terça-feira, 3 de março de 2009

Receita libera programas para IR; faça o download no UOL


Da Redação
Em São Paulo

A Receita Federal liberou os programas para declaração e entrega pela Internet do Imposto de Renda 2009 (ano-base 2008).

Faça aqui no UOL o download dos programas necessários para a declaração, conforme o sistema operacional de seu computador. Escolha abaixo:


Outras versões do programa, como Linux ou Solaris, estão no site da Receita Federal. A página fica sujeita a lentidão devido ao grande número de acessos.

QUEM É OBRIGADO A DECLARAR?
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Depois de preenchida a declaração, um outro programa é necessário: o Receitanet. Ele é usado para enviar todas as informações à Receita Federal pela Web. Faça o download segundo a versão de seu computador: Windows ou Linux.

Outras versões do Receitanet estão no site da Receita.

O período de entrega da declaração começou nesta segunda e vai até 30 de abril, sem prorrogação.

O envio pode ser feito o dia inteiro e parte da noite. Na madrugada, de 1h às 5h, o serviço é interrompido para manutenção.


Fonte: http://noticias.bol.uol.com.br/economia/2009/03/02/ult953u102.jhtm

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segunda-feira, 2 de março de 2009

Corrida pelo saber


REVISTA EDUCAÇÃO - EDIÇÃO 120
Corrida pelo saber

Má performance da educação brasileira em indicadores internacionais e aumento da oferta de olimpíadas de diversas disciplinas recolocam em pauta a utilização de competições como ferramenta para a criação de desafios no âmbito da aprendizagem
Valéria Hartt

No último Fórum Econômico Mundial, o Brasil desceu alguns degraus na escala da competitividade global, agora listado na 66ª posição entre os 125 países avaliados. Em outro ranking, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o país também decepciona: entre 2000 e 2004, registrou sua pior evolução no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) desde 1975, quando o estudo iniciou a comparação histórica. Entre as mazelas que fazem despencar nossa competitividade, a macroeconomia não está sozinha. O relatório de Davos aponta também para um ensino básico com baixa qualidade e grandes taxas de evasão, ao lado de uma universidade pública ainda pouco acessível às camadas de baixa renda. No estudo da ONU, o Brasil não avançou em dois dos quatro critérios avaliados: taxa de alfabetização de pessoas com idade igual ou superior a 15 anos e taxa de matrícula nos três níveis de ensino (fundamental, médio e superior).

Na chamada era do conhecimento, a educação ganha status de indicador econômico, é avaliada por metas de desempenho e reconhecida como alavanca para a competitividade. Não por acaso, a onda chega também às salas de aula e faz emergir um novo perfil de aluno.

Hoje, mais de 40 comunidades reúnem uma nova "tribo" de adolescentes, em meio a tantas do portal de relacionamentos orkut. Longe de representar os aficcionados pelo último game da temporada ou os fãs da banda de pop rock do momento, eles têm em comum o interesse por disputas que medem o conhecimento em disciplinas escolares, que na última década ganharam diferentes versões e ampliaram as áreas de interesse. No mundo virtual, elas confirmam a existência de um público fiel: o dos apaixonados pelas competições do saber, da tradicional Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) às provas mais recentes, como a de Astronomia, que em 2006 superou a marca de 300 mil participantes entre alunos dos ensinos médio e fundamental. Só as comunidades dedicadas à Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), criada em 2005, contam mais de 2 mil integrantes, que debatem teorias, lançam formulações e comparam os resultados das provas via internet.

"Competições mobilizam professores e alunos e contribuem para revitalizar o ensino da disciplina", diz Ildeu Moreira, do Ministério da Ciência e Tecnologia

Para se ter uma idéia da importância atribuída às competições estudantis, o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março, propõe a criação de uma Olimpíada de Língua Portuguesa como forma de mobilizar escolas e alunos no combate à chaga da alfabetização precária, que leva muitos estudantes a não entender o que lêem.

Febre virtual

Alunos sob pressão? Não é o que parece. Ao contrário, muitas dessas comunidades organizam virtualmente seus próprios concursos, a exemplo da Olimpíada Orkutense de Matemática (OOM) e do Torneio de Matemática do Orkut.

"É muito divertido", garante Sávio Ribas, 15 anos, um dos idealizadores da OOM. Estudante do ensino fundamental de uma escola pública de Ouro Preto (MG), Sávio é um dos milhões de alunos da rede oficial que disputaram a Obmep, promovida pela Sociedade Brasileira de Matemática. Premiado com menção honrosa e uma bolsa de iniciação científica júnior do CNPq, que cursa desde junho passado, elogia a iniciativa.

"Muitos estudantes de escolas públicas se sentem desmotivados. A Obmep nos estimulou, mostrou que somos capazes. Aprendemos a gostar da matéria, a lidar com provas desafiadoras e somamos amigos com os mesmos interesses. Foi a primeira em que competi e agora não perco uma", completa.

Questão controversa

Mas o entusiasmo de Sávio não é compartilhado por muitos educadores. "A competição pela competição não é ferramenta pedagógica. A própria denominação reforça esse espírito e remete ao pódio dos vencedores", diz Victor Koloszuk, diretor do ensino médio do Colégio Vértice, que pelo segundo ano consecutivo obteve em 2006 a melhor média no Enem entre as escolas do Estado de São Paulo. "A idéia é boa, os organizadores bem intencionados, mas o modelo é questionável. Ao invés de ser um estímulo, pode ser desastroso para um aluno adolescente", sustenta.

Na mesma trilha, Francisco Soares, do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais (Game) da Universidade Federal de Minas Gerais, encara com reservas o repertório de competições ofertado aos alunos. "O vestibular, inevitável enquanto houver mais candidatos do que vagas, cumpre bem sua função, embora tenha o efeito colateral perverso de pautar o ensino médio, obrigando milhões de alunos a estudar conteúdos só significativos para a seleção de poucas universidades. Mas as olimpíadas, que merecem a simpatia de tantos, têm problemas similares. Quando se transformam em políticas educacionais, prestam um desserviço ao sistema, pois medem o desempenho do aluno típico com uma régua adequada apenas para 'ronaldinhos'. Será que a grande massa se sente valorizada ao ser completamente reprovada? Se a régua é inadequada para diagnóstico e monitoramento da qualidade da educação, qual a utilidade da medida resultante e por quê defender seu uso?", questiona.

Francisco Soares, da UFMG: como políticas públicas, competições prestam um desserviço ao sistema

Os defensores rebatem, sob o argumento de que o papel da Educação também é identificar e construir talentos. É o que acredita Ildeu Moreira, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). À frente do Departamento de Popularização da Ciência e Tecnologia, criado pelo governo Lula, em 2003, Moreira garante que as competições acabam mobilizando professores e alunos, contribuem para revitalizar o ensino da disciplina e melhorar a auto-estima dos educadores, que se sentem socialmente valorizados. "O risco está no enfoque, na abordagem, e não no mecanismo em si", pondera.

Na dose certa

É na sala de aula que a questão assume contornos mais concretos. Afinal, como as escolas encaram a nova onda de competições e como isso chega ao aluno?

No Vértice, não há cursos preparatórios nem as chamadas turmas olímpicas. Aos alunos que demonstram interesse em se preparar para alguma competição do gênero, o diretor sugere ocupar o tempo livre para descansar ou sair com a namorada. "Nos dias de hoje, vai ter mais sucesso pessoal quem tiver uma visão mais aberta a todas as áreas do conhecimento", justifica.

Segundo colocado entre as escolas paulistas na última edição do Enem, o Colégio Bandeirantes prefere encampar aquilo que chama de "Olimpíadas Acadêmicas". Mantém não apenas uma área dedicada ao assunto em sua página na internet, como organiza cursos preparatórios para as provas olímpicas de física, química e matemática. A participação é oferecida apenas aos alunos com bom desempenho global e não é aconselhada às turmas do 3º ano do ensino médio, que têm carga horária diferenciada em função do vestibular.

O pioneiro Shigueo Watanabe, criador da Olimpíada Paulista de Matemática: bolsas para alunos de baixa renda terem acesso a universidades públicas de alto nível

"Assim como existem grupos de reforço para o aluno que não atinge os objetivos, por que não oferecer apoio educacional suplementar àqueles com ótimo rendimento?", questiona o professor de matemática Irineu Romera, orientador do curso de preparação oferecido pelo Bandeirantes.

Na contramão, o Etapa, também de São Paulo, vai por uma outra linha: participa quem quiser. A escola estimula seus alunos a concorrer nas olimpíadas abertas, abre as portas de seus cursos olímpicos - com turmas que já chegaram a 120 alunos - e também promove competições internas, em cinco disciplinas (física, química, biologia, matemática e português), com a adesão de outras escolas que adotam sua metodologia.

Se diante de poucos exemplos há visões tão contrastantes, não é difícil dimensionar a extensão do debate. O que parece consenso é a importância de um olhar individualizado, respeitando os limites e particularidades de cada estudante.

"A competição é importante e a criança precisa aprender a competir", diz Marilda Novaes Lipp, presidente da Associação Brasileira de Estresse e titular do Departamento de Psicologia da PUC de Campinas. "Se o aluno for extremamente protegido e mantido em uma redoma emocional, não estará apto a enfrentar o mundo de hoje", alerta.

Como acertar a dose? A recomendação da especialista é apelar ao bom senso, que aponta para o ponto de equilíbrio. É preciso estar atento ao grau de exigência imposto aos alunos, ao caráter ético das competições e, principalmente, a uma reflexão permanente, que deve envolver pais e educadores: até que ponto a criança não está sendo preparada para ser exibida como um troféu? Até onde a escola está trabalhando em benefício do aluno ou em sua própria estratégia de marketing?

Ferramenta de inclusão

Extraídos os excessos, muitos educadores parecem convergir para o reconhecimento de que as competições educacionais têm méritos importantes. Apoiar talentos, sem dúvida, é um deles. Abrir oportunidades a crianças e jovens com grande potencial e evitar que sejam lançados precocemente no mercado de trabalho pela pressão econômica é outro.

Pioneira, a Olimpíada Paulista de Matemática (OPM), criada em 1977, nasceu com um forte viés social. Já na edição inaugural, teve mais de 2,2 mil escolas e cerca de 1,5 milhão de estudantes inscritos. Seu idealizador, Shigueo Watanabe, Ph.D. em Física Nuclear pela Universidade de Washington, em 1961, hoje aposentado como professor titular do Instituto de Física da USP, é nome de referência em competições educacionais no Brasil. Organizou a OPM durante 25 anos, concretizou outras tantas olimpíadas na área da ciência e ainda hoje se mantém envolvido em diferentes iniciativas do gênero.

"Desde o início, oferecíamos bolsas para que alunos de baixa renda pudessem completar seus estudos e tivessem a oportunidade de ingressar em uma universidade pública de alto nível", diz Watanabe.

Oportunidade para a carreira

Hoje, graças à participação de entidades como a Fundação Lemann e o Instituto Social Maria Telles (Ismart), organização sem fins lucrativos que apóia alunos de baixa renda com alto potencial acadêmico, o modelo tem ampliado seu alcance social. Segundo o Ismart, levantamentos mundiais indicam que entre 1% e 5% da população mundial é composta por pessoas com esse perfil. No Brasil, existem 2,5 mil estudantes identificados.

Foram propostas como essa que impulsionaram a carreira de Ralph Teixeira, medalhista de ouro por dois anos consecutivos (1986 e 1987) na seleta Olimpíada Mundial de Matemática, hoje Ph.D. na matéria pela Universidade de Harvard e um dos mais reconhecidos cientistas brasileiros. É o que alimenta também os sonhos de muitos jovens selecionados pela Obmep para as bolsas de iniciação científica do CNPq. Estudantes como o Walassy Rosa da Silva, 16 anos, aluno da 2ª série do ensino médio do Colégio Estadual Helena Assis Suzart, em Feira de Santana (BA).

"Nunca imaginei que existissem tantas áreas ligadas à matemática. Pude conhecer o Instituto de Matemática Pura Aplicada (Impa) pessoalmente, no Rio de Janeiro, e assisti aos vídeos da Unicamp e do ITA. Vou me esforçar muito para conseguir estudar em um desses lugares", diz Walassy.

E não são apenas os alunos de baixa renda que se beneficiam da inclusão. Independentemente de sua condição econômica, garotos rejeitados em função de serem vistos como muito estudiosos parecem ter encontrado um meio de ser aceitos.

"As olimpíadas deram espaço social a um aluno que passou a ser valorizado pelos seus pares", sustenta Ronaldo Fogo, encarregado das turmas olímpicas do Colégio Objetivo.

Veja entrevista exclusiva, com Inês Boaventura França, gerente técnica do projeto Ismart

A MARATONA OLÍMPICA

OBM - Olimpíada Brasileira de Matemática
www.obm.org.br
Criação: 1978
Público-alvo: alunos dos ensinos médio
e fundamental (5ª a 8ª série),
além da edição universitária
Participantes em 2006: 350 mil alunos de 5 mil escolas (redes pública e privada)

Obmep - Olimpíada Brasileira
de Matemática das Escolas Públicas
www.obmep.org.br
Criação: 2005
Público-alvo: alunos dos ensinos médio e fundamental (5ª a 8ª série)
Participantes em 2006: 14,15 milhões de alunos de 32,6 mil escolas públicas

Olimpíada Brasileira de Saúde
e Meio Ambiente
http://www.fiocruz.br/olimpiada/
Criação: 2002
Público-alvo: alunos dos ensinos
médio e fundamental (5ª a 8ª série)

Olimpíadas de Química
www.obq.ufc.br/
Criação: 1986
Público-alvo: alunos do ensino médio

OBI - Olimpíada Brasileira de Informática
http://olimpiada.ic.unicamp.br/
Criação: 1998
Público-alvo: alunos do ensino médio
e de 5ª a 8ª série do fundamental

OBF - Olimpíada Brasileira de Física
www.sbfisica.org.br/olimpiadas
Criação: 1999
Público-alvo: alunos do ensino médio

OBA - Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica
www.oba.org.br/
Criação: 1997
Público-alvo: alunos de todas as séries dos ensinos fundamental e médio

OBB - Olimpíada Brasileira de Biologia
http://www.anbiojovem.org.br/
Criação: 2005
Público-alvo: alunos do ensino médio
Participantes em 2006: 16.500 estudantes

DAS OLIMÍPIADAS PARA O MIT

"Os resultados nas olimpíadas foram a chave para minha admissão no MIT (Massachusetts Institute of Technology)", diz Gabriel Tavares Bujokas, 18 anos, ouro no mundial de matemática em 2005. "Por causa das olimpíadas, ganhei bolsas de estudo e tive a oportunidade de ingressar nessa faculdade americana, uma vez que o sistema de admissão aqui [nos Estados Unidos] não é baseado em exames."

Bujokas começou a disputar a OBM no ano 2000, então na 6a a série. "Gostei tanto dos problemas da prova que continuei participando, por pura diversão", explica. "Todos os participantes que conheci disputavam a olimpíada para se divertir, porque o caráter dos problemas é extremamente desafiador. E muitos, como eu, são gratos por terem tido essa grande fonte de motivação", diz.

O êxito de Bujokas, agora membro do seleto time de alunos de um dos mais reconhecidos centros de excelência mundial em tecnologia, não foi suficiente para fazê-lo decidir que rumo trilhar. "Vou estudar matemática ou computação. Ou as duas coisas, não sei ainda."


MEDALHISTA MULTIMÍDIA

Mais de 70% do tráfego multimídia da web brasileira é gerenciado pelos softwares de uma empresa especializada nas sofisticadas tecnologias requeridas pela internet. Graças ao trabalho da LabOne, os assinantes do portal Terra assistiram à Copa do Mundo de 2006 e os italianos à transmissão do funeral do Papa pelas páginas pontocom. O sócio-fundador, Reynaldo Fagundes, começou a desenhar os rumos da empresa aos 19 anos, depois de conquistar a medalha de prata no mundial de matemática de Hong Kong (1994). Hoje, aos 31, está à frente da companhia no Brasil e em mais seis países, incluindo o competitivo mercado norte-americano.

"Foi paixão à primeira vista", recorda o executivo, referindo-se às primeiras aulas de preparação olímpica que assistiu como aluno do Etapa, em São Paulo. Para Fagundes, a matemática, quando vista sob o ângulo das olimpíadas, é bem diferente da matéria tratada regularmente em sala de aula.

"As ferramentas são as mesmas que um aluno de ensino médio domina e não exigem o conhecimento de teorias muito avançadas. No entanto, a mágica do negócio é formular problemas complexos e com raciocínio sofisticado apoiados naquela teoria básica. Os problemas são bonitos, as soluções muito elegantes e, para quem gosta, isso desperta uma admiração, assim como um apreciador de obras de arte ao visitar a Capela Sistina", compara.

O interesse pela matéria cresceu. Ao voltar do mundial da China, Fagundes passou a se dedicar ao estudo da compressão do vídeo digital, processo que depende fundamentalmente de algoritmos matemáticos. A web ainda engatinhava quando ele começou a debater o assunto em grupos de discussão e ganhou visibilidade. Convidado por uma empresa canadense, virou consultor. Daí para a criação de sua empresa foi um passo. Em 2003, começou a operar internacionalmente. "Graças às olimpíadas, comecei a ter contato com atividades sofisticadas bem mais cedo", diz. Além do mundial de 95, Fagundes foi prata nas Brasileiras de Matemática em 1992 e na Ibero-Americana de 1993, realizada no México.

Uma questão de valores em Educação
A escola hoje tem pouco tempo para ser apenas escola

Diante dos resultados de provas que avaliam desempenho escolar em âmbito nacional, salta aos olhos a evidente discrepância entre os primeiros colocados e os do final da fila. Mas, ao lado da repercussão e das conseqüências que esses resultados provocam, é imperativo perguntar: a competitividade é um valor para a Educação?

Ainda que a tradição nos traga a lembrança de medalhas e troféus para os melhores alunos, premiando esforços e empenho no trabalho escolar, é preciso lembrar que, ao lado de poucos que recebiam louvores de mérito, havia muitos que não ultrapassavam as barreiras dos exames e eram reprovados. Eram tempos em que a escolarização era o destino de poucos. A maioria via o final da vida escolar no exame de admissão ao antigo curso ginasial.

No começo da década de 70, foi suprimido o exame de admissão e criou-se o ensino de 1º grau de oito séries. O projeto previa maior acesso à educação e mais tempo de permanência na escola. A criação da Lei 5692/71 representou uma proclamação dos valores democráticos. Valores que são afins com a fraternidade, a igualdade e a cooperação. A competitividade não é compatível com esses valores, portanto não pode ser considerada um valor na Educação. Embora seja um valor da cultura vigente e por esta razão penetrou no universo da Educação. É preciso continuar perguntando: por que os educadores não fizeram severas restrições ao que afrontava os princípios democráticos da legislação educacional no país?

A resposta para essa questão pode ser pensada a partir do processo de formação de professores. Enquanto as reformas de ensino acontecem num ritmo acelerado em busca de soluções para a precária qualidade do ensino, os cursos de licenciatura mantêm-se praticamente os mesmos há 20 anos. Isto revela que, seja no tempo disponível para as licenciaturas (1/9 da carga horária da formação do especialista), seja em termos do que efetivamente possa ser trabalhado do ponto de vista pedagógico, é difícil para um educador ter lucidez quanto aos objetivos e valores da Educação. É essa dificuldade de discernimento que produz distorções pedagógicas quando o tema são as competições educacionais. E, a julgar pelo interesse crescente nessas modalidades, há que se pensar na falta de desafios intelectuais consistentes na sala de aula. Tendo no horizonte o vestibular, as avaliações regulares da escolarização não são exercícios que tenham valor em si. São meros "ensaios" para a grande competição do tudo ou nada - o vestibular.

Nesse sentido, vale alertar que o que a escola vem fazendo com a competitividade é um desvio e não um bom uso no sentido de promover o desenvolvimento e o compromisso com o processo de aprendizagem.

O que se observa é que tal estado de coisas no âmbito escolar decorre de mudanças sociais aceleradas que afetam as referências fundamentais daquilo que é da competência da escola e o que não é, a vida em família, as relações sociais. Ainda é preciso perguntar: como o educador pode dar um bom destino à competitividade? Como associar os valores pedagógicos essenciais aos valores da cultura contemporânea?

São novos desafios que se avolumam desde os anos 50, quando do lançamento de Summerhill (liberdade sem medo), do escocês Alexander Sutherland Neill, que afirmou ser possível educar alunos felizes. A partir dessa proposta, a escola passou a se mobilizar em torno de questões que transcendem o compromisso com o aprender.

É tempo de se pensar que a escola hoje tem pouco tempo para ser apenas escola.


Lisandre Maria Castello Branco - Professora Doutora da Faculdade de Educação/USP e psicanalista pelo Instituto Sedes Sapientiae

- Segunda chance
- Competitividade deve ser trabalhada como ideal de superação, defende educadora
- Uma fábula para crianças
- "É tudo teoria"

Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=12110

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domingo, 1 de março de 2009

Uma nova pedagogia desenhando a nova organização - Parte I


Uma nova pedagogia desenhando a nova organização - Parte I

Elizete Lúcia Moreira Matos , Simone Flauzino

Neste milênio, decisivamente há necessidade de se produzir o saber no seio da experiência, falando dela e não sobre ela, assumindo papéis e compromissos coerentes com a leitura de mundo que se almeja.


A busca de estratégias que incluam a variável cultural organizacional como um dos vértices da pedagogia é o que se pretende sugerir neste artigo. É indispensável, por questões de compatibilidade, que a escola seja repensada a partir de reflexões e tomadas de decisões advindas do reflexo econômico que impulsiona a humanidade.

O mundo atual requer profissionais extremamente qualificados e capacitados a acompanhar as rápidas mudanças que ocorrem. A economia complexa, globalizada, o dinamismo da informação e o surgimento de novas tecnologias exigem constante estudo e atualização do profissional. A guerra pelo sucesso profissional nunca esteve tão acirrada.

Da mesma forma, a empresa e a escola também estão tendo que se adequar a essa situação em que novos conceitos surgem a cada instante. O pedagogo na empresa com a visão da nova escola é o que se deseja propor.

Pedagogo: quem é você?

Do grego — paidagogos, pelo latim — paedagogu, substantivo masculino, que segundo Dicionário Aurélio Buarque de Holanda significa:
“1. Aquele que aplica a pedagogia, que ensina; professor; mestre; preceptor”.
2. Prático da Educação e do Ensino

A segunda definição remete a uma reflexão muito pertinente com o dinamismo empresarial e vai ao encontro da ciranda econômica impulsionadora da sociedade e exige praticidade coerente e organizada, mas sem lentidão. Assim o prático é visto como decidido, estratégico, visionário, na vanguarda dos acontecimentos históricos e sociais.
A primazia do ser humano sobre a tecnologia e sua expansão é um princípio a ser defendido. A constatação da existência de correntes sociais que aparentemente pretendem desvalorizar o homem perante a máquina tecnologicamente evoluída é uma preocupação que precisa ser analisada com discernimento, a partir de uma leitura do todo, suas conseqüências e seu ceticismo.

O pedagogo, numa formação holística e ao mesmo tempo objetiva, favorece o paradoxo do sentimento encontrado na tecnologia. As informações sendo expandidas com tamanha velocidade precisam de profissionais que sejam os articuladores no processo de construção de informações relativas ao conhecimento social, sob uma reflexão que também se transmite e se quer construir diante do isolamento e frieza que possa existir entre seres humanos e as máquinas. Portanto, é necessário construir valores, atitudes, sentimentos, bem-estar numa socialização entre as pessoas num mundo digitalizado e global.

A “Pedagogia Organizacional”[1] consegue antever o digimano[2] e o gloc@l,[3] aproveitando, estratégica e harmonicamente, instrumentos que vislumbrem a tecnologia em toda sua supremacia ao mesmo tempo que se faz e se apropria das influências da globalização, sem abrir mão da experiência local. Quanto mais integrada for à economia mundial, mais importante se tornam os pequenos protagonistas. Em outras palavras, quanto maiores forem as corporações globais, mais importantes serão as pequenas empresas locais.

As organizações, atualmente, lutam para unificar coisas que aprendemos que são contraditórias, assim como são os sentimentos, as pessoas que formam e fazem acontecer essas mesmas organizações.

A PO considera o local e o global ao mesmo tempo, o digital e o humano, as pequenas e as grandes organizações, centralizadas e descentralizadas, estáveis e dinâmicas. Prepara caminhos para que a empresa possa ser maior sem crescer, oferecendo ao mesmo tempo produção em massa padronizada, produção em massa personalizada e bens de serviços desenhados sob encomenda que são bases formatadas da civilização, mas dentro da lógica que se constrói pelo pedagogo e da organização imaginária que proporciona um realismo com a pedagogia.

Comenius, em sua Didática Magna, baseado na profundidade individual no processo de aprendizagem do aluno, remete ao investimento que se faz pelas grandes e poderosas organizações que investem maciçamente no capital humano e em sua formação.

Na PO, referenciando Comenius, pode-se indicar a vivência como questão magna, porque num mundo onde a mudança é tão ágil e novos conceitos precisam ser adquiridos com a mesma perícia, há necessidade de se viver à nova concepção e não treinar ou capacitar.

No mundo das organizações um destino é certo: a mudança. Os padrões, os sistemas estandardizados da produção de massa estão entrando em estado terminal. A informação é a palavra-chave, capaz de abrir as portas para o sucesso dentro desse novo cenário que se descortina. O gerenciamento do conhecimento e o desenvolvimento da criatividade e flexibilidade para mudanças rápidas devem ser decisivos para a sobrevivência e sucesso desse paradigma emergente.

Desse modo, a vivência, na visão proposta pela PO, vai muito além da empresa, pois respeita a experiência de vida aliada ao novo e a construção de um conhecimento inter-relacionado com novos propósitos, sob base firme, com o objetivo de tornar visível o invisível e de adquirir novos padrões de referência. A organização, sob essa dimensão, é vista por meio de novas lentes e disso emerge uma nova lógica de negócios para o empresariado e renovação de organizações já existentes.
O pedagogo na organização é mais do que uma referência na área de RH. Sua participação, devido à sua formação, baseada na Filosofia, Sociologia, História da Educação, Metodologia, Antropologia e Psicologia, permite um livre acesso às diferentes áreas de decisões, sendo referência para todos os setores com habilidade de articulação de idéias e com vistas à consecução de objetivos específicos.

O pedagogo pode ser um articulador do conhecimento atuando nas organizações empresariais ou educacionais, como um estrategista influenciador e formador de opiniões. Sua formação deve estar ancorada em uma infra-estrutura solidificada, na pesquisa e na educação continuada, a fim de se preparar um profissional visionário, inovador e com ampla visão estratégica de desenvolvimento econômico, político, educativo e social.

Aprender a Aprender cada vez mais para ser melhor deve ser a meta essencial na formação do Pedagogo Organizacional.


Este artigo continua na próxima edição...

clique abaixo e continue lendo.

Uma nova pedagogia desenhando a nova organização - Parte II :
Pedagogo e Empresa: novas relações
Uma nova pedagogia desenhando a nova organização - Parte III:
O pedagogo na sociedade do conhecimento

Notas:
[1] Quando mencionamos Pedagogia Organizacional, faremos uso da sigla PO.
[2] Digimano: Digital + humano.
[3] Gloc@l: Global + local.

Referências Bibliográficas

ASSMANN, H. Competência e sensibilidade sólida: educar para a esperança. Petrópolis: Vozes, 2000.

CARTER, L.. O princípio da significância. São Paulo: Editora United Press, 2000.

DRUCKER, P. F. O melhor de Peter Druker: a sociedade. São Paulo: Nobel, 2001.

__________A organização do futuro: como preparar hoje as empresas de amanhã. São Paulo: Futura, 1997.

EDVINSSON, L. Capital intelectual: descobrindo o valor real de sua empresa pela identificação de seus valores internos. São Paulo: Makron Boos, 1998.

KUCZMARSKI, S. Liderança baseada em valores. São Paulo: Educator, 1999.

MINTZBERG, H. Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000.

MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1999.

MORIN, Edgar. A cabeça bem - feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

____________ . A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

PENTEADO, H. D. Pedagogia da comunicação: teorias e práticas. São Paulo: Editora Cortez, 1998.

PERRENOUD, P. Agir na urgência, decidir na incerteza. São Paulo:falta editora e data

PREDEBON, J. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente: um caminho para o exercício prático dessa potencialidade, esquecida ou reprimida quando deixamos de ser crianças. São Paulo: Atlas, 1998.

SILVA. L. H da. Identidade social e a construção do conhecimento. Porto Alegre: Ed. Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre, 1997.

TOFLER, A. O choque do futuro. Rio de Janeiro: Record, 1998.


Fonte: http://www.grupouninter.com.br/revista/anteriores/index.php@edicao_id=13&menu_id=4&id=273

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Problemas com planos geométricos e figuras geométricas.

Exercicios Aula 1. Problemas geométricos
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Tecnoilogias na Educação. recursos didáticos: Scribd.

Um recurso que pode ser usado na educação, é este serviço do Scribd. Veja abaixo uma singela explicação.
Além deste recurso, o Slidshare, Youtube bem como o Google Earth 5.0 são ótimas opções. Tudo isto aliado aos blogs, webquest e podcast. Tornarão o processo de esnsino-aprendizagem, com mais possibilidades. Sempre com a mediação de um professor-pedagogo (isto é em se tratando de educação infantil e anos iniciais) consciênte de seu papel.

Scribd

"Site que traz uma infinidade de livros e textos digitalizados para os usuários baixarem e compartilharem."
Quem procura livros virtuais na internet já deve ter percebido como é difícil encontrar conteúdo útil gratuitamente. E é exatamente nesse ponto que o Scribd vai impressionar com a sua variedade de livros hospedados sobre os mais diversos assuntos.

Para você ter uma idéia do poder desse serviço online totalmente gratuito e que vem crescendo a cada dia, ele pode ser considerado como um "Youtube dos livros", já que a sua essência conta com os mesmos princípios do promissor site de vídeos mais famoso do mundo.

O que você pode aproveitar com o Scribd

Leitura de livrosO Scribd traz uma infinidade de livros, revistas, artigos, matérias, guias, imagens e até partituras musicais para seus usuários compartilharem numa rede que não pára de crescer.

E, nesse meio, você não só poderá ler e baixar muitos livros em português, inglês, alemão e em outras línguas, como também poderá publicar os seus próprios, de modo a propiciar a veiculação do conhecimento de maneira livre e democrática.

Para participar desse mundo de informações, você só precisa efetuar um cadastro rápido e já poderá participar efetivamente de grupos temáticos e se comunicar com os outros usuários dessa grande rede.

Você também terá uma página de perfil, com direito a foto e informações pessoais, para que as outras pessoas lhe conheçam e possam entrar em contato. Sendo assim, você também adiciona amigos a uma lista especial e envia mensagens dentro do próprio serviço.

O site conta com um leitor exclusivo e necessita do Flash Player instalado para que você possa visualizar os textos no seu navegador de internet favorito, ainda disponibilizando ferramentas para marcar textos como favoritos, enviar por e-mail ou mesmo visualizar os escritos em tela cheia para facilitar a leitura.

Para acessar clique aqui.

Fonte: http://www.baixaki.com.br/

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Dígrafo, Baralho das letras

Dígrafo, baralho das letras

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Em toda aula um quebra-cabeça


Índice da edição 191 - abr/2006

Lógica

Em toda aula um quebra-cabeça

Escolas de Porto Alegre e de Brasília incluíram no currículo jogos e brincadeiras que desafiam o raciocínio de estudantes de 1ª a 4ª série

Meire Cavalcante
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Quando se fala em raciocínio lógico, logo se pensa em Matemática. Mas essa relação quase automática é um tanto injusta. Afinal, o aluno tem de pensar de forma lógica para ler mapas, redigir textos coerentes ou compreender a classificação dos animais na biologia. Além disso, a habilidade não favorece apenas o desempenho nos estudos. A lógica está em tudo. Se o aluno precisa atravessar a rua em uma esquina e ir a um prédio no meio do quarteirão, tem ao menos duas opções. Primeira: fazer o caminho mais rápido cruzando a rua em diagonal - o que não é seguro e o obriga a ver se vêm vindo carros e em que velocidade estão. Segunda: atravessar na faixa seguindo o caminho mais longo e seguro.

Se você quer que crianças e jovens se saiam bem não só nas tarefas escolares mas também nas do dia-a-dia, é importante fazê-los exercitar o pensar. Na Escola Classe 304 Norte, em Brasília, a coordenadora pedagógica Sueli Brito Lira de Freitas incentiva os demais professores a propor atividades que desafiem a criançada em todas as disciplinas.

Bolo maluco

Ricardo Labastier

Os estudantes combinaram em preparar um bolo na escola. Sueli pediu então que decidissem qual formato teria e quantos pedaços seriam servidos. Eles resolveram que a guloseima seria retangular e que 24 pessoas iriam comê-la. Os alunos desenharam o bolo e pensaram em maneiras diferentes de fazer o corte. Muitos dividiram a fôrma em três fileiras e oito colunas, outros em quatro por seis ou ainda duas por 12. Uma solução chamou a atenção pela originalidade. Uma aluna partiu o bolo em duas colunas e três fileiras. Em cada pedaço ela fez um novo corte em X, servindo aos convidados charmosos pedaços triangulares.

Até o ano passado, quando lecionava para a 2ª série, esse tipo de trabalho era comum em suas aulas. E as idéias, muitas vezes, surgiam das próprias crianças. "Por sugestão deles, realizamos uma olimpíada de Língua Portuguesa", lembra. As provas, elaboradas pela turma, eram pura lógica: cartas enigmáticas, caça-letras e adivinhas. A professora não dava "aula de lógica", mas o tema permeava o planejamento. Os resultados logo começaram a aparecer nas ponderações da garotada. Durante uma atividade em que os estudantes tinham que dividir um bolo (leia o quadro abaixo), Sueli ouviu de um aluno: "Seu pedaço era do tamanho do meu e você cortou o seu em dois. Então você tem mais pedaços, mas não tem mais bolo que eu".

A turma ajudou Sueli a organizar também uma gincana de Educação Física. Enquanto cuidavam dos preparativos, os estudantes usaram a habilidade lógica adquirida para fazer o cronograma do evento. Eles tinham que organizar todas as provas de forma que desse tempo de realizá-las no período disponível. Outra missão era redigir uma carta para a escola vizinha pedindo o campo de areia emprestado. A classe tirou de letra, já que Sueli sempre propunha atividades em que a lógica era aplicada na produção de textos (leia o quadro abaixo).

Há dez anos Sueli estuda a maneira como a criança pensa. "Quando ela não é estimulada, limita-se a repetir modelos e reproduzir técnicas. Isso era comum nas turmas que eu recebia", lembra. Ao deparar com situações-problema, a criançada costumava perguntar a Sueli se era para fazer conta de mais ou de menos, por exemplo. Assim, ela percebeu a importância dos desafios no desenvolvimento do raciocínio lógico. Hoje os alunos não fazem mais perguntas desse tipo, pois a preocupação com o pensar tornou-se parte do projeto pedagógico da escola. O "arme e efetue" virou pensamento crítico, raciocínio ágil, participação e opinião.

Mesa para quantos?

Ricardo Labastier

Neste desafio, Sueli leu com a turma a história de uma família que organizou uma festa para 32 convidados. Para acomodá-los, a anfitriã dispôs oito mesas com quatro cadeiras cada uma. Porém, conforme foram chegando, os convidados juntaram as mesas, deixando os últimos em pé. A tarefa dos alunos era pensar no maior número possível de formas de dispor mesas e cadeiras para acomodar os convidados.

O trabalho em equipe

No Colégio Conhecer, em Porto Alegre, os alunos da 4ª série em diante têm aulas de desafios lógicos uma vez por semana. "É importante para crianças e adolescentes compartilhar idéias e falar sobre o que estão fazendo e como estão pensando", afirma Olga Rejane Haag, professora de Matemática de 4ª a 6ª série, que coordena as atividades. Ela conta que, além dessas aulas específicas, o que faz os estudantes deslancharem no pensar é o compromisso de todos os professores em tornar suas aulas sempre motivadoras e instigantes. "Minha atuação é apenas parte de um trabalho de equipe."

Olga utiliza diversos quebra-cabeças, como o tangram, além dos jogos Boole (leia o quadro abaixo). Eles foram criados pelo professor de Matemática Procópio Mendonça Mello, de Porto Alegre. Ao longo de 30 anos de magistério, Procópio percebeu que a dificuldade dos pequenos em pensar surgia antes dos cálculos matemáticos. "Muitos não sabiam falar claramente nem interpretar enunciados", lembra. Isso mostrou a ele a importância de desafiar a mente dos alunos, o que seria útil em várias áreas, não só na sua disciplina.

Elaborados para crianças a partir de 4 anos, os jogos têm por objetivo desenvolver a capacidade de raciocínio pela compreensão de histórias feitas com base em estruturas lógico-matemáticas. Eles foram inspirados nas teorias do inglês George Boole (1814-1864), um dos criadores da matemática utilizada nos computadores de hoje - a álgebra booliana. "Ele acreditava ser possível fazer equações matemáticas que expressassem o pensamento", diz Procópio. Para o inglês, a relação entre duas frases poderia ser lida com o mesmo rigor contido em uma equação algébrica. Assim, o jogo Boole faz a turma passar do pensamento concreto para o abstrato.

Olga conta que, quando recebe alunos vindos de outras escolas, nota que alguns estão habituados a seguir instruções e a completar os exercícios dos livros e apostilas. São alunos com dificuldade em se expressar, interpretar problemas, tomar iniciativa e trabalhar em grupo. Ao colocar esses estudantes em contato com os desafios lógicos, eles simplesmente desabrocham para o mundo do pensamento. "Aquele que chega só fazendo continhas aprende a não aceitar qualquer resposta. É um caminho sem volta."

Começo, meio e fim

Ricardo Labastier

Esta atividade prova que em Língua Portuguesa também é possível propor exercícios que fazem a turma quebrar a cuca. Os alunos da professora Sueli, de Brasília, recortam em tiras parágrafos de textos que eles escreveram e depois tentam ordená-los para que a seqüência fique coerente.

Ricardo Labastier

Ricardo Labastier

Isolando a lógica

Segundo Lino de Macedo, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, quando o raciocínio lógico é atrelado a uma disciplina, os dois se confundem. "Isso é positivo. Mas, se o objetivo é desenvolver a capacidade de raciocinar, vale realizar atividades em que o pensar, em si, é o conteúdo." Exemplo de atividade que prioriza o treino da mente é o jogo sudoku, que, em japonês, quer dizer "número sozinho" (veja abaixo). À primeira vista, pode parecer um desafio matemático por causa dos números. Mas não é. O jogo apenas usa a seqüência numérica (que poderia ser substituída por uma de letras, por exemplo). O jogador deve posicionar os números de 1 a 9 de maneira que eles nunca se repitam nas linhas, nas colunas e nas regiões (cada quadrado demarcado com linha mais grossa). Para tanto, é preciso trabalhar com comparação e exclusão. Lino explica que a base do pensamento lógico são as palavras se e então: "Se respiro, então estou vivo". Quantas vezes você já não afirmou algo com convicção usando os dois termos? Para ele, raciocinar significa pensar coisas diferentes ao mesmo tempo, coordenar informações e pontos de vista e analisar uma coisa em função da outra, relacionando e comparando. Se a criança tiver chance de construir os alicerces do pensamento, ela ganha autonomia. "Algo essencial para a vida", conclui.

Alexandre Battibugli

Alexandre Battibugli

Exercícios que desafiam o raciocínio...

Estimulam a observação, a criação de hipóteses e analogias, a tomada de decisões e a elaboração de justificativas e conclusões.

Favorecem o bom desempenho em todas as disciplinas.

Preparam para as situações simples e complexas da vida.

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Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0191/aberto/mt_127585.shtml

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