Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 12 de dezembro de 2012
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Figuras de Linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são recursos estilísticos usados para dar maior ênfase à comunicação e torná-la mais bonita.
Dependendo da sua função, elas são classificadas em:
As figuras de palavras são usadas para tornar os textos mais bonitos ou expressivos através da utilização das palavras e dos seus significados.
A metáfora representa uma comparação de palavras com significados diferentes e cujo conectivo de comparação (como, tal qual) fica subentendido na frase.
Exemplos:
A vida é uma nuvem que voa. (A vida é como uma nuvem que voa.)
Na tirinha acima, "uma caravana de rosas vagando num deserto inefável" é uma metáfora do amor.
Chamada de comparação explícita, ao contrário da metáfora, neste caso são utilizados conectivos de comparação (como, assim, tal qual).
Exemplos:
Seus olhos são como jabuticabas.
Na tirinha acima, o amor é comparado a uma flor e a um motor. Neste caso foi utilizado o conectivo "como": "o amor é como uma flor" e "o amor é como o motor do carro".
A metonímia é a transposição de significados considerando parte pelo todo, autor pela obra.
Exemplos:
Costumava ler Shakespeare. (Costumava ler as obras de Shakespeare.)
Na tirinha acima, uma parte (cabeças de gado) tem o significado do todo (boi).
A catacrese representa o emprego impróprio de uma palavra por não existir outra mais específica.
Exemplo:
Embarcou há pouco no avião. (Embarcar é colocar-se a bordo de um barco, mas como não há um termo específico para o avião, embarcar é o utilizado.)
Na charge acima, ocorre a catacrese, porque foi usada a expressão "bala perdida" por não haver outra mais específica.
A sinestesia acontece pela associação de sensações por órgãos de sentidos diferentes.
Exemplos:
Com aquele olhos frios, disse que não gostava mais da namorada. (A frieza está associada ao tato e não à visão.)
Na tirinha acima, a expressão "olhar frio" é um exemplo de sinestesia.
A perífrase, também chamada de antonomásia, é a substituição de uma ou mais palavras por outra que a identifique.
Exemplos:
O rugido do rei das selvas é ouvido a uma distância de 8 quilômetros. (O rugido do leão é ouvido a uma distância de 8 quilômetros.)
Na charge acima, foi usada a perífrase, uma vez que "Terra da Garoa" é uma forma de identificar a "cidade de São Paulo".
As figuras de pensamento são usadas para tornar os textos mais bonitos ou expressivos através da utilização de ideias e pensamentos.
A hipérbole corresponde ao exagero de uma ideia feito de maneira intencional.
Exemplos:
Quase morri de estudar.
Na tirinha acima, a expressão "morrendo de inveja" é uma hipérbole.
O eufemismo é utilizado para suavizar o discurso.
Exemplos:
Entregou a alma a Deus. (Nesta frase está sendo informada a morte de alguém.)
Na charge acima, "produtora de biografias orais não autorizadas" foi uma forma delicada de dizer que a mulher é, na verdade, uma fofoqueira.
O litote representa uma forma de suavizar uma ideia. Neste sentido, assemelha-se ao eufemismo, bem como é a oposição da hipérbole.
Exemplos:
— Não é que sejam más companhias… — disse o filho à mãe. (Pelo discurso, percebemos que apesar de as suas companhias não serem más, também não são boas.)
Na tirinha acima, nota-se o uso do litote por meio da expressão "acho que você deveria aperfeiçoar essa técnica".
A ironia é a representação do contrário daquilo que se afirma.
Exemplos:
É tão inteligente que não acerta nada.
Nota-se o uso da ironia na charge acima. O personagem está zangado com alguém, a quem ele chama de "inteligente" de maneira irônica.
A personificação ou prosopopeia é a atribuição de qualidades e sentimentos humanos a objetos ou aos seres irracionais.
Exemplos:
O jardim olhava as crianças sem dizer nada.
A personificação é expressa na última parte do quadrinho, onde o Zé Lelé afirma que o espelho está lhe olhando. Assim, utilizou-se uma característica dos seres vivos (olhar) em um ser inanimado (o espelho).
A antítese é o uso de termos que têm sentidos opostos.
Exemplos:
Toda guerra finaliza por onde devia ter começado: a paz.
Na tirinha acima, há várias antíteses, ou seja, termos que têm sentidos opostos: positivo, negativo; mal, bem; paz e guerra.
O paradoxo representa o uso de ideias que têm sentidos opostos, não apenas de termos (tal como no caso da antítese).
Exemplos:
Estou cego de amor e vejo o quanto isso é bom. (Como é possível alguém estar cego e ver?)
Na tirinha acima, as ideias com sentidos opostos (certeza e relativa) é um exemplo de paradoxo.
A gradação é a apresentação de ideias que progridem de forma crescente (clímax) ou decrescente (anticlímax).
Exemplos:
Inicialmente calma, depois apenas controlada, até o ponto de total nervosismo. (Neste exemplo, acompanhamos a progressão da tranquilidade até o nervosismo.)
Na tirinha acima, o personagem foi explicando de forma crescente como foi trazida pela cegonha (decolou; fizemos uma escala; trocaram uma pena; finalmente ela me deixou aqui).
A apóstrofe é a interpelação feita com ênfase.
Exemplos:
Ó céus, é preciso chover mais?
Na tirinha acima, notamos a ênfase no segundo quadrinho: "Ai meu Deus!!! Ele vai me matar! O que faço!? É o fim!"
As figuras de sintaxe são usadas para tornar os textos mais bonitos ou expressivos através da construção gramatical das frases e orações.
A elipse é a omissão de uma palavra que se identifica de forma fácil.
Exemplos:
Tomara você me entenda. (Tomara que você me entenda.)
Na segunda imagem do quadrinho, notamos o uso da elipse: "depois (ele começou) a comer sanduíches entre as refeições...".
A zeugma é a omissão de uma palavra pelo fato de ela já ter sido usada antes.
Exemplos:
Fiz a introdução, ele a conclusão. (Fiz a introdução, ele fez a conclusão.)
A zeugma é utilizada na segunda e terceira parte dos quadrinhos: "(você é) um descongestionante nasal para o meu nariz"; (você é) um antiácido para meu estômago!".
O hipérbato é a alteração da ordem direta da oração.
Exemplos:
São como uns anjos os seus alunos. (Os seus alunos são como uns anjos.)
A letra do Hino Nacional é um exemplo de hipérbato:
"Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante"
Se tivesse sido escrito na ordem direta, o nosso hino começaria assim: "As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico".
O polissíndeto é o uso repetido de conectivos (e, ou, nem).
Exemplos:
As crianças falavam e cantavam e riam felizes.
A charge acima é um exemplo de polissíndeto, porque o conectivo "se for" esta sendo repetido muitas vezes ("se for eleitor", "se for deputado", "se for assessor).
O assíndeto representa a omissão de conectivos, sendo o contrário do polissíndeto.
Exemplos:
Não sopra o vento; não gemem as vagas; não murmuram os rios.
O anacoluto é a mudança repentina na estrutura da frase.
Exemplos:
Eu, parece que estou ficando zonzo. (A estrutura normal da frase é: Parece que eu estou ficando zonzo.)
Magali, comer é o que ela mais gosta de fazer. (A estrutura normal da frase é: O que a Magali mais gosta de fazer é comer.)
Pleonasmo é a repetição da palavra ou da ideia contida nela para intensificar o significado.
Exemplos:
A mim me parece que isso está errado. (Parece-me que isto está errado.)
Na tirinha acima, o "saia para fora" é um pleonasmo, uma vez que o verbo "sair" já significa "para fora".
A silepse é a concordância com a ideia que se pretende transmitir, e não com o que está implícito. Ela é classificada em: silepse de gênero, de número e de pessoa.
Exemplos:
Vivemos na bonita e agitada São Paulo. (silepse de gênero: Vivemos na bonita e agitada cidade de São Paulo.)
A maioria dos clientes ficaram insatisfeitas com o produto. (silepse de número: A maioria dos clientes ficou insatisfeita com o produto.)
Todos terminamos os exercícios. (silepse de pessoa: neste caso concordância com nós, em vez de eles: Todos terminaram os exercícios.)
Na tirinha acima, há silepse de pessoa em "mais da metade da população mundial somos crianças" e "as crianças, vamos ter o mundo nas mãos".
A anáfora é a repetição de uma ou mais palavras de forma regular.
Exemplos:
Se você sair, se você ficar, se você quiser esperar. Se você “qualquer coisa”, eu estarei aqui sempre para você.
A charge acima é um exemplo de anáfora, porque há várias repetições do termo "falta".
As figuras de som são usadas para tornar os textos mais bonitos ou expressivos através da sonoridade das palavras.
A aliteração é a repetição de sons consonantais.
Exemplos:
"Chove chuva.
Chove sem parar". (Jorge Ben Jor)
Na tirinha acima, ocorre aliteração, porque a letra "r" é repetida muitas vezes em "O rato roeu a roupa do rei de Roma."
Paronomásia é a repetição de palavras cujos sons são parecidos.
Exemplos:
O cavaleiro, muito cavalheiro, conquistou a donzela. (cavaleiro = homem que anda a cavalo, cavalheiro = homem gentil)
A charge acima contém paronomásia, porque foram usados termos que possuem sons parecidos: "grama" e "grana".
A assonância é a repetição de sons vocálicos.
Exemplos:
"O que o vago e incógnito desejo
de ser eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando Pessoa)
Na tirinha acima, o uso da assonância é expresso pela repetição das vogais "a" em: "massa", "salga", "amassa".
Onomatopeia é a inserção de palavras no discurso que imitam sons.
Exemplos:
Não aguento o tic-tac desse relógio.
No primeiro e último quadrinho temos o uso da onomatopeia com "Bum, Bum, Bum" e "Buááá...; Buááá...". O primeiro expressa o som do tambor, e o segundo, o choro do Cebolinha.
Confira na tabela abaixo o que diferencia cada uma das figuras de linguagem, bem como cada um dos seus tipos.
Figuras de Palavras ou semânticas | Figuras de Pensamento | Figuras de Sintaxe ou construção | Figuras de Som ou harmonia |
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Produzem maior expressividade à comunicação através das palavras. | Produzem maior expressividade à comunicação através da combinação de ideias e pensamentos. | Produzem maior expressividade à comunicação através da inversão, repetição ou omissão dos termos na construção das frases. | Produzem maior expressividade à comunicação através da sonoridade. |
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1. (UNITAU) No sintagma: “Uma palavra branca e fria”, encontramos a figura denominada:
a) sinestesia
b) eufemismo
c) onomatopeia
d) antonomásia
e) catacrese
2. (Universidade Anhembi Morumbi)
"A novidade veio dar à praia
na qualidade rara de sereia
metade um busto de uma deusa maia
metade um grande rabo de baleia
a novidade era o máximo
do paradoxo estendido na areia
alguns a desejar seus beijos de deusa
outros a desejar seu rabo pra ceia
oh, mundo tão desigual
tudo tão desigual
de um lado este carnaval
do outro a fome total
e a novidade que seria um sonho
milagre risonho da sereia
virava um pesadelo tão medonho
ali naquela praia, ali na areia
a novidade era a guerra
entre o feliz poeta e o esfomeado
estraçalhando uma sereia bonita
despedaçando o sonho pra cada lado”
(Gilberto Gil – A Novidade)
Gilberto Gil em seu poema usa um procedimento de construção textual que consiste em agrupar ideias de sentidos contrários ou contraditórios numa mesma unidade de significação.
A figura de linguagem acima caracterizada é:
a) metonímia
b) paradoxo
c) hipérbole
d) sinestesia
e) sinédoque
O perito Mario Gazziro, contratado pela revista Fórum para analisar o vídeo pornográfico do padre Júlio Lancellotti, mudou sua versão e agora admite que as cenas são verdadeiras. A nova conclusão descarta a validade da perícia anterior, que via indícios de deepfake na gravação.
A versão atualizada do documento trabalha com a seguinte teoria: criminosos teriam contratado um sósia do padre, construído um estúdio idêntico à sua residência e gravado as cenas. “Diminuíram ao máximo a exposição do impostor no vídeo, para evitar quaisquer aspectos que possibilitassem identificar a fraude de forma simples”, justificou Gazziro.
O perito da Fórum acredita que o vídeo foi divulgado nos porões da internet e posteriormente vendido para políticos rivais do padre.
No documento mais recente, Gazziro admite que os peritos Reginaldo e Jacqueline Tirotti analisaram as imagens de maneira adequada. “O novo material não apresentou indícios de edição ou montagem”, ressaltou.
No primeiro laudo, Gazziro constatou montagens no vídeo que mostra o padre se masturbando para um menor de idade. O perito da Fórum analisou as mesmas cenas que agora diz serem verdadeiras, mas alega que o arquivo verificado anteriormente era outro. É o que justificaria a mudança de versão.
O vídeo analisado no primeiro laudo é o mesmo que circulou na internet em 2020. À época, o perito Onias Tavares de Aguiar já havia atestado a veracidade do conteúdo. Seu relatório foi usado pelo então deputado estadual Arthur do Val, que apresentou uma denúncia ao Ministério Público. Oeste interpelou o órgão sobre o motivo do arquivamento do caso. Não houve resposta.
Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 12 de dezembro de 2012
Por PRSA 31/05/2024 às 17:42 3 concordam Ouça este conteúdo O Grupo Uninter tem se destacado como referência em qualidade na Educação a Di...