segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sinal com maior variedade de uso é desafio para o entendimento de um texto

A soberania da vírgula
Sinal com maior variedade de uso é desafio para o entendimento de um texto

Rogério Chociay

A vírgula é, e não por acaso, o corpo e a alma da pontuação. Quem não a ama não a domina, e quem não a domina não escreve direito. A bem da verdade, os outros sinais, em sua maioria, têm comportamento burocrático, não sendo difícil aprender a empregá-los.

O contrário ocorre com a vírgula, cuja variedade de emprego é um desafio constante.

Já por isso, quando a tratam como parte igual do conjunto, não dando o devido desenvolvimento a seu estudo, alguns autores pecam por omissão, pois, na verdade, o conjunto é quase inteiramente ocupado pela vírgula. 

Uma prova? Quantas vezes ela aparece no parágrafo acima? 14. E quantos pontos? 5. Não há dúvida: a vírgula, carro-chefe de todos os pontos, reina soberana em qualquer texto.

Até mesmo os poemas em versos livres da fase revolucionária do Modernismo, que tentaram prescindir da pontuação, jamais conseguiram eliminá-la.

Para que serve o ponto, mesmo? Para fechar período, fechar parágrafo, fechar texto. E acabou. É apenas um assistente: quando a vírgula vai embora, o ponto fecha a porta.

Para que serve o ponto de interrogação? Para marcar frases interrogativas. Mas o pobre nem consegue distinguir interrogação total de interrogação parcial.

E para que serve a vírgula? Nem ela mesma, se pudesse responder, teria certeza total de quantas funções pode exercer, sintáticas, lógicas, estilísticas. Uma enormidade.

Mais uma prova?
Quantos livros existem dedicados ao ponto, ou ao ponto de interrogação?

Nenhum, porque não há mais que dois ou três parágrafos a escrever sobre eles.

E sobre a vírgula? Artigos, capítulos de livros, livros inteiros.

Por isso, se ela pudesse falar, diria que um livro com um nome ao estilo de Manual de Pontuação seria impróprio e incoerente: por mérito e justiça, deveria ser substituído por Manual de Virgulação.

Falar dos outros sinais é, de certo modo, fazer a introdução ao que se vai falar da vírgula.

Personalidade
Assim, não seria possível revelar todo o poder da vírgula em poucas linhas.
O que se pode dizer, pela voz dos melhores escritores, súditos fiéis dessa soberana, é que o melhor modo de entender a multiplicidade de seus empregos é usar como filtro suas habilidades básicas.

Poderíamos, no limite, até recorrer à prosopopeia, dando vida e voz à vírgula. Que diria ela, além do que acima foi dito? Talvez algo mais ou menos como:
"Sou a única presença feminina autêntica na pontuação.

Certo pesquisador pretensioso anda dizendo que sou sinuosa, insinuante e traiçoeira.
Para falar a verdade, sou mesmo. Minhas curvas suaves me fazem bela, minhas funções me tornam insinuante, minhas virtudes estilísticas me tornam, não digo traiçoeira, mas um tanto oblíqua e dissimulada, como a Capitu. Então, para ter todos os privilégios de minhas prendas, se quer ser mesmo um bom escritor, seja um pouco o meu Bentinho e um pouco o Escobar.

Só quem sabe todas as manhas e malícias do feminino pode desfrutar ao máximo os meus poderes.
Machado sabia".

Rogério Chociay é pesquisador da Unesp, autor de Pontuação, Ponto a Ponto (editora Íbis, 2005)

As 10 habilidades básicas das vírgulas

1 Pausa inconclusa
Quando surge na escrita, marca uma pausa inconclusa na fala. Exemplo: "Quando surge na escrita, marca uma pausa inconclusa na fala".

2 Marcar fronteiras

Opera sempre na oração, marcando fronteiras entre orações ou entre elementos oracionais. Exemplo em que surge com seu charme todo:
"Julião Machado, segundo me dizem, é homem culto e ilustrado; e, como entre nós, no nosso meio doutoral e bacharelesco, os artistas são apresentados como ignorantes, ele quer mostrar com as suas legendas, longas, virguladinhas, que não é" (Lima Barreto, Feiras e Mafuás).

3 Habilidades seriais
A vírgula sinaliza séries de vocábulos, de termos, de orações: "Preguei, demonstrei, honrei a verdade eleitoral, a verdade constitucional, a verdade republicana" (Rui Barbosa, "Oração aos Moços").

Nesta função de seriadora, às vezes cede espaço para o ponto e vírgula, e fazem elegantes manobras conjuntas: "Mal o avistavam, já as caras refloriam; se fazia um gesto, espirravam risos; se abria a boca, espigaitavam-se uns, outros afrouxavam os coses, terceiros desabotoavam os coletes." (Monteiro Lobato, O Engraçado Arrependido).

4 Intercalação
A vírgula marca bem a intercalação de elementos na oração, mas não reclama se o escritor por vezes usar para isso travessões ou parênteses: "Pode-se dizer, sem a menor sombra de dúvida, que a vírgula é - e não por acaso - o corpo e a alma da pontuação".

5 Dar ênfase
Sinaliza com eficácia a transposição enfática de um elemento do meio ou do final de uma oração para o início, ou do início para o final: "Ingênuo, o Inácio nunca foi. - Era um sujeito de fala mansa e longas dissertações, o Inácio."
Colaborar com a elipse

6 Colaborar com a elipse
A vírgula marca a omissão de termos no período:
"Aqueles são a parte da natureza. Estes, a do trabalho" (Rui Barbosa, Oração aos Moços)

7 Ser, muitas vezes, facultativa
O que abre campo a manobras estilísticas: "Mas neste clima singular e típico destacam-se outras anomalias, que ainda mais o agravam." Nessa passagem de Os Sertões, Euclides também poderia ter escrito: "Mas, neste clima singular e típico, destacam-se outras anomalias, que ainda mais o agravam".

8 Ser lógica e articulada
Não se presta a separar o inseparável. Assim, nada de pô-la entre sujeito e predicado ou entre verbo e seu objeto. Não "Pedro, compra livros" ou "Pedro compra, livros" quando se quer "Pedro compra livros". Se há aposto, pode-se tê-la duas vezes, antes e depois, para marcar o fato: "Pedro, meu irmão, compra livros".

9 Substituir outros sinais
A vírgula não é egoísta. Atua em ambientes em que outros sinais atuariam. Uma mina de ouro para escritores, que descobrem veios de expressividade na alternância de vírgula, ponto, ponto e vírgula, dois-pontos, travessões, parênteses. Veja a passagem de Euclides: "O jagunço é menos teatralmente heroico; é mais tenaz; é mais resistente; é mais perigoso; é mais forte; é mais duro." Belo efeito, que teria diferente matiz com a vírgula: "O jagunço é menos teatralmente heroico, é mais tenaz, é mais resistente, é mais perigoso, é mais forte, é mais duro". Matiz distinto haveria com o uso de pontos: "O jagunço é menos teatralmente heroico. É mais tenaz. É mais resistente. É mais perigoso. É mais forte. É mais duro". Ao escritor compete a escolha adequada ao texto.

10 Ser usada com expressividade
A vírgula costuma ser certinha no comportamento, mas, vez por outra, por expressividade, pode surgir onde não devia, ou não surgir onde devia. Malícias do ofício! Foi o que fez Euclides, ao colocá-la para marcar pausa mecânica (também chamada respiratória) em "Mas no sul a força viva restante no temperamento dos que vinham de romper o mar imoto, não se delia num clima enervante."


Os sentidos da vírgula

Há casos em que a vírgula pode mudar o sentido da frase e gerar dúvidas

Josué Machado

É verdade que a vírgula, como a crase, não nasceu para humilhar ninguém. Mas pode humilhar, sim. E até causar pequenos desastres de compreensão. Ou de incompreensão, dependendo do caso e do contexto, porque quem virgula mal em geral escreve mal por não entender bem a estrutura da frase.

Primeiro, convém lembrar que nem toda vírgula indica pausa e nem toda pausa é indicada por vírgula. Depois, é da maior importância ressaltar que nunca se devem pôr vírgulas entre o sujeito e o verbo e entre o verbo e seus complementos. Posto isso e agrupando casos de alguma semelhança, podem-se resumir a quatro os principais empregos da vírgula.

1 Marcar inversões da ordem direta
Quando a crise chegou, estavam desprevenidos. Embora achasse que não, disse que o amava. Depois da lua de mel, fugiu dele para não mais voltar.

Quando o adjunto adverbial for representado por uma só palavra, a vírgula é dispensável, a menos que se queira acentuar o valor do advérbio: Hoje vamos passear no bosque. Melancolicamente se despediram. (Ou: "Melancolicamente, se despediram" /"Melancolicamente, despediram-se".)

2 Marcar intercalações que interrompam a ordem natural da frase
Em explicações, retificações, ressalvas, continuações, aposições, vocativos, conclusões, inclusive oracionais: Aquele político, eterno candidato, se refugia na Câmara para não ir preso.

Nós, respondeu o representante da bancada da motosserra, daremos um jeito.
Deus meu, por que me abandonaste?

3 Marcar omissão do verbo já enunciado na oração anterior
Ele foi de primeira classe; ela, de terceira. (Foi.)
O marido gostava de balé; a mulher, de luta livre. (Gostava.)
Ou:
O marido gostava de balé, e a mulher, de luta livre.
Nota-se que no exemplo anterior justifica-se a vírgula antes da conjunção "e" porque ela une duas orações com sujeitos diferentes: marido e mulher.

4 Separar termos da mesma função em sequência, coordenados
Laranjas, limões, bananas; ladrões, traficantes, políticos; jogar, correr, disputar; primeiro, segundo, terceiro, quarto. A casa onde nasceu, a rua onde viveu, a cidade onde morreu. Ela deixou livros, discos, quadros, tapetes, saudades.

Mas não se usa vírgula antes do verbo, após o último elemento de uma série de núcleos de sujeito separados por vírgula: Os livros raros, os discos da coleção, os quadros antigos, os tapetes puídos, as lembranças amargas (sujeito) foram deixados pela amada que partia.

Proibição
Fora os quatro grupos de casos mais ou menos óbvios, é preciso acentuar dois casos fundamentais, já citados, de vírgulas absolutamente impróprias.

1 Jamais se separa por vírgula o sujeito (grifado nos exemplos) do predicado verbal, mesmo que o núcleo, modificado por adjuntos, esteja distante do verbo, destacado em negrito.

A) O consultório daquele cirurgião plástico açougueiro no extremo oposto de minha rua foi fechado pela polícia.
B) O padre procurado pela justiça e o filho dele mantinham a igreja caça-níqueis em funcionamento.
C) Muito melhor do que cassar aquele político seria forçá-lo a devolver o dobro do que afanou.

Para descobrir o sujeito pergunta-se ao verbo: o que ou quem.
A) O que foi fechado? Sujeito: o consultório (núcleo do sujeito).
B) Quem mantinha a igreja caça-níqueis? Sujeito: o padre e o filhote (sujeito composto por dois núcleos).
C) O que seria melhor do que cassá-los? Sujeito: forçá-los a devolver em dobro a bufunfa afanada.

Há orações que funcionam como sujeitos. Nem assim devem ser separadas do predicado verbal de que são sujeitos: Quem com ferro fere com ferro será ferido. O homem que lê vale mais. É absolutamente necessário que todos votemos melhor.

2 A vírgula jamais deve separar o verbo de seus complementos (grifados).
O Luís come empadinhas engorduradas todos os dias. O Edgard gostou muito daquela garota robusta.
Elas responderam a eles (compl.) que não voltariam (compl.). À mulher e aos filhos (compl.) ele disse que não voltaria mais (compl.).


Exercício 1

Corrija se necessário

1 O que ela mais queria, era voltar a ser amada.
2 Quem tem pressa, come cru.
3 Até os maus funcionários, ajudaram na tragédia.
4 Estapeada, voltou a outra face.
5 Depois de chorar, confessou, à mulher e aos filhos, que, nunca mais, faria aquilo.
6 Depois da fome, vem a miséria.
7 Os senadores, lamentavelmente, vão à breca.
8 Temos o dever de criar condições, para que, este grande país, cresça cada vez mais.
9 O melhor de tudo isso, é que deixamos de pagar a CPMF, com amor à pátria estremecida.
10 Como diz o velho ditado, quem não tem cão, caça com cachorro.

Solução: As frases que devem ser corrigidas são: 5) Depois de chorar, confessou à mulher e aos filhos que nunca mais faria aquilo; 8) Temos o dever de criar condições para que este grande país cresça cada vez mais; 9) O melhor de tudo isso é que deixamos de pagar a CPMF com amor à pátria estremecida; 10) Como diz o velho deitado, quem não tem cão caça com cachorro.


Exercício 2

Corrija, se necessário

1 Quem quiser se casar cedo, pode fazê-lo desde que tenha meios.
2 Depois dos Jogos Pan-Americanos o governo brasileiro entregou, ao governo cubano, os dois boxeadores fugitivos.
3 Os presidentes atual e anterior fazem, e fizeram no governo, o que criticavam, quando na oposição.
4 Se nunca tivesse visto aquela mulher não teria enlouquecido de amor.
5 Por causa da pressão popular o corrupto talvez seja cassado.
6 Houve muitos candidatos mas poucos foram eleitos.
7 Ele só escapará se o voto for secreto.
8 Se o voto for secreto ele poderá escapar.
9 Já se sabia que se o voto fosse secreto ele poderia escapar.
10 No princípio criou Deus o Céu e a Terra.

Solução: 1) Quem quiser se casar cedo pode fazê-lo (vírgula facultativa) desde que tenha meios; 2) Depois dos Jogos Pan-Americanos, o governo brasileiro entregou ao governo cubano os dois boxeadores fugitivos; 3) Os presidentes atual e anterior fazem e fizeram no governo o que criticavam quando na oposição; 4) Se nunca tivesse visto aquela mulher, não teria enlouquecido de amor; 5) Por causa da pressão popular, o corrupto talvez seja cassado; 6) Houve muitos candidatos, mas poucos foram eleitos; 8) Se o voto for secreto, ele poderá escapar; 9) Já se sabia que, se o voto fosse secreto, ele poderia escapar; 10) No princípio, criou Deus o Céu e a Terra.

- Um Moçambique de histórias
- Provérbios que ensinam
- O morro dos jesuítas
- Quando partes parecem o todo

Fonte:http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11911


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Erudição acelerada

  REVISTA EDUCAÇÃO - EDIÇÃO 152
Erudição acelerada

Preocupação com o futuro dos filhos leva pais a lotar a agenda de atividades das crianças; fenômeno nos EUA ganha o nome de overparenting
 
Fabiano Curi

O menino John cresceu praticamente isolado de outras crianças. Seus companheiros mais próximos eram os irmãos e o pai, que lhe impôs um rigoroso plano de estudos. Tão rígido que aos cinco anos ele já sabia grego; aos nove, álgebra e latim. Viveu mergulhado em ciência natural e letras clássicas. Não teve contato com religião, tampouco com assuntos metafísicos. Artes? Nada além de um pouco de música. Ainda antes dos dez anos, já escrevia densos artigos sobre história e lia Platão e Sófocles em grego. Aos doze, tinha o repertório intelectual de um homem de trinta extremamente erudito, muito mais do que o suficiente para entrar na faculdade.

Essa é uma história bastante conhecida do século 19. Seu protagonista foi o filósofo e político inglês John Stuart Mill, que recebeu um modelo de educação experimental inspirado na devoção ao filósofo utilitarista Jeremy Bentham. Para o pai, assuntos que fugissem dos que foram impostos ao garoto apenas alimentavam a estupidez humana.
Stuart Mill correspondeu aos anseios do pai e se tornou, além de um influente pensador liberal, um defensor da igualdade pública e política das mulheres a partir de seu assento na Casa dos Comuns.

Hoje em dia, ainda que seja difícil imaginar alguém impondo semelhante plano de estudos para o filho, é muito fácil encontrar pais inflados pelos feitos de seus herdeiros. Ainda que as crianças não demonstrem habilidades físicas ou intelectuais acima da normalidade, ninguém segura o orgulho dos pais quando eles ouvem, por exemplo, que sua cria foi a primeira da classe a aprender uma determinada sílaba. Tudo dentro da normalidade da afeição familiar. O problema é quando os pais ultrapassam os limites desse comportamento e obsessivamente traçam metas para que os filhos brilhem quando adultos.

Não é incomum ver pais que se preocupam com a carreira dos filhos antes mesmo de eles começarem o processo de alfabetização. Procuram escolas bilíngues e que prometem um eficiente encaminhamento profissional num futuro distante. As crianças são matriculadas em diversos cursos esportivos, artísticos e de reforço escolar - a agenda dos pequenos é cheia. Nos Estados Unidos já foi cunhado até mesmo um novo termo para o fenômeno: overparenting.
Para a neuropsicóloga Sylvia Ciasca, professora do Departamento de Neurologia Infantil da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e presidente nacional da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil, esse desejo dos pais de verem os filhos os superarem sempre existiu, mas nunca com tanta ênfase como agora. "Vivemos num mundo mais competitivo que nos força a ter uma posição de competição e a criança se enquadra nisso", explica. Ela aponta para a visão de mundo predominante nos dias de hoje: "é necessário que um adulto bem-sucedido fale três idiomas e tenha determinadas habilidades físicas. Deixou-se de lado o fato de a criança aprender muito brincando e se relacionando".

A neuropsicóloga comenta que a criança tem um ritmo de aprendizado próprio e os níveis de desenvolvimento são imutáveis. "A criança tem um padrão de desenvolvimento e ela vai seguir esse padrão. Não adianta eu querer que ela ande antes de ficar em pé. O que nós estamos fazendo é simplesmente pulando fases", coloca. Essa opinião é compartilhada por Abram Topczewski, neuropediatra do Hospital Albert Einstein. Ele acrescenta que, por pressão dos pais, as escolas estão ávidas por alfabetizar as crianças com quatro ou cinco de anos de idade. "Isso é um absurdo, pois o sistema nervoso não está maturado para esse tipo de atividade", pontua. Ele também faz alerta: a estimulação precoce de crianças na alfabetização as leva a apresentar dificuldades de aprendizagem um pouco mais tarde.

Estresse
Qualquer adulto que obedece a uma agenda de atividades inclemente acaba, invariavelmente, estressado. Com os mais novos não é diferente. "Temos crianças cada vez mais estressadas, com problemas psiquiátricos. Hoje se fala muito em depressão na criança, em estresse infantil e em distúrbios do sono, coisas que, até pouco tempo atrás, eram características do adulto", conta Sylvia Ciasca. Essa assertiva é ratificada pela psicanalista Marise Bastos, da Associação Lugar de Vida e do Instituto Sedes Sapientiae: "não é por acaso que uma das patologias contemporâneas é a hiperatividade. As crianças têm inúmeras coisas para fazer e depois nos queixamos de que elas estão hiperativas".

O quadro se agrava porque essa preocupação dos pais com o futuro dos filhos acaba sendo transmitida em forma de expectativa para as crianças - elas são responsáveis pela superação das conquistas dos pais. "Nós enriquecemos e prosperamos, e as crianças são colocadas como alvo disso, elas devem conquistar ainda mais", afirma. A psicanalista lembra que na infância é normal fantasiar sobre o futuro, imaginando que será um astronauta ou estrela de cinema, porém, para as novas gerações, o sonho é outro. "O importante é saber quantos carros terão na garagem ou quantas viagens vão fazer.Vejo as crianças muito aflitas com a possibilidade de mais adiante não haver recursos materiais para bancarem aquilo que elas já têm", coloca. A preocupação está ligada à riqueza material. "Os adultos estão o tempo todo mostrando a elas que isso é o sinal de sucesso. Assim, o próprio valor da escola é relativizado, já que a importância para os mais jovens não está na profissão, mas no emprego, que deve ser bacana", diz.

Responsabilidades
O Departamento de Orientação Educacional do Colégio Bandeirantes, em São Paulo, procura ajudar alunos com problemas na organização de suas rotinas. Evidentemente, muitos dos casos que passam por ali estão ligados ao desempenho escolar. Contudo, os serviços prestados pelos profissionais que lá trabalham não se restringem ao universo da escola. "Se um aluno apresenta dificuldades numa matéria, elaboramos um plano de estudos estabelecendo uma meta que visa recuperar as notas. Procuramos equilibrar a rotina desse aluno", explica a coordenadora do departamento, Vera Lúcia Malatto. Ela ressalva que, apesar de os profissionais definirem o que é prioritário, o intuito não é levar o aluno ao estresse. "Para nós é importante que os alunos tenham tempo para o lazer, para outras atividades, para o esporte", lembra.

Vera Lúcia aponta que os problemas que afligem os alunos da escola variam de acordo com a faixa etária. Entre os mais velhos, que cursam os últimos anos do ensino médio, há a incerteza da carreira. Nos mais novos, a preocupação é com a necessidade de satisfazer as expectativas dos pais e em estar inserido no grupo. "Se nós detectarmos um aluno estressado, fazemos o encaminhamento para profissionais especializados e um trabalho de orientação junto da família", esclarece.

Alguns educadores e psicólogos fazem uma reflexão sobre as mudanças ocorridas nas famílias nos últimos anos em decorrência dos valores instituídos para explicar e criticar esse processo de sobrecarga de atividades na vida das crianças. A emancipação profissional das mulheres e a consequente ausência de mães e pais em boa parte do dia os obrigam a encontrar atividades para que os filhos não passem muito tempo no ócio e sem supervisão. Mas nem todos acreditam que esse seja o único motivo. Para o psicólogo responsável pelo Serviço de Atendimento a Famílias e Casais (Sefam) da USP, Marcelo Lábaki Agostinho, os pais não confiam em suas próprias intuições na hora de educar os filhos. "Vivemos num mundo muito especializado e os pais precisam da certificação de um especialista", coloca.

Os problemas da família
O neuropediatra Abram Topczewski segue na mesma linha e acredita que os pais estão mal orientados e demandam da escola uma educação que contemple soluções para seus temores - o que envolve, inclusive, a existência de um currículo muitas vezes inadequado para o desenvolvimento normal da criança. Para ele, com medo de perder alunos para a concorrência, muitas escolas se submetem às exigências. Para a neuropsicóloga Sylvia Ciasca, uma coisa é ter motivação e estímulo para aprender, outra é sobrecarregar essa motivação e esse estímulo. Voltemos ao relato do começo para esclarecer algumas consequências desse excesso. Que John Stuart Mill se tornou uma figura de muito destaque brilhando como o planejado por seu pai, não há dúvidas. Entretanto, a dedicação incondicional à formação teve seu preço: aos 20 anos mergulhou em profunda depressão. Em suas memórias ele conta que o pessimismo e a melancolia só começaram a dar trégua quando percebeu que havia deixado de lado muitas coisas importantes na infância e, assim, passou a buscar prazer descompromissado nas artes.

"Supereducação"

Nos Estados Unidos, a psicóloga Hara Estroff Marano lançou um livro intitulado A Nation of Wimps: The High Cost of Invasive Parenting. Ela traça um panorama das mudanças ocorridas na educação das crianças nas últimas décadas naquele país. Segundo a autora, estão se formando gerações de pessoas mimadas, incapazes de lidar com a possibilidade de fracasso ou de frustração, devido ao excesso de zelo e de expectativa dos pais.

Marano relata que as famílias um pouco mais abastadas, na sanha de formar indivíduos excepcionais, impõem aos filhos estafantes rotinas de aulas extracurriculares e de atividades físicas para que, desde pequenos, comecem a rechear currículos que garantam o ingresso nas melhores universidades e empregos. O temor do insucesso leva os pais a, por exemplo, mandarem seus filhos para acampamentos de estudos intensivos nas férias escolares e a pagarem até US$ 40 mil por serviços de orientação acadêmica que abram portas nas universidades mais cobiçadas.

A autora também critica o desenvolvimento de uma nova indústria de produtos voltados para uma "supereducação" que explora a insegurança dos pais. Grandes empresas do setor cultural e de entretenimento vêm aumentando seus catálogos com filmes, músicas e histórias que prometem estimular os futuros gênios desde os primeiros meses de vida.

Em reação às pressões de pais e escolas por um desempenho
extenuante das crianças, o Slow Movement já tem uma campanha por escolas e educação mais lentas. O objetivo, segundo a entidade, é evitar currículos extremamente rígidos e padronizados e desenvolver na criança uma relação mais tranquila e prazerosa com a aprendizagem.


- Déficit histórico
- Gestão local
- Pimentas na inteligência
- Trama variada

Fonte:http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=12819


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quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Um estudo realizado em ratos avaliou o impacto que o estresse tem nos primeiros anos de vida


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Bebes estressados, adultos complicados
Um estudo realizado em ratos avaliou o impacto que o estresse tem nos primeiros anos de vida e como ele pode resultar em problemas futuros de comportamento. Este estudo foi conduzido por Christopher Murgatroyd, do Instituto Max Planck de Psiquiatria, em Munique, Alemanha.

O trabalho descreve os efeitos em longo prazo do estresse em ratos bebês na revista Nature Neuroscience.  Os ratos da pesquisa produziram, diante do estresse, hormônios que "mudaram" seus genes, afetando o comportamento ao longo das suas vidas. Este trabalho poderia fornecer pistas sobre como o estresse e o trauma na infância podem levar a problemas futuros.
Os filhotes de ratos foram submetidos a estresse devido ao fato de serem separados de suas mães durante três horas por dia durante dez dias. Apesar dos animais não serem afetados a nível nutricional, eles manifestaram reações físicas de estresse diante do abandono.  A equipe descobriu que os ratos "abandonados" precocemente foram menos capazes de lidar com situações estressantes no futuro, ao longo das suas vidas. O Dr. Murgatroyd explicou que estes efeitos - dificuldade em lidar com estresse no futuro - foram causados por "mudanças epigenéticas", onde a primeira experiência estressante realmente mudou o DNA de alguns genes dos animais.

"Este é um mecanismo que acontece em duas fases", explicou o Dr. Murgatroyd. "Quando os ratos bebê foram estressados, eles produziram altos níveis de hormônios do estresse (cortisol)". Esse hormônio interfere no DNA de um gene destinado a codificar outro hormônio específico do estresse - a vasopressina, também conhecido como hormônio antidiurético. "Tal evento deixa uma marca permanente no gene do hormônio antidiurético," disse o Dr. Murgatroyd. "Em seguida, é programado para produzir altos níveis [do hormônio] mais tarde na vida."

 bebe estresse

Os pesquisadores foram capazes de mostrar que a vasopressina estava por trás do comportamento e problemas de memória. Quando os ratos adultos receberam uma droga que bloqueava os efeitos desse hormônio, o seu comportamento voltou ao normal.  Este trabalho foi realizado em ratos, mas os cientistas também estão investigando como o trauma de infância em humanos pode levar a problemas como a depressão. 
Professor Hans Reul, um neurocientista da Universidade de Bristol, Reino Unido, disse que esta foi "uma adição muito valiosa para o entendimento sobre os efeitos em longo prazo do estresse no início da vida".

Há fortes evidências de que as adversidades, tais como o abuso e negligência durante a infância contribuam para o desenvolvimento de doenças psiquiátricas como a depressão, por exemplo, na idade adulta. Isso ressalta a importância do estudo dos mecanismos relacionados aos transtornos emocionais e ao estresse. Veja Vivências Traumáticas em Crianças emPsiqWeb.
O número de gestações com Síndrome de Down aumentou mais de 70% nos últimos 20 anos, segundo pesquisadores.
O forte aumento no número de crianças que nascem com Síndrome de Down reflete o crescente número de mulheres mais velhas a engravidar, quando então há um risco mais elevado para esta doença. A Universidade de Londres realizou um estudo abrangendo Inglaterra e País de Gales. O número de gestações com Síndrome de Down aumentou de 1.075 em 1990 para 1.843 em 2008.
Os avanços e a melhora no rastreamento genético pré-natal é que denuncia o aumento do diagnóstico dessas gestações, entretanto, o número de crianças com está síndrome diminuiu. Isso aconteceu porque, de acordo com o estudo, a proporção de casais que decide interromper a gravidez depois do diagnóstico precoce da doença gira em torno de 92%, conforme dizem os pesquisadores ingleses.
Joan Morris, professor de estatísticas médicas da Queen Mary Hospital e que conduziu a pesquisa disse que o risco de um bebê nascer com síndrome de Down é uma em 940 para uma mulher até os 30 anos, entretanto, depois dos 40 anos o risco sobe para uma em 85. "O que estamos vendo aqui é um aumento acentuado de gestações com Síndrome de Down, porém, esse aumento é compensado pelas melhorias no diagnóstico precoce".
Alguns casais mais velhos, por outro lado, apesar de avisados do maior risco para a Síndrome de Down continuam preferindo manter a gravidez e aceitam o filho com esse problema. Foi o caso de Natasha e Eddie Batha, avisados pelos médicos que a chance de gerarem uma criança com Síndrome de Down era de um para 170 e cuja filha Mia realmente confirmou esse risco.

 O senhor Batha declarou à BBC que "se trata apenas de um outro ser humano, um pouco diferente". No caso dele, "Mia é um pouco mais lenta para entender as coisas". A mãe, Natasha, diz que muitas pessoas estão mal informadas sobre a Síndrome de Down, o que tem contribuído para as altas taxas de aborto.
 Down


A Síndrome de Down é um distúrbio genético descoberto pelo médico britânico John Langdon Down em 1866, caracterizado pela redução na capacidade de aprender e de se desenvolver mentalmente. No Reino Unido cerca de 60.000 pessoas têm Síndrome de Down. Fonte: BBC . (veja mais sobre Síndrome de Down em Fundação Síndrome de Down).
Sentir raiva é ruim, esconder a raiva é pior ainda
Homens que não expressam abertamente sua raiva diante de situações onde se sentem muito prejudicados, como por exemplo, se forem tratados injustamente no trabalho, duplicam o risco de um ataque cardíaco, conforme sugere uma pesquisa sueca. Os pesquisadores analisaram 2.755 trabalhadores do sexo masculino em Estocolmo que não tinham tido um ataque cardíaco.

As pessoas pesquisadas foram questionadas sobre como lidavam com o conflito no trabalho, fosse com superiores ou com colegas. Os pesquisadores dizem que o estudo mostra uma forte relação entre a raiva reprimida e doenças cardíacas.
As pessoas foram divididas em dois grupos; aquelas que lidavam racionalmente com os conflitos possíveis de gerar raiva, opinando ou manifestando descontentamento e aquelas que, embora sendo mobilizadas emocionalmente, deixavam as coisas passarem, não manifestavam qualquer reação emocional ao conflito. As pessoas do grupo, digamos, passivas, desenvolveram sintomas como cefaléia, dor de estômago ou apresentaram mau humor em casa.

Esse estudo começou em 1992 e terminou em 2003. Até o último ano de observação 47 das 2.755 pessoas estudadas tiveram um ataque cardíaco ou morte por doença cardíaca. Os homens que deixavam as coisas passarem sem dizer nada diante de situações estimulantes de raiva tiveram o dobro do risco de um ataque cardíaco ou morte por doença cardíaca grave, em comparação com os homens que agiam, questionavam e lidavam racionalmente com a situação.
 Raiva

Os pesquisadores acreditam que a raiva pode produzir tensões fisiológicas se não for externada, e estas tensões internas levam ao aumento da pressão arterial que, eventualmente, acabam prejudicando o sistema cardiovascular. O Dr. ConstanzeLeineweber, do Stress Research Institute de Estocolmo, que liderou esse estudo disse: "... apesar de existir uma pesquisa anterior apontando sobre isso, a surpresa foi que a associação entre a raiva reprimida e doenças do coração não parecia ser tão forte como se demonstrou agora". Fonte: BBC .
A Raiva não é contra-indicada ao ser humano apenas por questão ética, mas, sobretudo, por seu aspecto médico. A Raiva mata ou, pelo menos, aumenta os riscos de ter algum problema sério de saúde, desde uma simples crise alérgica, ou grave úlcera digestiva, até um fulminante ataque cardíaco.
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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Rendimento escolar é bem melhor quando a criança pratica alguma atividade física

Rendimento escolar é bem melhor quando a criança pratica alguma atividade física

Dados de 232 estudantes suecos do 9º ano foram coletados para avaliação das notas escolaresTodo mundo já está cansado de saber que a prática de atividade física regularmente traz diversos benefícios à saúde. No entanto, um recente estudo revela que o exercício físico pode refletir positivamente nas notas escolares de crianças e adolescentes.

 


Entre as meninas, por exemplo, a realização de atividades físicas vigorosas pode estar associada com um melhor desempenho acadêmico. Já entre os meninos, o condicionamento aeróbico pareceu ter uma influência nesse sentido.

“A atividade física ajuda positivamente no desempenho escolar como no físico das crianças, promovendo uma boa postura corporal e outros benefícios”, alerta a fisioterapeuta e tutora do Portal Educação, Tatiana Leme.

Para a realização do estudo, dados de 232 estudantes suecos do 9º ano foram coletados para avaliação das notas escolares, da adolescência, dobras cutâneas, condicionamento cardiovascular e atividade física.


Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/noticias/40423/rendimento-escolar-e-bem-melhor-quando-a-crianca-pratica-alguma-atividade-fisica:

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domingo, 27 de dezembro de 2009

Trabalho acadêmico




Trabalho acadêmico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Trabalho académico é o texto (em sentido lato ou estricto) resultado de algum dos diversos processos ligados à produção e transmissão de conhecimento executados no âmbito das instituições ensino, pesquisa e extensão universitária, formalmente reconhecidas para o exercício dessas atividades.

 Finalidades

As diversas finalidades do trabalho acadêmico podem se resumir em apresentar, demonstrar, difundir, recuperar ou contestar o conhecimento produzido, acumulado ou transmitido. Ao apresentar resultados, o texto acadêmico atende à necessidade de publicidade relativa ao processo de conhecimento. A pesquisa realizada, a ideia concebida ou a dedução feita perecem se não vierem a público; por esse motivo existem diversos canais de publicidade adequados aos diferentes trabalhos: as defesas públicas, os periódicos, as comunicações e a multimídia virtual são alguns desses. A demonstração do conhecimento é necessidade na comunidade acadêmica, onde esse conhecimento é o critério de mérito e acesso. Assim, existem as provas, concursos e diversos outros processos de avaliação pelos quais se constata a construção ou transmissão do saber. Difundir o conhecimento às esferas externas à comunidade acadêmica é atividade cada vez mais presente nas instituições de ensino, pesquisa e extensão, e o texto correspondente a essa prática tem característica própria sem abandonar a maior parte dos critérios de cientificidade. A recuperação do conhecimento é outra finalidade do texto acadêmico. Com bastante freqüência, parcelas significativas do conhecimento caem no esquecimento das comunidades e das pessoas; a recuperação e manutenção ativa da maior diversidade de saberes é finalidade importante de atividades científicas objeto da produção de texto. Quase todo conhecimento produzido é contestado. Essa contestação, em que não constitua conhecimento diferenciado, certamente é etapa contribuinte no processo da construção do saber que contesta, quer por validá-lo, quer por refutá-lo. As finalidades do texto acadêmico certamente não se esgotam nessas, mas ficam aqui exemplificadas. Para atender à diversidade dessas finalidades, existe a multiplicidade de formas, entre as quais se encontram alguns conhecidos tipos, sobre os quais se estabelece conceito difuso.

 Tipos

Apresentamos, a seguir, alguns dos tipos mais comuns dos trabalhos acadêmicos formais, não considerando provas, exercícios e outros textos menos significativos. Há ainda sites, trabalhos de multimídia, encenações e outros que não são considerados, uma vez que o foco deste tópico está concentrado na produção escrita formal.

 Trabalhos acadêmicos longos

 Trabalhos acadêmicos curtos

 Estrutura

Os trabalhos acadêmicos maiores – monografias, dissertações e teses, relatórios – seguem estrutura mais ou menos homogênea, apresentada na ordem abaixo, com pequenas variações. Quando esses trabalhos são transformados em livros, a base é a mesma, apenas com variações formais. A ordem dos elementos pré-textuais e pós-textuais varia eventualmente, segundo diferentes interpretações e orientações; não há uniformidade de critérios entre as diferentes instituições e normas.

 Pré-texto

  1. capa (*) - elemento que deve constar entre as páginas introdutórias somente quando a cobertura do conteúdo for transparente, deve ser impressa na cobertura quando ela for opaca, externamente; muitas vezes a capa interna é solicitada mesmo quando a cobertura é opaca, mas em minha opinião essa exigência não faz nenhum sentido. Capa é, necessariamente, o elemento externo, para identificação do trabalho. A capa contém:
    1. nome do autor (na margem superior);
    2. título do trabalho (mais ou menos centralizado na folha);
    3. instituição onde o trabalho foi executado (na margem inferior);
    4. cidade e ano de conclusão do trabalho (na margem inferior).
  2. folha-de-rosto - deve conter:
    1. as mesmas informações contidas na capa;
    2. as informações essenciais da origem do trabalho;
  3. ficha catalográfica - localizada no verso da página de rosto e na parte inferior da mesma. Deverá ser elaborada por profissional bibliotecário, para padronização das entradas de autor, orientador e definição dos cabeçalhos de assunto a partir de índices de assuntos reconhecidos internacionalmente.
  4. folha de aprovação (**) - deve conter data de aprovação, nome completo e local para assinatura dos membros da banca examinadora. Outros dados como notas, pareceres, podem ser incluídos nesta página a critério da instituição;
  5. nominata(**) - é a lista de cargos e nomes das principais autoridades da administração da instituição de vínculo do pesquisador – universidade e instituto, por exemplo;
  6. dedicatória(*) - tem a finalidade de oferecer o trabalho a alguém como homenagem de gratidão especial. Este item é dispensável, mas usual. São preferíveis as mais formais;
  7. agradecimentos(*) - manifestação de gratidão àqueles que contribuíram na elaboração do trabalho. É outro item dispensável e usual, a formalidade aqui é também recomendada;
  8. sumário - partes de que se compõe o trabalho: não confundir com índices;
  9. epígrafe(*) - citação de um pensamento que, de certa forma, embasou ou inspirou o trabalho. Pode ocorrer, também, no início de cada capítulo ou partes principais;
  10. índices: de figuras, mapas, tabelas, gráficos, fotografias (*);
  11. lista de abreviaturas[1]
  12. resumo - tem por objetivo dar visão rápida do conteúdo ao leitor, para que ele possa decidir sobre a conveniência da leitura do texto inteiro. Deve ser totalmente fiel ao trabalho e não pode conter nenhuma informação que não conste do texto integral. A primeira frase do resumo deve ser significativa, explicar o tema principal do documento. Não devem constar do resumo citação de autores, tabelas e figuras. O resumo pode ser precedido da referência bibliográfica completa do documento e deve, preferencialmente, estar contido em único parágrafo e única página. De acordo com a norma[2], o resumo deve conter até 250 palavras para monografias e até 500 palavras para dissertações e teses. Para contar o número de palavras do resumo, use o menu Ferramentas e Contar palavras [3]. O resumo deve ser vertido para o inglês, por ser a língua de maior difusão da produção científica, sendo facultado ainda fazer versões para outras línguas, o francês comumente, em caso de interesse específico. Esse abstract e o résumé são inseridos depois do resumo.

 Texto

“Conjunto de palavras e frases articuladas, escritas sobre qualquer suporte”[4]. “Obra escrita considerada na sua redação original e autêntica (por oposição a sumário, tradução, notas, comentários, etc.)”[5]. É a parte em que todo o trabalho de pesquisa é apresentado e desenvolvido; deve expor raciocínio lógico, ser bem estruturado, fazer uso de linguagem simples, clara e objetiva.
  1. introdução - apresenta o tema e indica aos leitores a linha do trabalho, sua motivação e o plano da obra, com alguns elementos das conclusões alcançadas; menciona a importância do trabalho e justifica contextual e pessoalmente a necessidade da realização do empreendimento. A introdução deve ambientar o leitor. Cita fatos históricos importantes e trabalhos clássicos. A caracterização do problema, as justificativas e as hipóteses podem ser incluídas na introdução ou destacadas à parte, quando for o caso. Autores podem ser citados, mas não se trata de revisão; apenas trabalhos de relevância para a caracterização do contexto devem ser citados. A introdução deve ter cerca de três ou quatro páginas. Apresenta, no seu final, o objetivo do trabalho, de maneira clara e direta. É importante que o objetivo apresentado tenha relação direta com o texto exposto no corpo da introdução[3].
  2. desenvolvimento - varia muito conforme o tipo do trabalho. Em pesquisas experimentais é comum subdividir essa parte em revisão da literatura, metodologia, resultados e discussão. Entretanto, em pesquisas qualitativas, muitas vezes essa estrutura não é adequada. Em qualquer tipo de pesquisa é importante apresentar os trabalhos realizados por outros pesquisadores. A redação desta revisão da literatura normalmente é de grande dificuldade, sobretudo pelos que se iniciam no universo científico-acadêmico. Em face dessa dificuldade, muitos optam por apenas resumir os trabalhos lidos em um ou dois parágrafos e apresentá-los em ordem cronológica. Deve-se evitar esse tipo de redação, pois, além de tedioso, o texto escrito dessa forma não apresenta de maneira eficiente o que já existe publicado sobre o tema. O texto deve apresentar as diferentes correntes de pesquisadores que estudaram a questão, deve ser fluente e os parágrafos devem possuir articulação entre si, cada um contendo idéias que evoluíram do parágrafo anterior e que preparam o seguinte.
  3. conclusão - conclusões ou recomendações apresentam, objetivamente, o desfecho do trabalho a partir dos resultados. É sempre importante apresentá-las de maneira relativa. Evita-se a redação do tipo “não houve influência do rádio na aculturação dos povos indígenas…”, e se dá preferência a textos como “não foi possível demonstrar a influência do rádio na aculturação dos povos indígenas…”. Colocam-se lado a lado os objetivos e as conclusões, assegurando-se que não tenham sido citadas conclusões que não foram objetivos do trabalho [3].

 Pós-texto

  1. referência bibliográfica ou bibliografia;
  2. anexos ou apêndices(*) - material suplementar de sustentação ao texto (por exemplo: questionário aplicado, roteiro de entrevista ou observação, lei discutida no corpo do texto).
  3. glossário(*) - explicação dos termos técnicos, verbetes ou expressões que constem do texto ou que o complementem. Elemento facultativo, a ser inserido de acordo com necessidade, é uma lista em ordem alfabética de palavras especiais, de sentido pouco conhecido, obscuro ou de uso muito restrito, ou palavras em língua estrangeira acompanhadas de suas respectivas definições.
  4. índices onomásticos, remissivos, cronológicos, toponímicos;
  5. contra-capa(*)
(*) – Elementos adicionados de acordo com as necessidades.(**) – A critério da instituição.

Referências

  1. ABNT, NB-14: 01.05.001 e ISO 832-1975.
  2. ABNT - NBR 6028.
  3. 3,0 3,1 3,2 GARCIA,2000.
  4. CAMARGO e BELLOTTO, 1996:74.
  5. AURÉLIO.

 Bibliografia

  • AURÉLIO. Veja-se FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio eletrônico – Século XXI.
  • CAMARGO, Ana Maria de Almeida; BELLOTTO, Heloísa Liberalli (orgs.). Dicionário de terminologia arquivística. São Paulo: Associação dos Arquivistas Brasileiros – Núcleo de São Paulo / Secretaria de Estado da Cultura – Departamento de Museus e Arquivos, 1996.
  • ECO, Umberto. Como se Faz uma Tese - 14ª ed., São Paulo: Ed. Perspectiva, 1996.
  • EMBRAPA. Manual de Referenciação Bibliográfica da Embrapa[1]
  • FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio eletrônico – Século XXI. Versão 3.0. São Paulo: Lexikon, 1999.
  • FRANÇA, Júnia Lessa et alii. Manual para normalização de publicações técnico-científicas. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.
  • GARCIA, Mauricio. Normas para elaboração de dissertações e monografias. São Paulo: Universidade do Grande ABC, 2000.
  • PRATA, Mário. Uma tese é uma tese. O Estado de São Paulo Segundo Caderno. São Paulo: 7 de out. 1998.

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sábado, 26 de dezembro de 2009

Método fônico avança na alfabetização



 Método fônico avança na alfabetização


Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo - 03/11/2009


Nos EUA, elas ficaram conhecidas como "Reading Wars" (guerras de alfabetização). Foi uma disputa encarniçada e com fortes tintas ideológicas, que chegou a ser comparada à polêmica em torno do aborto.

De um lado, estavam os defensores dos métodos fônicos, que enfatizam a necessidade de ensinar a criança a associar grafemas (letras) a fonemas (sons). Do outro, perfilavam-se os construtivistas, para quem o aprendizado da leitura deve ser um ato tão "natural" quanto possível, a ser exercido com textos originais e não com obras artificiais como cartilhas.

No Brasil, a coisa lembra mais a não havida Batalha de Itararé: o que prometia ser o mais sangrento conflito pedagógico do país acabou não acontecendo, e a controvérsia agora caminha para decidir-se sem traumas maiores, com os métodos fônicos ganhando espaço pelas bordas do sistema.

"Os construtivistas não gostam muito, mas a questão [dos métodos] vem se resolvendo de forma pouco explícita", declarou à Folha o ministro da Educação, Fernando Haddad.

Na mesma toada vai o professor de psicologia da USP Fernando Capovilla. "Sem muito alarde, as coisas estão mudando. E é bom que seja assim. A ciência demonstrou que o fônico é mais eficaz, especialmente para os mais pobres".

Nos países desenvolvidos, a polêmica remonta aos anos 50, atingiu seu ápice no final dos 90 e de algum modo se resolveu a partir dos 2000, depois que os governos dos EUA, da França e do Reino Unido, com base em vários estudos comparativos, recomendaram o ensino dos elementos fônicos no processo de alfabetização.

No Brasil, o "confronto final" foi evitado. Em fevereiro de 2006, Haddad propôs o debate, sugerindo a revisão dos PCNs (parâmetros curriculares nacionais) da educação básica.

Os fonetistas viram aí a oportunidade de lançar o que seria o golpe de misericórdia contra o método global. Os construtivistas, por seu turno, valendo-se da privilegiada posição de linha pedagógica predominante na maioria das escolas públicas e privadas do país, prometiam resistir por todos os meios.

Silvia Colello, professora de pedagogia da USP, é uma das que se opõem aos métodos fônicos. Para ela, quando o professor adota esses programas "cartilhescos" e enfatiza o domínio do código escrito, ele "tira da língua o que ela tem de mais precioso". O aluno, diz, não se reconhece nesse artificialismo e se desinteressa.
Percebendo que o debate estava a gerar mais calor do que luz, dois meses depois, em abril, Haddad anunciou que o ministério desistira de recomendar um método oficial.

"Levei tanta pancada, inclusive da Folha", disse o ministro. "Mas acho que serviu para preparar o terreno. Hoje há mais clima para discutir essas questões", acrescentou.

A relativa indefinição favoreceu posições mais conciliatórias, como a de Magda Soares, professora emérita da Faculdade de Educação da UFMG.

Para ela, o construtivismo teve o inegável mérito de colocar a criança como sujeito ativo no processo de aprendizagem, mas, no caso da alfabetização, acabou se tornando uma teoria sem método que substituiu o método sem teoria das cartilhas do século passado.

Soares, que prepara um livro sobre o assunto, diz que existe "produção riquíssima" lá fora demonstrando a necessidade de trabalhar com elementos fônicos. Para ela, o ponto-chave para o sucesso na alfabetização é a "formação dos formadores".

Experiência no molde defendido por Soares está em curso em Lagoa Santa (região metropolitana de Belo Horizonte).

Ali a pedagoga Juliana Storino coordena um programa que, sem esquecer pressupostos construtivistas, como a adequação do currículo à realidade do aluno, busca desde cedo despertar a consciência fonológica dos alunos. "Apesar de já operarmos há três anos, ainda encontramos resistências por parte de professores."


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A História do Mohini Ekadasi.

A História do Mohini Ekadasi. Yudhishthira Maharaja disse: “Ó Janardana, qual é o nome do jejum [Ekadashi] que ocorre durante a quinzena cla...