Corrupção da linguagem, corrupção do caráter - Como o ativismo Woke está destruindo o Ocidente
Livro por Nine Borges e Patrícia Silva
Pedagogia Magistério Educação Psicopedagogia Psicomotricidade, Religião, Vaishinavismo Iskcon (vulgo hinduísmo) Envie sua sugestão, crítica, dúvidas, perguntas para meu e-mail:joaomariaandarilhoutopico@gmail.com ou joaocarlosmaria@yahoo.com.br
Essa é a sinopse de Unbreakable, chamado Corpo Fechado no Brasil, filme de 2000 com Bruce Willis e Samuel Jackson. Este é o vilão da trama, alguém que nasceu com uma doença rara, com os ossos frágeis, e que causa deliberadamente acidentes homéricos para descobrir se existe o seu oposto, ou seja, alguém que seja tão forte a ponto de resistir a tais desastres fatais.
Lembrei desse filme ao ler a coluna de Andre Marsiglia, cujo título é: “Para eliminar o bolsonarismo, o STF estragou nossa democracia”. Eu já tinha feito uma análise semelhante: para retirar Bolsonaro do jogo político, o sistema teve que implodir todo o arcabouço jurídico do país, soltar todos os corruptos graúdos, melar a Lava Jato, recolocar o ladrão na cena do crime e partir para o abuso desenfreado de poder.
Como já disse antes, o STF brasileiro comprou uma briga que não pode vencer, não sem destruir de vez qualquer verniz de democracia. E as aparências importam para esses ministros. Afinal, eles não querem viver como vive Maduro, isolado em seu quintal com todo o poder local
Ou seja, coisa de psicopata mesmo, como no filme. Para pegar um sujeito, taca-se fogo em tudo! O problema, claro, é que os vilões caricatos ignoram a lei do retorno, considerando-se sempre inatingíveis, intocáveis, invencíveis. A batata dos nossos ministros supremos está assando. Eles não contavam com a reviravolta na política americana. Se antes tinham em Joe Biden um aliado – ou cúmplice – agora veem que Donald Trump será sua maior dor de cabeça.
Os conservadores americanos acordaram para o problema brasileiro e entenderam que o país virou um laboratório para a censura globalista. Patrick David, do popular podcast PBD, esteve no Brasil entrevistando Jair Bolsonaro, e hoje divulgou trecho de Mike Benz desmascarando a manipulação da CIA em nossas eleições passadas. Ele também entrevistou Nikolas Ferreira para ilustrar o grau de autoritarismo no país: um deputado que não pode acusar presidente ladrão de ladrão!
VEJA TAMBÉM:
Já o senador Mike Lee partiu direto para cima de Alexandre de Moraes. Ele questionou se o ministro transformou em crime publicar críticas aos abusos supremos, como a fala do próprio Moraes alegando que as Big Techs viraram “máquinas fascistas”. O senador também publicou mensagens de apoio a Bolsonaro, que agradeceu: “Muito obrigado, Senador Mike Lee. Infelizmente, o Brasil foi convertido em um laboratório de ativismo judicial, abusos de poder e aplicação seletiva da lei para fins políticos. Tudo o que queremos é uma justiça independente e imparcial, que respeite as liberdades individuais”.
O congressista Rich McCornick, por sua vez, foi mais longe e cobrou de Trump uma medida drástica contra Moraes. Ele acusou o ministro de instrumentalizar a corte para perseguir um opositor e proteger Lula, uma clara perseguição política, e pediu que Trump considerasse sancionar Moraes pela Lei Magnitsky. Já citei tal instrumento em colunas passadas, e descubro uma vez mais que Olavo de Carvalho estava certo. O “véio” publicou ainda em 2020: “Lei Magnitsky é a maior ou única esperança de um Brasil livre de comunolarápios”.
VEJA TAMBÉM:
As sanções da Lei Magnitsky incluem o congelamento de todos os ativos que a pessoa possua nos Estados Unidos ou em instituições financeiras que tenham contato com o sistema bancário americano, ou seja, basicamente o mundo todo. Adicionalmente, as pessoas sancionadas pela Lei Magnitsky ficam impedidas de obter vistos para entrar nos EUA. O sujeito se torna um pária mundial, em síntese. Se chegar a tal ponto, Moraes só vai poder frequentar Havana e Caracas mesmo...
Bolsonaro agradeceu ao congressista: “Deputado Rich, Agradecemos a solidariedade e consideração. É triste pelo que nosso país está atravessando nos últimos tempos. Torcemos para que não chegue num ponto mais extremo por parte de alguns poucos que se julgam deuses e acima da lei, colocando em cheque (sic) toda a estrutura de nosso amado país. Um fraterno abraço!”
VEJA TAMBÉM:
Como já disse antes, o STF brasileiro comprou uma briga que não pode vencer, não sem destruir de vez qualquer verniz de democracia. E as aparências importam para esses ministros. Afinal, eles não querem viver como vive Maduro, isolado em seu quintal com todo o poder local. Muitos dos “donos do poder” no Brasil querem continuar circulando pelo mundo, fazendo negócios nos Estados Unidos. Mesmo os ministros supremos querem seguir posando de “salvadores da democracia”.
Do jeito que a coisa está escalando rápido, o regime lulista terá de se fechar de vez, aderir totalmente ao eixo do mal, romper com o Ocidente. O custo se torna alto demais para muita gente poderosa. Começa a parecer mais razoável se livrar do Lula, de quem não gostam mesmo, e oferecer a cabeça de Moraes numa bandeja, para que um só seja punido pelo crime de vários. Talvez alguns passem até a considerar a hipótese de liberar Bolsonaro e depois tentar “domesticá-lo”, dentro do conceito de “direita permitida”, mais atraente do que uma guerra total contra o governo Trump.
Afinal, não é só Moraes que está na linha de tiro, ainda que seja o alvo mais evidente. Outros pares foram cúmplices de suas arbitrariedades ilegais. E se Moraes sofrer as consequências de um ato drástico desses, os demais certamente entrarão em desespero. Deixar de curtir Key Biscayne ou passeios e compras no Sawgrass Mills não é nada! O Pavão Supremo, por exemplo, vai ficar sem ver o filho que trabalha em Miami? Isso sim, seria um castigo que faria Allan dos Santos sentir o começo do gostinho da Justiça…
Newsletter Rodrigo Constantino
Inscreva-se e ganhe também o ebook "Rodrigo Constantino Indica e Explica"
Economista pela PUC com MBA de Finanças pelo IBMEC, trabalhou por vários anos no mercado financeiro. É autor de vários livros, entre eles o best-seller “Esquerda Caviar” e a coletânea “Contra a maré vermelha”. Contribuiu para veículos como Veja.com, jornal O Globo e Gazeta do Povo. Preside o Conselho Deliberativo do Instituto Liberal. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.
Uma história verossímil é a uma das principais preocupações do escritor, pois é assim que o leitor irá acreditar nos acontecimentos e se conectar com o enredo criado. Vamos analisar o que significa a presença da verossimilhança, qual suas funções e objetivos e fazer um estudo de casos em algumas obras da literatura e do cinema. Continue a leitura e tente aplicar esse princípio ao seu projeto ficcional.
O termo significa “similar ao que é verdadeiro”, ou seja, semelhante à realidade. Dar a ideia de realidade na lógica interna de uma história faz com que o leitor ou espectador se conecte de maneira muito mais fluída, seja ela a história mais fantástica já escrita.
Cada narrativa possui a sua realidade, a sua verdade. Com isso, todos os acontecimentos daquela obra devem condizer com o mundo criado.
Nas histórias, todo evento possui uma causa e uma consequência e todos os pontos apresentados devem estar conectados. Não podemos citar que o personagem principal tem aracnofobia e, depois de algumas páginas, dizer que ele tem uma tarântula de pet. Isso tornaria o personagem e toda a situação inverossímil.
Não importa o quão absurda seja a sua trama – se levamos em conta a realidade em que vivemos -, com uma coerência interna entre o enredo, personagens, o mundo e o tempo criados, ali haverá a verossimilhança interna, ou seja, dentro daquela obra tudo se conecta, faz sentido e parece verdadeiro.
O autor cria uma realidade paralela, um mundo alternativo – e verídico no contexto inserido.
Quando a obra se alinha, se assemelha com a nossa realidade (seja ela histórica ou atual), podemos dizer que ela possui verossimilhança externa. Os fatos podem ser comparados à vida real.
Claro que as obras com verossimilhança externa precisam conter também a verossimilhança interna, já que cada personagem possui suas particularidades que precisam ser afirmadas e todos os elementos devem conversar entre si.
Quando todas as partes da obra ficcional (enredo, personagem, tempo, espaço e narrador) estão em harmonia, compondo uma história “verdadeira”, o leitor ou espectador terá a impressão de realidade, e esse é o objetivo da verossimilhança: fazer o texto real.
Com a impressão de realidade, é muito mais fácil se associar à obra, se ver representado, se identificar e uma catarse acontecer.
Acredito que você já tenha se deparado com sites dizendo que você deve fazer uma grande pesquisa para escrever sua obra, mesmo sendo ela de ficção e mesmo você tendo criado aquele mundo. E eu direi o mesmo: pesquise. A melhor forma de tornar um universo ficcional verossímil é pesquisando sobre o que está escrevendo.
Depois de ter coletado todas as informações que achar necessárias sobre aquele tema, aquele universo, coloque-as num papel (ou documento), porque com certeza você vai ter que visitá-las durante o processo de escrita.
Certo, o enredo agora pode estar verossímil, mas os pequenos detalhes estão batendo? Analise o seu personagem, o perfil, se ele tem fobias, gostos peculiares. Caso tenha, anote, pois você não poderá se contradizer depois de algumas páginas.
A cada final de capítulo, releia-o analisando se a história está semelhante à realidade proposta (o mundo real ou o universo criado) e também se a coerência interna está bem construída.
Claramente os filmes da saga Star Wars acontecem num tempo futuro, não há especificamente um tempo real – ano 5000, por exemplo -, mas já sabemos que não acontecem nos dias atuais. A primeira imagem do filme, no espaço, com naves, já nos introduz neste tempo fictício, de modo que esperamos ver mais itens futuristas ao longo da história. Eles serão muito importantes para passar credibilidade durante o filme.
O lugar também já fica claro desde o início: o espaço sideral, ou seja, não estranhamos se os personagens estão em outro planeta que não a Terra. Não estranhamos ver um planeta com 5 luas, ou um sistema com mais de um sol.
Os personagens interagem com robôs? Tudo bem, de acordo com aquela realidade isso faz todo sentido. Pronto. A verossimilhança interna está criada. O mundo de Star Wars não parece mais falso aos olhos do espectador: ele aceita, acredita e consegue se conectar com aquela realidade paralela.
Apesar do livro ser uma grande metáfora para a perda da inocência e a moralidade humana, um grupo de pré-adolescentes britânicos sozinhos em uma ilha após o naufrágio de uma embarcação parece algo difícil de se acreditar. Onde estão os adultos?
William Golding precisou buscar diversos elementos para que a história se tornasse plausível. A construção daquela sociedade brutal tinha que ser possível aos olhos do leitor. Os personagens falam de uma maneira infantilizada, mas os líderes começam a agir como adultos, seguem os passos do que os adultos fariam, mas, de certa forma, a sociedade – que parecia democrática – acaba se tornando ditatorial e violenta.
É aí que Golding consegue a verossimilhança: há uma semelhança com a formação de diversas sociedades modernas, histórias que aconteceram no mundo real. Garotos seguem exemplos, e esse é o exemplo que eles possuem. Ele consegue conquistar a atenção do leitor e também cumprir o objetivo da metáfora.
Os livros de Harry Potter utilizam uma mistura entre a verossimilhança externa e interna – um mix do mundo real e fantástico.
Muitas passagens acontecem nas ruas londrinas, com pessoas reais, que poderiam acontecer com qualquer um que estivesse em Londres: casa em um subúrbio de classe média, um passeio à estação de trem, uma visita a um cemitério. Assim, JK consegue passar que aquela história e aqueles personagens são reais; aquele garotinho de 11 anos é um menino londrino vivendo com os tios.
Porém, ela cria uma realidade paralela dentro dos livros: um mundo escondido no nosso mundo, o mundo bruxo. Ele possui seus próprios elementos, suas próprias leis e costumes. E, junto com o garotinho, nós vamos adentrando e começando a acreditar naquele novo mundo. A verossimilhança interna da obra está criada. Ali tudo é real.
Esse é um filme realista. Se passa no início dos anos 2000, o seu personagem principal é um gaúcho que trabalha como operador de fotocopiadora. Certo, tudo extremamente real, é o dia a dia. Ou seja, ele é muito semelhante à verdade, tem um alto nível de verossimilhança.
O desafio não está em fazer o espectador acreditar que aquele mundo é real, porque está claro que é o nosso universo. Aqui, a dificuldade é criar correlação entre os acontecimentos para que pareça verdadeira a ideia de copiar dinheiro, de roubar um carro forte e ganhar na loteria. O conjunto deve ser verdadeiro aos olhos do espectador.
Portanto, o filme, além de ter uma verossimilhança externa, não deixa pontos soltos em sua história para que essa verdade e a catarse se perca.
Neste post tratei especificamente da verossimilhança nos textos ficcionais e narrativos, porém é importante lembrar que ela deve estar presente em textos argumentativos e dissertações. Não adianta fazer uma conclusão com proposta de intervenção – como é pedido no ENEM, por exemplo – sem nenhuma verossimilhança externa, de modo que aquela ideia não poderia ser levada adiante, por ser irreal.
Agora chegou o momento para você analisar o seu projeto, capítulo por capítulo, cena por cena. Examinar se ele está verdadeiro e se o leitor se conectaria com sua história. Ficou com alguma dúvida; tem outra sugestão sobre como tornar os textos ficcionais mais verossímeis; tem um exemplo que acha legal ser discutido? Comenta aqui no post ou, caso esteja vendo num link de rede social, comenta por lá também. Vamos trocar figurinhas sobre essa parte tão importante no processo de criação.
_______
Todas as imagens deste post possuem #PraCegoVer com áudio-descrição resumida em seus textos alternativos.
A aprendizagem deve ser ativa e significativa, deve ser autêntica, portanto, o projeto deve ser desenhado de modo que faça sentido participar e executar, portanto quando for planejado deve ter os elementos relacionados a realidade desses alunos.
Como projetar experiências de aprendizado autênticas e significativas?
Não existe uma fórmula mágica para o planejamento e design de autênticas experiências de aprendizagem. A orientação aqui deve ser usada apenas como orientação.
Como um bom profissional da educação, é você quem conhece seus alunos e suas características, quem sabe o que eles precisam de sua aprendizagem e pode tomar decisões de acordo. Use o seu julgamento profissional como seu melhor guia! Abaixo estão sete passos para experiência significativa:
1. Conheça seus alunos. O que são eles interesses? O que os envolve?
Determinar suas necessidades de aprendizagem. Por exemplo, eles são um grupo que tem bom desempenho em tarefas escritas, mas poderiam trabalhar em habilidades de fala e audição, ou vice versa? As necessidades e interesses de seus alunos deve sempre ser um ponto de partida.
2. Com base em seus alunos, determine um projeto que seja executável, com objetivos claros e que gere resultado.
É aqui que a relevância e autenticidade entram em jogo - vincule o resultado para algo da vida real. Poderia ser administrar um restaurante, publicar um livro, criar um museu, resolvendo uma questão ambiental ou uma série de outras ideais. Não há nada mais significativo que aprender com experiências juntamente aos eventos ou projetos dos alunos.
3. Compartilhe os conceitos das habilidades que seus alunos vão desenvolver para concluir o projeto ou alcançar os resultados.
Essas competências e habilidades podem ou não estar de acordo com a área ou grade ou planejamento pedagógico do curso. O mais próximo estiver do currículo, melhor.
4. Avalie previamente seus alunos - como eles se saem nessas habilidades atualmente?
Existem inúmeras formas de avaliar, mas a ideia é ir além de uma avaliação. A ideia é saber em que ponto ele se encontra hoje para entender o caminho percorrido durante a aprendizagem e ele mesmo entender o quanto ele evoluiu. Esse processo pode ser feito através de entrevista e desenvolvido dando papéis e responsabilidades dentro de um projeto, por exemplo, afim de que eles entendam sua jornada, quebrem a "Hierarquia" dando a eles propriedade, autonomia e controle sobre o próprio progresso deles.
5. Reserve tempo para uma apresentação de seus aprendizados
Dê aos alunos a oportunidade de compartilhar as experiências e mostrar as habilidades aprendidas desse a primeira entrevista até o último momento do projeto. E o que eles tiveram que aprender para alcançar os resultados esperados.
6. Ensine, facilite, treine, guie… e aprenda junto com eles
Algumas habilidades exigirão um ensino mais discreto em um sentido, de forma que o professor acaba desenvolvendo um líder da equipe do projeto que vai se desenvolver com toda a sua equipe.
Outros times serão mais adequados a um aprendizado mais orientado, com abordagens mais diretas, com os próprios alunos e a exploração de outras situações.
A avaliação deve ser feita em pequenos espaços de tempo rotineiramente para garantir o andamento do projeto e ir fazendo os ajustes de acordo com as equipes. Usando sempre um modelo positivo de feedback da aprendizagem.
7. Deixe que os alunos se auto-avaliem
Ao final de um projeto. O que eles aprenderam? Que novas habilidades eles têm agora? O que esses alunos ainda querem aprender sobre a temática abordada?
Coloque o grupo para fazer a autoavaliação, coloque o mesmo grupo para se avaliar individualmente e a última nota é a do professor.
Muitos dizem que a verdadeira aprendizagem autêntica só acontece quando o resultado ou objetivo é compartilhado além da sala de aula. Isso realmente acontece e a primeira vez que o professor desse projeto se depara com essa experiência sendo compartilhada fora da sala de aula, pode soar meio assustadora.
Entretanto, experiências autênticas de aprendizagem não tem que ser com todo mundo no mesmo ritmo. A dica é comece pequeno e trabalhe para os projetos maiores. O grande segredo acaba sendo que eles precisam ter relevância, algum tipo de aplicação para o mundo real. Resultados que não são reconhecidos como fundamentais e úteis, não são sempre necessários e podem ser um impedimento ao adotar essa abordagem.
Essa abordagem prova que onde alunos estimulados a trabalharem por projetos se desenvolvem mais, entretanto é crucial a participação e percepção para intervenções do professor que nesse momento é um mentor do projeto.
- Prof. Fernando Novais
Na tradição védica, o planeta Vênus, além de ser o canal de manifestação da Deusa Lakshmi§ no mundo, e por isso, um planeta feminino, é identificado como Shukracharya, o grande sábio, filho de Bhrigu e arquirrival de Brihaspati, cuja missão é instruir e fortalecer os asuras em sua eterna disputa contra os devas, a batalha sobre a antiga ordem e a nova ordem estabelecida.
No capítulo 3 de seu tratado Brihat Parashara Hora Shastra, no verso 12, Parashara afirma: “Devejyo jñānasukhado bhṛgur vīryapradāyakaḥ“, que pode ser traduzido como: “[Júpíter] é o enviado dos deuses, Bhrigu concede virtude, potência sexual e caráter (vīrya), ambos são o deleite do conhecimento“§. Nesse contexto, o Maharishi identifica o planeta Vênus com o sábio Bhrigu, o pai de Shukracharya.
Após severas penitências dedicadas a Brihaspati e Shukracharya, escrevo este artigo com o propósito de beneficiar todos os seres, elucidando de maneira definitiva e abrangente as reais funções do planeta Vênus. Meu objetivo é instruir acerca de seu papel na leitura de mapas astrológicos pela tradição védica, conforme revelado pelos rishis nas escrituras sagradas — uma verdade que, ao longo da Kali Yuga, foi gradativamente obscurecida.
A maioria dos textos definem este planeta como o indicador natural (bhava karaka) da sétima casa, associada ao casamento e às parcerias, mas também da quarta casa, juntamente com a Lua — ainda que ambos operem em esferas distintas do coração e mentes humanos.
Sob sua regência encontram-se a felicidade conjugal, a quantidade e qualidade dos matrimônios (aspecto que exige uma análise conjunta com Mercúrio), o acesso ao conforto, ao luxo e aos veículos, além da empatia, do caráter, da compaixão, da dignidade e da relação com o feminino em sua multiplicidade de expressões.
Quanto à suas dignidades, a hierarquia de força baseada unicamente na posição do planeta no signo, embora a análise dos mapas divisionais e do dispositor seja indispensável para uma compreensão mais precisa. Do mais forte ao mais fraco: Peixes (exaltação), Libra (domicílio), Touro (domicílio), Sagitário, Gêmeos, Capricórnio, Câncer, Escorpião, Leão, Áries, Aquário e Virgem. Se este planeta estiver retrógrado deve se considerar os efeitos do signo oposto.
Apesar deste índice, Vênus em Sagitário é a segunda em erudição e compaixão; Virgem mesmo que seja a última, pode fazer uma pessoa talentosa em escrita de textos e persuasão; Aquário pode levar ao prestígio acadêmico; Vênus em Áries e Escorpião aumentam a inteligência.
“Represente em sua imagem, Júpiter com uma coloração amarela e Vênus com uma pele clara, ambos com quatro braços, carregando um cajado, um rosário, um pote de medicações e uma oferta” – BPHS, capítulo 84, verso 10.
Mais uma vez, Parashara destaca a semelhança entre os dois brâmanes, diferenciando-os apenas pela coloração de sua aparência. Shukracharya, a estrela mais brilhante antes do nascer do Sol, é descrito com um brilho branco e radiante, como um diamante cintilante. A cor branca representa honestidade, pureza e paz.
Ele é representado com quatro braços (chaturbhuja), simbolizando seu domínio sobre os quatro cantos do Universo. Em uma das mãos, segura um cajado (daṇḍa), atributo tradicional dos grandes sábios; em outra, um rosário, indicando sua dedicação às práticas espirituais e austeridades. Ele também carrega um pote de medicamentos, pois, assim como Brihaspati, está associado à cura e ao conhecimento medicinal.
Além disso, um de seus símbolos é “vara”, palavra que pode significar tanto uma oferta ritualística quanto uma bênção, refletindo sua conexão com o conhecimento sagrado, o poder de abençoar e a transmissão de ensinamentos.
Como vimos, tanto Shukracharya quanto Brihaspati são brâmanes, mestres e conselheiros, qualidades que se refletem nas pessoas que têm esses planetas em destaque em seus mapas astrológicos. Embora compartilhem muitas semelhanças, é importante destacar que eles não são o mesmo ser; possuem características e colorações distintas que os tornam únicos, apesar de suas funções essenciais e igualmente significativas. Se não fosse o caso, o Senhor Vishnu não teria os colocado em suas respectivas posições celestiais.
Parashara, de forma inequívoca, observa que as bênçãos de Vênus são de uma intensidade e poder superiores às de Júpiter:
“Em ordem crescente (do menor para o maior), os planetas mais fortes do que o outro são: Saturno, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus, Lua e Sol” – Brihat Parashara Hora Shastra, capítulo 3, versos 37-28.
No entanto, embora traga uma bênção maior em intensidade, possui uma quantidade menor de atribuições em comparação a Júpiter, que influencia várias casas do mapa astrológico, incluindo as casas 2, 5, 7 (especialmente em mulheres heterossexuais), 9, 10 e 11.
É possível observar indivíduos honrados, ocupando posições de poder, cercados de riqueza, heranças e prestígio, mas que, são tomados por traços negativos como arrogância, misoginia, uma necessidade constante de validação e um baixo nível de empatia — características frequentemente associadas a uma Vênus enfraquecida. Por outro lado, existem pessoas que, apesar de serem compassivas, empáticas, criativas, dedicados à caridade, buscadores sinceros da verdade, com vidas conjugais felizes, acabam sendo perseguidas e difamadas com frequência na sociedade — pois Júpiter está enfraquecido.
No décimo capítulo do Bhagavad Gita, Krishna expressa suas preferências entre as grandes figuras espirituais, destacando, entre os Maharishis védicos, Bhrigu como o mais venerado, ao afirmar: “mahā-ṛṣīṇām bhṛguḥ aham” (verso 25a). Entre todos os sacerdotes purohitas, é Brihaspati quem ocupa sua mais alta consideração, como evidenciado na frase: “purodhasāṁ ca mukhyaṁ māṁ viddhi pārtha bṛhaspatim” (verso 24a). Finalmente, entre os maiores pensadores, Krishna expressa sua predileção por Shukracharya como um grande pensador, poeta e profeta, referindo-se a ele dizendo “kavīnām uśanā kaviḥ” (verso 37c). Adi Shankara extrapola o sentido profético ao comentar este verso e afirmou que “kavi” é o mesmo que “o onisciente”.
Dessa forma, podemos entender aos olhos de Krishna que Vênus não é um mero brâmane, mas um maharishi e kavi, enquanto Júpiter é um purohita.
O papel de um Maharishi é maior que de um sacerdote, pois eles revelam as escrituras, canalizam o desejo e a visão dos deuses, realizando uma tarefa criativa, pois estes rishis são os poetas que escreveram os Vedas, que através de intensas práticas espirituais, alcançaram uma conexão direta com o divino, podendo, assim, receber a revelação. “Kavi” não é um mero poeta, mas um grande pensador, e muitas vezes, um tipo de profeta, que tem conhecimento do presente, passado e futuro. Por isso é dito que Bhrigu, o primeiro astrólogo védico da humanidade, tinha o dom de profecia perfeito.
O purohita é um sacerdote dedicado às cerimônias védicas, responsável por auxiliar uma pessoa ou comunidade a realizar os rituais e os ensinamentos revelados através dos maharishis. Portanto, não faz um trabalho criativo ou profético, ele é um exegeta de textos da tradição e um executor de cerimônias, responsável por guardar e transmitir esta tradição já estabelecida. Brihaspati é o maior dentre eles.
Em uma sexta-feira, nasceu Shukracharya, originalmente chamado Ushanas, filho do sábio Bhrigu, um dos sete grandes ṛishis, e de sua esposa Khyati, uma encarnação da Mãe Lakshmi. Desde cedo, mostrou-se um prodígio e um polímata, dedicado à busca incessante pelo conhecimento.
Detentor de um intelecto brilhante e uma sede insaciável pelo divino, Ushanas foi inicialmente discípulo do venerável Angiras. No entanto, percebeu que seu mestre nutria uma predileção evidente por seu próprio filho, Brihaspati, preparando-o para ocupar um papel de destaque entre os Devas. Apesar de possuir uma compreensão mais profunda e refinada das escrituras e dos mistérios cósmicos, Ushanas viu-se de lado. A parcialidade de seu mestre o feriu, não por vaidade, mas pela injustiça que percebia no sistema que deveria reconhecer o mérito acima do favoritismo.
Determinado a não ser limitado por esse destino imposto, abandonou a escola de Angiras e buscou refúgio no aprendizado com Maharishi Gautama, o grande cientista dos Vedas. Sob sua tutela, aprofundou-se nas ciências espirituais, na metodologia científica védica, desenvolveu um domínio inigualável sobre os rituais e mantras sagrados.
Ao término de sua formação, recebeu a notícia que tanto temia: Brihaspati havia sido nomeado guru dos Devas. Não por maior erudição ou realização espiritual, mas por alianças forjadas com Indra, pela influência de seu pai e pelas austeridades realizadas em honra a Shiva. Para Ushanas, essa revelação foi um golpe profundo.
Seu talento e esforço haviam sido ignorados, e a justiça que idealizava nos deuses parecia uma ilusão. Esse momento não despertou rancor em seu coração, mas plantou nele uma dúvida essencial: seriam os Devas realmente os únicos dignos do conhecimento e da iluminação?
Com essa inquietação ardendo em seu espírito, Ushanas entregou-se a severas penitências. Tornou-se um yogi de imenso poder, transcendendo as limitações de seu nascimento. No Mahābhārata, Yudhishthira narra que sua austeridade chegou a tal grau que ele conseguiu acessar os reinos dos Yakshas e reivindicar para si toda a riqueza de Kubera, o tesoureiro dos deuses.
O ato enfureceu Shiva, que conceu a Kubera a posição de administrador e guarda de seus tesouros. Sentindo-se desafiado, o Senhor Supremo decidiu pessoalmente intervir. Ushanas foi engolido por Shiva e recorreu a um ato de devoção extrema dentro de seu estômago: praticando austeridades dentro das águas eternas do ventre do Supremo.
Milhares de anos se passaram. Impressionado pela determinação do sábio, Shiva concedeu-lhe sua graça, permitindo-lhe emergir de seu corpo através da uretra. Foi então que Ushanas recebeu o nome pelo qual seria eternamente conhecido: Shukra, uma referência ao “shukra dhatu“, o tecido na Ayurveda responsável pela criatividade e reprodução, por onde saiu de Shiva.
Durante esse período de intensas penitências, Shukracharya também se dedicou à adoração da Mãe Divina e tornou-se um shakta. Quando finalmente emergiu do corpo de Shiva, Parvati intercedeu em seu favor, convencendo o Senhor Supremo a poupá-lo. Como recompensa por sua devoção, recebeu não apenas o perdão, mas também o domínio sobre as riquezas de Kubera, a graça de Shiva e Parvati, tornou-se o planeta Shukra e um maharishi sem precedentes.
Enquanto isso, no plano terreno, os Asuras enfrentavam uma derrota esmagadora diante dos Devas. Feridos e dispersos, buscaram refúgio no ashram de Bhrigu e Khyati. Movida pela compaixão, Khyati ofereceu-lhes abrigo e, por sua misericórdia, ergueu um escudo protetor que os manteve a salvo da ira de Indra.
Indra, furioso com a proteção concedida aos inimigos dos Devas, recorreu a Vishnu, que, empunhando o Sudarshana Chakra, desferiu um golpe mortal, decapitando Khyati enquanto ela se dirigia ao ashram. Esse evento marcou um ponto de virada na visão de Shukracharya, pois dentro de Shiva via todos os mundos e pode assistir este crime de guerra. Ele já não via os Devas como meros protetores do Dharma, mas como agentes de um sistema que favorecia a si mesmos.
Seu pai, Bhrigu, conseguiu intervir e, através de seus poderes, restaurou Khyati à vida. Mas, tomado pela fúria, lançou uma maldição sobre Vishnu: “Por ter derramado o sangue de uma mulher inocente, quebrando o dharma no mundo submetido às leis do karma, renascerás sete vezes como humano.”
A partir desse momento, Shukracharya passou a ver os Asuras não como inimigos dos Devas, mas como seres que, assim como ele, haviam sido injustiçados pelo destino.
Com essa nova compreensão, dedicou-se a uma austeridade ainda mais severa. Seu propósito era claro: trazer equilíbrio ao cosmos, concedendo aos Asuras o conhecimento e a força para enfrentarem seus opressores. Foi então que buscou o segredo supremo da ressurreição — o Mrita Sanjeevani Vidya, um mantra capaz de devolver a vida aos mortos.
O Yoga Vasishtha narra um episódio fascinante da vida de Shukracharya, revelando um aspecto pouco conhecido de sua trajetória. Nascido mortal, ele foi arrebatado por um amor avassalador por Jayanti, uma ninfa celestial e filha do próprio Indra. Sua paixão era tão intensa que transcendia os limites do mundo físico. Incapaz de suportar a separação, Shukra, movido por um desejo irresistível, ousou algo que poucos poderiam sequer imaginar: adentrou, ainda vivo, os domínios do Svarga, o paraíso reservado às almas justas após a morte administrado por Indra.
Ali, mergulhado na embriaguez dos sentidos, viveu um conto de amor e prazer inigualável, entregue aos deleites etéreos que apenas os corpos sutis podem experimentar. A cada momento ao lado de Jayanti, Shukra perdia mais a noção de quem era e do mundo do qual viera. Seu espírito flutuava em um êxtase sem fim, como se estivesse aprisionado em um sonho dourado do qual jamais desejaria despertar.
Mas no mundo físico, seu corpo jazia inerte, à beira do sagrado rio Samanga, como uma concha vazia abandonada na margem do tempo. Seu pai, o sábio Bhrigu, ao encontrar o filho em tal estado, percebeu o perigo iminente. A alma de Shukra estava presa em um labirinto de ilusões, refém de um desejo que o afastava da verdade suprema.
Alarmado, Bhrigu dirigiu-se a Yama, o Senhor da Morte, suplicando-lhe que concedesse a seu filho a passagem necessária para que pudesse ser resgatado desse torpor. Yama, o administrador e juiz da reencarnação de todos os seres, compreendeu a aflição do sábio de altíssima autoridade espiritual e aceitou intervir.
Com um gesto, o Senhor da Morte fez Shukra recordar todas as suas existências passadas. Em um único instante, desvelaram-se diante dele incontáveis vidas, amores e perdas, alegrias e sofrimentos. Como um relâmpago cortando a escuridão, Shukra compreendeu que sua bem-aventurança era uma miragem, sua felicidade, um cárcere. Ele não vivia um amor eterno, mas sim estava aprisionado em um turbilhão de sensações que o iludiam e o afastavam de sua verdadeira essência e propósito.
Foi então que Yama dirigiu-lhe palavras que marcariam sua transformação:
“Agora, Shukra, entre novamente no corpo que repousa no rio, como um príncipe retorna ao seu palácio. Através dele, trilhe o caminho das austeridades e da meditação. Permaneça imerso no tapas por milênios, até que possa abandonar este corpo mortal para sempre, descartando-o como uma flor murcha ao vento. E então, torne-se eternamente o guru dos Asuras.“
Despertando do transe da ilusão, Shukra retornou ao seu corpo, mas nunca mais seria o mesmo. Ele havia compreendido a natureza efêmera do desejo, os grilhões invisíveis do apego e a grandeza da libertação. A partir daquele momento, sua jornada deixaria de ser sobre possuir, para tornar-se sobre transcender.
E assim, Shukracharya iniciou as austeridades que o levariam a se tornar um dos mais poderosos yogis da história, aquele que, por sua própria experiência, ensinaria aos Asuras não apenas o poder dos mantras e da ressurreição, mas a verdade sobre a ilusão dos sentidos e a busca pela imortalidade além da carne.
A mudança nas batalhas após o uso desta nova arma de guerra perturbou os Devas, pois agora os Asuras podem reviver seus guerreiros indefinidamente, tornando-os invencíveis. Para impedir essa ameaça, os Devas arquitetaram um plano. Enviaram Kacha, filho de Brihaspati, para se tornar discípulo de Shukracharya, esperando que, sob sua orientação, pudesse descobrir e roubar o segredo do mantra proibido.
Com o tempo, Kacha conquistou a confiança do mestre — e, mais do que isso, o coração de sua filha, Devayani. Mas os Asuras, sempre desconfiados, não tardaram a perceber sua verdadeira intenção. Em diversas ocasiões, capturaram e assassinaram Kacha das formas mais brutais, apenas para vê-lo ressuscitado pelo poder de Shukracharya, influenciado pelos apelos desesperados da filha.
Em um último ato de crueldade, os Asuras destruíram o corpo de Kacha, moeram seus ossos e misturaram seus restos ao vinho que Shukracharya bebeu, impossibilitando sua ressurreição. Mas Devayani não aceitou o destino de seu amado. Suplicou ao pai com toda a intensidade de seu coração.
Comovido, Shukracharya recitou o próprio Mrita Sanjeevani, trazendo Kacha de volta à vida. Mas o discípulo renasceu dentro do corpo de seu mestre. A única maneira de escapar era aprender o mantra e recitá-lo para si mesmo.
Assim, Kacha renasceu e, cumprindo sua missão, declarou que retornaria aos Devas. Devayani, desolada, implorou para que ficasse, confessando seu amor. Mas ele recusou. Nunca a havia amado e nunca poderia retribuir seus sentimentos.
Ferida pelo desprezo e pela traição, Devayani lançou sobre ele uma maldição irrevogável: “Que esqueças para sempre o mantra que tanto desejaste!”
Durante uma dessas batalhas celestiais, Vamana, a quinta encarnação do Senhor Vishnu, manifestou-se como um anão, com o propósito de derrotar o asura Mahabali através do poder do planeta Júpiter. Vishnu, o grandioso Ser que penetra todas as coisas com apenas uma fração de Sua essência, assumiu uma forma diminuta, camuflando Sua divindade. Mahabali, o asura que havia conquistado os três mundos e se estendia até Patala, o reino subterrâneo de beleza indescritível onde a luz do Sol jamais chega, se tornara uma figura imponente. Sua austeridade e meditação haviam impressionado Brahma, concedendo-lhe um poder quase invencível, e um domínio que rivalizava até com o próprio Indra.
Embora fosse ganancioso, Mahabali era, no fundo, um rei generoso. Nenhum visitante saía de sua corte sem um presente. Quando Vamana entrou no palácio, um brilho distinto em seu semblante fez com que Mahabali, reconhecesse que não se tratava de um brâmane comum. Vamana então fez seu pedido: “Desejo um pedaço de terra do tamanho de meus três passos.” Ao ouvir essas palavras, Shukracharya, o guru dos asuras, percebeu a verdadeira identidade do visitante — o Senhor Vishnu, disfarçado para enganar seu discípulo. Sabendo disso, ele tentou alertá-lo, mas a palavra de um rei justo, como Mahabali, não poderia ser revogada.
A promessa de um presente a um brâmane é selada com um gesto simbólico: o doador derrama um pouco de água nas mãos do receptor, utilizando um kamandalu — um recipiente sagrado semelhante a uma chaleira. Foi nesse momento que Shukracharya, em um esforço desesperado para evitar que o pacto fosse selado, se transformou em uma abelha e tentou obstruir o bico do kamandalu. Mas Vamana, utilizou uma simples lâmina de grama kusha e afastou a abelha, cegando Shukracharya de um olho de forma permanente. Por isso, a Vênus aflita pode ferir a visão.
A partir desse momento, Vamana começou a crescer de maneira descomunal, expandindo-se de tal forma que não havia mais espaço nos reinos para contê-lo. Ele então deu um passo gigantesco e pisou na cabeça de Mahabali, forçando-o a retornar a Patala Loka, seu reino original. Embora Mahabali fosse tão ambicioso quanto um asura, seu coração era puro, como o de Prahlada, seu avô. Por isso, Vishnu, em Sua misericórdia, concedeu-lhe o pedido de ir habitar com ele em Patala em vez de Vaikuntha, seu reino celestial.
No entanto, o amor de Lakshmi, esposa de Vishnu, por Seu marido estava deixando-a com saudades intensas. Por isso, desceu até o mundo abaixo de todos os outros, até o gigante palácio de Patala e pediu para Mahabali que o Supremo Vishnu retornasse à sua companhia em Vaikuntha. Ele aceitou, mas continuou adorando-o à distância.
Bhrigu, cujo nome deriva da raiz sânscrita bharg (भर्ग), que significa “brilhar” ou “queimar”, é um dos grandes Maharishis e, segundo Krishna, o mais ilustre entre os Saptarishis, os sete sábios celestiais associados à constelação da Ursa Maior. Nascido da mente de Brahma, ele recebeu diretamente do Criador os segredos da astrologia védica, que mais tarde dariam origem à tradição Navaprabhatam de jyotisha e ao lendário tratado Bhrigu Samhita.
Este sábio possuía uma visão profética incomparável—conhecedor do passado, presente e futuro, era célebre por suas previsões infalíveis, chegando a delinear os mapas astrais de pessoas que sequer haviam nascido em sua era. Além disso, desempenhou um papel essencial na composição do Manu Smriti, um tratado fundamental sobre ética, moralidade e conduta para a atualidade, colaborando com Manu em sua estruturação. Foi também ao lado de Angiras, o pai de Brihaspati, que ele canalizou o conhecimento dos rituais de fogo (yajñas), motivo pelo qual seu nome tornou-se sinônimo dessa tradição, e seus descendentes passaram a ser conhecidos como Bhargavas e Vênus se tornou o planeta mais quente do sistema solar.
De acordo com o Skanda Purana, Bhrigu fixou residência nas montanhas às margens do sagrado rio Narmada, em Gujarat, onde estabeleceu seu ashram e difundiu sua sabedoria. No Bhagavata Purana, ele é descrito como esposo da deusa Khyati e pai da própria Lakshmi, a consorte de Vishnu e personificação da fortuna e prosperidade. Entre seus descendentes mais notáveis estão Shukracharya, seu filho, o lendário sábio Chyavana, o mestre asceta Jamadagni e seu filho Parashurama, a sexta encarnação de Vishnu, que veio para reequilibrar o Dharma.
Certa vez, um grande debate surgiu entre os sábios: qual dos três grandes Senhores da Trimurti—Brahma, Vishnu ou Shiva—seria o mais digno de adoração? A questão permaneceu sem resposta até que Bhrigu propôs um teste definitivo. Ele viajaria aos reinos divinos para colocar à prova a paciência, o temperamento e a natureza de cada um deles.
Seu primeiro destino foi Satyaloka, a morada de Brahma, seu próprio pai e Senhor da Criação. Sem demonstrar qualquer reverência, Bhrigu entrou em sua corte sem saudá-lo. Brahma, tomado pela ira e pelo orgulho ferido, fulminou-o com um olhar indignado. O maharishi também notou que Brahma estava tomado por desejos nefastos e uma busca intensa pela excitação, rajas. No entanto, ao perceber a intenção do teste, conteve-se, pois era seu filho. O sábio decretou: “A partir de hoje, não será mais adorado em nenhum lugar da Índia.”
Em seguida, Bhrigu partiu para Kailasha, o domínio do Senhor Shiva. Lá, descobriu que ele não queria atendê-lo, pois estava em meio a uma relação sexual demorada com Parvati. Seu guardião, Nandi, ordenou que aguardasse ou fosse embora, mas Shiva, logo veio ao seu encontro para saudá-lo com um abraço. No entanto, Bhrigu repeliu o gesto e, sem hesitação, criticou-o duramente, chamando-o de herege por não agir com respeito aos brâmanes. Shiva, inflamado pela ofensa, ergueu seu tridente, pronto para aniquilá-lo, mas foi contido por Parvati. Bhrigu o amaldiçoou e a partir daquele dia em diante, Shiva aceitou ser adorado na forma do shivalinga, pois sua libido lhe impediu de cumprir o dever de hospitalidade a um sábio.
Por fim, Bhrigu dirigiu-se a Vaikunta, a morada celestial de Vishnu. Ao entrar, viu que o Senhor repousava tranquilamente com a cabeça no colo de Lakshmi. Sem hesitar, o sábio golpeou-o violentamente no peito com o pé, para testar sua reação. Mas, em vez de se enfurecer, Vishnu levantou-se com calma, curvou-se respeitosamente diante do sábio e disse:
“Ó venerável Bhrigu, perdoe-me! Seu pé sagrado tocou meu peito, purificando-me com sua presença. Permita-me massageá-lo para aliviar qualquer desconforto que possa ter sentido ao me chutar.”
Por causa dos pés de Bhrigu, Vênus se exalta em Peixes (pés). Diante dessa humildade inabalável, Bhrigu foi tomado por uma revelação súbita: Vishnu era, sem dúvida, o mais elevado entre os três, pois sua alma estava além do ego. Ao retornar à assembleia dos sábios, contou-lhes sua experiência, e assim ficou estabelecido que Vishnu era o Supremo entre os Senhores da Criação, Preservação e Destruição.
Os 108 nomes de um planeta não apenas revelam sua essência real, além das convenções e percepções superficiais, mas também funcionam como uma forma precisa de os sábios expressarem suas opiniões. A língua sânscrita, com sua imensa riqueza e múltiplas nuances, permite que conceitos profundos sejam comunicados de maneira concisa e exata, transmitindo exatamente aquilo que se deseja expressar.
Bhrigu testou até mesmo a grandeza dos maiores dos deuses, examinando seus caráteres e egos. A partir desse critério, buscou determinar qual da Trimurti era superior. Quando Vênus se encontra forte, posicionado em bons signos, ele indica uma pessoa de fácil convivência, que não se ofende com facilidade e não sofre de delírios de grandeza. Esse indivíduo resiste às tentações sexuais e jamais envergonha alguém publicamente. Por isso, um dos seus nomes é Chaarushilaaya, aquele que possui um caráter excelente, e também Bhavyacharitraya, aquele que possui uma conduta nobre.
Parashara nos informa no Capítulo 3 do Brihat Parashara Hora Shastra que Vênus é responsável pelo vīrya. A princípio, de forma superficial, poderia se considerar que isso se refere apenas ao sêmen, às capacidades reprodutivas, conforme descrito em textos de Ayurveda. Assim como muitos astrólogos modernos dão uma ênfase bem grande a este planeta para definir a felicidade conjugal. No entanto, essa palavra carrega um significado muito mais amplo. Vīrya também pode ser traduzido, além disso, como virtude, caráter, heroísmo, poder, dignidade, compaixão e nobreza. O estado da casa 4 indica a mesma coisa.
Shukracharya, após ter roubado uma grande quantidade de riquezas e confortos do Senhor Kubera, o irmão de Lakshmi, a Deusa da Prosperidade, se tornou reverenciado por diversos nomes que simbolizam uma riqueza imensurável e sem igual: Dhanadaya (o doador de riquezas), Ratnavati (aquele que porta joias preciosas), Rupavati (aquele que carrega o que é belo), Dhanapati (senhor das riquezas), Kamadhenu (aquele que concede desejos), Vishweshwari (o Deus deste mundo material). Dessa forma, quando Shukracharya se encontra em águas profundas, como quando esteve dentro do estômago de Shiva, ele confere através de sua energia, riquezas, confortos, veículos e acesso a belas mulheres. Isso ocorre quando há a presença de Vênus em signos como Peixes, Câncer e Escorpião.
Um de seus nomes é Jnanadayaka, ou “Aquele que concede Jnana”. Embora o conceito de Jnana seja comumente associado à sabedoria, em sânscrito ele abrange mais do que a nossa concepção ocidental do termo. Jnana se refere também ao processo de adquirir uma percepção correta das situações e de alcançar maturidade espiritual. Quando Vênus está enfraquecido, o nativo pode ter dificuldades para discernir a realidade, permanecendo preso em ilusões ou delírios, sem alcançar a lucidez necessária, agindo de forma infantilizada, preso à forma e aparência das coisas. Enquanto Júpiter oferece conforto e deleite através do conhecimento, Vênus oferece Jnana por si mesmo. Gautama ensinou a Shukracharya o método Pramana, que assegura que sua percepção seja sempre clara e correta.
Vênus é o planeta das artes e da beleza, e um de seus nomes é Kaladharaya, aquele que sustenta as artes. Ele é a fonte de inspiração para o artista, o poeta e o astrólogo. Quando Vênus se associa aos nodos Rahu e Ketu, seja por conjunção ou por estar em seus signos, o nativo desenvolve um talento extraordinário nas artes. Se Vênus se posiciona em Virgem, o nativo se torna um escritor excepcional.
A prática médica está associada tanto a Júpiter quanto a Vênus. Um dos nomes de Vênus é Bhutivyadhiharaya, aquele que remove a aflição das doenças. Quando Vênus está forte, o nativo pode ser capaz de curar os outros, e não é por acaso que ele tem o poder de ressuscitar até os mortos.
Embora um Júpiter forte possa dotar o nativo de honra e conhecimento em um shastra ou o suficiente para sua devoção diária, quando Vênus também está forte, o nativo adquire um profundo conhecimento não apenas em sua própria tradição religiosa, mas também em outras escrituras. Esse aspecto é refletido no nome Sakalagamaparagaya, que significa “Aquele que conhece todas as escrituras sagradas”.
Vênus é também chamado de Ajeyaya, “Aquele que não pode ser vencido”. Ele possui o poder de ressuscitar, inclusive a si mesmo. Quando uma pessoa atravessa um Mahadasha ou Antardasha de Vênus, ela pode experimentar uma vitória judicial, ser bem-sucedida em acordos extrajudiciais ou até ser honrada pelo governo. Indivíduos com Vênus forte são imunes à derrota e continuam sendo admirados mesmo após a morte.
Mercúrio é responsável pela cognição, atenção e pela fala; Júpiter pela eloquência, otimismo, capacidade de confortar, a sabedoria sobre o momento certo de falar e pela capacidade de memorização; enquanto Vênus também contribui com inteligência e boa percepção, especialmente na esfera interpessoal. Quando Vênus encontra Marte, seja por aspecto, conjunção ou por estar em um signo de Marte, o nativo se torna ainda mais inteligente. Da mesma forma, quando Vênus se posiciona em Peixes ou Sagitário — signos de Júpiter —, o nativo se torna sábio e íntegro.
Obrigado pela visita, volte sempre. Se você observar que a postagem, vídeo ou Slideshare está com erro entre em contato.