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Você sabe PENSAR FILOSOFIA & CULTURA - Aula 58
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(0:00) Olá, caros amigos, nós estamos aqui, então, no nosso programa Filosofia e Cultura. (0:05) Nunca esqueça aí de fazer inscrição no canal, de compartilhar, deixar a sua curtida. (0:10) E hoje eu gostaria de tratar de um ponto que é o básico do básico.
(0:14) Nós estamos aqui, às vezes, falando tanto de filosofia, de cultura, tantas reflexões (0:18) e análises a partir de tantos autores. (0:21) Mas o que é o pensar? (0:23) O que significa pensar? (0:25) Você já parou para pensar sobre isso? (0:27) Fica até engraçado, meio que redundante. (0:30) Ou seja, é muito comum, evidentemente, quando nós falamos de pensar, nós associarmos o (0:36) pensar com outros verbos, como articular, relacionar, refletir, analisar.
(0:42) E, de fato, o pensar tem a ver com isso. (0:45) Alguns até chegam ao ponto de fazer quase que uma identificação absoluta entre pensar (0:51) e filosofar. (0:52) Ou seja, é por isso que muitas pessoas vão dizer que o filosofar, no fundo, é o ato (0:59) de estar pensando.
(1:00) Nós precisamos entender que, de fato, o ato de pensar é próprio ali do ser humano. (1:07) Nós pensamos e realizamos esse ato de pensar. (1:12) Tudo isso, no fundo, é possível porque somos seres racionais.
(1:16) Portanto, pensar é justamente você poder considerar, analisar, refletir sobre determinada (1:22) coisa a partir de uma capacidade que é intrínseca do ser humano. (1:28) Ou seja, justamente porque somos portadores da razão, da inteligência, enfim, é por (1:34) isso que nós temos essa capacidade. (1:36) E, evidentemente, que o fato de termos essa capacidade, isso mostra que pensar tem uma (1:43) relevância muito grande na vida humana.
(1:45) A planta, o cachorro, uma pedra, a questão do conhecimento não faz falta para eles. (1:51) Ou seja, como eles não têm essa capacidade de pensar, ou seja, de buscar entender o que (1:58) uma coisa é, ou um problema, ou a própria realidade, a partir, repito, de uma capacidade (2:04) própria, nunca esqueça disso, então eu não vejo uma pedra pensando, uma planta pensando (2:08) e nem um cachorro pensando. (2:10) Você não vê expressões disso.
(2:12) Às vezes ficam algumas dúvidas que não têm muito sentido, ou seja, para eu ter uma (2:16) dúvida eu preciso ter um motivo razoável. (2:18) Então, quando eu olho para essas realidades, você não vê nada ali que implique necessariamente (2:24) a compreensão de que eles tenham uma capacidade de expressar, porque, no fundo, não expressam (2:30) nada nesse sentido, as suas atividades realizadas não expressam nada nesse sentido. (2:34) Portanto, se o ser humano, de fato, tem essa possibilidade, essa capacidade de pensar a (2:40) partir de algo que não é externo, mas é interno à sua natureza, isso com certeza (2:44) vai ter uma relevância, uma importância.
(2:46) Ou seja, justamente porque podemos pensar, nós temos uma possibilidade de ter um conhecimento (2:52) mais rigoroso sobre a própria realidade, seja uma realidade sensível, inteligível, o que (2:57) for, da mesma forma que, pelo ato de pensar, nós podemos ter uma vida moral mais equilibrada, (3:04) ou seja, temos a clareza do que é o bem, do que é o mal, do que é possível, do que (3:08) não é possível, do que convém fazer nas mais diversas situações, da mesma maneira (3:13) que esse ato de pensar também nos capacita não só a ter um conhecimento mais rigoroso, (3:20) não só a ter um discernimento moral mais claro, mas também a enfrentar os mais diversos (3:25) problemas e desafios, não só teóricos, mas práticos na nossa vida. (3:30) Então veja que todos esses pontos e outros aqui mostram a relevância e a importância (3:34) do pensar na nossa vida, e quando o ser humano de fato não cultiva uma vida do pensamento, (3:41) ele está indo contra ou ele está desvalorizando aquilo, digamos assim, que é próprio da (3:47) sua natureza enquanto ser humano, ele está indo contra a sua especificidade, digamos (3:52) assim. (3:53) Agora, não basta pensar, não basta simplesmente realizar um ato de pensar qualquer, eu preciso (4:00) saber pensar bem, e aqui começa a ficar um pouquinho mais complicado, então eu peço (4:06) que você chegue ou que preste atenção no que eu vou dizer.
(4:09) Ou seja, o que é pensar bem? (4:13) Então se não basta só pensar, mas eu tenho que pensar bem, o que significa pensar bem? (4:19) Ora, o primeiro ponto, a primeira coisa que nós precisamos lembrar é que existem três (4:23) operações básicas da nossa razão, tem três operações básicas da nossa inteligência. (4:27) A primeira é o que muitos autores chamam de simples apreensão. (4:31) O que seria essa simples apreensão? (4:33) É o ato pelo qual a nossa razão conhece alguma coisa, ela consegue aprender, ou seja, (4:39) ela consegue captar aquela coisa, a natureza daquela coisa, sem afirmar e sem negar nada.
(4:47) Então a finalidade da simples apreensão, que é uma operação da inteligência, uma (4:53) operação da nossa razão, a finalidade é justamente deste ato, é justamente aprender (4:58) o que? (4:59) Aprender a natureza de uma coisa, e na medida em que vai aprendendo, captando a natureza (5:05) daquela coisa, vai formando um conceito. (5:08) Então o termo dessa operação é justamente o que? (5:12) O conceito, a noção. (5:14) Então o conceito que nós expressamos, a noção que nós temos sobre a coisa, de fato (5:18) o termo dessa operação é justamente o conceito que de uma certa maneira tem relação com (5:24) a natureza da coisa.
(5:26) E a expressão oral de tudo isso, a expressão oral desse termo, desse conceito, é a palavra, (5:32) a palavra que nós usamos, a palavra homem, a palavra mesa, a palavra vida, etc. (5:37) Isso é uma palavra que evidentemente está pressupondo ali um conceito que pressupõe (5:41) essa simples apreensão. (5:43) Lógico que alguém poderá dizer, ah professor, mas existem conceitos absurdos, tem conceitos (5:48) que não têm sentido, por exemplo, o conceito de círculo quadrado.
(5:53) Mas como é possível eu ter um conceito de círculo quadrado? (5:57) Bom, é possível porque quando eu falo círculo quadrado, ele é um conceito que pressupõe (6:03) os pontos que eu disse, mas na realidade ele é um conceito que não é nem certo e nem (6:09) errado. (6:09) Ele não é nem verdadeiro e nem falso. (6:12) Por quê? (6:12) Porque quando você diz círculo quadrado, você não está afirmando nada e você não (6:18) está negando nada, essa que é a grande questão.
(6:22) Ou seja, da mesma forma que eu quando digo círculo quadrado é uma coisa, repito, é (6:29) um conceito que pressupõe ali o processo da simples apreensão, captei, mas não é nem (6:34) verdadeiro e nem falso, porque eu não estou afirmando e negando nada. (6:36) Agora, se você disser um círculo quadrado é possível, aí você está dizendo algo (6:42) falso, algo que não é correto. (6:44) Mas veja que aí você não está só na simples apreensão, você não captou simplesmente (6:49) ali uma realidade ou a natureza de algo e está expressando por um conceito.
(6:55) Não, você afirmou, um círculo quadrado é possível. (6:58) Então você expressou um juízo, você fez um julgamento, e o juízo é justamente a (7:04) segunda operação da razão. (7:06) Então veja que eu posso simplesmente dizer, eu posso captar homem, eu captei, ou seja, (7:14) a natureza, homem, eu posso captar a natureza desse negócio, expressar por um conceito (7:20) que é homem, sem dizer se ele é vivo ou se não é vivo, se é sadio ou se não é (7:26) sadio.
(7:27) Então eu posso simplesmente captar e expressar homem sem afirmar e negar nada. (7:31) E aí eu estou no livro da simples apreensão. (7:33) Agora, quando eu vou para o âmbito de um juízo, aí é outra coisa.
(7:38) Quando eu vou para o âmbito do juízo, eu estou falando da segunda operação. (7:41) E essa segunda operação da razão é o ato pelo qual a nossa razão afirma ou nega algo (7:47) de um ser. (7:48) Esse ser é o sujeito e aquilo que nós afirmamos ou negamos é o predicado.
(7:53) Então quando você atribui um determinado predicado a um sujeito, você está afirmando. (7:57) Quando você nega, você está excluindo esse predicado daquele sujeito. (8:00) Então o João é bonito, é um juízo afirmativo.
(8:05) Laura não é bonita, é um juízo negativo. (8:08) Então veja que eu posso ter juízos afirmativos e juízos negativos. (8:12) No afirmativo você diz esse predicado está presente nesse sujeito.
(8:15) No juízo negativo eu excluo esse predicado desse sujeito. (8:18) E nós fazemos isso no nosso dia a dia constantemente. (8:20) Nós afirmamos e negamos coisas, nós emitimos juízos constantemente.
(8:24) Então o juízo, ele é ou é correto ou é incorreto, ou é verdadeiro ou é falso, tá (8:29) certo? (8:30) Então isso é muito importante. (8:31) Então o juízo, na medida em que afirma ou nega, ou seja, na medida em que ele pode ser (8:35) ou negativo ou afirmativo, justamente por afirmar ou negar, se posicionando, o juízo (8:41) é verdadeiro ou é falso. (8:42) Da mesma forma que eu tenho juízos analíticos e juízos sintéticos.
(8:47) O que é um juízo analítico? (8:49) É aquele em que a inclusão do predicado no sujeito se justifica pela simples análise (8:55) dos termos. (8:56) Então quando eu falo o homem é animal racional, a análise da palavra do termo homem já justifica (9:02) o animal racional. (9:03) Eu vejo que realmente, se é homem, esse animal racional, a animalidade e a racionalidade (9:08) está contida nesse termo.
(9:10) Então no juízo analítico, a presença do predicado no sujeito, eu vou justificar analisando (9:15) o próprio termo e a própria palavra. (9:17) No juízo sintético não, a relação entre predicado e sujeito é um pouquinho mais (9:20) complexa. (9:21) Ou seja, no juízo sintético, a presença de um predicado em um sujeito não é uma presença (9:27) necessária, ou seja, a relação entre predicado e sujeito é uma relação contingente.
(9:33) Logo, determinado predicado naquele sujeito, já que é contingente, só se justifica, (9:38) só se comprova pela experiência. (9:41) Então quando eu digo este cão é manso, analisando a palavra cão, você tira dela (9:47) necessariamente a mansidão? (9:50) Não. (9:50) Então quando eu digo este cão é manso, esse predicado nesse sujeito só se justifica, (9:54) só se comprova na medida em que eu tenho a experiência daquilo.
(9:57) Pela experiência eu consigo comprovar, eu vou lá e vejo, mas eu não posso então deduzir (10:01) que a mansidão necessariamente está inclusa na categoria canina. (10:06) E portanto o juízo, ele afirma ou nega, pode ser analítico ou sintético, e é por isso (10:10) que os nossos juízos podem ser verdadeiros ou falsos. (10:13) E por isso que a gente tem que saber como elaborar os nossos juízos e não emitir juízos (10:18) temerários, juízos apressados, que muitas vezes as pessoas fazem isso.
(10:23) E quantos problemas surgem e são gerados por causa de juízos temerários e apressados? (10:29) E o terceiro ato da razão, o terceiro ato da nossa inteligência é o raciocínio. (10:35) É o ato pelo qual a nossa razão passa de algo menos conhecido para algo mais conhecido. (10:40) Parte de uma determinada verdade, um pouco mais conhecida, para acabar deduzindo, vendo (10:45) uma outra verdade.
(10:47) E aí veja que de fato isso aqui é extremamente importante. (10:52) Então a simples apreensão, ela tem em revidente o seu lugar, eu capto ali a natureza de algo (10:57) e isso gera um conceito e eu expresso pela palavra. (11:00) Pelos juízos, a minha razão afirma ou nega algo, seja de maneira analítica ou sintética, (11:06) e a expressão oral do juízo são as nossas proposições, não vai confundir com preposição, (11:12) mas são as nossas proposições, e aí tem vários tipos de proposições, as contraditórias, (11:17) as contrárias, as subcontrárias, as subalternas.
(11:21) Então quando eu digo todo homem é justo, por exemplo, e aí eu digo algum homem não (11:27) é justo, essas são proposições contraditórias, porque se todo homem é justo, todo homem (11:33) é justo, todo, todo, aí o outro vem e diz não, algum homem não é justo, mas peraí, (11:38) se todos são justos, como é que algum pode não ser? (11:40) Então há uma contradição enorme aí, são proposições contraditórias e existem de (11:45) outros tipos. (11:46) E o nosso raciocínio, ou seja, é ele que realmente vai ter um peso maior, então é (11:51) lógico que o raciocínio pressupõe toda a questão da simples apreensão, da compreensão (11:56) do que é um conceito, de como eu expresso isso ali no termo, pelas palavras, como eu (12:01) estabeleço definições, etc., da mesma forma os tipos de proposições e como eu faço (12:06) conversões de proposições e para construir o que, ou seja, no nosso raciocínio vai estar (12:12) presente ali, querendo ou não, muitos elementos da simples apreensão e das proposições. (12:17) E de fato, quando nós falamos da questão do raciocínio, ou seja, basicamente na tradição (12:23) fala-se do raciocínio dedutivo e do raciocínio indutivo.
(12:26) No raciocínio dedutivo você parte de um elemento, de um ponto geral, para chegar até (12:32) uma conclusão particular, em algo particular, enquanto que na indução é o contrário, (12:37) você parte do mais particular, o ponto de partida é o mais particular, para depois (12:42) você chegar àquilo que é mais geral, a uma generalização. (12:46) Então, por exemplo, o exemplo clássico de dedução, todo homem é mortal, Sócrates (12:53) é homem, logo Sócrates é mortal, então veja que eu parto de algo mais geral e geralmente (12:59) esse elemento aí é a base, ou seja, todo homem é mortal, Sócrates é homem, logo (13:04) Sócrates é mortal, melhor dizer. (13:07) Então se todo homem é mortal e se o Paulo, a Maria e o José é homem, então eles também (13:12) serão mortais.
(13:13) Quando você vai para o raciocínio indutivo, ocorre uma mudança disso daí, então eu (13:17) diria as plantas, os animais e os homens se movem por si mesmos, ora, todos os corpos (13:24) viventes são plantas, animais e homens, logo todos os corpos viventes se movem por si mesmos. (13:32) Então veja que são dois tipos de raciocínio que evidentemente têm a sua validade, mas (13:38) nós precisamos entender que o ponto de partida de todo o raciocínio é justamente o que (13:46) em lógica vai chamar de premissas. (13:49) Então sempre que eu estabeleço um raciocínio, seja de forma dedutiva ou indutiva, eu estou (13:54) ali me baseando em determinados pontos, em determinadas premissas e a partir disso eu (13:59) vou fazer algum tipo de inferência, chegar a alguma conclusão.
(14:03) Por isso que muitos autores vão dizer que pensar também implica ou também significa (14:09) argumentar. (14:10) A questão da argumentação, o argumento, a argumentação é justamente o que? (14:16) A expressão sensível dessa atividade da razão, dessa operação da razão. (14:24) Por isso que nós precisamos entender que todo raciocínio, todo argumento, ele vai (14:28) ter um antecedente e ele vai ter um consequente.
(14:31) O antecedente é o que? (14:33) É o ponto de partida, é o que em lógica nós vamos chamar de premissas ou determinadas (14:39) proposições que estão ali na base. (14:41) Então eu tenho como ponto de partida determinadas proposições ou premissas e a partir delas (14:46) eu vou chegar a uma determinada conclusão. (14:49) Ou seja, eu tenho o antecedente, que são as proposições ou premissas, e eu tenho o consequente, (14:56) que é a conclusão que eu vou inferir a partir dessas premissas.
(15:00) Mas é evidente que aqui devemos tomar um cuidado enorme. (15:03) Por quê? (15:04) Porque, de fato, um raciocínio, um argumento, ele pode ser, por um lado, como se fosse formalmente (15:11) válido e a conclusão ser falsa. (15:14) Essa é a questão.
(15:15) Ou seja, pode ser que eu tenha ali todo um raciocínio e um argumento que, por um lado, (15:19) ele tem sentido, ele tem, digamos, uma validade formal, mas a conclusão é um pouco confusa. (15:25) Então por isso que alguns dizem, olha, é necessário saber distinguir entre consequência (15:30) e consequente. (15:31) Ou seja, o consequente, aquela conclusão que eu chego, é um tipo de juízo.
(15:36) E o juízo lembra que é ou verdadeiro ou falso, na medida em que, pelo juízo, eu afirmo (15:42) ou nego algo. (15:43) Ou eu afirmo determinado predicado a um sujeito ou eu nego esse predicado naquele sujeito. (15:47) Então todos os juízos, ou é V ou é F, então o consequente, ele é um juízo, que é verdadeiro (15:53) ou falso.
(15:55) E a consequência? (15:56) A consequência é um tipo de relação, é um tipo de ligação que nós estamos fazendo (16:01) de proposições. (16:02) Então, por exemplo, quando eu digo todo homem é imortal, ora, Pedro é homem, logo, Pedro (16:10) é imortal. (16:11) Onde está o problema desse raciocínio? (16:13) Onde está o problema desse argumento? (16:14) O problema é que, quando eu digo todo homem é imortal, ora, Pedro é homem, você tem (16:21) uma consequência, porque você está fazendo uma relação, todo homem é imortal, primeira (16:25) premissa ali, com a segunda, ora, Pedro é homem.
(16:29) Então essa consequência, ela é correta, mas como ela é correta? (16:33) É correta porque eu disse todo homem é mortal e eu estou colocando Pedro dentro da categoria (16:38) homem. (16:39) E, portanto, Pedro realmente entra na categoria de homem. (16:43) Como Pedro entra realmente na categoria de homem, essa primeira proposição com a segunda (16:48) está fazendo uma consequência.
(16:50) Tá bom, até aí está correto, só que baseado nisso, aí eu chego a um consequente, aí eu (16:56) digo, logo, Pedro é imortal. (16:58) Esse consequente é falso, ou seja, é possível ter uma consequência que é correta e chegar (17:04) a um consequente errado, a um consequente falso. (17:06) Então, por mais que ali, quando eu digo todo homem é imortal, ora, Pedro é homem, e ali (17:12) é uma consequência correta, por outro lado eu chego a um consequente falso.
(17:16) Por quê? (17:17) Porque a categoria de homem, a categoria de homem, se atribui um predicado falso. (17:24) Então a primeira premissa, ela é viciada. (17:28) Quando eu digo todo homem é imortal, aí já está o problema.
(17:31) Quando eu digo todo homem é imortal, ora, Pedro é homem, eu não estou tendo aí consequente, (17:36) eu estou tendo consequência. (17:37) A consequência é correta porque, de fato, Pedro está dentro da categoria de homem. (17:42) Mas, por outro lado, o consequente é falso, por quê? (17:44) Porque eu coloco na categoria de homem um predicado que não pertence a ela, que é (17:49) a imortalidade.
(17:50) Portanto, é possível ter uma consequência correta e um consequente falso. (17:55) Ou seja, é possível que você tenha um raciocínio, um argumento que, do ponto de vista formal, (17:59) não tem problema, mas, mesmo assim, ele não é verdadeiro. (18:02) E é por isso que vai surgir o problema das falácias.
(18:06) Ou seja, o que é uma falácia? (18:07) É um raciocínio incorreto, tá certo? (18:09) Que parece reto, parece certo, mas ele é portador de um defeito, ou seja, a sua conclusão (18:16) é falsa. (18:17) A falácia que pode receber dois nomes, a falácia que pode ser chamada de sofisma ou (18:22) de paralogismo. (18:23) Então muitos dizem, olha, a falácia enquanto sofisma é quando nós temos a intenção (18:27) de enganar o outro.
(18:28) Ou seja, eu sei o que eu estou fazendo, estou ali manipulando, então no sofismo, a falácia (18:32) enquanto sofisma teria a intenção de enganar. (18:34) E no paralogismo seria um erro sem ter muita consciência. (18:38) Ou seja, eu cometo um erro, me engano ali e não percebi.
(18:42) Isso seria a falácia enquanto paralogismo. (18:44) E aí tem vários tipos de falácia, a falácia do equívoco, a falácia de passar de um sentido (18:48) a um outro, a ignorância da questão, ou seja, a falácia de você misturar e confundir o (18:55) acidental com o essencial, a falácia da petição de princípios, tem várias. (19:00) E aproveito, né, ou seja, o nosso querido amigo aqui, irmão Filipe Trielli, tem vários (19:05) vídeos nesse sentido, sobre falácia, dando exemplos, mostrando com toda clareza o que (19:10) é. (19:11) Então eu recomendo, vai lá, dá uma olhada nos vídeos do Filipe, eu não vou ficar aqui (19:14) repetindo todos esses exemplos que ele está dando ali com muita propriedade, com muita (19:19) maravilha do jeito dele, digamos assim.
(19:21) E por fim, alguém poderia perguntar duas coisas. (19:24) Primeiro, professor, quais são as causas da falácia? (19:26) Por que a pessoa comete um raciocínio incorreto, seja consentemente ou com intenção de enganar (19:32) ou não? (19:33) Me parece que tem três coisas que precisam ser levadas em consideração. (19:36) A primeira coisa é uma imperfeita observação da realidade.
(19:39) A pessoa olha o mundo, olha a realidade e não observa de uma maneira minimamente adequada. (19:45) Ou seja, ela muitas vezes vê, por exemplo, fatos que no fundo, no fundo não existem. (19:50) Muitas vezes são muito mais projeções e expressões de desejos dela do que fatos (19:55) em si mesmo, né? (19:56) Então ela vê fatos que no fundo não são reais.
(19:59) Ela vê coisas que muitas vezes não correspondem à própria realidade. (20:02) Então, portanto, essa observação imperfeita da realidade gera muito problema, né? (20:07) A segunda coisa é a interpretação inexata dessa própria realidade. (20:11) Ou seja, ela pega uma coincidência ocasional, por exemplo, como se fosse profundamente essencial.
(20:17) E além disso, o que a gente chama de enumeração insuficiente. (20:21) Aí eu fui ali, por exemplo, sei lá, agredido e roubado por um menino e aí eu chego à (20:25) conclusão que todo menino não presta e é agressivo e bandido. (20:29) Então essas coisas, de fato, elas colaboram para que as falácias vão se estabelecendo.
(20:35) Ou seja, ou porque eu não tenho paciência para observar a realidade, eu quero tanto (20:38) explicar que eu acabo apressando o que não dá, eu acabo pegando uma coisa que é ocasional (20:43) como se fosse essencial, eu acabo pegando um caso isolado, uma situação e faço uma (20:48) generalização apressada e por aí vai. (20:50) E como combater as falácias, os falsos raciocínios? (20:53) Só tem um jeito. (20:54) Eu preciso estudar lógica.
(20:56) Eu preciso conhecer as regras da lógica para conseguir refutar os mais diversos tipos de (21:03) falácias, senão não tem como. (21:06) Então vejam, meus amigos, tudo isso mostra o quê? (21:09) Mostra que, de fato, se nós temos uma natureza racional, isso é importante. (21:13) Quando o ser humano despreza isso, ele, por um lado, não só perde, não só deixa de (21:18) ter, como poderia dizer, um conhecimento mais rigoroso, um discernimento moral mais claro, (21:23) uma capacidade maior de enfrentar problemas, ele perde tudo isso.
(21:26) Ou seja, ele deixa de ter essas referências que ajudariam muito na sua vida. (21:30) Mas além dele perder isso, o problema é que quando eu não cultivo, de fato, a minha (21:35) natureza racional, quando eu não valorizo a vida da razão, e veja que eu não estou (21:39) falando aqui de racionalismo, isso é outra coisa, eu estou falando no sentido de valorizar (21:42) aquilo que é próprio da nossa vida humana. (21:44) Quando o princípio de comando da minha vida não é a razão e quando eu não cultivo (21:47) essa vida racional, com certeza eu estou propenso a ser manipulado por um monte de pessoas, (21:53) por um monte de discursos vazios e contraditórios, e ao mesmo tempo também de ter uma visão (21:59) da realidade extremamente confusa e deturpada.
(22:03) Então, ir contra a nossa natureza, abrir mão daquilo que é tão primoroso em nós, (22:08) é querer pagar um preço muito alto. (22:11) Se você gostou aí do vídeo, deixe sua curtida, compartilhe, se inscreva no canal, e muito (22:15) obrigado pela sua atenção. (22:18) Um forte abraço, até o nosso próximo encontro.
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