sábado, 12 de junho de 2010

HIPERATIVIDADE X SUPERDOTADO

 
HIPERATIVIDADE X SUPERDOTADO

A hiperatividade pode mascarar superdotados. Segundo Julián de Zubiría, diretor do Instituto Alberto Merani da Colômbia, "pais e professores devem estar atentos a crianças com vocabulário muito rico, construções gramaticais brilhantes e capacidade para a música", tudo isso revela muitas vezes uma superdotação intelectual.

O especialista espanhol Juan A. Alonso afirma que em muitas ocasiões crianças sofrem fortes crises de adaptação e experimentam fracassos escolares porque ninguém foi capaz de perceber que essas dificuldades eram causadas por seu talento e capacidade acima da média, por isso ele afirma que há uma necessidade de testes habituais que possam detectar alunos superdotados. E mais, se o aluno com capacidades especiais não é detectado a tempo, essas características podem se anular.

Embora os testes de quociente intelectual criem inconvenientes, até o momento é a ferramenta mais válida para descobrir crianças superdotadas. Cerca de 85% das crianças e adolescentes superdotados apresentam um quociente entre 130 e 145, são estes os que têm mais dificuldades para se integrar em um ambiente que os discrimina. Acima de 145 pontos, os alunos costumam ter uma maior maturidade emocional, de modo que não apresentam problemas de sociabilidade.

Porém, para todos os jovens superdotados o principal problema é encontrar "amigos iguais" para desenvolver suas capacidades emocionais, razão pela qual muitos são favoráveis à formação de grupos especiais integrados por essas crianças.

Especialistas afirmam que a situação das crianças superdotadas é complicada quando chegam à adolescência, porque nessa fase da vida em que há uma necessidade de ser aceito em um grupo, muitos deles sacrificam seus dotes e igualam seu comportamento para poderem se misturar.

Sendo assim, de acordo com nossas pesquisas, concluímos que seja possível uma pessoa com altas habilidades também ser hiperativa, ou vice-versa, mas isso não quer dizer que a falta de estímulos para o desenvolvimento de uma habilidade possa gerar a hiperatividade.

 


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sexta-feira, 11 de junho de 2010

CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE A AUTO-ESTIMA



CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS SOBRE A AUTO-ESTIMA

Cláudio Garcia Capitão
Theoretical considerations about self-steem

ResumoEste artigo objetiva, por meio de algumas incursões teóricas, resgatar a importância do conceito de auto-estima. Em fins do século passado o respectivo conceito foi banalizado pelos manuais de auto-ajuda, cujas formulações não possuem qualquer correlação com a nossa ciência, a psicologia, esta sim, digna  herdeira da tradição do espírito empreendedor da humanidade.
Palavras - chave: Auto-estima; Ciência; Psicologia.
AbstractThis article aims at, through some theoretical incursions, to rescue the importance of the self-esteem concept. In the end of last Century the respective concept was vulgarized by the manual of solemnity-help, whose formulations don’t possess any correlate with our science, the psychology, an heiress of the tradition of the humanity’s enterprising spirit.
Keywords: Self-esteem; Science; Psychology.
IntroduçãoAtualmente observamos, seja em conversas com amigos, através de jornais, de revistas e, especialmente, em nosso cotidiano hospitalar, serem muitas as considerações sobre a auto-estima. O paciente X está com a auto-estima rebaixada e isso faz com que ele sinta as coisas de forma negativa. O paciente Y melhorou sua auto-estima e isso fez com que ele respondesse de forma adequada ao tratamento.
A auto-estima passou a ser um conceito, na verdade, quase que um diagnóstico, independente. Deixou de ser um sinal, um sintoma ligado a tantos outros, resultado de uma condição psíquica, ou indicação significativa de expressão para um determinado diagnóstico.
A auto-estima é um conceito abrangente, uma vez que abarca múltiplos aspectos da personalidade. Pode influenciar o estado de ânimo de uma pessoa e ser influenciada por este, indicar como a pessoa se avalia e  como é avaliada pelos outros. O tema, em todas as áreas, tornou-se moderno e atual; não podemos deixá-lo de lado, sem uma reflexão séria das suas múltiplas nuances. 
A auto-estima é freqüentemente relacionada ao bem-estar físico e mental de uma pessoa, na grande maioria das vezes, reflete-se nas suas condições físicas, à aparência e em muitas evidências comportamentais. Se a tomarmos como uma representação, a auto-estima pode ser considerada como a expressão da relação unívoca entre a mente e o corpo, o que significaria uma unidade dividida apenas sob o ponto de vista semântico. Considerar tal relação, especialmente quando pretendemos tratar da auto-estima, torna-se uma necessidade urgente, especialmente para aqueles que trabalham em instituição hospitalar, onde o corpo, alvo das precipitações da alma, é que sofre em carne e osso o sofrimento de uma pessoa.
A Procura do ConceitoConceitualmente (Dorsch, 2001) a auto-estima, self steem, self regard pode ser considerada como o sentimento de poder, de satisfação e de valor estável que uma pessoa possui de si mesma.
O rebaixamento da auto-estima se expressa por sentimentos de desvalia, de vergonha, de inadequação e, por assim dizer, por uma sensação constante de inferioridade.
A Psicologia, em quase todas as suas concepções teóricas,  mostra a existência de uma relação importante entre o corpo e a mente e o conceito de auto-estima, sem referir-se diretamente a ela.
Krech e Crutchifield (1976) tratam das emoções ligadas à auto-estima, especialmente as produzidas pelos sentimentos de êxito, fracasso, culpa e remorso. Tais emoções seriam determinantes essenciais intimamente ligadas à percepção que um indivíduo tem de seu próprio comportamento, ou de seu comportamento em relação a outros padrões. Afirmam ser evidente que tais emoções aparecem gradualmente na criança, no transcorrer de seu  desenvolvimento, porém, não estabelecem quando a criança estaria pronta  para vivenciá-las.
O êxito e o fracasso são concebidos por padrões internos de realização e não pelos exclusivamente sociais, externos. Estes últimos, ressalvam, exercem uma grande influência no estabelecimento dos padrões internos e, em vista disso, as pessoas chegariam, até certo ponto, a organizar e ajustar seus próprios padrões numa relação significativa com os de outras. Como resultado dessa relação, o indivíduo formaria certa consciência dos juízos que se fazem a seu respeito.
Os sentimentos de êxito e de fracasso seriam então propiciados pela sensação de se ter atingido ou não uma meta desejada, e a partir dessa condição, verificar-se-ia a ebulição de emoções profundas de orgulho ou de vergonha. As emoções ligadas à culpa, por seu turno, surgiriam da percepção de uma transgressão moral, pela prática de determinados atos. Tais emoções  são relativizadas pela vivência individual, já que os padrões morais de realização, apesar de serem universalizantes para os participantes de uma mesma cultura, gozam de uma margem de elasticidade individual.
Allport (1966) contratriando alguns pontos de vistas de Krech e Crutchfield, coloca que uma criança de dois anos, a partir da frustração do impulso de exploração característico desta faixa etária, pode sentir um choque em sua auto-estima, resultado de um sentido agudo e consciente de si mesma, o que denota um eu já bem formado.
No seu rastreamento de como o eu se desenvolve nas diversas faixas etárias o autor aponta que, na idade de quatro a seis ou sete anos, em nossa cultura, a auto-estima adquire um traço competitivo.
Dando continuidade às suas formulações sobre a auto-estima, esse importante teórico da psicologia da personalidade acrescenta que muito de nossa vida social está centralizada na auto-estima. Para ele, envergonhar um homem é abalar sua auto-estima e o ressentimento seria uma maneira impulsiva de afirmação da auto-estima ofendida. O orgulho e amor próprio constituem-se então sinônimos para a auto-estima
Para Freud (1976) a instância psíquica denominada ego é a parte do aparelho mental que está em contato com a realidade externa e tem como finalidade garantir a segurança e o equilíbrio do funcionamento mental. O ego seria uma parte do id modificada pela ação direta do mundo exterior através do sistema perceptivo-consciente. Por esta razão, ele seria em primeiro lugar, um ego corporal, uma projeção mental da superfície corporal, uma espécie de correlação intrínseca entre o nosso corpo e a representação que temos dele na nossa mente.
Desde cedo o ego se utiliza de estratagemas para sentir-se forte e valorizado, ambicionando ganhar o controle sobre o id. Colocando-se como objeto de amor em relação ao id, como representante de objetos anteriormente diretamente investidos, transforma uma escolha objetal erótica em libido narcísica.
Para vislumbrar como era concebida a auto-estima por Freud, faz-se necessário deter-se um pouco nas suas posições. Em o Ego e o Id (1923) ele reestrutura o aparelho mental, sem abandonar seu conceito principal, o complexo de Édipo. Estipula que o resultado mais amplo da fase sexual dominada pelo complexo de Édipo pode ser a formação de um precipitado, consistindo de duas espécies de identificações, unidas entre si. Essa modificação do ego confronta os seus outros conteúdos, como um ideal do ego ou superego. O ideal de ego ou superego, nessa nova concepção de aparelho psíquico, responderia a tudo que seria esperado da natureza mais elevada do homem. Com tais formulações teóricas, Freud enriquece a complicada trama em que se vê envolta a auto-estima, ficando esta na dependência das relações internas entre as instâncias psíquicas.
Alguns anos antes, em 1914, levantando problemas que iriam  configurar a sua nova tópica, na terceira parte de seu artigo sobre o narcisismo, Freud (1976) refere-se diretamente a auto-estima, considera-a proporcional ao tamanho do ego, onde uma instância psíquica especial  teria a função providenciar  para que a satisfação narcísica do ideal do ego fosse assegurada, vigiando constantemente o ego atual e medindo-o por esse ideal. Discute a auto-estima tanto em pessoas normais como nas neuróticas, e, especialmente a relação da auto-estima com os investimentos objetais. Assinala que quando o investimento libidinal é correspondido, a pessoa teria sua auto-estima reassegurada, caso contrário, sua auto-estima seria rebaixada, pois iria sentir-se vazia, desvalorizada, por não ter seu amor correspondido.
Na continuidade de suas considerações sobre o movimento da libido, em Luto e Melancolia (1917) Freud procura estabelecer uma relação entre o luto e a melancolia, justificando-se  por considerar ambos os quadros psicológicos bastante parecidos. O luto é considerado como uma reação normal a uma perda consciente, desaconselhando, por sinal, qualquer intervenção psicoterapêutica, uma vez que, quando a pessoa se desliga dos investimentos no ente perdido, o processo chega ao seu término.
Na melancolia Freud apontou,  entre suas características, uma depressão profunda, a perda de interesse pelas coisas da vida, uma redução drástica na capacidade de amar, o empobrecimento de toda atividade física e o rebaixamento dos sentimentos de auto-estima até a um ponto de intensa auto-reprovação, de auto-injúria, chegando até a um desejo delirante de punição. Salientou Freud que tal rebaixamento da auto-estima não é encontrado no luto, sendo, pois, uma condição exclusiva da melancolia. Tal fato se dá como conseqüência do movimento da libido, anteriormente ligada ao objeto perdido, mas que, por um processo semelhante, porém mais intenso do que o recalcamento, perde sua mobilidade e, ao invés de investir em outros objetos, é transformado em identificação com o objeto perdido. O que se observa, então, é que as auto-injúrias e outros auto-ataques são na realidade dirigidos ao objeto, que desaba sobre o ego como uma sombra.
Além dessas considerações, salientou Freud que uma das particularidades encontradas na melancolia era a sua tendência para transformar-se em mania. Neste processo o ego se recobra da perda objetal e, por um acúmulo de investimentos no objeto-eu, tornando-se, então, livre, o que possibilita a regressão ao estado narcísico. Ou seja, o aumento da auto-estima estaria ligado a uma grandeza repentina e desproporcional do ego, que deixando a instância crítica de lado, torna-se  onipotente, tudo fica fácil e possível. É como se as mãos abertas, tentassem agarrar a água; mais precisamente, passa a existir aí um ego inflado, que tenta ir além das suas reais possibilidades, em uma auto-estima grandiloqüente.
Freud levantou a hipótese de que tanto a melancolia quanto a mania estariam possivelmente na dependência de condições físico-químicas, ainda desconhecidas, restringindo-se a analisar apenas os casos que haviam sido positivamente influenciados pelo processo psicanalítico, que por isso, deveriam ter como etiologia, fatores psicogênicos, como os que acabamos de assinalar.
Tentando contrariar a hipótese de Freud quanto ao movimento da libido de uma pessoa apaixonada, onde o objeto idealizado ganharia importância, pois a pessoa amada seria de longe a mais importante, Chasseguet-Smirgel (apud Kenberg, 1995) assinala que a projeção do ideal do ego na pessoa amada não reduz a auto-estima, mas a aumenta, porque as aspirações do ideal de ego são então realizadas. O amor retribuído aumenta a auto-estima como parte da gratificação de estar apaixonado e de ser amado.
Esta aparente contradição no que toca à auto-estima e ao movimento  da libido não é de fato muito relevante. Ela só ganha importância quando tomada como referência por um dos principais teóricos da psicanálise, pois, também para Freud, quando existe o retorno dos investimentos no objeto amado, o narcisismo secundário, restaura-se a confiança do eu, tornando-o feliz, por ser amado.
Para Jung (1982), o eu seria constituído por duas bases apenas aparentemente diversas, uma somática e outra psíquica. A somática seria conhecida pelas sensações de natureza endossomáticas que transpusessem o limiar da consciência, enquanto que parte  desse tipo de estímulo se processaria de modo inconsciente. O eu estaria apoiado no campo global da consciência, subordinado ao si-mesmo, ou seja, a personalidade global não pode ser captada em sua totalidade. 
Descreve ainda Jung oito tipos psicológicos, resultantes da combinação das funções de adaptação: sensação, sentimento, pensamento, intuição e os dois movimentos básicos da energia psíquica, a introversão e a extroversão. Na dependência da vivência da função inferior, entre outros aspectos, estaria a vida de um indivíduo fadada a ser cheia de êxitos ou de estados depressivos, impedidores da realização das potencialidades da personalidade. O amplo resultado do processo de individuação seria numa combinação das quatro funções, que possibilitaria uma concepção equilibrada e boa do mundo.
Encontramos também em Reich (1975) a formulação de que o caráter é constituído pelas atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para várias situações, incluindo seus valores conscientes, estilo de comportamento, atitudes físicas, tais como postura, aparência, hábitos e movimentação do corpo. Este autor faz referência ao caráter genital e ao caráter neurótico, sendo o primeiro regido pelo princípio da auto-regulagem, sem as inibições dos princípios morais, podendo abandonar-se livremente  ao fluxo da energia biológica, descarregando adequadamente a excitação sexual reprimida por meio de movimentos corporais agradáveis, ou seja, um indivíduo autoconfiante, que, apesar de Reich não referir-se ao termo, tem uma auto-estima elevada, é consciente e conhecedor do mundo que o rodeia.
Perls (1977), por sua vez, salienta que a pessoa deve ser vista como um todo, de maneira holística, não havendo nos seres humanos diferenças entre a atividade física, aquilo que se passa na esfera do corpo, e a atividade mental, pois nossos corpos seriam manifestações diretas de quem somos. Concebe o homem como parte da natureza, um evento biológico, assim como a sociedade. Apesar de não referir-se à auto-estima de uma forma direta, postula que “cada noção abstrata é um processo, tanto quanto a visualização de um objeto. Atividade deliberada, autocontrole, consciência, são funções sociais e ao mesmo tempo, biológicas. A reintegração só pode ter sucesso se toda atividade humana, tanto deliberada quanto espontânea, pensamentos e instintos for considerada e tratada como um processo biológico”(p.79).
Existe margem para  se pensar, através de seus pressupostos gerais, particularmente a noção de linguagem de figura e fundo do organismos, que a neurose e a redução da auto-estima são resultados de situações inacabadas, onde a gesltalt não teria se completado. Caso tal linguagem fosse escutada, a pessoa passaria a agir de acordo com um meio confiável de orientação, restaurando o equilíbrio da personalidade e arquitentando o caminho para um desenvolvimento produtivo, onde as idéias de aceitação e rejeição estariam ligadas ao  padrão de orientação, à necessidade de ser aceito e ao medo de ser rejeitado pelo mundo.
Em Skinner (apud Ferster, Culberstson & Perrot Boren) o papel do corpo estaria exclusivamente em dados observáveis e teria importância fundamental, pois as pessoas expressam comportamentos, praticam ações corporais que revelam seus sentimentos, sua maneira de ser.
Seguindo esta linha de abordagem, Lewinsohn,  em meados de 1900 (apud Eber, Loosen & Nurcombe), assinala que um reforço positivo inadequado poderia levar a um ciclo indefinido e constante de baixa auto-estima e aumento do isolamento e desesperança.
Beck (1976), baseado em seu modelo cognitivo, observa que na depressão existe uma interpretação equivocada dos acontecimentos da vida, envolvendo negatividades do autoconceito, da interpretação da experiência e da perspectiva de futuro. Mais precisamente, pressupõe uma auto-estima rebaixada em praticamente todos os sentidos, resultado de uma interpretação errônea dos acontecimentos em que a pessoa se viu envolvida, determinando assim, sua resposta futura.
Na psiquiatria moderna (Ebert, Loosen & Nurcombe, 2002) encontramos a auto-estima correlacionada principalmente aos transtornos do humor, explicados, por seu lado, por múltiplos fatores etiológicos. As hipóteses biológicas apontam, entre fatores glandulares, os neurotransmissores, especialmente a norepinefrina, a serotonina e dopamina como responsáveis por tais transtornos, encontradas freqüentemente no transtorno depressivo maior, já que inúmeros antidepressivos agiriam aumentando as concentrações dos neurotransmissores nos locais dos receptores pós-sinápticos, inibindo a sua recaptação pela fenda sináptica. Como se nota, pelos mecanismos de ação dos antidepressivos nos transtornos do humor, a auto-estima poderia ser aumentada por uma ação neurofisiológica.
Nas Escalas utilizadas para avaliação de humor e transtornos afetivos (Gorenstein, Andrade & Zuardi, 1999), não encontramos curiosamente, em nenhuma delas, um item específico para a avaliação da auto-estima. Em quase todas, porém, nos deparamos com questões  a ela pertinentes, o que se deduz que a auto-estima é avaliada como uma categoria difusa,  indireta, no conjunto geral das Escalas.   
Somos levados a deduzir que o desenvolvimento de um sentimento de auto-estima adequado é considerado saudável; ele é necessário à vivência de experiências internas e externas que auxiliam a pessoa positivamente em sua auto-avaliação. Se, por exemplo, tivermos um descontentamento com a forma de nosso corpo, ou com nossos hábitos, estaremos, sem ter consciência de nossas ações, influenciando outros com a nossa atitude, favorecendo assim a criação de círculo vicioso, em que o não se gostar generaliza-se em sentimentos de rejeição. Ou seja, se a nossa auto-estima estiver para baixo, olharemos o mundo e as pessoas de forma negativa, e dessa forma pensaremos que estamos sendo olhados, em um exemplo claro do mecanismo de projeção.
Esse  fato nos leva a considerar que mesmo se tratando de uma auto-estima determinada por um desequilíbrio dos neurotransmissores, o mecanismo que veicula os sentimentos, os sentidos das ações e da ação psíquica geral, são estritamente psicológicos.
No Brasil, Herrmann (2001) não aborda especificamente a auto-estima, mas contextualizando uma análise social, tendo como instrumentos a Teoria dos Campos, procura percorrer os caminhos de como o brasileiro possui uma auto-representação, enquanto povo, que poderia ser qualificada de baixa estima. Para entendermos um pouco essa investigação realizada por Herrmann, seria interessante entrarmos e nos determos no seu conceito de representação.
As representações ao mesmo tempo em que fazem parte constituem o homem enquanto ser cultural. Imaginemos uma superfície com dois lados, um côncavo, voltado para dentro, representando a identidade e outro, convexo, voltado para fora, representando, por sua vez, a realidade. Elas possuem origem e finalidade e são mantidas por uma função psíquica pré-consciente, denominada Crença, que torna as representações tão concretas quanto os homens que as constroem e as defendem. Ambas as superfícies estariam em constante neoformação e seriam construídas com fins defensivos, um aparato especial que destaca o homem e o diferencia do real, do reino do contágio, isto é, do estado em que os limites eu-outro, sujeito-objeto fundem-se e todo sistema de referência de uma pessoa ou de uma coletividade se perde numa indiferenciação extrema.
O desejo seria assim a parte seqüestrada e diferenciada do real que, por ter sido destacada e apartada do mesmo, tenta a ele retornar e a ele se dirige, desenhando o sujeito, revestindo-o de múltiplas vestes, dando-lhe identidade, produzindo sentido. As falhas, portanto, nesse processo de formação da superfície representacional, poderiam propiciar ao sujeito estados confusionais, perdendo sua principal função, a de defesa do reino das coisas.
Quando a função defensiva das representações, isto é, a crença torna-se abalada, escapa o sentido de realidade que antes o sujeito possuía. A identidade, por seu lado, também fica estremecida, e  a sua correspondente noção de individualidade é posta em xeque, ameaçada.  O sujeito percebe o risco da indiferenciação, do mergulho no estrato humano de onde emergiu, esse estado  podemos hoje chamar de loucura.
Herrmann (2001) trata a fragilidade da crença denominando-a de fé, um esforço extra que é demandado por parte do indivíduo para tentar manter suas representações, tanto a identidade quanto a realidade. São, então, as superfícies representacionais que garantem a pessoa viver dentro de certa lógica, de certos parâmetros para se guiar na vida, mesmo quando as representações se restringem às linhas teóricas da psicologia ou às tendências políticas e outras tantas ramificações constituintes do universo humano: nações inteiras, credos, raças.
Não somos diferentes de outros seres humanos. Talvez sejamos, embora cada vez menos, um tanto que distintos em nossa superfície representacional. É o conjunto das nossas representações, que subscreve o desejo de um povo, que caracteriza sua realidade, que parece abalados em sua função especialmente a partir de fora, com interpretações do que não somos que nos propiciam sentimentos de desvalia, de sentimentos que poderiam enquadar-se na categoria  baixa estima. 
São muitos os fatores, imaginários ou reais, que afetam a auto-estima de uma pessoa, como podemos inferir a  partir das teorias psicológicas que relacionam aspéctos psicológicos, biológicos e sociais. Contudo, claro está que gozar de uma boa saúde, ter uma aparência que faça a pessoa sentir-se bem, podem contribuir de uma maneira decisiva para uma auto-avaliação mais alegre e positiva de si mesmo e, com isto, para um repertório ampliado de sentimentos de autoconfiança nos relacionamentos sociais, amorosos e na vida profissional.
As teorias psicológicas divergem entre si, com certeza, mas não deixam de ter uma qualidade de abstração, de hipótese do que se passa com o psiquismo.  Os psicólogos não precisam se sentir desconfortável com as descobertas da neurociência, pois os mecanismos que veiculam as doenças têm origem na alma humana, que não se deixa reduzir à interações fisiológicas ou simplesmente determinar pelas combinações de proteínas.
Situamo-nos em outro campo, que não é possível ser reduzido. O objeto da psicologia,  não importa qual a preferência teórica, situa-se num recorte do real diferente dos de outras ciências. Nossa epistemologia é produto de uma relação com objetos que se pauta por métodos, por caminhos bem particulares de investigação.
Para nossos pacientes não se desaconselha a procura de meios adequados, as psicoterapias, por exemplo, que possam auxiliar na auto-avaliação. Além de ser uma medida saudável, talvez seja esta a pedra de toque, um passo importante para também sentirem-se admirados e estimados pelas pessoas que estão à sua volta, modificando a forma como se concebem e como se relacionam com as propriedades que lhes são imanentes.
Afinal de contas, a sensação de sentimentos prazerosos de nós mesmos não pode ser algo delegado a um segundo plano, ou a uma ilusão apenas de superfície, já que só temos uma única vida e vivê-la bem e em sua plenitude é o que nos resta.

ConclusãoPode-se considerar, portanto,  que a auto-estima está relacionada a muitos fatores: psicológicos, biológicos e sociais. O fato de não termos uma avaliação positiva de nós mesmos, de não nos gostarmos leva e é resultado de uma auto-estima rebaixada. Se tomarmos providências para melhorar nossa auto-imagem, procurando estar em sintonia com os nossos ideais, poderemos influir decisivamente de maneira positiva na nossa concepção de mundo, em nossa auto-avaliação, em uma auto-estima adequada e necessária para os dias de hoje. Afinal, o narcisismo nem sempre é patológico, especialmente quando o corpo, possibilidade para todas as enfermidades, necessita de uma atitude que possa espelhar, mesmo através da dor, a força da pulsão de vida.
A auto-estima, um assunto de que muito se fala, mas sobre o qual atualmente pouco ou quase nada se escreve, parece ter sido relegada aos manuais de auto-ajuda que se difundiram espantosamente no final do século passado. A tentativa de resgatar o conceito de auto-estima, mesmo através de um pequeno ensaio pautado em uma breve revisão teórica, talvez possa ser um passo inicial para recuperarmos conceitos que foram açambarcados de nossa ciência, que a cada dia, como presenciamos muitas vezes em nossa vivência na instituição hospitalar, está indefesa e abalada, indiferenciada das concepções de manuais, muito mais próximos da banalidade e da popularidade imediata, que não podem ser, de modo algum, confundidas com as de uma ciência moderna que está sendo construída, como uma das valiosas conquistas do espírito empreendedor da humanidade. Desse legado, não podemos abrir mão.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALLPORT,G.W. Personalidade. São Paulo: Edusp, 1976
BECK,A.T. Cognitive Therapy and the Emotional Disorders.   International Universites Press, 1976.
DORSCH,F.; HÄCKER,H.; STAPF,K-H. Dicionário de Psicologia Dorsch. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
EBERT,M.H.; LOOSEN, P.T.; NURCOMBE,B. Psiquiatria: Diagnóstico e Tratamento. Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.
FERSTER,C.B; CULBERSTSON, S.; PERROT BOREN, M. C. Princípios do Comportamento. São Paulo: HUCITEC, 1977.
FREUD, S. Sobre o Narcisismo: uma introdução. Obras Completas, v. XIV. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
________. Luto e Melancolia. Obras Completas, v. XIV. Rio de janeiro: Imago, 1976.   ________. O Ego e o ID. Obras Completas, v. XIX. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
GORENSTEIN,C.; ANDRADE,L.H.S.G.; ZUARDI,A.W. Escalas de Avaliação Clínica em Psiquiatria e Psicofarmacologia. São Paulo: Lemos, 2000.
HERRMANN, F. Introdução à Teoria dos Campos. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.
JUNG,C.G. Aion: Estudos sobre o simbolismo do si-mesmo. Petrópolis- RJ: Vozes, 1982. 
KERNBERG,O. F. Psicopatologia das relações amorosas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
KRECH,D.; CRUTCHFIELD,R. Elementos de Psicologia.  5ª ed. São Paulo: Pioneira, 1974.
PERLS, F.S. et alii. Isto é Gestalt. São Paulo: Summus, 1977.
REICH, W. A  Função do Orgasmo. São Paulo: Brasiliense, 1975.
Publicado em 04/07/2010 14:08:00

Cláudio Garcia Capitão - Psicólogo, especialista em Psicologia Clínica e em Psicologia Hospitalar, Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, Doutor pela UNICAMP, com Pós-Doutorado em Psicologia Clínica Pela PUC-SP. É Professor dos cursos de Graduação e de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco e Psicólogo do I.I.Emílio Ribas.



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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Ensino Fundamental de Nove Anos

Ensino Fundamental de Nove Anos

                                    Ensino Fundamental - Publicações                            A criança de 6 anos, a linguagem escrita e o Ensino Fundamental de Nove Anos
A publicação “A criança de 6 anos, a linguagem escrita e o Ensino Fundamental de Nove Anos” destina-se às turmas de crianças de seis, sete e oito anos (ciclo da infância) e pretende subsidiar o trabalho docente no que se refere ao desenvolvimento de habilidades e capacidades relacionadas à leitura e à escrita.








Ensino de 9 anosPasso a passo da implementação do ensino fundamental de nove anosEste documento tem por objetivo subsidiar gestores municipais e estaduais, conselhos de educação, comunidade escolar e demais órgãos e instituições. É um passo a passo do processo de implantação e implementação do ensino fundamental de nove anos. Ao final, estão as perguntas e respostas mais freqüentes que foram coletadas a partir de consultas feitas ao MEC.
Orientações Gerais




Ensino Fundamental de Nove Anos: Orientações Gerais
Essa publicação constitui um referencial para as questões pedagógicas e administrativas no que se refere à inclusão das crianças de seis anos de idade no ensino fundamental. O documento apresenta também a fundamentação legal pertinente e temas como organização do tempo e do espaço escolar, trabalho coletivo, formação do professor para atuar com criança de seis anos, enfim, aspectos significativos para a construção de uma escola com qualidade social.




Ensino Fundamental de Nove Anos 1° Relatório


Ensino Fundamental de Nove Anos 1º Relatório
- apresenta as principais ações realizadas pela SEB/DPE/COEF em parceira com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação até julho de 2004.







Ensino Fundamental de Nove Anos 2° Relatório


Ensino Fundamental de Nove Anos 2º Relatório - expõe as principais ações realizadas pela SEB/ /DPE/COEF em parceira com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação no período de agosto de 2004 até julho de 2005.





Orientações para a inclusão de Crianças de Seis Anos de IdadeOrientações para a Inclusão da Criança de Seis Anos de Idade - Tal publicação busca fortalecer o processo de debate com professores e gestores sobre a infância na educação básica, tendo como focos o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças de seis anos de idade ingressantes no ensino fundamental de nove anos, mas sem perder de vista a abrangência da infância de seis a dez anos de idade nessa etapa de ensino. Nesse documento são desenvolvidos temas como a infância e sua singularidade; a infância na escola e na vida: uma relação fundamental; o brincar como um modo de ser e estar no mundo; as diversas expressões e o desenvolvimento da criança na escola; as crianças de seis anos e as áreas do conhecimento; letramento e alfabetização: pensando a prática pedagógica; a organização do trabalho pedagógico: alfabetização e letramento como eixos organizadores; avaliação e aprendizagem na escola: a prática pedagógica como eixo da reflexão e modalidades organizativas do trabalho pedagógico: uma possibilidade.

Fundamentação Legal

Leis
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – admite a matrícula no Ensino Fundamental de nove anos, a iniciar-se aos seis anos de idade.
Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001 – estabelece o ensino fundamental de nove anos como meta da educação nacional.
Lei nº 11.114, de 16 de maio de 2005 – altera a LDB e torna obrigatória a matrícula das crianças de seis anos de idade no Ensino Fundamental.
Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006 – altera a LDB e amplia o Ensino Fundamental para nove anos de duração, com a matrícula de crianças de seis anos de idade e estabelece prazo de implantação, pelos sistemas, até 2010.


Resolução
Resolução CNE/CEB nº 3/2005
, de 3 de agosto de 2005: Define normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de duração.
Resolução Nº 1, DE 14 DE JANEIRO DE 2010 - Define Diretrizes Operacionais para a implantação do Ensino Fundamental de 9(nove) anos.

PareceresParecer CNE/CEB nº 24/2004, de 15 de setembro de 2004 (reexaminado pelo Parecer CNE/CEB 6/2005): Estudos visando ao estabelecimento de normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de duração.
Parecer CNE/CEB nº 6/2005 , de 8 de junho de 2005: Reexame do Parecer CNE/CEB nº24/2004, que visa o estabelecimento de normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de duração.
Parecer CNE/CEB nº 18/2005, de 15 de setembro de 2005: Orientações para a matrícula das crianças de seis anos de idade no Ensino Fundamental obrigatório, em atendimento à Lei nº 11.114/2005, que altera os arts. 6º, 32 e 87 da Lei nº 9.394/96.
Parecer CNE/CEB nº 39/2006, de 8 de agosto de 2006: Consulta sobre situações relativas à matrícula de crianças de seis anos no Ensino Fundamental.
Parecer CNE/CEB nº 41/2006, de 9 de agosto de 2006: Consulta sobre interpretação correta das alterações promovidas na Lei nº 9.394/96 pelas recentes Leis nº 11.114/2005 e nº 11.274/2006.
Parecer CNE/CEB nº 45/2006, de 7 de dezembro de 2006: Consulta referente à interpretação da Lei Federal nº 11.274/2006, que amplia a duração do Ensino Fundamental para nove anos, e quanto à forma de trabalhar nas séries iniciais do Ensino Fundamental.
Parecer CNE/CEB nº 5/2007, de 1º de fevereiro de 2007 (reexaminado pelo Parecer CNE/CEB nº 7/2007): Consulta com base nas Leis nº 11.114/2005 e n° 11.274/2006, que tratam do Ensino Fundamental de nove anos e da matrícula obrigatória de crianças de seis anos no Ensino Fundamental.
Parecer CNE/CEB nº 7/2007, de 19 de abril de 2007: Reexame do Parecer CNE/CEB nº 5/2007, que trata da consulta com base nas Leis nº 11.114/2005 e n° 11.274/2006, que se referem ao Ensino Fundamental de nove anos e à matrícula obrigatória de crianças de seis anos no Ensino Fundamental.
Parecer CNE/CEB nº 4/2008, de 20 de fevereiro de 2008: Reafirma a importância da criação de um novo ensino fundamental, com matrícula obrigatória para as crianças a partir dos seis anos completos ou a completar até o início do ano letivo. Explicita o ano de 2009 como o último período para o planejamento e organização da implementação do ensino fundamental de nove anos que deverá ser adotado por todos os sistemas de ensino até o ano letivo de 2010. Reitera normas, a saber: o redimensionamento da educação infantil; estabelece o 1º ano do ensino fundamental como parte integrante de um ciclo de três anos de duração denominado “ciclo da infância”. Ressalta os três anos iniciais como um período voltado à alfabetização e ao letramento no qual deve ser assegurado também o desenvolvimento das diversas expressões e o aprendizado das áreas de conhecimento. Destaca princípios essenciais para a avaliação.
Parecer CNE/CEB nº 22/2009 - Diretrizes Operacionais para a implantação do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos
Ressalte-se que o referido documento foi elaborado na perspectiva de ampliar o debate sobre concepções curriculares para a educação básica. Assim, mais do que sua elaboração e distribuição se espera a realização de discussões compartilhadas com os sistemas de ensino, a reflexão e questionamentos sobre a concepção de currículo e seus desdobramentos no interior de cada escola.

Dessa forma, o MEC espera deflagrar, em âmbito nacional, um processo de debate, nas escolas e nos sistemas de ensino, sobre a concepção de currículo, seu processo de elaboração e seus desdobramentos. Vale destacar que o referido documento tem como objetivos:

• Propor a reflexão curricular por meio do estudo e debate de eixos organizadores que o constituem;
• Subsidiar os estudos sobre concepção curricular com a finalidade de que professores, gestores e demais profissionais da área educacional ampliem seus conhecimentos e a compreensão sobre a concepção de currículo que ora o Ministério coloca em debate;
• Subsidiar a análise e a elaboração das propostas curriculares dos sistemas de ensino e dos projetos pedagógicos das unidades escolares;
• Fortalecer na escola a constituição de espaços e ambientes educativos que possibilitem a aprendizagem, reafirmando a escola como espaço do conhecimento, do convívio e da sensibilidade, condições imprescindíveis para a constituição da cidadania;
• Subsidiar a reflexão sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de nove anos.


PROVA BRASIL


Prova BrasilA Prova Brasil é o instrumento de medida das competências leitora e matemática, aplicado em praticamente todas as crianças e jovens matriculados na quarta e oitava séries (quinto e nono anos). 










PROVINHA BRASIL

Provinha BrasilA Provinha Brasil é o instrumento elaborado para oferecer aos professores e aos gestores das escolas públicas e das redes de ensino um diagnóstico do nível de alfabetização dos alunos, ainda no início do processo de aprendizagem, permitindo assim intervenções com vista à correção de possíveis insuficiências apresentadas nas áreas de leitura e escrita. Essa avaliação é um instrumento pedagógico sem finalidades classificatórias.



PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

Parâmetros Curriculares Nacionais

PCN de 1ª a 4ª série
PCN de 5ª a 8ª série




PARÂMETROS EM AÇÃO
Parâmetros em Ação• Alfabetização
• Educação Fundamental 1º e 2º Ciclos
• Educação Fundamental 3º e 4º Ciclos - Volume I - Volume II









PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES ALFABETIZADORES - PROFA



Prêmio Professores do Brasil - 2005
  • Experiências premiadas em 2005, publicadas em 2006  [Parte 1] [Parte 2]
Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica
Pró-Letramento
Referenciais para Formação de Professores
Palavras-chave: Ensino Fundamental, publicações, seb

 Fonte: MEC

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terça-feira, 8 de junho de 2010

Elas pecam por vaidade e Eles por luxúria

Elas pecam por vaidade e Eles por luxúria

Pesquisa do Vaticano revela que a obsessão por sexo é o principal pecado dos homens. O apego à imagem reina entre as mulheres

Carina Rabelo
Elas querem ser admiradas, belas, irresistíveis, autossuficientes e poderosas. Eles perdem a razão diante do objeto de atração sexual. É o que mostra uma pesquisa recém-divulgada que mapeia a incidência dos pecados capitais entre católicos de ambos os sexos. O estudo, realizado pelos renomados teólogos Wojciech Giertych, da Casa Pontifícia, e Roberto Busa, da Universidade Pontifícia Gregoriana, ambas do Vaticano, revela que 60% dos homens são dominados pela luxúria e 40% das mulheres pela vaidade.
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Dos demais vícios capitais, eles admitem ceder à gula e à preguiça e elas, à inveja e à ira. "Mesmo com o passar dos anos, estes continuam sendo os pecados mais comuns na humanidade", disse à ISTOÉ o padre Roberto Busa, 96 anos, que recebeu confissões de fiéis de toda a Itália ao longo dos seus 70 anos de sacerdócio. No estudo, os teólogos se basearam nas confissões realizadas no período da Quaresma, quando a maioria dos 40% de católicos que ainda cumprem este sacramento confessa seus pecados à Igreja. Mesmo com tantos relatos, as confissões estão em baixa - segundo estudo publicado recentemente pelo jornal inglês The Times, 30% dos fiéis não consideram a penitência necessária e 10% deles julgam a prática prejudicial ao diálogo direto com Deus.
A pesquisa dos padres Giertych e Busa também indica que 100% dos homens dizem ter cedido a algum dos vícios capitais (leia quadro) e 60%, aos mortais - atos de natureza grave, como assassinato ou roubo cometidos em plena consciência. Entre as mulheres, os capitais ficaram em 70% e os mortais em 30%.De acordo com psicólogos, as diferenças na incidência dos pecados entre homens e mulheres se fundamentam em questões subjetivas e culturais.
"A mulher erotiza sua aparência física para capturar o desejo do homem. Já os homens erotizam o ato sexual em si", avalia Sandra Dias, coordenadora do curso de psicanálise e psicopatologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Para ela, os pecados femininos e masculinos estão a caminho da alternância. "Ao longo dos anos, percebemos que os homens se tornaram mais vaidosos e as mulheres, mais sexuais. A prova disso é o surgimento dos metrossexuais e das mulheres que tratam homens como objetos de prazer", diz ela.
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O psicólogo Waldemar Magaldi Filho, doutor em ciências da religião, considera os pecados como traços mais sociais do que individuais e associa os relatos dos fiéis aos padrões de consumo da sociedade atual. "A mulher se tornou o objeto da luxúria masculina. Ela é forçada a se tornar interessante e atraente para que seja aceita no mercado", afirma. O psicólogo, autor do livro Dinheiro, saúde e sagrado, considera que os demais vícios relatados são consequência imediata dos principais. "Elas sentem inveja e ficam furiosas quando percebem a presença de outras mulheres mais belas. A gula entre eles está associada ao desejo pelo acúmulo de bens. A abundância seria a solução para uma vida no ócio, o sonho dos preguiçosos", analisa.
Se a luxúria já foi a grande vilã no ranking dos pecados capitais, hoje os teólogos consideram a vaidade o mais condenável. "É uma glória vazia, falsa e um sentimento presunçoso de superioridade. Revela-se através de um isolamento em si mesmo, uma vida egoísta, solitária e um medo de conviver com outras pessoas", disse à ISTOÉ dom Samuele Sangalli, que publicou na Itália no dia 16 de fevereiro o livro Introspezione medievale. L'analisi dei vizi in Tommaso D'Aquino (Introspecção medieval - a análise dos vícios em Tomás de Aquino).
Segundo Sangalli, São Tomás de Aquino, o terceiro teólogo a formular a lista de pecados capitais, no século XIII, sugeriu a humildade como contraponto à vaidade e o zelo como o antídoto à inveja. A luxúria, a gula e a preguiça seriam sanadas pelo desenvolvimento da espiritualidade. "Para quem tiver forças para superar a falta de fé, a vida se torna doce e suave como o mel", disse o filósofo.
No passado, os pecados capitais tinham caráter individual, mas na última revisão do Vaticano, em 2008, ganharam alcance coletivo. Entre os novos pecados estão as modificações genéticas, os experimentos científicos em seres humanos, a poluição do meio ambiente, a injustiça social e a ambição financeira. De acordo com Sangalli, apesar de os antigos pecados falarem mais do indivíduo do que da sociedade, sempre houve uma forte conotação social. "A inveja é corrosiva para toda a sociedade, assim como a avareza é a responsável pelas grandes injustiças sociais", afirma.



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Elas pecam por vaidade e Eles por luxúria

Elas pecam por vaidade e Eles por luxúria

Pesquisa do Vaticano revela que a obsessão por sexo é o principal pecado dos homens. O apego à imagem reina entre as mulheres

Carina Rabelo
Elas querem ser admiradas, belas, irresistíveis, autossuficientes e poderosas. Eles perdem a razão diante do objeto de atração sexual. É o que mostra uma pesquisa recém-divulgada que mapeia a incidência dos pecados capitais entre católicos de ambos os sexos. O estudo, realizado pelos renomados teólogos Wojciech Giertych, da Casa Pontifícia, e Roberto Busa, da Universidade Pontifícia Gregoriana, ambas do Vaticano, revela que 60% dos homens são dominados pela luxúria e 40% das mulheres pela vaidade.
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Dos demais vícios capitais, eles admitem ceder à gula e à preguiça e elas, à inveja e à ira. "Mesmo com o passar dos anos, estes continuam sendo os pecados mais comuns na humanidade", disse à ISTOÉ o padre Roberto Busa, 96 anos, que recebeu confissões de fiéis de toda a Itália ao longo dos seus 70 anos de sacerdócio. No estudo, os teólogos se basearam nas confissões realizadas no período da Quaresma, quando a maioria dos 40% de católicos que ainda cumprem este sacramento confessa seus pecados à Igreja. Mesmo com tantos relatos, as confissões estão em baixa - segundo estudo publicado recentemente pelo jornal inglês The Times, 30% dos fiéis não consideram a penitência necessária e 10% deles julgam a prática prejudicial ao diálogo direto com Deus.
A pesquisa dos padres Giertych e Busa também indica que 100% dos homens dizem ter cedido a algum dos vícios capitais (leia quadro) e 60%, aos mortais - atos de natureza grave, como assassinato ou roubo cometidos em plena consciência. Entre as mulheres, os capitais ficaram em 70% e os mortais em 30%.De acordo com psicólogos, as diferenças na incidência dos pecados entre homens e mulheres se fundamentam em questões subjetivas e culturais.
"A mulher erotiza sua aparência física para capturar o desejo do homem. Já os homens erotizam o ato sexual em si", avalia Sandra Dias, coordenadora do curso de psicanálise e psicopatologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Para ela, os pecados femininos e masculinos estão a caminho da alternância. "Ao longo dos anos, percebemos que os homens se tornaram mais vaidosos e as mulheres, mais sexuais. A prova disso é o surgimento dos metrossexuais e das mulheres que tratam homens como objetos de prazer", diz ela.
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O psicólogo Waldemar Magaldi Filho, doutor em ciências da religião, considera os pecados como traços mais sociais do que individuais e associa os relatos dos fiéis aos padrões de consumo da sociedade atual. "A mulher se tornou o objeto da luxúria masculina. Ela é forçada a se tornar interessante e atraente para que seja aceita no mercado", afirma. O psicólogo, autor do livro Dinheiro, saúde e sagrado, considera que os demais vícios relatados são consequência imediata dos principais. "Elas sentem inveja e ficam furiosas quando percebem a presença de outras mulheres mais belas. A gula entre eles está associada ao desejo pelo acúmulo de bens. A abundância seria a solução para uma vida no ócio, o sonho dos preguiçosos", analisa.
Se a luxúria já foi a grande vilã no ranking dos pecados capitais, hoje os teólogos consideram a vaidade o mais condenável. "É uma glória vazia, falsa e um sentimento presunçoso de superioridade. Revela-se através de um isolamento em si mesmo, uma vida egoísta, solitária e um medo de conviver com outras pessoas", disse à ISTOÉ dom Samuele Sangalli, que publicou na Itália no dia 16 de fevereiro o livro Introspezione medievale. L'analisi dei vizi in Tommaso D'Aquino (Introspecção medieval - a análise dos vícios em Tomás de Aquino).
Segundo Sangalli, São Tomás de Aquino, o terceiro teólogo a formular a lista de pecados capitais, no século XIII, sugeriu a humildade como contraponto à vaidade e o zelo como o antídoto à inveja. A luxúria, a gula e a preguiça seriam sanadas pelo desenvolvimento da espiritualidade. "Para quem tiver forças para superar a falta de fé, a vida se torna doce e suave como o mel", disse o filósofo.
No passado, os pecados capitais tinham caráter individual, mas na última revisão do Vaticano, em 2008, ganharam alcance coletivo. Entre os novos pecados estão as modificações genéticas, os experimentos científicos em seres humanos, a poluição do meio ambiente, a injustiça social e a ambição financeira. De acordo com Sangalli, apesar de os antigos pecados falarem mais do indivíduo do que da sociedade, sempre houve uma forte conotação social. "A inveja é corrosiva para toda a sociedade, assim como a avareza é a responsável pelas grandes injustiças sociais", afirma.



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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Livro didático CONTRA ou a FAVOR?



Magda Soares, doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estuda há anos a importância do livro didático no dia-a-dia do magistério. Com mais de 24 obras publicadas sobre letramento, linguagem, leitura, escrita e alfabetização, defende o livro didático na sala de aula, rebatendo enfaticamente as críticas que fazem ao seu uso. Afirma que trata-se de um erro histórico, já que o livro persistiu ao longo dos séculos, sempre presente em todas as situações formais de ensino: "Professores e alunos, avaliadores e críticos que manipulam os livros didáticos nem sempre se dão conta de que eles são o resultado da longa história da escola e do ensino". O que não é aconselhável é usá-lo como uma imposição, uma prescrição que deva ser seguida passo a passo. "O livro didático é necessário e eficaz, mas se deixar dirigir, exclusivamente, por ele, é renunciar à liberdade que o professor tem, pode e deve ter", afirma em entrevista à Nós da Escola.

Embora receba várias críticas, o livro didático continua sendo um importante instrumento de trabalho. Por quê?

Magda Soares - Quatro questões estão presentes na pergunta, questões fundamentais em uma reflexão sobre livro didático: primeiro, ao usar o verbo "continuar", a pergunta revela o reconhecimento da permanência do livro didático ao longo do tempo; segundo, a pergunta caracteriza bem o livro didático, chamando-o de "instrumento de trabalho"; terceiro, a pergunta qualifica esse instrumento de trabalho que é o livro didático como "importante", caracterização com que concordo plenamente; finalmente, a pergunta menciona as "varias críticas" que o livro didático recebe, críticas que é necessário discutir e rebater. Acho que seria interessante comentar essas questões.

Quais são então as críticas feitas aos livros didáticos?

Magda Soares - As críticas que atualmente são feitas ao livro didático chegam a defender sua rejeição, sua eliminação das salas de aula, como se ele fosse um material didático recém-inventado, de existência ainda indefinida e perigosa, criado para oprimir e submeter os professores e enriquecer autores e editores. Um erro histórico, porque o livro didático surgiu já na Grécia Antiga - Platão aconselhava o uso de livros de leitura que apresentassem uma seleção do que havia de melhor na cultura grega; a partir daí, o livro didático persistiu ao longo dos séculos, sempre presente em todas as sociedades e em todas as situações formais de ensino. Um exemplo: "Os Elementos de Geometria", de Euclides, escrito em 300 a.C., circulou desde então e por mais de vinte séculos como manual escolar; outros exemplos são os livros religiosos, abecedários, gramáticas, livros de leitura que povoaram as escolas por meio dos séculos. Ao longo da história, o ensino sempre se vinculou indissociavelmente a um livro "escolar", fosse ele livro "utilizado" para ensinar e aprender, fosse livro propositadamente "feito" para ensinar e aprender. Professores e alunos, avaliadores e críticos que, hoje, manipulam tão tranqüilamente os livros didáticos nem sempre se dão conta de que eles são o resultado de uma longa história, na verdade, da longa história da escola e do ensino.

Este vínculo do ensino com o livro didático limita o trabalho do professor?

Magda Soares - Uma das crítica feitas ao livro didático - e aqui continuo a rebater essas críticas - é que ele tira a autonomia e liberdade do professor para buscar ou criar, ele mesmo, o material e as atividades com os quais desenvolve o processo de ensino e de aprendizagem. Um dos pontos falhos dessa crítica é que ela não considera, eu até diria "não respeita", as condições de trabalho que são dadas ao professor no Brasil, hoje. Outro ponto falho é que não é propriamente o livro didático que tira a autonomia e liberdade do professor. O professor que se deixa dirigir exclusivamente pelo livro didático está renunciando à autonomia e à liberdade que tem, que pode ter e que deve ter. Essa autonomia e liberdade estão garantidas quando o professor usa o livro didático apenas como um instrumento de trabalho, lançando mão dos textos e das atividades que o livro propõe como uma facilitação de seu trabalho: alguém - o autor ou os autores do livro didático - com mais tempo, mais vagar e quase sempre mais experiência, oferece a ele suporte para a realização de sua tarefa - selecionou textos adequados, informações necessárias, atividades apropriadas, o que exige busca, pesquisa, reflexão, coisas para as quais o professor dificilmente teria tempo ou condições. Qual o motivo da permanência do livro didático na escola? Magda Soares - Apesar das grandes mudanças que a escola tem experimentado ao longo do tempo, uma característica ela nunca perdeu, característica que é a sua própria essência: na escola, ações e tarefas são ordenadas e hierarquizadas, alunos são distribuídos em grupos organizados por determinados critérios - o ciclo, a série, a turma, o tempo é dividido e controlado, o trabalho obedece a determinadas regras e rituais e é avaliado; sobretudo, na escola, são ensinados e aprendidos conhecimentos, práticas sociais, habilidades e competências, selecionados no amplo campo da cultura, hierarquizados e seqüenciados. Currículos, programas, materiais didáticos representam estratégias sociais e educacionais para concretizar e operacionalizar essa seleção, hierarquização e seqüenciação. Nesse sentido, o livro didático foi criado, e isso aconteceu antes mesmo de serem estabelecidos programas e currículos mínimos, como instrumento para garantir a aquisição dos saberes escolares, isto é, daqueles saberes e competências considerados indispensáveis para a inserção das novas gerações na sociedade, aqueles saberes que não é permitido a ninguém ignorar. Além disso, ele fornece ao professor textos e propostas de atividades que viabilizam a sua ação docente, o que é particularmente importante hoje, no Brasil, por causa das condições atuais de trabalho dos professores que, para sobreviver, têm ou de se ocupar com aulas em dois e às vezes até três turnos, ou de ter uma outra atividade, paralela à do magistério.

Desde 1995, o MEC vem desenvolvendo ações que visam à melhoria da qualidade do livro didático. A qualidade dos livros melhorou?

Magda Soares - Considero de grande importância para a educação e o ensino a ação que o MEC vem exercendo na área do livro didático: ao constituir comissões de especialistas para fixar critérios de qualidade do livro didático e para avaliar os livros oferecidos por autores e editores, o MEC presta um grande serviço tanto à escola pública, garantindo a qualidade dos livros entre os quais os professores podem escolher e que os alunos podem receber, por meio do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), quanto à escola privada, que conta, para orientar suas escolhas, com uma avaliação externa dos livros oferecidos no mercado. Os Guias de Livros Didáticos publicados pelo MEC após cada avaliação, com as resenhas críticas dos livros assinalados, constituem uma orientação preciosa para professores, tanto da escola pública quanto da escola privada. Ao longo dos anos e das avaliações, os números comprovam que a qualidade dos livros vem melhorando significativamente: nas primeiras avaliações, uma grande percentagem dos livros encaminhados ao MEC eram excluídos ou não recomendados - em 1997, por exemplo, dos 511 livros para as primeiras séries do Ensino Fundamental apresentados pelas editoras, foram recomendados apenas 66; nas últimas avaliações, diminuiu muito o número de livros que as editoras submetem à apreciação e também o número de livros que as comissões rejeitam como "não recomendados", o que indica que não só as próprias editoras vêm sendo mais criteriosas na seleção dos livros que publicam, como também autores têm reformulado seus livros ou construído novos livros atentos aos critérios de qualidade.

Quais os critérios para a escolha de um livro didático?

Magda Soares - Os Guias publicados pelo MEC apresentam os critérios utilizados para a avaliação dos livros didáticos, esses mesmos critérios podem orientar a escolha de livros por uma escola ou professor. Se a escolha for feita entre os livros avaliados e recomendados, aqueles que constam do Guia, já foram excluídos os livros que ferem critérios que não podem deixar de ser considerados: um livro didático não pode apresentar conceitos ou informações incorretas, não pode veicular preconceitos de classe, etnia, cor gênero, etc. Para além desses critérios que valem para todo e qualquer livro, os critérios variam de disciplina a disciplina, porque cada uma tem suas especificidades. Um critério fundamental de escolha, porém, é que o livro seja coerente com a concepção que o professor tem da natureza do conteúdo que ensina e dos objetivos do ensino desse conteúdo, seja adequado ás características de seus alunos e ao projeto político-pedagógico da escola. Como esses critérios se fundamentam em aspectos que são ou devem ser comuns aos professores de uma mesma escola, no caso das característica dos alunos e do projeto político pedagógico, ou comuns aos professores de uma mesma disciplina, no caso da concepção da natureza e dos objetivos da disciplina, a escolha do livro didático não pode ser responsabilidade de cada professor, não deve ser um ato individual, mas deve ser assumida pelo grupo de professores, ora da escola como um todo, ora dos professores de uma determinada disciplina; deve ser um ato coletivo.

O que explica a permanência de alguns títulos no mercado, durante décadas?

Magda Soares - É realmente um fenômeno interessante a questão do tempo durante o qual um determinado livro didático permanece no mercado. Se tomamos uma perspectiva histórica, constatamos que esse tempo vai se tornando cada vez mais curto, ao longo das décadas. No passado, houve livros didáticos com numerosas e sucessivas edições utilizados por 40, 50 anos nas salas de aula; um exemplo é a "Antologia Nacional", de Fausto Barreto e Carlos de Laet; publicada em 1895, dominou, por mais de 70 anos, o ensino de Português, com sua última edição, a 43ª, em 1969. Nas últimas décadas, o número de edições de um mesmo livro didático é bem menor, seu tempo de vida nas salas de aula e, portanto, no mercado, não ultrapassa, geralmente, cinco, seis anos.

Por quê?

Magda Soares - Há várias razões para isso. Uma delas é que, enquanto até a década de 60 eram poucos os livros didáticos oferecidos no mercado, a partir dessa década como conseqüência da grande expansão do número de escolas e, portanto, do número de alunos e professores, cresce o número de consumidores do livro didático e, por causa desse novo e promissor mercado, multiplicam-se os autores, os editores e, portanto, as obras - a escolha se dispersa entre várias obras, uma obra é logo substituída por outra. Outra razão, esta talvez mais importante, é que o avanço e a mudança dos conhecimentos e habilidades no mundo contemporâneo são tão rápidos que quase se pode afirmar que o que se está ensinando hoje estará provavelmente ultrapassado no ano que vem. Sendo assim, os livros didáticos, que não podem conter conceitos ou informações que se tornaram errados ou inadequados, que devem incorporar novas concepções de aprendizagem, novas metodologias, novos recursos, costumam ficar em pouco tempo ultrapassados e saem do mercado ou são substituídos por nova versão que atualize a anterior.

Qual a diferença entre o livro didático e o paradidático? Há alguma tendência de um vir a substituir o outro, no futuro?

Magda Soares - Livro didático e paradidático são diferentes quanto a seus objetivos e suas funções. O objetivo do livro didático é apresentar uma proposta pedagógica de um conteúdo selecionado no vasto campo de conhecimento em que se insere a disciplina a que se destina, organizado segundo uma progressão claramente definida e apresentado sob forma didática adequada aos processos cognitivos próprios a esse conteúdo e ainda própria à etapa de desenvolvimento e de aprendizagem em que se encontre o aluno. Sua função, como já foi dito, é servir de suporte para o ensino, um instrumento de trabalho para o professor e aluno. Já o livro paradidático tem por objetivo aprofundar ou ampliar um determinado tópico ou tema do conteúdo de uma ou mais disciplinas; sua função não é a de dar suporte ao ensino e à aprendizagem, como o livro didático, mas é a de auxiliar o ensino e a aprendizagem; uma outra diferença é que, enquanto o livro didático é concebido para um uso sobretudo coletivo e, de certa forma, obrigatório, o paradidático é concebido para uma leitura individual e freqüentemente facultativa. Quanto á segunda parte da pergunta - se há tendência de o paradidático substituir o didático - eu diria que não; o livro didático tem objetivos e funções indissoluvelmente ligados à própria essência e natureza da escola e do ensino, como comentei anteriormente, não pode ser substituído por um material que tem objetivos e funções diferentes; o paradidático certamente contribui na busca dos objetivos e no desempenho das funções que tem o livro didático, mas não tem condições de substituí-lo. Mas convém lembrar que os paradidáticos, que se multiplicaram nas últimas nas últimas décadas, vêm oferecer aos professores uma valiosa alternativa, entre as muitas e várias outras de que eles dispõem, para que não se limitem ao livro didático, exerçam sua autonomia e liberdade para ir além dele, enriquecê-lo e ampliá-lo.

Por que o Brasil comemora o Dia Nacional do Livro Didático?

Magda Soares - Em um país que tem um pouco a mania dos "dias nacionais" para comemorar as mais diferentes coisas, não poderia deixar de existir um Dia Nacional do Livro Didático, como forma de reconhecer e valorizar esse tipo de livro que vem sendo, como defendi ao longo dessa entrevista, um fundamental instrumento de trabalho para o ensino e a aprendizagem escolar, um importante coadjuvante da formação das novas gerações, uma contribuição significativa ao trabalho do professor. 

Fonte: Rede Pitágoras


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O Senhor da Morte Yamaraja e suas 4 cartas. Aproveita sua forma de vida humana. Cante Hare Krsna e seja feliz.

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