filha já saia de uma sessão querendo voltar para a próxima.
Assim, iniciamos a nossa devolutiva afirmando que a criança é realmente uma criança muito inteligente, capaz, criativa e bastante esperta, necessitando de atenção, ouvir elogios e ao ser comparada em hipótese nenhuma com outra criança, ficando feliz.
Relatamos que percebemos a priori uma dificuldade que a impedia no seu desenvolvimento tanto na leitura quanto na escrita, ao decorrer das sessões tivemos a certeza de nossa suspeita, o fato da menina ter um uma lentidão de raciocínio e não ter uma boa alfabetização no inicio de sua vida escolar pode ter contribuído para agravar a problemática apresentada pela criança. Ela não tinha sido alfabetizada pela escola e esse problema está refletindo no seu processo de aprendizagem. Além desse fator, constatamos também a desmotivação e desestabilidade emocional da criança.     
Propomos a mãe da menina uma dedicação maior nas atividades escolares da sua filha, e se possível um reforço escolar para auxiliá-la nas atividades já que ela falou que não tem tempo, incentivando-a a continuar, evitando compará-la no seu desenvolvimento com outras crianças e até mesmo a irmã. Mostrando-se amiga, companheira e ajudando a superar suas limitações.
Por fim, devido à suspeita de um provável quadro também orgânico, encaminhamos a aluna para um neurologista do centro de apoio psicossocial, com orientação da pediatra e assistente social. Independente dos resultados do diagnóstico neurológico, pedimos à mãe que procurasse o apoio de um psicopedagogo a fim de dar continuidade no processo de estimulação de atividades aplicadas com colagens, recortes, jogos, escrita, leitura, desenhos, brincadeiras, diálogos informais para aceleração do desenvolvimento intelectual da criança, e auxilio na equiparação da idade com a série em que esta se encontra.

Considerações Finais

Hoje, com os recursos tecnológicos e humanos que possuímos, temos a capacidade para realizar um diagnóstico centrado no indivíduo. Conquistá-lo é uma questão de vontade, esta vontade deve estar aliada ao nosso anseio de querer modificar e reescrever uma nova história na psicopedagogia. Uma história diferenciada, criativa e inovadora, preocupada em auxiliar a criança a identificar suas habilidades tornado-se um ser capaz. 
Desde o começo, o processo de intervenção era uma conquista. Realizar um diagnóstico psicopedagógico, é uma experiência que estávamos construindo. Para realizarmos essa tarefa de modo hábil, baseamos em autores de renomes, que oportunizara em seus livros, vários modelos de diagnosticar a aprendizagem de forma clínica.
E assim houve uma expectativa na eficácia do nosso trabalho clínico e também uma grande expectativa quanto ao desenvolvimento da criança, sabemos que crianças com problemas de aprendizagem precisam de maneiras dinâmicas de elaborar atividades escolares. Elas não sabem como centralizar-se, aplicar estratégias de aprendizagem, não apresenta habilidades normais de estudos. Têm uma tendência a serem alunos passivos em área por não saber como aprender.
Na primeira sessão estávamos ansiosas, todavia, a ansiedade foi dando lugar à familiarização com os recursos utilizados, tivemos o privilégio de dispor de um consultório privado em estágio clínico durante quinze dias, que foram de fundamental importância para o nosso desenvolvimento e crescimento pessoal e profissional. Dessa maneira, realizamos a nossa prática.
A criança apresentou características e históricos de comportamento que indicam tratar-se de um quadro em que não houve uma alfabetização devida em sua fase inicial da escola. E ainda na escola atual parece não apresentar uma metodologia que auxilie a criança a romper suas dificuldades, assim não poderá haver o desenvolvimento da criança em questão.
Para nós, a devolutiva foi a tarefa mais árdua, pois estávamos frente a um diagnóstico onde nós seriamos as responsáveis por tais resultados, assim levando conosco não só os nossos nomes, mas também dos professores qualificados que nos prepararam para esta tarefa e da Faculdade São Luis de Franca.
Ao conversarmos com a mãe ficamos surpreendidas com sua reação quando relatamos sua conduta inadequada diante das necessidades da sua filha, ela mostrou-se disposta a fazer o que for necessário, a fim de reverter o quadro da criança.
O processo de estágio para nós foi muito gratificante a experiência de participar do processo de diagnóstico, onde aprendemos bastante a detectar a importância de ouvir, analisar, fundamentar, ler e aplicar teste para o conhecimento abrangente em todas as áreas da vida humana e possibilitou-nos perceber que a psicopedagogia é fonte inesgotável, e nós somos apenas eternos aprendizes.
Concluímos que o trabalho terapêutico no processo clínico é uma tarefa onde devemos buscar sempre nos superar naquilo que escolhemos como profissão. Desse modo mostraremos nossas habilidades e faremos da nossa vida uma história. Uma historia singularmente nossa como os homens que fizeram à diferença na humanidade. Psicopedagogo pode haver muito, porém temos que pensar: somos únicos e insubstituíveis naquilo que estamos escrevendo na história que estamos fazendo.

Referências:

Adriana Veríssimos Veronese. – Porto Alegre: Artes Médicas, 1995
BLEGER, J.- Psicohigiene e psicologia Institucional. Porto Alegre, Artes Médicas, 1984.
COELHO, Maria Teresa. Problemas de aprendizagem. Ed. Àtica, 1998.
CAMPOS, Dinah Martins de souza. Psicologia da aprendizagem. Petrópolis: Vozes 1996.
GARDNER, Howard. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática; trad. Maria.
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Àtica, 2002.
KAPLAN, Harold I. Compêndio de Psiquiatria. / Harold I Kaplan, Benjamin J. Sadock/ Porto Alegre: Artes Mèdicas, 1990.
VYGOTSKY, L S. A formação social da mente. São Paulo: Martins fontes;1987.
VISCA, J. Clinica psicopedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre: Artes Médicas; 1987.
ROSA
PAIN
Pátio, Revista pedagógica. O que realmente funciona na educação? AnoXII agosto/ outubro 2008 ISSn 1518-305X.  FNDE Ministério da educação.

fonte: https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/dificuldade-de-aprendizagem-e-as-controversia-entre-familia-e-escola

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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Educar não é domesticar

Educar não é domesticar


Falecido em 27 de junho último, o poeta e professor Bruno Tolentino concedeu à revista Educação aquela que, provavelmente, foi sua última entrevista. Com a veia de polemista ainda bem viva, desancou a tradição francófila da USP e criticou a educação que visa domesticar.



Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino

  
Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino
Poeta e professor, o carioca Bruno Lúcio de Carvalho Tolentino voltou ao Brasil em 1993 após uma temporada de quase 30 anos na Europa. Na bagagem, trouxe, além do reconhecimento de autores como W. H. Auden e Saint-John Perse, a experiência de lecionar por mais de dez anos em universidades britânicas (Oxford, Bristol e Essex) e a vivência de alfabetizar detentos e organizar oficinas literárias na penitenciária de Dartmoor, onde ficou preso 22 meses por tráfico de drogas. Dirigiu, ainda, a Oxford Poetry Now, a editora de poesia da Universidade de Oxford.
Aqui, ganhou o Prêmio Cruz e Sousa 1996 com A Balada do Cárcere, o Abgar Renault 1997, o Senador José Emírio de Moraes 2003, concedido pela Academia Brasileira de Letras, e dois Jabutis: em 1995, com As Horas de Katharina, e em 2002, com O Mundo como Idéia. Ganhou, ainda, o reconhecimento público de vários intelectuais, entre eles Miguel Reale, Antônio Houaiss, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Olavo de Carvalho e José Guilherme Merquior. Só não ganhou na universidade brasileira o espaço que tinha fora do país.
Com 66 anos, vive em São Paulo, onde ministrará, ao longo de 2007, um curso no Centro de Extensão Universitária (CEU), um dos raros lugares em que é convidado a ensinar. Para Tolentino, a educação deve buscar desenvolver potencialidades e fugir da imposição de pontos de vista aos educandos. Leia, a seguir, a entrevista concedida a Cassiano José.
O senhor lecionou em três universidades britânicas. Qual o ambiente educacional que encontrou por onde passou?
Lá há uma constante passagem de gente interessantíssima. Eu gostava muito. Fui lá lecionar o teatro de Lope de Vega, Calderón de la Barca, o "siglo de oro" espanhol. Era para ser provisório, mas, como só o provisório dura, fiquei. 
Era um cenário muito diferente do que tínhamos no Brasil?
Um país deste tamanho não é constituído de imbecis. Eu conheci muito poucos, aliás. Quando cheguei à Europa, não me sentia muito diferente do europeu. Falava como eles, às vezes melhor do que eles.
Então, a educação brasileira perdeu o passo nas últimas décadas?
Existe um medo - assim como uma imperdoável ilusão (ela parece ser irmã gêmea da burrice) - que faz com que você queira que as coisas sejam outras, e não aquilo que são. O prejuízo disso é enorme. É a impostura intelectual. Foram os franceses que trouxeram isso para o Brasil. O mundo inteiro fala inglês, menos os franceses. Querem ser outra coisa. Querem ser uma alternativa à Inglaterra, e não são. [Jacques] Derrida ou desce, [Gilles] Deleuze e cia., isso só lá tem. Ninguém leva a Sorbonne a sério, a não ser a Guiana e o Brasil. Não fizeram isso na América Espanhola, em lugar nenhum. O Brasil apostou alto nisso. O preço que a gente pagou é o de uma débâcle moral que nunca houve no país. Há um calculismo contagioso, que tem muito que ver com aquela turma que paparicava Stalin. Essa gente se apequenou. É um apequenamento moral mesmo, particularmente repulsivo nos intelectuais. É uma coisa muito grave, porque isso certamente não é coisa de intelectual, isso não é coisa de homem. Essa turma toda que cala e consente me choca mais do que os que puxam o gatilho ou os que arrastam criança por aí.
É preciso abandonar esse modelo universitário francês?
A América Espanhola diz assim pra França, desde o princípio dos tempos: "A gente também cozinha, a gente tem tudo que vocês têm, menos a empáfia; então, vocês fiquem do lado de lá!". O Brasil não vai fazer isso. A USP é um tumor e é preciso aceitar que isso morra. O último desconstrucionista vai morrer aqui. A nossa esperança é que ninguém mais no mundo sabe francês, ninguém quer saber. Estão se lixando. O francês vai perder a comunicabilidade, que já é mínima.
O que significa perder a comunicabilidade?
Nunca fui objetivo. O resultado do meu trabalho vem da comunicabilidade e do interesse que tenho naquilo que estou fazendo. Na Inglaterra, os alunos acabavam dando mais no couro comigo do que com outros professores. O contato com o outro é essencial. É impossível não se relacionar, não levar em conta a realidade do outro. O outro é o real. Não sou eu nem o que eu quero. Se o seu esforço é todo por não se afastar da realidade, por servi-la, por ceder a ela cada vez mais, fatalmente você vai descobrir que essa realidade é o outro, a pessoa que está na sua frente. Ele existe. O resto é abstração. Você faz o que quiser com a sua imaginação. Mas o outro você não pode imaginar. Ele está sempre a mais ou a menos. Atrapalha. É uma droga. Realmente, seria melhor que não houvesse. Sem o outro, a vida seria muito mais fácil, mais simples, mais narcisística. Só que o outro não pode deixar de ser verdade. Não há alternativa. É por aqui ou nada. Mas tem gente apaixonada pelo nada, porque o nada te dispensa até mesmo de ser você. Aqui no nosso país nós nos acostumamos a atropelar o próximo como se ele nada fosse, em nome desse ou daquele ponto de vista, que na verdade não é outra coisa que não um ponto de vista. Não aceito de modo algum que a verdade seja tida como um ponto de vista pura e simplesmente, mas ela não pode prescindir do ponto de vista. Há um risco educativo em atropelar o próximo, impor uma seletividade. E é gravíssimo isso.
Como se manifesta essa seletividade na cultura brasileira?
Por que eu fui a favor da eleição do Paulo Coelho pra Academia Brasileira de Letras? Porque eu não via nenhuma razão - não via e continuo não vendo - para que ele fosse excluído da seleta audiência que têm José Sarney e Nélida Piñon. Ele é lido pelas empregadinhas? Ele é lido pela turma que lê Caras? E daí? Ela é lida pela turma que não lê coisa nenhuma. O que precisa acabar no Brasil é esse "nós contra eles". Esse é o espírito do rei na barriga que a francesada mandou pra cá.
Qual o papel da escola para o desenvolvimento da comunicabilidade do indivíduo?
Os critérios de uma universidade, de uma casa de saber, por pior que seja, por uspiana que seja, são melhores do que a torre de marfim do sujeito que acha que sabe tudo. Eu constatei quão grave é você ser um autodidata. Você não tem a contestação do outro. O outro será sempre uma criação sua, e não uma barreira ao seu ego. O ego precisa ser conquistado e perdido todo santo dia. Senão, quando você vai ver, está no crime organizado. O crime organizado intelectual é o pior de todos. Eu sinto muita falta tanto do professor [Antônio] Houaiss quanto do professor [Miguel] Reale. Ambos, um praticamente de extrema esquerda, o outro de extrema direita, eram suficientemente humanos para carregar as suas dificuldades e as suas limitações, sem maquiagem.
Os intelectuais brasileiros parecem estar sempre à procura de uma identidade nacional. Nossa educação é prejudicada pelo fato de não havermos chegado ainda a uma idéia precisa sobre quem somos?
Há um excesso de preocupação com isso, até uma certa obsessão. Nossa identidade é feita de dejetos e fragmentos de outras culturas. Por enquanto é isso que nós temos e somos. Algo mais nós ainda não temos, se é que algum dia teremos, se é que importa ter. Há quem diga que o Brasil é um país muito velho. O que é velha no Brasil é essa mania de ter uma idéia muito precisa, muito exata do que nós somos, do que não somos e daquilo que deveríamos ser. Isso pra mim é o auge da velhice, é a velhice total. A ausência dessa identidade clara é uma chance de vivermos o espírito educativo de maneira mais criativa. Só mesmo nós poderíamos produzir um escritor como o Machado [de Assis], por exemplo. Um escritor como o Machado só poderia existir na medida em que fosse afetadamente fragmentário. Nós não temos compromisso com uma única matriz: francesa, inglesa, alemã ou italiana. É a vantagem brasileira. O brasileiro, quando culto, sabe um monte de coisa, conhece literatura francesa, alemã, italiana e tudo mais. Seria preciso que isso fosse mais organizado? Eu não sinto lá muita falta disso. A questão da educação no Brasil parece ser simplesmente, antes de qualquer coisa, aquela que o Cristovam Buarque, em quem eu votei, coloca muito bem: nós não educamos, nós não investimos no elemento humano. Sem educação não vai haver coisa nenhuma. 

Nós precisamos repensar as nossas prioridades nesse sentido. Há muita coisa aqui para melhorar. Há defeitos de caráter, de individualismo, que não se justificam. Nós precisaríamos ficar de olho na inconseqüência nacional. A impressão que se tem é que aqui as coisas "ficam por isso mesmo".

Dá para ser um pouco otimista, então?
Eu sou um otimista de mau humor, um otimista ranzinza. O nosso problema educacional, velhíssimo, que nós temos, que sempre tivemos, é este: quando educamos alguém, nós simplesmente tratamos de domesticar essa pessoa, e domesticação não é educação. Para educar, você traz. Na medida do possível, da sua capacidade, você executa um trabalho de demiurgo, de trazer o que está ali. Você não põe nada ali dentro. Não tem por que se meter a enfiar nada na cuca de ninguém. Eu sou contra o formalismo em todos os sentidos. E o formalismo em educação me parece ainda mais grave. Eu não tenho nada a propor, mas acho que, como tudo está mais ou menos por fazer aqui, nada está perdido. Ou pelo menos não está de todo perdido. 

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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Projeto: Sistema Monetário – Educação Infantil

Projeto: Sistema Monetário – Educação Infantil


Algumas pesquisas mostram que as crianças relacionam os números que falam e ouvem, no cotidiano, com a escrita e, dessa maneira, identificam algumas informações que irão ajudá-las a avançar no aprendizado sobre sistema numérico. Uma alternativa para impulsionar esse conhecimento está em um recurso muito simples, uma coleção de diferentes embalagens de bebidas e alimentos, por exemplo.
Pensando nisso o Colégio Agostiniano São José, durante o mês de Novembro, trabalhou um projeto com os alunos da Educação Infantil (Módulo 4), que a partir do manuseio de alimentos e bebidas, puderam procurar informações numéricas e até mesmo interpretar os números dos rótulos dos alimentos.
O principal objetivo da atividade foi de proporcionar a oportunidade de ler, comparar, ordenar números e conhecer o nosso sistema monetário e numérico por meio das informações contidas nas embalagens de alimentos e bebidas, como: tabela nutricional, peso, data, validade, código de barras. E ideia central foi de explorar os numerais de várias formas.

Links Relacionados


https://www.flickr.com//photos/49132867@N03/sets/72157639551621265/show/



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sábado, 7 de fevereiro de 2015

O que é o Issuu?



O que é o Issuu?

Issuu é um serviço online que permite a visualização realista e personalizável de material digitalmente carregado, como carteiras, livros, edições de revistas, jornais e outras mídias. Ele se integra com sites de redes sociais para promover o material enviado. Enquanto a maioria dos documentos são feitos para serem vistos online, alguns podem ser baixados e salvos também. Material de impressão carregado é visualizado através de um navegador web e é feito para olhar como uma publicação impressa, em páginas animadas.


Quem usa?


  • Jornal The New York Times (EUA)
  • Jornal The Guardian (Reino Unido)
  • Universidade de Cambridge
  • Universidade de Havard


Vantagens


  • Ferramenta altamente intuitiva
  • Compatibilidade com iPad, iPhone e iPod Touch - Issuu é o único flipbook com suporte para os aparelhos da Apple, que não leem arquivos de extensão em flash.
  • Integração com redes sociais


Como funciona?

01

02

Simples assim!
fonte: http://noticias.pucgoias.edu.br/index.php/como-usar-o-issuu

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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A elaboração de testes de sala de aula


A elaboração de testes de sala de aula


Claudette Maria Medeiros Vendramini1; Liane Di Stefano Da Silva2; Vanessa Cassinelli Chenta2
IUniversidade São Francisco


Os sistemas de avaliação referentes às disciplinas oferecidas nas instituições de ensino merecem uma atenção especial por parte dos profissionais da Educação, uma vez que as avaliações são preparadas pelos professores para uso em sala de aula. São eles os agentes mais importantes neste processo, pois não só conhecem a diversidade existente nos cursos, de acordo com a grade curricular e a instituição educacional a que pertencem, como também seus educandos. Não há um teste padronizado externo para a avaliação do processo ensinoaprendizagem, o método é escolhido pelo educador, e cabe a este identificar a melhor opção para mensurar a aprendizagem de seus alunos.
É importante primeiramente diferenciar os termos testar, medir e avaliar. Conforme Haydt (1997), testar é "verificar um desempenho através de situações previamente organizadas, chamadas testes"; medir é "descrever um fenômeno do ponto de vista quantitativo"; e avaliar é "interpretar dados quantitativos e qualitativos para obter um parecer ou julgamento de valor, tendo por base padrões ou critérios" (p.289).
Nesse sentido, o ato de avaliar deve ter um valor quantitativo e qualitativo. Quantitativo no sentido de se observar as várias formas de se avaliar, sobrepor a disciplina sob vários tipos de medição do conhecimento. Para isso o professor deve buscar não somente avaliar o conhecimento prévio de seus alunos, como também o conhecimento de interpretação de textos, tabelas, gráficos, seqüências lógicas, como alguns exemplos.
Quanto à avaliação qualitativa, o professor deve pensar na qualidade do instrumento que usará para fazer o seu diagnóstico. Lembrando que o educando recebeu ao longo do processo ensino-aprendizagem uma relação de dados que correspondem ao currículo da escola.
Assim, o professor deve avaliar o seu aluno com base neste processo, utilizando instrumentos objetivos, que tenham clareza e que estejam próximos da realidade do conhecimento construído pelo seu aluno.
Desta forma, compreende-se que a avaliação tem uma função simbólica de um "termômetro". O educador por meio de sua avaliação pode diagnosticar vários tipos de problemas entre os seus educandos. O resultado da avaliação colocará o professor diante de uma situação de tomadas de decisões. Estas decisões poderão ser desde uma revisão no seu plano de ensino até a solução de um problema de dificuldade de aprendizagem com proporção elevada.
Uma avaliação bem estruturada seja na forma de dissertação, teste, em grupo, entre outras, deve proporcionar aos docentes condições de conhecer seus educandos, quais suas reais dificuldades na aprendizagem, determinar se os objetivos propostos pelo educador foram alcançados, bem como promover o desempenho acadêmico. A preparação das avaliações da sala de aula, todavia, pode ser melhorada por meio da aplicação de técnicas. O desenvolvimento do instrumento pode ser dividido em três etapas principais: (1) planejar o teste, (2) redigir os itens e (3) analisar os itens. (Anastasi & Urbina 2000).
A atenção deve estar concentrada na preparação dos itens, pois o teste construído sem um esquema de planejamento provavelmente ficará sobrecarregado de material relativamente transitório e menos importante. Muitas das críticas aos testes de resposta selecionada originam-se da má elaboração das alternativas, de respostas óbvias e simplistas ou mesmo da ambigüidade na linguagem e na elaboração das alternativas. Como exemplo, pode-se citar a elaboração de questões referentes ao tópico "Tratamento da Informação", abordado nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN (Secretaria da Educação Fundamental - SEF, 1997). Esse tema atualmente compõe os PCN's em virtude da necessidade da sociedade que exige a utilização e interpretação de tabelas e gráficos estatísticos necessários para compreender as informações veiculadas pelos diversos meios de comunicação. Segundo a SEF (1997), estar alfabetizado no século XXI supõe saber ler e interpretar dados apresentados de maneira organizada, como os apresentados em tabelas e gráficos estatísticos, para que a partir da análise das informações e pela observação de acontecimentos seja possível tirar conclusões ou fazer previsões.
Como já mencionado, após o planejamento da prova ou teste que se deseja aplicar nos estudantes, os itens devem ser redigidos com muita atenção, para que não haja ambigüidade na linguagem e elaboração das alternativas. Como exemplo, podem ser considerados os dados apresentados na Tabela 1 do teste de "Leitura de dados apresentados em tabelas" (Vendramini, Chenta & Silva, 2004), elaborado com o objetivo de avaliar a leitura e compreensão de dados apresentados em tabelas estatísticas. As informações podem ser extraídas diretamente ou indiretamente destas tabelas. São consideradas informações obtidas indiretamente aquelas que necessitam de operações matemáticas ou comparações de resultados obtidos diretamente.


Para a avaliação da leitura e compreensão dos dados apresentados na Tabela 1 as seguintes questões foram formuladas: (1) Qual o terceiro personagem preferido divulgado pela mídia em 2003?; (2) Qual a porcentagem de pessoas que preferem o personagem Harry Potter?; (3) Qual a razão de votos entre o 6º e o 9º colocado?. O nível de exigência da informação matemática é diferente para cada questão. A primeira exige a leitura direta da informação referente ao terceiro personagem preferido; a segunda é também uma leitura direta, mas refere-se à informação da porcentagem de pessoas; e a terceira exige a leitura da informação referente ao número de votos do 6º e 9º colocados e o cálculo da razão entre esses valores. É importante que o professor inclua no teste questões de nível fácil, médio e difícil para permitir a avaliação do nível de conhecimento ou habilidade dos estudantes. A resposta à primeira questão pode ser dada diretamente da Tabela 1, embora exija alguma atenção do respondente. É possível que alunos menos atentos desconsiderem a coluna referente à classificação e respondam apenas pela informação contida na primeira coluna, Gollum, personagem da terceira linha da tabela, quando o correto seria o da oitava linha. Outros podem responder Nemo em vez de Neo, pela semelhança lingüística entre as duas palavras. Outros podem, ainda, responder Bob Esponja, sem considerar a informação referente à colocação do personagem (terceiro colocado), mas apenas considerando a informação que está na primeira linha.



Nesse processo de avaliação, as respostas podem ser abertas ou de múltipla escolha. No último caso, podese ou não considerar possíveis erros dos alunos, dependendo do objetivo do professor. Assim, as alternativas podem ser elaboradas, não com o intuito de induzir as respostas ao erro, mas para permitir uma avaliação que possibilite interpretações mais ricas a partir das respostas dos alunos.
As alternativas devem ser elaboradas com cuidado para que a possibilidade de anulação da questão seja a mais remota possível. Um exemplo de uma questão com alternativas mal-elaboradas ocorre quando elas incluem alternativas contraditórias ou quando se incluem respectivamente as duas alternativas seguintes na mesma questão: nenhuma das alternativas anteriores está correta; e todas as alternativas anteriores estão corretas.
Desta forma, poderiam ser consideradas como adequadas, as alternativas descritas a seguir: (a) Gollum; (b) Neo; (c) Nemo; (d) Bob Esponja; e (e) Wolverine. Ou as alternativas: (a) Gollum; (b) Neo; (c) Nemo; (d) Bob Esponja; e (e) nenhuma das alternativas anteriores está correta. É importante ressaltar que alternativas como "todas as alternativas anteriores estão corretas" e "nenhuma das alternativas anteriores está correta" podem ser utilizadas, desde que respeitem esta seqüência, a fim de que a ocorrência de uma das alternativas exclua a possibilidade de ocorrência das outras.
O tópico "Tratamento da Informação", abordado nos PCN's (SEF, 1997) inclui também a leitura de dados apresentados em forma de gráficos. Os dados da Tabela 1 poderiam ser apresentados em forma de gráfico estatístico (Figura 1), permitindo ao professor uma avaliação mais abrangente de como os estudantes poderiam interpretar as informações veiculadas pelos diversos meios de comunicação.


Segundo os PCN's ao ensinar matemática no ensino fundamental deve-se despertar nos estudantes de 1ª a 4 ª séries o espírito de investigação e organização de dados buscando desenvolver habilidades de leitura e interpretação de informações já organizadas em gráficos e tabelas, de coleta e organização de informações em tabelas e gráficos e de produção de textos para a sua interpretação. Esta análise deve ser mais apurada para estudantes de 5ª a 8ª séries, levando-os a fazer previsões e estabelecer relações entre acontecimentos.
O professor pode aperfeiçoar suas avaliações pesquisando outros instrumentos criados por órgãos especializados na construção de testes e utilizar seus itens como modelo. Esses itens podem ser selecionados dos elaborados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) ou até por instituições do exterior tais como o Educational Testing Service (ETS) responsável pelo Graduate Recorde Examination (GRE) (INEP, 2004, GRE, 2004).
A avaliação, como processo envolvido para medir a aprendizagem, deve ser usada freqüentemente na rotina da sala de aula. Como diz Carvalho (1973), tais verificações podem ser informais (trabalhos, exercícios, participação nos debates, solução de problemas, aplicação de conhecimentos, etc.) ou formais (prova propriamente dita).
A criação de instrumentos utilizados em sala de aula deve propiciar uma adequada avaliação do conteúdo por meio de escolhas feitas a partir de reflexão e estudo sobre o que se pretende com essa avaliação de rendimento dos alunos. Para tanto, convida-se o profissional da educação a refletir sobre a importância de uma avaliação inteligível, que, muito mais do que um ato de promover ou reter o corpo discente, é um auxiliar que direciona o professor quanto à sua qualidade de ensino.

Referências
Anastasi, A., & Urbina, S. (2000). Testagem Psicológica. Porto Alegre: Artmed.         [ Links ]
Bonniol, J. B., & Vial, M. (2001). Modelos de Avaliação: Textos Fundamentais. São Paulo: Artmed.         [ Links ]
Carvalho, I. M. (1973). O processo didático. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas.         [ Links ]
Haydt, R. C. C. (1997). Curso de Didática Geral. (4 ed.). São Paulo: Editora Ática.         [ Links ]
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (2004).Exame Nacional do ensino Médio 2004: Prova 1 - Amarela. [On line], Disponível: http://www.inep.gov.br/download/enem/2004/prova/ ENEM04_amarela.pdf         [ Links ]
Secretaria de Educação Fundamental (1997). Parâmetros curriculares nacionais : Matemática. Brasília: Ministério da Educação e Cultura/Secretaria da Educação Fundamental.         [ Links ]
Vendramini, C. M. M, Chenta, V. C., & Silva, L. S. (2004). Leitura de dados apresentados em tabelas e gráficos estatísticos. Relatório parcial de pesquisa. Programa de Pós-graduação em Psicologia. Universidade São Francisco.         [ Links ]


 Endereço para correspondência: Claudette Maria Medeiros Vendramini
Rua Herculano Pupo Nogueira, 309 - Vila Belém
CEP: 13256-300 - Itatiba, SP
e-mail: cvendramini@uol.com.br
e-mail: claudette.vendramini@saofrancisco.edu.br


1 Doutora em Educação Matemática pela Universidade Estadual de Campinas e docente da graduação do Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Psicologia da USF.
2 Estudante do Curso de Psicologia da USF e bolsista da iniciação científica PROBAIC-USF.

fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-85572004000200014&script=sci_arttext


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Programa de Pós-Graduação em Psicologia
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