sexta-feira, 2 de agosto de 2024

Shankaracharya e os Dois Buddhas

Este artigo foi criado a partir das informações contidas no livro Vaishnava Vijay - A História do Mayavadismo, de Srila Bhakti Pragyana Keshava Goswami Maharaj, no qual é revelada a existência de dois Buddhas que acabaram confundidos como um só. Trata-se do Buddha Avatar de Vishnu, o fundador original do budismo, e de Sakya Singha Buddha, a quem comum e erroneamente é atribuída a paternidade do budismo histórico. 

  O livro também analisa a influência da doutrina de Sakya Singha Buddha no pensamento Mayavadi de Shankaracharya e a tentativa deste de fazer com que os dois Buddhas parecessem ser a mesma pessoa. A pregação de Shankaracharya converteu milhares de budistas para o mayavadismo e foi a causa da expulsão do budismo da Índia. Vaishnava Vijay! (Vitória aos Vaishnavas!)

Sakya Singha Buddha

    Segundo acadêmicos hindus e budistas, Sakya Singha Buddha nasceu em meados do século V a.C. em Kapilavastu, no Nepal, próximo dos famosos Jardins Lumbini. Seu pai era o Rei Suddhodana e sua mãe, a Rainha Mayadevi. Depois de estudar sob a tutela do ateísta Gautama Muni, ficou também conhecido como Siddharta Gautama. Estudiosos védicos afirmam que ele viveu de 563 à 483 a.C., budistas Mahayanas calcularam que ele viveu de 566 à 486 a.C., a tradição Mahavamsa datou de 546 à 466 a.C. e Max Müeller opina de 477 à 397 a.C. 

O Buddha Avatar de Vishnu 

    Estima-se que o aparecimento do Buddha Avatar de Vishnu ocorreu pelo menos três mil e quinhentos anos antes de Sakya Singha Muni. Quanto à sua data de nascimento, o segundo capítulo do Nirnaya Sindhu informa: “jyaisthe sukle dwitiya ayang buddha janmang bhavishyati -  no segundo mês do ano indiano, no segundo dia da metade do mês, a Encarnação de Vishnu como Buddha aparecerá”. Mais à frente neste livro, está descrita a Sua adoração: “poush suklasya saptamyang kuryat buddhasya pujanam - no nono mês do ano indiano, no sétimo dia da metade do mês, deve-se adorar a Encarnação de Vishnu como Buddha”. 

    No Vishnu Purana, Vayu Purana, Garuda Purana, Skanda Purana e em livros como Devi Bhagavat e Saktipramode existe a menção de apenas um Buddha. Está confirmado no ilustre Bhagavata Purana (Srimad Bhagavatam) canto 1, capítulo 3, verso 24:

buddho namnanjana-sutah kikatesu bhavisyati

“O Senhor Buddha, o filho de Anjana, aparecerá na província de Gaya.”

    As escrituras védicas confirmam que o Buddha Avatar de Vishnu apareceu em Gaya, na região de Bihar, na Índia, como filho de Anjana. Qualquer sistema de filosofia pregada pelo Buddha Avatar de Vishnu deve ser entendida como sendo o budismo original e, sendo Ele uma das dez encarnações do Senhor Vishnu, devemos informar aos nossos leitores o que as escrituras dizem sobre Sua encarnação como filho de Anjana em Gaya, como o Buddha original. Nos versos do Gita Govinda, de Srila Jayadeva Goswami, encontramos o seguinte:

vedan uddharate jaganti vahate mugolam 

udbibhrate daityaric darayate balirh chalayate 

ksatra ksayam kurvate paulastyam. jayate 

halarh kalayate kamnyam atanvate

mlecchan murchayate dasakrtikrte krsnaya tubhyarh namah

“Saudações a Ti, Ó Krishna, que representa as dez encarnações: protegendo os Vedas como Matsya, erguendo a Terra como Varaha, carregando a montanha da Terra como Kurma, dilacerando um demônio como Narasingha, enganando Bali Maharaja como Vamanadeva, destruindo os kshatriyas como Parashurama, vencendo Ravana como Rama, segurando o arado como Balarama, espalhando a compaixão como Buddha e iludindo os comedores de carne como Kalki.”

     Também no nono verso do Dasa Avatara Stotram, de Srila Jayadeva Gosvami, há mais informações sobre a encarnação do Senhor Vishnu como Buddha:

“Ó Kesava, que encarnou como Senhor Buddha. Ó Senhor de todos os mundos. Ó Hari, ó piedoso, que censurou o conjunto de hinos védicos e injunções de sacrifícios que permitiam o abate de animais.”

    Portanto, é evidente que os dois Buddhas não são a mesma pessoa e que, embora Sakya Singha seja hoje reverenciado neste mundo como o Buddha original, não há, de forma alguma, qualquer relação com Vishnu ou qualquer encarnação do Senhor Vishnu. O local de aparecimento do  Buddha Avatar de Vishnu, o tempo de aparecimento, a filiação e a filosofia são completamente diferentes dos de Sakya Singha Buddha.

  Por isso, agora pode-se entender que a opinião predominante nas mentes das massas, budistas e não budistas, a respeito da identidade do Buddha original é apenas como sendo Sakya Singha Buddha e não o Buddha Avatar de Vishnu. De uma forma geral, este mal-entendido sobre a verdadeira natureza das coisas é muito comum neste mundo, mas no que se refere a conceitos e diagnósticos sérios, não somos unânimes em concordar com a compreensão de Shankaracharya sobre esta questão. 

    Para Shankaracharya, ficar impressionado com a opulência de Sakya Singha Buddha por exibir uma forma de iluminação é uma coisa; mas adorar a sua condição ontológica de ateísmo e pensamento filosófico niilista e depois criar enganosamente a ilusão de que Sakya Singha Buddha era o mesmo que o Buddha Avatar de Vishnu, não pode ser considerada aceitável e deve ser rejeitada.

  Shankaracharya colocou Sakya Singha na mais alta e absoluta plataforma da encarnação divina, demonstrando-lhe uma reverência indevida, embora, como demonstraremos posteriormente, ele também tenha falado do mesmo Sakya Singha como estando em delírio, sangrando em insanidade. Estas contradições, uma de reverência e outra de falsa ira e fingimento, foram usadas para mal orientar o povo, e assim a rede artificial do mayavadismo ilusório expandiu-se.

    Em diferentes partes dos Puranas, o mayavadismo de Shankaracharya (a filosofia de que a alma é idêntica ao Brahman) foi definido como pertencendo ao panteão budista. Por esta razão, é imperativo que deliberemos plenamente sobre o que é o panteão budista. Vaisnava Vijaya!

A Estratégia de Shankaracharya

   Agora, precisamos desfazer a relação criada entre o Buddha Avatar de Vishnu e Sakya Singha Buddha. Uma vez que a filosofia Mayavadi de Shankaracharya está totalmente enraizada no budismo de modo geral, devemos determinar com uma metodologia clara, a natureza dos dois. A visão que Shankaracharya disseminou sobre Buddha não pode ser considerada correta e justificada. Shankaracharya apresentou a ideia de que o Buddha Avatar de Vishnu e Sakya Singha Buddha eram a mesma pessoa. Além de ser completamente falsa, esta marcou o início da propagação dos mecanismos ilusórios do mayavadismo, por toda a Índia.

    Mas uma coisa é evidente, a partir deste período o pensamento e as concepções Mayavadis inundaram a Terra do mesmo modo que uma represa se rompe após séculos de energia acumulada. Desde a época de Sakya Singha Buddha até a de Shankaracharya em 786 d.C., houve um período de aproximadamente 1200 anos marcado pelos ataques do impersonalismo à Mãe Índia por todos os lados. A teoria Mayavadi de Shankaracharya é a mesma moeda falsa e enganosa do ateísmo. 

  Foi somente com o aparecimento das quatro sampradayas Vaishnavas (escolas iniciáticas autorizadas) que o mayavadismo sofreu sua primeira grande derrota. A Rudra sampradaya foi estabelecida por Vishnusvami por volta de 700 d.C. muito antes do nascimento de Shankaracharya, a Sri sampradaya de Ramanuja, no século 10 d.C., a Kumara sampradaya de Nimbarka, no século 11 d.C. e a Brahma sampradaya de Madhvacharya, no século 12 d.C. 

    Embora se utilize de citações dos Upanishads e pretenda representar o pensamento védico, o mayavdismo de Shankaracharya não pertence a nenhuma das escolas iniciáticas supramencionadas, que são as únicas autorizadas a representar a tradição védica, como está declarado no Padma Purana:

sampraddya vihina ye mantras to nisphalad matah atah kalau bhavisyanti catvarah sampradayinah sri brahma rudra sanaka vaisnavah ksitipavanah catvaras to kalau bhavya utakle purusottamah ramanujam sri svicakre madhvacaryam caturmukhah sri visnusvami nam rudro nimbadityam catuhsanah

“Aquele que canta um mantra que não foi recebido por uma das quatro escolas de sucessão discipular autorizadas, não colhe os frutos desejados com a prática espiritual. Todas as atividades espirituais são absolutamente infrutíferas, a menos que alguém se conecte através da iniciação por um mestre espiritual vivo na Sri sampradaya, estabelecida por Rumanuja e inspirada por Laksmi devi; na Brahma sampradaya, estabelecida por Madhvacarya e inspirada pelo Senhor Brahmá; na Rudra sampradaya, estabelecida por Vishnusvami e inspirada pelo Senhor Shiva; e na Sanaka sampradaya, estabelecida por Nimbarka e inspirada pelos quatro Kumaras.”

    Shankaracharya não pertence a nenhuma dessas sampradayas e portanto toda a sua filosofia e prática espiritual não estão autorizadas pelos Vedas. Na verdade, como veremos mais adiante, Shankaracharya compilou sua filosofia interpolando versos dos Upanishads a fim de dar um novo significado ao Vedanta-sutra, capaz de sustentar sua teoria Mayavadi de que a alma individual é idêntica ao Brahman.

  Tal conclusão é justamente o oposto pregado nas escrituras védicas que, em uníssono, declaram que a alma infinitesimal é apenas parte e parcela da Suprema Personalidade de Deus, Param Brahman. 

     Agora, a questão fundamental que se coloca é a de saber por que Shankaracharya apresentou erroneamente Sakya Singha Buddha como sendo o autêntico Buddha Avatar de Vishnu, e onde isso começou. A resposta pode ser encontrada no seu comentário ao Vedanta-sutra chamado Sariraka Bhasya, onde ele inseriu furtivamente a palavra sugata, que é usada exclusivamente para o Buddha Avatar de Vishnu, e a utilizou indevidamente para representar Sakya Singha Buddha. O respectivo trecho do Sariraka Bhasya é o seguinte:

sarvatha api anadaraniyo ayam sugata samayah

sreyaskamaih iti abhiprayah

“Na nossa opinião, a doutrina de Buddha deve ser ignorada de todas as formas possíveis por aqueles que desejam o seu próprio bem-estar.”

    Ao usar a palavra sugata no seu comentário Sariraka Bhasya, Shankaracharya identificou falsamente Sakya Singha Buddha como se fosse o Buddha Avatar de Vishnu. A palavra samayah indica  ontologia ou conclusão filosófica. Portanto, sugata samayah indica o Buddha Avatar de Vishnu e não o Sakya Singha Buddha. O uso do nome Sugata Buddha para o Buddha Avatar de Vishnu já existia nas escrituras budistas, antes mesmo do nascimento de Sakya Singha. O ateu e budista Amarasingha, compilador do antigo e autorizado livro Amarakosha, dá evidências que comprovam isso. Amarasingha nasceu aproximadamente em 550 d.C., o que o coloca há cerca de 150 anos antes do advento de Shankaracharya. Ele era filho de casta mista, de um pai brahmana, Sabara Svami, e de uma mãe shudra. A prova disso está registrada em antigos versos sânscritos de domínio popular:

brahmamyam abhavat varaha  mihiro jyotirvidam agranih 

raja bhartrharih ca vikramarnpah  ksatratmajayam abhut

vaisyayam haricandra vaidya tilako jatah ca sankuh krti

sudrayam amara sad eva sabara svami dvija sya atmajah

"Sabara Svami deu à luz apenas seis filhos. Varahamihira o melhor dos astrólogos nasceu de uma senhora brâmane. O Rei Bhatrhari e o Rei Vikramaditya nasceram de uma dama Kshatriya. Harichandra, o melhor dos médicos, e o abençoado Sankuh nasceram de uma senhora vaishya e Amarasingha nasceu de uma senhora shudra." Vaisnava Vijaya!

Dois Diferentes Buddhas Confirmados pelo Amarakosha

    Amarasingha compilou várias escrituras e livros budistas, e muitos deles caíram nas mãos de Shankaracharya. Com exceção do livro Amarakosha, Shankaracharya queimou todos os outros. O livro Amarakosa foi especialmente preservado por ele porque incorporava detalhes específicos sobre a Encarnação de Vishnu como Buddha, que é conhecido como buddho sugato. Abaixo, apresentamos os trechos relevantes para esclarecer melhor que a Encarnação de Vishnu como Buddha e Sakya Singha Buddha não são definitivamente a mesma pessoa.

sarvajnah sugato buddho dharmarajah tathagatah

samanta bhadro bhagavan marajit lokajit jinah

sadabhijno dasablo advayavadi vinayakah

munindrah srighanah sasta munih

“Onisciente, transcendental, Buddha, rei da justiça, aquele que descendeu, benfeitor, todo abrangente, Senhor, conquistador do deus do amor Mira, conquistador dos mundos, ele que controla os seus sentidos, protetor dos seis inimigos, possuidor das dez potências, orador do monismo, principal senhor dos ascetas, encarnação do esplendor e mestre dos ascetas.”

    O verso acima contém dezoito nomes do Buddha Avatar de Vishnu, incluindo o nome sugato, e o verso abaixo contém os sete nomes de Sakya Singha Buddha sem qualquer menção a sugato.

sakyamunih to yah sah sakyasimhah sarvarthasiddha 

sauddhodanah ca sah gautamah carkabandhuh ca mayadevi sutah ca sah

“Professor dos Sakyas, leão dos Sakyas, realizador de todos os objetivos, filho de Suddhodana, da linha de Gautama, amigo dos apanhados, filho de Mayadevi.”

       No comentário sobre o Amarakosha, de Srila Raghunatha Chakravati, ele também dividiu os versos em duas seções. Para os dezoito nomes do Buddha Avatar de Vishnu ele escreve as palavras 'astadas buddha' que inclui os nomes ‘sarvajnah sugato buddho’, portanto sugata refere-se claramente apenas ao Buddha Avatar de Vishnu. Também no seu comentário sobre os sete nomes de Sakya Singha Buddha, ele escreve: “ete sapta sakya bangsabatirneh buddha muni bishete - todos os nomes que vão desde ‘Sakya Muni’ até ‘filho de Mayadevi’ pertencem à dinastia Sakya.” Esta é outra prova valiosa e concisa que confirma a existência separada de dois diferentes Buddhas.

      Outro exemplo é dado no Amarakosha de Serampore, por H.T. Colebrook, publicado em 1807. Nas páginas dois e três foram prestados mais esclarecimentos sobre a palavra Buddha, enumerando os sete pseudônimos de Sakya Singha. Além do comentário de Shrila Raghunatha Chakravarti, são também mencionados outros vinte e cinco comentários, mas não vamos enumerá-los aqui, com receio de tornar este livro volumoso. 

    Concluindo, todas as evidências comprovam inegavelmente que foi Sakya Singha Buddha que promulgou as doutrinas do ateísmo e do niilismo, que constituem a filosofia do budismo no mundo de hoje e não há nenhuma evidência de qualquer fonte que possa apoiar a ideia de que esta doutrina foi alguma vez introduzida pelo Buddha Avatar de Vishnu e, portanto, não pode ser atribuída a Ele.

     A única razão pela qual Sakya Singha Buddha também foi chamado de Gautama foi porque ele era discípulo de Gautama Muni da dinastia ateísta de Kapila Muni. Isto é confirmado no seguinte verso do Sundarananda Charit:

guru gotrat atah kautsa to bhavanti sma gautamah

“Ó Kautsa, porque seu professor era Gautama, ele ficou conhecido pela sua linhagem familiar.”

    Como esse era também um dos nomes do Buddha Avatar de Vishnu, isso ajudou a aumentar ainda mais a ilusão de que Sakya Singha Buddha e o Buddha Avatar de Vishnu eram a mesma personalidade. Vaisnava Vijaya!

Outras Escrituras Budistas Registrando Dois Buddhas Diferentes

    Além do Amarakosha, há muitas outras escrituras budistas que confirmam este fato. No Prajñaparamita SutraAstasahasrik Prajñaparamita SutraSatasahasrik Prajñaparamita SutraLalita Vistara e outros revelam a existência de três diferentes níveis de Buddhas, como descrito abaixo:

1) Adi Buddha:  A encarnação onipotente do Senhor Buddha Avatar de Vishnu.

2) Bodisattva Buddha: os Buddhas como Samanta Bhadra que nasceram iluminados. 

3) Buddhas humanos: os Buddhas como Sakya Singha que alcançaram a iluminação durante a  vida.

     A encarnação original do Senhor Vishnu como Buddha, possuía todas as opulências e potências divinas, enquanto que quaisquer outras manifestações subsequentes que tenham sido descritas como Buddha, se encontravam numa plataforma totalmente diferente, possuindo apenas uma parte dessa potência como frutos da iluminação. Sakya Singha Buddha não nasceu um Bodhisattva, ele alcançou Bodhi, ou iluminação, após anos de severas austeridades. Samanta Bhadra nasceu iluminado e, portanto, não teve necessidade de praticar austeridades severas para atingir esse estado. O Adi Buddha que encarnou como um dos Lila-avataras do Senhor Vishnu foi uma manifestação da Suprema Verdade Absoluta e totalmente transcendental à existência material, sendo Ele a perfeição personificada. Ele apareceu com o propósito específico de pôr um fim ao abate de animais pregando a Sua filosofia ahimsa, ou não violência, contra qualquer entidade viva.

     Encontramos também no Lalita Vistara, página 178, a seguinte referência:

esa dharanimunde purvabuddhasanasthah

samartha dhanuh grhitva sunya nairatmavana yih

klesaripum nihatva drstijalam bhitva

siva virajamasokam prapsyate bodhim agryam

“Este, sentado no pedestal do Buddha anterior, viajante no caminho do vazio e do altruísmo, segurando o poderoso arco que mata o inimigo sob a forma de angústia, quebrando as ilusões, alcançará o indolor desprendimento auspicioso e a mais nobre sabedoria.”

     Fica evidentemente claro a partir deste verso que Sakya Singha Buddha considerou o pedestal de penitência do Buddha Avatar de Vishnu, em Bodhi-Gaya como sendo extremamente sagrado e santificado. Assim, ele realizou austeridades ali, sentado debaixo de uma árvore pipal e alcançou bodhi ou iluminação. Nas escrituras védicas, isto é interpretado da seguinte forma:

kalau prapte yatha buddho bhavet visnuh prabhuh

“Na era de Kali, o Senhor Vishnu encarnou como Buddha.”

    O Senhor Vishnu encarnou como Adi Buddha, o filho de Anjana em Gaya, Bihar, Índia. Não encarnou como Sakya Singha Buddha, filho de Mayadevi, em Kapilavastu, Nepal. Portanto, de acordo com a escritura védica Srimad Bhagavatam, esta é uma verdade histórica e o verdadeiro  princípio. Vaisnava Vijaya!

Características Budistas Presentes na Teoria Mayavadi de Shankaracharya

    No Prajñaparamita Sutra, escrito por Kishori Mohan Chatterji, que era um budista reconhecido, na página 177 afirma-se que o negativismo da teoria Mayavadi de Shankaracharya e o negativismo da doutrina budista não são diferentes. Eles são apenas dois nomes para a mesma filosofia. Não há dúvida de que a teoria Mayavadi de Shankaracharya é oriunda do budismo. Isto é evidente tanto para os estudiosos quanto para os leigos. 

     Aqui, o escritor conduziu uma comparação das duas e provou definitivamente que as ideias do mayavadismo estão em sintonia com as ideias do budismo. Assim, Vijñan Bhiksu juntamente com os filósofos de Sankya, Pantajali, iogues, sábios e rishis, acharyas como Ramanuja, Nimbarka, Vishnusvami e Madvacharya, Vedantistas como Baladeva Vidyabhusan e até os próprios budistas consideravam Shankaracharya como um propagador dos conceitos ideológicos e teológicos de Sakya Singha Buddha.

   O próprio Shankaracharya, tal como citado anteriormente, também demonstrou grande reverência por Sakya Singha Buddha e diferentes Puranas descrevem suas ideias como ‘sintomas de um budismo disfarçado’. Os argumentos dos infalíveis Puranas são irrefutáveis e, embora os seguidores de Shankaracharya se oponham firmemente a estes versos, mesmo sem quaisquer provas substanciais que sustentem sua oposição, com a mais simples investigação, qualquer pessoa pode ver que o mayavadismo de Shankaracharya e o niilismo ateísta de Sakya Singha Buddha possuem fundamentos comuns.

   Se estudarmos os antecedentes históricos, encontraremos muitas semelhanças e afinidades entre o budismo e o mayavadismo. Tradicionalmente, vimos que os seguidores de Shankaracharya não ficam muito satisfeitos com a nossa opinião sobre eles serem budistas disfarçados, mas apenas para remover as objeções deles sobre este ponto e para trazer gradualmente uma mudança na sua compreensão, com base nas escrituras reveladas, estamos humildemente apresentando a teoria de Shankaracharya paralelamente à de Sakya Singha Buddha e vamos compará-las. 

   Visto que o budismo e o mayavadismo têm tanto em comum e é um fato que a filosofia budista de Sakya Singha predominou na Índia por quase mil anos antes da prolífica promulgação do mayavadismo de Shankaracharya, é importante entender exatamente como os fundamentos básicos do mayavadismo foram alimentados pelo budismo e como, com base nesses fundamentos, o mayavadismo foi capaz de crescer e florescer. Queremos agora que os leitores do nosso humilde artigo se familiarizem com isto.

   A própria natureza é maya, por ser parte e parcela da energia externa chamada de maya. Assim, o naturalismo de Sakya Singha Buddha está também na arena do mayavadismo. A palavra buddha significa conhecimento. O conhecimento que vem do ventre de maya é chamado de mayavadismo. Na verdade, foi após o nascimento de Sakya Singha do ventre de sua mãe, Mayadevi, que a teoria da ilusão tomou forma definitiva e pôde ser divulgada. A filosofia do Buddha Avatar de Vishnu, baseada em ahimsa, ou não-violência, é totalmente diferente da filosofia do niilismo ateísta de Sakya Singha Buddha.

   Agora, vamos fazer uma análise comparativa da unicidade dos conceitos do budismo e do mayavadismo, apesar de parecerem dicotômicos. Vaisnava Vijaya!

Sakya Singha Buddha Anula a Existência do Universo

    Segundo Sakya Singha Buddha, o universo é inexistente e era inexistente no início. O universo é considerado por ele como um mal no início e um mal no fim, e portanto, também deve ser um mal no seu transcurso. O tempo também não é abordado de forma racional na sua filosofia. Segundo ele, nada estava no início e nada estará no fim e, porque o passado era inexistente e o futuro também será inexistente, então isso pressupõe que o presente também seja inexistente. Levando esta filosofia ainda mais longe, ele afirma que o presente é apenas mais um nome para o passado e para o futuro.

   Continuando, ele deduz que qualquer ação, antes de ser realizada, está no futuro, mas no momento em que é realizada torna-se passado, e sendo o presente nada mais que o espaço ilusório entre um passado inexistente e um futuro inexistente, ele deve ser inexistente também. Armados deste argumento, os seguidores de Sakya Singha Buddha criaram uma forma de tentar negar a existência do universo. Sinceramente, se dissermos que "Rama está vivo", será que isto não denota que exista alguém com o nome de Rama? Como poderia ser mal interpretado, como se não houvesse ninguém com o nome de Rama? Nesse caso, isso anularia também a sua existência e a minha, a de Sakya Singha Buddha e a dos seus seguidores e de todo o resto. Se nada existe, como é que Sakya Singha Buddha pôde nascer neste mundo? Como foi capaz de renunciar ao seu reino? Como conseguiu estabelecer sua filosofia? Como foi capaz de fazer discípulos? Como foi capaz de fazer todas essas coisas? Se nada existe, como foi possível manter registros destes acontecimentos?

   Quando analisamos tudo isso à luz do conhecimento, fica evidente que o que quer que tenha acontecido, existiu, e que o passado, o presente e o futuro também existiram assim como ele. Por isso, podemos ver que a filosofia de Sakya Singha Buddha e a teologia budista atual negam a existência deste universo, bem como o fator tempo do passado, presente e futuro. Shankaracharya também aceita este tipo de ontologia, e agora vamos demonstrar definitivamente. Vaisnava Vijaya!

Shankaracharya Também Anula a Existência do Universo

    Shankaracharya, seguindo fielmente os passos de Sakya Singha Buddha, também aceitou a visão de um universo inexistente sem passado ou futuro e o chamou de avidya (ignorância). Não é possível explicar filosoficamente ou expressar de fato o que isto realmente implica, devido à sua imensa propensão. Shankaracharya, no seu livro Ajñanbodhini, escreveu sobre o universo. Se analisarmos estes escritos podemos chegar a uma conclusão sobre o que ele quis dizer por avidya e perceber a sua natureza inerente, tal como demonstrado abaixo:

bho bhagavan yad bhrama matra siddham tat kim satyam

are yatha indrajalam pasyantam janam vyaghra jala tadid

adi asatyataya pratibhati kim indrajala bhrama nivrrte sati 

sarvam mithya iti janati idam tu sarvesam anubhava siddham

“Ó Senhor, aquilo que é estabelecido como mera ilusão, pode ser real? Por exemplo, ao vermos um espetáculo de magia com um tigre, água e iluminação, será que isso parece irreal? Quando a ilusão do espetáculo de magia termina, sabemos que tudo era irreal. Isto é estabelecido pela própria experiência.”

     Por estes versos do Ajñanbodhini, Shankaracharya postula que o mundo é ilusório e irreal como um truque de mágicos e, no próximo verso do seu livro Nirvina Dashaka, ele registra:

na jagram na me svapno va susuptir na visve

“Não tenho estado de vigília, nem de sonho, nem de sono profundo.”

    Por este verso, Shankaracharya dissolveu a existência da mesma maneira que Sakya Singha Buddha. Continuando no verso três do seu livro Atmapanchak, Shankaracharya escreve o seguinte:

abhati idam visvam atmani asatyam 

satya jnana ananda rupe vimohat

nidra mohat svapnavat tat na satyam 

suddah purnah nitya ekah sivo aham

“Este mundo irreal parece real para o eu puro sob a forma de conhecimento e bem-aventurança, devido à ilusão; assim como na ilusão do sono uma pessoa sonha, mas não é real. Portanto, sou puro, completo, eterno e auspiciosamente o Uno indivisível.”

    A expressão "svapnavat tat na satyam" refere-se ao fato deste mundo não ser real. Que este mundo é como um sonho e, portanto, falso. Que a percepção deste mundo é como a percepção de um sonho enquanto se dorme. Sakya Singha Buddha afirmou que o mundo cotidiano, parece ser um sonho e é apenas coerente, quando pressupomos que o cotidiano e o sonho, ambos provêm da imaginação. Quando um sonho surge da imaginação, ele aparece como uma manifestação do cotidiano. Esta é a convicção dos filósofos. 

    Embora Shankaracharya, no seu comentário Sariraka Bhasya do Vedanta-sutra, tenha atacado essa teoria do cotidiano onírico dos budistas, sua hipótese da irrealidade dos fenômenos universais é fundamentalmente idêntica em conteúdo, embora distinta na linguagem.

    Shankaracharya apresentou avidya como indecifrável, ao afirmar: “sat asat vilaksana anirvacaniyatra - a avidya, ou ignorância, está para além da descrição, uma vez que não existe ou é não-existente”. Isso é explicado de uma forma tão ambígua que, de fato, não é diferente da teoria atemporal de Sakya Singha Buddha e, assim como o exemplo da ostra e da prata, é apenas fruto da ignorância. Portanto, achar que o aspecto prateado numa ostra seja realmente prata devido ao seu brilho, depende do ponto de vista de cada um, e é apenas temporário. As ideias budistas também são vistas de um determinado ponto de vista e, sendo limitadas, não são eternas, mas apenas temporárias. Não tendo continuidade temporal de passado, presente e futuro essa ignorância não é irreal, mas na verdade, muito real!

   O venerado escritor Sri Rajendra Nath Ghose, ao comentar sobre Shankaracharya, apresentou um ponto de vista muito surpreendente. Ele propôs que algo que é inexistente provoca um reflexo; mas algo que realmente existe não provoca um reflexo, como no caso do Brahman. Portanto, a ontologia budista é um reflexo daquilo que é não-existente. O famoso estudioso budista, Jñanashri, registrou “yat sat ksanikam - o que quer que exista é momentâneo.” Isto é totalmente falso e completamente dependente de uma compreensão material que nega a eternidade da alma, a eternidade do mundo transcendental e a posição eterna e transcendental da própria Suprema Personalidade de Deus. Shankaracharya escreve no 44º verso do seu livro Aparokshanubhuti, sobre a natureza temporária deste mundo, fazendo eco ao seu mentor Sakya Singha Buddha:

rajju ajnanat ksanena eva yadvad rajjuh hi sarpini

“Uma corda é apenas uma corda, assim que a ignorância de pensarmos ser uma cobra, é dissipada.”

    Se pisarmos numa corda no escuro, podemos facilmente confundi-la com uma cobra. Mesmo que o erro seja de curta duração ou temporário. Assim, ele concluiu que o universo que parece ser real é na verdade um erro de entendimento. Portanto, agora vamos refletir sobre a teoria tridimensional, atemporal e inexistente do universo de Shankaracharya e determinar como ela difere do budismo de Sakya Singha. Vaisnava Vijaya!

Brahman e a Não-Existência

    Analisamos cuidadosa e objetivamente os conceitos do universo tal como postulados por Sakya Singha Buddha e Shankaracharya. Se o universo é inexistente, falso e momentâneo, então o que é real e eterno? Primeiro vamos discutir o que é eterno e real para os seguidores do budismo e isto é a não-existência, e o nirvana. Para os seguidores do mayavadismo, a doutrina do ateísmo de que não há Deus ou que todos nós somos Deus é o que eles consideram que seja real, e para eles o que é eterno é o Brahman, como sendo o conhecimento final. Segundo Shankaracharya, o que pode ser percebido existe. Sakya Singha Buddha declarou que o que nos dá uma percepção é inexistente. Shankaracharya traduziu isso com a palavra Brahman. Ao preservar todos os atributos do vazio, ele ecoou fielmente a filosofia de Sakya Singha Buddha.

    Em relação a Shankaracharya, no livro Jaiva Dharma, de Srila Bhaktivinode Thakura, está escrito que quando Paramahamsa Babaji Maharaj ouviu o nome de Shankaracharya, prestou reverências e disse "shankara saksat - ele é o próprio Shiva”, lembrando-se sempre que ele é um preceptor dos Vaishnavas. Shankaracharya era um Vaishnava perfeito e é por isso que Sri Chaitanya Mahaprabhu se referia sempre a ele como acharya. Sem cometer qualquer ofensa aos pés de lótus dos servos obedientes do Senhor Supremo, Shankaracharya cumpriu a sua ordem divina de colocar perante a população o caminho através do qual podemos nos abrigar na inexistência, o que é em si uma via encoberta pelo mayavadismo. 

    Shankaracharya fez isto especificamente por ordem de Krishna, em uma época em que o mundo precisava muito deste valioso serviço. O Senhor Supremo Krishna designou Shiva para descer à Terra e nascer em uma família de brahmanas, para criar uma filosofia que levasse a crer que Senhor Supremo era impessoal, sem nenhuma forma, personalidade, ou qualidades, a qual seria logicamente aceitável para aqueles que se opunham a Bhakti (devoção pura a Suprema Personalidade de Deus). Aqui está uma descrição vívida disso, onde o próprio Shiva descreve para Parvati, no Padma Purana:

mayavadam asacchastram pracchannam auddhamuchyate maya

iva vihitam devi kalau brdhmana murttina

“A teoria Mayavadi pertence a uma escritura não autorizada e é conhecida como sendo um budismo disfarçado. Sou eu, ó Deusa, na forma de um brahmana que perpetrou isso na era de Kali.”

  Agora, veremos neste próximo exemplo que o próprio Senhor  Krishna instrui confidencialmente a Shiva, o seguinte:

svagamaih kalpitais tvam ca janan kuru madvimukhan

ca gopaya yens syat srstires ottarottara

“Com suas próprias escrituras montadas, torne as pessoas adversas a Mim e Me esconda para que a população cresça perpetuamente.”

     Agora, Shiva revela a Parvati o método pelo qual criou sua teoria:

vedarthavan mahasastram maydvddam avaidikam

mayd eva kathitam devi jagatam nasakaranat

“A grande teoria das escrituras Mayavadis não é védica, embora exprima seu significado através dos Vedas. Ó Deusa! Sou eu quem disse isso, porque isso é a raiz da destruição dos mundos.”

   Shiva foi autorizado por Krishna a encarnar e difundir essa teoria. Para realizar essa tarefa, Shiva nasceu como Shankaracharya e deturpou as escrituras védicas através da lógica especulativa e interpolação enganosa, e apresentou sua teoria como um budismo disfarçado.

   Pode-se entender pelos Vedas que Shiva é o senhor da destruição, Brahmá é o senhor da criação e Vishnu é o senhor da preservação. Shankaracarya declarou poderosamente: "Este mundo é uma ilusão! Este mundo é falso! Esta existência não é real!" Esse ensinamento demoníaco, com um propósito secreto, dá falsa sabedoria aos seres humanos adormecidos espiritualmente. Em Kali yuga, a escuridão da ignorância aprofunda-se rapidamente e a degeneração de toda a criação regride pateticamente à ociosidade e à apatia. A humanidade, incapaz de se salvar, fica impotente, seduzida por suas próprias melodias e encantada com sua própria dança, na mais profunda escuridão da ignorância. Isso quer dizer que o processo de destruição liderado por Shiva não é apenas no âmbito físico, mas também no metafísico.

    No entanto, foi através dessa teoria que Shankaracharya conseguiu resgatar milhões de pessoas que haviam se convertido ao budismo e renegado suas origens védicas.

O Retorno Aos Vedas

    Devido à influência da pregação do Buddha Avatar para que os rituais védicos fossem rejeitados, e mais tarde com doutrina da não-existência de Sakya Singha que reforçou ainda mais essa rejeição, os Vedas tinham sido quase totalmente esquecidos pelas massas. O estudo dos Vedas não era considerado um requisito diário essencial e as atividades normais do varnashrama-dharma (sistema social) haviam se degenerado.  Nessa época, a maioria dos brahmanas tinha se tornado budista, fugindo completamente do Sanatana Dharma (o processo religioso prescrito pelos Vedas).

Shankaracharya só obteve êxito em sua revolução, pois conseguiu associar a doutrina da não-existência de Sakya Singha Buddha ao brahmavada da sua teoria Mayavadi. Por isso, todos os vedantistas são eternamente gratos a ele.

    As atividades neste mundo são julgadas por dois pontos de vista: temporal e eterno. As atividades realizadas por Shankaracharya, embora prósperas, são consideradas temporais, mesmo tendo tornado possível o aparecimento de inúmeros resultados positivos. As realizações de Shankaracharya lançaram as bases para que Ramanuja, Madhvacharya, Vishnusvami e Nimbarka construíssem uma grande estrutura de devoção pura nos moldes do vaishnavismo, e mais tarde o Senhor Chaitanya Mahaprabhu amalgamou essas quatro filosofias em uma conclusão abrangente e unificada, chamada de achintya-bhedabheda-tattva, ou a inconcebível semelhança e diferença simultâneas entre a alma e Deus. Esta filosofia é a base do Gaudiya vaishnavismo que se espalhou pelo mundo através do canto congregacional do Maha-mantra Hare Krishna. Assim, Shankaracharya se tornou um grande aliado do vaishnavismo e um de seus primeiros acharyas, mesmo que indiretamente.

   Continuando com este tratado, demos provas de que basicamente não há distinção entre a teoria da não-existência dos budistas e a teoria do Brahman dos mayavadis. Vamos fortalecer estas provas com mais testemunhos nas páginas que se seguem. Vaisnava Vijaya!

A Doutrina da Não-Existência de Sakya Singha Buddha

   O Prajñaparamita Sutra é uma escritura muito importante para o Gatha budista. O segundo sutra deste livro menciona a não-existência, da seguinte forma:

akasam iva nirlepam nisprapancam niraksaram

 yas tam pasyati bhavena sa pasyati tathagatam

“Aqueles que te percebem, na contemplação, como indecifrável, imanifesto e silencioso como o céu, percebem a não-existência.”

    No décimo sexto sutra do Prajñaparamita Sutra é feita uma descrição mais detalhada, como indicado a seguir:

surdurbodhah aei mayd iva drsyase na ca drsyase

“Você é muito difícil de ser compreendido, como uma ilusão que se vê e não se vê.”

  Na segunda versão da escritura budista Astasahasrika Prajnaparamita, isto é apresentado da seguinte forma:

sarva dharma api devaputra maya upamah svapna upamah

pratyeka buddho api maya upamah svapna upamah

pratyeka buddhatvam api maya upamah svapna upamah

samyak sambuddhatvam api maya upamah svapna upamah

“Ó filho dos deuses, todas as religiões são uma ilusão como um sonho e Buddha é também uma ilusão como um sonho e todo Buddha é uma ilusão como um sonho, as doutrinas e até os Bodhi Buddhas são uma ilusão como um sonho.”

   Madhavacharya e Shayanacharya, no livro Sarvadarshan Samgraha, descreveram assim a filosofia do budismo de Sakya Singha:

madhyamikas tavad uttama prjna ittham acikathan

bhiksupadaprasarana nyayena ksanabhasnga dyabhidha mukena

sthayitva anukula vedaniyamatra anugatatva sarva satyatra

bhrama vyavartena l sasva sunyatayam eva parya vasanam

atas tattvam sad asad ubhaya anubhaya atmaka catuskoti vinirmuktam sunyam eva

“Enquanto isso, os inteligentes Madhyamikas contavam, pois, a metáfora do mendigo com as pernas esticadas, como uma forma de apresentar a teoria da momentaneidade de tudo, que culminava no vazio total, através da exclusão da permanência, do favorecimento, da experiência e de eventos sucessivos, como sendo todos ilusórios. Portanto, a realidade é nula, livre de existência e não-existência, ambas ou nenhuma das duas.”

     Aqui está um exemplo perfeito da teoria da existência e não-existência postulada por aqueles que professam praticar a abstinência e têm grande sabedoria. Eles acreditam que todo o tipo de existência é ilusória e culmina, em última análise, na não-existência, e que este mundo não passa de uma alcunha habitual e momentânea.

Além disso, no vigésimo-nono verso do Sarva Darshan Samgraha há uma outra referência à não-existência:

kecana bauddhah bahyesu gandha adisu antaresu rupa 

skandhesu satsu api l tatra ahastham utpada itam sarvam

sunyam iti prathamikan vineyan acikathan

“Alguns budistas, promovendo a descrença na existência externa do olfato, visão, audição, paladar, tato e sentimento, mesmo que ainda tivessem uma existência interna, disseram aos seus discípulos neófitos que tudo é vazio.”

     No vigésimo primeiro capítulo do livro budista Lalita Vistara há uma descrição de que a filosofia de Sakya Singha Buddha dissolveu a existência material com a ajuda de flechas niilistas disparadas dos arcos da não-existência. Uma referência é dada a seguir:

samarthah dhamuh grhitva sunya nairatmya 

bandinoh klesa ripum nihatya

“Uma pessoa hábil segura o arco e mata o inimigo das aflições do aprisionamento do niilismo e do não-altruísmo.”

   Aprendemos com estes livros budistas os meios pelos quais eles formularam seu entendimento. As evidências dadas nestes livros afirmam que um objeto sem existência, como o céu, é sem atributos, e o que quer que pensemos ou façamos para nosso próprio bem ou para o benefício e bem-estar dos outros é também sem atributos e inexistente: uma ilusão onírica conhecida como maya. Segundo o livro budista Prajñaparamita Sutra, mesmo que o engano seja apenas momentâneo, sua causa principal é inexistente e se a qualidade e o sabor de uma manga são eliminados, então a manga torna-se inexistente.

  Sakya Singha Buddha afirmou que qualquer coisa sem qualidade e virtude é inexistente e Shankaracharya afirma que qualquer coisa sem realidade é Brahman. Portanto, esse malabarismo verbal e essa ginástica mental são a natureza das suas conclusões ilusórias e o Brahman sem atributos de Shankaracharya é sinônimo dessa ilusão, embora camuflado noutra forma. Vaisnava Vijaya!

O Caminho da Salvação de Sakya Singha Buddha

     De acordo com Sakya Singha Buddha, o caminho da salvação é alcançado através da compreensão da essência das instruções filosóficas como elucidadas nos seguintes versos do Shayana Madhava.

tat dvivdham tad idam sarvam duhkham duhkhaya 

tanam duhkha sadhanam ca bhavayitva 

tannirodhopayam tattra jnanam sampadayet

“A experiência neste mundo está cheia de sofrimento, é a razão do sofrimento e é a fonte do sofrimento. Deve-se adquirir o verdadeiro conhecimento que é o meio para eliminar a causa do sofrimento.”

ata eva uktam duhkha samudaya nirodha margah 

catvarah arya buddhasya abhimatani tattrani

“Assim é dito, na opinião de Sakya Singha Buddha, que existem apenas quatro verdades: o sofrimento, o mundo, sua eliminação e o caminho.”

tatra duhkharh prasiddham samudayo duhkha karanam tad 

dvividham prayayo panibandhano hetu panibandhanah ca

“De todos eles, o sofrimento é o mais conhecido, o mundo é a causa raiz do sofrimento e tem duas vertentes: uma ligada aos sentimentos e outra à causa e efeito.”

    O décimo sétimo verso do Prajñaparamita Sutra, está  glorificando a si mesmo (o próprio livro):

margas team eko moksasya nd'sti anya iti niscayah

“É certo que este é o único caminho para a salvação e não há outro.”

    Diversos livros budistas mahayânicos também se referem ao  Prajñaparamita Sutra como o único caminho para a salvação. No início do Satasahasrika Prajñaparamita Sutra, uma ideia do valor que os budistas dão ao Prajñaparamita Sutra é revelada abaixo:

na eva tena vine moksam tasmat srotavyam adarat

“Não há salvação sem ele, portanto devemos ouvi-lo atentamente.”

    Num outro verso, há mais promessas paternalistas até mesmo de poderes conferidos pelo Prajñaparamita Sutra, como pode ser evidenciado no verso a seguir:

ya sarvajnataya nayati upasamam santyaisinah sravakan

ya margajnataya jagaddhita krpa lokarthasarhpadika

sarvakaram idam vadanti munayo visvamjaya samgata

tasmai sravaka bodhisattva ganino buddhasya matre namah

“Ofereço reverências à mãe de Sakya Singha Buddha, aos aspirantes e também aos Bodhisattvas que possuem o conhecimento do verdadeiro caminho que conduz à onisciência e à paz mental, que possuem a misericórdia para o bem-estar mundial e a conquista do objetivo das pessoas; e a este Prajñaparamita Sutra, ao qual os ascetas estão sempre apegados e declaram ser o melhor de todos.”

     Logo no primeiro sutra do Prajñaparamita Sutra, esta incitação é feita:

nirvikalpe namas tubhyam prajna paramite amite

ya tvam sarva anavadya angi niravadyair niriksase

“Ó vasto, indistinto, imaculado, Prajñaparamita Sutra, reverências a vós, que sois contemplados por aqueles que são irrepreensíveis.”

  Se analisarmos cuidadosamente o verso acima, fica evidente que o que Shankaracharya afirma sobre a realização do Brahman como sendo um sinônimo da linha de raciocínio do Prajñaparamita Sutra.

Já demos provas anteriores sobre a teoria budista de que a libertação da escravidão temporal e a salvação são alcançadas pela cessação do pratyayopanibandhan, que é o sofrimento devido ao apego, e do hetupanibandhan, que é o sofrimento devido à causa.

     Abaixo, o verso da escritura budista Shayana Madhav ilustrará melhor este ponto:

tad ubhaya karananantaram vimalah jnanodayah va

muktih tan nirodhopayo margah sa ca tattva jnanam

tac ca pracina bhavana balad bhavati iti paramam rahasyam

“Depois de subjugar ambos, o conhecimento puro surge como sendo a salvação, o caminho e os meios para subjugá-los. Este conhecimento puro se adquire pela força das percepções anteriores. Portanto, este é o maior segredo.”

   Assim, segundo o pensamento budista, os sofrimentos deste mundo têm duas causas, e se ambas forem destruídas, a escravidão também será destruída. O único caminho para alcançar a salvação de sua não existência sem forma, sem distinção e sem atributos, é obter este conhecimento. Vaisnava Vijaya!

Semelhanças entre a Não-Existência e o Brahman

   Agora, novas pesquisas nos auxiliarão no esforço de determinar se há alguma diferença entre a não-existência e o Brahman, e iniciaremos nossa análise pelo que foi registrado no sutra 19 do Prajñaparamita Sutra, conforme apresentado abaixo:

saktah kas tvam iha stotum nirnimittam niranjanam

sarva vag visaya titam ya tvam kvacid anisita

“Quem neste mundo é capaz de vos elogiar: aquele que é sem causa determinante, livre, para além do reino de todas as narrações e por vezes independente?”

yd ca subhute sunya aksaya api te sa yd ca 

sunyata aprameyata api sa

“Ó Subhuti, aquilo que é nulo é também indestrutível e aquilo que é nulo é também imensurável.”

     Mais adiante, Sakya Singha Buddha define seus parâmetros sobre o nirvana:

aprameyam iti va asamkhyem iti va aksayam iti va sunyam animittam iti va apranihitam iti va anabhisarirskarm iti va nirodha iti va nirvanam iti

“O Nirvana é, portanto, imensurável ou indescritível, indestrutível ou nulo, sem causa ou não meditativo, ou é inalterável ou insubjugável.”

   Mais adiante, no décimo segundo capítulo do Astasahasrika Prajnaparamita, em resposta às perguntas dos filhos dos semideuses, Sakya Singha Buddha lhes dá uma explicação acerca da inexistência:

sunyam iti devaputra atra laksanani sthapayante

anabhisamskara iti anutpada iti anirbodha asamklesa

avyavadhana abhava nirvanam dharma dhartuh

tatha iti devaputra atra laksanani sthapayante

na etani laksanani rupa-niscitani

“Ó filhos dos deuses, com relação ao vazio, são apresentadas características tais como imutável, não produzido, difícil de compreender, desprovido de aflições, sem obstáculos, inexistente e possuidor das qualidades do Nirvana. Ó filhos dos deuses, lhes apresento estas características sobre o vazio, mas estas não são definidas por uma forma.”

    Assim como podemos ver, os versos acima, se analisados minuciosamente, dão uma compreensão muito assertiva e clara de que a doutrina da não-existência de Sakya Singha Buddha e a doutrina do Brahman de Shankaracharya não diferem de forma significativa e são fundamentalmente a mesma. Vaisnava Vijaya!

Conclusão

     Sakya Singha Buddha não defendeu a realidade do mundo externo. Ele ensinou que a não-existência, estando presente em toda parte, é a origem da existência que não se manifesta em toda parte. Ele também ensinou que tudo que é percebido só pode ter uma existência momentânea. Em suma, ele nega a continuidade ou a ordem universal de qualquer coisa. Para ele, quando uma coisa é percebida, no momento seguinte, tudo o que existia anteriormente é destruído e deixa de existir. Por isso, essa falta de continuidade das coisas e a ausência de qualquer racionalismo de causa e efeito levaram a algumas opiniões contraditórias na mente de seus discípulos. 

  Sakya Singha Buddha teve quatro principais discípulos que interpretaram seus ensinamentos de maneiras diferentes e criaram quatro doutrinas budistas distintas. Essas quatro doutrinas budistas separadas são Vaibhasika, Sautrantika, Yogacharas e Madhyamika e, em poucas palavras, vamos dar a premissa básica de cada uma delas.  A doutrina Vaibhasika defende a idéia de que todo objeto externo, que pode ser percebido, é real; a Sautrantika defende a perspectiva de que o mundo externo só é inferido a partir de ideias; os Yogacharas sustentam a visão de que somente as ideias são reais e não há concepção externa correspondente a essas ideias; e os Madhyamikas sustentam a opinião de que até mesmo as idéias são irreais e que nada mais existe além de um estado de ausência que eles chamam de sunyam, ou vazio. 

    Shankaracharya escolheu a doutrina budista Madhyamika para embasar sua teoria. O que era uma Sunyavada (teoria do vazio) para o budista Madhyamika, foi transformado na teoria Mayavada (teoria de que maya cria a ideia de existência), usando o mesmo fundamento baseado no vazio, só que chamando esse vazio de Brahman, o qual ele enganosamente camuflou como indistinto, sem forma e sem atributos, existindo em um estado vazio.

   O advaitavadi Rajendra Nath Ghosh, na página dez do prefácio de seu livro Advaitasiddhi, comentou que nos 500 anos que precederam Sakya Singha Buddha até o nascimento de Jesus Cristo, no ano 57 do reinado de Vikramaditya, a filosofia Advaita (monista) estava fluindo totalmente através do budismo e, por cinco séculos depois do reinado de Vikramaditya até o nascimento de Shankaracharya, a filosofia Advaita passou a ficar sob o controle total dos budistas. Rajendra Nath escreveu na página nove de seu prefácio, que os preceitos da filosofia Advaita foram estabelecidos através do budismo. Como um budista não-existencialista, ele está dando uma visão verdadeira de si mesmo e de suas concepções através de seus próprios escritos. 

    Se é demeritório e ofensivo encontrar falhas em um conceito imaginário apresentado como sendo real, então Shankaracharya não fica isento de culpa. Ele não hesitou em referir-se ao Sakya Singha Buddha como ‘sugata’, uma nomenclatura que já era conhecida como pertencente ao Buddha Avatar de Vishnu. Além disso, ele não hesitou em chamar Sakya Singha Buddha de imbecil. Em seu comentário sobre o Vedanta-sutra, Shankaracharya escreve “sugata buddha asambaddha pralapitvam - Sakya Singha Buddha estava sangrando em insanidade". Este Sakya Singha Buddha que nasceu em 563 a.C. em Kapilavastu, Nepal, como filho do rei Suddhodana e da rainha Mayadevi e que hoje é conhecido em todo o mundo, na mente do homem comum, como Buddha, estava "sangrando em insanidade". 

    Abaixo está o extrato dessa citação, do livro Sariraka Bhasya 2/2/34:

bahyartha vijnana sunyavada trayam itaretara viruddham upadisata sugatena spastikrtam atmanah asambaddha pralapitvam 

“Ao pregar três conceitos (o objeto externo, o conhecimento e a teoria do niilismo) que  são  contraditórios entre si, Sugata Buddha mostrou claramente que está sangrando em insanidade.”

    Por esta sarcástica observação feita por Shankaracharya, ninguém deve supor que ele tivesse inveja de Sakya Singha Buddha. Os esforços de Shankaracharya para anular as teorias de Sakya Singha Buddha não podem ser equiparados ao seu entusiasmo em apoiar o ateísmo budista.

    Shankaracharya secretamente tinha em sua mente uma reverência real pelo ateísmo budista e por isso declarou enganosamente que Sakya Singha Buddha era a encarnação do Senhor Vishnu, mesmo sendo um fato historicamente inverídico e absolutamente falso. O próprio Srila Vyasadeva, no Padma Purana, afirma que Shankaracharya era um budista disfarçado e que pregaria em um formato védico a filosofia ateísta e não-védica de Sakya Singha Buddha neste mundo. Por este motivo,  só restou a Shankaracharya a opção de dizer que Vyasadeva estava parcialmente equivocado em seus textos védicos. Declarando isto, Shankaracharya assinou um atestado contra si mesmo, ao defender a tese de que os Vedas não são perfeitos e infalíveis. Vaisnava Vijaya!

fonte: www.bvmahavirmaharaj.com/post/os-dois-buddhas-e-shankaracharya


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React: FRANCISCO ESPECTRO PERGUNTOU PRA ALGUMAS PESSOAS QUAIS SÃO OS 4 ELEMENTOS DA CULTURA HIP-HOP



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O Que é Pinterest? Como Funciona o Pinterest? Como ele ajuda seu Blog. Por João Maria Andarilho Utópico.




O Pinterest foi lançado, oficialmente, em março de 2010. Fundada por Ben Silbermann, Evan Sharp e Paul Sciarra, a plataforma começou como uma ferramenta para colecionar ideias interessantes em um só lugar. Entretanto, rapidamente se tornou uma rede social usada para buscar inspiração e referências dos mais variados temas. Ou seja, uma plataforma de “descoberta visual”.

O serviço está disponível na versão web e em aplicativos para dispositivos móveis, com os sistemas Android e iOS. No app, as pessoas podem encontrar imagens e vídeos, sobre os temas de preferência, por meio de palavras-chave para fazer as pesquisas. Logo depois, é possível salvar e criar pastas para organizar os conteúdos de interesse. As categorias disponíveis são diversas, entre elas: moda, viagens, empreendedorismo, decoração, alimentação, estudo, etc.

Atualmente, o Pinterest conta com mais de 400 milhões de usuários ativos mensais, em todo o mundo. Segundo a plataforma, são mais de 240 bilhões de “pins” salvos pelas pessoas que usam o serviço — e mais de 50% delas residem fora dos Estados Unidos. 

A empresa, Pinterest. Inc, tem sede em São Francisco, Califórnia (EUA). Além disso, conta com escritórios em outras cidades do mundo, como Nova York, Chicago, Atlanta, Londres, Paris, Berlim, Tóquio e São Paulo. Para seguir expandindo os negócios, a companhia criou o Pinterest Labs, que reúne pesquisadores, cientistas e engenheiros para o desenvolvimento de aprendizado de máquina e inteligência artificial.

fonte: https://canaltech.com.br/empresa/pinterest/


O que quer dizer a palavra Pinterest?
Pinterest é uma rede social baseada em imagens categorizadas em termos como pin (alfinete) e interest (interesse) em um grande painel de ideias e inspirações.22 de jul. de 2019









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quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Concorda ou Com Corda? – Marcos Sousa


16/07/2014

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Você já se perguntou por que algumas vezes é tão difícil conseguir a concordância de alguém com quem você gostaria muito de compartilhar um sentimento, pensamento ou ação? E quando você tem uma equipe onde alguns membros insistem em não concordar com a liderança? Ou quando a liderança insiste em não concordar com a equipe?

Nessa semana, eu participei de um programa na rádio CBN, chamado CBN Madrugada, apresentado pela Andréa Ferreira, e usei uma metáfora para explicar porque muitas equipes e pessoas se sabotam e não alcançam seus objetivos e sonhos. E gostaria aqui de compartilhá-la com você que não teve oportunidade de ouvir essa entrevista.

Imagine duas equipes de 11 jogadores que precisam arrastar uma caixa muito pesada. Nela  encontraremos 11 argolas espalhadas pela laterais e no topo, por onde podemos amarrar uma corda. E digamos que cada equipe tenha à sua disposição 11 pequenas cordas.

Na Equipe B, o primeiro jogador pegou sua pequena corda e a amarrou numa das 11 argolas da caixa. O seguinte decidiu amarrar sua corda em outra argola, pois acreditou que merecia uma argola diferente. Sucessivamente, cada jogador amarrou sua pequena corda na sua argola particular.

Para completar, na hora em que decidiram puxar a caixa, cada um o fez numa direção diferente, num momento diferente e com intensidade diferente de força. Enfim, total falta de coordenação e sintonia. Eles sequer ouviram o líder, que gritava desesperadamente, a fim de colocar ordem no completo caos.

Ao final de 8 horas de trabalho, cada jogador puxou a caixa numa direção diferente e, para frustração de todos, ela se moveu para o lado daqueles que tinham mais força, embora tenha sido um deslocamento milimétrico. E alguns perceberam que sua pequena corda havia se rompido por terem usado uma força além da capacidade de resistência da corda.

Na Equipe A, todos os jogadores decidiram sentar com o líder e planejaram qual estratégia adotariam para puxar aquela tão pesada caixa. E chegaram a um consenso de que deveriam amarrar todas as pontas das cordas com um laço muito forte, de modo a ter apenas uma corda maior e mais resistente.

Depois passaram essa nova corda, maior e mais resistente, por todas as 11 argolas, terminando  naquela que apontava na direção que eles queriam chegar. No final, todos os 11 jogadores agarraram essa única corda e a puxaram numa única direção, num só tempo e de forma coordenada, seguindo o comando do líder. Ao final, alcançaram seu objetivo com menos energia, desgaste e tempo que a Equipe B.

Segundo o dicionário, a palavra concordar deriva do latim con + cordis (concordare), isto é, com coração, e significa pôr os corações em sintonia. E, só por curiosidade, outra palavra que também deriva de cordis é cordial, ou seja, tudo aquilo que vem de coração, relativo ao coração, amoroso.

Fazendo uma analogia, a equipe B não obteve resultado eficiente porque cada um puxou sua corda (apontou seu coração) numa direção diferente, distanciando seus corações. A equipe A, por sua vez, decidiu unir suas cordas (corações), construindo uma só corda maior e mais forte. E os jogadores conseguiram seu objetivo como equipe, porque agiram com o mesmo coração. Ou seja, com+corda=com+coração=com+cordis= concorda.

Portanto, concordar é amarrar todas as cordas para formar uma única corda, como uma equipe de um só coração, indo numa mesma direção e propósito, em busca de uma mesma visão. Tudo é uma questão de qual corda você está puxando. Concorde em puxar uma mesma corda! Não só a concordância, como a harmonia começa quando tocamos nos corações e cordas certas.
Concorde com a mesma corda!

16/07/2014

Fonte: https://www.marcossousa.com.br/concorda-ou-com-corda/#:~:text=Segundo%20o%20dicionário%2C%20a%20palavra,%2C%20relativo%20ao%20coração%2C%20amoroso.


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