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quinta-feira, 9 de novembro de 2017
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
Jacques Le Goff: Uma civilização própria
Jacques Le Goff: Uma civilização própria
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Bem antes, todavia, de chegar a alcançar essa concepção da existência de uma Civilização do Ocidente Medieval (La civilisation de l´Occident Médiéval, Flammarion, 1997) ele preocupou-se em apresentar um tríptico daquilo que originalmente pareceu-lhe pertinente: os estudos sobre os intelectuais, sobre os mercadores& banqueiros e sobre os heréticos da Idade Média. São peças curtas, brilhantes, de leitura fascinante que mostram uma outra face daquela época que não a da vida monacal e da cortesã. Não foram os mosteiros nem os castelos que o interessaram, mas sim a vida universitária, as corporações de negócios, o surgimento da bolsa de valores e os ruidosos movimentos de contestação à ordem religiosa e monárquica.
A invenção do purgatório
Dante e Virgílio no Purgatório (Luca Signorelli, 1450-1523) |
O seu grande achado, de fato, foi o livro maravilhoso que dedicou ao Purgatório (La naissance du purgatoire, Gallimard, 1981) Trata-se de um ensaio erudito de sociologia histórico-religiosa no qual ele demonstra como, lentamente, na transição do século XII ao XIII, a idéia da existência do Purgatório começou a tomar corpo no Ocidente Cristão como uma espécie de espaço da tolerância. Uma abertura, uma brecha, na até então rígida geografia do sobrenatural da cristandade que forçava as almas dos homens a inevitavelmente dirigirem-se para o Inferno ou para o Paraíso.
Espaço esse que abriu caminho para a recuperação do passado clássico visto que os autores cristãos, a começar por Dante Alighieri, (A Divina Comédia, 1319-1321), colocaram os grandes filósofos do paganismo, como Platão e Aristóteles e tantos outros mais, com suas almas purgando no limbo. Era um novo cenário do sobrenatural que mantinha-se eqüidistante entre o reino de Satanás, morada das almas danadas e pecadoras, e o reino dos Céus, onde somente os puros adentravam. Rompia-se assim com o dogma até então aceito de que todos aqueles que haviam nascido antes do aparecimento de Jesus Cristo na Terra, mesmo os de cérebro luminoso e homens exemplares, estavam automaticamente condenados às profundezas das trevas.
Le Goff, num levantamento minucioso e erudito, mostrou como o Purgatório surgiu das necessidade de acomodar-se novos fenômenos sociais e tensões morais e éticas que emergiram no seio do cristianismo medieval e que foram canalizados para a invenção do Purgatório.
Duas biografias
Mesmo reconhecendo que a escola historiográfica a que se filiava, a Escola dos Anais, não dava relevância à biografias, Le Goff decidiu-se por publicar dos livros que tiveram ampla repercussão e aceitação publica: a vida de São Luís (a história do rei francês Luís IX, o único a ser canonizado), e outra dedicada a São Francisco de Assis.
O grande rei francês e o monge mendicante italiano, cada um ao seu modo, parecerem-lhe os grandes paradigmas da cristandade medieval, personagens-simbolos que, com seu comportamento exemplar e assumida prática cristã, influenciaram notavelmente tanto as altas rodas da nobreza e das elites políticas e religiosas como em meio ao povo miúdo da Europa pobre daquele tempo.
Por uma outra cronologia
O livro-codex, de ampla circulação na Idade Média |
Por mais operacional e didática que possa ser a divisão da história feita em Antigüidade, Medievo, Moderno e Contemporâneo, ele se opôs à classificação convencional que menciona a existência de um Baixo Império (os 300 anos que vão de Constantino a Justiniano) ou de uma Alta Idade Média (período que vai da queda de Roma, em 476 , até à viagem de Colombo, em 1492). Para Le Goff a Idade Média é uma só: vai da aparição do livro-codex (caderno ilustrado e costurado, escrito a mão, que substitui o pergaminho) no final do século IV , até a eclosão da Revolução Francesa, em 1789. É uma Idade Média de mil anos, que ignora o Renascimento ou o que convencionou-se chamar de Idade Moderna. No entender dele a periodização mais apropriada seria: Antiga –Medieval - e Contemporânea.
Obras de Jacques Le Goff
Dictionnaire raisonné de l'Occident médiéval (en collaboration avec Jean-Claude Schmidt), Fayard, 1999
Saint François d'Assise, Gallimard,collection "à voix haute", 1999 (CD)
Un autre Moyen-Age, Gallimard, 1999
Le Moyen Age aujourd'hui, Léopard d'Or, 1998
La bourse et la vie, Hachette Littératures, 1997
Pour l'amour des villes (en collaboration avec Jean Lebrun), Textuel, 1997
La civilisation de l'Occident Médiéval, Flammarion, 1997
Une vie pour l'histoire (entretiens avec Marc Heurgon) , La Découverte, 1996
L'Europe racontée aux jeunes, Seuil, 1996
Saint Louis, Gallimard,1995
L'Homme médiéval (dir.), Seuil, 1994
La vieille Europe et la nôtre, Seuil, 1994
Le 13e siècle: l'apogée de la chrétienté, Bordas, 1992
Gallard, passeport 91-92 : une œuvre d'art à la rencontre de…, Fragments, 1992
Histoire de la France religieuse (dir., avec René Rémond), 4 volumes, Seuil, 1988-1992
L'Etat et les pouvoirs, (dir.), Seuil, 1989
Du silence à la parole : droit du travail, société, Etat, 1830-1985, Calligrammes, 1989
Histoire et mémoire, Gallimard, 1988
Faire de l'histoire (dir., avec Pierre Nora), 3 volumes, Gallimard, 1986
Intellectuels français, intellectuels hongrois, 12e -20e siècle, Editions du CNRS, 1986
Crise de l'urbain, futur de la ville: actes, Economica, 1986
L'imaginaire médiéval, Gallimard,1985
La naissance du purgatoire, Gallimard, 1981
La nouvelle histoire (en collaboration avec Jacques Revel), Editions Retz, 1978
Pour un autre Moyen Age, Gallimard,1977
Les propos de Saint Louis, Gallimard, 1974
Hérésie et sociétés dans l'Europe pré-industrielle, 11e-18e siècle: communications et débats du colloque de Royaumont, EHESS, 1968
Marchands et banquiers au Moyen Age, Le Seuil, 1957
Les intellectuels au Moyen Age, Le Seuil,1956
Dictionnaire raisonné de l'Occident médiéval (en collaboration avec Jean-Claude Schmidt), Fayard, 1999
Saint François d'Assise, Gallimard,collection "à voix haute", 1999 (CD)
Un autre Moyen-Age, Gallimard, 1999
Le Moyen Age aujourd'hui, Léopard d'Or, 1998
La bourse et la vie, Hachette Littératures, 1997
Pour l'amour des villes (en collaboration avec Jean Lebrun), Textuel, 1997
La civilisation de l'Occident Médiéval, Flammarion, 1997
Une vie pour l'histoire (entretiens avec Marc Heurgon) , La Découverte, 1996
L'Europe racontée aux jeunes, Seuil, 1996
Saint Louis, Gallimard,1995
L'Homme médiéval (dir.), Seuil, 1994
La vieille Europe et la nôtre, Seuil, 1994
Le 13e siècle: l'apogée de la chrétienté, Bordas, 1992
Gallard, passeport 91-92 : une œuvre d'art à la rencontre de…, Fragments, 1992
Histoire de la France religieuse (dir., avec René Rémond), 4 volumes, Seuil, 1988-1992
L'Etat et les pouvoirs, (dir.), Seuil, 1989
Du silence à la parole : droit du travail, société, Etat, 1830-1985, Calligrammes, 1989
Histoire et mémoire, Gallimard, 1988
Faire de l'histoire (dir., avec Pierre Nora), 3 volumes, Gallimard, 1986
Intellectuels français, intellectuels hongrois, 12e -20e siècle, Editions du CNRS, 1986
Crise de l'urbain, futur de la ville: actes, Economica, 1986
L'imaginaire médiéval, Gallimard,1985
La naissance du purgatoire, Gallimard, 1981
La nouvelle histoire (en collaboration avec Jacques Revel), Editions Retz, 1978
Pour un autre Moyen Age, Gallimard,1977
Les propos de Saint Louis, Gallimard, 1974
Hérésie et sociétés dans l'Europe pré-industrielle, 11e-18e siècle: communications et débats du colloque de Royaumont, EHESS, 1968
Marchands et banquiers au Moyen Age, Le Seuil, 1957
Les intellectuels au Moyen Age, Le Seuil,1956
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terça-feira, 7 de novembro de 2017
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