terça-feira, 19 de agosto de 2014

LIÇÃO SOBRE TOTALITARISMO - PERCIVAL PUGGINA



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O erro de Kelsen: os estudos de B. F. Skinner contra a ciência do direito – Thor Lincoln Nunes Grünewald



Hans Kelsen é um dos maiores influenciadores da filosofia por trás do ordenamento jurídico brasileiro, sendo celebrado por todos que atuam com o Direito. Ele propôs, entre várias teses, o estudo científico do Direito, afirmando que essa ciência se erige sobre o princípio da imputação, o que a diferenciava das demais áreas de estudo. Esse autor foi alvo de críticas, mas nenhuma delas enfrentou o caráter científico que ele atribuiu ao Direito e mesmo as que a comunidade científica lhe dirigiu não foram feitas com estudos corretos sobre seus argumentos, como ele mesmo reconheceu. Por isso, uma pesquisa que apure adequadamente a essência dessa tese e, assim, consiga refutá-la, mostra-se relevante para a Ciência, realizando hoje o que se sabe não ter sido feito na época daquele jurista. Então, a fim de fazer uma crítica nova e contundente, de modo a ampliar o progresso científico, fez-se necessária uma pesquisa bibliográfica para responder aos seguintes questionamentos: quais os referenciais teóricos de Kelsen para sua Ciência do Direito? Quais os seus argumentos? Como eles podem ser interpretados? Quais os pontos de sua abordagem precisam ser melhor testados cientificamente? Ao longo dessa pesquisa, descobriu-se que, para Kelsen, o Direito visa o controle do comportamento humano pela punição; que ele escolheu parte de seu referencial, Ernst Mach, conforme sua conveniência, para criar a imputação, princípio com o qual justificou seu argumento; que a imputação é a ligação entre uma conduta (comportamento) de um homem e a consequência punitiva (comportamento) que outro homem lhe aplica; que os pontos desse princípio são o seu caráter meramente hipotético, a preocupação com o comportamento humano sem explicá-lo e a mencionada desvirtuação da tese machiana. Para criticá-lo, estudou-se B. F. Skinner sob os mesmos questionamentos, desde que adequados ao trabalho desse cientista. Descobriu-se que Skinner, dentro do mesmo referencial teórico, não foi seletivo em sua base filosófica, pois seguiu-a estritamente, realizou experimentos para testar suas hipóteses, explicou o comportamento humano e, após seu inquérito científico, descobriu que a punição é uma técnica ineficiente para controlar comportamentos. Diante dos resultados obtidos, conclui-se que a imputação é uma ficção e que o Direito, erguido por Kelsen, não é uma ciência, nem está próximo de solucionar os problemas da humanidade. Ao contrário, a suposta cientificidade da abordagem desse autor mostra-se perigosa para o futuro da raça humana. A partir desse estudo, propôs-se o combate à punição como técnica de controle comportamental e o uso da ciência de Skinner para que o mundo vá além do Direito.

http://www.redepsi.com.br/2012/01/16/o-erro-de-kelsen-os-estudos-de-b-f-skinner-contra-a-ci-ncia-do-direito-thor-lincoln-nunes-gr-newald/

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segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Consumo de Drogas na Adolescência Autor: Roseane Rodrigues Nascimento


Resumo: O presente artigo trata de um tema em bastante evidencia: o uso de drogas por adolescentes. Essa questão traz bastante preocupação não somente para os pais e familiares, mas também para toda a sociedade, pois o envolvimento de jovens cada vez mais cedo com drogas produz um efeito cascata que acaba por afetar diretamente a todos. Afinal o jovem deixa a escola, comprometendo o seu futuro, passa a ser agressivo com os familiares, começa a roubar em casa para sustentar o vício, passa a praticar assaltos que podem resultar em latrocínio e, algumas vezes, são presos ou mortos pelos próprios traficantes, ou morrem de overdose. O álcool, uma droga lícita, também é responsável por grandes tragédias envolvendo adolescentes. As drogas lícitas ou ilícitas não trazem qualquer beneficio aos jovens, portanto, faz-se necessário que a sociedade em geral, incluindo familiares e amigos se unam com o objetivo de conscientizar esses jovens das consequências que as drogas trazem para suas vidas.
Palavras-chave: Adolescentes. Drogas. Tragédias. Sociedade.

1. Introdução

Questões envolvendo crianças e adolescentes sempre tiveram destaques entre profissionais de diversas áreas, assim, como também de familiares. Contudo a preocupação com esses jovens vem aumentando nos últimos tempos, pois nota-se que cada vez mais, crianças e adolescentes estão envolvidos em crimes e atos de violência, dos quais, grande parte envolve o uso de drogas, tanto licitas como ilícitas.
Os prejuízos no âmbito da saúde do indivíduo são irreparáveis e muitas vezes incontroláveis, há um prejuízo imensurável no que diz respeito à vida social, familiar, emocional e psicológica da pessoa. Por esse motivo é preciso uma campanha de conscientização constante, além de ser extremamente necessário o atendimento de famílias carentes para que elas possam ter condições de manterem-se e não caírem em doenças como a depressão que levam naturalmente ao uso das drogas. A condição social do indivíduo é influente e contribui para o uso ou não das drogas, pois na maioria das vezes estas são consideradas uma fuga da realidade que essas pessoas enfrentam, e por isso se torna tão freqüente o seu uso.

2. Drogas – Aspectos Conceituais

Em uma definição mais simples pode-se dizer que as drogas são substâncias consumidas em sua forma natural ou não, cujo efeito consiste na mudança do funcionamento do organismo e, na maioria dos casos, aptamente prejudiciais.
Porém, nem todas as drogas são ilícitas, existem aquelas cujo uso é liberado, como é o caso do álcool e do cigarro, e que nem por isso deixam de ser prejudiciais.
Vale lembrar que as drogas lícitas têm a venda proibida para menores de idade, contudo, tal proibição não inibe o seu uso por um número cada vez maior de jovens e adolescentes.

2.1 Drogas Lícitas

As drogas lícitas são aquelas legalizadas, produzidas e comercializadas livremente e que são aceitas pela sociedade. Os dois principais exemplos de drogas lícitas na nossa sociedade são o cigarro e o álcool.
É importante mencionar que o fato de algumas drogas serem liberadas para venda e consumo, não quer dizer que estas não sejam prejudiciais, principalmente para jovens e adolescentes, pois embora sua venda seja proibida para menores de idade, não existe uma medida de controle rigorosa que os impeçam de consumi-las.
Conforme comenta Scivoletto:
Observa-se aqui que o fato de serem liberadas não significa que não tenham algum tipo de controle governamental bem como não provoquem algum prejuízo à saúde mental, física e social. Isto dependerá de múltiplos fatores tais como quantidade, qualidade e freqüência de uso (1997, p. 14).
Mas não é somente o álcool e o cigarro que são drogas prejudiciais, existem aquelas de origem farmacológica que também são muito utilizadas. Os remédios indicados para reduzir a ansiedade ou induzir o sono, os descongestionantes nasais, os anorexígenos (medicamentos utilizados para reduzir o apetite e controlar o peso), e os anabolizantes (hormônios usados para aumentar a massa muscular), são exemplos de drogas desse tipo.
Todas essas substancias mencionadas são drogas lícitas que tem causado grandes prejuízos aos adolescentes, resultando em sérios danos físicos, psicológicos e, até mesmo em morte.

2.2 Drogas Ilícitas, Formas e Conseqüências

Ao contrário das drogas lícitas, as ilícitas são aquelas que não são legalizadas, ou seja, sua produção e consumo são proibidos no Brasil. Em alguns países, determinadas drogas são permitidas sendo que seu uso é considerado normal e integrante da cultura. Tais substâncias podem ser estimulantes, depressivas ou perturbadoras do sistema nervoso central, o que perceptivelmente altera em grande escala o organismo.
Dentre as drogas ilícitas mais comuns podemos citar a Cocaína, o Ecstasy, a Heroína, Inalantes e a maconha, aos quais veremos a seguir:

2.2.1 Cocaína

A cocaína é uma droga que causa dependência imediata de modo que a pessoa que a consome, para deixar de consumi-la, deve ter bastante força de vontade e submeter-se a tratamentos.
Os riscos que a pessoa ao consumir cocaína se submete, independem da forma como ela é usada, seja por inalação, injeção ou fumo. Sendo que se esta substância for fumada, o indivíduo se torna dependente com maior facilidade.  
Conforme Scivoletto:
Os efeitos físicos do uso da cocaína incluem uma constrição nos vasos periféricos, dilatação das pupilas, e aumento da temperatura, freqüência cardíaca e pressão arterial. A duração dos efeitos eufóricos imediatos da cocaína, que incluem hiperestimulação, redução do cansaço e clareza mental, depende da via de administração. Quanto maior a absorção, maior a intensidade dos efeitos (2011, p. 02).
Mas o maior problema reside no fato de que o organismo possui tolerância, e, portanto, ele adquire maior necessidade de consumir mais e mais drogas.
Existe um grande risco do usuário morrer mesmo que seja a primeira vez que administre a droga. Além do risco de morte, o usuário dessa droga tem sérias conseqüências de cunho social e de relacionamento, sobretudo com a família que geralmente desaprova o seu uso. A sociedade acaba também por se prejudicar, uma vez que os dependentes perdem o emprego, ou no caso dos adolescentes, afastam-se dos estudos e tendem a se tornarem marginais, pois precisam roubar para sustentar o vício e, em casos mais graves, o indivíduo é capaz até mesmo de matar.
Scivoletto diz ainda que:
Evidências científicas sugerem que as propriedades do poderoso envolvimento neuropsicológico da cocaína é responsável pelo seu uso contínuo, mesmo com as conseqüências físicas e sociais danosas. Existe o risco de morte súbita mesmo no primeiro uso da cocaína ou de forma inesperada após o seu uso. Entretanto, não há como determinar quem tem propensão para morte súbita (2011, p. 06).
Sendo ainda que altas doses de cocaína e o uso prolongado pode desencadear paranóia. E as pessoas dependentes ao interromper o uso da droga, freqüentemente apresentam depressão.

2.2.2 Ecstasy

O ecstasy é uma droga poderosíssima que pode ser utilizada tanto na forma de pílula, como também por inalação e injeção. É uma droga sintética e psicoativa com propriedades estimulantes e alucinógenas, é também conhecida como ecstasy e droga do amor.
Primariamente usada em boates e raves, está sendo cada vez mais usada em vários outros círculos sociais. Seu uso exagerado pode causar hipotermia, provocando ainda, insuficiência dos rins e cardiovascular, além de lesão cerebral, afetando também os neurônios.
Além de todas estas conseqüências, o ecstasy causa distúrbios psicológicos, tais como: confusão, depressão, distúrbios do sono, ansiedade grave, paranóia, tensão muscular, desmaios, dentre outros.
Conforme Malbergier:
Estudos recentes têm ligado o uso do ecstasy a lesões a longo prazo de partes específicas do cérebro, relacionadas com a memória e prazer. O ecstasy também está relacionado com a degeneração de neurônios que contém um neurotransmissor chamado dopamina, a lesão desses neurônios é a causa de distúrbios motores vistos na doença de Parkinson. Os sintomas dessa doença começam com uma falha de coordenação e tremores e pode eventualmente resultar em uma forma de paralisia (2001, p. 18).
Ou seja, o ecstasy traz uma infinidade de conseqüências ao organismo, sobretudo dos adolescentes por estarem em processo de formação e, por isso, podem ter todo o seu futuro comprometido, pois em alguns casos, os danos podem ser irreversíveis.

2.2.3 Heroína

A Heroína também é um tipo de droga que leva o usuário facilmente a dependência.  É feita de morfina em forma de pó branco ou marrom.
O uso continuado de heroína causa graves problemas físicos, morte, aborto em mulheres grávidas em qualquer período da gestação, doenças tais como AIDS e hepatite. Malbergier diz que:
Além dos próprios efeitos da heroína, a droga pode conter aditivos que não se dissolvem bem e resulta em obstrução dos vasos sanguíneos dos pulmões, fígado, rins ou cérebro. Isso causa infecção ou mesmo a morte de parte desses órgãos vitais (2001, p. 22).

2.2.4 Maconha

A maconha, principalmente por ser legalizada em muito países, é uma droga que os jovens costumam acreditar não causar grandes prejuízos à saúde, contudo, normalmente aqueles que usam drogas ditas “pesadas” começaram com o consumo da maconha.
Ela tem como principal composto químico o THC sendo ele o responsável pelos efeitos da maconha no sistema nervoso.  Quando fumada, a substância passa diretamente dos pulmões para a corrente sanguínea que o leva diretamente para todo o organismo e cérebro.
É importante mencionar que a maconha traz grandes riscos à saúde dos usuários, pois causam deficiência na memória e no aprendizado, perda da coordenação, e aumento da freqüência cardíaca. Segundo Gomid:
Alguns efeitos adversos na saúde causados pela maconha podem ocorrer devido o THC prejudicar a habilidade do sistema imune de lutar contra infecções e câncer. Depressão, ansiedade, e distúrbios da personalidade também estão associados com o uso da maconha. Devido ao efeito prejudicial na habilidade de aprendizado e memória, quanto mais a pessoa abusa da maconha, mais propensa ela será de ter um declínio de suas atividades intelectuais, de trabalho e sociais. Dentre as conseqüências que as drogas ilícitas trazem pode-se dar ênfase à violência gerada por elas em todas as fases de produção até o consumidor final. As demais conseqüências são: arritmia cardíaca, trombose, AVC, necrose cerebral, insuficiência renal e cardíaca, depressão, disforia, alterações nas funções motoras, perda de memória, disfunções no sistema reprodutor e respiratório, câncer, espinhas, convulsões, desidratação, náuseas e exaustão (2004, p. 21).
É importante esclarecer que a dependência das drogas é tratável, ou seja, através do auxílio médico e familiar uma pessoa pode deixar o vício e voltar a ter uma vida normal sem que necessite ingerir substâncias que criam falsas necessidades no organismo.

3. Drogas - Classificação

As drogas podem ser classificadas de acordo com a ação que exercem sobre o sistema nervoso central. Elas podem ser depressoras, estimulantes, perturbadoras ou, ainda, combinar mais de um efeito.

3.1 Depressoras

As drogas depressoras são substâncias que diminuem a atividade cerebral, deixando os estímulos nervosos mais lentos. Fazem parte desse grupo o álcool, os tranqüilizantes, o ópio (extraído da planta Papoula somniferum) e seus derivados, como a morfina e a heroína.

3.2 Estimulantes

As drogas com efeito estimulante aumentam a atividade cerebral, deixando os estímulos nervosos mais rápidos. Excitam especialmente a área sensorial e motora.
A anfetamina, a cocaína (produzida das folhas da planta da coca, Erytroxylum coca) e seus derivados, como o crack, fazem parte desse grupo.
3.3 Perturbadoras
As drogas perturbadoras são substâncias que fazem o cérebro funcionar de uma maneira diferente, muitas vezes com efeito alucinógeno. Não alteram a velocidade dos estímulos cerebrais, mas causam perturbações na mente do usuário. Incluem a maconha, o haxixe (produzidos da planta Cannabis sativa), os solventes orgânicos (como a cola de sapateiro) e o LSD (ácido lisérgico).

3.4 Drogas com Efeito Misto

Esse tipo de droga combinam dois ou mais efeitos. A mais conhecida desse grupo é o ecstasy, metileno dioxi-metanfetamina (MDMA), que produz uma sensação ao mesmo tempo estimulante e alucinógena.

4. Uso de Drogas na Adolescência e as Relações Familiares

Levando em consideração que não se deve generalizar as situações, é percebido que muitos jovens e adolescentes que se envolvem com o mundo das drogas, geralmente não tem uma relação aberta e de amizade com seus familiares.
Isso não tem nada a ver com maus tratos e nem com falta de amor, mas sim, pela falta de tempo dos pais para se dedicarem a conversar e estreitar os laços com os filhos e esse fato faz com que os mesmos procurem amizades que os levam a usar drogas ou ter comportamentos que não condizem com a vontade dos pais.
Ao ler obras escritas por Piaget, temos a certeza de que o convívio, o amor e a atenção dos familiares, é indispensável para que os adolescentes se mantenham afastados das drogas.
É comum se ouvir, que a educação vem de berço, portanto é necessário compreender que a educação não começa somente após a criança aprender falar, e sim desde o momento em que nasce, pois mesmo que estas não saibam manifestar ou expressar de forma clara os seus sentimentos, já é possível perceber os sinais de inteligência, desde os primeiros meses de vida.
Ao sugerir uma meditação sobre a família como agente fundamental na formação do ser humano, constata-se que é trabalho primordial tanto dos pais, como também dos educadores o trabalho de transformar uma criança imatura em cidadão maduro, participativo, atuante e consciente de seus deveres e direitos. Pois para que este ser em desenvolvimento seja futuramente um cidadão com essas qualidades ele deve espelhar-se em indivíduos que também retenham esses predicados.
Conforme Oliveira:
Tudo que os pais fazem desperta certa curiosidade na criança. Se o pai está fazendo ginástica a criança quer tentar também, quando a mãe está passando creme a criança quer passar também, se a mãe está cozinhando ela quer cozinhar também (2004, p. 17).
Ou seja, os filhos espelham-se nos pais, de modo que os pais devem ter condutas e atitudes que os filhos possam seguir sem ter o seu futuro comprometido.
O autor segue dizendo que:
Em relação ao álcool tanto quanto nos demais aspectos, o principal é que os pais observem os filhos, saibam o que estão fazendo e onde estão indo. O controle absoluto é impossível e também, creio, não recomendado. O que não pode é os pais ficarem alheios ao cotidiano dos filhos, de modo a sequer perceberem quando, reiteradamente, chegam em casa embriagados. Acredito que a orientação quanto aos riscos, o diálogo, o exemplo e uma intervenção enérgica quando necessária  sejam a melhor estratégia para os pais inibirem a compra e o consumo de bebidas alcoólicas pelos filhos. Creio também equivocadas campanhas que superestimem os danos, e operem na base do amedrontamento, já que o discurso do ‘terror’ parece ineficaz para adolescentes (2004, p 18).
Nessa expectativa, a família deve aproveitar ao máximo as possibilidades de estreitamento de relações, porque o ajuste entre ambas e a união de esforços para a educação das crianças e adolescentes deve ser considerado como elemento facilitador de aprendizagens e de formação pessoal.
Dessa forma, sugere-se que a sociedade sinta-se desafiada a repensar sobre a situação dos adolescentes hoje, considerando que eles apresentam características únicas e individuais e por isso se faz necessário manter um trabalho em parceria com as famílias.
As crianças e os adolescentes vão começar a agir de acordo com o que lhes for imposto pelos pais, desde se alimentar nas horas certas, ter hora para dormir, entre outras coisas do cotidiano. Ao longo do tempo, as atitudes e os ensinamentos dos pais os ajudaram na sua formação moral e ética. Piaget compara o desenvolvimento psíquico ao orgânico em busca do equilíbrio:
A mesma maneira que um corpo está em evolução até atingir um nível relativamente estável – caracterizado pela conclusão do crescimento e pela maturidade dos órgãos, também a vida mental pode ser concebida como evoluindo na direção de uma forma de equilíbrio final, representada pelo espírito adulto (1999, p.13).
Para o autor, esta forma de desenvolvimento é explicada pelo amadurecimento dos indivíduos, afirmando que o desenvolvimento humano é variável devido às transformações que cada pessoa sofre, tanto externa como interna, e na fase adolescente essas mudanças são mais intensas fazendo com que os jovens estejam em constante busca pelo reajustamento e o equilíbrio, podendo, nestas circunstancias, buscar sua identidade junto aos amigos que nem sempre são boas influências para eles. Para Caldeira:
A droga aparece como um atrativo para o adolescente que pode estar vivenciando uma relação conflituosa com a família, ou estar sofrendo influência da própria família ou do grupo de amigos. Quando a droga surge, os conflitos sofridos na adolescência se atenuam e são sentidos na família, causando um abalo na estrutura familiar. Isso ficou claro em nossa pesquisa na qual os familiares declararam que ao tomarem conhecimento de que o filho fazia uso de drogas psicoativas, o primeiro sentimento foi de revolta. E da revolta vieram às agressões físicas e verbais (1999, p. 6).
São nesses momentos que o grupo de amigos passa a ter bastante importância na vida do jovem, o qual se constitui um espaço de semelhantes, onde se discute o mesmo assunto, enfim, um espaço em que eles se encontram e se entendem. De acordo com os autores utilizados no decorrer deste estudo, a adolescência é uma fase de constantes curiosidades, onde o jovem sente vontade de experimentar coisas novas, de conhecer o mundo. E é nesse desejo por experimentar que ele vai ao encontro das drogas.

4.1 O Uso de Álcool na Adolescência

É bastante freqüente se presenciar jovens ingerindo bebidas alcoólicas como se estivessem tomando um refrigerante, ou seja, o fato de ser proibido, não inibe nem a venda e nem o consumo.
Esse fato se deve a diversos fatores, dentre eles, os mais comuns é a impunidade daqueles que vendem a bebida, a permissividade e a falta de autoridade dos pais, a influência de amigos e, muitas vezes a influência dos próprios familiares que bebem, ou são dependentes do álcool. Nas palavras de Cavalcante:
Fatores sociais, psicológicos e religiosos, bem como problemas temporários podem influenciar a decisão de beber tanto no adolescente quanto no adulto jovem. Dada a alta taxa de prevalência de indivíduos que, por qualquer motivo, num momento ou outro da vida fizeram uso de álcool, torna o beber um fenômeno praticamente universal. Entretanto, fatores que podem influenciar a decisão de beber ou fatores que contribuem para problemas temporários, podem ser diferentes daqueles que contribuem para os problemas recorrentes e graves da dependência de álcool (1997, p. 22).
Embora não se deva desprezar os fatores genéticos e emocionais que influem no consumo da bebida, para algumas pessoas, o álcool reduz o nível de ansiedade e normalmente estas estão mais propensas a desenvolver alcoolismo, assim, como através da pressão do grupo de amigos, do sentimento de onipotência próprio da juventude, o custo baixo da bebida, a falta de controle na oferta e consumo dos produtos que contêm álcool e a ausência de limites sociais colaboram para que o primeiro contato com a bebida ocorra cada vez mais cedo.
É inclusive bastante comum esse problema começar em casa, com a hesitação paterna na hora de permitir ou não que o adolescente faça uso do álcool ou com o mau exemplo que alguns pais dão ao beberem na presença dos filhos.
Não se pode esquecer de que, em qualquer quantidade, o álcool é uma substância tóxica e que o metabolismo das pessoas mais jovens faz com que seus efeitos sejam potencializados. É válido lembrar também que ele é responsável pelo aumento do número de acidentes e atos de violência, muitos deles fatais, a que se expõem os usuários.
Proibir apenas que os adolescentes bebam não adianta. É preciso conversar com eles, expor-lhes a preocupação com sua saúde e segurança e deixar claro que não há acordo possível quanto ao uso e abuso do álcool, dentro ou fora de casa.

5. Conclusão

Atualmente, os adolescentes estão entre os principais usuários de drogas. Grande parte dos jovens brasileiros entre 16 e 18 anos consomem maconha. Em 2001, cresce o uso de crack e drogas sintéticas, como o ecstasy. Mas são os consumidores de cocaína que mais procuram tratamento para se livrar da dependência , o qual é feito por meio de psicoterapias que promovem a abstinência às drogas e do uso de antidepressivos.
Um fator importante é a formação que cada um deve receber enquanto ser humano. Esse é um dos principais motivos de jovens do mundo inteiro recorrerem as drogas, o fato de se sentirem sozinhos ou perdidos, sem muitas experiências de vida e sem boas referencias para descobrirem que caminho querem seguir, mais principalmente pela desassistência dos pais, que somente após o filho se envolverem com drogas é que eles se mostram preocupados.

Sobre o Autor:

Roseane Rodrigues Nascimento - Estudante de Psicologia pela Fiesc/ Uniesp Colinas do Tocantins.

Referências:

CALDEIRA, Zélia Freire. Drogas, indivíduo e família: um estudo de relações singulares. [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 1999.
CAVALCANTE, Antônio Mourão. Drogas, esse barato sai caro: os caminhos da prevenção. Rio de Janeiro: Record: Rosa dos Tempos, 1997.
GOMIDE, Paula Inez Cunha e PINSKY, Ilana. A influência da mídia e o uso de drogas na adolescência. IN: PINSKY, Ilana e BESSA, Marco Antônio (orgs). São Paulo: Contexto, 2004.
MALBERGIER, André. O modelo de redução de danos no tratamento das dependências. IN: FOCCHI, G. R. de Azevedo et al. Dependência Química: novos modelos de tratamento. São Paulo: Rocca, 2001.
OLIVEIRA, Claudete J. de. O enfrentamento da dependência do álcool e outras drogas pelo estado brasileiro. IN: BRAVO, Maria Inêz Souza [et al] (orgs). Saúde e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 2004.
PIAGET, Jean. O juízo Moral da Criança. São Paulo: Summus, 1999.
SCIVOLETTO S, Henriques Jr. SG, Andrade AG. Uso de drogas por adolescentes que buscam atendimento ambulatorial: comparação entre "crack" e outras drogas ilícitas: um estudo piloto. Rev ABP-APAL 1997).


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O perigoso flerte com as drogas na adolescência


O perigoso flerte com as drogas na adolescência

Na fase em que a curiosidade aproxima o jovem das drogas, o diálogo franco é o melhor caminho para que ele entenda por que dizer "não"

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Ilustração: Daniella Domingues
VICENTE* Só pra contrariarNa minha escola, é proibido fumar, mas todo mundo fuma escondido perto do portão. O pessoal acha legal só porque é proibido. Ficam lá pra pagar de rebelde, pra serem os kras que fazem coisa errada. DESEJO DE INFRINGIR Típica da juventude, a necessidade de burlar o proibido pode levar ao consumo de drogasIlustrações: Daniella Domingues

"De repente, nosso grupo de amigos se junta e alguém diz 'vamos beber tequila!'. Aí, vai toda a galera. Cada um toma pelo menos um shot (dose). É normal, todo mundo bebe quando sai." A naturalidade com que Sophia*, 15 anos, se refere ao consumo de álcool não é uma exceção entre os jovens brasileiros. Segundo um levantamento do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) com estudantes de escolas públicas com idade entre 10 e 18 anos, 65,2% dos entrevistados já experimentaram bebida alcoólica. Outros 5,9% fumaram maconha e 15,5% usaram solventes, de acetona a lança-perfume. Os números não deixam dúvida: as drogas fazem parte do universo jovem. A relação com elas é constante e, por vezes, ocorre dentro dos muros da escola. Não adianta fingir que o assunto não existe - ou, o que é comum, se livrar dele pela via da expulsão. O tema exige ação.

Mas o que fazer? Pesquisas recentes têm demonstrado que apostar na repressão pura e simples não costuma dar bons resultados. Em vez disso, é melhor compreender a relação dos jovens com as drogas. Entender por que o contato com essas substâncias se intensifica na adolescência é a primeira providência.

De início, é preciso explicar que a atração pelos entorpecentes tem um forte componente biológico. A principal razão é que o chamado sistema inibitório, a área do cérebro responsável pela ponderação das atitudes, ainda está se desenvolvendo durante a adolescência. A dificuldade de dizer "não", por sua vez, abre caminho para o estímulo do sistema dopaminérgico, relacionado à busca de recompensa. As substâncias psicotrópicas agem justamente sobre essa estrutura, influenciando a produção de hormônios responsáveis pela sensação de prazer.

A equação, entretanto, não está completa. Além dos fatores fisiológicos, o ambiente em que os jovens se situam pode aproximá-los das drogas. Mas é um erro acreditar que os de famílias pobres ou "desestruturadas" são os mais propensos ao consumo. Pesquisas apontam que os maiores índices de contato com entorpecentes se dão com adolescentes das camadas médias da população.

O certo é que características típicas da faixa etária (e que independem de classe, gênero e etnia) podem, sim, levar ao consumo. A curiosidade é uma delas. O desejo de transgredir é outra, como mostra a fala de Vicente*, 16 anos (leia o destaque acima). "A proibição é tomada pelos adolescentes como uma posição autoritária, decidida por adultos que não entendem suas condições de vida. Daí vem o embate com as regras", diz Eduardo Ely Mendes Ribeiro, antropólogo e psicanalista da Associação Psicanalítica de Porto Alegre.

Também é necessário ter um olhar atento para distinguir as diferentes relações que a garotada estabelece com as drogas. Muitas vezes, pais e professores tendem a classificar toda relação com entorpecentes como um vício, o que está longe de ser um retrato fiel. Há pelo menos três comportamentos: o uso esporádico (experimentação que acontece uma ou poucas vezes), o abuso (também ocasional, mas excessivo, como a atitude de beber "até cair") e o vício (esse, sim, marcado pelo uso constante. É o menos comum entre os adolescentes).

"Como são múltiplas as razões que levam ao vício - genética, ambiente e o próprio poder da substância -, não há como saber se alguém que experimenta uma droga nunca mais o fará, se fará isso de vez em quando ou sempre", explica Fernanda Gonçalves Moreira, especialista no tema e doutora em Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Levar os alunos a refletir sobre essa perigosa incerteza, apontando que as consequências são para o resto da vida, é uma das maneiras de incentivar escolhas mais conscientes.

A reflexão, aliás, infelizmente não tem sido a palavra de ordem quando se fala de drogas na escola. Ao investigar o assunto em sua tese de doutorado, Fernanda descobriu que as principais intervenções são campanhas baseadas apenas na criminalização, com pouca ou nenhuma abertura ao debate franco. "Sondagens realizadas em diversos países indicam que medidas como palestras realizadas por agentes de segurança, por exemplo, têm eficácia muito reduzida na inibição ao consumo", observa.
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fonte: 
Publicado em NOVA ESCOLA Edição 234, Agosto 2010. Título original: Flerte perigoso

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domingo, 17 de agosto de 2014

Receita de Chef: Sérgio Arno – Bruschetta de tomate fresco e orégano



Sérgio Arno – Fonte: www.sergioarno.com.br
Especiaria: Orégano
Há duas características que fazem um bom chef ser reconhecido. A primeira é a criatividade para elaborar novas receitas. A segunda é saber como levar essas receitas à mesa das pessoas. Sergio Arno possui as duas. Filho de pai italiano, ele descobriu seu talento para a culinária durante a adolescência enquanto o pai, empresário de sucesso no Brasil, tentava estimular a todo o gene empresarial do garoto. Quando, aos 18 anos, ele se apaixonou por uma italiana e começou a desenvolver sua aptidão na cozinha da futura sogra, tudo levava a crer que o rapaz não tinha herdado o mesmo talento que o pai para os negócios. Foi morar na Itália para viver a paixão e teve que trabalhar como carregador de pneus para sobreviver, a teoria ganhou força. O que ninguém sabia é ele estava iniciando o caminho para se tornar um dos grandes chefs da cozinha italiana no Brasil e um empresário de prato cheio, pois, desempregado, resolveu encarar um estágio em um típico restaurante italiano em Florença chamado La Vecchia Cucina. Hoje, Sergio Arno está entre os mais respeitados chefs de cozinha italiana do mundo e é o rosto de várias franquias de restaurantes criadas por ele próprio. A primeira delas leva justamente o nome de La Vecchia Cucina. Outra marca de sucesso e bastante respeitada é a rede La Pasta Gialla. É uma criação do cardápio que recebemos para publicar no Armazém das Especiarias. Uma simples e deliciosa receita com orégano.
Bruschetta de tomate fresco e orégano
um de pão italiano
250 g. de tomate marinado
30 ml de azeite de oliva extra virgem
10 folhas de manjericão
um dente de alho
pimenta do reino, sal e orégano a gosto

Preparo: Toste o pão dos dois lados, esfregue o alho no pão e regue com azeite. Misture todos os ingredientes restantes e espalhe sobre o pão. Disponha algumas das folhas de manjericão por cima do tomate e salpique o orégano como decoração.
Rendimento: dez porções
Rua Pedroso Alvarenga, 528 – Itaim Bibi, São Paulo
(11) 3079-3557

Por Fernanda Medeiros

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O PEDAGOGO NA EDUCAÇÃO DO AUTISTA




Ao abordar o aspecto educativo de indivíduos portadores da Síndrome de Autismo, faz-se necessário, uma retrospectiva histórica, passando pela seleção natural, eliminação de crianças mal formadas ou deficientes em várias civilizações, marginalização e segregação promovidas na Idade Média, até um período marcado por uma visão mais humanista na Europa após a Revolução Francesa; para se chegar ao século XIX, aos primeiros estudos sobre deficiências.

O diagnóstico sobre autismo apresenta algumas controvérsias, assim como sua própria definição. No entanto, apresentaremos, três definições que podemos considerar como adequadas:

  • A da ASA – American Society for Autism (Associação Americana de Autismo);
  • A da Organização Mundial de Saúde, contida na CID-10 (10a. Classificação Internacional de Doenças), de 1991);
  • A do DSM-IV - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Distúrbios Mentais), da Associação Americana da Psiquiatria.
A síndrome do autismo pode ser encontrada em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu até agora provar nenhuma causa psicológica, ou no meio ambiente destas pessoas que possa causar o transtorno. Os sintomas, causados por disfunções físicas do cérebro, podem ser verificados pela anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o indivíduo, estas características são: Distúrbios no ritmo de aparecimento de habilidades físicas, sociais e lingüísticas; Reações anormais às sensações, ainda são observadas alterações na visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo; Fala ou linguagem ausentes ou atrasados. Certas áreas específicas do pensar, presentes ou não.

Ritmo imaturo da fala, restrita de compreensão de idéias. Uso de palavras sem associação com o significado; Relacionamento anormal com os objetos, eventos e pessoas. Respostas não apropriada a adultos ou crianças. Uso inadequado de objetos e brinquedos.

Para um diagnóstico clínico preciso do Transtorno Autista, a criança deve ser bem examinada, tanto fisicamente quanto psico-neurologicamente. A avaliação deve incluir entrevistas com os pais e outros parentes interessados, observação e exame psico-mental e, algumas vezes, de exames complementares para doenças genéticas e ou hereditárias.

No início do século XX, a questão educacional passou a ser abordada, porém, ainda é muito contaminada pelo estigma do julgamento social. Nos dias de hoje, entre todas as situações da vida de uma pessoa com necessidades especiais, uma das mais críticas é a sua entrada e permanência na escola. Ainda hoje, embora mais sutil, pratica-se a "eliminação" de crianças deficientes do ambiente escolar. Por tudo isso os professores agora estão sendo preparados para adaptar a criança com necessidades especiais para prolongar a sua permanência na escola dita normal.

Hoje, não se pensa mais no autismo como algo incurável e já é impossível se falar de atendimento à criança especial sem considerar o ponto de vista pedagógico. Essas crianças necessitam de instruções claras, precisas e o programa devem ser essencialmente funcionais, quer dizer, ligado diretamente ao portador da síndrome.

Abordar este tema é de fundamental importância e o maior desempenho depende da motivação em mostrar que essas crianças podem se relacionar com a sociedade. Do autismo em escolas normais e não a sua segregação ou isolamento em escolas especializadas. Este trabalho tem como objetivo mostrar a importância do pedagogo na Educação da criança autista. Como disse o professor Marcelo Bezerra da Silva, "é de extrema importância retirar o autismo do gueto e trazer para a luz de discussões as dificuldades enfrentadas por crianças e famílias inteiras. Inserir o tema de maneira consistente para que os pedagogos possam ajudar a sanar o preconceito e a melhorar o desenvolvimento e a qualidade de vida dessas crianças".

São inúmeras as crianças que já estão recebendo atendimento especializado promovido pelas Associações de Pais e Amigos – ABRA (Associação Brasileira de Autismo) ASTECA (Associação Terapêutica Educacional para Crianças Autistas) e AMA (Associação de Pais e Amigos do Autista). Todas essas associações ajudam o professor a trabalhar na sala de aula regular dando o apoio pedagógico necessário. Existem muitas coisas que podem ser feitas pelo autista. A principal é acreditar que ele tem potencial para aprender. Também é preciso saber que ele enxerga o mundo de uma forma diferente, mas vive no nosso próprio mundo. Alguns autistas, raros, conseguem se formar, constituir família e ter uma vida profissional normal. Há pessoas autistas que nunca suspeitaram que o fosse. Por outro lado, devido a sua grande dificuldade em se comunicar, eles muitas vezes têm um desempenho fraco na escola.

Nos casos mais graves, devido à desinformação dos adultos, pais e profissionais da Medicina e da Educação, a criança autista fica condenada a viver em um mundo que não consegue compreender. Nesses casos, podem crescer frustrados e responder ao mundo com gritos e com agressões; muitas vezes, se auto-agridem, machucam-se, para descarregar sua frustração em não ser compreendido, por isso é melhor identificar o mais cedo possível que a criança é autista. O papel do professor na pré-escola é fundamental. É a partir desse diagnóstico que é preciso montar uma estratégia educacional para superar as dificuldades da criança de forma que ela possa se integrar e fazer como está acontecendo. Desta forma, pretendemos investigar qual é o papel da pedagogia na escolarização da criança autista.

HISTÓRICO DA SÍNDROME DO AUTISMO

Em 1867, Henry Maudsley foi o primeiro psiquiatra há ter interesse por crianças com distúrbios mentais graves, descobrindo várias delas dentre elas, o Autismo. Já no século XX, de Santis introduz o termo Demetria Precocíssima, onde aparecem casos de início muito precoce.

O autismo em 1943, caracterizado por Leo Kanner tornou-se razão um dos desvios comportamentais mais estudados, debatidos e disputados, que teve o mérito de identificar a diferença do comportamento esquizofrênico e do autismo. Até hoje, sua descrição clínica é utilizada da mesma forma, que foi chamado de Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo – Síndrome Única. Na década de 70, houve a proliferação dos critérios diagnósticos.

Em 1983, as Síndromes de Asperger e Rett foram reconhecidas e deixaram de ser consideradas autismo, a Associação Americana de Psiquiatria cria o termo Distúrbio Abrangente do desenvolvimento e em 1987, o autismo deixa de ser uma psicose infantil. Hoje, o estudo está voltado para o aprofundamento real do que é o autismo, adaptação das crianças especiais em escolas de ensino regular e trabalhar também a afetividade das famílias dos mesmos.

A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA

A avaliação do autismo deve ser fundamentalmente ideográfica, pois não se trata de descobrir e analisar as características de comportamento individual em interação com um determinado ambiente.

Entre os vários instrumentos que podem auxiliar neste aspecto, destaca-se o Programa da Escala Portage do Desenvolvimento (David Sherer 1969), que permite a avaliação nas áreas de linguagem, cognição, cuidados próprios, socialização e motora, fornecendo a idade de desenvolvimento em cada uma destas áreas e uma idade de desenvolvimento geral. (Gauderer, 1993 pág. 82).

Os Currículos do programa foram assim organizados:

  • Maior precisão de responsabilidades, não dando lugar a improvisações.
  • Maior eficácia na hora de eliminar ou trocar condutas inadequadas.
  • Oportunidade para observar o desenvolvimento da aprendizagem do aluno.
  • Diminuição de aspectos pouco mensuráveis.
  • Contribuição à avaliação da aprendizagem do aluno.
  • Maior facilidade para relacionar a aprendizagem do aluno com os objetivos previstos no currículo.

Nas últimas décadas, acumulou-se uma quantidade considerável de experiências em técnicas para o ensino de crianças autistas, desenvolvidas por educadores de vários países.

A maioria delas aponta para os seguintes objetivos gerais de educação:

  • Prevenir ou reduzir deficiências secundárias.
  • Descobrir métodos para recuperar deficiências primárias.
  • Descobrir métodos para recuperar deficiências primárias e descobrir formas para ajudar a criança a desenvolver funções relacionadas às deficiências primárias.
As crianças com autismo, regra geral, apresentam dificuldades em aprender a utilizar corretamente as palavras, mas se obtiverem um programa intenso de aulas haverá mudanças positivas nas habilidades de linguagem, motoras, interação social e aprendizagem é um trabalho árduo precisa muita dedicação e paciência da família e também dos professores. É vital que pessoas afetadas pelo autismo tenham acesso a informação confiável sobre os métodos educacionais que possam resolver suas necessidades individuais.

A escola tem o seu papel no nível da educação. São elaboradas estratégias para que estes alunos consigam desenvolver capacidades de poderem se integrar com as outras crianças ditas "normais". Porém, a família tem também um papel crucial, porque são os que têm mais experiência em lidar com as crianças, principalmente, porque as crianças autistas necessitam de atenção redobrada, durante 24 horas. Muitas vezes, a profissão e o horário cotidiano não facilitam, mas é importante dispensar algumas horas para que as crianças possam se sentir queridas e mostrar o que aprenderam. Os pais podem encorajar a criança a comunicar espontaneamente, criando situações que provoquem a necessidade de comunicação. Não se deve antecipar tudo o que a criança precisa, deve - se criar momentos para que ela sinta a necessidade de pedir aquilo que precisa.

Na realidade, os problemas encontrados na definição de autismo, refletem-se na dificuldade para a construção de instrumentos precisos e adequados para um processo de avaliação e condutas. Devem-se considerar as severas deficiências de interação, comunicação e linguagem e as alterações da atenção e do comportamento que podem apresentar estas crianças, a sua programação psicopedagógica a ser traçada precisa está centrada em suas necessidades, tem que observar esse aluno para, se possível, quais canais de comunicação se incapacitavam.

PROPOSTAS EDUCACIONAIS PARA O AUTISTA

É fundamental a preparação do pedagogo através de um programa adequado de diagnose e avaliação dos resultados globais no processo de aprendizagem, já que a criança especial se caracteriza pela falta de uniformidade no seu rendimento, levando-se em consideração o nível de desenvolvimento da aprendizagem que geralmente é lenta e gradativa.

Portanto, caberá ao professor adequar o seu sistema de comunicação a cada aluno, respectivamente. Antes de chegar à sala de aula, o aluno é avaliado pela supervisão técnica, para colocá-lo num grupo adequado, considerando a sua idade cronológica, desenvolvimento e nível de comportamento. As turmas são formadas por três (03) a cinco (05) alunos, no máximo, sob a responsabilidade da professora, e um auxiliar que é de grande precisão, para haver um funcionamento no ensino regular, é dada atenção especial à sensibilização dos alunos e dos envolvidos para saberem quem são e como se comportam esses alunos portadores de necessidades especiais.

Com todo esse processo, a criança pode reagir violentamente quando submetida ao excesso de pressão e diante disso, é preciso levar em conta, se o programa está sendo positivo, se precisa haver outras mudanças, algo que não prejudique a ambos.

O professor precisará ter uma postura que não seja agressiva, muita paciência, transmitindo segurança e controle da situação, e, acima de tudo, muito amor pelo que está fazendo.

A importância do ensino estruturado é ressaltada por Eric Schopler (Gauderer, 1993), no método TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Deficiências relacionadas à Comunicação).

Com certeza, é bom ter em mente que, normalmente, as crianças à medida que vão se desenvolvendo, vão aprendendo a estruturar seu ambiente, enquanto que as crianças autistas e com distúrbios do desenvolvimento, necessitam de uma estrutura externa para aperfeiçoar uma situação de aprendizagem.
Atualmente, já é impossível se falar de atendimento ao autista sem considerar o ponto de vista pedagógico. Cada vez mais, valoriza-se a potencialidade e não a incapacidade de seres humanos. Com isto, a sociedade como um todo só pode beneficiar-se.

Observam-se progressos inesperados em outras áreas, como por exemplo, a participação voluntária de alunos normais na confecção de programas de tratamento do aluno especial que por si só já é positivo. Além disso, se observou numa melhora na auto-imagem e na auto-estima das crianças voluntárias envolvidas.

OS MÉTODOS DE ENSINO PARA A ESCOLARIZAÇÃO DO ALUNO AUTISTA

Um dos métodos de ensino mais utilizados no Brasil é o TEACCH que foi desenvolvido no início de 1970 pelo Dr. Eric Schopler e colaboradores, na Universidade da Carolina do Norte e hoje está se tornando conhecido no mundo inteiro. Em primeiro lugar o TEACCH não é uma abordagem única é um projeto que tenta responder às necessidades do autista usando as melhores abordagens e métodos disponíveis. Os serviços oferecem desde o diagnóstico e aconselhamento precoce d pais e profissionais até Centros Comunitários para adultos com todas as Etapas Intermediárias: Avaliação Psicológica, Salas de Aulas e Programas para Professores. Toda Instituição que utiliza o TEACCH tem todo esse apoio.

Os propósitos do método, segundo Gary Mesibov, Diretor da divisão TEACCH são:

  • Habilitar pessoas portadoras de autismo a se comportar de forma tão funcional e independente quanto possível;
  • Promover atendimento adequado para os portadores de autismo e suas famílias e para aqueles que vivem com eles;
  • Gerar conhecimentos clínicos teóricos e práticos sobre autismo e disseminar informações relevantes através do treinamento e publicações.
Existem poucos projetos no mundo que podem alegar trinta anos de experiência com pessoas autistas. O TEACCH se mantém evoluindo, desafiando os diagnósticos negativos dos médicos ao dizerem que a criança não evolui, adicionando nova descobertas de pesquisa. Só que só são utilizadas somente a técnicas que foram comprovadas em ampla escala, porque o método não trabalha com uma técnica isolada. Não iremos encontrar ninguém dizendo que irá "curar" o autismo.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Segundo a pesquisa realizada, verificou-se que hoje as Escolas Regulares no Município de Porto Velho estão aceitando com mais dedicação às crianças com diagnóstico de autismo, porque os professores estão se aperfeiçoando e tendo mais didática para trabalhar com elas e com a estimulação elas aprendem com mais facilidade, e o apoio da equipe pedagógica que é de fundamental importância, claro que encontramos algumas instituições que possuem resistência, mas o trabalho em equipe tem surtido efeito e com o auxílio também da AMA na prática pedagógica ensinando a trabalhar com o TEACCH (Método dos Cartões). É fundamental que os professores tenham conhecimento de Psicologia do Desenvolvimento e aprendizagem e que sejam orientados para uma atuação adequada nos graves distúrbios de comportamento que apresentam essas crianças. Em primeiro lugar, pelo fato de o problema ter deixado de ser considerado apenas do ponto de vista médico e terapêutico o pedagógico também faz parte da Equipe Multidisciplinar qualquer que seja o nível de funcionamento das crianças tem se valorizado por uma educação escolar mais estruturada. Com isso as crianças menos comprometidas têm se tornado mais sociável, usando construtivamente as habilidades aprendidas, apesar da persistência de alguns sintomas. Fazem-se necessárias classes especiais de verdade, com metodologia própria para as necessidades de cada aluno especial.
O Diagnóstico é apenas o primeiro desafio que o Brasil está começando a utilizar e está dando um novo olhar para educação dessa década. E sabemos que o progresso do autista depende muito também da participação da família. Um dos principais objetivos é esse, a família e o trabalho na escola é a interação de ambos para estimular a criança, onde alcança total progresso e é dessa forma que as escolas estão realizando o seu trabalho.
Concluindo, o trabalho com a criança autista impõe, ao profissional, desafios contundentes, dentre os quais, o de lidar com a questão do tempo e a sua articulação com a emergência do sujeito. O trabalho clínico demanda do profissional, em primeiro lugar, uma tolerância com respeito à temporalidade singular que caracteriza o mundo destas crianças. Quando existe informação a reação é oposta, a família ajuda e a Escola ajuda ao autista, todos trabalhando juntos chegam a um trabalho singular, pois todo autista é único. Sabemos que o tratamento não esgota o problema porque não é doença, então não tem cura, é a partir dele que se começa um trabalho que irá ser para vida toda. Nas fases da vida do autista vai passar vários profissionais, vários educadores e de cada um, uma experiência. Esperamos que esta pesquisa contribua para que os professores desenvolvam seu trabalho na sala de aula com a criança autista.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEREOHFF, A. M. P. Autismo, uma visão multidisciplinar. São Paulo, GEPARI, 1991.

_________________.Autismo, uma história de conquista: IN: Brasil Ministério da Educação e do Desporto. SEE. Tendências e desafios na educação especial – Brasília – 1994.

BENEZON, R.O. O Autismo, a família, e a instituição - RS Enelivros -1987.

CARDOSO, Antônio Francisco Maganhoto, Educação e retardo mental. 4ª ed. SP, Editora: Manole, 1995.

GAUDERER, E. C. Autismo- década de 80 – SP – Savier, 1993.

_______________Autismo e outros atrasos do desenvolvimento: uma atualização para os que atuam na área: do especialista aos pais- 1990.

JERUSALINSKY, A. – Psicanálise do Autismo –Porto Alegre – Artes Médicas, 1984.

LEBOYER, M. –Autismo Infantil –SP, Papirus-1987.

SCHWARTZMAN, J. S. –Autismo Infantil –Brasília - Corde, 1994.

___________________.Síndrome de Asperger: temas sobre desenvolvimento. Vol. 1, nº2, 1991.

FONTE:

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