Red Cocaine
Red Cocaine ("Cocaína Vermelha - A Narcotização da América", na edição em português), é um livro controverso, que enseja reflexões sobre a atuação dos agentes políticos em práticas criminosas internacionais, inclusive no que diz respeito à relação entre estados.
Particularmente quanto à atuação de estados enquanto agentes influenciadores do tráfico de drogas internacional, o autor considera o conceito de psicopolítica ("psychopolitics"), como apresentado na teoria comunista, de dominação dos povos pela implantação de práticas subversivas no seio das sociedades.
Como defendido pelo teórico marxista Antonio Gramsci, a ideia seria a infiltração revolucionária nas instituições de uma sociedade, como forma de enfraquecer seus valores morais e crenças, gradativamente impondo um processo de radicalização cultural, que resultaria na transformação política e econômica - por mais doentio que isso possa parecer.
Assim, a disseminação do uso de drogas é combinada com um discurso político de radicalização de minorias, descambando no "politicamente correto", como forma de promover o pensamento revolucionário no âmago das sociedades ocidentais.
Joseph D. Douglass Jr.
MAY 30, 1935 – MAY 23, 2014
https://www.dignitymemorial.com/obituaries/pompano-beach-fl/joseph-douglass-5983806
Sobre o Autor: PHD Joseph D. Douglass Jr.
Dr. Joseph Douglass é um analista de segurança nacional e autor com especialidade em política de defesa, avaliação de ameaça, fraude, inteligência guerra política, estratégia nuclear, terrorismo, agentes e aplicações químicas e biológicas de guerra avançada, e tráfico de narcóticos internacional. Desde meados dos anos 1980, seu foco principal tem sido o estudo das diferentes dimensões da guerra cultural e notavelmente do flagelo das drogas ilegais, com ênfase em suas origens, estruturas de apoio, marketing - e na questão: "O que pode ser feito?”.
Dr. Douglass recebeu seu PhD em engenharia elétrica pela Cornell University em 1962 e ensinou na Cornell University, na Navy Postgraduate School em Monterey, e na Johns Hopkins School of Advanced International Relations em Washington, D.C.. Ele tem trabalhado nos e para os laboratórios nacionais (Sandia Corporation), para o governo dos EUA, onde ele foi vice-diretor diretor-interino, no Departamento de Tecnologia Tática, da Advanced Research Projects Agency! - e com vários contratantes de defesa, como o Institute for Defense Analyses and System Planning Corporation. Ele é ex-membro do Weapons Systems Evaluation Group, da US Army Science Board, e exconsultor da Arms Control and Disarmament Agency Senate Foreign Relations Committee. Atualmente ele dirige o The Redwood Institute que foi formado para chamar atenção para os problemas internos que a América encara - como drogas ilegais, crime e educação empobrecida identificar as raízes do problema, avaliar políticas nacionais e elaborar opções de políticas alternativas. O autor tem sido um analista pioneiro e talvez mais conhecido por seus estudos inovadores sobre políticas de armas nucleares, o impacto de munições teleguiadas, a natureza da ameaça nuclear soviética, os riscos decorrentes d agentes da guerra química e biológica e aspectos da inteligência do tráfico internacional de narcóticos.
Seus livros não-catalogados incluem The Theater Nuclear Offensive [1976, reimpresso dez vezes]; Soviet Strategy for War in Europe [Pergamon Press, 1980, também traduzido e publicado em alemão]; Soviet Strategy for Nuclear War [Hoover Institute Press, 1979: muitas impressões, traduzido e publicado em japonês]; CBW: The Poor man's Atomic Bomb [Institute for Foreign Policy Analysis, 1984]; Why the Soviet Union Violates Arms Control Treaties [Pergamon-Brassey's, 1988]; Conventional War and Escalation [The National Strategy Information Center, 1981]; The Superpowers and Strategic War Termination [co-editor, Pergamon-Brassey's, 1989]; e o presente trabalho, originalmente entitulado: Red Cocaine: The Drugging of America [1990].
Esta nova edição tem sido preparada visando reunir a contínua demanda pelo trabalho, tanto nos EUA quanto em outros lugares, seguindo o ajustamento estratégico completado em 1991 quando os estrategistas comunistas passaram a perseguir seus maníacos objetivos de Revolução Mundial através do comunismo disfarçado e uma “nova forma” de “capitalismo controlado pelo estado” reversível trabalhando, como Lenin ensinou aos seus “iluminados” seguidores, “por outros meios”.
intual DARPA - Defense Advanced Research Projects Agency
Invasão Vertical dos Bárbaros: livro analisa fundamentos da cultura
Invasão Vertical dos Bárbaros é um livro extraordinário de um dos mais importantes filósofos brasileiros: Mário Ferreira dos Santos. A obra tece uma reflexão acerca dos fundamentos da cultura e de que forma os bárbaros entram em territórios civilizados.
Com apresentação de Luiz Felipe Pondé, a publicação faz parte da instigante Coleção Abertura Cultural e está dividido em duas partes:
- Parte I: Invasão Vertical dos Bárbaros na Sensibilidade e na Afetividade
- Parte II: O Barbarismo e a Intelectualidade
Para o filósofo brasileiro Luiz Felipe Pondé, que escreve na apresentação intitulada “O homem é a consciência da crise”, o livro é um manifesto e uma denúncia. Acima de tudo, tem a “urgência em passar uma ideia”.
A ideia a qual se refere Pondé é a de que a condição humana está sendo esmagada pela superficialidade; o que para o pensador contemporâneo é uma forma de barbárie.
Em Invasão Vertical dos Bárbaros, Mário Ferreira dos Santos explica quais são as duas formas de barbárie: a horizontal e a vertical.
A primeira, trata-se da ocupação territorial geográfica, que costuma acontecer de forma lenta e gradual. A segunda, por sua vez, refere-se à tomada de posse da cultura e sua corrupção.
Leitura indispensável para quem deseja compreender os tempos atuais, em Invasão Vertical dos Bárbaros é possível apreender, com exemplos empíricos e históricos, o que vem a ser essa “invasão”.
Veja alguns temas abordados na publicação:
- Sensibilidade
- Afetividade
- Valores
- Valorização exagerada do corpo
- Supervalorização romântica da intuição
- Sensualidade
- Mau gosto
- Credos primitivos
- Razão e caos
- Desumanização do homem
- Desvalorização da inteligência
- Desvalorização da vontade
- O conceito de Deus
São mais de 50 reflexões, entre ensaios e aforismos, que desvelam separadamente — e juntos! —, o que significam os conceitos: invasão, vertical e bárbaro. O termo completo “invasão vertical dos bárbaros” foi tomado do político alemão Walther Rathenau.
Confira o que Mário Ferreira dos Santos escreve no prefácio da obra:
“Esta obra é uma denúncia dessa invasão, que, preparando-se e desenvolvendo-se há quase quatro séculos, atinge agora um estágio intolerável, e que nos ameaça definitivamente. Como obra de denúncia, e que aspira alcançar o maior número de pessoas, dela afastamos, tanto quanto possível, o tecnicismo da linguagem científica, que cabe às disciplinas abordadas aqui, temas que são próprios do seu objeto formal. Nossa linguagem é o mais geral possível, o suficiente para tornar claros os aspectos em exame.”
Leia trechos das duas partes do livro Invasão Vertical dos Bárbaros, exclusivo do catálogo da É Realizações.
Parte I: Invasão Vertical dos Bárbaros na Sensibilidade e na Afetividade
“O barbarismo vertical processa uma supervalorização do visual, de modo que os espetáculos são mais organizados para os olhos do que para os ouvidos. A música popular, para exemplificar, é relativamente carente de aspectos cultos, embora plena de contribuições preciosas à catarse humana. Em períodos, como o nosso, em que a invasão vertical dos bárbaros se processa, a valorização do visual sobre o auditivo é crescente, e até o livro está ameaçado de nele o visual superar a leitura, que é mais auditiva, porque a palavra é para ser ouvida não para ser vista.”
“Um dos preconceitos românticos, mas que atua em sentido verdadeiramente bárbaro, consiste em afirmar que a Razão nos leva ao Caos, à desordem do pensamento, e que só a Intuição nos libertará desse final terrível. Esse aspecto se desenvolve em pseudomorfoses aparentemente cultas e será examinado na Segunda Parte desta obra: ‘O barbarismo e a Intelectualidade’.”
“Em nossa obra Filosofia e Romantismo, juntamos amplos aspectos da exagerada valorização romântica sobre a sensibilidade, a sensação, os sentimentos comuns, a intuição sensível, a fantasia e a sem-razão, e os estragos que o romantismo realizou, não só no filosofar, como em todas as outras manifestações superiores do homem, que foram deploráveis e cujos frutos ácidos colhemos agora.”
Para Mário Ferreira dos Santos, o romantismo se caracteriza pelos “seguintes aspectos:
- Valorização da sensibilidade sobre a intelectualidade.
- A sensação é mais rica do que a razão. Esta é estéril, apenas classificadora de estruturas despojadas de vida. A vida afetiva é mais profunda e, pela intuição sensível e afetiva, o homem penetra mais na intimidade das coisas. A razão apenas rotula, cataloga, não invade o âmago das coisas.
- A sensibilidade é criadora. A arte é superior ao pensamento especulativo. O artista não é um visionário qualquer, é um profeta e antecede as criações da ciência e da técnica (o que não é historicamente verdadeiro). O artista cria mundos novos; o especulador apenas reúne num museu de ideias os resultados obtidos, as fichas do conhecimento.
- A vida supera razão — As razões da vida são superiores às da razão. Aquela é criadora, e não esta.
- A sem-razão supera os esquemas mecânicos e geométricos da racionalidade, e é muito mais rica de intuições e de descobertas que aquela.”
Parte II: O Barbarismo e a Intelectualidade
“O bárbaro, por suas condições, em verdadeira ojeriza da inteligência. Sua inteligência permanece quase totalmente dentro do campo da esfera cogitativa, que é um grau primário daquela. Sua esquemática é fundada nos sentidos, e seu pensamento situa-se apenas nos dados da memória e no material oferecido pela fantasia, pela imaginação, sobre os quais ele trabalha, construindo esquemas de primeiro grau de abstração, já que os esquemas de segundo e terceiro graus exigem maiores esforços, aos quais, em geral, não os alcança em seu conteúdo noemático, mas apenas nominaliter. Usa as palavras correspondentes, sem que haja precisão na representação. O resultado é a dificuldade que tem em compreender tais esquemas e, como a raposa ante a uva, toma a atitude de desprezo. Procura esconder a sua insuficiência, negando valor ao que o suplanta.”
“A religião, a filosofia e a ciência têm novamente de entrosar-se. O que precisamos são de homens que façam essa tarefa não daqueles que se excluem num especialismo vesgo e deformador. O que precisamos são de mentes fortes, de mentes poderosas, capazes de realizar as coisas, e não meros repetidores, porque essa repetição é característica do bárbaro.”
Quem foi Mário Ferreira dos Santos?
Mário Ferreira dos Santos nasceu em Tietê, interior de São Paulo, em 3 de janeiro de 1907. Durante sua trajetória, atuou como filósofo, tradutor e escritor.
Considerado um dos mais importantes pensadores do conservadorismo brasileiro, chegou, contudo, a ser militante anarquista em algum momento de sua vida.
Formado em Direito e Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, traduziu para a língua portuguesa obras de Platão, Santo Tomás de Aquino e Friedrich Nietzsche.
Mário Ferreira dos Santos morreu de doença cardiovascular, em 11 de abril de 1968.
Sua obra, cada vez mais procurada entre os leitores brasileiros, é parte especial do catálogo da É Realizações, que possui, inclusive, uma seção dedicada exclusivamente ao filósofo.
A Biblioteca Mário Ferreira dos Santos oferece livros em edições críticas — com fac-símiles de documentos originais e acervo iconográfico — e conta com coordenação de João Cezar de Castro Rocha e projeto gráfico de Alexandre Wollner.
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Auguste Comte :: Sabedoria Política
Auguste Comte
por Alexsandro M. Medeiros
postado em 2016
atualizado em mai. 2020
Isidore Auguste Marie François Xavier Comte (1789-1857) foi o fundador do Positivismo. Em sua vida acadêmica recebeu influências de cientistas como o físico Sadi Carnot, o matemático Lagrange (de quem posteriormente Comte inspirou-se para vir a abordar os princípios de cada ciência segundo uma perspectiva histórica) e o astrônomo Pierre Simon Laplace. O fator mais decisivo para sua formação foi, porém, o estudo do Esboço de um Quadro Histórico dos Progressos do Espírito Humano, de Condorcet (1743 - 1794), ao qual se referiria, mais tarde, como “meu imediato predecessor” e que levou Comte a desenvolver sua famosa “Lei dos Três Estados” como veremos mais adiante. A obra de Condorcet traça um quadro do desenvolvimento da humanidade, no qual os descobrimentos e invenções da ciência e da tecnologia desempenham papel preponderante, fazendo o homem caminhar para uma era em que a organização social e política seria produto das luzes da razão: ideia que iria se tornar um dos pontos fundamentais da filosofia de Comte. Mas sua maior influência foi de Saint Simon.
Saint-Simon era cuarenta años mayor que Comte y ejerció sobre el joven secretario una influencia decisiva [....] Era tan marcada la influencia que los primeiros ensayos de Comte parecieron simples transcripciones de las ideas de Saint-Simon, de modo que Augusto se vio en la necesidad de alejarse de su mentor para alcanzar un estilo próprio (VELÁZQUEZ, 2006, p. 29).
Sobre Saint-Simon, Comte escreveu em uma carta de 1818:
Pela cooperação e amizade com um desses homens que veem longe nos domínios da filosofia política, aprendi uma multidão de coisas, que em vão procuraria nos livros; e no meio ano durante o qual estive associado a ele meu espírito fez maiores progressos do que faria em três anos, se eu estivesse sozinho; o trabalho desses seis meses desenvolveu minha concepção das ciências políticas e, indiretamente, tornou mais sólidas minhas ideias sobre as demais ciências (COMTE, 1978, p. VI).
Menos de uma década depois Comte separou-se de Saint-Simon, em razão deste discordar das ideias de Comte em sua publicação intitulada Planos de Trabalho Científico Necessários à Reorganização da Sociedade.
Logo em seguida Comte começa a elaborar as lições do Curso de Filosofia Positiva (1826). Alguns dos maiores nomes da época frequentavam suas aulas, como o fisiólogo Henri Marie de Blainville (1777-1850) e o psicólogo Jean-Étienne Esquirol (1772-1840). Sofrendo, porém, sério esgotamento nervoso, que chegou ao ponto de uma tentativa de suicídio, viu-se obrigado a interromper seu trabalho. Ao recuperar-se de seu esgotamento nervoso publicou sua primeira grande obra o Cours de philosophie positive, constituída de seis volumes e publicada entre 1830-1842 (acesse a obra complea do Cours no original na seção Autores e Obras: Auguste Comte). E em 1844 Comte publica o Discours sur l’esprit positif, obra que procura explicar numa linguagem mais simples o Curso editado em seis volumes. Posteriormente vieram: Sistema de Política Positiva, em 4 vols, (1851-1854) – Système de politique positive; Catecismo Positivista, (1852) – Cathéchisme positiviste; Appel aux conservateurs (1855); Synthèse subjective (1856). Não menos importante foram as influências de amigos e admiradores, como o filósofo John Stuart Mill (1806-1873) e o dicionarista Littré (1801-1881), seu entusiasmado discípulo.
A partir de 1846 toda sua vida e obra passaram a ter um sentido religioso. Comte desliga-se do magistério e dedica-se mais às questões espirituais, abandonando o catolicismo e fundando o que ele viria a chamar de a Religião da Humanidade. No entanto, “A passagem do Positivismo ‘filosófico’ para o ‘religioso’ produziu dissensões ou ‘deserções’, como a indicada por Giddens a respeito de Stuart Mill” (GIDDENS, 2000, p. 223 apud LACERDA, 2009, p. 324) e posteriormente do próprio Littré.
Comte também é conhecido por suas ideias no campo das ciências sociais. Considerado o “pai da Sociologia”, por ter sido um dos primeiros a defender o estudo dos fenômenos sociais como o mesmo rigor e método das ciências da natureza. A princípio Comte denominou “Física Social”, é um vocábulo criado por ele no seu Curso de Filosofia Positiva. Posteriormente passou a chamar de Sociologia, como a ciência que procura estudar e compreender a sociedade, para organizá-la e reformá-la depois. Acreditava que os estudos das sociedades deveriam ser feitos com verdadeiro espírito científico e objetividade.
Os últimos anos da vida de Comte transcorreram em grande solidão e desencanto, sobretudo por ter sido abandonado por Littré. Como dissemos, seu mais famoso discípulo não concordava com a ideia de uma nova religião. Comte morreu em Paris a 5 de setembro de 1857.
Disponível em: https://cursa.ihmc.us/rid=1HZ4735TQ-QNR0JT-QHN/Auguste%20Comte.cmap (Acessado em 03/02/2016)
A Lei dos Três Estados
A filosofia da história – primeiro tema da filosofia de Comte – pode ser sintetizada na sua célebre lei dos três estados: todas as ciências e o espírito humano, “assim no indivíduo como na espécie”, desenvolvem-se através de três fases distintas: a teológica, a metafísica e a positiva (COMTE, s/d; COSTA, 1987; FÉDI, 2008; GRANGE, 1996; LACROIX, 2003; REALE, 1981; RIBEIRO JÚNIOR, 2006). O primeiro estágio é preparatório, o segundo transitório, o terceiro é o estágio definitivo da razão humana.
Baseado nas ideias do filósofo Condorcet (1743-1794), sobretudo o estudo do Esboço de um Quadro Histórico dos Progressos do Espírito Humano, no qual baseou todos os seus escritos a partir de 1818, Comte desenvolveu a “Lei dos Três Estados”. Segundo Codorcet, a civilização se move de forma progressiva segundo leis naturais, e a observação filosófica do passado pode prever e determinar cada época. As invenções da ciência e da tecnologia fariam o homem caminhar para uma era em que a organização social e política seriam produtos das luzes da razão. Baseando-se em Condorcet, porém reconhecendo que era necessário um aperfeiçoamento em sua teoria, Comte formula a Lei dos Três Estados. Observando a evolução intelectual da humanidade, Comte percebe que esta evolução passa por três estados teóricos diferentes: o estado teológico ou fictício (§§ 3-8)[1], o estado metafísico ou abstrato (§§ 9-11) e o estado científico ou positivo (§§ 12-16).
No primeiro, os fatos observados são explicados pelo sobrenatural e a imaginação desempenha papel de primeiro plano. Diante da diversidade da natureza, o homem só consegue explicá-la mediante a crença na intervenção de seres pessoais e sobrenaturais. O mundo torna-se compreensível somente através das ideias de deuses e espíritos. O estado teológico apresenta ainda subdivisões, períodos sucessivos: o fetichismo, o politeísmo e o monoteísmo. No Fetichismo atribui-se “[...] a todos os corpos exteriores uma vida essencialmente análoga à nossa” (§ 4), por meio de uma força energética, além da adoração dos Astros. No Politeísmo a vida é retirada dos corpos exteriores e “transportada a diversos seres fictícios, habitualmente invisíveis, cuja intervenção ativa e contínua se torna daí por diante a origem direta de todos os fenômenos exteriores e mesmo em seguida dos fenômenos humanos” (§ 5). Já no Monoteísmo a razão unifica os deuses (§ 6). A fase teológica monoteísta representa a transição para o estado metafísico.
No segundo, o estado metafísico, já se encontram as ideias naturais, mas ainda há a presença do sobrenatural: fala-se de “força física”, “força vital”, “natureza”. “As especulações dominantes conservaram no estado metafísico o mesmo caráter essencial de tendência ordinária para os conhecimentos absolutos: apenas a solução sofreu nele notável transformação, própria a tornar mais fácil o surto das concepções positivas” (§ 9). A metafísica ainda procurou explicar a natureza íntima dos seres, a origem e o destino das coisas, substituindo as forças sobrenaturais por concepções abstratas, originando a ontologia. A metafísica, tanto quanto a teologia, procura explicar a “natureza íntima” das coisas, sua origem e destino últimos, bem como a maneira pela qual são produzidas. Ademais, “[...] a metafísica surge da decomposição da teologia: são as mesmas preocupações, ao pesquisar os temas absolutos, e o mesmo método de raciocinar: apenas se substituem os deuses pelas abstrações” (LACERDA, 2004, p. 65). Na perspectiva comteana, o estado metafísico se caracterizaria fundamentalmente pela dissolução do teológico: a argumentação, penetrando nos domínios das ideias teológicas, traria à luz suas contradições inerentes e substituiria a vontade divina por “ideias” ou “forças”.
No terceiro, ocorre o apogeu do que os dois anteriores prepararam progressivamente. Os fatos são explicados segundo leis gerais de ordem inteiramente positiva. Bacon, Galileu e Descartes são considerados os fundadores da filosofia positiva. O conhecimento positivo caracteriza-se pela previsibilidade: “ver para prever”. O “espírito positivo” instaura as ciências como investigação do real, do certo, do indubitável, do útil. A visão positiva dos fatos abandona a consideração das causas dos fenômenos (procedimento teológico ou metafísico) e torna-se pesquisa de suas leis, entendidas como relações constantes entre fenômenos observáveis.
O estágio científico ou positivo é caracterizado: 1) pela subordinação da imaginação à observação; 2) relativismo; 3) previsão racional; 4) crença na invariabilidade das leis naturais. Pelo primeiro podemos dizer que a eficácia científica resulta da conformidade das ideias com os fatos observados. “A pura imaginação perde então de modo irrevogável a sua antiga supremacia mental e subordina-se necessariamente à observação, de maneira a constituir um estado lógico plenamente normal [...]” (§ 12), embora Comte não negue que a imaginação possa desempenhar um papel importante no desenvolvimento da ciência exercendo “[...] nas especulações positivas, um papel tão capital como inesgotável, para criar ou aperfeiçoar os meios de ligação, quer definitiva, quer provisória” (§ 12). Pela segunda característica, o estado de positividade racional renuncia ao conhecimento absoluto uma vez que só temos acesso ao conhecimento pela observação e que a imperfeição dos nossos sentidos nos impedem de conhecer todas as existências reais, que nos escapam completamente. Todas as nossas especulações dependem da nossa existência individual e estão também subordinadas ao conjunto da progressão social, daí a impossibilidade de pensar um tipo de conhecimento absoluto (§ 14). O positivismo não se confunde meramente com o empirismo: o “[...] genuíno espírito positivo se acha tão afastado, no fundo, do empirismo como do misticismo” (§ 13). Os fatos propriamente ditos fornecem, por assim dizer, o material do conhecimento. Mas a verdadeira ciência não é formada por simples observação mas inclui a previsão racional: “ver para prever”. “[...] o genuíno espírito positivo consiste em ver para prever, em estudar o que é, a fim de concluir o que será, segundo o dogma geral da invariabilidade das leis naturais” (§ 15), que é a crença na ideia de que as leis da natureza são invariáveis e por isso podem ser conhecidas em qualquer época ou lugar.
Em sua obra Comte nos oferece ainda os diversos sentidos e significados que pode assumir a palavra “positivo” (§§ 30-33) e que definem a filosofia positiva.
Considerada, em primeiro lugar, em sua acepção mais antiga e mais comum, a palavra positivo designa o real em oposição ao quimérico: neste sentido, convém plenamente ao novo espírito filosófico, que fica assim caracterizado pela sua constante consagração às indagações verdadeiramente acessíveis à nossa inteligência, com a exclusão efetiva dos impenetráveis mistérios com que se ocupava sobretudo a sua infância (§ 31).
“[...] um segundo sentido muito próximo do precedente, mas, entretanto, distinto, este termo fundamental indica o contraste entre o útil e o ocioso” (§ 31), quer isto dizer que nossas especulações devem visar sempre o melhoramento contínuo de nossa condição individual e coletiva, e não apenas uma curiosidade estéril. “Conforme um terceiro significado usual, esta feliz expressão é empregada frequentemente para qualificar a oposição entre a certeza e a indecisão” (§ 31) ao invés de se ater a debates intermináveis como era costume antigamente. “Uma quarta acepção ordinária, demasiadas vezes confundida com a precedente, consiste em opor o preciso ao vago” (§ 31), ao invés de conduzir a opiniões vagas, seja apoiada na autoridade sobrenatural ou não, deve-se buscar uma precisão compatível com a natureza dos fenômenos. E por fim uma quinta acepção, quando se emprega positivo, como contrário do que é negativo, o que significa organizar, e não destruir (§ 32).
Ao definirmos o termo “positivo” com base na obra do próprio Auguste Comte estamos, de alguma forma, evitando certas ambiguidades que podem surgir a partir dos diferentes significados que o termo “positivismo” assumiu ao longo dos anos. Com efeito, há uma grande polissemia a respeito do termo positivismo não raro atribuindo ao filósofo francês ideias que ele não propagou e, em alguns casos, até deturpando seu pensamento. “Em um esforço para elucidar esses diferentes sentidos, Peter Halfpenny escreveu um opúsculo chamado Positivism and Sociology (HALFPENNY, 1982), em que identificou 12 sentidos para a palavra ‘Positivismo’” (apud LACERDA, 2009, p. 327-328). Sem falar nas variedades de vertentes que assumiu o positivismo ao longo dos anos como, por exemplo, o positivismo lógico e o neopositivismo do Círculo de Viena; e o positivismo jurídico ou juspositivismo de Hans Kelsen. Remetemos o leitor ao artigo de Gustavo Lacerda (2009) para uma análise e discussão dos diferentes significados da palavra “positivismo” e as várias correntes teóricas daí resultantes, bem como para um resgate do real sentido do positivismo comteano. Pois, com efeito, “[...] não deixa de ser irônico o fato de que [...] muitas das críticas feitas ao pensamento que se atribui a Comte são, na verdade, compartilhadas pelo mesmo que é criticado” (LACERDA, 2009, p. 340).
Do simples ao complexo
Comte tentou uma classificação das ciências baseada na hipótese que as ciências tinham se desenvolvido a partir da compreensão de princípios simples e abstratos, para daí chegarem à compreensão de fenômenos complexos e concretos. A classificação das ciências vincula-se à filosofia da história. Ao traçar o mapa do desenvolvimento histórico do espírito, em sua caminhada para a apreensão da realidade, Comte mostra que a evolução de cada ciência obedece à periodização dos três estados, mas que essa periodização não se faz ao mesmo tempo em todos os domínios: o estado metafísico de uma ciência como a física, por exemplo, não é contemporâneo do estado metafísico da biologia.
As ciências se classificam de acordo como a maior ou menor simplicidade de seus objetos respectivos. Assim as ciências haviam se desenvolvido a partir da matemática, da astronomia, da física, e da química para atingir o campo mais complexo da biologia e finalmente da sociologia.
As matemáticas possuem o maior grau de generalidade e estudam a realidade mais simples e indeterminada. A astronomia acrescenta a força ao puramente quantitativo, estudando as massas dotadas de forças de atração. A física soma a qualidade ao quantitativo e às forças, ocupando-se do calor, da luz, etc., que seriam forças qualitativamente diferentes A química trata de matérias qualitativamente distintas. A biologia ocupa-se dos fenômenos vitais, nos quais a matéria bruta é enriquecida pela organização. Finalmente a sociologia estuda a sociedade, onde os seres vivos se unem por laços independentes de seus organismos (COMTE, 1978, p. XIII).
De acordo com Comte, a última disciplina, a Sociologia, não somente fechava a série mas também reduziria os fatos sociais a leis científicas, e sintetizaria todo o conhecimento humano, como ápice de toda a ciência. A sociologia seria “o fim essencial de toda a filosofia positiva”. Seu conceito de uma sociedade positiva está no seu Système de politique positive ("Sistema de Política Positiva"). Uma sociologia entendida por Comte no seu sentido mais amplo, incluindo uma parte essencial da psicologia, toda a economia política, a ética e a filosofia da história. A Sociologia, como todas as demais ciência deve ter uma utilidade prática: “[...] da mesma forma que a Astronomia auxiliava – e ainda auxilia – a arte da navegação, ou que a Física auxilia a Engenharia, ou que a Biologia ilumina e orienta a Medicina, a Sociologia deve iluminar e orientar a atividade política” (LACERDA, 2004, p. 74). Ademais,
[...] Comte estava preocupado com a resolução das crises sociais e políticas, e acreditava que o caminho consistia no conhecimento dos fatos sociais e políticos. Esse conhecimento somente pode ser adquirido ao se submeter a sociedade a um estudo rigoroso/pesquisa científica. Por esse motivo, toma como tarefa urgente desenvolver a chamada “física social” ou Sociologia científica (SILVINO, 2007, p. 280).
O conhecimento das leis e dos fenômenos naturais e sociais é necessário para que possamos não apenas entender o seu funcionamento mas também prever possíveis futuros acontecimentos. Como vimos a verdadeira ciência não é formada pela simples observação empírica mas inclui a previsão racional: “ver para prever”. “[...] a lei é necessária para prever, e a previsão é necessária para agir sobre a natureza, fornecendo ao homem o domínio sobre esta última – ‘ciência, logo previsão; previsão, logo ação’” (COMTE, 1988 apud SILVINO, 2007, p. 280).
Da mesma forma como através da Física é possível estudar, observar e prever os fenômenos físicos da natureza, a Sociologia, como “física social”, através do raciocínio, da observação e da experiência ajudaria a compreender os fenômenos sociais.
Sociedade e Política Positiva
“Augusto Comte se inserta en el mundo intelectual en una época en que las preocupaciones y los estúdios sobre la sociedade y los fenómenos sociales habían alcanzado certa madurez” (VELÁZQUEZ, 2006, p. 29). Mas a posição de Comte não foi uma posição revolucionária como a de Karl Marx (1818–1883) com relação ao principal problema social de sua época: o crescimento do proletariado industrial. Comte considerava que todas as medidas sociais deveriam ser julgadas em termos de seus efeitos sobre a classe mais numerosa e mais pobre. Acreditava também que os proletários (e as mulheres) pudessem abrandar o egoísmo dos capitalistas e que uma ordem moral humanitária poderia abolir todos os conflitos de classe. Os capitalistas deveriam ser moralizados e não “eliminados”: a propriedade privada deveria ser mantida, o que faz de Comte, aos olhos de muitos, um conservador. Um conservador “republicano e ditatorial”, nas palavras de Torres (2018, p. 51):
Comte, pessoalmente, era republicano. Mas republicano ditatorial. Uma espécie de De Maistre sem Deus nem rei. É indiscutível que A. Comte tinha o “senso grave da ordem”: desde cedo, porém, abandonando a fé de seus pais, essa ordem teria de apoiar-se num princípio puramente humano. Ele era “direitista” por temperamento; mas as ideias revolucionárias do século XVIII combinaram-se com este seu temperamento dando o lema “ordem e progresso”.
A reforma das instituições – terceiro tema básico da filosofia de Comte – tem seus fundamentos teóricos na sociologia que ele concebeu. A sociologia conduziria à política, cumprindo-se, assim, o desígnio que Comte sempre se propôs de fazer da filosofia positivista um instrumento para a reforma intelectual do homem e, através desta, a reorganização de toda a sociedade. No seu modo de ver, a Revolução Francesa destruiu as instituições sociais do homem europeu e impunha-se, consequentemente, estabelecer uma nova ordem. A Revolução era necessária porque as antigas instituições sociais e políticas eram ainda teológicas, não correspondendo, portanto, ao estado de desenvolvimento das ciências da época. A Revolução era necessária porque, consoante a doutrina dos três estados comteanas, as monarquias absolutistas representavam a forma de governo do estado teológico e baseavam-se no direito divino dos reis. Mas a Revolução não ofereceu os fundamentos para a reorganização da sociedade, por ter sido negativa e metafísica em seus pressupostos (a característica do estado metafísico nesse aspecto seria uma espécie de parlamentarismo liberal-democrático, como sugere Torres, 2018, p. 52).
A tarefa a ser cumprida deveria, portanto, ser a instauração do espírito positivo na organização das estruturas sociais e políticas, cujo modelo deveria ser a forma republicana de governo: “Comte determinava que a República fosse o estado final da evolução política da humanidade" (TORRES, 2018, p. 51).
Como se pode verificar, Augusto Comte distribuiu, ao longo da história, as três formas de governo da classificação aristotélica e a doutrina dos três graus de abstração, expostas pela marcha da evolução humana, seguindo a lei dos três estados. A famosa lei de Comte é, na parte relativa às formas de governo e graus de conhecimento, transposição do plano ontológico para o plano histórico das teorias de Aristóteles (TORRES, 2018, p. 52).
Para se atingir o estado determinado pelo espírito positivo era necessária uma nova doutrina capaz de formular os fundamentos da sociedade e desenvolver as atividades técnicas correspondentes a cada uma das ciências, tornando-as bem comum. Essa doutrina, naturalmente, deveria ter o mesmo estatuto epistemológico e científico das demais ciências previamente constituídas, como pondera Lacerda (2004, p. 63), ou seja, constituída a partir de um
conjunto de proposições abstratas baseadas na observação de um tipo de fenômeno; além disso, exigia que fosse uma ciência geral da sociedade, isto é, aplicável a todas as sociedades, independentemente de local ou época – o que, por outro lado, impunha que todas as sociedades então conhecidas estivessem abrangidas por suas teorias.
Comte advoga, portanto, não apenas a superioridade doutrinária do espírito positivo em relação à filosofia e a religião, mas também a superioridade social do positivismo como base possível de verdadeira transformação e superação da crise moderna. Além de destacar a insuficiência do espírito teológico e metafísico sobre as questões sociais Comte advoga que o estado presente é resultado necessário de um conjunto de uma evolução anterior, de modo que se deve apreciar racionalmente o passado no exame atual dos negócios humanos e que as principais dificuldades sociais não são apenas políticas, mas morais (§ 44).
(ver COMTE, s/d)
O espírito positivo é social porque o homem só pode ser considerado dentro da Humanidade e todo seu desenvolvimento é devido à sociedade. O indivíduo deve ligar-se profundamente a toda espécie, a existência coletiva, passada e futura, pois só o bem público pode assegurar a felicidade privada. E só o espírito positivo pode, portanto, desenvolver o instinto social, contrariamente ao espírito teológico-metafísico, pois o espírito positivo é diretamente social.
O conjunto da nova filosofia [positiva] tenderá sempre a fazer sobressair, tanto na vida ativa como na especulativa, a ligação de cada um a todos, sob uma série de aspectos diversos, de modo a tornar involuntariamente familiar o sentimento íntimo da solidariedade social, convenientemente estendida a todos os tempos e a todos os lugares (COMTE, s/d, § 56).
A teoria sociológica comteana divide-se em duas partes: a Estática (apresentada no volume II da Politique) e a Dinâmica (apresentada no volume III da Politique). A primeira analisa os elementos permanentes da sociedade como a religião, o governo, a linguagem, a família, a propriedade e todas as instituições ou ordem de fatos que existem em todas as sociedades, ao passo que a segunda examina as formas como as sociedades se desenvolvem e evoluem ao longo do tempo. A ideia fundamental da estática é a ordem; a da dinâmica, o progresso. Para Comte, a dinâmica social subordina-se à estática, pois o progresso provém da ordem e aperfeiçoa os elementos permanentes de qualquer sociedade como os já mencionados: religião, família, propriedade etc.
Religião da Humanidade
Os anseios de reforma intelectual e social de Comte não se limitaram a uma política e se desenvolveram no sentido da formulação de uma religião da humanidade. Isso aconteceu nos últimos quinze anos de sua vida, quando estabeleceu os princípios fundamentais dessa nova religião. A reforma intelectual e social proposta por Comte estava diretamente relacionada com uma moral e uma religião. Com efeito,
[...] como diria nas obras da maturidade, todos seus esforços foram no sentido de constituir um novo Poder Espiritual, substituto da decaída e há muito retrógrada Igreja Católica, adequado ao período crescentemente positivo da Humanidade, capaz de “reorganizar a sociedade sem deus nem rei” (LACERDA, 2004, p. 73).
Poder Espiritual que não se confunde com os dogmas então vigentes da religião dominante do cristianismo, mas cujas concepções gerais sobre a realidade seriam o resultado de dados obtidos cientificamente, em torno de questões tanto cosmológicas quanto relativas à humanidade. Nesse sentido, a filosofia positiva comteana adota como projeto um humanismo no sentido mais forte e rigoroso da palavra, tomando o homem como “medida de todas as coisas” e é este humanismo que funda a nova religião positivista.
Comte chegou inclusive a formular um calendário, cujos meses receberam nomes de grandes figuras da história do pensamento, como Descartes, Galileu Newton, entre outros; o calendário tinha também seus dias santos, nos quais se deveriam comemorar as obras de Dante, Shakespeare, Adam Smith, Xavier de Maistre e outros. Comte redigiu ainda um novo catecismo, cuja ideia central reside na substituição do Deus cristão pela Humanidade.
Disponível em: Blog Direito Romano Lacerda. Acesso em: 02 jun. 2016
No website Positivism é possível encontrar uma versão do calendário positivista elaborado por Auguste Comte, editado pelo autor em 1849 conforme o site: première édition du calendrier positiviste, avril 1849 (Correspondance générale, t. V, p. 293-294).
O positivismo no Brasil
O positivismo exerceu grande influência sobre intelectuais brasileiros (SOARES, 1999), entre eles: Miguel Lemos, Teixeira Mendes e Benjamin Constant, fundadores da sociedade positivista do Brasil. As primeiras manifestações do positivismo no Brasil datam de 1850. Em algumas teses de doutorado já era possível encontrar ideias de inspiração comteana e na obra, As Três Filosofias, de Luís Pereira Barreto, em que este aponta o positivismo como doutrina capaz de substituir a influência intelectual exercida pela Igreja Católica (saiba mais em: O Positivismo no Brasil).
Referências Bibliográficas
COMTE, Auguste. Curso de filosofia positiva; Discurso sobre o espírito positivo; Discurso preliminar sobre o conjunto do positivismo; Catecismo positivista. Traduções de José Arthur Giannotti e Miguel Lemos. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os pensadores)
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[1] Utilizamos aqui como referência o número do parágrafo que corresponde a cada tópico, ao invés do número da página do livro, o que permite a consulta à obra independente de sua edição (COMTE, 1995; COMTE, s/d).